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A DOUTRINA DA ELEIÇÃO
A. W. Pink
Traduzido do original em Inglês
The Doctrine of Election
By A. W. Pink
Via: PBMinistries.org
(Providence Baptist Ministries)
Traduzido por William Teixeira, Camila Almeida e Amanda Ramalho
Revisão por William Teixeira e Camila Almeida
Capa por William Teixeira
1ª Edição: Janeiro de 2015
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão
do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-
NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,
desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo
ne m o utilize para quaisquer fins comerciais.
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Sumário
Prefácio........................................................................................................................ 4
Uma Biografia de A. W. Pink, por Erroll Hulse.................................................................... 14
1 • Introdução............................................................................................................. 22
2 • Sua Fonte .............................................................................................................. 28
3 • Sua Grandiosa Origem.............................................................................................. 35
4 • Sua Veracidade....................................................................................................... 48
5 • Sua Justiça............................................................................................................. 61
6 • Sua Natureza.......................................................................................................... 74
7 • Seu Propósito ......................................................................................................... 88
8 • Sua Manifestação ...................................................................................................102
9 • Sua Percepção.......................................................................................................124
10 • Sua Bem-Aventurança ...........................................................................................150
11 • Sua Oposição.......................................................................................................157
12 • Seu Anúncio ........................................................................................................171
Apêndices:
Parte I – Doutrinária
A Soberania de Deus na Salvação dos Homens - Jonathan Edwards .....................................191
Quem São Os Eleitos? - C. H. Spurgeon...........................................................................209
Eleição e Vocação - R. M. M’Cheyne................................................................................223
A Gloriosa Predestinação - C. H. Spurgeon.......................................................................229
Eleição e Santidade - C. H. Spurgeon..............................................................................244
A Doutrina da Eleição, Artigo - A. W. Pink........................................................................259
A Doutrina da Eleição - João Calvino...............................................................................273
Feliz és Tu, ó Israel! - R. M. M’Cheyne ............................................................................283
Parte II – Apologética
O Som Alegre do Evangelho da Graça de Deus - Augustus Tolpady......................................301
O Mito do Livre-Arbítrio - Walter J. Chantry......................................................................323
Objeções à Soberania de Deus Respondidas - A. W. Pink ...................................................328
Como Toda a Doutrina da Predestinação é Corrompida pelos Arminianos - John Owen ............338
Eleição Particular - C. H. Spurgeon .................................................................................355
A Prerrogativa Real - C. H. Spurgeon ..............................................................................368
O Que é Calvinismo? -— B. B. Warfield, John A. Broadus & Patrick Hues Mell.........................383
Uma Defesa do Calvinismo - C. H. Spurgeon ....................................................................385
Na Casa do Oleiro - A. W. Pink.......................................................................................397
Uma Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a Doutrina da Eleição .........................418
Referências da Biografia e dos Apêndices: .......................................................................436
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Prefácio
DEUS decretou em Si mesmo, desde toda a eternidade, pelo mui sábio e santo Conselho
de Sua própria vontade, ordenou livre e imutavelmente todas as coisas, seja o que for que
venha a acontecer (Isaías 46:10; Efésios 1:11; Hebreus 6:17; Romanos 9:15, 18); ainda
assim, de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem tem comunhão com algo nisso
(Tiago 1:13; 1 João 1:5); nem é violentada a vontade da criatura, nem ainda é eliminada a
liberdade ou contingência dascausassecundárias, antes estabelecidas(Atos 4:27-28; João
19:11); nas quais demonstra-se a Sua sabedoria em dispor de todas as coisas, e poder e
fidelidade em efetuar os Seus decretos (Números 23:19; Efésios 1:3-5). Embora Deus
conheça tudo o que possa ou venha a ocorrer, sobre todas as circunstâncias imagináveis
(Atos 15:18; Isaías 45:9-10; 48:3-5); ainda assim Ele não decretou qualquer coisa porque
Ele a previu como futura, ou como aquilo que poderia ocorrer em tais condições (Romanos
9:11, 13, 16, 18).
Por meio do decreto de Deus e para manifestação da Sua glória, alguns homens e anjos
são predestinados ou preordenados para a vida eterna por meio de Jesus Cristo (1 Timóteo
5:21; Mateus 25:34), para o louvor de Sua gloriosa graça (Efésios 1:5-6); outros são deixa-
dos a agir em seus pecados para a sua justa condenação, para o louvor da Sua gloriosa
justiça (Romanos 9:22-23; Judas 4). Esses anjos e homens, assim predestinados e preor-
denados, são particular e imutavelmente designados; e o seu número é tão certo e definido,
que não pode ser aumentado ou diminuído (2 Timóteo 2:19; João 13:18).
Aqueles da humanidade que são predestinados para a vida, Deus, antes da fundação do
mundo, de acordo como Seu propósito eterno e imutável, e o secreto conselho e benepláci-
to de Sua vontade, os escolheu em Cristo, para a glória eterna, por Sua pura livre graça e
amor (Efésios 1:4, 9, 11; Romanos 8:30; 2 Timóteo 1:9; 1 Tessalonicenses 5:9), não por
qualquer outra coisa na criatura, como condições ou causas que O movessem a isso
(Romanos 9:13, 16; Efésios 2:5, 12).
Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo propósito eterno e
mui livre de Sua vontade, preordenou todos os meios para isso (1 Pedro 1:2; 2 Tessaloni-
censes 2:13). Portanto, aqueles que são eleitos, estando caídos em Adão, são remidos por
Cristo (1 Tessalonicenses 5:9-10), são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo Seu
Espírito, que opera no tempo devido; são justificados, adotados, santificados (Roma-nos
8:30; 2 Tessalonicenses 2:13) e preservados pelo Seu poder por meio da fé para a salvação
(1 Pedro 1:5). Nem são quaisquer outros redimidos por Cristo, eficazmente chamados,
justificados, adotados, santificados e salvos, senão somente os eleitos (João 10:26, 17:9,
6:64).
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A doutrina deste elevado mistério da predestinação deve ser tratada com especial prudên-
cia e cuidado, para que os homens, atendendo à vontade de Deus revelada em Sua Pala-
vra, e prestando obediência a esta, possam, a partir da certeza do seu chamado eficaz, cer-
tificar-se de sua eleição eterna (1 Tessalonicenses 1:4-5; 2 Pedro 1:10). Portanto, esta dou-
trina deve motivar o louvor (Efésios 1:6; Romanos 11:33), reverência e admiração a Deus;
e humildade (Romanos 11:5, 6, 20), diligência e consolação abundante para todos os que
sinceramente obedecem ao Evangelho (Lucas 10:20).
Estas palavras acima são a transcrição do Capítulo III, Sobre os Decretos de Deus, da
Confissão de Fé Batista de 1689. Sinto como se o meu coração fosse explodir de gratidão
e alegria no Senhor, cada vez que leio estas palavras e medito em como elas chegaram
até a mim. Desde então tenho me alegrado muitíssimo nestas verdades gloriosas, e me sen-
tido como quem poderia viver e morrer por elas. Eu acreditaria, amaria, viveria e anunciaria
estas doutrinas mesmo que ninguém no mundo acreditasse nelas além de mim, pois, creio,
elas nada mais são do que a verdade ensinada pelo Senhor Jesus Cristo, e depois por
Seus apóstolos e profetas, segundo o testemunho do Espírito Santo, nas Escrituras.
Por todas estas coisas, e por tudo que nosso Deus tem nos proporcionado nos últimos tem-
pos, muito nos alegramos no Senhor e O louvamos por nos conceder fazer esta publicação,
que é nossa de número 300, e por meio dela dar testemunho do que seja a verdade de
Deus tal como ela é em Jesus Cristo, segundo o Espírito testifica nas Escrituras.
Vivemos em uma época em que poucas pessoas se preocupam em dar testemunho de sua
fé. Poucos são aqueles que possuem firmes convicções a respeito da verdade bíblica ou
que estão dispostos e lutar e sofrer por ela. De fato, a grande maioria dos que se dizem
Cristãos, estão embaraçados comnegócios desta vida e seduzidos pelosencantosdo mun-
do, querem estar em paz com o mundo e uns com os outros, mas recusam-se a lutar pela
verdade e sofrer as aflições, como bons soldados de Jesus Cristo (2 Timóteo 2:3-5).
“E não é de admirar; vendo que nos coube viver na escória dos tempos. Estes, sendo os
últimos dias, só podem ser os piores. E como poderia haver piores, vendo-se que a vaidade
não sabe como pode ser mais vã, nem a iniquidade como pode ser mais iníqua?”1, estas
palavras são do piedosíssimo Lewis Bayly, e foram ditas há mais de trezentos anos, e se
eram aplicáveis ao tempo em que foram ditas pela primeira vez, agora o são muito mais.
A grande maioria dos que se dizem Cristãos em nossos dias pensa que é melhor escutar
__________
[1] BAYLY, Lewis. A Prática da Piedade. Diretrizes para o cristão andar de modo que possa agradar a Deus.
1ª Ed. [Tradução: Odayr Olivetti]. São Paulo: PES, 2010, p 37-38.
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um evangelho falso do que não escutar Evangelho nenhum, que é melhor estar dentro de
uma “igreja” que não é bíblica do que estar no mundo, essas mesmas pessoas também
devem pensar que é melhor beber veneno do que ficar com sede.
É a profunda e firme convicção de quem escreve que poucas coisas são tão urgentes e ne-
cessárias como nos voltarmos para as veredas antigas, para o bom caminho, para que an-
demos nele e venhamos a encontrar descanso para as nossas almas (Jeremias 6:16). Este
bom caminho ao qual me refiro não pode ser outro senão o antigo Evangelho, os Cinco
Solas, as Doutrinas da Graça e da Soberania de Deus, segundo as Escrituras testificam.
Estamos certos de que esta preciosa obra, este tratado sistemático e exegético sobre a
eleição e predestinação Divinas, coma bênção de Deus, será de muita valia, para que retor-
nemos à “fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade”
(Tito 1:1).
Agora, se a pregação doutrinária, em geral, é tão impopular, a doutrina da eleição é
particularmente e preeminentemente assim. Sermões sobre a predestinação são, com
raríssimas exceções, acaloradamente ressentidos e amargamente denunciados. “Pa-
rece haver umpreconceito inevitável na mente humana contra esta doutrina, e embora
a maioria das outras doutrinas sejam recebidas por Cristãos professos, algumas com
cautela, outras comprazer, contudo esta parece ser mais frequentemente desconside-
rada e descartada. Em muitos de nossos púlpitos seria considerado um grande peca-
do e traição pregar um sermão sobre a eleição” (C. H. Spurgeon). Se esse era o caso
há cinquenta anos, muito mais o é agora.
Mesmo nos círculos declaradamente ortodoxos a simples menção da predestinação
é como o acenar de um pano vermelho diante de um touro. Nada faz tão rapidamente
manifesta a inimizade da mente carnal no presunçoso religioso e no fariseu hipócrita
quanto o faz a proclamação da Soberania Divina e Sua graça distintiva; e, agora, pou-
cos de fato são os homens remanescentes que se atrevem a lutar bravamente pela
verdade (A. W. Pink, Cap. 12, Seu Anúncio).
Vivemos em tempos de ignorância profunda, em dias de trevas que se podem apalpar, nos
quais aqueles que se opõem a esta verdade são mais do que nós, que a defendemos com
nossas vidas. Aqueles que desprezam e odeiam esta verdade arrumaram uma maneira
muita astuta de negá-la ao afirmar que a Eleição ou Predestinação para a vida acontece
pela presciência de Deus, que é corporativa, e que a Eleição não é incondicional, mas con-
dicional e dependente da vontade da criatura e não do Criador. Mas o que de fato significa
“eleição condicional por presciência”?
Não é nosso objetivo oferecer neste prefácio uma refutação completa desta aberração
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doutrinária, pois os excelentes escritos dos autores que se seguem farão isso mil vezes
melhor do que este pobre pecador que escreve estas linhas. Contudo, desejo somente ofe-
recer alguns poucos pensamentos para mostrar o absurdo que necessariamente envolve o
conceito pelagiano/papista/arminiano de “eleição condicional por presciência”.
Antes de tudo, é errôneo por que distorce a ordem dos acontecimentos dizendo que a fé da
criatura é a causa da eleição e da salvação, quando as Escrituras nos informam claramente
que a eleição precede a fé e a salvação: “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glori-
ficavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida
eterna” (Atos 13:48).
Este conceito é ilógico, um insulto à razão e ao bom senso. É ilógico porquanto, postula
que o efeito vem antes da causa, ou que a eleição que aconteceu na eternidade passada,
foi causada pela fé, arrependimento e perseverança em santidade, no tempo. Assim, a elei-
ção que aconteceu antes da fundação do mundo (Efésios 1:4-5) é o efeito causado pelo
homem que diferencia a si mesmo e usa seu livre-arbítrio para se converter e assim salvar-
se, depois, no tempo. Seria como se eu dissesse que matei a fome hoje (efeito) pelo fato
de ter comido amanhã (causa). Mas o absurdo não para por aí, este conceito também impli-
ca que se eu crer hoje, então Deus me elegeu na eternidade passada para isso, mas se
amanhã eu deixar de crer, então o que Deus decidiu na mesma eternidade passada acerca
da minha eleição muda, e agora eu passo a não ser mais eleito, mas se eu voltar a crer de
novo, então, novamente, o Deus imutável (Malaquias 3:6) muda de opinião antes da funda-
ção do mundo e volta a me eleger para salvação. E assim quantas vezes eu mudar agora,
Deus muda (Tiago 1:17) na eternidade passada. Desta forma, eu mudo a minha vontade
diretamente e mudo a vontade de Deus indiretamente, ou por consequência. Isso parece
lógico para você?
[...] não é a previsão de Deus dessas coisas nos homens que O levou a elegê-los. A
presciência de Deus do futuro está fundamentada sobre a determinação de Sua von-
tade em relação ao mesmo. O decreto Divino, a presciência Divina e a predestinação
Divina é a ordem estabelecida nas Escrituras. Em primeiro lugar, “que são chamados
segundo o seu propósito”; segundo, “por que os que dantes conheceu”; terceiro, “tam-
bém os predestinou” (Romanos 8:28-29). O decreto de Deus, como precedente de
Sua presciência também é afirmado em “a este que vos foi entregue pelo determinado
conselho e presciência de Deus” (Atos 2:23). Deus prevê tudo o que acontecerá,
porque Ele ordenou tudo o que há ocorrer; portanto, estamos colocando a carroça na
frente dos bois quando fazemos da presciência a causa da eleição de Deus (A. W.
PINK, Cap. 2, Sua Fonte).
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Este conceito anula qualquer coisa como “eleição Divina”, sim, pois, diz que a eleição não
é “segundo o beneplácito” da “vontade” de Deus (Efésios 1:5), mas, sim, segundo a vontade
da criatura. Assim de fato, quem elege um homem para a salvação não é Deus, mas ele
mesmo. Portanto, nega que Deus tenha “elegido” alguém “desde o princípio para a salva-
ção” (2 Tessalonicenses 2:13), e estabelece “eleição humana”, ao dizer que o homem é
quem elege a si mesmo ao crer.
Este conceito nega o Sola Gratia, distorce o Sola Fide e etc., é uma mentira que, como o
fermento, levedará toda a massa da verdade, a menos que seja retirado. Esta aberração
transforma a fé e o arrependimento salvíficos, que são totalmente dons de Deus e frutos do
Espírito Santo (Efésios 2:8, Atos 11:18), em meras obras humanas que podem ser desen-
volvidas por qualquer homem sem que a interferência especial, livre e imediata de Deus
seja sua causa necessária e eficaz. E desta forma, a fé e o arrependimento para a vida, e
a salvação passam a “depender do que quer, e do que corre”, e não somente “de Deus,
que se compadece” (Romanos 9:16). O que é isso senão negar as Escrituras e dizer que a
salvação pertence ao homem?
As Escrituras são claras ao declarar que “a salvação pertence ao Senhor”, “e isto não vem
de vós, é dom de Deus” (Jonas 2:9; Efésios 1:8), e Ele a dá a quem Ele quiser! Ou é mau
ao teu olho que o grande Deus faça o que quiser com o que é dEle?
Assim como a Salvação é do Senhor, assim também a “eleição” é “de Deus” (1 Tessaloni-
censes 1:4). Pois, Ele é a causa eficaz dela, e as pessoas escolhidas são denominadas
“seus escolhidos” (Lucas 18:7; cf. Romanos 8:33).
Também é dito por aqueles que negam a eleição incondicional, que ela não somente é
condicional e por presciência, mas que também é uma “eleição corporativa”, contudo, isso
nada mais é do que uma tentativa de minar qualquer sentido do verdadeiro conceito bíblico
de eleição. Basta apenas dizer que no livro da vida do Cordeiro, que é o registo Divino da
eleição, está escrito o nome de pessoas, pessoas particulares e não de nações ou povos;
e que o Bom pastor chama Suas ovelhas pelo nome e não pela nacionalidade ou comunida-
de em que estão inseridas. Quando os setenta voltaram de sua viagem missionária, eufó-
ricos, porque os próprios demônios se sujeitaram a eles, Cristo disse: “alegrai-vos antes
por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lucas 10:20 e cf. Filipenses 4:3; Hebreus
12:23). Ou se for alegado que, no Antigo Testamento, Israel, como nação e não como indiví-
duos, era o povo eleito de Deus, responderemos que mesmo dentre o favorecido Israel
nacional, havia o eleito e verdadeiro Israel deDeus, que consistia emindivíduos particulares
eleitos, “um remanescente, segundo a eleição da graça” (Romanos 11:5) como Paulo clara-
mente demonstra em Romanos 9:6-8: “Não que a palavra de Deus haja faltado, porque
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nem todos os que são de Israel são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são
todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência”.
A grande verdade por detrás do conceito de eleição “condicional”, “por presciência”, “corpo-
rativa” é nada mais do que a negação de que haja qualquer eleição ou predestinação Divina.
O que “eleição condicional” significa? Na prática, não significa nada. O que significa “ser
eleito condicionalmente por Deus”? O que significa ser “eleito corporativamente”? Nada,
pois nestes casos o termo bíblico “eleito”, “escolhido”, perde toda a sua força e é anulado
por tal conceito humano. E não é exatamente isso que eles querem? Você já ouviu alguém
falando sobre eleição condicional por presciência, tendo algum outro objetivo senão negar
a eleição incondicional?
Para finalizar esta parte, citaremos algumas palavras do Príncipe dos teólogos Puritanos:
“Somos nós mais excelentes que outros?”, “De maneira nenhuma, pois já dantes de-
monstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado” (Roma-
nos 3:9). “Porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus”, (vv. 22-23); estando todos “mortos em delitos e pecados” (Efésios
2:1); sendo “por natureza filhos da ira, como os outros também”, (v. 3); “separados”,
“mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo
chegastes perto” (vv. 12-13); éramos “inimigos” de Deus (Romanos 5:10; Tito 3:3)
[...] se a predestinação for por fé prevista, estas três coisas, com diversos tais absur-
dos, necessariamente seguirão: Em primeiro lugar, que a eleição não é “por aquele
que chama”, como o apóstolo fala em Romanos 9:11, ou seja, a partir do beneplácito
de Deus, que nos chama com uma santa vocação, mas por aquele que é chamado;
pois, se depender da fé prevista, deve ser daquele a quem pertence a fé, ou seja, de
quem crê. Em segundo lugar, Deus não pode ter misericórdia de quem quer ter mise-
ricórdia, pois a própria finalidade da mesma está assim vinculada às qualidades da fé
e obediência, de modo que Ele deve ter misericórdia somente dos crentes anteceden-
temente ao Seu decreto. O que, em terceiro lugar, impede-O de ser um agente livre e
absoluto, e fazer o que Ele quer com o que é Seu, também O impede de ter um tal
poder sobre nós como o oleiro tem sobre o barro; pois Ele nos encontra sendo de
matérias diferentes, um homem é de argila, o outro homem é de ouro e etc., quando
Ele vem a nos designar para diferentes usos e fins.
[...] Deus não vê em qualquer homem nenhuma fé, nenhuma obediência, nem perse-
verança, enfim nada, senão o pecado e a maldade, e o que Ele mesmo intenciona
graciosa e livremente conferir-lhes; pois “a fé não vem de vós, é dom de Deus (Efésios
2:8); “a obra de Deus é esta: Que creiais” (João 6:29). Ele “nos abençoou com todas
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as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Efésios 1:3). Agora, todos
esses dons e graças Deus concede apenas àqueles que Ele preordenou para a vida
eterna, porque: “os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos” (Romanos
11:7); “acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (Atos 2:47).
Portanto, certamente, Deus nos escolhe não porque Ele prevê essas coisas em nós,
visto que, ao invés disso a verdade é que Ele concede aquelas graças por Ele ter nos
escolhido. “Portanto”, diz Agostinho, “Cristo diz: ‘Não me escolhestes vós a mim, mas
eu vos escolhi a vós’ [João 15:16], mas justamente porque eles não O escolheram é
que Ele deveria escolhê-los; contudo Ele os escolheu para que eles pudessem
escolhê-lO”. Nós escolhemos a Cristo pela fé; Deus nos escolhe por Seu decreto da
eleição (JOHN OWEN, Como Toda a Doutrina da Predestinação é Corrompida pelos
Arminianos).
Quando uma pessoa diz que Deus não é soberano na salvação dos homens, automatica-
mente ela está dizendo que ela mesma ou a pessoa o é. Quando alguém diz que não é
Deus quem dá a palavra final na salvação dos homens, então, ela está dizendo que a pala-
vra final na salvação de um homem não pertence a Deus, mas a alguma criatura. Quando
alguém diz que é falso dizer que a salvação de um homem não depende dele querer ou
correr, que não depende da criatura, mas apenas de Deus usar de misericórdia, ela está
ousadamente negando a Palavra de Deus e estabelecendo a sua própria palavra humana
(Romanos 9:11-23). A grande verdade é que quem delira sonhado tomar o cetro da mão
do Grande Rei, é porque quer colocar este mesmo cetro real na mão da criatura, para que
ela seja semelhante ao Altíssimo. E o que é tudo isso senão a mais sórdida desonra lança-
da sobre o Rei dos reis e Senhor dos senhores? O que é isso, senão o vômito de uma men-
te humana sobre a veste real do criador, preservador e governador do Céu e da terra?
Do que depende a salvação de um homem? Nós respondemos que depende de Deus so-
mente, da Sua misericórdia, e dEle salvar por Sua graça, por meio da fé, sem obras huma-
nas. E condenamos como antibíblica toda resposta que negue ou que se oponha a esta.
Aqueles que estão em um estado de salvação atribuem à graça soberana somente, e
dão todo o louvor Ele, que os faz diferente dos outros. Piedade não é motivo para se
gloriar, a não ser em Deus: “Para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós
sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se
no Senhor” (1 Coríntios 1:29-31). Tal não é, por qualquer meio, em qualquer grau atri-
buído à sua piedade, seu estado e condições seguras e felizes, a qualquer diferen-ça
natural entre eles e os outros homens, ou a qualquer força ou justiça própria. Eles não
têm nenhum motivo para exaltar-se, no mínimo grau; mas Deus é o Ser a quem eles
devem exaltar. Eles devem exaltar a Deus, o Pai, que os escolheu em Cristo, que pôs
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o Seu amor sobre eles, e deu-lhes a salvação, antes deles nascerem e mesmo antes
que o mundo existisse. Se perguntarem, por que Deus colocou Seu amor sobre eles,
e os escolheu, em vez de outros, se eles pensam que podem ver qualquer causa fora
de Deus estão muito enganados. Eles devem exaltar a Deus o Filho, que levou seus
nomes em Seu coração, quando Ele veio ao mundo, e foi pendurado na Cruz, e no
Qual somente eles possuem justiça e força. Eles devem exaltar a Deus, o Espírito
Santo, que por graça soberana os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; que
por Sua própria operação imediata e livre, levou-os a uma compreensão do mal e do
perigo do pecado, e os resgatou de sua justiça própria, e abriu-lhes os olhos para
contemplarem a glória de Deus, e as maravilhosas riquezas de Deus em Jesus Cristo,
e os santificou, e os fez novas criaturas
Vamos, portanto, laborar para nos submetermos à soberania de Deus. Deus insiste,
que a Sua soberania seja reconhecida por nós mesmo neste grande assunto, um as-
sunto que tão de perto e infinitamente nos interessa, como a nossa própria salvação
eterna. Esta é a pedra de tropeço na qual milhares caem e perecem; e se continuar-
mos discutindo comDeus sobre a Sua soberania,isto será nossa ruína eterna. É abso-
lutamente necessário que nós venhamos a nos submeter a Deus, como nosso sobe-
rano absoluto, e o soberano sobre as nossas almas; como alguémque pode ter miseri-
córdia de quem quer ter misericórdia, e endurecer a quem Ele quiser (JONA-THAN
EDWARDS, A Soberania da Deus na Salvação dos Homens).
Eu peço que aqueles que pensam que a doutrina da eleição é uma doutrina abstrata, teó-
rica, que não possui qualquer caráter prático ou relevante, medite nas seguintes palavras:
Em uma recente conversa com um crente eminente, há algumas semanas, ele dizia-
me: “senhor, sabemos que não devemos pregar a doutrina da eleição, porque ela não
tem a capacidade de converter os pecadores”. Eu lhe respondi: “Mas quem se atreve
a identificar falhas na verdade de Deus? Vocêestá de acordo comigo emque a eleição
é uma verdade e, entretanto, você afirma que não deve pregá-la. Eu não ousaria afir-
mar algo assim. Considero que é uma arrogância suprema ousar dizer que uma doutri-
na não deve ser pregada, quando Deus, em Sua suprema sabedoria, quis revelá-la
aos homens”! Além disso, todo o objetivo do Evangelho é converter os pecadores?
Existem certas Verdades que Deus abençoa para conversão dos pecadores, mas,
acaso não existem outras verdades destinadas a trazer consolo aos santos? E, não
deveriam estas verdades, ser objeto do ministério da pregação, como as demais? De-
vo considerar uma e descartar outras? Não: se Deus diz: “Consolai, consolai ao meu
povo!”, se a eleição consola o povo de Deus, então devo pregá-la. Porém, não estou
tão convencido de que a doutrina da eleição não possa converter pecadores. O grande
Jonathan Edwards nos diz que, no momento culminante de umdos seus avivamentos,
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pregava sobre a Soberania de Deus tanto na salvação como na condenação do ho-
mem, e mostrava que Deus era infinitamente justo se enviasse os homens ao Inferno!
Que Ele era infinitamente misericordioso se salvasse alguns, e que tudo vinha da Sua
própria livre graça. E dizia: “Não tenho encontrado nenhuma outra Doutrina que pro-
mova tanta reflexão, nada adentra mais profundamente ao coração do que a procla-
mação desta verdade” (C. H. SPURGEON, Sermão 34, Pregar o Evangelho).
OU talvez você esteja aflito e ansioso acerca da seguinte questão: “Eu sou um eleito de
Deus?”. Se este é caso, aqui está a resposta.
Como pode um crente verdadeiro saber se ele é um dos eleitos de Deus? Ora, o pró-
prio fato de que ele é um Cristão genuíno o evidencia, pois uma crença em Cristo é a
consequência segura de Deus tê-lo ordenado para a vida eterna (Atos 13:48). Porém,
para ser mais específico. Como posso conhecer a minha eleição? Em primeiro lugar,
pela Palavra de Deus tendo chegado em poder Divino à alma, de forma que a minha
auto-complacência é quebrada e minha justiça própria renunciada. Em segundo lugar,
pelo Espírito ter me convencido de minha condição lamentável, de culpado e perdido.
Em terceiro lugar, por ter me revelado a adequação e suficiência de Cristo para aten-
der o meu caso desesperado, e por uma concessão Divina de fé, levando-me a lançar
mão de e descansar sobre Ele como minha única esperança. Em quarto lugar, pelas
marcas da nova natureza dentro de mim: o amor a Deus, um apetite pelas coisas espi-
rituais, um anelo por santidade, uma busca por conformidade com Cristo. Em quinto
lugar, pela resistência que a nova natureza faz à velha natureza, levando-me a odiar
o pecado e abominar-me por isso. Em sexto lugar, por diligentemente evitar tudo o
que é condenado pela Palavra de Deus, e por sinceramente arrepender-me e húmil-
demente confessar cada transgressão. A falha neste ponto mui certa e rápida-mente
trará uma nuvem escura sobre a nossa segurança, fazendo com que o Espírito rete-
nha o Seu testemunho. Em sétimo lugar, empregando toda a diligência para cultivar
as graças Cristãs, e usando todos os meios legítimos para essa finalidade. Assim, o
conhecimento da eleição é cumulativo (A. W. PINK, Cap. 9, Sua Percepção).
Por fim desejo exortar a todos os que lerem estas linhas a decidirem-se pela verdade e fir-
marem-se na doutrina de Cristo. É apenasa verdade que capacita qualquer alma a glorificar
a Deus, e a doutrina da eleição é parte essencial e fundamental da verdade bíblica. Bem
disse John A. Broadus: “Irmãos, nós devemos pregar as doutrinas; devemos enfatizar as
doutrinas; devemos voltar às doutrinas. Temo que a nova geração não conhece as doutri-
nas como nossos pais as conheciam”. “É dever dos cristãos se firmarem na doutrina. É
obrigação dos cristãos serem firmes na doutrina da fé. O apóstolo afirma: ‘Ora, o Deus de
toda a graça..., Ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar’ (1 Pe
5:10)”2. Nossa fé é a nossa vida.
Assim como ficar exposto à luz do sol aquece o corpo, aqueles que ficam expostos à luz do
verdadeiro ensino da Escritura esquentam suas afeições e tornam-se fervorosos no amor,
na fé e na verdade. O calor e fervor da piedade deve vir das brasas vivas da ortodoxia
bíblica.
O ensino das sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e da doutrina que é segundo a
piedade (1 Timóteo 6:3) não podem resultar em outra coisa, senão em um coração puro e
amoroso, numa boa consciência e numa fé não fingida (1 Timóteo 1:5). Se o seu conheci-
mento não produz estas coisas é porque você não possui “a fé dos eleitos de Deus”, e é
ignorante, pois também não possui “o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade”
(Tito 1:1). Infelizmente muitas pessoas estão firmemente decididas a não aprender, e isso
é triste. Eu espero que não seja assim com você, leitor. Se você está duvidoso e coxeia em
dois pensamentos, se você está ansioso para descobrir a verdade e abraçá-la, custe o que
custar, eu te suplico e desejo ardentemente que examines os textos deste volume, com o
coração sincero, e dizendo somente: “fala, Senhor, porque o teu servo ouve”. Examine e
veja “se estas coisas são assim” ou não, se de fato o que você lê “está escrito” ou não.
Jesus Cristo te ilumine,
Pelo Seu Espírito Santo,
Para a glória de Deus Pai,
Amém e amém!
William Teixeira, EC
28 de novembro de 2014
__________
[2] WATSON, Thomas. A Fé Cristã: Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster [O seu Clássico,
A Body Of Divinity]. 1ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2009. p 15.
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Uma Biografia de A. W. Pink, por Erroll Hulse
Arthur Walkington Pink (1886 – 1952) e sua esposa Vera E. Russell (1893 – 1962)
Quanto ao Calvinismo e Arminianismo durante a primeira metade do século XX, um estudo
de caso mui interessante é a experiência de Arthur W. Pink. Ele foi um pregador e escritor
de talento excepcional que ministrou na Grã-Bretanha, América e Austrália. Quando mor-
reu, em 1952, em isolamento na ilha de Lewis, no nordeste da Escócia, ele era pouco co-
nhecido fora de uma pequena lista de assinantes de sua revista, “Studies in the Scriptures”
(Estudos nas Escrituras). No entanto, na década de 1970, havia grande demanda por seus
livros e seu nome era muito conhecido entre os editores e ministros. Na verdade, nesse
período, seria difícil encontrar um autor reformado cujos livros fossem mais lidos.
O ministério de pregação de A. W. Pink fora notavelmente abençoado nos Estados Unidos,
mas foi na Austrália que ele parece ter atingido o ápice de seu ministério público, e ali, em
particular, o seu ministério de pregação alcançou grandes alturas. Ele foi então confrontado
com o credenciamento pela União Batista e foi rejeitado por causa de suas opiniões Cal-
vinistas. Depois, ele ministrou em uma igreja Batista do tipo Batista Estrita. Dali ele foi des-
vinculado, uma vez que o consideraram um Arminiano! Um grupo considerável, no entanto,
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apreciava Pink, reconhecia o seu valor, e separaram-se daquela Igreja Batista Estrita para
formarem uma nova igreja de 27 membros. Então, de repente, em 1934, Pink pediu demis-
são e voltou à Grã-Bretanha. Sabe-se que uma rejeição é o bastante para prejudicar a vida
de um ministro, mas duas, em rápida sucessão, podem destruir um pastor completamente.
Assim isso se evidenciou para Arthur Pink. Ele nunca mais encontrou entrada significativa
para o ministério, embora ele tentasse o seu melhor. Ele buscou aber-turas tanto no Reino
Unido e nos EUA, sem sucesso. Ele tornou-se cada vez mais isolado. Ele terminou seus
dias como um recluso evangélico na Ilha de Stornoway na costa da Escócia. Dizia-se que
não mais do que dez almas compareceram ao seu funeral.
Há muito que podemos aprender coma vida de A. W. Pink. Emprimeiro lugar, delinearemos
a sua infância, em linhas gerais. Em segundo lugar, descreveremos a sua experiência na
Austrália, e traçaremos os efeitos adversos disso em sua vida. Em terceiro lugar, considera-
remos o impacto de seu ministério de escrita.
1. Início da vida
Arthur Pink nasceu em Nottingham, Inglaterra, em 1886. Seus pais eram piedosos. Eles
viviam conforme a Bíblia e santificavam o dia do Senhor. Arthur foi o primeiro dos três filhos
educados no temor e na admoestação do Senhor. Para a tristeza de seus pais, os três filhos
caíram em vida de incredulidade. Mas o pior estava por vir: Arthur abraçou a Teosofia, um
culto esotérico que reivindicava poderes do ocultismo! “Lúcifer” era o nome da principal
revista de Teosofia. A marca natural da personalidade de Arthur era a entrega sincera e
completa ao que fazia, e ele adentrou na Teosofia com zelo. A liderança foi oferecida a ele,
o que significava que ele teria que visitar a Índia. Ao mesmo tempo, um amigo que era um
cantor de ópera, observou que Arthur possuía uma aguda voz tipo barítono; ele instou com
Pink para avaliar uma carreira na ópera. Depois, de repente, numa noite, durante 1908,
Arthur foi convertido. Sua primeira ação foi pregar o Evangelho ao grupo Teósofo.
Simultaneamente à conversão de Pink, ocorreu um chamado para o ministério Cristão. Mas
as faculdades estavam nas mãos de liberais empenhados na destruição das Escrituras.
Arthur, porém, ouviu falar do Instituto Bíblico Moody, que fora fundada por D. L. Moody em
1889 e em 1910, com 24 anos, Pink partiu para Chicago a fim de começar um curso de dois
anos. Todavia, seu tempo em Moody durou apenas seis semanas. Ele decidiu que estava
perdendo tempo, e que ele deveria entrar diretamente em um pastorado — e seus profes-
sores concordaram! Ele não estava descontente, mas, antes, frustrado, que o ensino esti-
vesse lançado a um nível tão primário, de modo que este ensino não fez nada por ele.
Ao longo de 1910, ele iniciou seu primeiro pastorado em Silverton, Colorado, um campo de
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mineração nas montanhas de San Juan. Nós possuímos poucos detalhes deste período,
mas sabemos que a partir de Silverton, Pink mudou-se para Los Angeles. Ele sempre foi
um trabalhador, e isso é ilustrado pelo fato de que de uma vez, em Oakland, ele esteve
envolvido no evangelismo em tendas em seis noites por semana, durante 18 semanas!
De Los Angeles, ele se mudou para Kentucky. Foi ali que ele conheceu e se casou com
Vera E. Russell. Não poderia ter havido um melhor presente do céu. Vera era totalmente
comprometida com o Senhor. Ela era trabalhadora, talentosa, inteligente e perseverante.
Ela morreu apenas dez anos após morte de Arthur, na ilha de Stornoway.
A próxima mudança foi para Spartanburg, Carolina do Sul, de 1917 a 1920. O edifício desta
igreja consistia em uma pequena e frágil estrutura de madeira, enquanto ele e Vera viviam
em uma pequena casa de madeira sustentada por colunas de madeira. O aquecimento era
inadequado e, no inverno gelado a casa era como uma caixa de gelo.
Foi durante esse tempo que Pink começou a escrever livros. Houve dois significativos: um
com o título “Divine Inspiration of the Bible” (A Inspiração Divina da Bíblia), e segundo “The
Sovereignty of God” (A Soberania de Deus), cujo prefácio é datado em junho de 1918. Este
foi o livro posteriormente publicado pelos editores de The Banner of Truth. A primeira
edição, de acordo com I. C. Herendeen, seu primeiro editor na época, foi apenas de 500
cópias, e foi uma luta vender esse número. Quando o livro chegou a Banner, foi editado por
Iain Murray e melhorou bastante. Tornou-se um dos mais populares livros impressos da
The Banner of Truth. Em 1980, haviam sido vendidos 92 mil exemplares.
Após cerca de um ano em Spartanburg, Pink quase veio a sofrer. Ele sentiu uma forte con-
vicção de desistir do ministério e dedicar-se apenas a escrever, e numdado momento, este-
ve desconsolado. Vera escreveu a uma amiga dizendo que o marido estava mesmo pen-
sando emdeixar o ministério e entrar emnegócios, para ganhar dinheiro para o Reino como
uma melhor maneira de servir a Deus. Em 1920, Arthur renunciou ao pastorado em Spar-
tanburg. Ele e Vera mudaram-se e se estabeleceram em Swengel, Pensilvânia, a fim de
estarem perto do editor I. C. Herendeen.
Em meados de julho de 1920, ele permitiu-se realizar uma série de reuniões na Califórnia.
Grandes multidões se reuniram e muitos foram salvos. Em dado momento, 1.200 se reuni-
am para ouvir o Evangelho. Outras cruzadas e conferências ocorrerama seguir; era eviden-
te que Pink era eminentemente adequado para este tipo de ministério. Olhando para trás,
ao longo de sua vida, é evidente que ele experimentou mais bênção no ministério itinerante
do que ele o fez em um total de 12 anos no pastorado de igrejas. Isso relacionava-se ao
seu temperamento; ele preferia gastar seu tempo estudando mais do que fazendo visitas.
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Em 1921, Arthur e Vera voltaram à Pensilvânia. A compilação mensal, os Estudos nas
Escrituras, apareceu pela primeira vez em 1922. Esta revista esteve ativa de forma contí-
nua, sem interrupção por 32 anos, até a morte de Arthur em 1952. Inicialmente, esta era
uma revista de 24 páginas, contendo de 4 a 6 artigos, como porções de uma série. Escrever
material expositivo em um elevado padrão, a este ritmo, a cada mês, é um tremendo teste-
munho de sua compreensão das Escrituras, e da benção e capacitação do Senhor. Todos
os seus artigos tinham que ser escritos à mão e finalizados para impressão pelo menos
dois meses antes da data de publicação. Estudos nas Escrituras tinha cerca de 1.000 exem-
plares em circulação, inicialmente, mas na maior parte de sua existência, o nível de subscri-
ção pairava em cerca de 500. O aspecto financeiro sempre foi precário, com apenas o
suficiente para cobrir os custos de impressão de um mês ao outro. Pink corres-pondia-se
com alguns de seus assinantes; eventualmente, isso compôs o seu trabalho pas-toral. Du-
rante todo o tempo, ele foi auxiliado por sua trabalhadora esposa, que atuava como secre-
tária. Eles nunca tiveram filhos, sempre viveram mui humildemente, e sempre conse-guiam
quitar suas despesas. Isso foi possível por meio de uma modesta herança deixada para ele
por seus pais e por meio de ofertas que ele recebia de seus leitores.
Durante 1923, Arthur caiu em uma profunda depressão, que culminou em um colapso ner-
voso. Neste momento um jovem casal que fora muito abençoado pelo ministério de Pink
veio a auxilia-lo, e Arthur foi cuidado por um período de vários meses de descanso forçado,
que o trouxe de volta à saúde normal.
Em 1924, uma importante nova direção veio em forma de cartas de convite, de uma editora
em Sydney, na Austrália. Antes de partir para a Austrália, não menos que a preparação de
quatro meses teve que ser feita em Estudos. Em seu caminho para a Austrália, Pink envol-
veu-se em mais conferências bíblicas, pregando no Colorado, depois em Oakland, Califór-
nia, e também São Francisco — de onde ele e Vera embarcaram, através do Pacífico, para
Sydney.
2. A Experiência de Pink na Austrália
O casal Pink esteve por um total de três anos e meio na Austrália. Esse período foi para
eles o melhor, mas também tornou-se o pior. Após a chegada, Arthur teve mais convites do
que ele, possivelmente, cumpriria. Inicialmente o seu ministério na Austrália foi um grande
sucesso. Uma multidão se reuniu; igrejas foram preenchidas; crentes foram reavivados; e
almas foram conduzidas ao Salvador.
A audiência crescia em todo lugar que ele pregava. No primeiro ano na Austrália, Arthur
pregou por 250 vezes. Ele costumava trabalhar até 2:00 da manhã para manter a Studies
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in the Scriptures em atividade. O casal Pink realmente deve ter sentido que, finalmente,
havia encontrado olugar de realização permanente. Havia umpoder evidente emseu minis-
tério. Um crente maduro declarou que ele atraía as pessoas “como um ímã”, e que ele
pregava “todo o conselho da Palavra de Deus”, e era capaz de pregar um sermão “de cada
palavra do texto”.
Este período revelou-se de grande alegria. Pink tinha neste momento 40 anos de idade. Ele
esteve pregando quase diariamente por mais de uma hora. Ele poderia chegar em casa às
22:00 horas e, em seguida, trabalhar até às 02:00 horas. Ele escreveu, “nunca antes, du-
rante nossos 16 anos no ministério, nós experimentamos tal bênção e alegria em nossas
almas, tal liberdade de expressão, e uma resposta tão animadora quanto experimentamos
nesta porção altamente favorecida da vinha de Cristo”.
Podemos ter certeza de que um vívido e poderoso ministério que salva almas despertará a
fúria de Satanás. E assim isso provou ocorrer, neste caso, quando a antiga serpente, o Dia-
bo, montou um astuto contra-ataque. Os líderes da União Batista eram fundamentalmente
opostos ao Calvinismo. Esses líderes convidaram Arthur Pink para ler um artigo sobre “A
Responsabilidade Humana”. Infelizmente, Pink não sabia que isso era um complô para
rebaixá-lo diante dos olhos do público, e em seu fervor sincero ele caiu na armadilha. Em
vez de recusar o convite, ele apresentou o artigo e, em seguida, respondeu a perguntas por
mais de uma hora. O resultado disso foi que a União Batista de New South Wales publi-cou
uma declaração de que eles concordavam, por unanimidade, em não apoiar o seu ministé-
rio. O que eles realmente queriam dizer (pois que eles mesmos não esclareceram qualquer
doutrina) é que eles não concordavam com a doutrina reformada de Pink. Eles eram funda-
mentalmente Arminianos. O efeito de tudo isso foi que os convites minguaram, e o amplo e
eficiente ministério do Pink na Austrália foi reduzido drasticamente.
Foi neste momento que uma das três Igrejas Batistas Restritas e Particulares convidaram
Pink para tornar-se o seu pastor. Esta igreja era conhecida como a igreja da Rua Belvoir
(Belvoir Street Church). Ali Pink ocupou-se como nunca em sua vida. Ele pregou 300 vezes
até o fim do ano, em 1926. Além de pregar três vezes por semana em Belvoir Street, ele
pregava em três lugares diferentes em Sydney a cada semana, para uma média de 200
pessoas em cada reunião. Ele ainda conseguia manter Studies in the Scriptures pela
queima do óleo da meia-noite.
Tribulação, no entanto, era iminente. A primeira parte do século XX foi um período de falta
de clareza doutrinária. Uma das evidências disso era a confusão sobre o Calvinismo,
Arminianismo e hiper-Calvinismo. Muitas igrejas estavam polarizadas. A União Batista era
Arminiana, e os Batistas Restritas Particulares tendiam a ser hiper-Calvinistas. Este provou
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ser o caso da Rua Belvoir. Até por volta de maio de 1927, os Pinks criamque haviamencon-
trado uma igreja permanente.
3. O Impacto do Ministério de Escrita de Pink
Se a história tivesse progredido normalmente, Arthur Pink teria sido esquecido. Há vários
líderes em cada geração, que são bem conhecidos, mas é pouco provável que seus nomes
serão lembrados por muito tempo. Quando Arthur Pink morreu, ele era conhecido por um
pequeno círculo de leitores, cerca de 500 dos que liam os seus periódicos mensais, Studies
in the Scriptures, os quais ele havia produzido fielmente com a ajuda de sua esposa Vera,
por 31 anos. No entanto, após sua morte, à medida que seus escritos foram reunidos e pu-
blicados como livros, seu nome se tornou muito conhecido no mundo evangélico de Língua
Inglesa. Durante os anos de 1960 e 70, houve uma escassez de escritos expositivos fiéis;
os escritos de Pink preencheram uma importante necessidade. Suas exposições são cen-
tradas em Deus, teologicamente convincentes e fiéis, bem como práticas e experimentais.
Isso era precisamente o necessário durante um período de seca espiritual. Os editores
descobriram o valor de seus escritos. O resultado foi impactante.
Por exemplo, Baker Book House publicou vinte e dois títulos diferentes por Pink, com um
total combinado de vendas em 1980 de 350.000 exemplares. Por volta da mesma data,
apenas três livros (Soberania de Deus, A Vida de Elias, e Enriquecendo-se com a Bíblia)
somaram 211.000. No entanto, como autores reformados contemporâneos têm se multi-
plicado, então a demanda por livros de Pink diminuiu.
