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1 – INTRODUÇÃO
O aterramento elétrico, com certe-
za, é um assunto que gera um núme-
ro enorme de dúvidas quanto às nor-
mas e procedimentos no que se refe-
re ao ambiente elétrico industrial.Mui-
tas vezes, o desconhecimento das téc-
nicas para realizar um aterramento
eficiente, ocasiona a queima de equi-
pamentos, ou pior, o choque elétrico
nos operadores desses equipamentos.
Mas o que é o “terra”? Qual a dife-
rença entre terra, neutro, e massa?
Quais são as normas que devo seguir
para garantir um bom aterramento ?
Bem, esses são os tópicos que este
artigo tentará esclarecer. É fato que o
assunto "aterramento" é bastante vas-
to e complexo, porém, demonstrare-
mos algumas regras básicas.
2 – PARA QUE SERVE O
ATERRAMENTO ELÉTRICO ?
O aterramento elétrico tem três fun-
ções principais :
a – Proteger o usuário do equipa-
mento das descargas atmosféricas,
através da viabilização de um cami-
nho alternativo para a terra, de des-
cargas atmosféricas.
b – “ Descarregar” cargas estáticas
acumuladas nas carcaças das máqui-
nas ou equipamentos para a terra.
c – Facilitar o funcionamento dos
dispositivos de proteção ( fusíveis,
disjuntores, etc. ), através da corrente
desviada para a terra.
Veremos, mais adiante, que exis-
tem várias outras funções para o
aterramento elétrico, até mesmo para
eliminação de EMI , porém essas três
acima são as mais fundamentais.
3 – DEFINIÇÕES :TERRA,
NEUTRO, E MASSA.
Antes de falarmos sobre os tipos
de aterramento, devemos esclarecer
(de uma vez por todas !) o que é terra,
neutro, e massa.
Na figura 1 temos um exemplo da
ligação de um PC à rede elétrica, que
possui duas fases (+110 VCA, - 110
VCA), e um neutro.
Essa alimentação é fornecida pela
concessionária de energia elétrica,
que somente liga a caixa de entrada
ao poste externo se houver uma has-
te de aterramento padrão dentro do
ambiente do usuário. Além disso, a
concessionária também exige dois
disjuntores de proteção.
Teoricamente, o terminal neutro da
concessionária deve ter potencial igual
a zero volt. Porém, devido ao des-
balanceamento nas fases do transfor-
mador de distribuição, é comum esse
terminal tender a assumir potenciais
diferentes de zero.
O desbalanceamento de fases
ocorre quando temos consumidores
com necessidades de potências mui-
to distintas, ligadas em um mesmo link.
Por exemplo, um transformador ali-
menta, em um setor seu, uma residên-
cia comum, e no outro setor, um pe-
queno supermercado. Essa diferença
de demanda, em um mesmo link, pode
fazer com que o neutro varie seu po-
tencial (flutue) .
Para evitar que esse potencial “flu-
tue”, ligamos (logo na entrada) o fio
neutro a uma haste de terra. Sendo
assim, qualquer potencial que tender
a aparecer será escoado para a terra.
Ainda analisando a figura 1 , ve-
mos que o PC está ligado em 110
VCA, pois utiliza uma fase e o neutro.
ATERRAMENTO
ELÉTRICO
Fig. 1 - Ligação de um PC à rede elétrica.
Alexandre Capelli
SABER ELETRÔNICA Nº 329/JUNHO/200056Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
Mas, ao mesmo tempo, ligamos sua
carcaça através de outro condutor na
mesma haste, e damos o nome des-
se condutor de “terra”.
Pergunta “fatídica”: Se o neutro
e o terra estão conectados ao mesmo
ponto (haste de aterramento), porque
um é chamado de terra e o outro de
neutro?
Aqui vai a primeira definição : o
neutro é um “condutor” fornecido pela
concessionária de energia elétrica,
pelo qual há o “retorno” da corrente
elétrica.
O terra é um condutor construído
através de uma haste metálica e que ,
em situações normais, não deve pos-
suir corrente elétrica circulante.
Resumindo: A grande diferença
entre terra e neutro é que, pelo neutro
há corrente circulando, e pelo terra,
não. Quando houver alguma corrente
circulando pelo terra, normalmente ela
deverá ser transitória, isto é, desviar
uma descarga atmosférica para a ter-
ra, por exemplo. O fio terra, por nor-
ma, vem identificado pelas letras PE,
e deve ser de cor verde e amarela.
Notem ainda que ele está ligado à
carcaça do PC. A carcaça do PC, ou
de qualquer outro equipamento é o
que chamamos de “massa”.
4 – TIPOS DE ATERRAMENTO
A ABNT ( Associação Brasileira de
Normas Técnicas ) possui uma nor-
ma que rege o campo de instalações
elétricas em baixa tensão. Essa nor-
ma é a NBR 5410, a qual, como todas
as demais normas da ABNT, possui
subseções. As subseções : 6.3.3.1.1,
6.3.3.1.2, e 6.3.3.1.3 referem-se aos
possíveis sistemas de aterramento
que podem ser feitos na indústria.
Os três sistemas da NBR 5410
mais utilizados na indústria são :
a – Sistema TN-S :
Notem pela figura 2 que temos o
secundário de um transformador ( ca-
bine primária trifásica ) ligado em Y.O
neutro é aterrado logo na entrada, e
levado até a carga . Paralelamente ,
outro condutor identificado como PE
é utilizado como fio terra , e é
conectado à carcaça (massa) do equi-
pamento.
b – Sistema TN-C:
Esse sistema, embora normaliza-
do, não é aconselhável, pois o fio ter-
ra e o neutro são constituídos pelo
mesmo condutor.Dessa vez, sua iden-
tificação é PEN ( e não PE, como o
anterior ). Podemos notar pela figura
3 que, após o neutro ser aterrado na
entrada, ele próprio é ligado ao neu-
tro e à massa do equipamento.
c – Sistema TT :
Esse sistema é o mais eficiente
de todos. Na figura 4 vemos que o
neutro é aterrado logo na entrada e
segue (como neutro) até a carga (
equipamento). A massa do equipa-
mento é aterrada com uma haste pró-
pria, independente da haste de
aterramento do neutro.
O leitor pode estar pensando : “
Mas qual desses sistemas devo utili-
zar na prática?”
Geralmente, o próprio fabricante
do equipamento especifica qual sis-
tema é melhor para sua máquina, po-
rém, como regra geral, temos :
a ) Sempre que possível, optar pelo
sistema TT em 1º lugar.
b ) Caso, por razões operacionais
e estruturais do local, não seja possí-
vel o sistema TT, optar pelo sistema
TN-S.
c ) Somente optar pelo sistemaTN-
C em último caso, isto é, quando real-
mente for impossível estabelecer qual-
quer um dos dois sistemas anteriores.
5 – PROCEDIMENTOS
Os cálculos e variáveis para
dimensionar um aterramento podem
ser considerados assuntos para “pós
– graduação em Engenharia Elétrica”.
A resistividade e tipo do solo, geome-
tria e constituição da haste de
aterramento, formato em que as has-
tes são distribuídas, são alguns dos
fatores que influenciam o valor da re-
sistência do aterramento.
Como não podemos abordar tudo
isso em um único artigo, daremos al-
gumas “dicas” que, com certeza, irão
ajudar:
a ) Haste de aterramento:
A haste de aterramento normal-
mente, é feita de uma alma de aço
revestida de cobre. Seu comprimento
pode variar de 1,5 a 4,0m. As de 2,5m
são as mais utilizadas, pois diminuem
o risco de atingirem dutos subterrâne-
os em sua instalação.
b ) O valor ideal para um bom
aterramento deve ser menor ou igual
a 5Ω.Dependendo da química do solo
(quantidade de água, salinidade,
Fig. 2 - Sistema TN-S.
Fig. 3 - Sistema TN-C.
57SABER ELETRÔNICA Nº 329/JUNHO/2000Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
alcalinidade, etc.), mais de uma haste
pode se fazer necessária para nos
aproximarmos desse valor. Caso isso
ocorra, existem duas possibilidades:
tratamento químico do solo (que será
analisado mais adiante), e o agrupa-
mento de barras em paralelo.
Uma boa regra para agruparem-se
barras é a da formação de polígonos.
A figura 5 mostra alguns passos. No-
tem que, quanto maior o número de
barras, mais próximo a um círculo fi-
camos. Outra regra no agrupamento
de barras é manter sempre a distân-
cia entre elas, o mais próximo possí-
vel do comprimento de uma barra.
É bom lembrar ao leitor que essas
são regras práticas. Como dissemos
anteriormente, o dimensionamento do
aterramento é complexo, e repleto de
cálculos. Para um trabalho mais pre-
ciso e científico, o leitor deve consul-
tar uma literatura própria.
6 -TRATAMENTO QUÍMICO DO SOLO
Como já observamos, a resistên-
cia do terra depende muito da consti-
tuição química do solo.
Muitas vezes, o aumento de núme-
ro de“barras”de aterramento não con-
segue diminuir a resistência do terra
significativamente. Somente nessa si-
tuação devemos pensar em tratar qui-
micamente o solo.
O tratamento químico tem uma
grande desvantagem em relação ao
aumento do número de hastes, pois a
terra, aos poucos, absorve os elemen-
tos adicionados.Com o passar do tem-
po, sua resistência volta a aumentar,
portanto, essa alternativa deve ser o
último recurso.
Temos vários produtos que podem
ser colocados no solo antes ou depois
da instalação da haste para diminuir-
mos a resistividade do solo. A
Bentonita e o Gel são os mais utiliza-
dos. De qualquer forma, o produto a
ser utilizado para essa finalidade deve
ter as seguintes características :
- Não ser tóxico
- Deve reter umidade
- Bom condutor de eletricidade
- Ter pH alcalino (não corrosivo)
- Não deve ser solúvel em água
Uma observação importante no
que se refere a instalação em baixa
tensão é a proibição (por norma) de
tratamento químico do solo para equi-
pamentos a serem instalados em lo-
cais de acesso público (colunas de
semáforos, caixas telefônicas,
controladores de tráfego, etc...). Essa
medida visa a segurança das pesso-
as nesses locais.
7 - MEDINDO O TERRA
O instrumento clássico para medir-
se a resistência do terra é o terrôme-
tro.
Esse instrumento possui 2 hastes
de referência, que servem como divi-
sores resistivos conforme a figura 6 .
Na verdade, o terrômetro “injeta”
uma corrente pela terra que é trans-
formada em “quedas” de tensão pe-
los resistores formados pelas hastes
de referência , e pela própria haste de
terra.
Através do valor dessa queda de
tensão, o mostrador é calibrado para
indicar o valor ôhmico da resistência
do terra.
Uma grande dificuldade na utiliza-
ção desse instrumento é achar um lo-
cal apropriado para instalar as hastes
de referência. Normalmente, o chão
das fábricas são concretados, e , com
certeza, fazer dois “ buracos” no chão
( muitas vezes até já pintado ) não é
algo agradável .
Infelizmente, caso haja a necessi-
dade de medir – se o terra , não te-
mos outra opção a não ser essa. Mas,
podemos ter uma idéia sobre o esta-
do em que ele se encontra , sem
medi–lo propriamente. A figura 7
mostra esse “ truque”.
Em primeiro lugar escolhemos
uma fase qualquer, e a conectamos a
um pólo de uma lâmpada elétrica co-
mum. Em segundo lugar, ligamos o
outro pólo da lâmpada na haste de
terra que estamos analisando. Quan-
to mais próximo do normal for o brilho
da lâmpada , mais baixa é a resistên-
cia de terra .
Fig. 4 - Sistema TT
Fig. 5 - Agrupamento de barras em paralelo.
Fig. 6 - Terrômetro.
SABER ELETRÔNICA Nº 329/JUNHO/200058
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Caso o leitor queira ser mais pre-
ciso , imaginem um exemplo de uma
lâmpada de 110 volts por 100 W . Ao
fazer esse teste em uma rede de 110
V com essa lâmpada , podemos me-
dir a corrente elétrica que circula por
ela. Para um “terra” considerado razo-
ável , essa corrente deve estar acima
de 600 mA .
Cabe lembrar ao leitor que , essa
prática é apenas um artifício ( para não
dizer macete ) com o qual podemos
ter uma idéia das condições gerais do
aterramento. Em hipótese alguma
esse método pode ser utilizado para
a determinação de um valor preciso.
8 - IMPLICAÇÕES DE
UM MAU ATERRAMENTO
Ao contrário do que muitos pen-
sam , os problemas que um aterra-
mento deficiente pode causar não se
limitam apenas aos aspectos de se-
gurança .
É bem verdade que os principais
efeitos de uma máquina mal aterrada
são choques elétricos ao operador , e
resposta lenta (ou ausente) dos sis-
temas de proteção (fusíveis, disjun-
tores , etc...).
Mas outros problemas operacio-
nais podem ter origem no aterramento
deficiente.
Abaixo segue uma pequena lista
do que já observamos em campo.
Caso alguém se identifique com algum
desses problemas, e ainda não che-
cou seu aterramento, está aí a dica:
- Quebra de comunicação entre
máquina e PC ( CPL, CNC, etc... ) em
modo on-line.Principalmente se o pro-
tocolo de comunicação for RS 232.
- Excesso de EMI gerado ( interfe-
rências eletromagnéticas ) .
- Aquecimento anormal das etapas
de potência ( inversores, conversores,
etc... ) , e motorização.
- Em caso de computadores pes-
soais, funcionamento irregular com
constantes “travamentos”.
- Falhas intermitentes, que não
seguem um padrão.
- Queima de CI’s ou placas eletrô-
nicas sem razão aparente , mesmo
sendo elas novas e confiáveis.
- Para equipamentos com
monitores de vídeo, interferências na
imagem e ondulações podem ocorrer.
CONCLUSÃO
Antes de executarmos qualquer
trabalho (projeto, manutenção, ins-
talação, etc...) na área eletroele-
trônica, devemos observar todas as
normas técnicas envolvidas no pro-
cesso.
Somente assim poderemos re-
alizar um trabalho eficiente, e sem
problemas de natureza legal.
Atualmente, com os programas
de qualidade das empresas, ape-
nas um serviço bem feito não é su-
ficiente. Laudos técnicos, e docu-
mentação adequada também são
elementos integrantes do sistema .
Para quem estiver preparado, a
consultoria de serviços de instala-
ções em baixa – tensão é um mer-
cado, no mínimo, interessante .
Até a próxima ! n
Fig. 7 - Verificação
do estado do "terra".
59SABER ELETRÔNICA Nº 329/JUNHO/2000
Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
TIPOS DE ELEMENTOS PARA
ATERRAMENTO
As características químicas do solo
(teor de água , quantidade de sais ,
etc...) influem diretamente sobre o
modo como escolhemos o eletrodo de
aterramento. Os eletrodos mais utili-
zados na prática são: hastes de
aterramento, malhas de aterramento
e estruturas metálicas das fundações
de concreto.
Haste de aterramento
A haste pode ser encontrada em
vários tamanhos e diâmetros . O mais
comum é a haste de 2,5 m por 0,5 po-
legada de diâmetro. Não é raro , po-
rém, encontrarmos hastes com 4,0 m
de comprimento por 1 polegada de
diâmetro. Cabe lembrar que, quanto
maior a haste , mais riscos corremos
de atingir dutos subterrâneos (telefo-
nia , gás , etc...) na hora da sua insta-
lação.Normalmente , quando não con-
seguimos uma boa resistência de ter-
ra (menor que 10 Ω) , agrupamos mais
de uma barra em paralelo (vide artigo
Saber nº 329). Quanto à haste , pode-
mos encontrar no mercado dois tipos
básicos: Copperweld (haste com
alma de aço revestida de cobre) e
Cantoneira (trata-se de uma
cantoneira de ferro zincada , ou de
alumínio) .
Malhas de aterramento
A malha de aterramento é indicada
para locais cujo solo seja extremamen-
te seco. Esse tipo de eletrodo de
aterramento, normalmente, é instala-
do antes da montagem do contra-piso
do prédio, e se estende por quase
toda a área da construção. A malha
de aterramento é feita de cobre, e sua
“janela” interna pode variar de tama-
nho dependendo da aplicação, porém
a mais comum está mostrada na fi-
gura 1 .
ATERRAMENTO
Na revista Saber Eletrônica nº 329 , edição de maio , iniciamos
o tema “aterramento elétrico“. Como dissemos no artigo passado ,
esse assunto vem sendo solicitado por diversos leitores devido às
inúmeras dúvidas quanto às normas e procedimentos que deve-
mos levar em consideração no aterramento de equipamentos.Para
o leitor que não leu o artigo passado , sem dúvida alguma , é fun-
damental consultar a primeira parte publicada.
PARTE II
ELÉTRICO
Estruturas metálicas
Muitas instalações utilizam as fer-
ragens da estrutura da construção
como eletrodo de aterramento elétri-
co. (figura 2).
Figura 1
Figura 2
Mais adiante veremos que, quan-
do isso vier a ocorrer, deveremos to-
mar certos cuidados.
Resumindo, qualquer que seja o
eletrodo de aterramento (haste, ma-
lha, ou ferragens da estrutura), ele
deve ter as seguintes características
gerais:
Alexandre Capelli
SABER ELETRÔNICA Nº 330/JULHO/200014Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
- Ser bom condutor de eletricidade.
- Ter resistência mecânica adequada
ao esforço a que está submetido.
- Não reagir (oxidar) quimicamente
com o solo.
PROBLEMAS COM
ATERRAMENTO ELÉTRICO
LIGADO AO “PÁRA – RAIOS”
Tanto os locais que empregam ma-
lha de aterramento ou as estruturas
prediais, como terra, normalmente
apresentam um inconveniente que
pode ser extremamente perigoso : a
conexão com o pára – raios .
Notem pela figura 3, que temos
um exemplo de uma malha de terra
ligada ao pára – raios , e também aos
demais equipamentos eletroele-
trônicos. Essa é uma prática que de-
vemos evitar ao máximo, pois nunca
podemos prever a magnitude da po-
tência que um raio pode atingir. De-
pendendo das condições, o fio terra
poderá não ser suficiente para absor-
ver toda a energia, e os equipamen-
tos que estão junto a ele podem so-
frer o impacto (figura 4) . Portanto,
nunca devemos compartilhar o fio ter-
ra de pára – raios com qualquer equi-
pamento eletroeletrônico.
TRATAMENTO QUÍMICO DO SOLO
Um aterramento elétrico é consi-
derado satisfatório quando sua resis-
tência encontra-se abaixo dos 10 Ω.
Quando não conseguimos esse valor,
podemos mudar o número ou o tipo
de eletrodo de aterramento. No caso
de haste, podemos mudá-la para
canaleta (onde a área de contato com
o solo é maior) , ou ainda agruparmos
mais de uma barra para o mesmo ter-
ra. Caso isso não seja suficiente, po-
demos pensar em uma malha de
aterramento. Mas imaginem um solo
tão seco que, mesmo com todas es-
sas técnicas, ainda não seja possível
chegar-se aos 10 Ω.
Nesse caso a única alternativa é o
tratamento químico do solo. O trata-
mento do solo tem como objetivo al-
terar sua constituição química, aumen-
tando o teor de água e sal e, conse-
quentemente, melhorando sua
condutividade. O tratamento químico
deve ser o último recurso, visto que
Figura 3
Figura 4
15SABER ELETRÔNICA Nº 330/JULHO/2000Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
sua durabilidade não é indeterminada.
O produto mais utilizado para esse tra-
tamento é o Erico - gel , e os passos
para essa técnica são os seguintes :
1º passo : Cavar um buraco com
aproximadamente 50 cm de diâmetro,
por 50 cm de profundidade ao redor
da haste.
2º passo : Misturar metade da ter-
ra retirada , com Erico – gel.
3º passo : Jogar a mistura dentro
do buraco.
4º passo : Jogar, aproximadamen-
te , 25 l de água na mistura que está
no buraco.
5º passo: Misturar tudo novamente.
6º passo :Tampar tudo com a terra
“virgem” que sobrou.
Podemos encontrar no mercado
outros tipos de produtos para o trata-
mento químico (Bentonita , Earthron ,
etc.), porém o Erico – gel é um dos
mais modernos.Suas principais carac-
terísticas são: Ph alcalino (não corro-
sivo), baixa resistividade elétrica, não
é tóxico, não é solúvel em água (re-
tém a água no local da haste).
BITOLA E CONEXÃO
DO FIO TERRA
Ter uma boa haste ou um solo fa-
vorável não basta para termos um bom
aterramento elétrico. As conexões da
haste com os cabos de terra , bem
como a bitola do cabo terra também
contribuem muito para a resistência
total de aterramento.
No que se refere à bitola do fio ter-
ra , ela deve ser a maior possível. Te-
mos abaixo uma regra prática que evi-
ta desperdícios, e garante um bom
aterramento.
Para :
Sf < 35 mm² → St = 16 mm²
Sf ≥ 35 mm² → St = 0,5 Sf
Onde :
Sf = a seção transversal dos cabos
(fios) de alimentação do equipamen-
to (fases).
St = a seção transversal do fio terra.
Notem que para diâmetros inferio-
res a 35 mm² para as fases , temos o
fio terra de 16 mm² . Já para diâme-
tros iguais ou acima de 35 mm², o fio
terra deverá ter seção transversal igual
à metade da seção dos cabos de ali-
mentação.
