A Revolução de 1930 e sua releitura por Boris Fausto
1. A Revolução de 1930 (1)
• Os mineiros e gaúchos se uniram na
chamada Aliança Liberal, que reunia
também outros setores da elite não
pertencentes ao núcleo da oligarquia
cafeeira, e lançaram Getúlio Vargas
para concorrer a presidência da
República tendo por vice João Pessoa.
2. A Revolução de 1930 (2)
1. As elites tradicionais paulistas
conseguiram impor a vitória do
candidato do governo, o
paulista Júlio Prestes, apesar de
toda crise interna e a grave crise
mundial de 1929 que abalou a
economia cafeeira.
2. Os formadores da Aliança
Liberal resolvem então tomar o
poder pelo golpe.
(Fotos: Forças revoltosas em 30 e
Getúlio Vargas no Paraná)
3. A Revolução de 1930 (2)
1. O movimento que segue
vitorioso, no entanto antes
da vitória final uma junta
militar depõe o presidente
Washington Luís e após
alguma reticência resolve
entregar o poder a Getúlio
Vargas, encerrando-se
assim a primeira república.
(Fotos: Junta Governativa
reunida com Oswaldo
Aranha e Washington Luiz
a caminho do exílio)
4. Getúlio Vargas na Campanha de 30
De Alegrete no RGS pelo Paraná, Santa Catarina até...
6. Criticar pretensos liberais
Defensores da
A Revolução de 30 Situação Predominância de São
Paulo era “natural”.
Criticavam Poder
executivo, Fraude
Defensores da eleitoral, Esquema de
Aliança Liberal escolha de Candidatos.
Movimento baseado na
coligação de três estados
liberais sem quaisquer
Reflexão Políticos e conotações regionalistas.
Letrados da época
Pretendiam corrigir Sistema
Político, renovar costumes,
restaurar práticas
democráticas
Salvar a República
7. Releitura do papel das elites segundo
Boris Fausto
Interpretação da
Revolução é a influência das elites industriais paulistanas era restrita à
revista por Boris época, pois estas não possuíam tamanha força e coesão
Fausto capaz de promover um arranjo revolucionário que visasse
desbancar a elite agrária.
a indústria se caracteriza nesta época, pela dependência
A dualidade do setor agrário exportador, pela insignificância dos
Latifúndio-burguesia ramos básicos, pela baixa capitalização, pelo grau
não corresponde incipiente de concentração
exatamente a uma
oposição fundamental:
trata-se na verdade de " (...) a burguesia industrial, esta não oferece qualquer
um rearranjo da programa industrialista, como alternativa a um sistema
política nacional sem o cujo eixo é constituído pelos interesses cafeeiros."
privilégio significativo
desta ou de outra
classe.
8. Releitura do papel dos militares
Interpretação da
Revolução é Uma contribuição do tenentismo foi nos anos 20, com a
revista por Boris pequena-burguesia da época (especialmente no
Fausto movimento revolucionário de São Paulo, em 1924), que
não vingou, mas trouxe à tona algumas proximidades de
interesses entre as classes, como a defesa do voto secreto,
das liberdades individuais e o nacionalismo difuso.
Anos 20, formou-se
Ao mesmo tempo que valoriza o papel dos militares no
uma corrente de
processo, Fausto desmistifica a representação das classes
caráter mais
médias na Revolução. Seu surgimento como setor
progressista no
detentor de poder na classe governamental, em seu alto
Exército brasileiro,
escalão, é muito posterior a 30.
formada por jovens
oficiais que visavam,
num desejo " (...) a burguesia industrial, esta não oferece qualquer
nacionalista, resgatar o programa industrialista, como alternativa a um sistema
país da República cujo eixo é constituído pelos interesses cafeeiros."
Velha e das estruturas
oligárquicas.
9. Conclusão
A Revolução de 30 não se caracterizou pela alteração das relações de produção na
esfera econômica, nem mesmo pela substituição imediata de uma classe ou fração
de classe na instância política, por quê, para Fausto, estas não se alteraram.
O colapso da hegemonia da elite cafeeira não conduz ao poder político outra classe
ou fração de classe com exclusividade.
Neste quadro, a revolução de 30 somente pode ser entendida com um olhar crítico e
histórico sobre a década de 20, na qual o desequilíbrio que se revela no
inconformismo das novas classes médias e sobretudo nas revoltas tenentistas ficam
evidentes.
A ausência de predomínio entre uma classe e outra gera uma situação em que
o Estado se torna o intermediador destas.
A margem do compromisso básico fica a classe operária, pois o estabelecimento de
novas relações com a classe não significa qualquer concessão política apreciável.
Boris Fausto demonstra que a Revolução de 30 foi o ápice da decadência e fim da
hegemonia cafeeira, mas sem a sua substituição por uma suposta classe média ou
industrial.
E para terminar..... uma pergrunta: A história é um elemento do presente?
10. MÚSICA DE JOÃO BOSCO E
ALDIR BLANC EM
HOMENAGEM A REVOLTA DA
CHIBATA
Mestre-Sala dos Mares", de João
Bosco e Aldir Blanc, composto nos
anos 70, imortalizou João Cândido e a
Revolta da Chibata. Sobre a censura à
música, o compositor Aldir Blanc
conta: "Tivemos diversos problemas
com a censura. Ouvimos ameaças
veladas de que a Marinha não toleraria
loas e um marinheiro que quebrou a
hierarquia e matou oficiais, etc. Fomos
várias vezes censurados.(...) Vocês não
então entendendo... Estão trocando as
palavras como revolta, sangue, etc. e
não é aí que a coisa tá pegando... Eu,
claro, perguntei educadamente se ele
poderia me esclarecer melhor. E, como
se tivesse levado um "telefone" nos
tímpanos, ouvi, estarrecido a resposta,
em voz mais baixa, gutural, cheia de
mistério, como quem dá uma dica
perigosa:- O problema é essa história
de negro, negro, negro..."Site:
http://www.cefetsp.br/edu/eso/patric
ia/mestresalamares.html
11. Em 2002 saiu decreto anistiando os
revoltosos permitindo o recebimento
por parte dos seus descententes das
pensões devidas. Atualmente corre no
Congresso projeto para transformar o
Almirante Negro em herói nacional.