O dólar atingiu o maior nível desde abril de 2009, mesmo com intervenções do Banco Central. Especialistas apontam que investidores estrangeiros não estão confiantes na economia brasileira devido à inflação e dados fracos da China. Algumas medidas do governo, como zerar o IOF, não foram suficientes para aumentar a entrada de dólares no país. Há expectativa de novas ações, como remover o IOF sobre derivativos.
OS DESAFIOS DO GOVERNO BRASILEIRO PARA BARRAR A INFLAÇÃO E CONTROLAR O DÓLAR
1. PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma
padrão da língua portuguesa sobre o tema OS DESAFIOS DO GOVERNO
BRASILEIRO PARA BARRAR A INFLAÇÃO, apresentando proposta de
intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma
coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Texto I
BC atua, mas dólar tem maior nível desde abril de 2009
Para especialista em câmbio, o investidor externo não está muito confiante com a
economia nacional
O dólar voltou a fechar em alta ante o real nesta segunda-feira, 10, a despeito das
medidas mais recentes do governo para atrair capital externo e das atuações do Banco
Central (BC). Pouco depois do meio-dia, a moeda norte-americana alcançou R$ 2,16 no
mercado à vista de balcão, intensificando as preocupações com a inflação, o que fez o
BC anunciar, em sequência, dois leilões de swap cambial (equivalente à venda de
dólares no mercado futuro).
Com as operações, a autoridade monetária conseguiu segurar o avanço da moeda, mas
apenas momentaneamente. No fim do dia, o dólar à vista fechou com elevação de
0,56%, cotado a R$ 2,1480. É o maior patamar desde 30 de abril de 2009, quando a
moeda encerrou em R$ 2,1880. No ano, a divisa dos EUA acumula alta de 5,04% ante o
real.
Na máxima, verificada às 12h04, o dólar atingiu alta de 1,12% e era cotado a R$ 2,1600
no balcão. Na mínima, após os dois leilões do BC, marcou R$ 2,1340, em leve queda de
0,09%. Perto das 16h30, a clearing de câmbio da BM&F registrava giro financeiro de
US$ 1,446 bilhão. O dólar pronto da BM&F teve alta de 0,37%, para R$ 2,1460, com
apenas 16 negócios. No mercado futuro, o dólar para julho era cotado a R$ 2,1550, em
alta de 0,63%.
Pela manhã, o dólar apontava forte alta ante o real, após o anúncio da aceleração da
inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) na primeira prévia de
junho (0,43%, ante 0,03% da primeira prévia de maio) e da divulgação de indicadores
fracos de importação e exportação na China. As preocupações com a inflação e com a
economia chinesa - forte compradora de commodities - reforçaram a percepção de que a
2. economia brasileira vai mal. Profissionais lembraram que, na semana passada, a agência
de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) já havia reduzido a perspectiva de
rating do Brasil e de várias empresas do País.
Ao mesmo tempo, as medidas do governo - entre elas, a zeragem do Imposto sobre
Operações Financeiras (IOF) para investimentos de estrangeiros em renda fixa - ainda
não elevaram a entrada de dólares no País. Ao contrário, profissionais citaram, na
semana passada, que investidores em renda fixa estavam aproveitando a mudança para
retirar recursos para, no futuro, voltar sem precisar pagar impostos.
"Potencialmente para o Brasil, a gente esperava que a redução do IOF gerasse um
impacto maior (de entrada de dólares), porque você tem, aliado à isenção de imposto, a
alta da Selic", comentou Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora.
"Mas parece que o investidor não está muito confiante, ainda mais que teve a redução
da perspectiva de rating do Brasil."
João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora, acrescentou
que "o BC mostrou que não quer um dólar acima de R$ 2,15, porque nós temos um
problema sério, que é a inflação. Ele fez dois leilões hoje por conta disso, mas a
desconfiança em relação ao País faz a alta do dólar persistir."
No exterior, a S&P revisou a perspectiva do rating AA+ dos EUA de negativa para
estável. A notícia fez o dólar ganhar força ante outras divisas.
Fonte:
http://www.istoe.com.br/reportagens/305764_BC+ATUA+MAS+DOLAR+TEM+MAIOR+NI
VEL+DESDE+ABRIL+DE+2009?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
Texto II
Mercado cogita novas ações do governo para frear alta do dólar
Uma delas é o fim do IOF para investimento estrangeiro em derivativos. Moeda
americana bateu 2,16 reais nesta segunda-feira, mesmo com duas intervenções do
BC para impedir o avanço da moeda
Dólar: moeda bate 2,16 reais nesta segunda-feira (Divulgação)
O dólar fechou cotado a 2,14 reais nesta segunda-feira, depois de bater 2,16, a maior
cotação desde abril de 2009, mesmo após dois leilões de venda da moeda americana
pelo Banco Central do Brasil. A subida corrobora a tendência de alta do dólar ante a
expectativa de mudança da política monetária dos Estados Unidos - o Federal Reserve
cogita reduzir seu programa de recompra de títulos públicos e tal movimento poderá
3. reduzir a liquidez no mercado financeiro global. Diante de tal cenário, não só o real,
mas grande parte das divisas do mundo têm perdido valor ante a moeda americana.
Nesta segunda, todas as moedas latino-americanas perderam valor ante o dólar. A
moeda americana se valorizou 1,5% em relação ao iene e fechou estável em relação ao
euro.
Segundo o jornal The Wall Street Journal, o fortalecimento da moeda americana poderá
pressionar ainda mais o governo brasileiro para que as travas que impedem a entrada de
capital externo no país, via mercado financeiro, sejam retiradas. Na semana passada, o
ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou o fim do Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa no país. A
alíquota anterior era de 6%. O movimento de retirada das travas remonta ao final de
2012, quando teve início a trajetória de desvalorização do real.
Apesar da recente queda do imposto, ainda há uma alíquota de 1% que incide sobre
operações no mercado de derivativos feitas por investidores estrangeiros. Na última
semana, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, se reuniu com o ministro
Mantega para discutir, entre outros pontos, a questão do IOF. Na saída do Ministério,
falou a jornalistas que a retirada do imposto sobre investimentos em derivativos "seria
positiva para o mercado". Contudo, Pinto evitou se indispor com o governo e afirmou
que o ministro sabia o que fazia.
Na avaliação do economista da Gradual Corretora, André Perfeito, o governo pode até
retirar novas travas do mercado cambial, mas elas surtirão pouco efeito. "Há motivos
domésticos e externos para o real se depreciar. No caso interno, o que mais contribui é a
piora da economia. No cenário externo, a expectativa do fim do quantative easing nos
EUA. Isso significaria aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e pode levar o
capital para lá", afirmou Perfeito.
O economista, contudo, acredita que, devido à imprevisibilidade da atuação do governo,
a queda do IOF não será uma surpresa - mas poderá ser "queima de cartucho". "Como o
cenário interno fraco e o exterior esperando fim dos estímulos dos EUA, o dólar deve se
manter alto. Mexer no câmbio agora é cedo", diz.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/mercado-cogita-nova-retirada-de-iof-
para-frear-alta-do-dolar