Quanto à conexões , devemos op-
tar em 1º lugar pela fixação por solda
do fio terra à haste . Isso evita o au-
mento da resistência do terra por oxi-
dação de contato .
Caso isso não seja possível, po-
deremos utilizar anéis de fixação com
parafusos. Nesse caso porém , é con-
veniente que a conexão fique sobre o
solo , e dentro de uma caixa de inspe-
ção.
CONCLUSÃO
Embora o aterramento elétrico seja
um assunto extremamente vasto e
complexo , acreditamos ter fornecido,
através desses dois artigos , elemen-
tos suficientes para que o leitor possa
compreender melhor, e até mesmo
construir, seu próprio sistema de
aterramento.
Lembre – se , porém , que o aterra-
mento está normalizado pela ABNT
através da NBR 5410.
É aconselhável , antes de execu-
tar qualquer trabalho em baixa ten-
são , ler atentamente essa norma. n
6
5
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4
SABER ELETRÔNICA Nº 330/JULHO/200016
www.sabereletronica.com.br
www.sabereletronica.com.br
www.sabereletronica.com.br
PROCURANDO INFORMAÇÃO?
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EMI (Eletromagnetic Interference)
Qualquer condutor de eletricidade
ao ser percorrido por uma corrente
elétrica, gera ao seu redor um campo
eletromagnético. Dependendo da fre-
qüência e intensidade da corrente elé-
trica, esse campo pode ser maior ou
menor. Quando sua intensidade ultra-
passa determinados valores, ela pode
começar a interferir nos outros circui-
tos próximos a ele. Esse fenômeno é
a EMI.
Na verdade, os efeitos da EMI co-
meçaram a ser sentidos na 2º Guerra
Mundial.
As explosões das duas bombas
atômicas sobre o Japão irradiaram
campos eletromagnéticos tão inten-
sos, que as comunicações de rádio na
região ficaram comprometidas por
várias semanas.Atualmente, os circui-
tos chaveados (fontes de alimentação,
inversores de freqüência, reatores ele-
trônicos, etc. ) são os principais gera-
dores de EMI. O “chaveamento” dos
transistores (PWM) em freqüências de
2 a 30 kHz geram interferências que
podem provocar o mau funcionamen-
to de outros circuitos próximos, tais
como CPUs, e dispositivos de comu-
nicação (principalmente RS 232).
Podemos perceber a EMI em rá-
dios AM colocados próximos a reato-
res eletrônicos de lâmpadas fluores-
centes, principalmente nas estações
acima dos 1000 KHz. Uma das técni-
cas para atenuar a EMI é justamente
um bom aterramento elétrico, como
veremos a seguir.
ATERRAMENTO NA COMUNICA-
ÇÃO SERIAL RS 232
Os sistemas de comunicações
seriais como RS 232 são especial-
mente sensíveis à EMI. A RS 232 uti-
liza o terra dos sistemas comunicantes
como referência para os sinais de
transmissão ( TX ) e recepção ( RX ).
Caso haja diferenças de potenciais
entre esses terras, a comunicação
poderá ser quebrada. Isso ocorre
quando o terra utilizado como referên-
cia não está dentro do valor ideal (me-
nor ou igual a 10 Ω), portanto o fio ter-
ra serve como uma “antena” receptora
de EMI. Notem, pela figura 1, o dia-
grama simplificado do fenômeno.
Isso significa que o mau aterra-
mento é uma “porta aberta” para que
os ruídos elétricos (tais como EMI)
entrem no circuito , e causem um fun-
cionamento anormal na máquina .
ATERRAMENTO
PARTE III
ELÉTRICO
Alexandre Capelli
Finalizando o tema “Aterramento Elétrico”, este capítulo fará as
considerações finais sobre o assunto abordando agora os aspec-
tos eletrônicos. Veremos como o aterramento pode influenciar nos
diversos circuitos eletrônicos e, entre eles, na própria comunica-
ção RS 232.
Estudaremos também um pouco sobre EMI, visto que seu efeito
depende em parte da qualidade do aterramento elétrico. Além dis-
so, para quem deseja aprofundar-se um pouco mais, segue um
pequeno formulário sobre aterramento elétrico.
SABER ELETRÔNICA Nº 331/AGOSTO/200010Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
BLINDAGEM ATERRADA
Outra técnica para imunizar – se
os ruídos elétricos é o aterramento das
blindagens. O leitor poderá perceber
que todos os circuitos chaveados (fon-
tes de alimentação, inversores, etc.),
na sua maioria, possuem sua caixa de
montagem feita de metal. Essa técni-
ca é a blindagem, que também é
fabricada em alguns cabos através da
malha (“shield”). Na verdade, fisica-
mente, essa blindagem é uma gaiola
de Faraday. A gaiola de Faraday não
permite que cargas elétricas penetrem
(ou saiam) do ambiente em que estão
confinadas. Ela torna – se ainda mais
eficiente quando aterrada. O próprio
PC possui sua carcaça metálica, e li-
gada ao terminal terra. Quando não
aterramos a carcaça de qualquer equi-
pamento, comprometemos não so-
mente a segurança do usuário, como
também contribuímos para a propaga-
ção de EMI .
TERRA COMPARTILHADO
Devemos evitar ao máximo a liga-
ção de muitas máquinas em um mes-
mo fio terra. Quanto maior for o nú-
mero de sistemas compartilhados no
mesmo terra, maiores serão as
chances de um equipamento interfe-
rir no outro (figura 2 ).
Isso ocorre porque as amplitudes
dos ruídos podem se somar e ultra-
passar a capacidade de absorção do
terra. Obviamente esse problema sur-
ge com maior freqüência para um fio
terra que não tenha uma boa resis-
tência de aterramento.Para as máqui-
nas que possuem seu terra tratado
quimicamente, ele não deve ser com-
partilhado com outras. Cabe lembrar
que o tratamento químico , ao longo
do tempo, perde sua eficiência .
FORMULÁRIO
Até agora abordamos o aterramen-
to elétrico de uma forma genérica e
prática. Como já dissemos anterior-
mente, este assunto é bastante vasto
e complexo. O estudo profundo do
aterramento envolve um número mui-
to grande de fórmulas um tanto quan-
to complicadas. De qualquer modo ,
seguem abaixo algumas fórmulas bá-
sicas, que podem ser úteis para um
cálculo prévio à instalação do
aterramento elétrico.
a) Resistência de uma haste
Rhaste = ρa ln( 4L/d) Ω.
2πL
onde :
ρa = resistividade do solo (Ω.m.)
L = comprimento da haste (m) , e
d= diâmetro da haste (m).
b) Resistência equivalente à asso-
ciação de hastes em paralelo
Req= K. Rhaste
Onde :
Req = resistência equivalente (Ω).
Rhaste =resistência das hastes (Ω).
K = fator de redução (depende do solo,
e geometria da haste).
c) Resistência da malha de
aterramento
R = (ρa/4) . π/ Amalha
Onde :
R = resistência da malha (Ω).
ρa = resistividade do solo ( Ω . m ).
A = área da malha (m2).
d)Determinação da janela da malha
D=C/20f
Onde : C = velocidade da luz =
300.000.000 m/s.
f = freqüência (Hz).
