42% das mães passam menos de 10 horas por semana com os filhos. Apenas 10,7% conversam sobre planejamento financeiro com os filhos. Segurança e saúde são as maiores preocupações das mães para os filhos.
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42% das mães passam menos de dez horas por semana com os filhos
1. 42% das mães passam menos de dez horas por
semana com os filhos, mostra SPC Brasil
33% se sentem culpadas por não estarem tão presentes na vida dos seus filhos.
Apenas 10,7% das entrevistadas conversam sobre planejamento financeiro
Até chegar à idade adulta, normalmente os pais são os principais responsáveis pela
criação dos filhos, sendo necessário tomar uma série de decisões que impactam
diretamente na formação das crianças e adolescentes. Uma pesquisa do Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e do portal Meu Bolso Feliz mapeou como os valores
estabelecidos pelas mães e o período de convivência incentivam e delimitam o
consumo dos filhos. Os dados não são animadores: 42,1% das mães passam
menos de 10 horas por semana com seus filhos, desconsiderando as horas de
sono.
Ainda que quantidade não signifique qualidade, a principal atividade compartilhada
entre mães e filhos é assistir TV, para 83,8% das entrevistadas, seguida de passear
em parques e praças (50,8%) e brincar (50,4%). "Não há como afirmar que essa
quantidade seja insuficiente, mas o fato é que muitas mães se sentem angustiadas
por não conviverem mais com suas crianças”, afirma o educador financeiro do SPC
Brasil, José Vignoli.
Segundo o levantamento, 35,8% das mães acreditam que passam pouco tempo com
os filhos, e a culpa por não estarem tão presentes na vida deles é um sentimento
vivenciado por quase um terço das mães (32,7%). Ainda que 67,4% das
entrevistadas tenham seus filhos como prioridade, 27,6% priorizam a vida
profissional. Outros 12,1% admitem não ter paciência para educar seus filhos.
Para o educador financeiro, é recomendável que as mães reflitam mais sobre o
tempo dedicado à tarefa de educar, transmitindo valores e ensinamentos inclusive
ligados aos hábitos de consumo, pois esse é um esforço que pode repercutir
consideravelmente mais tarde, tornando os filhos mais confiantes e melhor
preparados para enfrentar os desafios da vida.
Apenas 10,7% das mães conversam sobre planejamento financeiro
2. Outra questão levantada na pesquisa do SPC Brasil é sobre os ensinamentos das
mães sobre educação financeira aos seus filhos. Conversar sobre a vida financeira da
família com as crianças e adolescentes é uma prática recorrente para 60,6% das
entrevistadas.
Porém, embora seja expressivo o percentual de mães que falam com seus filhos
sobre o dia a dia das finanças da casa, observa-se que realizar o planejamento
financeiro e falar sobre planos para o futuro ainda é um tema pouco abordado com
eles (10,7%). Segundo Vignoli, debater sobre as questões práticas e cotidianas
relacionadas ao dinheiro é muito importante: "Não se deve esquecer que as crianças
estão em constante formação, e que os hábitos aprendidos agora serão
fundamentais para definir o comportamento de consumo futuro”, diz o educador.
O conteúdo do que se é conversado varia em função da idade e maturidade dos
filhos. Na faixa etária intermediária de seis a 11 anos fala-se mais sobre planos,
sonhos e os motivos para economizar. Já entre os adolescentes, as questões sobre a
situação financeira da casa, os gastos e prioridades é mais recorrente. De acordo
com José Vignoli, os ensinamentos relacionados à educação financeira devem ser
sobre a importância de valorizar o que cada pessoa possui e o quanto custa ganhar
dinheiro.
“Outras ações muito importantes para ensinar desde cedo, e que não foram muito
mencionados na pesquisa, é o hábito de anotar tudo o que for gasto e também pedir
descontos", acrescenta. "Se desde cedo os filhos aprenderem a poupar e estabelecer
metas, é mais provável que se tornem adultos aptos a concretizarem seus planos e
sonhos de consumo, mantendo uma vida financeira saudável."
Segurança e saúde são as prioridades das famílias para os filhos
De forma geral, a segurança e a saúde são as maiores preocupações das mães
entrevistadas em todo o Brasil, seguidas pela convivência com pessoas do mesmo
nível social – esta inclusive à frente de questões como formação moral e ética,
educação e alimentação saudável.
Entre os itens mais citados como importantes para propiciar aos filhos estão as
atividades relacionadas a esportes, como natação, futebol, judô, ballet (63,2%);
os cursos de línguas estrangeiras (51,9%) e os planos de saúde (47,1%).
Recompensa X Castigo para o cumprimento de responsabilidades
3. O estudo também avaliou se os filhos desempenham algum papel no contexto
familiar e na escola. A maior parte das entrevistadas (54,1%) acredita que a
principal função dos filhos deve ser a de tirar boas notas no colégio, mas também
são citados os trabalhos de colocar as roupas sujas em local adequado (53,7%), de
arrumar a própria cama (53,0%) e de recolher os brinquedos depois de brincar
(52,4%).
“Todas essas tarefas indicam que as mães pensam ser necessário, no processo de
formação dos filhos, atribuir a eles pequenos papeis na organização da casa, de
modo que possam aprender, desde cedo, a ter responsabilidades”, explica o
educador financeiro.
Três em cada quatro respondentes (75,0%) garantem que não há premiação ou
recompensa para os filhos quando as responsabilidades são cumpridas. Por outro
lado, 42,9% aplicam algum tipo de castigo e 35,1% não adotam punição quando não
são cumpridas pelas crianças.
De acordo com Vignoli, não é aconselhável condicionar o cumprimento das tarefas a
qualquer tipo de recompensa, sobretudo financeira, pois as crianças podem entender
que suas responsabilidades em casa são uma oportunidade de ganho, quando a
tarefa deveria ser encarada como responsabilidade.
"Assim como a mãe e o pai, os filhos precisam entender que também têm um papel
a desempenhar para o bom andamento da vida familiar. O ideal é considerar que o
cumprimento das tarefas é um dever e não exige ganho extra de qualquer natureza”,
diz Vignoli. “Ao mesmo tempo, deixar de cumprir as punições estabelecidas pode ser
perigoso, pois os filhos podem ter a impressão de que não há consequências por
seus erros, repetindo esse padrão de comportamento ao longo da vida.”
Metodologia
A pesquisa entrevistou 843 mães das 27 capitais que possuem filhos com idade entre
dois e 18 anos. A opção por entrevistar apenas as mães se justifica porque as
crianças e adolescentes, dependendo da idade, não possuem fonte de renda. Outro
motivo foi para manter um padrão, neutralizando as diferenças que um pai e uma
mãe podem ter na relação com seus filhos. A margem de erro é de no máximo 3,4
pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%.
Acesse a pesquisa na íntegra e a metodologia clicando em "baixar arquivos" no link: