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Dr. Sergio Luis dos Santos Lima
                              sergioluslima@gmail.com
                           Universidade de Brasiília – UnB.


     Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância UAB-UnB


Resumo
        O objetivo deste artigo é apresentar os resultados parciais encontrados pela
Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância, mais especificamente os
resultados da etapa de Análise da Demanda.
        Trata-se de um estudo exploratório. Adotou-se a abordagem da Ergonomia
dada a premissa antropocêntrica no sentido de adaptar o ambiente às características
de seu usuário final. A trajetória metodológica utilizada foi a Análise Ergonômica do
Trabalho tal como proposto por Guerin e cols (2001) e composta de três etapas, a
saber: 1) Análise da Demanda; 2) Análise da Tarefa; 3) Análise da Atividade. Para
análise da demanda, os procedimentos utilizados foram as técnicas de grupo focal,
entrevistas abertas e semi-estruturadas, análise heurística e inspeção cognitiva. A
amostra é constituída por 7 (sete) Coordenadores de curso, 2 (dois) Coordenadores de
Pólo, 28 (vinte e oito) Alunos do Pólo de Alto Paraíso, 4 (quatro) Professores, 7 (sete)
Profissionais da Equipe Interna, sendo 2 (dois) da Equipe de Sistemas, 4 (quatro)
Tutores presenciais e 40 Alunos de duas Faculdades do Distrito Federal.
        Assim sendo os recortes da demanda desta Análise Ergonômica da Atividade no
Ensino à Distância são apresentados como questões: (1) qual os problemas de
usabilidade que bloqueiam, dificultam, retardam o processo de navegabilidade no sítio
de Internet da UAB e na Interface da ferramenta Moodle? (2) Há necessidade de
treinamento dos Atores do processo de ensino e aprendizagem a distância? (3) Qual
Formação? (4) Existe necessidade de produção de material? (5) Qual material? (6) Há
necessidade de realização de guias de estudo? (7) Há possibilidade de melhorias nas
Ferramentas interativas? (8) possibilidade de utilização de alguma outra tecnologia?
(9) Quais as condições sócio-técnicas dos pólos? (10) Qual expertise do pólo deve ser
compartilhada? (11) Qual o impacto da EaD/UAB/UnB na comunidade? (12) Qual a
forma de planejamento padrão mínimo para construção da disciplina na plataforma
Moodle? (13) Qual a Familiaridade dos Atores do Processo? (14) Qual a necessidade de
formação da Comunidade?
        Para a próxima etapa da AET, a Análise da Tarefa, será necessária uma
Avaliação Heurística com profissionais de distintas formações, bem como será foco a
definição dos aspectos a serem verificados na Análise da Atividade de interação. Será o
escopo da Análise da Tarefa também a identificação das melhores práticas de campus
virtuais a fim de subsidiar a estratégia de presença on line, a matriz de escopo bem
como a hierarquização do conteúdo e a Macroarquitetura de Informação. Documentos
estes que serão validados na etapa de Análise da Atividade.

Palavras Chaves: Ensino a Distância, UAB/UnB, Análise Ergonômica do Trabalho,
Análise da Demanda.
1. Introdução

       Presenciamos a inserção de uma tecnologia de rompimento na sociedade: a
Internet. A Internet é um meio de comunicação que causa um impacto na sociedade
ao revolucionar a forma e a amplitude de como nos comunicamos e interagimos.
Possui um poderoso potencial didático. É um ambiente não linear que tem uma cultura
peculiar. De acordo com Filho (2000) é possível assegurar que a Internet representa
um clássico exemplo de tecnologia de rompimento e, como toda a inovação desta
magnitude, provoca uma reorganização da humanidade, o que atualmente está a
acontecer. Inclusive na Educação.

       Devido a isso organizações educacionais têm se interessado em estabelecer as
estratégias de presença neste universo virtual. Entretanto, as variáveis que interferem
nos processos mentais do aluno, tanto os cognitivos quanto os psíquicos envolvidos na
atividade de Ensino a Distância são, ainda, mal conhecidas. Bem como são também
mal conhecidas as variáveis ambientais e sociais que interferem neste Ensino a
Distância.

       Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados parciais encontrados
na Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância, mais especificamente os
resultados da etapa de Análise da Demanda. Os objetivos específicos desta Análise
Ergonômica da Atividade são: (a) obter diagnóstico sobre a interatividade no EAD, (b)
analisar a necessidade de formação dos Atores no processo, c) analisar e identificar os
modos operatórios empregados pelos usuários finais, d) identificar os problemas de
usabilidade que bloqueiem, dificultem e/ou retardem o processo de navegabilidade no
sítio de internet da UAB (Figura 1) e na interface do Moodle (Figura 2), e) propor
recomendações para otimização da interatividade entre os Atores no processo e nas
interfaces, f) identificar as melhores práticas de campus virtuais, g) incentivar o
protagonismo (estratégia wiki), h) propor uma estratégia de presença on line, i) propor
macroarquitetura e por fim j) produzir conhecimento acerca da atividade de Ensino a
Distância.




                                                                                     2
Figura 1- Interface da Plataforma Moodle.




Figura 2 – Interface da UABUnB.




                                            3
2. Referencial Teórico

         Se a internet é uma tecnologia de rompimento que esta a revolucionar diversos
extratos da sociedade, dentre elas o ensino, uma pergunta salta aos olhos do
pesquisador: o que caracterizaria essa revolução no Ensino a Distância? A resposta: o
aluno intervir de maneira ativa na constituição do ensino e da aprendizagem,
tornando-os uma construção e um processo social de concepção e de inovação. Essa
integração da interatividade na produção é denominada pelos brilhantes filósofos
italianos: Lazzarato e Negri, de trabalho imaterial. Ou seja, aquele que ativa e organiza
a relação interativa. Essa ativação é materializada dentro e por meio do processo
comunicativo. É o trabalho que inova continuamente as formas e condições da
comunicação. Dá molde e materializa as necessidades, o imaginário e os gostos do
aluno.

         Uma particularidade do que é produzido por esse trabalho está no fato de que
ele não se destrói no ato de interatividade, mas alarga, transforma, cria o ambiente
ideológico e cultural do aluno. Assim, produz acima de tudo uma relação social (uma
relação social de inovação, de produção, de interação). Nesse contorno de produção
de relação social, a “matéria-prima” do trabalho imaterial é a subjetividade do usuário
final e o “ambiente ideológico” na qual a subjetividade vive e se reproduz: a interface.

         Ao avaliar interfaces já existentes percebe-se, com freqüência, a fragilidade
destas. Em geral, os usuários ocupam um lugar secundário no processo de concepção,
predominando uma visão voltada para o aspecto técnico de programação. Muitas
vezes, observa-se que estes “sofrem” durante a interação e que por este motivo
desistem de utilizá-los e fracassam em seu trabalho. Outro aspecto constatado, é a
elevada taxa de erros durante a utilização, em função da interface possuir na sua
estrutura componentes que solicitam do usuário uma carga cognitiva elevada. A
conjugação desses fatores leva uma parcela significativa da população a terem
constrangimentos na interatividade.




                                                                                           4
Os estudos nesta área são recentes indicando a relevância atual do tema e
justificando a carência de literatura que aborde estas questões, bem como que
relacionem a navegabilidade (usabilidade) na interface, o contexto sócio técnico e às
características e necessidades de seus usuários finais, sua subjetividade, como acessam
as informações, o tempo de resposta, as principais dificuldades para o entendimento
da lógica envolvida no processo de interação do sistema, dentre outros.

       Usabilidade, segundo a norma internacional ISO 9241 - que trata das
recomendações ergonômicas - é a capacidade que apresenta um sistema interativo de
ser operado, de maneira eficaz, eficiente e agradável, em um determinado contexto de
operação, para a realização das tarefas de seus usuários. Por sua vez, a navegabilidade,
de acordo com Silvino (2004), é compreendida em função da usabilidade que o site
apresenta, bem como pelas representações das pessoas, suas estratégias de resolução
de problemas e de como o processo decisório é constituído. Esse conceito remete
tanto a uma dimensão extrínseca como intrínseca. De acordo com Senach (1993) a
dimensão intrínseca é referente à lógica estrutural do sistema. É orientada para as
características técnicas e funcionais da interface em termos de coerência interna de
funcionamento e de suas propriedades físicas e gráficas que estruturam a organização
e apresentação das informações. E a dimensão extrínseca é ligada à adequação da
interface à situação, às exigências técnicas da tarefa e aos objetivos, experiências e
características dos usuários.

       O fio condutor da análise intrínseca são os critérios ergonômicos para a
qualidade da interação. O primeiro estudo sobre critérios ergonômicos na concepção
de interface foi proposto por Scapin (1986). Ele organizou os critérios ergonômicos em
8 categorias: 1. Compatibilidade; 2. Homogeneidade;3. Concisão; 4. Flexibilidade; 5.
Orientação e feedback; 6. Carga de Informação; 7. Controle explícito; 8. Gestão de
erros. Em 1990, Scapin elabora uma lista de critérios ergonômicos comportando três
níveis, o primeiro nível constitui-se de oito critérios principais decompondo-se em
outros dois níveis de critérios, os critérios elementares. No total a lista contém dezoito
critérios assim descritos:




                                                                                        5
1.Orientação.

       1.1.Condução.

       1.2.Grupamento/ Distinção entre Itens.

                1.2.1.Grupamento/ Distinção por Localização.

                1.2.2.Grupamento/ Distinção por Formato.

       1.3 Feedback Imediato.

       1.4 Clareza (Legibilidade).

2. Carga de Trabalho.

   2.1. Brevidade.

          2.1.1. Concisão.

          2.1.2. Ações Mínimas.

   2.2. Carga Mental.

3. Controle Explícito.

   3.1. Ações Explícitas.

   3.2. Controle do Usuário.

4. Adaptabilidade.

   4.1. Flexibilidade.

   4.2. Consideração a Experiência do Usuário.

5. Gestão de Erros.

   5.1. Proteção Contra os Erros.

   5.2. Mensagens de Erros.

   5.3. Correção de Erros.

6. Homogeneidade/ Consistência.

7. Significado dos Códigos.

8. Compatibilidade.


                                                               6
Bastien (1991) valida os critérios ergonômicos para avaliação da interface,
identifica as categorias, define e justifica os critérios e as categorias dos critérios.

       1. Orientação – refere-se ao conjunto de meios empregados para aconselhar,
informar e conduzir o usuário na interação com o         COMPUTADOR.   Justificativa: uma boa
orientação facilita a aprendizagem e a utilização do sistema, permitindo que o usuário
tenha conhecimento, a qualquer momento, de onde se encontra na seqüência da
interação ou na execução de uma tarefa. A facilidade de aprendizagem e de utilização
permite um melhor desempenho e ocasiona menos erros.

       1.1. Condução – corresponde aos meios utilizados para levar o usuário a
realizar determinadas ações. A condução diz respeito às informações que permitem ao
usuário identificar o estado ou contexto no qual ele se encontra, bem como às ações
possíveis e como acioná-las; às ajudas disponíveis e aos formatos de entradas de
dados. A Figura 3 ilustra um exemplo de condução.                 O usuário, ao utilizar o
Powerpoint, sabe exatamente onde ele se encontra na interação e quais opções de
ação possui.




                       Figura 3 – Exemplo de condução.


       Justificativa: uma boa condução guia o usuário e lhe poupa, por exemplo, o
aprendizado de uma série de comandos. Ela permite, também, que o usuário saiba em
que modo ou em que estado ele está, onde ele se encontra no diálogo e o que ele fez
para se encontrar nessa situação. Uma boa condução facilita a navegação no aplicativo
e diminui a ocorrência de erros.


                                                                                           7
1.2. Grupamento/ Distinção entre Itens:

       1.2.1. Grupamento/ Distinção por Localização – diz respeito ao posicionamento
relativo dos itens, estabelecido para indicar se eles pertencem ou não a uma dada
classe, ou, ainda, para indicar diferenças entre classes. Esse critério também diz
respeito ao posicionamento relativo dos itens dentro de uma classe. A figura 4
exemplifica esse critério. O pocisionamento dos elementos na tela da interface da
Caixa Econômica Federal denota a similaridade entre as classes de funcionalidade,
facilitando o reconhecimento e a orientação do usuário.




                             Figura 4 – Exemplo de Grupamento/ Distinção entre Itens.

       Justificativa – a compreensão de uma tela pelo usuário depende, entre outras
coisas, da ordenação dos objetos (imagens, textos, comandos, etc.) que são
apresentados. Os usuários irão detectar os diferentes itens mais facilmente se eles
forem apresentados de uma forma organizada (em ordem alfabética, freqüência de
uso, etc.). Além disso, a aprendizagem e a recuperação de itens serão melhoradas.

       1.2.2. Grupamento/ Distinção por Formato – diz respeito mais especificamente
às características gráficas (formato, cor, etc.) que indicam se itens pertencem ou não a
uma dada classe, ou que indicam ainda distinções entre classes diferentes ou
distinções entre itens de uma dada classe. No simulador de financiamento de veículos
do Unibanco, os diferentes tipos de elementos na interface, na figura 5 indicados pelas



                                                                                        8
setas verdes, são visualmente distintos uns dos outros transmitindo associações e
diferenças entre as funcionalidades.




                            Figura 5 – Exemplo de Grupamento/ Distinção por Formato.



       Justificativa: será mais fácil para o usuário perceber relacionamento(s) entre
itens ou classes de itens, se diferentes formatos ou diferentes códigos ilustrarem suas
similaridades ou diferenças. Tais relacionamentos serão mais fáceis de aprender e de
lembrar.

       1.3. Feedback Imediato – refere-se às respostas do sistema consecutivas às
ações do usuário, as quais devem ser fornecidas, de forma rápida, com passo (timing)
apropriado e consistente para cada tipo de transação solicitada e seu resultado. Na
figura 6, ao realizar um download no site da Caixa Econômica Federal, é fornecido um
feedback imediato da operação. No segundo exemplo é ilustrado, na mesma figura,
um bradcrumb da interação indicando a profundidade e a hierarquia do site da Caixa.
Trata-se de uma excelente prática de usabilidade que contempla tanto o critério de
feedback imediato quanto o critério de condução.




                                                                                       9
Figura 6 – Exemplos de Feedback Imediato.



       Justificativa: a qualidade e a rapidez do feedback são dois fatores importantes
para estabelecer a satisfação e a confiança do usuário, assim como a compreensão do
diálogo. Esses fatores possibilitam que o usuário tenha uma boa representação do
sistema. Respostas lentas freqüentemente ocasionam ações que podem ser fontes de
erros. Quando o sistema está em curso de operação o usuário deve ser informado. A
ausência de feedback ou sua demora podem ser desconcertantes para o usuário. Os
usuários podem suspeitar de uma falha no sistema e podem realizar ações prejudiciais
para os processos em andamento.

       1.4. Clareza (Legibilidade) – refere-se às características lexicais das informações
apresentadas na tela que possam dificultar ou facilitar a leitura dessa informação
(brilho do caractere, contraste letra/fundo, tamanho da fonte, espaçamento entre
palavras, espaçamento entre linhas, espaçamento de parágrafos, comprimento da
linha, etc.). A figura 7, no site do Governo Federal, ilustra um exemplo de um contraste
negativo de letra/fundo que prejudica a legibilidade na interface, em outras palavras,



                                                                                       10
letras escuras em um fundo claro são mais fáceis de ler que letras claras em um fundo
escuro.




                                Figura 7 – Exemplo de Clareza (Legibilidade).



       Justificativa: o desempenho melhora quando a apresentação da informação
leva em conta as características cognitivas e perceptivas dos usuários. Uma boa clareza
(legibilidade) facilita a leitura da informação apresentada.

       2.Carga de Trabalho – consiste no conjunto de elementos da interface que
desempenham, para o usuário, um papel na redução de sua carga perceptiva ou
mnemônica e no aumento da eficiência do diálogo. Justificativa: quanto maior a carga
de trabalho, maior os riscos de erros. Da mesma forma, quanto mais o usuário for
distraído por informações não pertinentes, menor será a eficiência da tarefa.

       2.1. Brevidade – refere-se a dois critérios: ações mínimas e concisão.

       2.1.1. Concisão – refere-se à carga de trabalho e nível perceptivo e mnemônico
em relação aos elementos de entrada e de saída. Na figura 8, a tela do terminal de
auto atendimento do Banco do Brasil fornece um feedback em português e outro em
inglês. A tradução, além de desnecessária, constrange os usuários que não possuem o
domínio em língua inglesa.




                                                                                    11
Figura 8 – Exemplo de Concisão.


       Justificativa: a capacidade da memória de trabalho (ou memória de curto termo
– MCT) é limitada. Conseqüentemente, quanto menos entradas, menor serão os riscos
de cometer erros. Além disso, quanto mais sucintos forem os itens, menor será o
tempo de leitura, maior será a eficiência da interação.

       2.1.2. Ações Mínimas - refere-se à carga de trabalho em relação ao número de
ações necessárias à realização de uma tarefa. O que temos aqui é uma questão de
limitar tanto quanto possível o número de passos que o usuário deve empregar. Por
exemplo, na figura 9, ao digitar a primeira letra do nome, o software de enviar e
receber e-mails, minimiza as ações do usuário fornecendo uma lista com os nomes de
seus contatos.




                              Figura 9 – Exemplo de Ações Mínimas.




                                                                                 12
Justificativa: quanto mais numerosas e complexas forem às ações necessárias
para se alcançar um objetivo, a carga de trabalho aumentará e, com ela, a
probabilidade de ocorrências de erros.

2.2. Carga Mental (Densidade Informacional) – refere-se à carga de trabalho no nível
perceptivo e mnemônico no conjunto dos elementos apresentados aos usuários. A
figura 10 ilustra o site do MSN, onde a densidade da informação é muito alta, exigindo
do usuário uma elevada carga percepto-cognitiva.




                            Figura 10 – Exemplo de Densidade Informacional.

       Justificativa: na maioria das tarefas, o desempenho dos usuários piora quando a
carga mental é muito alta ou muito baixa. Nesses casos, é mais provável a ocorrência
de erros. Os itens que não são relacionados à tarefa devem ser removidos. A memória
de curto termo é limitada, portanto a carga de memorização dos usuários deve ser
minimizada. Eles não devem ter que memorizar informações procedimentos
complicados. Não devem, também, ter que executar tarefas cognitivas complexas
quando estas não estão relacionadas com a tarefa em questão.


                                                                                   13
3. Controle Explícito – refere-se ao controle que o usuário tem sobre a interface
e, também, ao caráter explícito de suas ações.

       Justificativa: quando as entradas do usuário são explicitamente definidas, por
eles próprios e sob o seu controle, as ambigüidades e os erros são limitados. Quando o
usuário controla o diálogo, há uma maior aceitação do sistema.

       3.1. Ações Explícitas – refere-se às relações entre o processamento pelo
computador e as ações do usuário. Essa relação deve ser explícita, isto é, o
computador deve processar somente aquelas ações solicitadas pelo usuário e apenas
quando solicitado a fazê-lo. Na interface disponibilizada pelo Portal de serviços e
informações de governo do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (figura
11), é solicitada a autorização (seta verde) do usuário para acrescentar um cookie para
diminuir os passos necessários à interação numa posterior navegação.




                        Figura 11 – Exemplo de Ações Explícitas.

       Justificativa: quando o processamento pelo computador resulta de ações
explícitas dos usuários, estes aprendem e entendem melhor o funcionamento da
aplicação e menos erros são observados.

       3.2. Controle do Usuário – refere-se ao sistema antecipar-se ao usuário e lhe
fornecer as opções apropriadas a cada ação, permitindo que o usuário tenha sempre o
controle da interação. Cada ação possível do usuário deve ser antecipada e opções
apropriadas devem ser oferecidas. Na figura 12, o usuário ao desligar o sistema
Microsoft Windows vislumbra quais possibilidades possui para sua tomada de decisão


                                                                                     14
Figura 12 – Exemplo de Controle do Usuário.

       Justificativa: o controle sobre as interações favorece a aprendizagem e, assim,
diminui a probabilidade de erros. Como conseqüência, o computador se torna mais
previsível

       4. Adaptabilidade - refere-se à capacidade da interface reagir segundo o
contexto e segundo as necessidades e preferências dos usuários.

       Justificativa: quanto mais numerosas forem as diferentes opções de efetuar
uma mesma tarefa, maiores serão as possibilidades dos usuários dominarem uma
delas no decorrer de seu aprendizado. Desta forma interface se adapta ao usuário.

       4.1. Flexibilidade – refere-se aos meios colocados à disposição do usuário que
lhe permitem personalizar a interface, a fim de levar em conta as exigências das suas
tarefas, de suas estratégias ou habilidades no trabalho. Trata-se, em outros termos, da
capacidade da interface de adaptar às variadas ações do usuário. Veja o exemplo na
figura 13, o aplicativo powerpoint do Microsoft Office 2003, fornece ao usuário
possibilidades de personalizar sua área de trabalho. A mesma opção é fornecida pelo
site da Google (Figura 14) que coloca a disposição do usuário meios que o permitam
personalizar sua interface




                                                                                    15
Figura 13 – Exemplo de Flexibilidade.


       Uma opção similar de personalização é fornecida pelo site da Google (Figura
14) que coloca a disposição do usuário meios que o permitam personalizar sua
interface.




                                    Figura 14 – Exemplo de Flexibilidade.



       Justificativa: quanto mais formas de efetuar uma tarefa existirem, maiores
serão as chances de que o usuário possa escolher e dominar uma delas no curso de sua
aprendizagem.

       4.2. Consideração a Experiência do Usuário – refere-se aos meios
implementados que permitem que o sistema respeite o nível de expertise do usuário.
A interface da BrasilTelecom considera o nível de experiência de seu usuário ao
fornecer um tour pelo site.

                                                                                 16
Justificativa: a interface deve ser concebida para lidar com as variações de
expertise. Usuários experientes não têm as mesmas necessidades de informações que
os novatos. Portanto meios diferenciados devem ser previstos para lidar com
diferenças de experiência, permitindo que o usuário delegue ou se aproprie da
iniciativa do diálogo. Na Figura 15, a Brasiltelecom oferece um hotsite (mini sítio)
explicativo de como interagir com a interface.




                        Figura 15 – Exemplo de Consideração a Experiência do Usuário.



       5. Gestão de Erros – refere-se às possibilidades de evitar ou diminuir a
ocorrência de erros e de corrigi-los.

       5.1. Proteção Contra Erros – Diz respeito aos mecanismos empregados para
detectar e prevenir os erros de entradas de dados, comandos, possíveis ações de
conseqüências desagradáveis. A interface, ilustrada na figura 16, emprega meios para
detectar e prevenir erros.




                                                                                        17
Figura 16 – Exemplo de Proteção Contra Erros.

       Justificativa: é preferível detectar os erros no momento da digitação, do que no
momento da validação.

       5.2. Mensagens de Erros – consiste na pertinência e exatidão da informação
fornecida ao usuário sobre a natureza do erro cometido e das ações a executar para
corrigi-lo. A Figura 17 traz um exemplo, o usuário é informado da natureza do erro
cometido.




                                Figura 17 – Exemplo de Mensagem de Erro.

       Justificativa: a qualidade das mensagens favorece o aprendizado da interface,
indicando ao usuário a razão ou a natureza do erro cometido, o que ele fez de errado,
o que ele deveria ter feito e o que ele deve fazer.




                                                                                    18
5.3. Correção de Erros – consiste nos meios disponíveis ao usuário para permitir a
correção de seus erros. A interface, na figura 18 ilustrada abaixo, disponibiliza meios a
fim de que o usuário realize a correção de seus erros ao fornecer um link a todos os
campos onde há a necessidade do usuário intervir.




                                Figura 18 – Exemplo de Correção de Erros.

        Justificativa: os erros são bem menos aversivos quando eles são fáceis de
corrigir.

    6. Homogeneidade/ Consistência – refere-se a aquelas escolhas de objetos de
interface (códigos, procedimentos, denominações, etc.) que são idênticos para
contextos idênticos e diferentes para contextos diferentes. No exemplo da figura 19, é
mantida a homogeneidade no header nas interfaces do site do Exército Brasileiro,
facilitando o aprendizado e a navegação no site da corporação.




                                                                                      19
Figura 19 – Exemplo de Homogeneidade / Consistência.


       Justificativa: os procedimentos, rótulos, comandos, etc., são mais bem
reconhecidos, localizados e utilizados, quando seu formato, localização ou sintaxe são
estáveis de uma tela para outra, de uma seção para outra. Nessas condições, o sistema
é mais previsível e a aprendizagem mais generalizável; os erros são diminuídos. É
necessário escolher opções similares de códigos, procedimentos, denominações para
contextos idênticos, e utilizar os mesmos meios para obter os mesmos resultados. É
conveniente padronizar tanto quanto possíveis todos os objetos quanto a seu formato
e a sua denominação, e padronizar a sintaxe dos procedimentos. A falta de
homogeneidade nos menus, por exemplo, pode aumentar consideravelmente os
tempos de procura. A falta de homogeneidade é também uma razão importante da
recusa de utilização.

       7. Significado dos Códigos – refere-se à adequação entre o objeto ou a
informação apresentada e a sua referência. Códigos e denominações significativas
possuem uma forte relação semântica com seu referente. Termos pouco expressivos
para o usuário podem ocasionar problemas de condução, podendo levá-lo a selecionar
uma opção errada. Na figura 20, alguns ícones da interface da rede governo possuem
uma fraca relação semântica com seu referente.

                                                                                   20
Figura 20 – Exemplo de Significado dos Códigos.


         Justificativa: quando a codificação é significativa, a recordação e o
reconhecimento são melhores. Códigos e denominações não significativos para os
usuários podem sugerir operações inadequadas para o contexto, aumentando os riscos
de erros.

         8. Compatibilidade – refere-se ao acordo existente entre as características do
usuário (memória, percepção, hábitos, etc.) e as tarefas, de uma parte, e a organização
das entradas e saídas e dos diálogos, de forma que se tornem compatíveis entre si.

         Justificativa – A transferência de informações é mais rápida e eficaz quanto
menor é o volume de informação que deve ser recordada pelo usuário. A eficiência é
aumentada quando: os procedimentos necessários ao cumprimento da tarefa são
compatíveis com as características psicológicas do usuário; os procedimentos e as
tarefas são organizados de maneira a respeitar as expectativas ou costumes do
usuário; quando as traduções, as transposições, as interpretações, ou referências à
documentação são minimizadas.O desempenho é melhor quando a informação é
apresentada de uma forma diretamente utilizável (telas compatíveis com o suporte
tipográfico, denominações de comandos compatíveis com o vocabulário do usuário,
etc.).




                                                                                     21
Ergonomia

       A Ergonomia é uma área do conhecimento que visa transformar os artefatos
tecnológicos, adaptando-os às características das pessoas, bem como às características
de sua atividade, almejando assim, uma otimização do conforto, da segurança e da
eficácia. Seu objetivo é humanizar a tecnologia defendendo a premissa de que esta
deve ser adaptada às características das pessoas em articulação com as exigências
sócio-técnicas das tarefas realizadas, aos objetivos a serem cumpridos e as condições
tecnológicas efetivas que lhes são dadas. Trata-se, portanto de uma abordagem
mediadora entre a pessoa e a tecnologia como forma de assegurar que a lógica que
guia a ação da pessoa seja contemplada tanto no processo de concepção quanto de
reformulação das interfaces em geral.

       A Ergonomia possui como pressuposto epistemológico: o antropocentrismo, e
como principal pressuposto metodológico: a Análise da Atividade. Esta Análise
considera a conduta humana em situação real, as estratégias operatórias que a pessoa
efetivamente utiliza para executar a atividade. Utilizo o termo conduta em detrimento
de comportamento porque o conceito de conduta introduz uma noção de “motivos”
ou de “intenção”. Dessa forma, trabalhando em uma perspectiva antropocêntrica, a
Ergonomia, além de aumentar a produtividade e qualidade, contribui para uma
redução da carga de trabalho tanto em seu componente psíquico, que determina as
vivências de prazer da pessoa, quanto em seu componente físico, minimizando os
esforços biomecânicos e fisiológicos, como também em seu componente cognitivo,
diminuindo suas exigências, como a memória, resolução de problemas, processos
decisórios, dentre outros.

       Segundo Abrahão (1993), a Análise da Atividade é o fio condutor da
intervenção ergonômica. Esta abordagem é centrada sobre o estudo da atividade real
de execução da tarefa. Portanto, a Ergonomia não é uma área do conhecimento do
objeto, e sim de sua interação. Não existe um estudo ergonômico da cadeira e sim um
estudo ergonômico na cadeira. Assim sendo, a presença do ergonomista em situação
real de uso de um artefato é um fator determinante. Essa presença constitui a
diferença fundamental entre a Ergonomia e outras abordagens. Em poucas palavras, a


                                                                                   22
Ergonomia é uma ciência da interação e da transformação (da tecnologia à pessoa).
(SANTOS-LIMA, 2009).




Ergonomia Cognitiva

       Como nos ensina Abrahão, Silvino e Sarmet (2005), a Ergonomia Cognitiva é um
campo de aplicação da Ergonomia que tem como objetivo explicitar como se articulam
os processos cognitivos face às situações de resoluções de problemas nos diferentes
níveis de complexidade. Desta forma, a ela visa analisar os processos cognitivos
implicados na interação: a memória (operativa e longo prazo), os processos decisórios,
a atenção (carga mental e consciência), enfim as estruturas e os processos para
perceber, armazenar e recuperar informações.

       Para Weill-Fassina (1990), os processos cognitivos são compreendidos como
sendo constituídos de modos operatórios, de seqüências de ação, de gestos, de
sucessões de busca e de tratamento de informações, de comunicações verbais ou
gráficas de identificações de incidentes ou de perturbações que caracterizam a tarefa
efetiva realizada pela pessoa. Dessa forma, é preciso realizar registros que possam
descrever as etapas, o desenvolvimento temporal das atividades, as estratégias
utilizadas, verbalizações e as relações entre essas variáveis, bem como identificar
variáveis que possam modificar a situação corrente.

       Assim sendo, segundo Santos_lima (2003), o ergonomista busca as informações
emitidas pelas pessoas, seja em forma de comportamento, seja em forma de
verbalização, buscando formar um ‘quadro cognitivo’ claro sobre a pessoa. Este
quadro irá subsidiar decisões de como ajustar e/ou conceber a interface à pessoa. A
conexão entre a atividade e as representações disponíveis e utilizadas origina um
delineamento da estratégia operatória desenvolvida pela pessoa para resolver um
problema posto ou tomar uma decisão.

       Desvendar o caminho segundo o qual o usuário constrói os problemas com os
quais é confrontado pode constituir uma alternativa para melhor explicar os erros e
acidentes do que, simplesmente, identificar as condições sob as quais os problemas

                                                                                   23
são resolvidos. A análise ergonômica do trabalho possibilita a compreensão das
estratégias de construção do problema, das limitações da interface e dos elementos a
serem incorporados no treinamento. Nesse sentido, questões de natureza diferenciada
emergem durante a análise de interfaces, que podem ser agrupadas em duas
categorias:

       1. Características dos usuários – A) Grau de escolaridade; B) Familiaridade com
o sistema informatizado: I. Representação dos usuários; II. Reconhecimento de
padrões; III. Experiência.

       2. Exigências das tarefas e da atividade – A) Análise extrínseca: I.
Compatibilidade dos usuários ao sistema; II. Modos e estratégias operatórias de
navegação; III. Análise dos erros e retrabalho. B) Análise intrínseca: serão avaliados
segundo os seguintes critérios ergonômicos: I. Condução (Presteza nas informações
fornecidas, Agrupamento por formato e distinção de itens; Feedback imediato; Clareza
(nas características lexicais); II. Carga de Trabalho (Carga Mental e Brevidade); III.
Controle Explícito (Ações explícitas e Controle do usuário); IV. Adaptabilidade
(Facilidade dos meios disponíveis, experiência do usuário); V. Gestão de Erros
(Proteção contra erros, Qualidade da mensagem e correção de erros); VI.
Homogeneidade e Consistência; VII. Significância dos Códigos.

       Além destas duas categorias vale situar o atual momento de alargamento das
problemáticas e redefinição da práxis ergonômica acerca dos critérios de qualidade da
interação. De acordo com Haradji e Faveaux (2006), os critérios de qualidade da
interação resultam de uma ampliação das problemáticas de análise e concepção,
principalmente àquela realizada pela atividade coletiva. Os autores explicitam as novas
questões confrontadas nesse atual momento, são elas: (1) ampliação das questões de
análise e concepção; (2) uma evolução para os critérios de concepção; (3) a
necessidade de critérios de modelização.

       A primeira questão decorre da dimensão coletiva do trabalho e é
genuinamente ímpar em relação à prática ergonômica dos outros momentos. Quando
o ergonomista defrontava-se com intervenções na Internet, era praticamente com um
tipo de cliente e uma determinada aplicação. Atualmente, a demanda recaí sobre

                                                                                    24
projetos que visam a necessidade diária de produtos e serviços, assim, o
desenvolvimento e a descrição da atividade diárias no habitat torna-se importante
para permitir propor ofertas (produtos e serviços) adaptados ao uso. Outra ampliação
da questão de análise e demanda provem da necessidade de permitir a cooperação
dos trabalhadores numa atividade coletiva, bem como a necessidade de instaurar e
aperfeiçoar um ‘trabalho de articulação” entre todos os Atores de uma cadeia de valor,
tanto no nível micro, atuando sobre as competências dos Atores) quanto no macro,
atuando na otimização das relações funcionais entre os diversos Atores. Logo, a
qualidade da interação nessa nova etapa da Ergonomia, não refere-se mais a uma
apreciação de uma relação estrita entre uma pessoa e um artefato, mas é entendido
como uma situação mais ampla, com a integração de diversos Atores (ligados a vida
diária ou a vida profissional) e as Organizações.

       Essa abertura a situações de interação mais complexas implica em fazer evoluir
os critérios utilizados pela Ergonomia. A utilidade e usabilidade deverão ser
consideradas. Em contrapartida, essa abertura necessita estruturar a transformação
dessas situações em redor de novos critérios que consideram a conformidade, a
aceitabilidade individual/social e a dimensão emocional. Por dimensão emocional os
autores compreendem pelo prazer ou não que a pessoa sente na utilização de um
artefato e na forma como encara a inserção desse artefato na sua relação com
ambiente. A hipótese de Haradji e Faveaux (2006) é que esses novos critérios devem
ser um quadro para a cooperação e a modelização pode ser um meio.

       Nesse contexto, Haradji e Faveaux (2006) propõem hipóteses para abordar a
pergunta dos critérios que estruturam a concepção. Dentre estas, a hipótese que
conduz a transformar as situações, baseando-se em critérios que visem favorecer as
dimensões cognitivas, emocionais, sociais, organizacionais, físicas, etc. da atividade
humana.

       Dessa forma os autores batizam suas propostas, formuladas em hipóteses
como “engenharia das situações de interação”, validando sua proposta em termos de
crença de que a Ergonomia deve-se construir sobre bases formais que favoreçam a
transmissão do saber e a confrontação científica. Nesse sentido, é pertinente buscar

                                                                                   25
respostas para as questões abaixo que permitirão minimizar diferentes dimensões da
problemática analisada.

     i.   A forma que a organização das informações contidas na interface foram
          construídas e apresentadas favorecem a sua apropriação como uma
          ferramenta eficiente e eficaz?

    ii.   A interface está estruturada de modo a facilitar a busca e a recuperação das
          informações? Se não, qual a melhor forma de fazê-lo?

   iii.   A composição da interface responde aos critérios de análise intrínseca?

   iv.    Em que situações a competência do usuário encontra limites e resultam em
          fracasso?

    v.    Quais são as estratégias adotadas pelos sujeitos para responder às
          exigências das tarefas?

   vi.    Quais situações devem ser transformadas visando favorecer as dimensões
          cognitivas, emocionais, sociais, organizacionais, ec da atividade de Ensino a
          Distância?

  vii.    Quais os efeitos da introdução e do uso de novas tecnologias no dia-a-dia
          dos Alunos?

  viii.   Quais os critérios fundamentais para qualidade da interatividade do Ensino a
          Distância?




                                                                                    26
3. Trajetória Metodológica

       O método que norteia este trabalho é a Análise Ergonômica do Trabalho AET,
ilustrada na Figura 21, proposta por Guérin e cols (2001) e que possui três etapas, a
saber: (1) Análise da Demanda; (2) Análise da Tarefa; (3) Análise da Atividade.




       Figura 21 – AET – Análise Ergonômica do Trabalho proposta por Guèrin e Cols (2001).


       Assim para o recorte da Demanda foram realizados os seguintes
procedimentos:

(a) Observações Globais – foi empregada como contextualização sem planejamento e
controle previamente elaborados. Consistiu em recolher e registrar os dados da
realidade sem que o pesquisador utilizasse meios técnicos especiais.



(b) Entrevistas – foram entrevistados 7 (sete) Coordenadores de curso, 2 (dois)
Coordenadores de Pólo, 7 (sete) Alunos, 4 Professores, 7 (sete) profissionais da Equipe
Interna, sendo 2 (dois) da Equipe de Sistemas, 4 (quatro) Tutores presenciais, Teve por
objetivo subsidiar a Análise de Usabilidade Extrínseca e Instruir a Demanda sondando

                                                                                             27
as atitudes e experiências dos Atores da atividade de Ensino a Distância UAB/UnB,
Segue o Protocolo de Entrevistas realizado com os Atores:

       1. Definindo o propósito / visão da interface - Qual o propósito da interface?
Quais são os objetivos?

       2. Desenvolvendo os objetivos da interface - Como é definido o sucesso desse
serviço para UAB? Como saberás desse sucesso? Como descreves a interface? (I). Sob o
ponto de vista da UAB. (II) Sob o ponto de vista dos usuários.

       3. Definindo a audiência - Quem são os usuários primários e secundários?
Como podes descrevê-los? Onde e como eles irão utilizá-lo? (ambiente); Como irão
acessá-lo? (tipo de computador).

       4. Conduzindo a análise de tarefas e priorizando tarefas no Moodle - O que os
usuários poderão fazer no site? Quais tarefas serão críticas para os usuários? Quais
tarefas são mais importantes para o usuário? Quais tarefas eles irão realizar com maior
freqüência? Quais tarefas são mais propensas a gerar erros? Quais tarefas são críticas
para o sucesso da interface da UAB?

       5. Determinando objetivos mensuráveis de usabilidade - Quais tarefas os
usuários deverão finalizar de forma simples/fácil e sem erro? (eficiência). Quais tarefas
os usuários deverão finalizar rapidamente e eficientemente? (eficácia); Qual nível de
satisfação que os usuários deverão ter após utilizar a interface?

       6. Discutindo as expectativas, requerimentos e preferências - Qual sua visão do
que a interface deverá fazer?

       O Protocolo de Entrevistas para os Profissionais da área de Tecnologia e
Informação da UAB/UnB teve o acréscimo das seguintes perguntas:

       7. Identificando os recursos disponíveis e necessidade de treinamento - Que
tipo de recursos estão disponíveis para atualização e manutenção da interface? Vocês
têm pessoas especializadas em escrever para o meio? Há designers gráficos no grupo




                                                                                      28
de trabalho? Há Arquiteto de Informação na equipe? Quem é responsável pela
manutenção e programação do site?

       8. Discutindo as necessidades de tecnologia -Quais são suas necessidades de
hospedagem? (tamanho, velocidade, tipo de servidor). Possuem softwares de
gerenciamento de conteúdo? Que tipo de software utilizam para medir os resultados
do site? Qual ferramenta de busca existe no produto?




(c) Verbalizações – técnica utilizada durante ou após as entrevistas, quando os Atores
foram solicitados a verbalizar seus pensamentos, sentimentos e opiniões.




(d) Análise Heurística – técnica inicialmente proposta por Nielsen e Molich (1990)
denominada Avaliação Heurística na quais avaliadores (3 a 5 especialistas), com
formações distintas, realizam um julgamento de valor sobre as qualidades
ergonômicas das interfaces. A técnica aqui utilizada, a Análise Heurística, foi efetivada
por apenas um especialista, que realizou um julgamento de valor alicerçados nos
critérios ergonômicos e em sua experiência e competência no assunto.




(e) Inspeção Cognitiva – visou inspecionar os processos cognitivos que se estabelecem
quando o usuário realiza a tarefa: percepções, processos decisórios e outros
mecanismos cognitivos pertinentes. A tarefa concretizada pelo Pesquisador foi a de
postar um arquivo de PowerPoint logando-se como Professor da disciplina.
Participaram deste procedimento um Pesquisador e 40 Alunos novatos que nunca
interagiram com a plataforma Moodle. Destes alunos, 21 eram Alunos da Faculdade
FAJESU, do curso tecnológico em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da disciplina
de Arquitetura de Informação e Usabilidade. Outros 19 alunos eram da Faculdade
CECAP do curso de graduação em Secretariado Executivo na disciplina de Psicologia
nas Organizações.




                                                                                      29
(f) grupo focal – o principal objetivo desta técnica foi o de identificar percepções
subjetivas, grau de satisfação, atitudes e opiniões de 21 Alunos do Pólo de Alto Paraíso
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. A técnica foi realizada por meio de
discussões entre cinco e nove usuários, orientadas por dois moderadores que,
dependendo da situação, puderam interferir ou não na troca de idéias e comentários.
Esta técnica também foi utilizada para a elaboração de novas idéias, novos conceitos.
Neste caso, os usuários foram convidados a fornecer opiniões sobre as interfaces
existentes e sugerir modificações para a melhoria.




                                                                                     30
4. Resultados e Discussão

       Os resultados serão discutidos e apresentados separadamente pelas categorias
dos Atores de Ensino a Distância. Sendo que os resultados da Análise Heurística e da
Inspeção Cognitiva foram oportunamente apresentados e discutidos na categoria
Professores justamente por corroborar com a hipótese desta categoria de que a
interface possuía problemas de usabilidade.

       Tutores Presenciais:

       A principal queixa dos Tutores advém da falta de interação do Professor autor
tanto com os Alunos quanto com os outros Atores do processo de Ensino a Distância
EaD/UAB/UnB. Os Tutores Presenciais queixam-se da ausência de Professor autor on
line. Pouco participativo e atuante no processo de ensino. Alguns Tutores verbalizaram
esta pouca participação dos Professores autores: “tem que ser mais participativo”.
Outro Tutor com a seguinte verbalização qualificou a ausência da participação: “Os
Professores autores tem que estar abertos a orientação”. Um dos Tutores foi mais
pontual em sua verbalização: ”os Professores e Tutores não sabem construir uma
relação de interação com os Alunos”. Observa-se que Tutores, na verbalização aqui
exposta, tratam-se dos Tutores virtuais e não os presenciais.

       A atitude formal dos Professores em se relacionar com os Alunos é refletida e
no final sintetizada pela seguinte verbalização dum Tutor: “O Professor deve colocar a
fala de uma forma informal – uma conversa. A formalidade deixa a interação fria (...)
A EDUCAÇÃO É A DISTÂNCIA, MAS NÃO PODE SER DISTANTE.”

       Conforme salienta Neder (2000), na educação à distância, a interlocução
aluno/orientador é exclusiva. Professor ou orientador, paradoxalmente ao sentido
atribuído ao termo “distância”, devem estar permanentemente em contato com o
aluno. Para Vieira (2011), o papel do professor se centra fundamentalmente na
dinamização do grupo, em assumir funções de organização das atividades, de
motivação e criação de um clima agradável de aprendizagem, um mediador que
proporciona experiências para auto-aprendizagem e a construção do conhecimento.
Para esta autora, os Professores devem trabalhar a auto-estima do aluno; dar o


                                                                                   31
feedback constantemente, pois o aluno necessita do feedback; criar situações para o
aluno desenvolver a criatividade; a Tutoria deve fazer um estudo de caso das
dificuldades dos aluno e orientá-lo, porque diante de uma dificuldade o aluno tende a
abandonar.

       Os Professores não podem pensar nesta modalidade de ensino a partir de sua
adjetivação. O termo a distância deve remeter apenas a questão espacial. As reflexões,
aponta Neder (2000), têm que ser dirigidas, portanto, para a educação em sua ampla
acepção. Como a compreendemos? Onde a situamos? Como analisamos suas
relações? Qual o significado do “ser à distância” ou do “ser presencial” no interior de
nossa compreensão? Que importância isso tem?

       Os agentes educacionais desejando obter êxito nesta modalidade de ensino,
não necessariamente precisam estar em presentes, entretanto precisam contribuir
para uma maior aproximação, justamente porque o ensino não se furta da necessidade
de comunicar as privações e alegrias humanas que a engendram. Seria uma questão de
familiaridade computacional? Seria uma necessidade de formação deste profissional
habituado a modalidade presencial? Estudos devem ser realizados a fim de
compreender esta distância apresentada e reclamada por distintos Atores deste
processo (Tutores, Equipe Interna, Alunos e Coordenadores).

       Quanto às ferramentas, os Tutores julgam que a ferramenta Chat
disponibilizado na plataforma Moodle é uma ferramenta ineficiente, por sua vez a
ferramenta Fórum, segundo extrai-se da verbalização de um dos Tutores: “Não é a
ferramenta que é ruim. São os Professores das disciplinas que fazem ficar ruim pelo
desconhecimento de como interagir na ferramenta (Fórum)”.

       Ora, apesar dos Tutores realizarem um julgamento de valor do Chat como
ineficiente, esta verbalização sobre a ferramenta Fórum cabe também á ferramenta
Chat. Costa & Franco (2005), por exemplo, afirmam que o uso de Chats, tornar-se-á
propício à aprendizagem, se respeitar o contrato de conversação a ser estabelecido na
ambiente virtual. Assim sendo a ferramenta Chat não deve ser descartada tal como a
ferramenta Fórum. Estudos devem orientar como deve ser a interação por meio destas



                                                                                    32
ferramentas e estabelecer um contrato de interatividade que possa favorecer o
desempenho dos Atores do processo de ensino.

        Outra ponderação realizada pelos Tutores presenciais é quanto a dificuldade
dos Alunos em trabalhar de forma colaborativa (Wiki). Essa questão cultural deve ser
enfrentada antes, porém, compreendida. Sendo que a evolução tecnológica permite a
colaboração, sendo que produto de um trabalho imaterial é a relação social, quais
seriam os limitadores ou os entraves para que seja de fato implementada uma cultura
no Ensino a Distância? Trata-se de outra questão nevrálgica para o sucesso deste
ensino.

        Por meio dos procedimentos realizados foram obtidas as seguintes sugestões
dos Tutores presenciais:

 I-     A melhora da função de enviar arquivos na plataforma Moodle. Há conflitos de
        interação, quando a tarefa a executar na plataforma é a postagem de arquivos,
        fotos, de vídeos arquivados e de vídeos em tempo real. A sugestão é adequada,
        principalmente à necessidade de elevar a produção de relação social educativa.
II -    A melhora da funcionalidade de visualizar o histórico do aluno. Esta sugestão é
        uma reclamação pontual de um problema de usabilidade grave. O Tutor, assim
        como o Professor, não consegue ter um acesso fácil as informações do histórico
        de interação do aluno. Dificultando em muito o processo de orientação,
        causando um aumento significativo da carga de trabalho quando o Tutor ou
        professor “teima” em acompanhar o aluno. Mesmo tendo dificuldades em
        manipular as funcionalidades técnicas da ferramenta Moodle. É necessário
        pensar com urgência em uma solução alternativa a este problema.
III -   Possibilitar o acesso dos Tutores às atividades dos Alunos. Os Tutores poderiam
        visualizar o ambiente em quais os Alunos estão interagindo. Sugestão parecida
        com a anterior, não tão urgente, porém vai em direção ao objetivo de uma
        melhor    orientação    e   conseqüente     interação    social,   favorecendo
        qualitativamente o processo de ensino.
IV -    Solicitam uma forma de compartilhar o conhecimento com outros Tutores
        presenciais a fim dirimirem dúvidas e sociabilizar problemas e soluções.


                                                                                    33
Sugestão apropriada principalmente por promover a troca de experiências com
       vistas a qualidade do ensino bem como é mais uma sugestão que vianda para a
       produção de interação social entre os Atores do Ensino a Distância.
V-     A interface do Moodle pode possuir link para bibliotecas de domínio público, tal
       como Scielo, Google Books, Google Acadêmico, acesso a Museus, dentre outros
       a fim de induzir os Alunos a buscar. Trata-se de uma sugestão interessante de
       melhoria, não urgente e que deverá entrar na etapa de especificações para o
       redesenho da futura Arquitetura de Informação da interface.
VI -   Três dos Tutores Presenciais explanaram a experiência de uma professora
       (Carol, Tutora presencial do curso de Letras no pólo de Alto Paraíso, Goiás)
       instigava a interatividade refutando o julgamento de ser somente um problema
       de interação com a ferramenta, mas principalmente, uma deficiência na forma
       de conduzir a interação entre os Atores do processo de EaD. A ergonomia
       utiliza-se de análise de experts a fim de promover a sua práxis interventiva.
       Recomenda-se, portanto, uma análise da tarefa desta expert a fim de levantar
       subsídios para a melhoria da interatividade.




Equipe Interna

       O afeto suscitado pela Equipe Interna sobre a interatividade no Moodle é o de
desagradável. Quanto a interface do Portal da UAB/UnB a Equipe Interna julga não ser
atrativa, desinteressante. Tem excesso de informação na página inicial (Figura 2), tem
excesso de cores, a fonte utilizada mão é adequada e a distribuição do conteúdo é
confusa. Além disto, faltam insumos ao Professor para que ele tenha referências para
construção de disciplina a fim de que seja otimizada a interatividade.

       De fato a Equipe Interna está correta nas críticas às qualidades ergonômicas
apresentadas à plataforma Moodle e a interface do Portal UAB/UnB e à atitude de
interatividade dos Atores do processo. É uma boa proposta a realização de insumos
para que os Professores tenham uma referência na construção da disciplina, o que não
implica afirmar que seja necessário normatizar a interatividade. Entretanto é
importante que se tenha um padrão de forma a beneficiar os Alunos que são

                                                                                    34
obrigados a “compreender” a proposta de ensino de cada Professor. A ter que realizar
um aprendizado de interação na navegabilidade proposta por cada Professor. Ou seja,
o que deve ser procedido é uma formalização mínima de um planejamento
educacional com base em parâmetros de interatividade. Nas palavras de um servidor
da Equipe Interna: “deve-se definir esquemas mínimos de orientação a fim de regular a
conduta de ensino”.

           A Equipe Interna cientificou que a comunicação por meio da interface com os
pólos é deficiente e apresentou as ponderações, a saber:

   I.      Inserir links para Tutoriais na Plataforma. Existem dificuldades de interação
           com a plataforma, principalmente os Professores.
 II.       Informações para Equipe Interna devem estar expostas tão somente à Equipe
           Interna. O portal deve privilegiar o aluno.
 III.      Planejamento da disciplina – deve-se realizar algum material com o objetivo de
           sensibilizar os Atores para o planejamento da Disciplina. Quais são os critérios
           de Ava – quais são os aspectos a serem considerados no planejamento da
           disciplina com foco no usuário?
 IV.       Situação ideal: realização portal UAB com espaço para a criação de hotsites
           (mini sítios) para os pólos, adequados e consistentes com a página inicial do
           portal (home). Os próprios pólos deveriam ter a responsabilidade pela
           alimentação do conteúdo dos sítios;
 V.        Inserir links entre as atividades (Guia de Disciplina). Esta recomendação vem
           ao encontro do critério ergonômico de ações mínimas, citado no referencial
           teórico, que refere-se a carga de trabalho em relação ao número de ações
           necessárias à realização de uma tarefa.


        A Equipe Interna da UAB/UnB, de uma forma geral, é preparada, possui capacidade
crítica e analítica. Estas competências facilitam em muito para um bom andamento da
Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância.




                                                                                        35
Professores

       Os Professores queixaram-se de dificuldades de interação com a plataforma
Moodle, ou seja, queixaram-se de problemas de usabilidade nesta plataforma. A
Verbalização de um Professor avaliza o problema de usabilidade no critério
ergonômico de Orientação, que se refere aos conjuntos de meios para aconselhar,
informar e conduzir o usuário na interação com a interface: “em várias momentos em
tenho que catar as coisas aqui no Moodle”.

       Esta verbalização remete mais especificamente ao subcritério de Condução,
que corresponde aos meios utilizados para levar o usuário a realizar determinadas
ações, às informações que permitem o usuário identificar o contexto da interação,
nem como as ações possíveis.

       De fato é uma realidade a existência de problemas de usabilidade na interfece,
entretanto a questão que salta aos olhos do pesquisador é saber se até quando a
dificuldade de interação deve-se problemas de usabilidade ou, além desta dificuldade,
não seria a dificuldade de familiaridade computacional a prejudicar a relação
professor-interface? Segundo Santos-Lima (2003), os problemas de usabilidade na
interação pessoa-tarefa-artefato tecnológico não é diretamente proporcional à
escolaridade e sim à familiaridade.
       Não obstante, como assinala Reategui (2007), é de extrema importância a
utilização de critérios específicos para o design das interfaces, normas fundamentadas
em princípios pedagógicos e direcionadas à promoção da aprendizagem. Assim, este
estudo propõe a utilização dos critérios ergonômicos de usabilidade de Scapin &
Bastien (1991), apresentadas no referencial teórico, por sua abrangência bem como
por possuírem consistência teórica e metodológica.

       Outra apontamento apresentado pelos Professores é a carência de uma
ferramenta que permita o feedback do pólo. Uma verbalização sintetiza as duas
queixas principais dos Professores: “meu desejo, meu sonho é poder ter a interface
implementada com sucesso permitindo que todos os parceiros envolvidos no processo
tenham o acesso as informações com qualidade.”



                                                                                   36
De fato a usabilidade das interfaces que compõe o processo de ensino é
precária. A verbalização de um Professor sintetiza: “o Moodle Capenga. Na medida em
que não há interação.” Sim, existem dificuldades de interação, uma resistência afetiva
elevada frente à necessidade de interagir com a interface e a acessibilidade, que é
parte da usabilidade que se referencia aos portadores de necessidades especiais, é
mínima. Um estudo de usabilidade nas interfaces que compõem o Ensino a Distância
da UAB/UnB é um dos recortes da demanda desta Análise Ergonômica.
        Estes problemas de usabilidade foram corroborados pelos resultados da Análise
Heurística e a Inspeção Cognitiva. Da Análise Heurística no Portal da UAB/UnB,
concluiu-se (1) que a interface do portal UAB, Figura 22, apresenta falhas no critério de
Orientação e no critério de Carga Mental; (2) os Atores do processo de Ensino a
Distância não conhecem o processo de produção de uma interface.




Figura 22 – Interface do Portal UAB.


        Do Critério de Orientação da Interface UAB visa favorecer o aprendizado e a
utilização do sistema por usuários novatos. Nesse contexto, a interface deve orientar e
conduzir o usuário na interação com o sistema. Seja pela qualidade no convite a
interação do usuário com a plataforma Modlle, Figura 23, por exemplo, deveria ter um
cursor intermitente convidando para interação na plataforma, seja na distribuição do
formato e das palavras graficamente desorganizados que dificultam a capacidade
perceptiva do usuário.



                                                                                      37
Figura 23 – Elemento na interface UAB/UnB para entrada no Moodle


       Do critério de Carga Mental, a interface da UAB, apresenta, por exemplo,
títulos (de telas, janelas, caixa de diálogos) e denominações longos. Necessita de
concisão e de que se minimize a carga perceptiva e cognitiva na interface. Na mesma
linha a interface possui uma alta densidade informacional. De acordo com Cybis, Betiol
e Faust (2007), o desempenho dos usuários é diminuído quando a densidade de
informação é muito alta. Nestes casos, a ocorrência de erros é mais provável.

       Além destas características mais pontuais da interface UAB/UnB, é perceptível
a carência na fase de Planejamento. Outra deficiência é a hierarquização do conteúdo
ou seja, a Arquitetura de Informação. A partir dos dados coletados na próxima etapa
desta Análise Ergonômica da Atividade, a Análise da Tarefa, esta hierarquização deverá
ser iniciada juntamente com as necessidades de cada público alvo a fim etapa
oportuna para iniciar um estudo da estratégia de presença on line, juntamente com
um estudo de Arquitetura da Informação com foco no público alvo.

       Outro profissional que não está inserido nesta linha de produção é o Designer
Gráfico. Assim sendo, é necessário que os Atores do Ensino a Distância, principalmente
a Equipe Interna, compreenda o Processo de produção de uma interface eletrônica.
Conforme ilustra Figura 23, o processo enceta por meio de um Profissional do
Planejamento.




                                                                                   38
Planejamento                  Criação                   Sistemas




                       Figura 23 – Processo de Produção de um Sítio Eletrônico.


       O Profissional de Planejamento é quem deve elaborar uma Estratégia de
Presença. A Estratégia de Presença é um estudo que determinará como a Internet
poderá ajudar a UAB/UnB a alcançar seus objetivos instrucionais e Institucionais.

       Tal como orienta a Resolução 7, que estabelece regras e diretrizes para os sítios
na Internet da Administração Pública Federal, em seu artigo terceiro, que versa sobre a
elaboração de um sítio governamental deverá ser precedida pela: (i) definição clara do
propósito e abrangência do sítio; (ii) verificação de sítios com igual propósito.
Consonante com as Diretrizes, o Planejamento tem por primeiro passo a definição
clara do propósito e da abrangência do sítio e como segundo passo a elaboração de
um roteiro com a lista dos cinco sítios que deverão ser estudados e do
estabelecimento de quais os aspectos relevantes a serem considerados.

       Após este Estudo, é elaborada uma Matriz de Escopo que deverá descrever as
funcionalidades e conteúdos que devem estar no sítio, juntamente com a devida
priorização de cada uma destas funcionalidades e conteúdos. A Matriz de Escopo deve
ser validada e priorizada com os Atores do Ensino a Distância e subsidiará o trabalho
da Criação.

       Por sua vez, a Criação é composta de no mínimo três expertises: (1) a
Arquitetura de Informação que se responsabilizará pela organização da informação no
projeto do sítio, que será uma solução de compromisso entre a tarefa, a conduta, a
experiência, as expectativas e necessidades dos usuários na solução a ser construída

                                                                                     39
como também aos objetivos, às políticas e à cultura da UAB/UnB. De posse do estudo
de Arquitetura de Informação, o (2) Design, se responsabilizará pela concepção visual
do sítio. Por fim, o (3) Conteudista, se responsabilizará pela parte de redação da
Arquitetura de Informação e de textos no sítio.

            Planejamento                          Design              Conteudista


  Responsável pela organização da         Responsável pela         Responsável pela
  informação advinda da tarefa, da         concepção visual      redação na interface
    conduta, da experiência, das             dos projetos
  expectativas e necessidades dos
usuários na solução a ser construída
       Figura 24 – Etapas da Criação.


       Estas, portanto, são as etapas da linha de produção do trabalho imaterial que
estão sendo descuradas por desconhecimento do ciclo de produção do trabalho
desenvolvido no processo de produção de uma interface.

       Quanto a interface do Moddle, a Análise Heurística na Interface do Moodle
concluiu-se (1) que a interface apresenta falhas no critério de o critério de Significado
e Códigos, a Densidade Informacional e Orientação. Quanto aos resultados da
Inspeção Cognitiva, os resultados apontaram sérios problemas de usabilidade no
critério de Orientação e no de Compatibilidade. O estudo concluiu também que o afeto
de aversão é suscitado quando da necessidade de um usuário novato interagir com a
ferramenta Moodle.

       A Inspeção Cognitiva visou vislumbrar o processo de resolução de problemas
realizando uma única tarefa que deveria ser simples: a tarefa de compartilhar um
arquivo de PowerPoint na plataforma. Nenhuns dos 40 alunos novatos se dispuseram a
realizar a tarefa. O afeto suscitado nos Alunos foi o de aversão. O Pesquisador não
ofereceu recompensa nem ao menos estimulou a interação. Assim sendo, o
Pesquisador, logando-se como Professor da disciplina, iniciou a tarefa. O Pesquisador
conseguiu completar a tarefa com o tempo de 10 minutos e 8 segundos. A tarefa foi
gravada com o software Camtasia, conforme ilustra Figura 25. O tempo aferido é alto,

                                                                                      40
ainda mais se considerarmos que o pesquisador com 20 anos de experiência em
usabilidade e navegabilidade em Interfaces. Os resultados corroboram com os
resultados dos demais procedimentos: a interface possui problemas de usabilidade.
Entretanto estes problemas são suplantados. Todavia a um relevante custo afetivo do
usuário. A interação com a plataforma Moodle suscitou no pesquisador o afeto de
lassidão.




       Figura 25 – Inspeção Cognitiva gravada pelo software Camtasia.


       Já quanto ao critério Significação dos Códigos, que diz respeito à adequação
entre o objeto ou a informação apresentada e sua referência, a interface apresenta
uma ausência de elementos gráficos. De acordo com estudo de Santos-Lima (2009),
alguns usuários percebem e navegam por meio de um elemento visual e outros
usuários percebem o elemento fonte, neste estudo o autor correlaciona esta
atribuição da preferência ao significado que o usuário atribuía ao serviço: significado
utilitário e significado simbólico simbólico. Segundo Nepomuceno & Torres (2005), o
significado atribuído a um produto ou serviço é o resultado das emoções ou
sentimentos (componente afetivo) que a pessoa obteve a partir da experiência com o
objeto (produto ou serviço). Essa experiência é mediada pelas informações e
conhecimentos (componente cognitivo) prévios ao contato com o objeto e que geram
uma probabilidade de reação positiva ou negativa, frente ao mesmo (componente
comportamental conativo). Ora, se é uma necessidade do atual estado da arte do
Ensino a Distância a evocação do afeto dentro de uma perspectiva positiva, se quando
a codificação é significativa, a evocação da representação para ação, o

                                                                                    41
reconhecimento, a recordação são melhores. Se códigos e denominações não
significativos para os usuários podem sugerir operações inadequadas para o contexto
promovendo ruídos na usabilidade (Scapin, 1991). Se estudos comprovam que
usuários percebem imagens e outros usuários fontes. Portanto é factível propor que a
interface tanto do Moodle quanto do portal UAB/UnB sejam acrescidas de imagens
que se referenciam com que o vocabulário representa. Sugere-se que esta
recomendação seja implementada antes mesmo da Análise da Tarefa, alguns
elementos visuais significativos com que o vocabulário representa na interface do
Moodle e do portal UAB/UnB.