D = janela da malha (m) .
CONCLUSÃO
Com estas “dicas” finais, somadas
às técnicas de aterramento exploradas
nos dois artigos anteriores, acredita-
mos que o leitor já esteja preparado
para analisar o sistema de aterramen-
to da sua empresa.Fazer uma “checa-
gem” completa do sistema de aterra-
mento é extremamente “saudável”
para os diversos equipamentos da ins-
talação. Nunca se esqueçam, porém,
que todo o trabalho em baixa tensão
deve ser feito obedecendo às normas
técnicas descritas pela NBR 5410.
Oportunamente voltaremos a abor-
dar este tema "Aterramento" e pedi-
mos a todos os leitores que enviem
suas críticas referentes aos artigos já
publicados, e sugestões para próxi-
mos assuntos a serem abordados. n
D
D
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Aterramento eletrico

  • 1. 1 – INTRODUÇÃO O aterramento elétrico, com certe- za, é um assunto que gera um núme- ro enorme de dúvidas quanto às nor- mas e procedimentos no que se refe- re ao ambiente elétrico industrial.Mui- tas vezes, o desconhecimento das téc- nicas para realizar um aterramento eficiente, ocasiona a queima de equi- pamentos, ou pior, o choque elétrico nos operadores desses equipamentos. Mas o que é o “terra”? Qual a dife- rença entre terra, neutro, e massa? Quais são as normas que devo seguir para garantir um bom aterramento ? Bem, esses são os tópicos que este artigo tentará esclarecer. É fato que o assunto "aterramento" é bastante vas- to e complexo, porém, demonstrare- mos algumas regras básicas. 2 – PARA QUE SERVE O ATERRAMENTO ELÉTRICO ? O aterramento elétrico tem três fun- ções principais : a – Proteger o usuário do equipa- mento das descargas atmosféricas, através da viabilização de um cami- nho alternativo para a terra, de des- cargas atmosféricas. b – “ Descarregar” cargas estáticas acumuladas nas carcaças das máqui- nas ou equipamentos para a terra. c – Facilitar o funcionamento dos dispositivos de proteção ( fusíveis, disjuntores, etc. ), através da corrente desviada para a terra. Veremos, mais adiante, que exis- tem várias outras funções para o aterramento elétrico, até mesmo para eliminação de EMI , porém essas três acima são as mais fundamentais. 3 – DEFINIÇÕES :TERRA, NEUTRO, E MASSA. Antes de falarmos sobre os tipos de aterramento, devemos esclarecer (de uma vez por todas !) o que é terra, neutro, e massa. Na figura 1 temos um exemplo da ligação de um PC à rede elétrica, que possui duas fases (+110 VCA, - 110 VCA), e um neutro. Essa alimentação é fornecida pela concessionária de energia elétrica, que somente liga a caixa de entrada ao poste externo se houver uma has- te de aterramento padrão dentro do ambiente do usuário. Além disso, a concessionária também exige dois disjuntores de proteção. Teoricamente, o terminal neutro da concessionária deve ter potencial igual a zero volt. Porém, devido ao des- balanceamento nas fases do transfor- mador de distribuição, é comum esse terminal tender a assumir potenciais diferentes de zero. O desbalanceamento de fases ocorre quando temos consumidores com necessidades de potências mui- to distintas, ligadas em um mesmo link. Por exemplo, um transformador ali- menta, em um setor seu, uma residên- cia comum, e no outro setor, um pe- queno supermercado. Essa diferença de demanda, em um mesmo link, pode fazer com que o neutro varie seu po- tencial (flutue) . Para evitar que esse potencial “flu- tue”, ligamos (logo na entrada) o fio neutro a uma haste de terra. Sendo assim, qualquer potencial que tender a aparecer será escoado para a terra. Ainda analisando a figura 1 , ve- mos que o PC está ligado em 110 VCA, pois utiliza uma fase e o neutro. ATERRAMENTO ELÉTRICO Fig. 1 - Ligação de um PC à rede elétrica. Alexandre Capelli SABER ELETRÔNICA Nº 329/JUNHO/200056Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
  • 2. Mas, ao mesmo tempo, ligamos sua carcaça através de outro condutor na mesma haste, e damos o nome des- se condutor de “terra”. Pergunta “fatídica”: Se o neutro e o terra estão conectados ao mesmo ponto (haste de aterramento), porque um é chamado de terra e o outro de neutro? Aqui vai a primeira definição : o neutro é um “condutor” fornecido pela concessionária de energia elétrica, pelo qual há o “retorno” da corrente elétrica. O terra é um condutor construído através de uma haste metálica e que , em situações normais, não deve pos- suir corrente elétrica circulante. Resumindo: A grande diferença entre terra e neutro é que, pelo neutro há corrente circulando, e pelo terra, não. Quando houver alguma corrente circulando pelo terra, normalmente ela deverá ser transitória, isto é, desviar uma descarga atmosférica para a ter- ra, por exemplo. O fio terra, por nor- ma, vem identificado pelas letras PE, e deve ser de cor verde e amarela. Notem ainda que ele está ligado à carcaça do PC. A carcaça do PC, ou de qualquer outro equipamento é o que chamamos de “massa”. 4 – TIPOS DE ATERRAMENTO A ABNT ( Associação Brasileira de Normas Técnicas ) possui uma nor- ma que rege o campo de instalações elétricas em baixa tensão. Essa nor- ma é a NBR 5410, a qual, como todas as demais normas da ABNT, possui subseções. As subseções : 6.3.3.1.1, 6.3.3.1.2, e 6.3.3.1.3 referem-se aos possíveis sistemas de aterramento que podem ser feitos na indústria. Os três sistemas da NBR 5410 mais utilizados na indústria são : a – Sistema TN-S : Notem pela figura 2 que temos o secundário de um transformador ( ca- bine primária trifásica ) ligado em Y.O neutro é aterrado logo na entrada, e levado até a carga . Paralelamente , outro condutor identificado como PE é utilizado como fio terra , e é conectado à carcaça (massa) do equi- pamento. b – Sistema TN-C: Esse sistema, embora normaliza- do, não é aconselhável, pois o fio ter- ra e o neutro são constituídos pelo mesmo condutor.Dessa vez, sua iden- tificação é PEN ( e não PE, como o anterior ). Podemos notar pela figura 3 que, após o neutro ser aterrado na entrada, ele próprio é ligado ao neu- tro e à massa do equipamento. c – Sistema TT : Esse sistema é o mais eficiente de todos. Na figura 4 vemos que o neutro é aterrado logo na entrada e segue (como neutro) até a carga ( equipamento). A massa do equipa- mento é aterrada com uma haste pró- pria, independente da haste de aterramento do neutro. O leitor pode estar pensando : “ Mas qual desses sistemas devo utili- zar na prática?” Geralmente, o próprio fabricante do equipamento especifica qual sis- tema é melhor para sua máquina, po- rém, como regra geral, temos : a ) Sempre que possível, optar pelo sistema TT em 1º lugar. b ) Caso, por razões operacionais e estruturais do local, não seja possí- vel o sistema TT, optar pelo sistema TN-S. c ) Somente optar pelo sistemaTN- C em último caso, isto é, quando real- mente for impossível estabelecer qual- quer um dos dois sistemas anteriores. 5 – PROCEDIMENTOS Os cálculos e variáveis para dimensionar um aterramento podem ser considerados assuntos para “pós – graduação em Engenharia Elétrica”. A resistividade e tipo do solo, geome- tria e constituição da haste de aterramento, formato em que as has- tes são distribuídas, são alguns dos fatores que influenciam o valor da re- sistência do aterramento. Como não podemos abordar tudo isso em um único artigo, daremos al- gumas “dicas” que, com certeza, irão ajudar: a ) Haste de aterramento: A haste de aterramento normal- mente, é feita de uma alma de aço revestida de cobre. Seu comprimento pode variar de 1,5 a 4,0m. As de 2,5m são as mais utilizadas, pois diminuem o risco de atingirem dutos subterrâne- os em sua instalação. b ) O valor ideal para um bom aterramento deve ser menor ou igual a 5Ω.Dependendo da química do solo (quantidade de água, salinidade, Fig. 2 - Sistema TN-S. Fig. 3 - Sistema TN-C. 57SABER ELETRÔNICA Nº 329/JUNHO/2000Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