Devemos lembrar que como advento do século XX, as principais denominações já sofreram
perdas enormes para a alta crítica e o modernismo. Tal era o avanço do modernismo no
final do século XIX e na primeira metade do século XX, que a maioria das faculdades e
seminários bíblicos perderam-se para uma contemporânea incredulidade e anti-Cristianis-
mo. Em vez de produzir pregadores/pastores para as igrejas, eram enviados homens que
esvaziavam as igrejas. O exemplo mais marcante é o Metodismo. A adesão global ao Meto-
dismo cresceu de modo a ser a maior das igrejas Não-Conformistas. No entanto, esta deno-
minação foi praticamente aniquilada pelo modernismo.
Os escritos de Pink têm suprido não somente alimento para o espiritualmente faminto, mas
como Iain Murray afirma em sua obra The Life of Arthur W. Pink: “Pink tem sido extrema-
mente importante na revitalização e no estímulo à leitura doutrinária em nível popular. O
mesmo pode ser dito de poucos outros autores do século XX”.
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Ora, eleição e predestinação são apenas o exercício da
soberania de Deus nos assuntos da salvação, e tudo o que
sabemos sobre elas é o que tem sido revelado a nós nas
Escrituras da Verdade. A única razão para que alguém
acredite na eleição é que ela se acha claramente ensinada na
Palavra de Deus. Nenhum homem ou grupo de homens nunca
originou esta Doutrina. Como o ensino da punição eterna, ela
entra em conflito com os ditames da mente carnal e é
incompatível com os sentimentos do coração não regenerado.
E, como a doutrina da Santíssima Trindade e do nascimento
milagroso de nosso Salvador, a verdade da eleição deve ser
recebida com fé simples, inquestionável.
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Dou-lhes a Vida Eterna e Nunca Hão de Perecer
Eu sou o Bom Pastor e desci pra resgatar
As ovelhas do Meu pasto que andavam a vaguear.
Para as Minhas ovelhas Eu Me faço conhecer
E dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer
E dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer,
Ninguém as arrebatará da Minha mão.
Eu conheço as Minhas ovelhas e delas sou conhecido.
Eu as chamo pelo nome e elas Me seguirão.
E dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer,
Ninguém as arrebatará da Minha mão.
Foi Meu Pai, que mas deu, para a Mim Me pertencer;
Ninguém pode arrebatá-las e nunca se perderão.
— William Teixeira
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1 • Introdução
Eleição é uma doutrina fundamental. No passado, muitos dos professores mais hábeis esta-
vam acostumados a começar sua teologia sistemática comuma apresentação dos atributos
de Deus, e, em seguida, uma contemplação de Seus decretos eternos; e é nossa examina-
da convicção, após ler os escritos de muitos de nossos contemporâneos, que o método
seguido por seus antecessores não pode ser melhorado. Deus existia antes do homem, e
Seu propósito eterno longamente antecedeu Suas obras no tempo. “Conhecidas por Deus
são todas as suas obras desde o princípio do mundo” (Atos 15:18). Os conselhos Divinos
vieram antes da criação. Como um construtor desenha seus planos antes de começar a
construir, assim o grande Arquiteto predestinou tudo antes que uma única criatura fosse
trazida à existência. Deus também não manteve isso como um segredo trancado em Seu
próprio seio; aprouve a Ele dar a conhecer em Sua Palavra, os conselhos eternos da Sua
graça, Seu desígnio na mesma, e a grande finalidade que Ele tem em vista.
Quando um edifício está em construção, os espectadores muitas vezes não conseguem
perceber a razão para muitos dos detalhes. Até agora, eles não discernem nenhuma ordem
ou propósito; tudo parece estar em confusão. Mas, se eles pudessem examinar cuidadosa-
mente o “plano” do construtor e visualizar a produção acabada, muito do que era confuso,
se tornaria claro para eles. É o mesmo com a realização do propósito eterno de Deus. A
menos que estejamos familiarizados com os Seus decretos eternos, a história continua a
ser um enigma insolúvel. Deus não está trabalhando de forma aleatória. O Evangelho não
foi enviado em nenhuma missão incerta. O resultado final no conflito entre o bem e o mal
não foi deixado indeterminado. Quantos serão salvos ou perdidos não depende da vontade
da criatura. Tudo foi infalivelmente determinado e imutavelmente fixado por Deus desde o
princípio, e tudo o que acontece no tempo é apenas o cumprimento do que foi ordenado na
eternidade.
A grande verdade da eleição, então, leva-nos de volta para o início de todas as coisas. A
eleição precedeu a entrada do pecado no universo, a Queda do homem, o advento de
Cristo, e a proclamação do Evangelho. A correta compreensão da mesma, especialmente
em sua relação com a aliança eterna é absolutamente essencial se quisermos ser preser-
vados de erro fundamental. Se a própria fundação estiver comdefeito, então o edifício cons-
truído sobre ele não pode ser sólido; e se erramos em nossas concepções desta verdade
básica, então na mesma proporção será a imprecisão da nossa compreensão de todas as
outras verdades. As relações de Deus com judeus e gentios, Seu objetivo em enviar Seu
Filho ao mundo, Seu projeto por meio do Evangelho, sim, todo os Seus tratos providenciais,
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não podem ser vistos em sua devida perspectiva até que eles sejam vistos à luz da Sua
eleição eterna. Isso se tornará mais evidente à medida que prosseguimos.
A doutrina da eleição é uma doutrina difícil, e isto em três aspectos. Em primeiro lugar, no
entendimento dela. A menos que tenhamos o privilégio de sentar-nos sob o ministério de
algum servo ensinado pelo Espírito de Deus, que nos apresente a verdade de forma siste-
mática, um grande esforço e empenho são necessários para o exame das Escrituras, de
modo que possamos coletar e tabular suas declarações dispersas sobre este assunto. Não
agradou ao Espírito Santo nos dar uma definição completa e ordenada da doutrina da elei-
ção, mas sim “um pouco aqui, um pouco ali”, na história típica, em salmo e profecia, na
grandiosa oração de Cristo (João 17), nas epístolas dos apóstolos. Em segundo lugar, a
aceitação da mesma. Isto apresenta uma maior dificuldade, pois quando a mente percebe
que as Escrituras revelam a doutrina da eleição, o coração é relutante em receber uma
verdade tão humilhante e abatedora da carne. Quão ardentemente precisamos orar a Deus
para subjugar nossa inimizade contra Ele e nosso preconceito contra a Sua verdade. Em
terceiro lugar, na proclamação da mesma. Nenhum iniciante é competente para apresentar
o assunto em sua proporção e perspectiva escriturísticas.
Mas, não obstante, essas dificuldades não devem desencorajar, e menos ainda deter-nos
de um esforço honesto e sério para entender e sinceramente receber tudo o que Deus se
agradou emnos revelar nesta doutrina. Dificuldades são projetadas para nos humilhar, para
nos exercitar, para nos fazer sentir nossa necessidade da sabedoria do alto. Não é fácil
chegar a uma compreensão clara e adequada de qualquer uma das grandes doutrinas da
Escritura Sagrada, e Deus nunca pretendeu que fosse assim. A verdade tem de ser “com-
prada” (Provérbios 23:23); infelizmente tão poucos estão dispostos a pagar o preço: dedi-
car, em oração, ao estudo da Palavra o tempo que ele desperdiça em jornais ou recreações
ociosas. Estas dificuldades não são insuperáveis, pois o Espírito foi dado ao povo de Deus
para guiá-los em toda a verdade. Igualmente assim para o ministro da Palavra: uma espera
humilde em Deus, juntamente com um esforço diligente para ser um obreiro que não tem
do que se envergonhar, que, no devido tempo servirá para expor esta verdade para a glória
de Deus e para a bênção de seus ouvintes.
Esta é uma doutrina importante, como é evidente a partir de várias considerações. Talvez
possamos expressar mais impressionantemente a importância desta verdade, apontando
que, à parte da eterna eleição nunca teria havido qualquer Jesus Cristo e, portanto, não
haveria Evangelho Divino; porque, se Deus não tivesse escolhido um povo para a salvação,
Ele nunca teria enviado o Seu Filho; e se Ele não tivesse enviado nenhum Salvador, nin-
guém seria salvo. Assim, o próprio Evangelho se originou nesta questão vital da eleição.
“Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter
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Deus elegido desde o princípio para a salvação” (2 Tessalonicenses 2:13). E por que
devemos “dar graças”? Porque a eleição é a raiz de todas as bênçãos, a nascente de cada
misericórdia que a alma recebe. Se a eleição for tirada, tudo é levado embora, pois aqueles
que têm qualquer espécie de bênçãos espirituais são os que têm todas as bênçãos espiri-
tuais à medida que foram eleitos “ nele antes da fundação do mundo” (Efésios 1:3 -4).
Foi bem dito por Calvino: “Nós nunca seremos claramente convencidos, como deveríamos
ser, que a nossa salvação flui da fonte da misericórdia gratuita de Deus, até estarmos fami-
liarizados com a Sua eleição eterna, que ilustra a graça de Deus, por esta comparação; que
Ele não adota todos indiscriminadamente para a esperança da salvação, mas Ele dá a al-
guns o que Ele recusa a outros. Ignorância deste princípio evidentemente desvia a glória
Divina, e diminui a verdadeira humildade. Se, então, precisamos lembrar que a origem da
eleição prova que não obtemos a salvação de nenhuma outra fonte além daquela mera boa
vontade de Deus, então aqueles que desejam extinguir este princípio fazem todo o possível
para obscurecer o que deveria ser magnificamente e em voz alta celebrado”.
A doutrina da eleição é uma doutrina abençoada, pois a eleição é a fonte de todas as
bênçãos. Isto é feito inequivocamente claro por Efésios 1:3-4. Primeiro, o Espírito Santo de-
clara que os santos foram abençoados com todas as bênçãos espirituais noslugares celes-
tiais em Cristo. Então Ele passa a mostrar como e por que eles foram tão abençoados, a
saber, na medida em que Deus nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo. A
eleição em Cristo, portanto, precede o sermos abençoados com todas as bênçãos espiri-
tuais, pois somos abençoados comelas apenas enquanto estando nEle, e nós apenas esta-
mos nEle na medida em que somos escolhidos nEle. Vemos, então, que grande e gloriosa
verdade é esta, pois todas as nossas esperanças e perspectivas pertencem a isso. Eleição,
embora distinta e pessoal, não é, como, por vezes é descuidadamente afirmado, uma mera
escolha abstrata de pessoas para a salvação eterna, independentemente da união com sua
Cabeça do Pacto, mas uma escolha deles em Cristo. Isso implica, portanto, todas as outras
bênçãos, e todas as outras bênçãos são dadas apenas por meio da eleição e, de acordo
com ela.
Corretamente entendido não há nada tão calculado para dar conforto e coragem, força e
segurança, como uma apreensão cordial desta verdade. Pois ter certeza de que eu sou um
dos altos favoritos do Céu dá a confiança de que Deus certamente suprirá todas as minhas
necessidades e fará com que todas as coisas cooperem para o meu bem. O conhecimento
que Deus me predestinou para a glória eterna fornece uma garantia absoluta que nenhum
esforço de Satanás pode, eventualmente, levar à minha destruição, pois se o grande Deus
é por mim, quem será contra mim?! Isso traz uma grande paz para o pregador, pois ele
agora descobre que Deus não o enviou para levar um arco em uma aventura perigosa, mas
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que a Sua Palavra fará o que Lhe apraz, e prosperará naquilo para que Ele a envia (Isaías
55:11). E que incentivo isso deve dar ao pecador despertado. Quando ele descobre que a
eleição é apenas uma questão de graça Divina, a esperança se acende em seu coração;
enquanto ele descobre que a eleição destacou alguns dos mais visdentre os vis para serem
os monumentos da misericórdia Divina, por que ele deveria se desesperar!?
A doutrina da eleição é uma doutrina desagradável. Alguém naturalmente pensou que uma
verdade que honra tanto a Deus, exalta Cristo e é tão abençoada, teria sido cordialmente
defendida por todos os Cristãos professos que tiveram-na claramente apresentada a eles.
Em vista do fato de que os termos “predestinados”, “eleitos” e “escolhidos”, ocorrem com
tanta frequência na Palavra, alguém com certeza concluiria que todos os que pretendem
aceitar as Escrituras como Divinamente inspiradas receberiam com implícita fé esta grande
verdade, relacionando o ato em si — como convém a criaturas pecadoras e ignorantes
assim fazer — à boa vontade soberana de Deus. Mas isso está longe de acontecer, muito
longe de ser o caso real. Nenhuma doutrina é tão detestada pela orgulhosa natureza huma-
na como esta, que faz da criatura nada e do Criador, tudo; sim, em nenhum outro ponto a
inimizade da mente carnal é tão descarada e acaloradamente evidente.
Nós iniciávamos as nossas pregações na Austrália, dizendo: “Eu falarei hoje à noite sobre
uma das doutrinas mais odiadas da Bíblia, ou seja, sobre a eleição soberana de Deus”.
Desde então temos rodeado este globo, e entramos em mais ou menos estreito contato
com milhares de pessoas pertencentes a várias denominações, e mais milhares de Cristãos
professos que não estão ligados a nenhuma, e hoje a única mudança que faria nessa
declaração é que, enquanto a verdade do castigo eterno é mais reprovável a não-professos,
a da eleição soberana de Deus é a verdade mais odiada e insultada pela maioria daqueles
que afirmam ser crentes. Que seja claramente anunciado que a salvação não teve origem
na vontade do homem, mas na vontade de Deus (veja João 1:13; Romanos 9:16), que se
não fosse assim, ninguém seria ou poderia ser salvo — pois por causa da Queda, o homem
perdeu todo o desejo e vontade pelo que é bom (João 5:40; Romanos 3:11) — e que até
mesmo os eleitos precisam ser feitos dispostos (Salmos 110:3) e altos serão os gritos de
indignação levantados contra tal ensino.
É neste ponto que a questão é distorcida. Os comerciantes de méritos não reconhecerão a
supremacia da vontade Divina e a impotência da vontade humana para o bem; consequen-
temente, aqueles que são os mais implacáveis em denunciar a eleição pela vontade sobe-
rana de Deus, são os mais calorosos em declarar o livre-arbítrio do homem caído. Nos de-
cretos do Concílio de Trento — em que o Papado definitivamente definiu sua posição sobre
os principais pontos levantados pelos Reformadores, e os quais Roma nunca revogou —
ocorre o seguinte: “Se alguém afirmar que, desde a queda de Adão, o livre-arbítrio do ho-
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mem está perdido, seja anátema”. Foi por sua fiel adesão à verdade da eleição, com tudo
o que ela envolve, que Bradford e centenas de outros foram queimados na fogueira pelos
agentes do Papa. Indescritivelmente triste é ver tantos Protestantes professos de acordo
com a mãe das meretrizes neste erro fundamental.
Mas seja qual for a aversão que os homens tenham quanto à está bendita verdade, eles
serão obrigados a ouvi-la no último dia, ouvi-la como a voz de decisão final, inalterável e
eterna. Quando a morte e o inferno, o mar e a terra seca, darão os mortos, então virá o
Livro da Vida — o registo no qual foi gravado antes da fundação de todo o mundo a eleição
da graça — que será aberto na presença dos anjos e demônios, com a presença dos salvos
e dos perdidos, e aquela voz soará dos mais altos arcos do Céu, às mais baixas profun-
dezas do inferno, ao extremo limite ao universo: “E aquele que não foi achado escrito no
livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse 20:15). Assim, esta verdade que é
odiada pelos não-eleitos acima de todos os outros, é o que deve soar nos ouvidos dos
perdidos enquanto eles entram sua condenação eterna! Ah, meu leitor, a razão pela qual
as pessoas não recebem e devidamente apreciam a verdade da eleição, é porque elas não
sentem a sua devida necessidade.
A eleição é uma doutrina que separa. A pregação da soberania de Deus, como exercida
por Ele em preordenar o destino eterno de cada uma das Suas criaturas, serve como um
mangual eficaz para dividir o joio do trigo. “Quem é de Deus escuta as palavras de Deus”
(João 8:47). Sim, não importa quão contrárias sejam às suas ideias. É uma das marcas dos
regenerados que eles estabeleceram por seu selo que Deus é verdadeiro. Nem eles esco-
lhemno que desejamacreditar, como hipócritas religiososo fazem, uma vez que eles perce-
bem que uma verdade é claramente ensinada na Palavra, mesmo que seja totalmente
oposta à sua própria razão e inclinações, eles humildemente se curvam a ela e, implici-
tamente, a recebem, e faria assim, embora nenhuma outra pessoa no mundo inteiro acre-
dite nela. Mas é muito diferente com os não-regenerados. Como o apóstolo declara: “Do
mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que
conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos
nós o espírito da verdade e o espírito do erro” (1 João 4:5-6).
Nós não sabemos de nada que aparte as ovelhas dos bodes como uma exposição fiel des-
sa doutrina. Se um servo de Deus aceita um novo cargo, e ele quer saber quem do seu po-
vo deseja o leite puro da Palavra, e quais preferem substitutos do Diabo, que ele transmita
uma série de sermões sobre este assunto, e este será rapidamente o meio de “apartares o
precioso do vil” (Jeremias 15:19). Foi assim na experiência do Divino pregador, quando
Cristo anunciou “Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não
lhe for concedido. Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não an-
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davam com ele” (João 6:65-66)! Verdade é que, de forma alguma nem todos os que rece-
bem intelectualmente o “Calvinismo” como uma filosofia ou teologia, dão provas (em suas
vidas diárias) de regeneração; mas é igualmente verdade que aqueles que continuam a
contrariar e firmemente recusar qualquer parte da verdade, não têm direito de serem consi-
derados como Cristãos.
A doutrina da eleição é uma doutrina negligenciada. Apesar de ocupar um lugar tão proe-
minente na Palavra de Deus, é pouco pregada, e menos ainda compreendida. Claro, não é
de se esperar que os “altos críticos” e seus ingênuos cegos pregariam aquilo que faz do
homem um nada; mas mesmo entre aqueles que desejam ser vistos como “ortodoxos” e
“evangélicos”, há pouquíssimos que dão a esta grande verdade umlugar real tanto emsuas
ministrações no púlpito quanto em seus escritos. Em alguns casos, isso é devido à igno-
rância, não tendo sido ensinados no seminário, e certamente nem nos “Institutos Bíblicos”,
eles nunca perceberam sua grande importância e valor. Mas, em muitos casos, é o desejo
de ser popular com os seus ouvintes que amordaça suas bocas. No entanto, nem a igno-
rância, nemo preconceito, neminimizade podemacabar coma própria doutrina, ou diminuir
sua importância vital.
Ao concluir estas observações introdutórias, que seja salientado que esta doutrina aben-
çoada precisa ser tratada com reverência. Não é um assunto a ser discutido ou espe-
culado, mas abordado num espírito de reverência e devoção. Ele deve ser tratado com se-
riedade: “Quando estásemdisputa, engajado em uma justa discussão apenaspara vindicar
a verdade de Deus da heresia e distorção, olhe para o teu coração, estabeleça uma vigilân-
cia em teus lábios, tenha cuidado com o fogo selvagem em teu zelo” (E. Reynolds, 1648).
No entanto, esta verdade deve ser tratada com intransigência e independentemente do
temor ou favor do homem, confiantemente deixando todos os “resultados” na mão de Deus.
Que seja graciosamente concedido a nós escrevermos de uma maneira que agrade a Deus,
e que você receba tudo que é dEle.
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2 • Sua Fonte
Precisamente falando, a eleição é um ramo da predestinação, sendo este último um termo
mais abrangente do que o anterior. Predestinação diz respeito a todos os seres, coisas e
eventos; mas a eleição é restrita aos seres racionais — anjos e humanos. A palavra predes-
tinação significa que Deus desde toda a eternidade, soberanamente ordenou e imutavel-
mente determinou a história e o destino de todas e cada uma de Suas criaturas. Entretanto
neste estudo nos limitaremos à predestinação enquanto ela se relaciona ou diz respeito às
criaturas racionais. E aqui também deve ser notado uma outra distinção. Não pode haver
uma eleição sem uma rejeição, uma seleção sem uma reprovação, uma escolha sem uma
recusa. Como o Salmo 78 expressa: “Além disto, recusou o tabernáculo de José, e não
elegeu a tribo de Efraim. Antes elegeu a tribo de Judá; o monte Sião, que ele amava” (vv.
67-68). Assim a predestinação inclui tanto a reprovação (a preterição ou o passar pelos
não-eleitos, e então preordená-los para a condenação — Judas 4 — por causa de seus
pecados) e a eleição para a vida eterna, o primeiro destes nós não discutiremos agora.
A doutrina da eleição significa, então, que Deus escolheu alguns em Sua mente tanto entre
os anjos (1 Timóteo 5:21) e dentre os homens, e ordenou-lhes para a vida eterna e bem-
aventurança; que antes que Ele os criasse, Ele decidiu o destino deles, assim como um
construtor desenha seus planos e determina todas as partes do edifício antes que qualquer
um dos materiais sejamreunidos para a realização de seu projeto. A eleição pode ser assim
definida: é a parte do conselho de Deus pelo qual Ele, desde toda a eternidade, propôs em
Si mesmo mostrar a Sua graça sobre algumas de Suas criaturas. Isto foi feito eficaz por um
decreto definitivo relacionado a eles. Agora, em cada decreto de Deus três coisas devem
ser consideradas: o início, a matéria ou substância e o fim ou propósito. Vamos oferecer
algumas observações sobre cada uma.
O início do decreto é a vontade de Deus. Origina-se unicamente em Sua própria determina-
ção soberana. Quanto à determinação da condição de Suas criaturas, a própria vontade de
Deus é a causa única e absoluta da mesma. Como não há nada acima de Deus para
governá-lO, assim também não há nada fora dEle mesmo que seja de algum modo uma
causa que o impulsione; dizer o contrário é fazer da vontade de Deus, uma vontade total-
mente nula. Nisto Ele é infinitamente exaltado acima de nós, pois não somos apenas sujei-
tos a Alguém superior de nós, mas nossas vontades estão sendo constantemente modifica-
das e dispostas por causas externas. A vontade de Deus não poderia ter nenhuma causa
fora de si mesma, ou de outro modo haveria algo anterior a si mesma (pois uma causa
sempre precede o efeito) e algo mais excelente (pois a causa é sempre superior ao efeito),
e, portanto, Deus não seria o Ser independente que Ele é.
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A matéria ou substância de um decreto Divino é o propósito de Deus de manifestar um ou
mais de Seus atributos ou perfeições. Isto é verdade para todos os decretos Divinos, mas
como há variedade nos atributos de Deus, assim há nas coisas que Ele decreta trazer à
existência. Os dois principais atributos que Ele exerce sobre as Suas criaturas racionais
são a Sua graça e Sua justiça. No caso dos eleitos, Deus determinou exemplificar a riqueza
da Sua maravilhosa graça, mas no caso dos não-eleitos, Ele achou por bem demonstrar a
Sua justiça e severidade, retendo Sua graça deles, porque foi a Sua boa vontade fazê-lO.