             Recomenda-se também, inclusive por ser uma norma da resolução 7, o
estabelecimento de indicadores de satisfação nas interfaces do processo de Ensino a
Distância da UAB/UnB. Seguem-se as recomendações dos Professores.

  i.         Melhorar a plataforma em relação ao feedback dos pólos e Alunos visando a
             melhoria da interatividade;
 ii.         Que a plataforma permita um suporte maior em relação a envio de vídeos de
             forma a poder prover a experiência dos pólos;
 iii.        Que a plataforma também permita que seja realizada a resposta da correção da
             atividade dos trabalhos desempenhados e enviados pelos Alunos na própria
             plataforma. Estas três recomendações procedem e incrementa a interatividade.
             Esforços devem ser aplicados a fim de proceder a estas recomendações o mais
             breve possível;
 iv.         Particionar a nota da prova, que no sistema só se permite inserir nota inteira.
             Esta recomendação pontual deve ser repassada a área de sistema da Equipe
             Interna da UAB a fim de validá-la.
  v.         Por fim, os Professores também sugerem que seja implantada uma ação
             motivacional a fim de que haja mais comprometimento e envolvimento entre
             as equipes, outros acham que os problemas devem-se ao fato de qe não há:
             “uma cultura de acesso digital”.
        I-




             A última sugestão proposta pelos Professores cabe mais a eles. Interessante
perceber que o julgamento realizado ao outro pode, por vezes competir mais a quem


                                                                                         42
emite o juízo de valor. Não há cultura de acesso digital. Contudo por quem? Maior
envolvimento, de quem? Maior comprometimento, de quem? Talvez na complexidade,
para estes profissionais, de utilizarem uma ferramenta com a qual não possuem
familiaridade, e ainda assim talvez pela existência de problemas de usabilidade
transformem a interação numa atividade cognitivamente fadigosa, os Professores
tenham apresentado tal inquietação motivacional “ao outro”. Estudos apontarão
possíveis causalidades ou correlações.




Coordenadores

       Os Coordenadores altercaram com intensidade de problemas de usabilidade
com a plataforma Moodle. Na ótica dos Coordenadores é UAB/UnB quem deve prover
meios para fornecer treinamento a os Alunos a fim de que os mesmos aprendam a
navegar a interagir com a interface. Esta intensidade de reclamação dos problemas de
usabilidade podem ser percebidas na quantidade e variabilidade de verbalizações, a
saber: “isso aqui não conversa comigo, eu saio”; “isto me embaralha a vista. Não me
traz a percepção de um bom dialogo”; “parece-me que está meio poluída”; “uma vez
logado, por tentativas e erros vou encontrando o que quero”; “Importante designar
um profissional com formação própria na área para alimentar este portal, ele é
estático”; “Uma coisa feia, sem apelo gráfico, que parece-me ser importante. Se não
tem este apelo a interação fica prejudicada”.

       Na crença dos Coordenadores é a pessoa quem deve se adaptar à interface. A
ergonomia preconiza o oposto, na visão desta área do conhecimento é a tecnologia
que deve se adaptar à pessoa. Entretanto visto que o Moodle possui dificuldades de
ser reconfigurado, neste contexto é oportuno que seja realizado algum material que
possa fornecer um treinamento básico aos Alunos. Este treinamento carece de um
estudo para que seja pensada a melhor forma de realizar a formação ou mesmo que
seja realizado algum material educativo a ser disponibilizado aos Alunos debutantes.

       Um coordenador mostrou consciência quanto aos caminhos que devem ser
percorridos no EaD: “Deveríamos compartilhar o conhecimento. Poderíamos estar


                                                                                       43
compartilhando a educação por aqui” (pela plataforma); prosseguiu: “ o problema a
distancia é gerar interação – uma das questões é gerar a interação com os colegas.
Eles estão verdadeiramente interagindo?”

        Tal como os Professores, além da queixa veemente referente à usabilidade,
quando solicitados a interagirem no sistema, os Coordenadores aparentaram
possuírem dificuldades de familiaridade com o artefato tecnológico. Assim, a mesma
pressuposição cabe aos dois públicos: um problema cultural.

        Seguem-se as sugestões oferecidas pelos Coordenadores:

 I-     Comunicar-se pela plataforma – entre todos os Atores do EaD UAB/UnB. É esta
        justamente uma das metas da análise ergonômica no Ensino a Distância em
        curso;
II -    Fóruns, construção conjunta de textos (Wiki). Esta sugestão procede, deve ser
        um objetivo dos Atores do processo, entretanto é necessário uma mudança de
        cultura em todos os Atores do processo educativo on line.
III -   Melhora na Arquitetura de Informação da interface. Esta sugestão procede em
        muito e será uma conseqüência natural deste trabalho.
IV -    Questão da Senha. A senha dos profissionais que logam na plataforma Moodle
        é composta de letras maiúsculas, minúsculas e números. Ao levar esta
        demanda à Equipe Interna (área tecnológica) a resposta foi que alguns
        Professores colocam senha muito fácil tal como 123456. Neste sentido o
        comando da área optou pela complexidade mostrando relutância em
        modificar. [Apesar de (do dedo eu enxergo o tamanho do elefante)] A medida
        evidencia a cultura tecnocêntrica da equipe tecnológica interna. O que deve-se
        compreender é que a memória humana de curto termo, segundo Miller (1956),
        possui uma capacidade limitada de sete, mais ou menos dois itens para objetos
        sem significado. Ou seja, utilizamos de cinco a nove representações mentais
        sem significado em nosso modelo mental para poder realizar a atividade o que
        já sobrecarrega cognitivamente o profissional, pontua-se, também a
        dificuldade de memorização desta formatação de senha.




                                                                                   44
V-       Um coordenador de pólo apontou prudentemente que a proposta político
         pedagógica é uma questão nevrálgica na relação UAB – Pólo. A elaboração
         desta proposta tem que estar em consonância com as necessidades dos Alunos
         do pólo. Caso contrário pode promover a evasão.




Alunos

         Os Alunos não apresentaram graves problemas de interatividade com as
interfaces. Entretanto vale notificar que os Alunos que fazem parte da amostra deste
estudo apenas Alunos experientes na interação com a plataforma. Assim sendo,
aprenderam a suplantar os obstáculos de usabilidade e adaptaram-se às dificuldades. É
patente a presença de ruídos e obstáculos que caracterizam os problemas de
usabilidade nas interfaces do EaD UAB/UnB. Segundo Cybis (2002) a taxonomia dos
problemas de usabilidade é classificada, em relação à estrutura, como: (a) Barreira,
quando o usuário esbarra sucessivas vezes e não suplanta um problema de
usabilidade; (b) Obstáculo, quando o usuário esbarra em um problema de usabilidade,
contudo aprende a suplantá-lo; e (c) Ruído, quando um aspecto da interface, sem que
se constitua em barreira ou obstáculo, causa uma diminuição do desempenho do
usuário sobre a tarefa. O bom apontamento no que se refere à usabilidade das
interfaces é que não há barreiras na interatividade.
         As queixa dos Alunos constituem-se nas ferramentas interativa (Fórum,
principalmente) e, sobretudo quanto a interatividade entre os Atores do processo de
Ensino a Distância UAB/UnB (entre os próprios Alunos com Tutores a distancia e
Professores autores) e à forma de educar pelo ambiente virtual: “UM ENSINAR A
DISTÂNCIA, BEM DISTANTE”. A verbalização impacta pela concisão e é similar a
verbalização apresentada por um Tutor presencial.

         Em concordância com Ferreira (2008), os benefícios na utilização da EaD só
podem ser garantidos se essa educação não for concebida apenas como o uso de
mídias e mediações tecnológicas, e sim por Professores qualificados e interessados em
desenvolver a si próprios e seus Alunos com vistas à formação humana – ainda que
distanciados fisicamente. Desenvolver este processo de comunicação on-line para a

                                                                                  45
formação do Ser Humano é, sem dúvida, uma dos grandes desafios da EaD, pois a
interação entre os Alunos e Professores permanecerá como o eixo principal da
educação. Vieira (2011) preconiza que a educação à distância precisa ser realizada
como educação e não como simples processo de transmissão de conhecimento, e a
partir da necessidade de desenvolver uma cultura de interação, colaboração e
aprendizado em rede nesta comunidades acadêmica. Nesta medida a autora pontua
que professor tem um importante papel neste ambiente de aprendizagem, pois, além
de mediar o compartilhamento de informação e conhecimento entre os participantes,
busca a re-alimentação direta para os Alunos enquanto cria um ambiente amistoso
para cultivar o aprendizado por meio da retroalimentação provocada pela própria
equipe, desenvolvendo assim um processo de intensa interatividade. É necessário,
portanto os Professores assumam novos papéis e redimensionem suas práticas.

       O ensino não é meramente cognitivo, é também afetivo. Necessita que sejam
superados alguns princípios de sustentação dos modelos pedagógicos tradicionais.
Princípios estes que Neder (2000) lista a fim de exemplificar:

    a) o indivíduo razão é superado pela compreensão de um indíviduo indiviso, que
        constrói o conhecimento usando sensações, as emoções, a razão e a intuição;

    b) o currículo deixa de ser um pacote, um rol de disciplinas ou matérias para se
        compreendido como uma prática social, construída das relações entre os
        sujeito da prática escolar;

    c) o professor como centro da relação pedagógica perde sentido ao se ter na
        relação entre sujeito/objeto a possibilidade do conhecimento;

    d) o conhecimento deixa de ser visto como coisa estática e passa a ser
        compreendido como processo;

    e) a separação sujeito/objeto/processo de observação não se sustenta tendo em
        vista a compreensão de que o conhecimento é produzido através da relação
        indissociável entre essas três variáveis;

    f) a dimensão tempo/espaço deixa de ser compreendida como coisa, objetivada,
        para ser pensada como dimensão subjetiva do sujeito.



                                                                                  46
Segundo Rojas (2002), grande diferencial no desenvolvimento do ambiente de
ensino on line é a participação ativa do estudante no processo pedagógico criando
suas próprias experiências de aprendizagem. Como salienta Dillenbourg (2003) os
estudantes não estão restritos a consultar as informações no ambiente virtual, eles se
tornam produtores da informação, participantes do jogo.

       Real & CorbellinI (2011) salientam que a cooperação é um propiciador de novas
idéias entre os Atores do processo. O professor ao propiciar o espaço de trocas, de
intercâmbio de idéias, possibilita que os discentes por meio do acesso aos trabalhos
dos colegas, pudessem cooperar e se questionar sobre os seus próprios trabalhos,
modificando-os, acrescentando, (re) escrevendo-os, o que podemos conceituar como
uma “inteligência coletiva”. Desta maneira, a criação ocorre onde o ser humano
intervém: imaginando, tecendo novas teias, modificando organizações pré-existentes,
alterando contextos institucionalizados... Por menor que possa ser esta alteração,
quando ela se produz em uma rede, ou seja, em um trabalho cooperativo, não temos
como prever a dimensão que ela pode assumir, pois as contribuições se acrescem, se
permeiam, se interrelacionam e dão origem a novos saberes e desta forma, sim, flui o
trabalho imaterial no qual se deve desenvolver a modalidade de ensino pro meio da
Internet.

       Os Alunos, porém, exaltaram o processo educativo presencial (Tutoras
presenciais) como o diferencial do aprendizado a distância da UAB/UnB. Reis (2008)
destaca o papel do Tutor como elemento mediador entre os Alunos e a instituição,
ainda que sua função esteja pouco potencializada nas universidades analisadas,
segundo a opinião dos Alunos. Os ambientes de aprendizagem a distância precisam
prever estratégias que possam responder a um elemento constitutivo do ser humano:
a imprevisibilidade. Nesse sentido, o Tutor é um elemento chave nesse modelo de
ensino e sua função precisa ser mais bem viabilizada. As sessões de Tutoria são um
tempo em que se compartilham distintos níveis de conhecimento, de inquietudes e de
emoções.

       Portanto, põe em relevo o papel da comunicação interpessoal. Não é um
trabalho solitário, mas coletivo, em que se tecem múltiplas relações, as quais


                                                                                   47
ultrapassam a mera transmissão de conteúdo. No estudo de Reis (2008), as análises
colocaram em relevo os processos de interação comunicativa no Ensino a Distância
que privilegiam o diálogo, o respeito e a afetividade. Não deixando de mencionar que
os depoimentos dos Alunos e Tutores recuperam um aspecto muito importante da
aprendizagem, que contraria o excesso de racionalismo e objetividade presentes em
algumas práticas educativas: a importância das relações interpessoais que dinamizam
e vitalizam os espaços comunicativos.




                                                                                 48
5. Conclusão

       Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados parciais encontrados
da Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância, mais especificamente os
resultados da etapa de Análise da Demanda que determina o recorte que será o fio
condutor da Análise da Tarefa, etapa subsequente a Análise da Demanda e
antecedente a Análise da Atividade. Este estudo teve por limitação a Amostra,
faltaram alunos dos Pólos inexperientes na plataforma e de Atores de outros Polos
atendidos pela UAB/UnB.

       Além de atender os objetivos da Análise da Demanda, o estudo gerou algumas
propostas de melhoria descritas nos resultados e discussão, como também vislumbrou
propostas de estudos, são eles: (A) qual a conduta do Professor com relação à
interatividade, estudos contribuirão para compreensão das causas que levam a uma
conduta “distante” frente ao ensino; (B) quais seriam os limitadores ou os entraves
para que seja de fato implementada uma cultura no ensino a distância colaborativa
(Wiki) que promova a cognição compartilhada; (C) estudos de avaliação de
necessidades de treinamento para que orientem a melhor formatação de uma
formação dos Atores do Processo no Ensino a Distância bem como de qual material
deve ser elaborado para esta formação; (D) qual a formalização mínima de um
planejamento educacional com base em parâmetros de interatividade.
       Assim sendo os recortes da demanda desta Análise Ergonômica da Atividade no
Ensino à Distância são apresentados como questões: (1) qual os problemas de
usabilidade que bloqueiam, dificultam, retardam o processo de navegabilidade no sítio
de Internet da UAB e na Interface da ferramenta Moodle? (2) Há necessidade de
treinamento dos Atores do processo de ensino e aprendizagem a distância? (3) Qual
Formação? (4) Existe necessidade de produção de material? (5) Qual material? (6) Há
necessidade de realização de guias de estudo? (7) Há possibilidade de melhorias nas
Ferramentas interativas? (8) possibilidade de utilização de alguma outra tecnologia?
(9) Quais as condições sócio-técnicas dos pólos? (10) Qual expertise do pólo deve ser
compartilhada? (11) Qual o impacto da EaD/UAB/UnB na comunidade? (12) Qual a
forma de planejamento padrão mínimo para construção da disciplina na plataforma


                                                                                  49
Moodle? (13) Qual a Familiaridade dos Atores do Processo? (14) Qual a necessidade de
formação da Comunidade?
       Assim sendo, o objetivo da Análise da Demanda, que é o de estabelecer os
recortes da Análise Ergonômica da Atividade foi desempenhado. As interfaces
possuem de fato problemas de usabilidade, e a questão da formação dos atores do
processo de Ensino a Distância mostrou-se de soberana importância. Para Análise da
Tarefa será necessário um levantamento das necessidades de formação juntamente
com as distintas categorias dos Atores do EaD. Será foco da Análise da Tarefa uma
Avaliação Heurística com profissionais de distintas formações: um Designer, um
profissional de Arquitetura de Informação, um profissional da área de Sistemas e de
Planejamento são indispensáveis, bem como será foco, também a definição dos
aspectos a serem verificados na Análise da Atividade de interação. É escopo da Análise
da Tarefa a identificação das melhores práticas de campus virtuais a fim de subsidiar a
Estratégia de Presença on line, a Matriz de Escopo bem como a hierarquização do
conteúdo e a Macroarquitetura de Informação. Documentos estes que serão validados
na etapa de Análise da Atividade.