  • 3. alcalinidade, etc.), mais de uma haste pode se fazer necessária para nos aproximarmos desse valor. Caso isso ocorra, existem duas possibilidades: tratamento químico do solo (que será analisado mais adiante), e o agrupa- mento de barras em paralelo. Uma boa regra para agruparem-se barras é a da formação de polígonos. A figura 5 mostra alguns passos. No- tem que, quanto maior o número de barras, mais próximo a um círculo fi- camos. Outra regra no agrupamento de barras é manter sempre a distân- cia entre elas, o mais próximo possí- vel do comprimento de uma barra. É bom lembrar ao leitor que essas são regras práticas. Como dissemos anteriormente, o dimensionamento do aterramento é complexo, e repleto de cálculos. Para um trabalho mais pre- ciso e científico, o leitor deve consul- tar uma literatura própria. 6 -TRATAMENTO QUÍMICO DO SOLO Como já observamos, a resistên- cia do terra depende muito da consti- tuição química do solo. Muitas vezes, o aumento de núme- ro de“barras”de aterramento não con- segue diminuir a resistência do terra significativamente. Somente nessa si- tuação devemos pensar em tratar qui- micamente o solo. O tratamento químico tem uma grande desvantagem em relação ao aumento do número de hastes, pois a terra, aos poucos, absorve os elemen- tos adicionados.Com o passar do tem- po, sua resistência volta a aumentar, portanto, essa alternativa deve ser o último recurso. Temos vários produtos que podem ser colocados no solo antes ou depois da instalação da haste para diminuir- mos a resistividade do solo. A Bentonita e o Gel são os mais utiliza- dos. De qualquer forma, o produto a ser utilizado para essa finalidade deve ter as seguintes características : - Não ser tóxico - Deve reter umidade - Bom condutor de eletricidade - Ter pH alcalino (não corrosivo) - Não deve ser solúvel em água Uma observação importante no que se refere a instalação em baixa tensão é a proibição (por norma) de tratamento químico do solo para equi- pamentos a serem instalados em lo- cais de acesso público (colunas de semáforos, caixas telefônicas, controladores de tráfego, etc...). Essa medida visa a segurança das pesso- as nesses locais. 7 - MEDINDO O TERRA O instrumento clássico para medir- se a resistência do terra é o terrôme- tro. Esse instrumento possui 2 hastes de referência, que servem como divi- sores resistivos conforme a figura 6 . Na verdade, o terrômetro “injeta” uma corrente pela terra que é trans- formada em “quedas” de tensão pe- los resistores formados pelas hastes de referência , e pela própria haste de terra. Através do valor dessa queda de tensão, o mostrador é calibrado para indicar o valor ôhmico da resistência do terra. Uma grande dificuldade na utiliza- ção desse instrumento é achar um lo- cal apropriado para instalar as hastes de referência. Normalmente, o chão das fábricas são concretados, e , com certeza, fazer dois “ buracos” no chão ( muitas vezes até já pintado ) não é algo agradável . Infelizmente, caso haja a necessi- dade de medir – se o terra , não te- mos outra opção a não ser essa. Mas, podemos ter uma idéia sobre o esta- do em que ele se encontra , sem medi–lo propriamente. A figura 7 mostra esse “ truque”. Em primeiro lugar escolhemos uma fase qualquer, e a conectamos a um pólo de uma lâmpada elétrica co- mum. Em segundo lugar, ligamos o outro pólo da lâmpada na haste de terra que estamos analisando. Quan- to mais próximo do normal for o brilho da lâmpada , mais baixa é a resistên- cia de terra . Fig. 4 - Sistema TT Fig. 5 - Agrupamento de barras em paralelo. Fig. 6 - Terrômetro. SABER ELETRÔNICA Nº 329/JUNHO/200058 Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
  • 4. Caso o leitor queira ser mais pre- ciso , imaginem um exemplo de uma lâmpada de 110 volts por 100 W . Ao fazer esse teste em uma rede de 110 V com essa lâmpada , podemos me- dir a corrente elétrica que circula por ela. Para um “terra” considerado razo- ável , essa corrente deve estar acima de 600 mA . Cabe lembrar ao leitor que , essa prática é apenas um artifício ( para não dizer macete ) com o qual podemos ter uma idéia das condições gerais do aterramento. Em hipótese alguma esse método pode ser utilizado para a determinação de um valor preciso. 8 - IMPLICAÇÕES DE UM MAU ATERRAMENTO Ao contrário do que muitos pen- sam , os problemas que um aterra- mento deficiente pode causar não se limitam apenas aos aspectos de se- gurança . É bem verdade que os principais efeitos de uma máquina mal aterrada são choques elétricos ao operador , e resposta lenta (ou ausente) dos sis- temas de proteção (fusíveis, disjun- tores , etc...). Mas outros problemas operacio- nais podem ter origem no aterramento deficiente. Abaixo segue uma pequena lista do que já observamos em campo. Caso alguém se identifique com algum desses problemas, e ainda não che- cou seu aterramento, está aí a dica: - Quebra de comunicação entre máquina e PC ( CPL, CNC, etc... ) em modo on-line.Principalmente se o pro- tocolo de comunicação for RS 232. - Excesso de EMI gerado ( interfe- rências eletromagnéticas ) . - Aquecimento anormal das etapas de potência ( inversores, conversores, etc... ) , e motorização. - Em caso de computadores pes- soais, funcionamento irregular com constantes “travamentos”. - Falhas intermitentes, que não seguem um padrão. - Queima de CI’s ou placas eletrô- nicas sem razão aparente , mesmo sendo elas novas e confiáveis. - Para equipamentos com monitores de vídeo, interferências na imagem e ondulações podem ocorrer. CONCLUSÃO Antes de executarmos qualquer trabalho (projeto, manutenção, ins- talação, etc...) na área eletroele- trônica, devemos observar todas as normas técnicas envolvidas no pro- cesso. Somente assim poderemos re- alizar um trabalho eficiente, e sem problemas de natureza legal. Atualmente, com os programas de qualidade das empresas, ape- nas um serviço bem feito não é su- ficiente. Laudos técnicos, e docu- mentação adequada também são elementos integrantes do sistema . Para quem estiver preparado, a consultoria de serviços de instala- ções em baixa – tensão é um mer- cado, no mínimo, interessante . Até a próxima ! n Fig. 7 - Verificação do estado do "terra". 59SABER ELETRÔNICA Nº 329/JUNHO/2000 Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