No entanto, não deve ser admitido, sequer por um momento, que este último foi um traço
de crueldade em Deus, pois Sua natureza não é somente graça, nem somente justiça, mas
os dois juntos; e, portanto, na determinação de exibir os dois não poderia haver um ponto
de injustiça.
O fim ou propósito de cada decreto Divino é a própria glória de Deus, pois nada menos do
que isso poderia ser digno dEle mesmo. Como Deus jura por Si mesmo porque Ele não
pode jurar por ninguém maior, assim por que um maior e mais grandioso fim não pode ser
proposto além de Sua própria glória, Deus estabeleceu isto como o fim supremo de todos
os Seus decretos e obras. “O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios
desígnios” (Provérbios 16:4), para a Sua própria glória. Como todas as coisas são dEle
como a primeira causa, então todas as coisas são para Ele (Romanos 11:36), como a
finalidade última. O bem de Suas criaturas é apenas o fim secundário; Sua própria glória é
o fim supremo, e todo o restante é subordinado a isso. No caso dos eleitos, é a maravilhosa
graça de Deus que será magnificada; no caso dos réprobos, Sua pura justiça será glorifica-
da. O que se segue neste capítulo será em grande parte uma ampliação destes três pontos.
A fonte da eleição, então, é a vontade de Deus. Deve ser malmente necessário salientar
que por “Deus”, queremos dizer, Pai, Filho e Espírito Santo. Embora existam três pessoas
na Divindade, há apenas uma natureza indivisível comum a todas Elas, e assim, apenas
uma vontade. Eles são um, e Eles concordam em um: “Mas, se ele resolveu alguma coisa,
quem então o desviará?” (Jó 23:13). Que também seja pontuado que a vontade de Deus
não é uma coisa à parte de Deus, nem deve ser considerada apenas como uma parte de
Deus, a vontade de Deus é o próprio Deus disposto, ou seja, se assim podemos dizer, Sua
própria natureza em atividade, de forma que a Sua vontade é a Sua própria essência. Nem
a vontade de Deus é sujeita a qualquer flutuação ou mudança, quando afirmamos que a
vontade de Deus é imutável, estamos apenas dizendo que no próprio Deus “não há mudan-
ça nem sombra de variação” (Tiago 1:17). Por isso, a vontade de Deus é eterna, pois visto
que o próprio Deus não teve princípio, e posto que a Sua vontade é a Sua própria natureza,
então Sua vontade deve ser eterna.
Para continuar e dar um passo adiante. A vontade de Deus é absolutamente livre, não influ-
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enciada e não controlada por qualquer coisa fora dEle mesmo. Isso aparece a partir da
criação do mundo, bem como de tudo que nele há. O mundo não é eterno, mas foi feito por
Deus, mas se esse seria ou não seria criado, foi determinado por Ele mesmo somente. O
momento em que ele foi feito, se mais cedo ou mais tarde; o seu tamanho, se maior ou me-
nor; a duração do mesmo, se para uma época ou para sempre; a condição dele, se ele per-
maneceria “muito bom” ou seria contaminado pelo pecado; tudo foi determinado pelo decre-
to soberano do Altíssimo. Houvesse Ele se agradado, Deus poderia ter trazido este mundo
à existência milhões de anos mais cedo do que Ele o fez. Se assim Lhe aprouvesse, Ele
poderia ter feito isso e todas as coisas nele em um instante do tempo, em vez de em seis
dias e noites. Houvesse Lhe agradado, Ele podia ter limitado a família humana a alguns mi-
lhares ou centenas, ou tê-la feito milhares de vezes maior do que é. Nenhuma outra razão
pode ser atribuída ao porquê, como e quando Deus o criou assim como ele é, além de Sua
própria vontade imperial.
A vontade de Deus era absolutamente livre em relação à eleição. Na escolha de um povo
para a vida eterna e glória, não havia nada fora de Si mesmo, que moveu Deus a formar
um tal propósito. Como Ele declara expressamente: “Compadecer-me-ei de quem me com-
padecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” (Romanos 9:15), a linguagem
não poderia afirmar mais definitivamente o caráter absoluto da soberania Divina nesta
questão. “E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segun-
do o beneplácito de sua vontade” (Efésios 1:5), aqui novamente tudo se resolve no mero
prazer de Deus. Ele concede Seus favores ou os retém como agrada a Si mesmo. Nem Ele
fica em qualquer necessidade de que vindiquemos o Seu procedimento. O Todo-Poderoso
não deve ser levado ao tribunal da razão humana, em vez de tentar justificar a elevada
soberania de Deus, nós somos apenas obrigados a acreditar nela, segundo a autoridade
de Sua própria Palavra. “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas
coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim
te aprouve” (Mateus 11:25-26), o Senhor Jesus estava contente em descansar ali, e assim
devemos estar.
Alguns dos expositores mais hábeis desta profunda verdade afirmaramque o amor de Deus
é a causa motriz de nossa eleição, citando “em amor, nos predestinou” (Efésios 1:4-5); ain-
da assimfazendo, nós pensamos isto éimputável de uma ligeiraimprecisão ou afastamento
da regra de fé. Embora concordando plenamente que as duas últimas palavras de Efésios
1:4 (tal como estão na Versão Autorizada [da KJV]) pertencem adequadamente ao início
do versículo 5, no entanto, deve ser cuidadosamente observado que o versículo 5 não está
falando de nossa eleição original, mas de nossa predestinação para a adoção de filhos, as
duas coisas são totalmente distintas, atos separadosda parte de Deus, o segundo seguindo
o primeiro. Há uma ordem nos conselhos Divinos, como existe nas obras da criação de
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Deus, e é tão importante prestar atenção no que se diz ao primeiro, quanto é observar o
procedimento Divino nos seis dias de trabalho de Gênesis 1.
Um objeto deve existir ou subsistir antes que possa ser amado. A eleição foi o primeiro ato
na mente de Deus, no qual Ele escolheu as pessoas dos eleitos para que sejamos santos
e irrepreensíveis (v. 4). A predestinação foi o segundo ato de Deus, pelo que Ele ratificou
por decreto a condição daqueles a quem Sua eleição havia dado uma verdadeira subsis-
tência diante dEle. Tendo os escolhidos em Seu amado Filho para uma perfeição de santi-
dade e justiça, o amor de Deus seguiu adiante deles, e lhes concedeu a mais importante e
maior bênção que Seu amor pode conferir, torná-los Seus filhos por adoção. Deus é amor,
e todo o Seu amor é exercido sobre Cristo e sobre os eleitos nEle. Tendo feito a eleição de
Seus próprios, pela soberana escolha de Sua vontade, o coração de Deus foi estabelecido
sobre eles como o Seu tesouro peculiar.
Outros atribuem a nossa eleição à graça de Deus, citando “Assim, pois, também agora
neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça” (Romanos 11:5). Mas
aqui novamente devemos distinguir entre coisas que diferem, ou seja, entre o início de um
decreto Divino e sua matéria ou substância. É verdade, abençoadamente verdade, que os
eleitos são os objetos sobre os quais a graça de Deus é especialmente exercitada, mas
isso é outra coisa bem diferente de dizer que a Sua eleição teve origem na graça de Deus.
A ordem a que estamos aqui insistindo é claramente expressa em Efésios 1. Em primeiro
lugar, “Como também [Deus] nos elegeu nele [Cristo] antes da fundação do mundo, para
que fôssemos santos e irrepreensíveis [justos] diante dele” (v. 4), esse foi o ato inicial na
mente Divina. Em segundo lugar, “em amor, e nos predestinou para filhos de adoção por
Jesus Cristo, para si mesmo”. E isso “de acordo com o beneplácito de sua vontade” (v. 5),
isso foi Deus valorizando aqueles sobre quem Ele havia estabelecido o Seu coração. Em
terceiro lugar, “Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no
Amado” (v. 6), esse foi tanto o sujeito e o propósito do decreto de Deus: a manifestação e
magnificação de Sua graça.
“A eleição da graça” (Romanos 11:5), portanto, não deve ser entendida como o genitivo de
origem, mas como o objeto ou característica, como em “Rosa de Sarom”, “A árvore da vida”,
“os filhos da desobediência”. A eleição da igreja, como todos os Seus atos e obras, deve
ser traçada de volta à não limitada e irreprimível vontade de Deus. Em nenhum outro lugar
nas Escrituras a ordem dos conselhos Divinos é assim definitivamente revelada como em
Efésios 1, e em nenhum outro lugar é tão forte a ênfase sobre a vontade de Deus. Ele pre-
destinou para filhos de adoção “segundo o beneplácito de sua vontade” (v. 5). Ele fez co-
nhecido a nós “o mistério da sua vontade” (não a “graça”) e isso “segundo o seu beneplácito,
que propusera em si mesmo” (v. 9). E então, como se isso não fosse suficientemente explí-
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cito, a passagemtermina com“Nele, digo, emquemtambémfomos feitos herança, havendo
sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o
conselho da sua vontade; com o fim de sermos para louvor da sua glória” (vv. 11-12).
Detenhamo-nos por mais um momento nesta notável expressão: “daquele que faz todas as
coisas, segundo o conselho da sua vontade” (v. 11). Observe bem que não é: “o conselho
de seu próprio coração”, nem mesmo “o conselho da sua própria mente”, mas da VONTADE,
não “a vontade de seu próprio conselho”, mas “o conselho da sua própria vontade”. Nisto
Deus difere radicalmente de nós. Nossas vontades são influenciadas pelos pensamentos
de nossas mentes e modificam-se pelos afetos do nosso coração; mas não é assim com
Deus. “Segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra”
(Daniel 4:35). A vontade de Deus é suprema, determinando o exercício de todas as Suas
perfeições. Ele é infinito em sabedoria, mas a Sua vontade regula as operações da mesma.
Ele é cheio de misericórdia, mas a Sua vontade determina quando e para quem Ele a de-
monstra. Ele é inflexivelmente justo, mas a Sua vontade decide se a Sua justiça deve ou
não ser expressada, observe cuidadosamente que não é: “Que ao culpado não pode ter
por inocente” (como é tão comumente mal interpretado), mas “que ao culpado não tem por
inocente” (Êxodo 34:7). Deus em primeiro lugar quer ou determina que uma coisa aconte-
cerá, em seguida, Sua sabedoria efetua a execução da mesma.
Apontemos agora o que tem sido negado. De tudo o que foi dito acima, é claro, primeira-
mente, que as nossas boas obras não são o que induziu Deus a nos eleger, pois esse ato
aconteceu na mente Divina na eternidade, muito antes que nós tivéssemos qualquer exis-
tência real. Veja como este ponto é posto de lado em: “Porque, não tendo eles ainda nas-
cido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse
firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama)” (Romanos 9:11). Novamente,
lemos: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais
Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10). Desde que, então, fomos
eleitos antes de nossa criação, então, as boas obras não poderiam ser a causa motriz da
mesma, não, elas são os frutos e os efeitos da eleição.
Em segundo lugar, a santidade dos homens, seja no princípio ou na prática, ou ambos, não
é a causa motriz da eleição, pois, como Efésios 1:4 tão claramente declara: “Como também
nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis
diante dele”, não porque éramos santos, mas para que sejamos santos. Que nós “fôssemos
santos” era algo futuro, que segue sobre isso, e é o meio para um outro fim, ou seja, a
nossa salvação, para o que os homens são escolhidos: “por vos ter Deus elegido desde o
princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade” (2 Tessalonicenses
2:13). Desde que, então, a santificação do povo de Deus que foi o propósito de Sua eleição,
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não poderia ser a causa da mesma. “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1
Tessalonicenses 4:3), não meramente a aprovação da vontade de Deus, como sendo
agradável à Sua natureza; nem meramente a Sua vontade preceptiva, conforme exigido
pela Lei; mas a Sua vontade decretiva, Seu conselho determinado.
Em terceiro lugar, nem a fé é a causa da nossa eleição. Como ela poderia ser? Ao longo
de seu estado não-regenerado, todos os homens estão em uma condição de incredulidade,
vivendo neste mundo sem Deus e sem esperança. E quando tivemos fé, não foi de nós
mesmos, ou de nossa bondade, poder ou vontade. Não, antes foi um dom de Deus (Efésios
2:9), e a operação do Espírito (Colossenses 2:12), que flui de Sua graça. Está escrito: “e
creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna” (Atos 13:48), e não “todos
que creram, foram ordenados para a vida eterna”. Uma vez que, então, a fé brota da graça
Divina, a fé não pode ser a causa de nossa eleição. A razão pela qual os outros homens
não creem, é porque eles não são as ovelhas de Cristo (João 10:26); o motivo pelo qual al-
guém crê é porque Deus lhe dá a fé, e por isso é chamada “a fé dos eleitos de Deus” (Tito
1:1).
Em quarto lugar, não é a previsão de Deus dessas coisas nos homens que O levou a elegê-
los. A presciência de Deus do futuro está fundamentada sobre a determinação de Sua
vontade em relação ao mesmo. O decreto Divino, a presciência Divina e a predestinação
Divina é a ordem estabelecida nas Escrituras. Em primeiro lugar, “que são chamados se-
gundo o seu propósito”; segundo, “por que os que dantes conheceu”; terceiro, “também os
predestinou” (Romanos 8:28-29). O decreto de Deus, como precedente de Sua presciência
também é afirmado em “a este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciên-
cia de Deus” (Atos 2:23). Deus prevê tudo o que acontecerá, porque Ele ordenou tudo o
que há ocorrer; portanto, estamos colocando a carroça na frente dos bois quando fazemos
da presciência a causa da eleição de Deus.
Em conclusão, que seja dito que a finalidade de Deus em Seu decreto da eleição é a mani-
festação de Sua própria glória, mas antes de entrar em detalhes sobre este ponto citaremos
várias passagens que estabelecem amplamente o fato em si. “Sabei, pois, que o Senhor
separou para si aquele que é piedoso; o Senhor ouvirá quando eu clamar a ele” (Salmos
4:3). “Separou” aqui significa escolheu ou apartou do restante; “aquele que é piedoso”
refere-se ao próprio Davi (Salmos 89:19-20); “para si mesmo”, e não apenas para o trono
e o reino de Israel. “Porque o Senhor escolheu para si a Jacó, e a Israel para seu próprio
tesouro” (Salmos 135:4). “Porque porei águas no deserto, e rios no ermo, para dar de beber
ao meu povo, ao meu eleito. A esse povo que formei para mim; o meu louvor relatarão”
(Isaías 43:20-21), isto é paralelo com Efésios 1:5-6. Assim, no Novo Testamento, quando
aprouve a Cristo dar a Ananias um relato da conversão de Seu amado Paulo, ele disse:
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“Vai, porque este é para mim um vaso escolhido” (Atos 9:15). Mais uma vez: “Reservei para
mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal” (Romanos 11:4), o que é
explicado no versículo seguinte como “um remanescente, segundo a eleição da graça”.
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3 • Sua Grandiosa Origem
Os decretos de Deus, Seu eterno propósito, os conselhos inescrutáveis de Sua vontade,
são realmente um grande abismo; ainda assim, isso nós sabemos: que do primeiro ao últi-
mo eles têm uma relação estabelecida com Cristo, pois Ele é o Alfa e o Ômega, em todas
as operações da Aliança. Spurgeon expressa isto maravilhosamente: “Examine a fonte ce-
lestial, a partir da qual todas as correntes da graça Divina fluempara nós, e você encontrará
Jesus Cristo, o manancial na Aliança de Amor. Se os seus olhos jamais viram o rolo da
Aliança, se você será permitido, em um estado futuro, ver todo o plano da reden-ção, que
uma vez que foi traçado nas câmaras da eternidade, você deverá ver a linha de vermelho-
sangue do sacrifício expiatório percorrendo através da margemde cada página, e você verá
que desde o início até o fim o objetivo sempre foi: a glória do Filho de Deus”. Portanto,
parece estranho que muitos que veem que a eleição é o fundamento da salvação, ainda
ignoram a glorioso Cabeça da eleição, em quem os eleitos foram escolhidos e de quem
recebem todas as bênçãos.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as
bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes
da fundação do mundo” (Efésios 1:3-4). Visto que fomos escolhidos em Cristo, é evidente
que fomos escolhidos fora de nós mesmos; e uma vez que fomos escolhidos em Cristo,
segue-se necessariamente que Ele escolheu a nós antes de nós a Ele. Isto está clara-
mente implícito no verso anterior, em que o Pai é expressamente designado “o Deus e Pai
de nosso Senhor Jesus Cristo”. Agora, de acordo com a analogia da Escritura (ou seja,
quando Ele se diz ser o “Deus” de alguém) Deus era o “Deus” de Cristo em primeiro lugar,
porque Ele o escolheu para graça e união. Cristo como homem foi predestinado tão verda-
deiramente como nós fomos, e por isso tem Deus como sendo o Seu Deus por predesti-
nação e livre graça. Em segundo lugar, porque o Pai fez um pacto com Ele (Isaías 42:6).
Deus tornou-se conhecido como “o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó” tendo em vista
o pacto feito com eles, semelhantemente tendo em vista o pacto que fez com Cristo, Ele
tornou-se seu “Deus”. Em terceiro lugar, porque Deus é o autor de toda a bem-aventurança
de Cristo (Salmos 45:2, 7).
“Como também [Deus] nos elegeu nele” significa, então, que na eleição Cristo foi feito o
Cabeça dos eleitos. “Do ventre da eleição Ele, o Cabeça, saiu primeiro [esboçado em todo
parto normal — A. W. P.], e depois nós, os membros” (Thomas Goodwin). Em todas as
coisas Cristo deve ter a “preeminência”, e, portanto, Ele é “o Primogênito” na eleição (Ro-
manos 8:29). Na ordem da natureza Cristo foi escolhido em primeiro lugar, mas, no fim dos
tempos fomos eleitos com Ele. Nós não fomos escolhidos por nós mesmos à parte de
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Cristo, mas em Cristo, o que denota três coisas: Primeiro, fomos escolhidos emCristo como
os membros do Seu corpo. Em segundo lugar, fomos escolhidos nEle como o padrão ao
qual devemos conformar-nos. Em terceiro lugar, nós fomos escolhidos nEle tendo-O como
nosso fim último, ou seja, foi para a glória de Cristo, para ser Sua “plenitude” (Efésios 1:23).
“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma”
(Isaías 42:1), que essa passagem refere-se a ninguém menos do que ao Senhor Jesus
Cristo é inegavelmente claro pela citação do Espírito dela emMateus 12:15-21. Aqui, então,
está a grandiosa origem da eleição, em sua primeira e mais alta instância eletiva é falada
e aplicada em relação ao Senhor Jesus! Era da vontade dos Três Eternos eleger e predes-
tinar a segunda Pessoa em estado e existência de criatura, para que, como Deus-homem,
“o primogênito de toda criatura” (Colossenses1:15), Ele fosse o centro dos decretos Divinos
e o objeto imediato e principal do amor dos Três co-essenciais. E, como o Pai tem a vida
em Si mesmo, assim deu também ao Filho — considerado como Deus-homem — ter a vida
em Si mesmo (João 5:26), para ser uma fonte de vida, de graça e de glória, para Sua amada
Esposa, que recebeu a sua existência e o bem-estar a partir da livre graça e amor eterno
de Jeová.
Quando Deus decidiu criar, entre todas as criaturas inumeráveis, tanto angelicais quanto
humanas, que surgiram na mente Divina, para serem trazidos à existência por Ele, Jesus
Cristo homem foi destacado deles, e nomeado para a união coma segunda Pessoa da Trin-
dade bendita, e foi, portanto, santificado e estabelecido. Este ato original e maior da e-leição
proveio da pura soberania e da maravilhosa graça. As hostes celestes foram ignora-das, e
a semente da mulher foi tomada ao invés delas. Dentre as inúmeras sementes que seriam
criadas em Adão, a linhagem de Abraão foi escolhida, em seguida, a de Isaque e de Jacó.
Das doze tribos que descenderam de Jacó, a tribo de Judá foi escolhida, Deus não elegeu
um anjo para a elevada união com seu Filho, mas “a um eleito do povo” (Salmos 89:19). O
que dirão aqueles que tanto se desagradam da verdade de que os herdeiros do Céu são
eleitos, quando eles aprendem que Jesus Cristo é o tema da eleição eterna!?
Jeová é a causa primeira e o fim último de todas as coisas. Sua essência e existência
são de e para Si mesmo. Ele é o Senhor, a essência auto-existente; a fonte da vida,
e bem-aventurança essencial: “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único
Deus sábio, aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem
nenhum dos homens viu nem pode ver” [1 Timóteo 1:17; 6:16]. E ao longo de uma
vasta eternidade os Três Eternos se deleitaram na bem-aventurança sem limites e
incompreensível da contemplação daquelas perfeições essenciais que pertencem ao
Pai, ao Filho e ao Espírito, o eterno Jeová, que é a Sua própria eternidade, e não pode
receber qualquer adição à Sua felicidade essencial ou glória por qualquer uma ou por
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todas as Suas criaturas. Ele está exaltado sobre toda a bênção e louvor. Toda a Sua
criação é vista como nada diante dEle, e ainda menos do que nada e uma vaidade.
Se alguns curiosamente perguntassem a si mesmos: “O que Deus estava fazendo an-
tes de ter estendido os céus e lançado os fundamentos da terra?”. A resposta é: os
Três Benditos, co-iguais e co-essenciais Pai, Filho e Espírito Santo, tinham mútua
comunhão juntamente, e eram essencialmente bem-aventurados no que diz respeito
à vida eterna e Divina, no mútuo interesse e propriedade que Eles tinham um ao outro,
em mútuo amor e deleite — bem como em posse de uma glória em comum.
Mas, como é da natureza do bem o ser comunicativo de si mesmo, por isso agradou
à Trindade eterna o propósito de manifestar Seus atos nas criaturas. Os três Sempre-
Benditos, a Quem nada pode ser acrescentado ou diminuído, a nascente e fonte da
qual aquelas benções essenciais brotamdas imensas perfeições e da natureza infinita
em que elas existem, do amor mútuo que Eles têm uns para com os outros, e da Sua
mútua comunicação entre si, o prazer de deleitar-se na companhia e sociedade da
criatura. O Pai eterno predestinou Seu Filho co-essencial em estabelecimento e exis-
tência de criatura, e desde a eternidade Ele apresentou a forma e deu luz à persona-
lidade de Deus-homem. A criação de todas as coisas é atribuída nas Escrituras à
soberania Divina: “Tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”
(Apocalipse 4:11). Nada fora de Deus pode movê-lO, ou ser um motivo para Ele; Sua
vontade é Seu governo, a Sua glória Seu fim último. “Porque dele (como a causa
primária), e por meio dele (como preservador da causa), e para ele (como a causa
final), são todas as coisas” (Romanos 11:36).