                                                                                    50
6. Referências Bibliográficas

ABRAHÃO, JULIA ISSY. SILVINO, ALEXANDRE MAGNO. e SARMET, MAURICIO MIRANDA.
Ergonomia, Cognição e trabalho Informatizado. Psicologia: teoria e Pesquisa. Mai-Ago,
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ABRAHÃO, JULIA ISSY. Ergonomia: modelos, métodos e técnicas. Em 2º Congresso
Latinoamericano e 6º Seminário Brasileiro de Ergonomia, UnB/IP, 1993.

BASTIEN, C. (Validation de Criteres Ergonomiques Pour L’evaluation D’interfaces
utilisateurs. Rapports de Recherche, no 1427, INRIA-ROCQUENCOURT. França, 1991.

COSTA, LUCIANO A. CARVALHO & FRANCO, SÉRGIO R. KIELING. Ambientes Virtuais De
Aprendizagem e suas Possibilidades Construtivistas. Revista Novas Tecnologias na
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CYBIS, WALTER A. Ergonomia de Interfaces Homem-Computador. Apostila para o curso
de Pós-Graduação em Engenharia de Produção -Universidade de Santa Catarina,
Florianópolis.    (última        atualização     05/11/2002) disponível     em:
http://www.labiutil.inf.ufsc.br. Acesso em 12/12/2002.

CYBIS, WALTER A. BETIOL, ADRIANA H. FAUST, RICHARD. Ergonomia e Usabilidade:
Conhecimentos, Métodos e Aplicações. Ed. Novatec, São Paulo, 2007.

FERREIRA, HERBERTZ. Processos interativos em ambientes virtuais de educação:
desafios e superações na Educação Superior On-line. Revista de Trabalho e Educação /
Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais . — Nº 1 , Vol 2, 2008. Disponível
em url: http://www.sinprominas.org.br/imagensDin/arquivos/499.pdf#page=154

GUÉRIN, F; LAVILLE, A., DANIELLOU F., DURAFOURG J. & KEGUELLEN A. Compreender o
Trabalho para Transformá-lo. A Prática da Ergonomia. Ed Edgar Blücher LTDA. São
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NEDER, MARIA LÚCIA CAVALLI. A orientação Acadêmica na Educação a Distância: a
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MARMARAS N. & KONTOGIANIS, T. Cognitive Task. Em: G. Salvendy, Handbook of
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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, COMITÊ EXECUTIVO DO GOVERNO ELETRÔNICO.
Resolução No 7, de 29 de Julho de 2002. Disponível em URL:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Resolu%C3%A7%C3%A3o/2002/RES07-
02web.htm.
                                                                                   51
REAL, LUCIANE M. CORTE, CORBELLINI, SILVANA. Proposta de uso de WIKI como
Arquitetura Pedagógica: Cooperação. Anais do XXII SBIE - XVII WIE. 2011. Disponível
em      URL:     http://www.br-ie.org/sbie-wie2011/workshops/wapsedi/wapsedi08-
94977_1.pdf

REATEGUI, ELISEO. Interfaces para Softwares Educativos. Revista Novas Tecnologias na
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REIS, HELIANA. Modelos de Tutoria no Ensino a Distância. Biblioteca On-line de
Ciências da Comunicação, 2008. Disponível em Url: http://www.bocc.ubi.pt/pag/reis-
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ROJAS, E. M. “Use of Web-based Tools to Enhance Collaborative Learning”. Journal of
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SANTOS-LIMA, SERGIO L. Ergonomia Cognitiva e a Interação Pessoa-Computador:
Análise Ergonômica da Urna Eletrônica 2002 e do Módulo Impressor Externo.
Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas, UFSC, 2003.

SANTOS -LIMA, SERGIO L. Estratégias Operatórias em Navegabilidade. 2009, 134f.
Doutor (Doutorado em Engenharia de Produção e Sistemas) – Programa de Pós-
graduação em Engenharia de Produção e Sistemas, UFSC, 2009.

SCAPIN, D.L., (1986). Guide Ergonomique de Conception des Interfaces Homme-
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SENACH, B. L’Evaluation Ergonomique des Interfaces Homme-Machine. Une Reveu de
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SILVINO, ALEXANDRE MAGNO D. & ABRAHÃO, JULIA ISSY. Navegabilidade e inclusão
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SILVINO, ALEXANDRE MAGNO D. (2004). Ergonomia Cognitiva e Exclusão Digital: a
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Doutorado apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília. UnB,
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STERNBERG, ROBERT J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Ed. ArtMed, 2000.

VIEIRA, FÁBIA M. SANTOS. Considerações Teórico-metodológicas para Elaboração e
Realização    de     Cursos      Virtuais,  2011.   Disponível    em      URL:
http://ww2.abed.org.br/visualizaDocumento.asp?Documento_ID=27




                                                                                  52

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Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância UAB-UnB