  • 5. TIPOS DE ELEMENTOS PARA ATERRAMENTO As características químicas do solo (teor de água , quantidade de sais , etc...) influem diretamente sobre o modo como escolhemos o eletrodo de aterramento. Os eletrodos mais utili- zados na prática são: hastes de aterramento, malhas de aterramento e estruturas metálicas das fundações de concreto. Haste de aterramento A haste pode ser encontrada em vários tamanhos e diâmetros . O mais comum é a haste de 2,5 m por 0,5 po- legada de diâmetro. Não é raro , po- rém, encontrarmos hastes com 4,0 m de comprimento por 1 polegada de diâmetro. Cabe lembrar que, quanto maior a haste , mais riscos corremos de atingir dutos subterrâneos (telefo- nia , gás , etc...) na hora da sua insta- lação.Normalmente , quando não con- seguimos uma boa resistência de ter- ra (menor que 10 Ω) , agrupamos mais de uma barra em paralelo (vide artigo Saber nº 329). Quanto à haste , pode- mos encontrar no mercado dois tipos básicos: Copperweld (haste com alma de aço revestida de cobre) e Cantoneira (trata-se de uma cantoneira de ferro zincada , ou de alumínio) . Malhas de aterramento A malha de aterramento é indicada para locais cujo solo seja extremamen- te seco. Esse tipo de eletrodo de aterramento, normalmente, é instala- do antes da montagem do contra-piso do prédio, e se estende por quase toda a área da construção. A malha de aterramento é feita de cobre, e sua “janela” interna pode variar de tama- nho dependendo da aplicação, porém a mais comum está mostrada na fi- gura 1 . ATERRAMENTO Na revista Saber Eletrônica nº 329 , edição de maio , iniciamos o tema “aterramento elétrico“. Como dissemos no artigo passado , esse assunto vem sendo solicitado por diversos leitores devido às inúmeras dúvidas quanto às normas e procedimentos que deve- mos levar em consideração no aterramento de equipamentos.Para o leitor que não leu o artigo passado , sem dúvida alguma , é fun- damental consultar a primeira parte publicada. PARTE II ELÉTRICO Estruturas metálicas Muitas instalações utilizam as fer- ragens da estrutura da construção como eletrodo de aterramento elétri- co. (figura 2). Figura 1 Figura 2 Mais adiante veremos que, quan- do isso vier a ocorrer, deveremos to- mar certos cuidados. Resumindo, qualquer que seja o eletrodo de aterramento (haste, ma- lha, ou ferragens da estrutura), ele deve ter as seguintes características gerais: Alexandre Capelli SABER ELETRÔNICA Nº 330/JULHO/200014Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
  • 6. - Ser bom condutor de eletricidade. - Ter resistência mecânica adequada ao esforço a que está submetido. - Não reagir (oxidar) quimicamente com o solo. PROBLEMAS COM ATERRAMENTO ELÉTRICO LIGADO AO “PÁRA – RAIOS” Tanto os locais que empregam ma- lha de aterramento ou as estruturas prediais, como terra, normalmente apresentam um inconveniente que pode ser extremamente perigoso : a conexão com o pára – raios . Notem pela figura 3, que temos um exemplo de uma malha de terra ligada ao pára – raios , e também aos demais equipamentos eletroele- trônicos. Essa é uma prática que de- vemos evitar ao máximo, pois nunca podemos prever a magnitude da po- tência que um raio pode atingir. De- pendendo das condições, o fio terra poderá não ser suficiente para absor- ver toda a energia, e os equipamen- tos que estão junto a ele podem so- frer o impacto (figura 4) . Portanto, nunca devemos compartilhar o fio ter- ra de pára – raios com qualquer equi- pamento eletroeletrônico. TRATAMENTO QUÍMICO DO SOLO Um aterramento elétrico é consi- derado satisfatório quando sua resis- tência encontra-se abaixo dos 10 Ω. Quando não conseguimos esse valor, podemos mudar o número ou o tipo de eletrodo de aterramento. No caso de haste, podemos mudá-la para canaleta (onde a área de contato com o solo é maior) , ou ainda agruparmos mais de uma barra para o mesmo ter- ra. Caso isso não seja suficiente, po- demos pensar em uma malha de aterramento. Mas imaginem um solo tão seco que, mesmo com todas es- sas técnicas, ainda não seja possível chegar-se aos 10 Ω. Nesse caso a única alternativa é o tratamento químico do solo. O trata- mento do solo tem como objetivo al- terar sua constituição química, aumen- tando o teor de água e sal e, conse- quentemente, melhorando sua condutividade. O tratamento químico deve ser o último recurso, visto que Figura 3 Figura 4 15SABER ELETRÔNICA Nº 330/JULHO/2000Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
  • 7. sua durabilidade não é indeterminada. O produto mais utilizado para esse tra- tamento é o Erico - gel , e os passos para essa técnica são os seguintes : 1º passo : Cavar um buraco com aproximadamente 50 cm de diâmetro, por 50 cm de profundidade ao redor da haste. 2º passo : Misturar metade da ter- ra retirada , com Erico – gel. 3º passo : Jogar a mistura dentro do buraco. 4º passo : Jogar, aproximadamen- te , 25 l de água na mistura que está no buraco. 5º passo: Misturar tudo novamente. 6º passo :Tampar tudo com a terra “virgem” que sobrou. Podemos encontrar no mercado outros tipos de produtos para o trata- mento químico (Bentonita , Earthron , etc.), porém o Erico – gel é um dos mais modernos.Suas principais carac- terísticas são: Ph alcalino (não corro- sivo), baixa resistividade elétrica, não é tóxico, não é solúvel em água (re- tém a água no local da haste). BITOLA E CONEXÃO DO FIO TERRA Ter uma boa haste ou um solo fa- vorável não basta para termos um bom aterramento elétrico. As conexões da haste com os cabos de terra , bem como a bitola do cabo terra também contribuem muito para a resistência total de aterramento. No que se refere à bitola do fio ter- ra , ela deve ser a maior possível. Te- mos abaixo uma regra prática que evi- ta desperdícios, e garante um bom aterramento. Para : Sf < 35 mm² → St = 16 mm² Sf ≥ 35 mm² → St = 0,5 Sf Onde : Sf = a seção transversal dos cabos (fios) de alimentação do equipamen- to (fases). St = a seção transversal do fio terra. Notem que para diâmetros inferio- res a 35 mm² para as fases , temos o fio terra de 16 mm² . Já para diâme- tros iguais ou acima de 35 mm², o fio terra deverá ter seção transversal igual à metade da seção dos cabos de ali- mentação. Quanto à conexões , devemos op- tar em 1º lugar pela fixação por solda do fio terra à haste . Isso evita o au- mento da resistência do terra por oxi- dação de contato . Caso isso não seja possível, po- deremos utilizar anéis de fixação com parafusos. Nesse caso porém , é con- veniente que a conexão fique sobre o solo , e dentro de uma caixa de inspe- ção. CONCLUSÃO Embora o aterramento elétrico seja um assunto extremamente vasto e complexo , acreditamos ter fornecido, através desses dois artigos , elemen- tos suficientes para que o leitor possa compreender melhor, e até mesmo construir, seu próprio sistema de aterramento. Lembre – se , porém , que o aterra- mento está normalizado pela ABNT através da NBR 5410. É aconselhável , antes de execu- tar qualquer trabalho em baixa ten- são , ler atentamente essa norma. n 6 5 1 2 3 4 SABER ELETRÔNICA Nº 330/JULHO/200016 www.sabereletronica.com.br www.sabereletronica.com.br www.sabereletronica.com.br PROCURANDO INFORMAÇÃO? Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