Deus, em Sua efetiva criação de tudo, é a finalidade de tudo. “O Senhor fez todas as
coisas para atender aos seus próprios desígnios” (Provérbios 16:4), e a soberania de
Deus surge naturalmente a partir da relação de todas as coisas em relação a Ele mes-
mo como o seu criador, e sua dependência natural e inseparável dEle, no que diz res-
peito à sua existência e bem-estar. Ele tinha o ser de todas as coisas na Sua pró-pria
vontade e poder, e dependia de Seu próprio prazer se Ele iria dar-se ou não. “Conhe-
cidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras” (Atos 15:18). Ele
compreende e apreende todas as coisas em Sua infinita compreensão. Como Ele tem
uma essência incompreensível, frente à qual a nossa nada é senão apenas como a
gota de um balde, assim pois Ele tem um conhecimento incompreensível, frente ao
qual o nosso é apenas como um grão de poeira. Seu decreto primário e visão, na
criação do céu e da terra, anjos e homens, sendo a Sua própria glória, que deu base
para isso e foi a base para apoiá-lo, foi o desígnio de Jeová exaltar o Seu Filho como
Deus-homem, para ser o fundamento e a pedra angular de toda a criação de Deus.
Deus nunca teria agido por meio dos atos da criatura, se não houvesse a segunda
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A Doutrina da Eleição Defendida

  • 1.
  • 2. A DOUTRINA DA ELEIÇÃO A. W. Pink
  • 3. Traduzido do original em Inglês The Doctrine of Election By A. W. Pink Via: PBMinistries.org (Providence Baptist Ministries) Traduzido por William Teixeira, Camila Almeida e Amanda Ramalho Revisão por William Teixeira e Camila Almeida Capa por William Teixeira 1ª Edição: Janeiro de 2015 Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution- NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License. Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo ne m o utilize para quaisquer fins comerciais. Issuu.com/oEstandarteDeCristo
  • 4. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Sumário Prefácio........................................................................................................................ 4 Uma Biografia de A. W. Pink, por Erroll Hulse.................................................................... 14 1 • Introdução............................................................................................................. 22 2 • Sua Fonte .............................................................................................................. 28 3 • Sua Grandiosa Origem.............................................................................................. 35 4 • Sua Veracidade....................................................................................................... 48 5 • Sua Justiça............................................................................................................. 61 6 • Sua Natureza.......................................................................................................... 74 7 • Seu Propósito ......................................................................................................... 88 8 • Sua Manifestação ...................................................................................................102 9 • Sua Percepção.......................................................................................................124 10 • Sua Bem-Aventurança ...........................................................................................150 11 • Sua Oposição.......................................................................................................157 12 • Seu Anúncio ........................................................................................................171 Apêndices: Parte I – Doutrinária A Soberania de Deus na Salvação dos Homens - Jonathan Edwards .....................................191 Quem São Os Eleitos? - C. H. Spurgeon...........................................................................209 Eleição e Vocação - R. M. M’Cheyne................................................................................223 A Gloriosa Predestinação - C. H. Spurgeon.......................................................................229 Eleição e Santidade - C. H. Spurgeon..............................................................................244 A Doutrina da Eleição, Artigo - A. W. Pink........................................................................259 A Doutrina da Eleição - João Calvino...............................................................................273 Feliz és Tu, ó Israel! - R. M. M’Cheyne ............................................................................283 Parte II – Apologética O Som Alegre do Evangelho da Graça de Deus - Augustus Tolpady......................................301 O Mito do Livre-Arbítrio - Walter J. Chantry......................................................................323 Objeções à Soberania de Deus Respondidas - A. W. Pink ...................................................328 Como Toda a Doutrina da Predestinação é Corrompida pelos Arminianos - John Owen ............338 Eleição Particular - C. H. Spurgeon .................................................................................355 A Prerrogativa Real - C. H. Spurgeon ..............................................................................368 O Que é Calvinismo? -— B. B. Warfield, John A. Broadus & Patrick Hues Mell.........................383 Uma Defesa do Calvinismo - C. H. Spurgeon ....................................................................385 Na Casa do Oleiro - A. W. Pink.......................................................................................397 Uma Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a Doutrina da Eleição .........................418 Referências da Biografia e dos Apêndices: .......................................................................436
  • 5. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Prefácio DEUS decretou em Si mesmo, desde toda a eternidade, pelo mui sábio e santo Conselho de Sua própria vontade, ordenou livre e imutavelmente todas as coisas, seja o que for que venha a acontecer (Isaías 46:10; Efésios 1:11; Hebreus 6:17; Romanos 9:15, 18); ainda assim, de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem tem comunhão com algo nisso (Tiago 1:13; 1 João 1:5); nem é violentada a vontade da criatura, nem ainda é eliminada a liberdade ou contingência dascausassecundárias, antes estabelecidas(Atos 4:27-28; João 19:11); nas quais demonstra-se a Sua sabedoria em dispor de todas as coisas, e poder e fidelidade em efetuar os Seus decretos (Números 23:19; Efésios 1:3-5). Embora Deus conheça tudo o que possa ou venha a ocorrer, sobre todas as circunstâncias imagináveis (Atos 15:18; Isaías 45:9-10; 48:3-5); ainda assim Ele não decretou qualquer coisa porque Ele a previu como futura, ou como aquilo que poderia ocorrer em tais condições (Romanos 9:11, 13, 16, 18). Por meio do decreto de Deus e para manifestação da Sua glória, alguns homens e anjos são predestinados ou preordenados para a vida eterna por meio de Jesus Cristo (1 Timóteo 5:21; Mateus 25:34), para o louvor de Sua gloriosa graça (Efésios 1:5-6); outros são deixa- dos a agir em seus pecados para a sua justa condenação, para o louvor da Sua gloriosa justiça (Romanos 9:22-23; Judas 4). Esses anjos e homens, assim predestinados e preor- denados, são particular e imutavelmente designados; e o seu número é tão certo e definido, que não pode ser aumentado ou diminuído (2 Timóteo 2:19; João 13:18). Aqueles da humanidade que são predestinados para a vida, Deus, antes da fundação do mundo, de acordo como Seu propósito eterno e imutável, e o secreto conselho e benepláci- to de Sua vontade, os escolheu em Cristo, para a glória eterna, por Sua pura livre graça e amor (Efésios 1:4, 9, 11; Romanos 8:30; 2 Timóteo 1:9; 1 Tessalonicenses 5:9), não por qualquer outra coisa na criatura, como condições ou causas que O movessem a isso (Romanos 9:13, 16; Efésios 2:5, 12). Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo propósito eterno e mui livre de Sua vontade, preordenou todos os meios para isso (1 Pedro 1:2; 2 Tessaloni- censes 2:13). Portanto, aqueles que são eleitos, estando caídos em Adão, são remidos por Cristo (1 Tessalonicenses 5:9-10), são eficazmente chamados para a fé em Cristo pelo Seu Espírito, que opera no tempo devido; são justificados, adotados, santificados (Roma-nos 8:30; 2 Tessalonicenses 2:13) e preservados pelo Seu poder por meio da fé para a salvação (1 Pedro 1:5). Nem são quaisquer outros redimidos por Cristo, eficazmente chamados, justificados, adotados, santificados e salvos, senão somente os eleitos (João 10:26, 17:9, 6:64).
  • 6. Issuu.com/oEstandarteDeCristo A doutrina deste elevado mistério da predestinação deve ser tratada com especial prudên- cia e cuidado, para que os homens, atendendo à vontade de Deus revelada em Sua Pala- vra, e prestando obediência a esta, possam, a partir da certeza do seu chamado eficaz, cer- tificar-se de sua eleição eterna (1 Tessalonicenses 1:4-5; 2 Pedro 1:10). Portanto, esta dou- trina deve motivar o louvor (Efésios 1:6; Romanos 11:33), reverência e admiração a Deus; e humildade (Romanos 11:5, 6, 20), diligência e consolação abundante para todos os que sinceramente obedecem ao Evangelho (Lucas 10:20). Estas palavras acima são a transcrição do Capítulo III, Sobre os Decretos de Deus, da Confissão de Fé Batista de 1689. Sinto como se o meu coração fosse explodir de gratidão e alegria no Senhor, cada vez que leio estas palavras e medito em como elas chegaram até a mim. Desde então tenho me alegrado muitíssimo nestas verdades gloriosas, e me sen- tido como quem poderia viver e morrer por elas. Eu acreditaria, amaria, viveria e anunciaria estas doutrinas mesmo que ninguém no mundo acreditasse nelas além de mim, pois, creio, elas nada mais são do que a verdade ensinada pelo Senhor Jesus Cristo, e depois por Seus apóstolos e profetas, segundo o testemunho do Espírito Santo, nas Escrituras. Por todas estas coisas, e por tudo que nosso Deus tem nos proporcionado nos últimos tem- pos, muito nos alegramos no Senhor e O louvamos por nos conceder fazer esta publicação, que é nossa de número 300, e por meio dela dar testemunho do que seja a verdade de Deus tal como ela é em Jesus Cristo, segundo o Espírito testifica nas Escrituras. Vivemos em uma época em que poucas pessoas se preocupam em dar testemunho de sua fé. Poucos são aqueles que possuem firmes convicções a respeito da verdade bíblica ou que estão dispostos e lutar e sofrer por ela. De fato, a grande maioria dos que se dizem Cristãos, estão embaraçados comnegócios desta vida e seduzidos pelosencantosdo mun- do, querem estar em paz com o mundo e uns com os outros, mas recusam-se a lutar pela verdade e sofrer as aflições, como bons soldados de Jesus Cristo (2 Timóteo 2:3-5). “E não é de admirar; vendo que nos coube viver na escória dos tempos. Estes, sendo os últimos dias, só podem ser os piores. E como poderia haver piores, vendo-se que a vaidade não sabe como pode ser mais vã, nem a iniquidade como pode ser mais iníqua?”1, estas palavras são do piedosíssimo Lewis Bayly, e foram ditas há mais de trezentos anos, e se eram aplicáveis ao tempo em que foram ditas pela primeira vez, agora o são muito mais. A grande maioria dos que se dizem Cristãos em nossos dias pensa que é melhor escutar __________ [1] BAYLY, Lewis. A Prática da Piedade. Diretrizes para o cristão andar de modo que possa agradar a Deus. 1ª Ed. [Tradução: Odayr Olivetti]. São Paulo: PES, 2010, p 37-38.
  • 7. Issuu.com/oEstandarteDeCristo um evangelho falso do que não escutar Evangelho nenhum, que é melhor estar dentro de uma “igreja” que não é bíblica do que estar no mundo, essas mesmas pessoas também devem pensar que é melhor beber veneno do que ficar com sede. É a profunda e firme convicção de quem escreve que poucas coisas são tão urgentes e ne- cessárias como nos voltarmos para as veredas antigas, para o bom caminho, para que an- demos nele e venhamos a encontrar descanso para as nossas almas (Jeremias 6:16). Este bom caminho ao qual me refiro não pode ser outro senão o antigo Evangelho, os Cinco Solas, as Doutrinas da Graça e da Soberania de Deus, segundo as Escrituras testificam. Estamos certos de que esta preciosa obra, este tratado sistemático e exegético sobre a eleição e predestinação Divinas, coma bênção de Deus, será de muita valia, para que retor- nemos à “fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade” (Tito 1:1). Agora, se a pregação doutrinária, em geral, é tão impopular, a doutrina da eleição é particularmente e preeminentemente assim. Sermões sobre a predestinação são, com raríssimas exceções, acaloradamente ressentidos e amargamente denunciados. “Pa- rece haver umpreconceito inevitável na mente humana contra esta doutrina, e embora a maioria das outras doutrinas sejam recebidas por Cristãos professos, algumas com cautela, outras comprazer, contudo esta parece ser mais frequentemente desconside- rada e descartada. Em muitos de nossos púlpitos seria considerado um grande peca- do e traição pregar um sermão sobre a eleição” (C. H. Spurgeon). Se esse era o caso há cinquenta anos, muito mais o é agora. Mesmo nos círculos declaradamente ortodoxos a simples menção da predestinação é como o acenar de um pano vermelho diante de um touro. Nada faz tão rapidamente manifesta a inimizade da mente carnal no presunçoso religioso e no fariseu hipócrita quanto o faz a proclamação da Soberania Divina e Sua graça distintiva; e, agora, pou- cos de fato são os homens remanescentes que se atrevem a lutar bravamente pela verdade (A. W. Pink, Cap. 12, Seu Anúncio). Vivemos em tempos de ignorância profunda, em dias de trevas que se podem apalpar, nos quais aqueles que se opõem a esta verdade são mais do que nós, que a defendemos com nossas vidas. Aqueles que desprezam e odeiam esta verdade arrumaram uma maneira muita astuta de negá-la ao afirmar que a Eleição ou Predestinação para a vida acontece pela presciência de Deus, que é corporativa, e que a Eleição não é incondicional, mas con- dicional e dependente da vontade da criatura e não do Criador. Mas o que de fato significa “eleição condicional por presciência”? Não é nosso objetivo oferecer neste prefácio uma refutação completa desta aberração
  • 8. Issuu.com/oEstandarteDeCristo doutrinária, pois os excelentes escritos dos autores que se seguem farão isso mil vezes melhor do que este pobre pecador que escreve estas linhas. Contudo, desejo somente ofe- recer alguns poucos pensamentos para mostrar o absurdo que necessariamente envolve o conceito pelagiano/papista/arminiano de “eleição condicional por presciência”. Antes de tudo, é errôneo por que distorce a ordem dos acontecimentos dizendo que a fé da criatura é a causa da eleição e da salvação, quando as Escrituras nos informam claramente que a eleição precede a fé e a salvação: “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glori- ficavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna” (Atos 13:48). Este conceito é ilógico, um insulto à razão e ao bom senso. É ilógico porquanto, postula que o efeito vem antes da causa, ou que a eleição que aconteceu na eternidade passada, foi causada pela fé, arrependimento e perseverança em santidade, no tempo. Assim, a elei- ção que aconteceu antes da fundação do mundo (Efésios 1:4-5) é o efeito causado pelo homem que diferencia a si mesmo e usa seu livre-arbítrio para se converter e assim salvar- se, depois, no tempo. Seria como se eu dissesse que matei a fome hoje (efeito) pelo fato de ter comido amanhã (causa). Mas o absurdo não para por aí, este conceito também impli- ca que se eu crer hoje, então Deus me elegeu na eternidade passada para isso, mas se amanhã eu deixar de crer, então o que Deus decidiu na mesma eternidade passada acerca da minha eleição muda, e agora eu passo a não ser mais eleito, mas se eu voltar a crer de novo, então, novamente, o Deus imutável (Malaquias 3:6) muda de opinião antes da funda- ção do mundo e volta a me eleger para salvação. E assim quantas vezes eu mudar agora, Deus muda (Tiago 1:17) na eternidade passada. Desta forma, eu mudo a minha vontade diretamente e mudo a vontade de Deus indiretamente, ou por consequência. Isso parece lógico para você? [...] não é a previsão de Deus dessas coisas nos homens que O levou a elegê-los. A presciência de Deus do futuro está fundamentada sobre a determinação de Sua von- tade em relação ao mesmo. O decreto Divino, a presciência Divina e a predestinação Divina é a ordem estabelecida nas Escrituras. Em primeiro lugar, “que são chamados segundo o seu propósito”; segundo, “por que os que dantes conheceu”; terceiro, “tam- bém os predestinou” (Romanos 8:28-29). O decreto de Deus, como precedente de Sua presciência também é afirmado em “a este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus” (Atos 2:23). Deus prevê tudo o que acontecerá, porque Ele ordenou tudo o que há ocorrer; portanto, estamos colocando a carroça na frente dos bois quando fazemos da presciência a causa da eleição de Deus (A. W. PINK, Cap. 2, Sua Fonte).
  • 9. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Este conceito anula qualquer coisa como “eleição Divina”, sim, pois, diz que a eleição não é “segundo o beneplácito” da “vontade” de Deus (Efésios 1:5), mas, sim, segundo a vontade da criatura. Assim de fato, quem elege um homem para a salvação não é Deus, mas ele mesmo. Portanto, nega que Deus tenha “elegido” alguém “desde o princípio para a salva- ção” (2 Tessalonicenses 2:13), e estabelece “eleição humana”, ao dizer que o homem é quem elege a si mesmo ao crer. Este conceito nega o Sola Gratia, distorce o Sola Fide e etc., é uma mentira que, como o fermento, levedará toda a massa da verdade, a menos que seja retirado. Esta aberração transforma a fé e o arrependimento salvíficos, que são totalmente dons de Deus e frutos do Espírito Santo (Efésios 2:8, Atos 11:18), em meras obras humanas que podem ser desen- volvidas por qualquer homem sem que a interferência especial, livre e imediata de Deus seja sua causa necessária e eficaz. E desta forma, a fé e o arrependimento para a vida, e a salvação passam a “depender do que quer, e do que corre”, e não somente “de Deus, que se compadece” (Romanos 9:16). O que é isso senão negar as Escrituras e dizer que a salvação pertence ao homem? As Escrituras são claras ao declarar que “a salvação pertence ao Senhor”, “e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Jonas 2:9; Efésios 1:8), e Ele a dá a quem Ele quiser! Ou é mau ao teu olho que o grande Deus faça o que quiser com o que é dEle? Assim como a Salvação é do Senhor, assim também a “eleição” é “de Deus” (1 Tessaloni- censes 1:4). Pois, Ele é a causa eficaz dela, e as pessoas escolhidas são denominadas “seus escolhidos” (Lucas 18:7; cf. Romanos 8:33). Também é dito por aqueles que negam a eleição incondicional, que ela não somente é condicional e por presciência, mas que também é uma “eleição corporativa”, contudo, isso nada mais é do que uma tentativa de minar qualquer sentido do verdadeiro conceito bíblico de eleição. Basta apenas dizer que no livro da vida do Cordeiro, que é o registo Divino da eleição, está escrito o nome de pessoas, pessoas particulares e não de nações ou povos; e que o Bom pastor chama Suas ovelhas pelo nome e não pela nacionalidade ou comunida- de em que estão inseridas. Quando os setenta voltaram de sua viagem missionária, eufó- ricos, porque os próprios demônios se sujeitaram a eles, Cristo disse: “alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lucas 10:20 e cf. Filipenses 4:3; Hebreus 12:23). Ou se for alegado que, no Antigo Testamento, Israel, como nação e não como indiví- duos, era o povo eleito de Deus, responderemos que mesmo dentre o favorecido Israel nacional, havia o eleito e verdadeiro Israel deDeus, que consistia emindivíduos particulares eleitos, “um remanescente, segundo a eleição da graça” (Romanos 11:5) como Paulo clara- mente demonstra em Romanos 9:6-8: “Não que a palavra de Deus haja faltado, porque
  • 10. Issuu.com/oEstandarteDeCristo nem todos os que são de Israel são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência”. A grande verdade por detrás do conceito de eleição “condicional”, “por presciência”, “corpo- rativa” é nada mais do que a negação de que haja qualquer eleição ou predestinação Divina. O que “eleição condicional” significa? Na prática, não significa nada. O que significa “ser eleito condicionalmente por Deus”? O que significa ser “eleito corporativamente”? Nada, pois nestes casos o termo bíblico “eleito”, “escolhido”, perde toda a sua força e é anulado por tal conceito humano. E não é exatamente isso que eles querem? Você já ouviu alguém falando sobre eleição condicional por presciência, tendo algum outro objetivo senão negar a eleição incondicional? Para finalizar esta parte, citaremos algumas palavras do Príncipe dos teólogos Puritanos: “Somos nós mais excelentes que outros?”, “De maneira nenhuma, pois já dantes de- monstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado” (Roma- nos 3:9). “Porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”, (vv. 22-23); estando todos “mortos em delitos e pecados” (Efésios 2:1); sendo “por natureza filhos da ira, como os outros também”, (v. 3); “separados”, “mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” (vv. 12-13); éramos “inimigos” de Deus (Romanos 5:10; Tito 3:3) [...] se a predestinação for por fé prevista, estas três coisas, com diversos tais absur- dos, necessariamente seguirão: Em primeiro lugar, que a eleição não é “por aquele que chama”, como o apóstolo fala em Romanos 9:11, ou seja, a partir do beneplácito de Deus, que nos chama com uma santa vocação, mas por aquele que é chamado; pois, se depender da fé prevista, deve ser daquele a quem pertence a fé, ou seja, de quem crê. Em segundo lugar, Deus não pode ter misericórdia de quem quer ter mise- ricórdia, pois a própria finalidade da mesma está assim vinculada às qualidades da fé e obediência, de modo que Ele deve ter misericórdia somente dos crentes anteceden- temente ao Seu decreto. O que, em terceiro lugar, impede-O de ser um agente livre e absoluto, e fazer o que Ele quer com o que é Seu, também O impede de ter um tal poder sobre nós como o oleiro tem sobre o barro; pois Ele nos encontra sendo de matérias diferentes, um homem é de argila, o outro homem é de ouro e etc., quando Ele vem a nos designar para diferentes usos e fins. [...] Deus não vê em qualquer homem nenhuma fé, nenhuma obediência, nem perse- verança, enfim nada, senão o pecado e a maldade, e o que Ele mesmo intenciona graciosa e livremente conferir-lhes; pois “a fé não vem de vós, é dom de Deus (Efésios 2:8); “a obra de Deus é esta: Que creiais” (João 6:29). Ele “nos abençoou com todas
  • 11. Issuu.com/oEstandarteDeCristo as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Efésios 1:3). Agora, todos esses dons e graças Deus concede apenas àqueles que Ele preordenou para a vida eterna, porque: “os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos” (Romanos 11:7); “acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (Atos 2:47). Portanto, certamente, Deus nos escolhe não porque Ele prevê essas coisas em nós, visto que, ao invés disso a verdade é que Ele concede aquelas graças por Ele ter nos escolhido. “Portanto”, diz Agostinho, “Cristo diz: ‘Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós’ [João 15:16], mas justamente porque eles não O escolheram é que Ele deveria escolhê-los; contudo Ele os escolheu para que eles pudessem escolhê-lO”. Nós escolhemos a Cristo pela fé; Deus nos escolhe por Seu decreto da eleição (JOHN OWEN, Como Toda a Doutrina da Predestinação é Corrompida pelos Arminianos). Quando uma pessoa diz que Deus não é soberano na salvação dos homens, automatica- mente ela está dizendo que ela mesma ou a pessoa o é. Quando alguém diz que não é Deus quem dá a palavra final na salvação dos homens, então, ela está dizendo que a pala- vra final na salvação de um homem não pertence a Deus, mas a alguma criatura. Quando alguém diz que é falso dizer que a salvação de um homem não depende dele querer ou correr, que não depende da criatura, mas apenas de Deus usar de misericórdia, ela está ousadamente negando a Palavra de Deus e estabelecendo a sua própria palavra humana (Romanos 9:11-23). A grande verdade é que quem delira sonhado tomar o cetro da mão do Grande Rei, é porque quer colocar este mesmo cetro real na mão da criatura, para que ela seja semelhante ao Altíssimo. E o que é tudo isso senão a mais sórdida desonra lança- da sobre o Rei dos reis e Senhor dos senhores? O que é isso, senão o vômito de uma men- te humana sobre a veste real do criador, preservador e governador do Céu e da terra? Do que depende a salvação de um homem? Nós respondemos que depende de Deus so- mente, da Sua misericórdia, e dEle salvar por Sua graça, por meio da fé, sem obras huma- nas. E condenamos como antibíblica toda resposta que negue ou que se oponha a esta. Aqueles que estão em um estado de salvação atribuem à graça soberana somente, e dão todo o louvor Ele, que os faz diferente dos outros. Piedade não é motivo para se gloriar, a não ser em Deus: “Para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor” (1 Coríntios 1:29-31). Tal não é, por qualquer meio, em qualquer grau atri- buído à sua piedade, seu estado e condições seguras e felizes, a qualquer diferen-ça natural entre eles e os outros homens, ou a qualquer força ou justiça própria. Eles não têm nenhum motivo para exaltar-se, no mínimo grau; mas Deus é o Ser a quem eles devem exaltar. Eles devem exaltar a Deus, o Pai, que os escolheu em Cristo, que pôs