  • 1. Dr. Sergio Luis dos Santos Lima sergioluslima@gmail.com Universidade de Brasiília – UnB. Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância UAB-UnB Resumo O objetivo deste artigo é apresentar os resultados parciais encontrados pela Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância, mais especificamente os resultados da etapa de Análise da Demanda. Trata-se de um estudo exploratório. Adotou-se a abordagem da Ergonomia dada a premissa antropocêntrica no sentido de adaptar o ambiente às características de seu usuário final. A trajetória metodológica utilizada foi a Análise Ergonômica do Trabalho tal como proposto por Guerin e cols (2001) e composta de três etapas, a saber: 1) Análise da Demanda; 2) Análise da Tarefa; 3) Análise da Atividade. Para análise da demanda, os procedimentos utilizados foram as técnicas de grupo focal, entrevistas abertas e semi-estruturadas, análise heurística e inspeção cognitiva. A amostra é constituída por 7 (sete) Coordenadores de curso, 2 (dois) Coordenadores de Pólo, 28 (vinte e oito) Alunos do Pólo de Alto Paraíso, 4 (quatro) Professores, 7 (sete) Profissionais da Equipe Interna, sendo 2 (dois) da Equipe de Sistemas, 4 (quatro) Tutores presenciais e 40 Alunos de duas Faculdades do Distrito Federal. Assim sendo os recortes da demanda desta Análise Ergonômica da Atividade no Ensino à Distância são apresentados como questões: (1) qual os problemas de usabilidade que bloqueiam, dificultam, retardam o processo de navegabilidade no sítio de Internet da UAB e na Interface da ferramenta Moodle? (2) Há necessidade de treinamento dos Atores do processo de ensino e aprendizagem a distância? (3) Qual Formação? (4) Existe necessidade de produção de material? (5) Qual material? (6) Há necessidade de realização de guias de estudo? (7) Há possibilidade de melhorias nas Ferramentas interativas? (8) possibilidade de utilização de alguma outra tecnologia? (9) Quais as condições sócio-técnicas dos pólos? (10) Qual expertise do pólo deve ser compartilhada? (11) Qual o impacto da EaD/UAB/UnB na comunidade? (12) Qual a forma de planejamento padrão mínimo para construção da disciplina na plataforma Moodle? (13) Qual a Familiaridade dos Atores do Processo? (14) Qual a necessidade de formação da Comunidade? Para a próxima etapa da AET, a Análise da Tarefa, será necessária uma Avaliação Heurística com profissionais de distintas formações, bem como será foco a definição dos aspectos a serem verificados na Análise da Atividade de interação. Será o escopo da Análise da Tarefa também a identificação das melhores práticas de campus virtuais a fim de subsidiar a estratégia de presença on line, a matriz de escopo bem como a hierarquização do conteúdo e a Macroarquitetura de Informação. Documentos estes que serão validados na etapa de Análise da Atividade. Palavras Chaves: Ensino a Distância, UAB/UnB, Análise Ergonômica do Trabalho, Análise da Demanda.
  • 2. 1. Introdução Presenciamos a inserção de uma tecnologia de rompimento na sociedade: a Internet. A Internet é um meio de comunicação que causa um impacto na sociedade ao revolucionar a forma e a amplitude de como nos comunicamos e interagimos. Possui um poderoso potencial didático. É um ambiente não linear que tem uma cultura peculiar. De acordo com Filho (2000) é possível assegurar que a Internet representa um clássico exemplo de tecnologia de rompimento e, como toda a inovação desta magnitude, provoca uma reorganização da humanidade, o que atualmente está a acontecer. Inclusive na Educação. Devido a isso organizações educacionais têm se interessado em estabelecer as estratégias de presença neste universo virtual. Entretanto, as variáveis que interferem nos processos mentais do aluno, tanto os cognitivos quanto os psíquicos envolvidos na atividade de Ensino a Distância são, ainda, mal conhecidas. Bem como são também mal conhecidas as variáveis ambientais e sociais que interferem neste Ensino a Distância. Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados parciais encontrados na Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância, mais especificamente os resultados da etapa de Análise da Demanda. Os objetivos específicos desta Análise Ergonômica da Atividade são: (a) obter diagnóstico sobre a interatividade no EAD, (b) analisar a necessidade de formação dos Atores no processo, c) analisar e identificar os modos operatórios empregados pelos usuários finais, d) identificar os problemas de usabilidade que bloqueiem, dificultem e/ou retardem o processo de navegabilidade no sítio de internet da UAB (Figura 1) e na interface do Moodle (Figura 2), e) propor recomendações para otimização da interatividade entre os Atores no processo e nas interfaces, f) identificar as melhores práticas de campus virtuais, g) incentivar o protagonismo (estratégia wiki), h) propor uma estratégia de presença on line, i) propor macroarquitetura e por fim j) produzir conhecimento acerca da atividade de Ensino a Distância. 2
  • 3. Figura 1- Interface da Plataforma Moodle. Figura 2 – Interface da UABUnB. 3
  • 4. 2. Referencial Teórico Se a internet é uma tecnologia de rompimento que esta a revolucionar diversos extratos da sociedade, dentre elas o ensino, uma pergunta salta aos olhos do pesquisador: o que caracterizaria essa revolução no Ensino a Distância? A resposta: o aluno intervir de maneira ativa na constituição do ensino e da aprendizagem, tornando-os uma construção e um processo social de concepção e de inovação. Essa integração da interatividade na produção é denominada pelos brilhantes filósofos italianos: Lazzarato e Negri, de trabalho imaterial. Ou seja, aquele que ativa e organiza a relação interativa. Essa ativação é materializada dentro e por meio do processo comunicativo. É o trabalho que inova continuamente as formas e condições da comunicação. Dá molde e materializa as necessidades, o imaginário e os gostos do aluno. Uma particularidade do que é produzido por esse trabalho está no fato de que ele não se destrói no ato de interatividade, mas alarga, transforma, cria o ambiente ideológico e cultural do aluno. Assim, produz acima de tudo uma relação social (uma relação social de inovação, de produção, de interação). Nesse contorno de produção de relação social, a “matéria-prima” do trabalho imaterial é a subjetividade do usuário final e o “ambiente ideológico” na qual a subjetividade vive e se reproduz: a interface. Ao avaliar interfaces já existentes percebe-se, com freqüência, a fragilidade destas. Em geral, os usuários ocupam um lugar secundário no processo de concepção, predominando uma visão voltada para o aspecto técnico de programação. Muitas vezes, observa-se que estes “sofrem” durante a interação e que por este motivo desistem de utilizá-los e fracassam em seu trabalho. Outro aspecto constatado, é a elevada taxa de erros durante a utilização, em função da interface possuir na sua estrutura componentes que solicitam do usuário uma carga cognitiva elevada. A conjugação desses fatores leva uma parcela significativa da população a terem constrangimentos na interatividade. 4
  • 5. Os estudos nesta área são recentes indicando a relevância atual do tema e justificando a carência de literatura que aborde estas questões, bem como que relacionem a navegabilidade (usabilidade) na interface, o contexto sócio técnico e às características e necessidades de seus usuários finais, sua subjetividade, como acessam as informações, o tempo de resposta, as principais dificuldades para o entendimento da lógica envolvida no processo de interação do sistema, dentre outros. Usabilidade, segundo a norma internacional ISO 9241 - que trata das recomendações ergonômicas - é a capacidade que apresenta um sistema interativo de ser operado, de maneira eficaz, eficiente e agradável, em um determinado contexto de operação, para a realização das tarefas de seus usuários. Por sua vez, a navegabilidade, de acordo com Silvino (2004), é compreendida em função da usabilidade que o site apresenta, bem como pelas representações das pessoas, suas estratégias de resolução de problemas e de como o processo decisório é constituído. Esse conceito remete tanto a uma dimensão extrínseca como intrínseca. De acordo com Senach (1993) a dimensão intrínseca é referente à lógica estrutural do sistema. É orientada para as características técnicas e funcionais da interface em termos de coerência interna de funcionamento e de suas propriedades físicas e gráficas que estruturam a organização e apresentação das informações. E a dimensão extrínseca é ligada à adequação da interface à situação, às exigências técnicas da tarefa e aos objetivos, experiências e características dos usuários. O fio condutor da análise intrínseca são os critérios ergonômicos para a qualidade da interação. O primeiro estudo sobre critérios ergonômicos na concepção de interface foi proposto por Scapin (1986). Ele organizou os critérios ergonômicos em 8 categorias: 1. Compatibilidade; 2. Homogeneidade;3. Concisão; 4. Flexibilidade; 5. Orientação e feedback; 6. Carga de Informação; 7. Controle explícito; 8. Gestão de erros. Em 1990, Scapin elabora uma lista de critérios ergonômicos comportando três níveis, o primeiro nível constitui-se de oito critérios principais decompondo-se em outros dois níveis de critérios, os critérios elementares. No total a lista contém dezoito critérios assim descritos: 5
  • 6. 1.Orientação. 1.1.Condução. 1.2.Grupamento/ Distinção entre Itens. 1.2.1.Grupamento/ Distinção por Localização. 1.2.2.Grupamento/ Distinção por Formato. 1.3 Feedback Imediato. 1.4 Clareza (Legibilidade). 2. Carga de Trabalho. 2.1. Brevidade. 2.1.1. Concisão. 2.1.2. Ações Mínimas. 2.2. Carga Mental. 3. Controle Explícito. 3.1. Ações Explícitas. 3.2. Controle do Usuário. 4. Adaptabilidade. 4.1. Flexibilidade. 4.2. Consideração a Experiência do Usuário. 5. Gestão de Erros. 5.1. Proteção Contra os Erros. 5.2. Mensagens de Erros. 5.3. Correção de Erros. 6. Homogeneidade/ Consistência. 7. Significado dos Códigos. 8. Compatibilidade. 6
  • 7. Bastien (1991) valida os critérios ergonômicos para avaliação da interface, identifica as categorias, define e justifica os critérios e as categorias dos critérios. 1. Orientação – refere-se ao conjunto de meios empregados para aconselhar, informar e conduzir o usuário na interação com o COMPUTADOR. Justificativa: uma boa orientação facilita a aprendizagem e a utilização do sistema, permitindo que o usuário tenha conhecimento, a qualquer momento, de onde se encontra na seqüência da interação ou na execução de uma tarefa. A facilidade de aprendizagem e de utilização permite um melhor desempenho e ocasiona menos erros. 1.1. Condução – corresponde aos meios utilizados para levar o usuário a realizar determinadas ações. A condução diz respeito às informações que permitem ao usuário identificar o estado ou contexto no qual ele se encontra, bem como às ações possíveis e como acioná-las; às ajudas disponíveis e aos formatos de entradas de dados. A Figura 3 ilustra um exemplo de condução. O usuário, ao utilizar o Powerpoint, sabe exatamente onde ele se encontra na interação e quais opções de ação possui. Figura 3 – Exemplo de condução. Justificativa: uma boa condução guia o usuário e lhe poupa, por exemplo, o aprendizado de uma série de comandos. Ela permite, também, que o usuário saiba em que modo ou em que estado ele está, onde ele se encontra no diálogo e o que ele fez para se encontrar nessa situação. Uma boa condução facilita a navegação no aplicativo e diminui a ocorrência de erros. 7
  • 8. 1.2. Grupamento/ Distinção entre Itens: 1.2.1. Grupamento/ Distinção por Localização – diz respeito ao posicionamento relativo dos itens, estabelecido para indicar se eles pertencem ou não a uma dada classe, ou, ainda, para indicar diferenças entre classes. Esse critério também diz respeito ao posicionamento relativo dos itens dentro de uma classe. A figura 4 exemplifica esse critério. O pocisionamento dos elementos na tela da interface da Caixa Econômica Federal denota a similaridade entre as classes de funcionalidade, facilitando o reconhecimento e a orientação do usuário. Figura 4 – Exemplo de Grupamento/ Distinção entre Itens. Justificativa – a compreensão de uma tela pelo usuário depende, entre outras coisas, da ordenação dos objetos (imagens, textos, comandos, etc.) que são apresentados. Os usuários irão detectar os diferentes itens mais facilmente se eles forem apresentados de uma forma organizada (em ordem alfabética, freqüência de uso, etc.). Além disso, a aprendizagem e a recuperação de itens serão melhoradas. 1.2.2. Grupamento/ Distinção por Formato – diz respeito mais especificamente às características gráficas (formato, cor, etc.) que indicam se itens pertencem ou não a uma dada classe, ou que indicam ainda distinções entre classes diferentes ou distinções entre itens de uma dada classe. No simulador de financiamento de veículos do Unibanco, os diferentes tipos de elementos na interface, na figura 5 indicados pelas 8
  • 9. setas verdes, são visualmente distintos uns dos outros transmitindo associações e diferenças entre as funcionalidades. Figura 5 – Exemplo de Grupamento/ Distinção por Formato. Justificativa: será mais fácil para o usuário perceber relacionamento(s) entre itens ou classes de itens, se diferentes formatos ou diferentes códigos ilustrarem suas similaridades ou diferenças. Tais relacionamentos serão mais fáceis de aprender e de lembrar. 1.3. Feedback Imediato – refere-se às respostas do sistema consecutivas às ações do usuário, as quais devem ser fornecidas, de forma rápida, com passo (timing) apropriado e consistente para cada tipo de transação solicitada e seu resultado. Na figura 6, ao realizar um download no site da Caixa Econômica Federal, é fornecido um feedback imediato da operação. No segundo exemplo é ilustrado, na mesma figura, um bradcrumb da interação indicando a profundidade e a hierarquia do site da Caixa. Trata-se de uma excelente prática de usabilidade que contempla tanto o critério de feedback imediato quanto o critério de condução. 9
  • 10. Figura 6 – Exemplos de Feedback Imediato. Justificativa: a qualidade e a rapidez do feedback são dois fatores importantes para estabelecer a satisfação e a confiança do usuário, assim como a compreensão do diálogo. Esses fatores possibilitam que o usuário tenha uma boa representação do sistema. Respostas lentas freqüentemente ocasionam ações que podem ser fontes de erros. Quando o sistema está em curso de operação o usuário deve ser informado. A ausência de feedback ou sua demora podem ser desconcertantes para o usuário. Os usuários podem suspeitar de uma falha no sistema e podem realizar ações prejudiciais para os processos em andamento. 1.4. Clareza (Legibilidade) – refere-se às características lexicais das informações apresentadas na tela que possam dificultar ou facilitar a leitura dessa informação (brilho do caractere, contraste letra/fundo, tamanho da fonte, espaçamento entre palavras, espaçamento entre linhas, espaçamento de parágrafos, comprimento da linha, etc.). A figura 7, no site do Governo Federal, ilustra um exemplo de um contraste negativo de letra/fundo que prejudica a legibilidade na interface, em outras palavras, 10
  • 11. letras escuras em um fundo claro são mais fáceis de ler que letras claras em um fundo escuro. Figura 7 – Exemplo de Clareza (Legibilidade). Justificativa: o desempenho melhora quando a apresentação da informação leva em conta as características cognitivas e perceptivas dos usuários. Uma boa clareza (legibilidade) facilita a leitura da informação apresentada. 2.Carga de Trabalho – consiste no conjunto de elementos da interface que desempenham, para o usuário, um papel na redução de sua carga perceptiva ou mnemônica e no aumento da eficiência do diálogo. Justificativa: quanto maior a carga de trabalho, maior os riscos de erros. Da mesma forma, quanto mais o usuário for distraído por informações não pertinentes, menor será a eficiência da tarefa. 2.1. Brevidade – refere-se a dois critérios: ações mínimas e concisão. 2.1.1. Concisão – refere-se à carga de trabalho e nível perceptivo e mnemônico em relação aos elementos de entrada e de saída. Na figura 8, a tela do terminal de auto atendimento do Banco do Brasil fornece um feedback em português e outro em inglês. A tradução, além de desnecessária, constrange os usuários que não possuem o domínio em língua inglesa. 11
  • 12. Figura 8 – Exemplo de Concisão. Justificativa: a capacidade da memória de trabalho (ou memória de curto termo – MCT) é limitada. Conseqüentemente, quanto menos entradas, menor serão os riscos de cometer erros. Além disso, quanto mais sucintos forem os itens, menor será o tempo de leitura, maior será a eficiência da interação. 2.1.2. Ações Mínimas - refere-se à carga de trabalho em relação ao número de ações necessárias à realização de uma tarefa. O que temos aqui é uma questão de limitar tanto quanto possível o número de passos que o usuário deve empregar. Por exemplo, na figura 9, ao digitar a primeira letra do nome, o software de enviar e receber e-mails, minimiza as ações do usuário fornecendo uma lista com os nomes de seus contatos. Figura 9 – Exemplo de Ações Mínimas. 12
  • 13. Justificativa: quanto mais numerosas e complexas forem às ações necessárias para se alcançar um objetivo, a carga de trabalho aumentará e, com ela, a probabilidade de ocorrências de erros. 2.2. Carga Mental (Densidade Informacional) – refere-se à carga de trabalho no nível perceptivo e mnemônico no conjunto dos elementos apresentados aos usuários. A figura 10 ilustra o site do MSN, onde a densidade da informação é muito alta, exigindo do usuário uma elevada carga percepto-cognitiva. Figura 10 – Exemplo de Densidade Informacional. Justificativa: na maioria das tarefas, o desempenho dos usuários piora quando a carga mental é muito alta ou muito baixa. Nesses casos, é mais provável a ocorrência de erros. Os itens que não são relacionados à tarefa devem ser removidos. A memória de curto termo é limitada, portanto a carga de memorização dos usuários deve ser minimizada. Eles não devem ter que memorizar informações procedimentos complicados. Não devem, também, ter que executar tarefas cognitivas complexas quando estas não estão relacionadas com a tarefa em questão. 13
  • 14. 3. Controle Explícito – refere-se ao controle que o usuário tem sobre a interface e, também, ao caráter explícito de suas ações. Justificativa: quando as entradas do usuário são explicitamente definidas, por eles próprios e sob o seu controle, as ambigüidades e os erros são limitados. Quando o usuário controla o diálogo, há uma maior aceitação do sistema. 3.1. Ações Explícitas – refere-se às relações entre o processamento pelo computador e as ações do usuário. Essa relação deve ser explícita, isto é, o computador deve processar somente aquelas ações solicitadas pelo usuário e apenas quando solicitado a fazê-lo. Na interface disponibilizada pelo Portal de serviços e informações de governo do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (figura 11), é solicitada a autorização (seta verde) do usuário para acrescentar um cookie para diminuir os passos necessários à interação numa posterior navegação. Figura 11 – Exemplo de Ações Explícitas. Justificativa: quando o processamento pelo computador resulta de ações explícitas dos usuários, estes aprendem e entendem melhor o funcionamento da aplicação e menos erros são observados. 3.2. Controle do Usuário – refere-se ao sistema antecipar-se ao usuário e lhe fornecer as opções apropriadas a cada ação, permitindo que o usuário tenha sempre o controle da interação. Cada ação possível do usuário deve ser antecipada e opções apropriadas devem ser oferecidas. Na figura 12, o usuário ao desligar o sistema Microsoft Windows vislumbra quais possibilidades possui para sua tomada de decisão 14
  • 15. Figura 12 – Exemplo de Controle do Usuário. Justificativa: o controle sobre as interações favorece a aprendizagem e, assim, diminui a probabilidade de erros. Como conseqüência, o computador se torna mais previsível 4. Adaptabilidade - refere-se à capacidade da interface reagir segundo o contexto e segundo as necessidades e preferências dos usuários. Justificativa: quanto mais numerosas forem as diferentes opções de efetuar uma mesma tarefa, maiores serão as possibilidades dos usuários dominarem uma delas no decorrer de seu aprendizado. Desta forma interface se adapta ao usuário. 4.1. Flexibilidade – refere-se aos meios colocados à disposição do usuário que lhe permitem personalizar a interface, a fim de levar em conta as exigências das suas tarefas, de suas estratégias ou habilidades no trabalho. Trata-se, em outros termos, da capacidade da interface de adaptar às variadas ações do usuário. Veja o exemplo na figura 13, o aplicativo powerpoint do Microsoft Office 2003, fornece ao usuário possibilidades de personalizar sua área de trabalho. A mesma opção é fornecida pelo site da Google (Figura 14) que coloca a disposição do usuário meios que o permitam personalizar sua interface 15
  • 16. Figura 13 – Exemplo de Flexibilidade. Uma opção similar de personalização é fornecida pelo site da Google (Figura 14) que coloca a disposição do usuário meios que o permitam personalizar sua interface. Figura 14 – Exemplo de Flexibilidade. Justificativa: quanto mais formas de efetuar uma tarefa existirem, maiores serão as chances de que o usuário possa escolher e dominar uma delas no curso de sua aprendizagem. 4.2. Consideração a Experiência do Usuário – refere-se aos meios implementados que permitem que o sistema respeite o nível de expertise do usuário. A interface da BrasilTelecom considera o nível de experiência de seu usuário ao fornecer um tour pelo site. 16