  • 8. EMI (Eletromagnetic Interference) Qualquer condutor de eletricidade ao ser percorrido por uma corrente elétrica, gera ao seu redor um campo eletromagnético. Dependendo da fre- qüência e intensidade da corrente elé- trica, esse campo pode ser maior ou menor. Quando sua intensidade ultra- passa determinados valores, ela pode começar a interferir nos outros circui- tos próximos a ele. Esse fenômeno é a EMI. Na verdade, os efeitos da EMI co- meçaram a ser sentidos na 2º Guerra Mundial. As explosões das duas bombas atômicas sobre o Japão irradiaram campos eletromagnéticos tão inten- sos, que as comunicações de rádio na região ficaram comprometidas por várias semanas.Atualmente, os circui- tos chaveados (fontes de alimentação, inversores de freqüência, reatores ele- trônicos, etc. ) são os principais gera- dores de EMI. O “chaveamento” dos transistores (PWM) em freqüências de 2 a 30 kHz geram interferências que podem provocar o mau funcionamen- to de outros circuitos próximos, tais como CPUs, e dispositivos de comu- nicação (principalmente RS 232). Podemos perceber a EMI em rá- dios AM colocados próximos a reato- res eletrônicos de lâmpadas fluores- centes, principalmente nas estações acima dos 1000 KHz. Uma das técni- cas para atenuar a EMI é justamente um bom aterramento elétrico, como veremos a seguir. ATERRAMENTO NA COMUNICA- ÇÃO SERIAL RS 232 Os sistemas de comunicações seriais como RS 232 são especial- mente sensíveis à EMI. A RS 232 uti- liza o terra dos sistemas comunicantes como referência para os sinais de transmissão ( TX ) e recepção ( RX ). Caso haja diferenças de potenciais entre esses terras, a comunicação poderá ser quebrada. Isso ocorre quando o terra utilizado como referên- cia não está dentro do valor ideal (me- nor ou igual a 10 Ω), portanto o fio ter- ra serve como uma “antena” receptora de EMI. Notem, pela figura 1, o dia- grama simplificado do fenômeno. Isso significa que o mau aterra- mento é uma “porta aberta” para que os ruídos elétricos (tais como EMI) entrem no circuito , e causem um fun- cionamento anormal na máquina . ATERRAMENTO PARTE III ELÉTRICO Alexandre Capelli Finalizando o tema “Aterramento Elétrico”, este capítulo fará as considerações finais sobre o assunto abordando agora os aspec- tos eletrônicos. Veremos como o aterramento pode influenciar nos diversos circuitos eletrônicos e, entre eles, na própria comunica- ção RS 232. Estudaremos também um pouco sobre EMI, visto que seu efeito depende em parte da qualidade do aterramento elétrico. Além dis- so, para quem deseja aprofundar-se um pouco mais, segue um pequeno formulário sobre aterramento elétrico. SABER ELETRÔNICA Nº 331/AGOSTO/200010Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.
  • 9. BLINDAGEM ATERRADA Outra técnica para imunizar – se os ruídos elétricos é o aterramento das blindagens. O leitor poderá perceber que todos os circuitos chaveados (fon- tes de alimentação, inversores, etc.), na sua maioria, possuem sua caixa de montagem feita de metal. Essa técni- ca é a blindagem, que também é fabricada em alguns cabos através da malha (“shield”). Na verdade, fisica- mente, essa blindagem é uma gaiola de Faraday. A gaiola de Faraday não permite que cargas elétricas penetrem (ou saiam) do ambiente em que estão confinadas. Ela torna – se ainda mais eficiente quando aterrada. O próprio PC possui sua carcaça metálica, e li- gada ao terminal terra. Quando não aterramos a carcaça de qualquer equi- pamento, comprometemos não so- mente a segurança do usuário, como também contribuímos para a propaga- ção de EMI . TERRA COMPARTILHADO Devemos evitar ao máximo a liga- ção de muitas máquinas em um mes- mo fio terra. Quanto maior for o nú- mero de sistemas compartilhados no mesmo terra, maiores serão as chances de um equipamento interfe- rir no outro (figura 2 ). Isso ocorre porque as amplitudes dos ruídos podem se somar e ultra- passar a capacidade de absorção do terra. Obviamente esse problema sur- ge com maior freqüência para um fio terra que não tenha uma boa resis- tência de aterramento.Para as máqui- nas que possuem seu terra tratado quimicamente, ele não deve ser com- partilhado com outras. Cabe lembrar que o tratamento químico , ao longo do tempo, perde sua eficiência . FORMULÁRIO Até agora abordamos o aterramen- to elétrico de uma forma genérica e prática. Como já dissemos anterior- mente, este assunto é bastante vasto e complexo. O estudo profundo do aterramento envolve um número mui- to grande de fórmulas um tanto quan- to complicadas. De qualquer modo , seguem abaixo algumas fórmulas bá- sicas, que podem ser úteis para um cálculo prévio à instalação do aterramento elétrico. a) Resistência de uma haste Rhaste = ρa ln( 4L/d) Ω. 2πL onde : ρa = resistividade do solo (Ω.m.) L = comprimento da haste (m) , e d= diâmetro da haste (m). b) Resistência equivalente à asso- ciação de hastes em paralelo Req= K. Rhaste Onde : Req = resistência equivalente (Ω). Rhaste =resistência das hastes (Ω). K = fator de redução (depende do solo, e geometria da haste). c) Resistência da malha de aterramento R = (ρa/4) . π/ Amalha Onde : R = resistência da malha (Ω). ρa = resistividade do solo ( Ω . m ). A = área da malha (m2). d)Determinação da janela da malha D=C/20f Onde : C = velocidade da luz = 300.000.000 m/s. f = freqüência (Hz). D = janela da malha (m) . CONCLUSÃO Com estas “dicas” finais, somadas às técnicas de aterramento exploradas nos dois artigos anteriores, acredita- mos que o leitor já esteja preparado para analisar o sistema de aterramen- to da sua empresa.Fazer uma “checa- gem” completa do sistema de aterra- mento é extremamente “saudável” para os diversos equipamentos da ins- talação. Nunca se esqueçam, porém, que todo o trabalho em baixa tensão deve ser feito obedecendo às normas técnicas descritas pela NBR 5410. Oportunamente voltaremos a abor- dar este tema "Aterramento" e pedi- mos a todos os leitores que enviem suas críticas referentes aos artigos já publicados, e sugestões para próxi- mos assuntos a serem abordados. n D D 11SABER ELETRÔNICA Nº 331/AGOSTO/2000Please purchase PDF Split-Merge on www.verypdf.com to remove this watermark.