  • 12. Issuu.com/oEstandarteDeCristo o Seu amor sobre eles, e deu-lhes a salvação, antes deles nascerem e mesmo antes que o mundo existisse. Se perguntarem, por que Deus colocou Seu amor sobre eles, e os escolheu, em vez de outros, se eles pensam que podem ver qualquer causa fora de Deus estão muito enganados. Eles devem exaltar a Deus o Filho, que levou seus nomes em Seu coração, quando Ele veio ao mundo, e foi pendurado na Cruz, e no Qual somente eles possuem justiça e força. Eles devem exaltar a Deus, o Espírito Santo, que por graça soberana os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; que por Sua própria operação imediata e livre, levou-os a uma compreensão do mal e do perigo do pecado, e os resgatou de sua justiça própria, e abriu-lhes os olhos para contemplarem a glória de Deus, e as maravilhosas riquezas de Deus em Jesus Cristo, e os santificou, e os fez novas criaturas Vamos, portanto, laborar para nos submetermos à soberania de Deus. Deus insiste, que a Sua soberania seja reconhecida por nós mesmo neste grande assunto, um as- sunto que tão de perto e infinitamente nos interessa, como a nossa própria salvação eterna. Esta é a pedra de tropeço na qual milhares caem e perecem; e se continuar- mos discutindo comDeus sobre a Sua soberania,isto será nossa ruína eterna. É abso- lutamente necessário que nós venhamos a nos submeter a Deus, como nosso sobe- rano absoluto, e o soberano sobre as nossas almas; como alguémque pode ter miseri- córdia de quem quer ter misericórdia, e endurecer a quem Ele quiser (JONA-THAN EDWARDS, A Soberania da Deus na Salvação dos Homens). Eu peço que aqueles que pensam que a doutrina da eleição é uma doutrina abstrata, teó- rica, que não possui qualquer caráter prático ou relevante, medite nas seguintes palavras: Em uma recente conversa com um crente eminente, há algumas semanas, ele dizia- me: “senhor, sabemos que não devemos pregar a doutrina da eleição, porque ela não tem a capacidade de converter os pecadores”. Eu lhe respondi: “Mas quem se atreve a identificar falhas na verdade de Deus? Vocêestá de acordo comigo emque a eleição é uma verdade e, entretanto, você afirma que não deve pregá-la. Eu não ousaria afir- mar algo assim. Considero que é uma arrogância suprema ousar dizer que uma doutri- na não deve ser pregada, quando Deus, em Sua suprema sabedoria, quis revelá-la aos homens”! Além disso, todo o objetivo do Evangelho é converter os pecadores? Existem certas Verdades que Deus abençoa para conversão dos pecadores, mas, acaso não existem outras verdades destinadas a trazer consolo aos santos? E, não deveriam estas verdades, ser objeto do ministério da pregação, como as demais? De- vo considerar uma e descartar outras? Não: se Deus diz: “Consolai, consolai ao meu povo!”, se a eleição consola o povo de Deus, então devo pregá-la. Porém, não estou tão convencido de que a doutrina da eleição não possa converter pecadores. O grande Jonathan Edwards nos diz que, no momento culminante de umdos seus avivamentos,
  • 13. Issuu.com/oEstandarteDeCristo pregava sobre a Soberania de Deus tanto na salvação como na condenação do ho- mem, e mostrava que Deus era infinitamente justo se enviasse os homens ao Inferno! Que Ele era infinitamente misericordioso se salvasse alguns, e que tudo vinha da Sua própria livre graça. E dizia: “Não tenho encontrado nenhuma outra Doutrina que pro- mova tanta reflexão, nada adentra mais profundamente ao coração do que a procla- mação desta verdade” (C. H. SPURGEON, Sermão 34, Pregar o Evangelho). OU talvez você esteja aflito e ansioso acerca da seguinte questão: “Eu sou um eleito de Deus?”. Se este é caso, aqui está a resposta. Como pode um crente verdadeiro saber se ele é um dos eleitos de Deus? Ora, o pró- prio fato de que ele é um Cristão genuíno o evidencia, pois uma crença em Cristo é a consequência segura de Deus tê-lo ordenado para a vida eterna (Atos 13:48). Porém, para ser mais específico. Como posso conhecer a minha eleição? Em primeiro lugar, pela Palavra de Deus tendo chegado em poder Divino à alma, de forma que a minha auto-complacência é quebrada e minha justiça própria renunciada. Em segundo lugar, pelo Espírito ter me convencido de minha condição lamentável, de culpado e perdido. Em terceiro lugar, por ter me revelado a adequação e suficiência de Cristo para aten- der o meu caso desesperado, e por uma concessão Divina de fé, levando-me a lançar mão de e descansar sobre Ele como minha única esperança. Em quarto lugar, pelas marcas da nova natureza dentro de mim: o amor a Deus, um apetite pelas coisas espi- rituais, um anelo por santidade, uma busca por conformidade com Cristo. Em quinto lugar, pela resistência que a nova natureza faz à velha natureza, levando-me a odiar o pecado e abominar-me por isso. Em sexto lugar, por diligentemente evitar tudo o que é condenado pela Palavra de Deus, e por sinceramente arrepender-me e húmil- demente confessar cada transgressão. A falha neste ponto mui certa e rápida-mente trará uma nuvem escura sobre a nossa segurança, fazendo com que o Espírito rete- nha o Seu testemunho. Em sétimo lugar, empregando toda a diligência para cultivar as graças Cristãs, e usando todos os meios legítimos para essa finalidade. Assim, o conhecimento da eleição é cumulativo (A. W. PINK, Cap. 9, Sua Percepção). Por fim desejo exortar a todos os que lerem estas linhas a decidirem-se pela verdade e fir- marem-se na doutrina de Cristo. É apenasa verdade que capacita qualquer alma a glorificar a Deus, e a doutrina da eleição é parte essencial e fundamental da verdade bíblica. Bem disse John A. Broadus: “Irmãos, nós devemos pregar as doutrinas; devemos enfatizar as doutrinas; devemos voltar às doutrinas. Temo que a nova geração não conhece as doutri- nas como nossos pais as conheciam”. “É dever dos cristãos se firmarem na doutrina. É obrigação dos cristãos serem firmes na doutrina da fé. O apóstolo afirma: ‘Ora, o Deus de toda a graça..., Ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar’ (1 Pe 5:10)”2. Nossa fé é a nossa vida.
  • 14. Assim como ficar exposto à luz do sol aquece o corpo, aqueles que ficam expostos à luz do verdadeiro ensino da Escritura esquentam suas afeições e tornam-se fervorosos no amor, na fé e na verdade. O calor e fervor da piedade deve vir das brasas vivas da ortodoxia bíblica. O ensino das sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e da doutrina que é segundo a piedade (1 Timóteo 6:3) não podem resultar em outra coisa, senão em um coração puro e amoroso, numa boa consciência e numa fé não fingida (1 Timóteo 1:5). Se o seu conheci- mento não produz estas coisas é porque você não possui “a fé dos eleitos de Deus”, e é ignorante, pois também não possui “o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade” (Tito 1:1). Infelizmente muitas pessoas estão firmemente decididas a não aprender, e isso é triste. Eu espero que não seja assim com você, leitor. Se você está duvidoso e coxeia em dois pensamentos, se você está ansioso para descobrir a verdade e abraçá-la, custe o que custar, eu te suplico e desejo ardentemente que examines os textos deste volume, com o coração sincero, e dizendo somente: “fala, Senhor, porque o teu servo ouve”. Examine e veja “se estas coisas são assim” ou não, se de fato o que você lê “está escrito” ou não. Jesus Cristo te ilumine, Pelo Seu Espírito Santo, Para a glória de Deus Pai, Amém e amém! William Teixeira, EC 28 de novembro de 2014 __________ [2] WATSON, Thomas. A Fé Cristã: Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster [O seu Clássico, A Body Of Divinity]. 1ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2009. p 15. Issuu.com/oEstandarteDeCristo
  • 15. Uma Biografia de A. W. Pink, por Erroll Hulse Arthur Walkington Pink (1886 – 1952) e sua esposa Vera E. Russell (1893 – 1962) Quanto ao Calvinismo e Arminianismo durante a primeira metade do século XX, um estudo de caso mui interessante é a experiência de Arthur W. Pink. Ele foi um pregador e escritor de talento excepcional que ministrou na Grã-Bretanha, América e Austrália. Quando mor- reu, em 1952, em isolamento na ilha de Lewis, no nordeste da Escócia, ele era pouco co- nhecido fora de uma pequena lista de assinantes de sua revista, “Studies in the Scriptures” (Estudos nas Escrituras). No entanto, na década de 1970, havia grande demanda por seus livros e seu nome era muito conhecido entre os editores e ministros. Na verdade, nesse período, seria difícil encontrar um autor reformado cujos livros fossem mais lidos. O ministério de pregação de A. W. Pink fora notavelmente abençoado nos Estados Unidos, mas foi na Austrália que ele parece ter atingido o ápice de seu ministério público, e ali, em particular, o seu ministério de pregação alcançou grandes alturas. Ele foi então confrontado com o credenciamento pela União Batista e foi rejeitado por causa de suas opiniões Cal- vinistas. Depois, ele ministrou em uma igreja Batista do tipo Batista Estrita. Dali ele foi des- vinculado, uma vez que o consideraram um Arminiano! Um grupo considerável, no entanto, Issuu.com/oEstandarteDeCristo
  • 16. Issuu.com/oEstandarteDeCristo apreciava Pink, reconhecia o seu valor, e separaram-se daquela Igreja Batista Estrita para formarem uma nova igreja de 27 membros. Então, de repente, em 1934, Pink pediu demis- são e voltou à Grã-Bretanha. Sabe-se que uma rejeição é o bastante para prejudicar a vida de um ministro, mas duas, em rápida sucessão, podem destruir um pastor completamente. Assim isso se evidenciou para Arthur Pink. Ele nunca mais encontrou entrada significativa para o ministério, embora ele tentasse o seu melhor. Ele buscou aber-turas tanto no Reino Unido e nos EUA, sem sucesso. Ele tornou-se cada vez mais isolado. Ele terminou seus dias como um recluso evangélico na Ilha de Stornoway na costa da Escócia. Dizia-se que não mais do que dez almas compareceram ao seu funeral. Há muito que podemos aprender coma vida de A. W. Pink. Emprimeiro lugar, delinearemos a sua infância, em linhas gerais. Em segundo lugar, descreveremos a sua experiência na Austrália, e traçaremos os efeitos adversos disso em sua vida. Em terceiro lugar, considera- remos o impacto de seu ministério de escrita. 1. Início da vida Arthur Pink nasceu em Nottingham, Inglaterra, em 1886. Seus pais eram piedosos. Eles viviam conforme a Bíblia e santificavam o dia do Senhor. Arthur foi o primeiro dos três filhos educados no temor e na admoestação do Senhor. Para a tristeza de seus pais, os três filhos caíram em vida de incredulidade. Mas o pior estava por vir: Arthur abraçou a Teosofia, um culto esotérico que reivindicava poderes do ocultismo! “Lúcifer” era o nome da principal revista de Teosofia. A marca natural da personalidade de Arthur era a entrega sincera e completa ao que fazia, e ele adentrou na Teosofia com zelo. A liderança foi oferecida a ele, o que significava que ele teria que visitar a Índia. Ao mesmo tempo, um amigo que era um cantor de ópera, observou que Arthur possuía uma aguda voz tipo barítono; ele instou com Pink para avaliar uma carreira na ópera. Depois, de repente, numa noite, durante 1908, Arthur foi convertido. Sua primeira ação foi pregar o Evangelho ao grupo Teósofo. Simultaneamente à conversão de Pink, ocorreu um chamado para o ministério Cristão. Mas as faculdades estavam nas mãos de liberais empenhados na destruição das Escrituras. Arthur, porém, ouviu falar do Instituto Bíblico Moody, que fora fundada por D. L. Moody em 1889 e em 1910, com 24 anos, Pink partiu para Chicago a fim de começar um curso de dois anos. Todavia, seu tempo em Moody durou apenas seis semanas. Ele decidiu que estava perdendo tempo, e que ele deveria entrar diretamente em um pastorado — e seus profes- sores concordaram! Ele não estava descontente, mas, antes, frustrado, que o ensino esti- vesse lançado a um nível tão primário, de modo que este ensino não fez nada por ele. Ao longo de 1910, ele iniciou seu primeiro pastorado em Silverton, Colorado, um campo de
  • 17. Issuu.com/oEstandarteDeCristo mineração nas montanhas de San Juan. Nós possuímos poucos detalhes deste período, mas sabemos que a partir de Silverton, Pink mudou-se para Los Angeles. Ele sempre foi um trabalhador, e isso é ilustrado pelo fato de que de uma vez, em Oakland, ele esteve envolvido no evangelismo em tendas em seis noites por semana, durante 18 semanas! De Los Angeles, ele se mudou para Kentucky. Foi ali que ele conheceu e se casou com Vera E. Russell. Não poderia ter havido um melhor presente do céu. Vera era totalmente comprometida com o Senhor. Ela era trabalhadora, talentosa, inteligente e perseverante. Ela morreu apenas dez anos após morte de Arthur, na ilha de Stornoway. A próxima mudança foi para Spartanburg, Carolina do Sul, de 1917 a 1920. O edifício desta igreja consistia em uma pequena e frágil estrutura de madeira, enquanto ele e Vera viviam em uma pequena casa de madeira sustentada por colunas de madeira. O aquecimento era inadequado e, no inverno gelado a casa era como uma caixa de gelo. Foi durante esse tempo que Pink começou a escrever livros. Houve dois significativos: um com o título “Divine Inspiration of the Bible” (A Inspiração Divina da Bíblia), e segundo “The Sovereignty of God” (A Soberania de Deus), cujo prefácio é datado em junho de 1918. Este foi o livro posteriormente publicado pelos editores de The Banner of Truth. A primeira edição, de acordo com I. C. Herendeen, seu primeiro editor na época, foi apenas de 500 cópias, e foi uma luta vender esse número. Quando o livro chegou a Banner, foi editado por Iain Murray e melhorou bastante. Tornou-se um dos mais populares livros impressos da The Banner of Truth. Em 1980, haviam sido vendidos 92 mil exemplares. Após cerca de um ano em Spartanburg, Pink quase veio a sofrer. Ele sentiu uma forte con- vicção de desistir do ministério e dedicar-se apenas a escrever, e numdado momento, este- ve desconsolado. Vera escreveu a uma amiga dizendo que o marido estava mesmo pen- sando emdeixar o ministério e entrar emnegócios, para ganhar dinheiro para o Reino como uma melhor maneira de servir a Deus. Em 1920, Arthur renunciou ao pastorado em Spar- tanburg. Ele e Vera mudaram-se e se estabeleceram em Swengel, Pensilvânia, a fim de estarem perto do editor I. C. Herendeen. Em meados de julho de 1920, ele permitiu-se realizar uma série de reuniões na Califórnia. Grandes multidões se reuniram e muitos foram salvos. Em dado momento, 1.200 se reuni- am para ouvir o Evangelho. Outras cruzadas e conferências ocorrerama seguir; era eviden- te que Pink era eminentemente adequado para este tipo de ministério. Olhando para trás, ao longo de sua vida, é evidente que ele experimentou mais bênção no ministério itinerante do que ele o fez em um total de 12 anos no pastorado de igrejas. Isso relacionava-se ao seu temperamento; ele preferia gastar seu tempo estudando mais do que fazendo visitas.
  • 18. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Em 1921, Arthur e Vera voltaram à Pensilvânia. A compilação mensal, os Estudos nas Escrituras, apareceu pela primeira vez em 1922. Esta revista esteve ativa de forma contí- nua, sem interrupção por 32 anos, até a morte de Arthur em 1952. Inicialmente, esta era uma revista de 24 páginas, contendo de 4 a 6 artigos, como porções de uma série. Escrever material expositivo em um elevado padrão, a este ritmo, a cada mês, é um tremendo teste- munho de sua compreensão das Escrituras, e da benção e capacitação do Senhor. Todos os seus artigos tinham que ser escritos à mão e finalizados para impressão pelo menos dois meses antes da data de publicação. Estudos nas Escrituras tinha cerca de 1.000 exem- plares em circulação, inicialmente, mas na maior parte de sua existência, o nível de subscri- ção pairava em cerca de 500. O aspecto financeiro sempre foi precário, com apenas o suficiente para cobrir os custos de impressão de um mês ao outro. Pink corres-pondia-se com alguns de seus assinantes; eventualmente, isso compôs o seu trabalho pas-toral. Du- rante todo o tempo, ele foi auxiliado por sua trabalhadora esposa, que atuava como secre- tária. Eles nunca tiveram filhos, sempre viveram mui humildemente, e sempre conse-guiam quitar suas despesas. Isso foi possível por meio de uma modesta herança deixada para ele por seus pais e por meio de ofertas que ele recebia de seus leitores. Durante 1923, Arthur caiu em uma profunda depressão, que culminou em um colapso ner- voso. Neste momento um jovem casal que fora muito abençoado pelo ministério de Pink veio a auxilia-lo, e Arthur foi cuidado por um período de vários meses de descanso forçado, que o trouxe de volta à saúde normal. Em 1924, uma importante nova direção veio em forma de cartas de convite, de uma editora em Sydney, na Austrália. Antes de partir para a Austrália, não menos que a preparação de quatro meses teve que ser feita em Estudos. Em seu caminho para a Austrália, Pink envol- veu-se em mais conferências bíblicas, pregando no Colorado, depois em Oakland, Califór- nia, e também São Francisco — de onde ele e Vera embarcaram, através do Pacífico, para Sydney. 2. A Experiência de Pink na Austrália O casal Pink esteve por um total de três anos e meio na Austrália. Esse período foi para eles o melhor, mas também tornou-se o pior. Após a chegada, Arthur teve mais convites do que ele, possivelmente, cumpriria. Inicialmente o seu ministério na Austrália foi um grande sucesso. Uma multidão se reuniu; igrejas foram preenchidas; crentes foram reavivados; e almas foram conduzidas ao Salvador. A audiência crescia em todo lugar que ele pregava. No primeiro ano na Austrália, Arthur pregou por 250 vezes. Ele costumava trabalhar até 2:00 da manhã para manter a Studies
  • 19. Issuu.com/oEstandarteDeCristo in the Scriptures em atividade. O casal Pink realmente deve ter sentido que, finalmente, havia encontrado olugar de realização permanente. Havia umpoder evidente emseu minis- tério. Um crente maduro declarou que ele atraía as pessoas “como um ímã”, e que ele pregava “todo o conselho da Palavra de Deus”, e era capaz de pregar um sermão “de cada palavra do texto”. Este período revelou-se de grande alegria. Pink tinha neste momento 40 anos de idade. Ele esteve pregando quase diariamente por mais de uma hora. Ele poderia chegar em casa às 22:00 horas e, em seguida, trabalhar até às 02:00 horas. Ele escreveu, “nunca antes, du- rante nossos 16 anos no ministério, nós experimentamos tal bênção e alegria em nossas almas, tal liberdade de expressão, e uma resposta tão animadora quanto experimentamos nesta porção altamente favorecida da vinha de Cristo”. Podemos ter certeza de que um vívido e poderoso ministério que salva almas despertará a fúria de Satanás. E assim isso provou ocorrer, neste caso, quando a antiga serpente, o Dia- bo, montou um astuto contra-ataque. Os líderes da União Batista eram fundamentalmente opostos ao Calvinismo. Esses líderes convidaram Arthur Pink para ler um artigo sobre “A Responsabilidade Humana”. Infelizmente, Pink não sabia que isso era um complô para rebaixá-lo diante dos olhos do público, e em seu fervor sincero ele caiu na armadilha. Em vez de recusar o convite, ele apresentou o artigo e, em seguida, respondeu a perguntas por mais de uma hora. O resultado disso foi que a União Batista de New South Wales publi-cou uma declaração de que eles concordavam, por unanimidade, em não apoiar o seu ministé- rio. O que eles realmente queriam dizer (pois que eles mesmos não esclareceram qualquer doutrina) é que eles não concordavam com a doutrina reformada de Pink. Eles eram funda- mentalmente Arminianos. O efeito de tudo isso foi que os convites minguaram, e o amplo e eficiente ministério do Pink na Austrália foi reduzido drasticamente. Foi neste momento que uma das três Igrejas Batistas Restritas e Particulares convidaram Pink para tornar-se o seu pastor. Esta igreja era conhecida como a igreja da Rua Belvoir (Belvoir Street Church). Ali Pink ocupou-se como nunca em sua vida. Ele pregou 300 vezes até o fim do ano, em 1926. Além de pregar três vezes por semana em Belvoir Street, ele pregava em três lugares diferentes em Sydney a cada semana, para uma média de 200 pessoas em cada reunião. Ele ainda conseguia manter Studies in the Scriptures pela queima do óleo da meia-noite. Tribulação, no entanto, era iminente. A primeira parte do século XX foi um período de falta de clareza doutrinária. Uma das evidências disso era a confusão sobre o Calvinismo, Arminianismo e hiper-Calvinismo. Muitas igrejas estavam polarizadas. A União Batista era Arminiana, e os Batistas Restritas Particulares tendiam a ser hiper-Calvinistas. Este provou
  • 20. Issuu.com/oEstandarteDeCristo ser o caso da Rua Belvoir. Até por volta de maio de 1927, os Pinks criamque haviamencon- trado uma igreja permanente. 3. O Impacto do Ministério de Escrita de Pink Se a história tivesse progredido normalmente, Arthur Pink teria sido esquecido. Há vários líderes em cada geração, que são bem conhecidos, mas é pouco provável que seus nomes serão lembrados por muito tempo. Quando Arthur Pink morreu, ele era conhecido por um pequeno círculo de leitores, cerca de 500 dos que liam os seus periódicos mensais, Studies in the Scriptures, os quais ele havia produzido fielmente com a ajuda de sua esposa Vera, por 31 anos. No entanto, após sua morte, à medida que seus escritos foram reunidos e pu- blicados como livros, seu nome se tornou muito conhecido no mundo evangélico de Língua Inglesa. Durante os anos de 1960 e 70, houve uma escassez de escritos expositivos fiéis; os escritos de Pink preencheram uma importante necessidade. Suas exposições são cen- tradas em Deus, teologicamente convincentes e fiéis, bem como práticas e experimentais. Isso era precisamente o necessário durante um período de seca espiritual. Os editores descobriram o valor de seus escritos. O resultado foi impactante. Por exemplo, Baker Book House publicou vinte e dois títulos diferentes por Pink, com um total combinado de vendas em 1980 de 350.000 exemplares. Por volta da mesma data, apenas três livros (Soberania de Deus, A Vida de Elias, e Enriquecendo-se com a Bíblia) somaram 211.000. No entanto, como autores reformados contemporâneos têm se multi- plicado, então a demanda por livros de Pink diminuiu. Devemos lembrar que como advento do século XX, as principais denominações já sofreram perdas enormes para a alta crítica e o modernismo. Tal era o avanço do modernismo no final do século XIX e na primeira metade do século XX, que a maioria das faculdades e seminários bíblicos perderam-se para uma contemporânea incredulidade e anti-Cristianis- mo. Em vez de produzir pregadores/pastores para as igrejas, eram enviados homens que esvaziavam as igrejas. O exemplo mais marcante é o Metodismo. A adesão global ao Meto- dismo cresceu de modo a ser a maior das igrejas Não-Conformistas. No entanto, esta deno- minação foi praticamente aniquilada pelo modernismo. Os escritos de Pink têm suprido não somente alimento para o espiritualmente faminto, mas como Iain Murray afirma em sua obra The Life of Arthur W. Pink: “Pink tem sido extrema- mente importante na revitalização e no estímulo à leitura doutrinária em nível popular. O mesmo pode ser dito de poucos outros autores do século XX”.
  • 21. Issuu.com/oEstandarteDeCristo ....................................................................................................................................................................................................................... Ora, eleição e predestinação são apenas o exercício da soberania de Deus nos assuntos da salvação, e tudo o que sabemos sobre elas é o que tem sido revelado a nós nas Escrituras da Verdade. A única razão para que alguém acredite na eleição é que ela se acha claramente ensinada na Palavra de Deus. Nenhum homem ou grupo de homens nunca originou esta Doutrina. Como o ensino da punição eterna, ela entra em conflito com os ditames da mente carnal e é incompatível com os sentimentos do coração não regenerado. E, como a doutrina da Santíssima Trindade e do nascimento milagroso de nosso Salvador, a verdade da eleição deve ser recebida com fé simples, inquestionável.
  • 22. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Dou-lhes a Vida Eterna e Nunca Hão de Perecer Eu sou o Bom Pastor e desci pra resgatar As ovelhas do Meu pasto que andavam a vaguear. Para as Minhas ovelhas Eu Me faço conhecer E dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer E dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer, Ninguém as arrebatará da Minha mão. Eu conheço as Minhas ovelhas e delas sou conhecido. Eu as chamo pelo nome e elas Me seguirão. E dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer, Ninguém as arrebatará da Minha mão. Foi Meu Pai, que mas deu, para a Mim Me pertencer; Ninguém pode arrebatá-las e nunca se perderão. — William Teixeira
  • 23. Issuu.com/oEstandarteDeCristo 1 • Introdução Eleição é uma doutrina fundamental. No passado, muitos dos professores mais hábeis esta- vam acostumados a começar sua teologia sistemática comuma apresentação dos atributos de Deus, e, em seguida, uma contemplação de Seus decretos eternos; e é nossa examina- da convicção, após ler os escritos de muitos de nossos contemporâneos, que o método seguido por seus antecessores não pode ser melhorado. Deus existia antes do homem, e Seu propósito eterno longamente antecedeu Suas obras no tempo. “Conhecidas por Deus são todas as suas obras desde o princípio do mundo” (Atos 15:18). Os conselhos Divinos vieram antes da criação. Como um construtor desenha seus planos antes de começar a construir, assim o grande Arquiteto predestinou tudo antes que uma única criatura fosse trazida à existência. Deus também não manteve isso como um segredo trancado em Seu próprio seio; aprouve a Ele dar a conhecer em Sua Palavra, os conselhos eternos da Sua graça, Seu desígnio na mesma, e a grande finalidade que Ele tem em vista. Quando um edifício está em construção, os espectadores muitas vezes não conseguem perceber a razão para muitos dos detalhes. Até agora, eles não discernem nenhuma ordem ou propósito; tudo parece estar em confusão. Mas, se eles pudessem examinar cuidadosa- mente o “plano” do construtor e visualizar a produção acabada, muito do que era confuso, se tornaria claro para eles. É o mesmo com a realização do propósito eterno de Deus. A menos que estejamos familiarizados com os Seus decretos eternos, a história continua a ser um enigma insolúvel. Deus não está trabalhando de forma aleatória. O Evangelho não foi enviado em nenhuma missão incerta. O resultado final no conflito entre o bem e o mal não foi deixado indeterminado. Quantos serão salvos ou perdidos não depende da vontade da criatura. Tudo foi infalivelmente determinado e imutavelmente fixado por Deus desde o princípio, e tudo o que acontece no tempo é apenas o cumprimento do que foi ordenado na eternidade. A grande verdade da eleição, então, leva-nos de volta para o início de todas as coisas. A eleição precedeu a entrada do pecado no universo, a Queda do homem, o advento de Cristo, e a proclamação do Evangelho. A correta compreensão da mesma, especialmente em sua relação com a aliança eterna é absolutamente essencial se quisermos ser preser- vados de erro fundamental. Se a própria fundação estiver comdefeito, então o edifício cons- truído sobre ele não pode ser sólido; e se erramos em nossas concepções desta verdade básica, então na mesma proporção será a imprecisão da nossa compreensão de todas as outras verdades. As relações de Deus com judeus e gentios, Seu objetivo em enviar Seu Filho ao mundo, Seu projeto por meio do Evangelho, sim, todo os Seus tratos providenciais,
  • 24. Issuu.com/oEstandarteDeCristo não podem ser vistos em sua devida perspectiva até que eles sejam vistos à luz da Sua eleição eterna. Isso se tornará mais evidente à medida que prosseguimos. A doutrina da eleição é uma doutrina difícil, e isto em três aspectos. Em primeiro lugar, no entendimento dela. A menos que tenhamos o privilégio de sentar-nos sob o ministério de algum servo ensinado pelo Espírito de Deus, que nos apresente a verdade de forma siste- mática, um grande esforço e empenho são necessários para o exame das Escrituras, de modo que possamos coletar e tabular suas declarações dispersas sobre este assunto. Não agradou ao Espírito Santo nos dar uma definição completa e ordenada da doutrina da elei- ção, mas sim “um pouco aqui, um pouco ali”, na história típica, em salmo e profecia, na grandiosa oração de Cristo (João 17), nas epístolas dos apóstolos. Em segundo lugar, a aceitação da mesma. Isto apresenta uma maior dificuldade, pois quando a mente percebe que as Escrituras revelam a doutrina da eleição, o coração é relutante em receber uma verdade tão humilhante e abatedora da carne. Quão ardentemente precisamos orar a Deus para subjugar nossa inimizade contra Ele e nosso preconceito contra a Sua verdade. Em terceiro lugar, na proclamação da mesma. Nenhum iniciante é competente para apresentar o assunto em sua proporção e perspectiva escriturísticas. Mas, não obstante, essas dificuldades não devem desencorajar, e menos ainda deter-nos de um esforço honesto e sério para entender e sinceramente receber tudo o que Deus se agradou emnos revelar nesta doutrina. Dificuldades são projetadas para nos humilhar, para nos exercitar, para nos fazer sentir nossa necessidade da sabedoria do alto. Não é fácil chegar a uma compreensão clara e adequada de qualquer uma das grandes doutrinas da Escritura Sagrada, e Deus nunca pretendeu que fosse assim. A verdade tem de ser “com- prada” (Provérbios 23:23); infelizmente tão poucos estão dispostos a pagar o preço: dedi- car, em oração, ao estudo da Palavra o tempo que ele desperdiça em jornais ou recreações ociosas. Estas dificuldades não são insuperáveis, pois o Espírito foi dado ao povo de Deus para guiá-los em toda a verdade. Igualmente assim para o ministro da Palavra: uma espera humilde em Deus, juntamente com um esforço diligente para ser um obreiro que não tem do que se envergonhar, que, no devido tempo servirá para expor esta verdade para a glória de Deus e para a bênção de seus ouvintes. Esta é uma doutrina importante, como é evidente a partir de várias considerações. Talvez possamos expressar mais impressionantemente a importância desta verdade, apontando que, à parte da eterna eleição nunca teria havido qualquer Jesus Cristo e, portanto, não haveria Evangelho Divino; porque, se Deus não tivesse escolhido um povo para a salvação, Ele nunca teria enviado o Seu Filho; e se Ele não tivesse enviado nenhum Salvador, nin- guém seria salvo. Assim, o próprio Evangelho se originou nesta questão vital da eleição. “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter
  • 25. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Deus elegido desde o princípio para a salvação” (2 Tessalonicenses 2:13). E por que devemos “dar graças”? Porque a eleição é a raiz de todas as bênçãos, a nascente de cada misericórdia que a alma recebe. Se a eleição for tirada, tudo é levado embora, pois aqueles que têm qualquer espécie de bênçãos espirituais são os que têm todas as bênçãos espiri- tuais à medida que foram eleitos “ nele antes da fundação do mundo” (Efésios 1:3 -4). Foi bem dito por Calvino: “Nós nunca seremos claramente convencidos, como deveríamos ser, que a nossa salvação flui da fonte da misericórdia gratuita de Deus, até estarmos fami- liarizados com a Sua eleição eterna, que ilustra a graça de Deus, por esta comparação; que Ele não adota todos indiscriminadamente para a esperança da salvação, mas Ele dá a al- guns o que Ele recusa a outros. Ignorância deste princípio evidentemente desvia a glória Divina, e diminui a verdadeira humildade. Se, então, precisamos lembrar que a origem da eleição prova que não obtemos a salvação de nenhuma outra fonte além daquela mera boa vontade de Deus, então aqueles que desejam extinguir este princípio fazem todo o possível para obscurecer o que deveria ser magnificamente e em voz alta celebrado”. A doutrina da eleição é uma doutrina abençoada, pois a eleição é a fonte de todas as bênçãos. Isto é feito inequivocamente claro por Efésios 1:3-4. Primeiro, o Espírito Santo de- clara que os santos foram abençoados com todas as bênçãos espirituais noslugares celes- tiais em Cristo. Então Ele passa a mostrar como e por que eles foram tão abençoados, a saber, na medida em que Deus nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo. A eleição em Cristo, portanto, precede o sermos abençoados com todas as bênçãos espiri- tuais, pois somos abençoados comelas apenas enquanto estando nEle, e nós apenas esta- mos nEle na medida em que somos escolhidos nEle. Vemos, então, que grande e gloriosa verdade é esta, pois todas as nossas esperanças e perspectivas pertencem a isso. Eleição, embora distinta e pessoal, não é, como, por vezes é descuidadamente afirmado, uma mera escolha abstrata de pessoas para a salvação eterna, independentemente da união com sua Cabeça do Pacto, mas uma escolha deles em Cristo. Isso implica, portanto, todas as outras bênçãos, e todas as outras bênçãos são dadas apenas por meio da eleição e, de acordo com ela. Corretamente entendido não há nada tão calculado para dar conforto e coragem, força e segurança, como uma apreensão cordial desta verdade. Pois ter certeza de que eu sou um dos altos favoritos do Céu dá a confiança de que Deus certamente suprirá todas as minhas necessidades e fará com que todas as coisas cooperem para o meu bem. O conhecimento que Deus me predestinou para a glória eterna fornece uma garantia absoluta que nenhum esforço de Satanás pode, eventualmente, levar à minha destruição, pois se o grande Deus é por mim, quem será contra mim?! Isso traz uma grande paz para o pregador, pois ele agora descobre que Deus não o enviou para levar um arco em uma aventura perigosa, mas
  • 26. Issuu.com/oEstandarteDeCristo que a Sua Palavra fará o que Lhe apraz, e prosperará naquilo para que Ele a envia (Isaías 55:11). E que incentivo isso deve dar ao pecador despertado. Quando ele descobre que a eleição é apenas uma questão de graça Divina, a esperança se acende em seu coração; enquanto ele descobre que a eleição destacou alguns dos mais visdentre os vis para serem os monumentos da misericórdia Divina, por que ele deveria se desesperar!? A doutrina da eleição é uma doutrina desagradável. Alguém naturalmente pensou que uma verdade que honra tanto a Deus, exalta Cristo e é tão abençoada, teria sido cordialmente defendida por todos os Cristãos professos que tiveram-na claramente apresentada a eles. Em vista do fato de que os termos “predestinados”, “eleitos” e “escolhidos”, ocorrem com tanta frequência na Palavra, alguém com certeza concluiria que todos os que pretendem aceitar as Escrituras como Divinamente inspiradas receberiam com implícita fé esta grande verdade, relacionando o ato em si — como convém a criaturas pecadoras e ignorantes assim fazer — à boa vontade soberana de Deus. Mas isso está longe de acontecer, muito longe de ser o caso real. Nenhuma doutrina é tão detestada pela orgulhosa natureza huma- na como esta, que faz da criatura nada e do Criador, tudo; sim, em nenhum outro ponto a inimizade da mente carnal é tão descarada e acaloradamente evidente. Nós iniciávamos as nossas pregações na Austrália, dizendo: “Eu falarei hoje à noite sobre uma das doutrinas mais odiadas da Bíblia, ou seja, sobre a eleição soberana de Deus”. Desde então temos rodeado este globo, e entramos em mais ou menos estreito contato com milhares de pessoas pertencentes a várias denominações, e mais milhares de Cristãos professos que não estão ligados a nenhuma, e hoje a única mudança que faria nessa declaração é que, enquanto a verdade do castigo eterno é mais reprovável a não-professos, a da eleição soberana de Deus é a verdade mais odiada e insultada pela maioria daqueles que afirmam ser crentes. Que seja claramente anunciado que a salvação não teve origem na vontade do homem, mas na vontade de Deus (veja João 1:13; Romanos 9:16), que se não fosse assim, ninguém seria ou poderia ser salvo — pois por causa da Queda, o homem perdeu todo o desejo e vontade pelo que é bom (João 5:40; Romanos 3:11) — e que até mesmo os eleitos precisam ser feitos dispostos (Salmos 110:3) e altos serão os gritos de indignação levantados contra tal ensino. É neste ponto que a questão é distorcida. Os comerciantes de méritos não reconhecerão a supremacia da vontade Divina e a impotência da vontade humana para o bem; consequen- temente, aqueles que são os mais implacáveis em denunciar a eleição pela vontade sobe- rana de Deus, são os mais calorosos em declarar o livre-arbítrio do homem caído. Nos de- cretos do Concílio de Trento — em que o Papado definitivamente definiu sua posição sobre os principais pontos levantados pelos Reformadores, e os quais Roma nunca revogou — ocorre o seguinte: “Se alguém afirmar que, desde a queda de Adão, o livre-arbítrio do ho-
  • 27. Issuu.com/oEstandarteDeCristo mem está perdido, seja anátema”. Foi por sua fiel adesão à verdade da eleição, com tudo o que ela envolve, que Bradford e centenas de outros foram queimados na fogueira pelos agentes do Papa. Indescritivelmente triste é ver tantos Protestantes professos de acordo com a mãe das meretrizes neste erro fundamental. Mas seja qual for a aversão que os homens tenham quanto à está bendita verdade, eles serão obrigados a ouvi-la no último dia, ouvi-la como a voz de decisão final, inalterável e eterna. Quando a morte e o inferno, o mar e a terra seca, darão os mortos, então virá o Livro da Vida — o registo no qual foi gravado antes da fundação de todo o mundo a eleição da graça — que será aberto na presença dos anjos e demônios, com a presença dos salvos e dos perdidos, e aquela voz soará dos mais altos arcos do Céu, às mais baixas profun- dezas do inferno, ao extremo limite ao universo: “E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse 20:15). Assim, esta verdade que é odiada pelos não-eleitos acima de todos os outros, é o que deve soar nos ouvidos dos perdidos enquanto eles entram sua condenação eterna! Ah, meu leitor, a razão pela qual as pessoas não recebem e devidamente apreciam a verdade da eleição, é porque elas não sentem a sua devida necessidade. A eleição é uma doutrina que separa. A pregação da soberania de Deus, como exercida por Ele em preordenar o destino eterno de cada uma das Suas criaturas, serve como um mangual eficaz para dividir o joio do trigo. “Quem é de Deus escuta as palavras de Deus” (João 8:47). Sim, não importa quão contrárias sejam às suas ideias. É uma das marcas dos regenerados que eles estabeleceram por seu selo que Deus é verdadeiro. Nem eles esco- lhemno que desejamacreditar, como hipócritas religiososo fazem, uma vez que eles perce- bem que uma verdade é claramente ensinada na Palavra, mesmo que seja totalmente oposta à sua própria razão e inclinações, eles humildemente se curvam a ela e, implici- tamente, a recebem, e faria assim, embora nenhuma outra pessoa no mundo inteiro acre- dite nela. Mas é muito diferente com os não-regenerados. Como o apóstolo declara: “Do mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro” (1 João 4:5-6). Nós não sabemos de nada que aparte as ovelhas dos bodes como uma exposição fiel des- sa doutrina. Se um servo de Deus aceita um novo cargo, e ele quer saber quem do seu po- vo deseja o leite puro da Palavra, e quais preferem substitutos do Diabo, que ele transmita uma série de sermões sobre este assunto, e este será rapidamente o meio de “apartares o precioso do vil” (Jeremias 15:19). Foi assim na experiência do Divino pregador, quando Cristo anunciou “Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido. Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não an-
  • 28. Issuu.com/oEstandarteDeCristo davam com ele” (João 6:65-66)! Verdade é que, de forma alguma nem todos os que rece- bem intelectualmente o “Calvinismo” como uma filosofia ou teologia, dão provas (em suas vidas diárias) de regeneração; mas é igualmente verdade que aqueles que continuam a contrariar e firmemente recusar qualquer parte da verdade, não têm direito de serem consi- derados como Cristãos. A doutrina da eleição é uma doutrina negligenciada. Apesar de ocupar um lugar tão proe- minente na Palavra de Deus, é pouco pregada, e menos ainda compreendida. Claro, não é de se esperar que os “altos críticos” e seus ingênuos cegos pregariam aquilo que faz do homem um nada; mas mesmo entre aqueles que desejam ser vistos como “ortodoxos” e “evangélicos”, há pouquíssimos que dão a esta grande verdade umlugar real tanto emsuas ministrações no púlpito quanto em seus escritos. Em alguns casos, isso é devido à igno- rância, não tendo sido ensinados no seminário, e certamente nem nos “Institutos Bíblicos”, eles nunca perceberam sua grande importância e valor. Mas, em muitos casos, é o desejo de ser popular com os seus ouvintes que amordaça suas bocas. No entanto, nem a igno- rância, nemo preconceito, neminimizade podemacabar coma própria doutrina, ou diminuir sua importância vital. Ao concluir estas observações introdutórias, que seja salientado que esta doutrina aben- çoada precisa ser tratada com reverência. Não é um assunto a ser discutido ou espe- culado, mas abordado num espírito de reverência e devoção. Ele deve ser tratado com se- riedade: “Quando estásemdisputa, engajado em uma justa discussão apenaspara vindicar a verdade de Deus da heresia e distorção, olhe para o teu coração, estabeleça uma vigilân- cia em teus lábios, tenha cuidado com o fogo selvagem em teu zelo” (E. Reynolds, 1648). No entanto, esta verdade deve ser tratada com intransigência e independentemente do temor ou favor do homem, confiantemente deixando todos os “resultados” na mão de Deus. Que seja graciosamente concedido a nós escrevermos de uma maneira que agrade a Deus, e que você receba tudo que é dEle.
  • 29. Issuu.com/oEstandarteDeCristo 2 • Sua Fonte Precisamente falando, a eleição é um ramo da predestinação, sendo este último um termo mais abrangente do que o anterior. Predestinação diz respeito a todos os seres, coisas e eventos; mas a eleição é restrita aos seres racionais — anjos e humanos. A palavra predes- tinação significa que Deus desde toda a eternidade, soberanamente ordenou e imutavel- mente determinou a história e o destino de todas e cada uma de Suas criaturas. Entretanto neste estudo nos limitaremos à predestinação enquanto ela se relaciona ou diz respeito às criaturas racionais. E aqui também deve ser notado uma outra distinção. Não pode haver uma eleição sem uma rejeição, uma seleção sem uma reprovação, uma escolha sem uma recusa. Como o Salmo 78 expressa: “Além disto, recusou o tabernáculo de José, e não elegeu a tribo de Efraim. Antes elegeu a tribo de Judá; o monte Sião, que ele amava” (vv. 67-68). Assim a predestinação inclui tanto a reprovação (a preterição ou o passar pelos não-eleitos, e então preordená-los para a condenação — Judas 4 — por causa de seus pecados) e a eleição para a vida eterna, o primeiro destes nós não discutiremos agora. A doutrina da eleição significa, então, que Deus escolheu alguns em Sua mente tanto entre os anjos (1 Timóteo 5:21) e dentre os homens, e ordenou-lhes para a vida eterna e bem- aventurança; que antes que Ele os criasse, Ele decidiu o destino deles, assim como um construtor desenha seus planos e determina todas as partes do edifício antes que qualquer um dos materiais sejamreunidos para a realização de seu projeto. A eleição pode ser assim definida: é a parte do conselho de Deus pelo qual Ele, desde toda a eternidade, propôs em Si mesmo mostrar a Sua graça sobre algumas de Suas criaturas. Isto foi feito eficaz por um decreto definitivo relacionado a eles. Agora, em cada decreto de Deus três coisas devem ser consideradas: o início, a matéria ou substância e o fim ou propósito. Vamos oferecer algumas observações sobre cada uma. O início do decreto é a vontade de Deus. Origina-se unicamente em Sua própria determina- ção soberana. Quanto à determinação da condição de Suas criaturas, a própria vontade de Deus é a causa única e absoluta da mesma. Como não há nada acima de Deus para governá-lO, assim também não há nada fora dEle mesmo que seja de algum modo uma causa que o impulsione; dizer o contrário é fazer da vontade de Deus, uma vontade total- mente nula. Nisto Ele é infinitamente exaltado acima de nós, pois não somos apenas sujei- tos a Alguém superior de nós, mas nossas vontades estão sendo constantemente modifica- das e dispostas por causas externas. A vontade de Deus não poderia ter nenhuma causa fora de si mesma, ou de outro modo haveria algo anterior a si mesma (pois uma causa sempre precede o efeito) e algo mais excelente (pois a causa é sempre superior ao efeito), e, portanto, Deus não seria o Ser independente que Ele é.
  • 30. Issuu.com/oEstandarteDeCristo A matéria ou substância de um decreto Divino é o propósito de Deus de manifestar um ou mais de Seus atributos ou perfeições. Isto é verdade para todos os decretos Divinos, mas como há variedade nos atributos de Deus, assim há nas coisas que Ele decreta trazer à existência. Os dois principais atributos que Ele exerce sobre as Suas criaturas racionais são a Sua graça e Sua justiça. No caso dos eleitos, Deus determinou exemplificar a riqueza da Sua maravilhosa graça, mas no caso dos não-eleitos, Ele achou por bem demonstrar a Sua justiça e severidade, retendo Sua graça deles, porque foi a Sua boa vontade fazê-lO. No entanto, não deve ser admitido, sequer por um momento, que este último foi um traço de crueldade em Deus, pois Sua natureza não é somente graça, nem somente justiça, mas os dois juntos; e, portanto, na determinação de exibir os dois não poderia haver um ponto de injustiça. O fim ou propósito de cada decreto Divino é a própria glória de Deus, pois nada menos do que isso poderia ser digno dEle mesmo. Como Deus jura por Si mesmo porque Ele não pode jurar por ninguém maior, assim por que um maior e mais grandioso fim não pode ser proposto além de Sua própria glória, Deus estabeleceu isto como o fim supremo de todos os Seus decretos e obras. “O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios” (Provérbios 16:4), para a Sua própria glória. Como todas as coisas são dEle como a primeira causa, então todas as coisas são para Ele (Romanos 11:36), como a finalidade última. O bem de Suas criaturas é apenas o fim secundário; Sua própria glória é o fim supremo, e todo o restante é subordinado a isso. No caso dos eleitos, é a maravilhosa graça de Deus que será magnificada; no caso dos réprobos, Sua pura justiça será glorifica- da. O que se segue neste capítulo será em grande parte uma ampliação destes três pontos. A fonte da eleição, então, é a vontade de Deus. Deve ser malmente necessário salientar que por “Deus”, queremos dizer, Pai, Filho e Espírito Santo. Embora existam três pessoas na Divindade, há apenas uma natureza indivisível comum a todas Elas, e assim, apenas uma vontade. Eles são um, e Eles concordam em um: “Mas, se ele resolveu alguma coisa, quem então o desviará?” (Jó 23:13). Que também seja pontuado que a vontade de Deus não é uma coisa à parte de Deus, nem deve ser considerada apenas como uma parte de Deus, a vontade de Deus é o próprio Deus disposto, ou seja, se assim podemos dizer, Sua própria natureza em atividade, de forma que a Sua vontade é a Sua própria essência. Nem a vontade de Deus é sujeita a qualquer flutuação ou mudança, quando afirmamos que a vontade de Deus é imutável, estamos apenas dizendo que no próprio Deus “não há mudan- ça nem sombra de variação” (Tiago 1:17). Por isso, a vontade de Deus é eterna, pois visto que o próprio Deus não teve princípio, e posto que a Sua vontade é a Sua própria natureza, então Sua vontade deve ser eterna. Para continuar e dar um passo adiante. A vontade de Deus é absolutamente livre, não influ-
  • 31. Issuu.com/oEstandarteDeCristo enciada e não controlada por qualquer coisa fora dEle mesmo. Isso aparece a partir da criação do mundo, bem como de tudo que nele há. O mundo não é eterno, mas foi feito por Deus, mas se esse seria ou não seria criado, foi determinado por Ele mesmo somente. O momento em que ele foi feito, se mais cedo ou mais tarde; o seu tamanho, se maior ou me- nor; a duração do mesmo, se para uma época ou para sempre; a condição dele, se ele per- maneceria “muito bom” ou seria contaminado pelo pecado; tudo foi determinado pelo decre- to soberano do Altíssimo. Houvesse Ele se agradado, Deus poderia ter trazido este mundo à existência milhões de anos mais cedo do que Ele o fez. Se assim Lhe aprouvesse, Ele poderia ter feito isso e todas as coisas nele em um instante do tempo, em vez de em seis dias e noites. Houvesse Lhe agradado, Ele podia ter limitado a família humana a alguns mi- lhares ou centenas, ou tê-la feito milhares de vezes maior do que é. Nenhuma outra razão pode ser atribuída ao porquê, como e quando Deus o criou assim como ele é, além de Sua própria vontade imperial. A vontade de Deus era absolutamente livre em relação à eleição. Na escolha de um povo para a vida eterna e glória, não havia nada fora de Si mesmo, que moveu Deus a formar um tal propósito. Como Ele declara expressamente: “Compadecer-me-ei de quem me com- padecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia” (Romanos 9:15), a linguagem não poderia afirmar mais definitivamente o caráter absoluto da soberania Divina nesta questão. “E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segun- do o beneplácito de sua vontade” (Efésios 1:5), aqui novamente tudo se resolve no mero prazer de Deus. Ele concede Seus favores ou os retém como agrada a Si mesmo. Nem Ele fica em qualquer necessidade de que vindiquemos o Seu procedimento. O Todo-Poderoso não deve ser levado ao tribunal da razão humana, em vez de tentar justificar a elevada soberania de Deus, nós somos apenas obrigados a acreditar nela, segundo a autoridade de Sua própria Palavra. “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve” (Mateus 11:25-26), o Senhor Jesus estava contente em descansar ali, e assim devemos estar. Alguns dos expositores mais hábeis desta profunda verdade afirmaramque o amor de Deus é a causa motriz de nossa eleição, citando “em amor, nos predestinou” (Efésios 1:4-5); ain- da assimfazendo, nós pensamos isto éimputável de uma ligeiraimprecisão ou afastamento da regra de fé. Embora concordando plenamente que as duas últimas palavras de Efésios 1:4 (tal como estão na Versão Autorizada [da KJV]) pertencem adequadamente ao início do versículo 5, no entanto, deve ser cuidadosamente observado que o versículo 5 não está falando de nossa eleição original, mas de nossa predestinação para a adoção de filhos, as duas coisas são totalmente distintas, atos separadosda parte de Deus, o segundo seguindo o primeiro. Há uma ordem nos conselhos Divinos, como existe nas obras da criação de
  • 32. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Deus, e é tão importante prestar atenção no que se diz ao primeiro, quanto é observar o procedimento Divino nos seis dias de trabalho de Gênesis 1. Um objeto deve existir ou subsistir antes que possa ser amado. A eleição foi o primeiro ato na mente de Deus, no qual Ele escolheu as pessoas dos eleitos para que sejamos santos e irrepreensíveis (v. 4). A predestinação foi o segundo ato de Deus, pelo que Ele ratificou por decreto a condição daqueles a quem Sua eleição havia dado uma verdadeira subsis- tência diante dEle. Tendo os escolhidos em Seu amado Filho para uma perfeição de santi- dade e justiça, o amor de Deus seguiu adiante deles, e lhes concedeu a mais importante e maior bênção que Seu amor pode conferir, torná-los Seus filhos por adoção. Deus é amor, e todo o Seu amor é exercido sobre Cristo e sobre os eleitos nEle. Tendo feito a eleição de Seus próprios, pela soberana escolha de Sua vontade, o coração de Deus foi estabelecido sobre eles como o Seu tesouro peculiar. Outros atribuem a nossa eleição à graça de Deus, citando “Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça” (Romanos 11:5). Mas aqui novamente devemos distinguir entre coisas que diferem, ou seja, entre o início de um decreto Divino e sua matéria ou substância. É verdade, abençoadamente verdade, que os eleitos são os objetos sobre os quais a graça de Deus é especialmente exercitada, mas isso é outra coisa bem diferente de dizer que a Sua eleição teve origem na graça de Deus. A ordem a que estamos aqui insistindo é claramente expressa em Efésios 1. Em primeiro lugar, “Como também [Deus] nos elegeu nele [Cristo] antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis [justos] diante dele” (v. 4), esse foi o ato inicial na mente Divina. Em segundo lugar, “em amor, e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo”. E isso “de acordo com o beneplácito de sua vontade” (v. 5), isso foi Deus valorizando aqueles sobre quem Ele havia estabelecido o Seu coração. Em terceiro lugar, “Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (v. 6), esse foi tanto o sujeito e o propósito do decreto de Deus: a manifestação e magnificação de Sua graça. “A eleição da graça” (Romanos 11:5), portanto, não deve ser entendida como o genitivo de origem, mas como o objeto ou característica, como em “Rosa de Sarom”, “A árvore da vida”, “os filhos da desobediência”. A eleição da igreja, como todos os Seus atos e obras, deve ser traçada de volta à não limitada e irreprimível vontade de Deus. Em nenhum outro lugar nas Escrituras a ordem dos conselhos Divinos é assim definitivamente revelada como em Efésios 1, e em nenhum outro lugar é tão forte a ênfase sobre a vontade de Deus. Ele pre- destinou para filhos de adoção “segundo o beneplácito de sua vontade” (v. 5). Ele fez co- nhecido a nós “o mistério da sua vontade” (não a “graça”) e isso “segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo” (v. 9). E então, como se isso não fosse suficientemente explí-
  • 33. Issuu.com/oEstandarteDeCristo cito, a passagemtermina com“Nele, digo, emquemtambémfomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade; com o fim de sermos para louvor da sua glória” (vv. 11-12). Detenhamo-nos por mais um momento nesta notável expressão: “daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade” (v. 11). Observe bem que não é: “o conselho de seu próprio coração”, nem mesmo “o conselho da sua própria mente”, mas da VONTADE, não “a vontade de seu próprio conselho”, mas “o conselho da sua própria vontade”. Nisto Deus difere radicalmente de nós. Nossas vontades são influenciadas pelos pensamentos de nossas mentes e modificam-se pelos afetos do nosso coração; mas não é assim com Deus. “Segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra” (Daniel 4:35). A vontade de Deus é suprema, determinando o exercício de todas as Suas perfeições. Ele é infinito em sabedoria, mas a Sua vontade regula as operações da mesma. Ele é cheio de misericórdia, mas a Sua vontade determina quando e para quem Ele a de- monstra. Ele é inflexivelmente justo, mas a Sua vontade decide se a Sua justiça deve ou não ser expressada, observe cuidadosamente que não é: “Que ao culpado não pode ter por inocente” (como é tão comumente mal interpretado), mas “que ao culpado não tem por inocente” (Êxodo 34:7). Deus em primeiro lugar quer ou determina que uma coisa aconte- cerá, em seguida, Sua sabedoria efetua a execução da mesma. Apontemos agora o que tem sido negado. De tudo o que foi dito acima, é claro, primeira- mente, que as nossas boas obras não são o que induziu Deus a nos eleger, pois esse ato aconteceu na mente Divina na eternidade, muito antes que nós tivéssemos qualquer exis- tência real. Veja como este ponto é posto de lado em: “Porque, não tendo eles ainda nas- cido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama)” (Romanos 9:11). Novamente, lemos: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10). Desde que, então, fomos eleitos antes de nossa criação, então, as boas obras não poderiam ser a causa motriz da mesma, não, elas são os frutos e os efeitos da eleição. Em segundo lugar, a santidade dos homens, seja no princípio ou na prática, ou ambos, não é a causa motriz da eleição, pois, como Efésios 1:4 tão claramente declara: “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele”, não porque éramos santos, mas para que sejamos santos. Que nós “fôssemos santos” era algo futuro, que segue sobre isso, e é o meio para um outro fim, ou seja, a nossa salvação, para o que os homens são escolhidos: “por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade” (2 Tessalonicenses 2:13). Desde que, então, a santificação do povo de Deus que foi o propósito de Sua eleição,
  • 34. Issuu.com/oEstandarteDeCristo não poderia ser a causa da mesma. “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1 Tessalonicenses 4:3), não meramente a aprovação da vontade de Deus, como sendo agradável à Sua natureza; nem meramente a Sua vontade preceptiva, conforme exigido pela Lei; mas a Sua vontade decretiva, Seu conselho determinado. Em terceiro lugar, nem a fé é a causa da nossa eleição. Como ela poderia ser? Ao longo de seu estado não-regenerado, todos os homens estão em uma condição de incredulidade, vivendo neste mundo sem Deus e sem esperança. E quando tivemos fé, não foi de nós mesmos, ou de nossa bondade, poder ou vontade. Não, antes foi um dom de Deus (Efésios 2:9), e a operação do Espírito (Colossenses 2:12), que flui de Sua graça. Está escrito: “e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna” (Atos 13:48), e não “todos que creram, foram ordenados para a vida eterna”. Uma vez que, então, a fé brota da graça Divina, a fé não pode ser a causa de nossa eleição. A razão pela qual os outros homens não creem, é porque eles não são as ovelhas de Cristo (João 10:26); o motivo pelo qual al- guém crê é porque Deus lhe dá a fé, e por isso é chamada “a fé dos eleitos de Deus” (Tito 1:1). Em quarto lugar, não é a previsão de Deus dessas coisas nos homens que O levou a elegê- los. A presciência de Deus do futuro está fundamentada sobre a determinação de Sua vontade em relação ao mesmo. O decreto Divino, a presciência Divina e a predestinação Divina é a ordem estabelecida nas Escrituras. Em primeiro lugar, “que são chamados se- gundo o seu propósito”; segundo, “por que os que dantes conheceu”; terceiro, “também os predestinou” (Romanos 8:28-29). O decreto de Deus, como precedente de Sua presciência também é afirmado em “a este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciên- cia de Deus” (Atos 2:23). Deus prevê tudo o que acontecerá, porque Ele ordenou tudo o que há ocorrer; portanto, estamos colocando a carroça na frente dos bois quando fazemos da presciência a causa da eleição de Deus. Em conclusão, que seja dito que a finalidade de Deus em Seu decreto da eleição é a mani- festação de Sua própria glória, mas antes de entrar em detalhes sobre este ponto citaremos várias passagens que estabelecem amplamente o fato em si. “Sabei, pois, que o Senhor separou para si aquele que é piedoso; o Senhor ouvirá quando eu clamar a ele” (Salmos 4:3). “Separou” aqui significa escolheu ou apartou do restante; “aquele que é piedoso” refere-se ao próprio Davi (Salmos 89:19-20); “para si mesmo”, e não apenas para o trono e o reino de Israel. “Porque o Senhor escolheu para si a Jacó, e a Israel para seu próprio tesouro” (Salmos 135:4). “Porque porei águas no deserto, e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu eleito. A esse povo que formei para mim; o meu louvor relatarão” (Isaías 43:20-21), isto é paralelo com Efésios 1:5-6. Assim, no Novo Testamento, quando aprouve a Cristo dar a Ananias um relato da conversão de Seu amado Paulo, ele disse:
  • 35. Issuu.com/oEstandarteDeCristo “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido” (Atos 9:15). Mais uma vez: “Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal” (Romanos 11:4), o que é explicado no versículo seguinte como “um remanescente, segundo a eleição da graça”.
  • 36. Issuu.com/oEstandarteDeCristo 3 • Sua Grandiosa Origem Os decretos de Deus, Seu eterno propósito, os conselhos inescrutáveis de Sua vontade, são realmente um grande abismo; ainda assim, isso nós sabemos: que do primeiro ao últi- mo eles têm uma relação estabelecida com Cristo, pois Ele é o Alfa e o Ômega, em todas as operações da Aliança. Spurgeon expressa isto maravilhosamente: “Examine a fonte ce- lestial, a partir da qual todas as correntes da graça Divina fluempara nós, e você encontrará Jesus Cristo, o manancial na Aliança de Amor. Se os seus olhos jamais viram o rolo da Aliança, se você será permitido, em um estado futuro, ver todo o plano da reden-ção, que uma vez que foi traçado nas câmaras da eternidade, você deverá ver a linha de vermelho- sangue do sacrifício expiatório percorrendo através da margemde cada página, e você verá que desde o início até o fim o objetivo sempre foi: a glória do Filho de Deus”. Portanto, parece estranho que muitos que veem que a eleição é o fundamento da salvação, ainda ignoram a glorioso Cabeça da eleição, em quem os eleitos foram escolhidos e de quem recebem todas as bênçãos. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo” (Efésios 1:3-4). Visto que fomos escolhidos em Cristo, é evidente que fomos escolhidos fora de nós mesmos; e uma vez que fomos escolhidos em Cristo, segue-se necessariamente que Ele escolheu a nós antes de nós a Ele. Isto está clara- mente implícito no verso anterior, em que o Pai é expressamente designado “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Agora, de acordo com a analogia da Escritura (ou seja, quando Ele se diz ser o “Deus” de alguém) Deus era o “Deus” de Cristo em primeiro lugar, porque Ele o escolheu para graça e união. Cristo como homem foi predestinado tão verda- deiramente como nós fomos, e por isso tem Deus como sendo o Seu Deus por predesti- nação e livre graça. Em segundo lugar, porque o Pai fez um pacto com Ele (Isaías 42:6). Deus tornou-se conhecido como “o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó” tendo em vista o pacto feito com eles, semelhantemente tendo em vista o pacto que fez com Cristo, Ele tornou-se seu “Deus”. Em terceiro lugar, porque Deus é o autor de toda a bem-aventurança de Cristo (Salmos 45:2, 7). “Como também [Deus] nos elegeu nele” significa, então, que na eleição Cristo foi feito o Cabeça dos eleitos. “Do ventre da eleição Ele, o Cabeça, saiu primeiro [esboçado em todo parto normal — A. W. P.], e depois nós, os membros” (Thomas Goodwin). Em todas as coisas Cristo deve ter a “preeminência”, e, portanto, Ele é “o Primogênito” na eleição (Ro- manos 8:29). Na ordem da natureza Cristo foi escolhido em primeiro lugar, mas, no fim dos tempos fomos eleitos com Ele. Nós não fomos escolhidos por nós mesmos à parte de
  • 37. Issuu.com/oEstandarteDeCristo Cristo, mas em Cristo, o que denota três coisas: Primeiro, fomos escolhidos emCristo como os membros do Seu corpo. Em segundo lugar, fomos escolhidos nEle como o padrão ao qual devemos conformar-nos. Em terceiro lugar, nós fomos escolhidos nEle tendo-O como nosso fim último, ou seja, foi para a glória de Cristo, para ser Sua “plenitude” (Efésios 1:23). “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma” (Isaías 42:1), que essa passagem refere-se a ninguém menos do que ao Senhor Jesus Cristo é inegavelmente claro pela citação do Espírito dela emMateus 12:15-21. Aqui, então, está a grandiosa origem da eleição, em sua primeira e mais alta instância eletiva é falada e aplicada em relação ao Senhor Jesus! Era da vontade dos Três Eternos eleger e predes- tinar a segunda Pessoa em estado e existência de criatura, para que, como Deus-homem, “o primogênito de toda criatura” (Colossenses1:15), Ele fosse o centro dos decretos Divinos e o objeto imediato e principal do amor dos Três co-essenciais. E, como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim deu também ao Filho — considerado como Deus-homem — ter a vida em Si mesmo (João 5:26), para ser uma fonte de vida, de graça e de glória, para Sua amada Esposa, que recebeu a sua existência e o bem-estar a partir da livre graça e amor eterno de Jeová. Quando Deus decidiu criar, entre todas as criaturas inumeráveis, tanto angelicais quanto humanas, que surgiram na mente Divina, para serem trazidos à existência por Ele, Jesus Cristo homem foi destacado deles, e nomeado para a união coma segunda Pessoa da Trin- dade bendita, e foi, portanto, santificado e estabelecido. Este ato original e maior da e-leição proveio da pura soberania e da maravilhosa graça. As hostes celestes foram ignora-das, e a semente da mulher foi tomada ao invés delas. Dentre as inúmeras sementes que seriam criadas em Adão, a linhagem de Abraão foi escolhida, em seguida, a de Isaque e de Jacó. Das doze tribos que descenderam de Jacó, a tribo de Judá foi escolhida, Deus não elegeu um anjo para a elevada união com seu Filho, mas “a um eleito do povo” (Salmos 89:19). O que dirão aqueles que tanto se desagradam da verdade de que os herdeiros do Céu são eleitos, quando eles aprendem que Jesus Cristo é o tema da eleição eterna!? Jeová é a causa primeira e o fim último de todas as coisas. Sua essência e existência são de e para Si mesmo. Ele é o Senhor, a essência auto-existente; a fonte da vida, e bem-aventurança essencial: “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver” [1 Timóteo 1:17; 6:16]. E ao longo de uma vasta eternidade os Três Eternos se deleitaram na bem-aventurança sem limites e incompreensível da contemplação daquelas perfeições essenciais que pertencem ao Pai, ao Filho e ao Espírito, o eterno Jeová, que é a Sua própria eternidade, e não pode receber qualquer adição à Sua felicidade essencial ou glória por qualquer uma ou por
  • 38. Issuu.com/oEstandarteDeCristo todas as Suas criaturas. Ele está exaltado sobre toda a bênção e louvor. Toda a Sua criação é vista como nada diante dEle, e ainda menos do que nada e uma vaidade. Se alguns curiosamente perguntassem a si mesmos: “O que Deus estava fazendo an- tes de ter estendido os céus e lançado os fundamentos da terra?”. A resposta é: os Três Benditos, co-iguais e co-essenciais Pai, Filho e Espírito Santo, tinham mútua comunhão juntamente, e eram essencialmente bem-aventurados no que diz respeito à vida eterna e Divina, no mútuo interesse e propriedade que Eles tinham um ao outro, em mútuo amor e deleite — bem como em posse de uma glória em comum. Mas, como é da natureza do bem o ser comunicativo de si mesmo, por isso agradou à Trindade eterna o propósito de manifestar Seus atos nas criaturas. Os três Sempre- Benditos, a Quem nada pode ser acrescentado ou diminuído, a nascente e fonte da qual aquelas benções essenciais brotamdas imensas perfeições e da natureza infinita em que elas existem, do amor mútuo que Eles têm uns para com os outros, e da Sua mútua comunicação entre si, o prazer de deleitar-se na companhia e sociedade da criatura. O Pai eterno predestinou Seu Filho co-essencial em estabelecimento e exis- tência de criatura, e desde a eternidade Ele apresentou a forma e deu luz à persona- lidade de Deus-homem. A criação de todas as coisas é atribuída nas Escrituras à soberania Divina: “Tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” (Apocalipse 4:11). Nada fora de Deus pode movê-lO, ou ser um motivo para Ele; Sua vontade é Seu governo, a Sua glória Seu fim último. “Porque dele (como a causa primária), e por meio dele (como preservador da causa), e para ele (como a causa final), são todas as coisas” (Romanos 11:36). Deus, em Sua efetiva criação de tudo, é a finalidade de tudo. “O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios” (Provérbios 16:4), e a soberania de Deus surge naturalmente a partir da relação de todas as coisas em relação a Ele mes- mo como o seu criador, e sua dependência natural e inseparável dEle, no que diz res- peito à sua existência e bem-estar. Ele tinha o ser de todas as coisas na Sua pró-pria vontade e poder, e dependia de Seu próprio prazer se Ele iria dar-se ou não. “Conhe- cidas são a Deus, desde o princípio do mundo, todas as suas obras” (Atos 15:18). Ele compreende e apreende todas as coisas em Sua infinita compreensão. Como Ele tem uma essência incompreensível, frente à qual a nossa nada é senão apenas como a gota de um balde, assim pois Ele tem um conhecimento incompreensível, frente ao qual o nosso é apenas como um grão de poeira. Seu decreto primário e visão, na criação do céu e da terra, anjos e homens, sendo a Sua própria glória, que deu base para isso e foi a base para apoiá-lo, foi o desígnio de Jeová exaltar o Seu Filho como Deus-homem, para ser o fundamento e a pedra angular de toda a criação de Deus. Deus nunca teria agido por meio dos atos da criatura, se não houvesse a segunda