  • 17. Justificativa: a interface deve ser concebida para lidar com as variações de expertise. Usuários experientes não têm as mesmas necessidades de informações que os novatos. Portanto meios diferenciados devem ser previstos para lidar com diferenças de experiência, permitindo que o usuário delegue ou se aproprie da iniciativa do diálogo. Na Figura 15, a Brasiltelecom oferece um hotsite (mini sítio) explicativo de como interagir com a interface. Figura 15 – Exemplo de Consideração a Experiência do Usuário. 5. Gestão de Erros – refere-se às possibilidades de evitar ou diminuir a ocorrência de erros e de corrigi-los. 5.1. Proteção Contra Erros – Diz respeito aos mecanismos empregados para detectar e prevenir os erros de entradas de dados, comandos, possíveis ações de conseqüências desagradáveis. A interface, ilustrada na figura 16, emprega meios para detectar e prevenir erros. 17
  • 18. Figura 16 – Exemplo de Proteção Contra Erros. Justificativa: é preferível detectar os erros no momento da digitação, do que no momento da validação. 5.2. Mensagens de Erros – consiste na pertinência e exatidão da informação fornecida ao usuário sobre a natureza do erro cometido e das ações a executar para corrigi-lo. A Figura 17 traz um exemplo, o usuário é informado da natureza do erro cometido. Figura 17 – Exemplo de Mensagem de Erro. Justificativa: a qualidade das mensagens favorece o aprendizado da interface, indicando ao usuário a razão ou a natureza do erro cometido, o que ele fez de errado, o que ele deveria ter feito e o que ele deve fazer. 18
  • 19. 5.3. Correção de Erros – consiste nos meios disponíveis ao usuário para permitir a correção de seus erros. A interface, na figura 18 ilustrada abaixo, disponibiliza meios a fim de que o usuário realize a correção de seus erros ao fornecer um link a todos os campos onde há a necessidade do usuário intervir. Figura 18 – Exemplo de Correção de Erros. Justificativa: os erros são bem menos aversivos quando eles são fáceis de corrigir. 6. Homogeneidade/ Consistência – refere-se a aquelas escolhas de objetos de interface (códigos, procedimentos, denominações, etc.) que são idênticos para contextos idênticos e diferentes para contextos diferentes. No exemplo da figura 19, é mantida a homogeneidade no header nas interfaces do site do Exército Brasileiro, facilitando o aprendizado e a navegação no site da corporação. 19
  • 20. Figura 19 – Exemplo de Homogeneidade / Consistência. Justificativa: os procedimentos, rótulos, comandos, etc., são mais bem reconhecidos, localizados e utilizados, quando seu formato, localização ou sintaxe são estáveis de uma tela para outra, de uma seção para outra. Nessas condições, o sistema é mais previsível e a aprendizagem mais generalizável; os erros são diminuídos. É necessário escolher opções similares de códigos, procedimentos, denominações para contextos idênticos, e utilizar os mesmos meios para obter os mesmos resultados. É conveniente padronizar tanto quanto possíveis todos os objetos quanto a seu formato e a sua denominação, e padronizar a sintaxe dos procedimentos. A falta de homogeneidade nos menus, por exemplo, pode aumentar consideravelmente os tempos de procura. A falta de homogeneidade é também uma razão importante da recusa de utilização. 7. Significado dos Códigos – refere-se à adequação entre o objeto ou a informação apresentada e a sua referência. Códigos e denominações significativas possuem uma forte relação semântica com seu referente. Termos pouco expressivos para o usuário podem ocasionar problemas de condução, podendo levá-lo a selecionar uma opção errada. Na figura 20, alguns ícones da interface da rede governo possuem uma fraca relação semântica com seu referente. 20
  • 21. Figura 20 – Exemplo de Significado dos Códigos. Justificativa: quando a codificação é significativa, a recordação e o reconhecimento são melhores. Códigos e denominações não significativos para os usuários podem sugerir operações inadequadas para o contexto, aumentando os riscos de erros. 8. Compatibilidade – refere-se ao acordo existente entre as características do usuário (memória, percepção, hábitos, etc.) e as tarefas, de uma parte, e a organização das entradas e saídas e dos diálogos, de forma que se tornem compatíveis entre si. Justificativa – A transferência de informações é mais rápida e eficaz quanto menor é o volume de informação que deve ser recordada pelo usuário. A eficiência é aumentada quando: os procedimentos necessários ao cumprimento da tarefa são compatíveis com as características psicológicas do usuário; os procedimentos e as tarefas são organizados de maneira a respeitar as expectativas ou costumes do usuário; quando as traduções, as transposições, as interpretações, ou referências à documentação são minimizadas.O desempenho é melhor quando a informação é apresentada de uma forma diretamente utilizável (telas compatíveis com o suporte tipográfico, denominações de comandos compatíveis com o vocabulário do usuário, etc.). 21
  • 22. Ergonomia A Ergonomia é uma área do conhecimento que visa transformar os artefatos tecnológicos, adaptando-os às características das pessoas, bem como às características de sua atividade, almejando assim, uma otimização do conforto, da segurança e da eficácia. Seu objetivo é humanizar a tecnologia defendendo a premissa de que esta deve ser adaptada às características das pessoas em articulação com as exigências sócio-técnicas das tarefas realizadas, aos objetivos a serem cumpridos e as condições tecnológicas efetivas que lhes são dadas. Trata-se, portanto de uma abordagem mediadora entre a pessoa e a tecnologia como forma de assegurar que a lógica que guia a ação da pessoa seja contemplada tanto no processo de concepção quanto de reformulação das interfaces em geral. A Ergonomia possui como pressuposto epistemológico: o antropocentrismo, e como principal pressuposto metodológico: a Análise da Atividade. Esta Análise considera a conduta humana em situação real, as estratégias operatórias que a pessoa efetivamente utiliza para executar a atividade. Utilizo o termo conduta em detrimento de comportamento porque o conceito de conduta introduz uma noção de “motivos” ou de “intenção”. Dessa forma, trabalhando em uma perspectiva antropocêntrica, a Ergonomia, além de aumentar a produtividade e qualidade, contribui para uma redução da carga de trabalho tanto em seu componente psíquico, que determina as vivências de prazer da pessoa, quanto em seu componente físico, minimizando os esforços biomecânicos e fisiológicos, como também em seu componente cognitivo, diminuindo suas exigências, como a memória, resolução de problemas, processos decisórios, dentre outros. Segundo Abrahão (1993), a Análise da Atividade é o fio condutor da intervenção ergonômica. Esta abordagem é centrada sobre o estudo da atividade real de execução da tarefa. Portanto, a Ergonomia não é uma área do conhecimento do objeto, e sim de sua interação. Não existe um estudo ergonômico da cadeira e sim um estudo ergonômico na cadeira. Assim sendo, a presença do ergonomista em situação real de uso de um artefato é um fator determinante. Essa presença constitui a diferença fundamental entre a Ergonomia e outras abordagens. Em poucas palavras, a 22
  • 23. Ergonomia é uma ciência da interação e da transformação (da tecnologia à pessoa). (SANTOS-LIMA, 2009). Ergonomia Cognitiva Como nos ensina Abrahão, Silvino e Sarmet (2005), a Ergonomia Cognitiva é um campo de aplicação da Ergonomia que tem como objetivo explicitar como se articulam os processos cognitivos face às situações de resoluções de problemas nos diferentes níveis de complexidade. Desta forma, a ela visa analisar os processos cognitivos implicados na interação: a memória (operativa e longo prazo), os processos decisórios, a atenção (carga mental e consciência), enfim as estruturas e os processos para perceber, armazenar e recuperar informações. Para Weill-Fassina (1990), os processos cognitivos são compreendidos como sendo constituídos de modos operatórios, de seqüências de ação, de gestos, de sucessões de busca e de tratamento de informações, de comunicações verbais ou gráficas de identificações de incidentes ou de perturbações que caracterizam a tarefa efetiva realizada pela pessoa. Dessa forma, é preciso realizar registros que possam descrever as etapas, o desenvolvimento temporal das atividades, as estratégias utilizadas, verbalizações e as relações entre essas variáveis, bem como identificar variáveis que possam modificar a situação corrente. Assim sendo, segundo Santos_lima (2003), o ergonomista busca as informações emitidas pelas pessoas, seja em forma de comportamento, seja em forma de verbalização, buscando formar um ‘quadro cognitivo’ claro sobre a pessoa. Este quadro irá subsidiar decisões de como ajustar e/ou conceber a interface à pessoa. A conexão entre a atividade e as representações disponíveis e utilizadas origina um delineamento da estratégia operatória desenvolvida pela pessoa para resolver um problema posto ou tomar uma decisão. Desvendar o caminho segundo o qual o usuário constrói os problemas com os quais é confrontado pode constituir uma alternativa para melhor explicar os erros e acidentes do que, simplesmente, identificar as condições sob as quais os problemas 23
  • 24. são resolvidos. A análise ergonômica do trabalho possibilita a compreensão das estratégias de construção do problema, das limitações da interface e dos elementos a serem incorporados no treinamento. Nesse sentido, questões de natureza diferenciada emergem durante a análise de interfaces, que podem ser agrupadas em duas categorias: 1. Características dos usuários – A) Grau de escolaridade; B) Familiaridade com o sistema informatizado: I. Representação dos usuários; II. Reconhecimento de padrões; III. Experiência. 2. Exigências das tarefas e da atividade – A) Análise extrínseca: I. Compatibilidade dos usuários ao sistema; II. Modos e estratégias operatórias de navegação; III. Análise dos erros e retrabalho. B) Análise intrínseca: serão avaliados segundo os seguintes critérios ergonômicos: I. Condução (Presteza nas informações fornecidas, Agrupamento por formato e distinção de itens; Feedback imediato; Clareza (nas características lexicais); II. Carga de Trabalho (Carga Mental e Brevidade); III. Controle Explícito (Ações explícitas e Controle do usuário); IV. Adaptabilidade (Facilidade dos meios disponíveis, experiência do usuário); V. Gestão de Erros (Proteção contra erros, Qualidade da mensagem e correção de erros); VI. Homogeneidade e Consistência; VII. Significância dos Códigos. Além destas duas categorias vale situar o atual momento de alargamento das problemáticas e redefinição da práxis ergonômica acerca dos critérios de qualidade da interação. De acordo com Haradji e Faveaux (2006), os critérios de qualidade da interação resultam de uma ampliação das problemáticas de análise e concepção, principalmente àquela realizada pela atividade coletiva. Os autores explicitam as novas questões confrontadas nesse atual momento, são elas: (1) ampliação das questões de análise e concepção; (2) uma evolução para os critérios de concepção; (3) a necessidade de critérios de modelização. A primeira questão decorre da dimensão coletiva do trabalho e é genuinamente ímpar em relação à prática ergonômica dos outros momentos. Quando o ergonomista defrontava-se com intervenções na Internet, era praticamente com um tipo de cliente e uma determinada aplicação. Atualmente, a demanda recaí sobre 24
  • 25. projetos que visam a necessidade diária de produtos e serviços, assim, o desenvolvimento e a descrição da atividade diárias no habitat torna-se importante para permitir propor ofertas (produtos e serviços) adaptados ao uso. Outra ampliação da questão de análise e demanda provem da necessidade de permitir a cooperação dos trabalhadores numa atividade coletiva, bem como a necessidade de instaurar e aperfeiçoar um ‘trabalho de articulação” entre todos os Atores de uma cadeia de valor, tanto no nível micro, atuando sobre as competências dos Atores) quanto no macro, atuando na otimização das relações funcionais entre os diversos Atores. Logo, a qualidade da interação nessa nova etapa da Ergonomia, não refere-se mais a uma apreciação de uma relação estrita entre uma pessoa e um artefato, mas é entendido como uma situação mais ampla, com a integração de diversos Atores (ligados a vida diária ou a vida profissional) e as Organizações. Essa abertura a situações de interação mais complexas implica em fazer evoluir os critérios utilizados pela Ergonomia. A utilidade e usabilidade deverão ser consideradas. Em contrapartida, essa abertura necessita estruturar a transformação dessas situações em redor de novos critérios que consideram a conformidade, a aceitabilidade individual/social e a dimensão emocional. Por dimensão emocional os autores compreendem pelo prazer ou não que a pessoa sente na utilização de um artefato e na forma como encara a inserção desse artefato na sua relação com ambiente. A hipótese de Haradji e Faveaux (2006) é que esses novos critérios devem ser um quadro para a cooperação e a modelização pode ser um meio. Nesse contexto, Haradji e Faveaux (2006) propõem hipóteses para abordar a pergunta dos critérios que estruturam a concepção. Dentre estas, a hipótese que conduz a transformar as situações, baseando-se em critérios que visem favorecer as dimensões cognitivas, emocionais, sociais, organizacionais, físicas, etc. da atividade humana. Dessa forma os autores batizam suas propostas, formuladas em hipóteses como “engenharia das situações de interação”, validando sua proposta em termos de crença de que a Ergonomia deve-se construir sobre bases formais que favoreçam a transmissão do saber e a confrontação científica. Nesse sentido, é pertinente buscar 25
  • 26. respostas para as questões abaixo que permitirão minimizar diferentes dimensões da problemática analisada. i. A forma que a organização das informações contidas na interface foram construídas e apresentadas favorecem a sua apropriação como uma ferramenta eficiente e eficaz? ii. A interface está estruturada de modo a facilitar a busca e a recuperação das informações? Se não, qual a melhor forma de fazê-lo? iii. A composição da interface responde aos critérios de análise intrínseca? iv. Em que situações a competência do usuário encontra limites e resultam em fracasso? v. Quais são as estratégias adotadas pelos sujeitos para responder às exigências das tarefas? vi. Quais situações devem ser transformadas visando favorecer as dimensões cognitivas, emocionais, sociais, organizacionais, ec da atividade de Ensino a Distância? vii. Quais os efeitos da introdução e do uso de novas tecnologias no dia-a-dia dos Alunos? viii. Quais os critérios fundamentais para qualidade da interatividade do Ensino a Distância? 26
  • 27. 3. Trajetória Metodológica O método que norteia este trabalho é a Análise Ergonômica do Trabalho AET, ilustrada na Figura 21, proposta por Guérin e cols (2001) e que possui três etapas, a saber: (1) Análise da Demanda; (2) Análise da Tarefa; (3) Análise da Atividade. Figura 21 – AET – Análise Ergonômica do Trabalho proposta por Guèrin e Cols (2001). Assim para o recorte da Demanda foram realizados os seguintes procedimentos: (a) Observações Globais – foi empregada como contextualização sem planejamento e controle previamente elaborados. Consistiu em recolher e registrar os dados da realidade sem que o pesquisador utilizasse meios técnicos especiais. (b) Entrevistas – foram entrevistados 7 (sete) Coordenadores de curso, 2 (dois) Coordenadores de Pólo, 7 (sete) Alunos, 4 Professores, 7 (sete) profissionais da Equipe Interna, sendo 2 (dois) da Equipe de Sistemas, 4 (quatro) Tutores presenciais, Teve por objetivo subsidiar a Análise de Usabilidade Extrínseca e Instruir a Demanda sondando 27
  • 28. as atitudes e experiências dos Atores da atividade de Ensino a Distância UAB/UnB, Segue o Protocolo de Entrevistas realizado com os Atores: 1. Definindo o propósito / visão da interface - Qual o propósito da interface? Quais são os objetivos? 2. Desenvolvendo os objetivos da interface - Como é definido o sucesso desse serviço para UAB? Como saberás desse sucesso? Como descreves a interface? (I). Sob o ponto de vista da UAB. (II) Sob o ponto de vista dos usuários. 3. Definindo a audiência - Quem são os usuários primários e secundários? Como podes descrevê-los? Onde e como eles irão utilizá-lo? (ambiente); Como irão acessá-lo? (tipo de computador). 4. Conduzindo a análise de tarefas e priorizando tarefas no Moodle - O que os usuários poderão fazer no site? Quais tarefas serão críticas para os usuários? Quais tarefas são mais importantes para o usuário? Quais tarefas eles irão realizar com maior freqüência? Quais tarefas são mais propensas a gerar erros? Quais tarefas são críticas para o sucesso da interface da UAB? 5. Determinando objetivos mensuráveis de usabilidade - Quais tarefas os usuários deverão finalizar de forma simples/fácil e sem erro? (eficiência). Quais tarefas os usuários deverão finalizar rapidamente e eficientemente? (eficácia); Qual nível de satisfação que os usuários deverão ter após utilizar a interface? 6. Discutindo as expectativas, requerimentos e preferências - Qual sua visão do que a interface deverá fazer? O Protocolo de Entrevistas para os Profissionais da área de Tecnologia e Informação da UAB/UnB teve o acréscimo das seguintes perguntas: 7. Identificando os recursos disponíveis e necessidade de treinamento - Que tipo de recursos estão disponíveis para atualização e manutenção da interface? Vocês têm pessoas especializadas em escrever para o meio? Há designers gráficos no grupo 28
  • 29. de trabalho? Há Arquiteto de Informação na equipe? Quem é responsável pela manutenção e programação do site? 8. Discutindo as necessidades de tecnologia -Quais são suas necessidades de hospedagem? (tamanho, velocidade, tipo de servidor). Possuem softwares de gerenciamento de conteúdo? Que tipo de software utilizam para medir os resultados do site? Qual ferramenta de busca existe no produto? (c) Verbalizações – técnica utilizada durante ou após as entrevistas, quando os Atores foram solicitados a verbalizar seus pensamentos, sentimentos e opiniões. (d) Análise Heurística – técnica inicialmente proposta por Nielsen e Molich (1990) denominada Avaliação Heurística na quais avaliadores (3 a 5 especialistas), com formações distintas, realizam um julgamento de valor sobre as qualidades ergonômicas das interfaces. A técnica aqui utilizada, a Análise Heurística, foi efetivada por apenas um especialista, que realizou um julgamento de valor alicerçados nos critérios ergonômicos e em sua experiência e competência no assunto. (e) Inspeção Cognitiva – visou inspecionar os processos cognitivos que se estabelecem quando o usuário realiza a tarefa: percepções, processos decisórios e outros mecanismos cognitivos pertinentes. A tarefa concretizada pelo Pesquisador foi a de postar um arquivo de PowerPoint logando-se como Professor da disciplina. Participaram deste procedimento um Pesquisador e 40 Alunos novatos que nunca interagiram com a plataforma Moodle. Destes alunos, 21 eram Alunos da Faculdade FAJESU, do curso tecnológico em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da disciplina de Arquitetura de Informação e Usabilidade. Outros 19 alunos eram da Faculdade CECAP do curso de graduação em Secretariado Executivo na disciplina de Psicologia nas Organizações. 29
  • 30. (f) grupo focal – o principal objetivo desta técnica foi o de identificar percepções subjetivas, grau de satisfação, atitudes e opiniões de 21 Alunos do Pólo de Alto Paraíso envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. A técnica foi realizada por meio de discussões entre cinco e nove usuários, orientadas por dois moderadores que, dependendo da situação, puderam interferir ou não na troca de idéias e comentários. Esta técnica também foi utilizada para a elaboração de novas idéias, novos conceitos. Neste caso, os usuários foram convidados a fornecer opiniões sobre as interfaces existentes e sugerir modificações para a melhoria. 30
  • 31. 4. Resultados e Discussão Os resultados serão discutidos e apresentados separadamente pelas categorias dos Atores de Ensino a Distância. Sendo que os resultados da Análise Heurística e da Inspeção Cognitiva foram oportunamente apresentados e discutidos na categoria Professores justamente por corroborar com a hipótese desta categoria de que a interface possuía problemas de usabilidade. Tutores Presenciais: A principal queixa dos Tutores advém da falta de interação do Professor autor tanto com os Alunos quanto com os outros Atores do processo de Ensino a Distância EaD/UAB/UnB. Os Tutores Presenciais queixam-se da ausência de Professor autor on line. Pouco participativo e atuante no processo de ensino. Alguns Tutores verbalizaram esta pouca participação dos Professores autores: “tem que ser mais participativo”. Outro Tutor com a seguinte verbalização qualificou a ausência da participação: “Os Professores autores tem que estar abertos a orientação”. Um dos Tutores foi mais pontual em sua verbalização: ”os Professores e Tutores não sabem construir uma relação de interação com os Alunos”. Observa-se que Tutores, na verbalização aqui exposta, tratam-se dos Tutores virtuais e não os presenciais. A atitude formal dos Professores em se relacionar com os Alunos é refletida e no final sintetizada pela seguinte verbalização dum Tutor: “O Professor deve colocar a fala de uma forma informal – uma conversa. A formalidade deixa a interação fria (...) A EDUCAÇÃO É A DISTÂNCIA, MAS NÃO PODE SER DISTANTE.” Conforme salienta Neder (2000), na educação à distância, a interlocução aluno/orientador é exclusiva. Professor ou orientador, paradoxalmente ao sentido atribuído ao termo “distância”, devem estar permanentemente em contato com o aluno. Para Vieira (2011), o papel do professor se centra fundamentalmente na dinamização do grupo, em assumir funções de organização das atividades, de motivação e criação de um clima agradável de aprendizagem, um mediador que proporciona experiências para auto-aprendizagem e a construção do conhecimento. Para esta autora, os Professores devem trabalhar a auto-estima do aluno; dar o 31
  • 32. feedback constantemente, pois o aluno necessita do feedback; criar situações para o aluno desenvolver a criatividade; a Tutoria deve fazer um estudo de caso das dificuldades dos aluno e orientá-lo, porque diante de uma dificuldade o aluno tende a abandonar. Os Professores não podem pensar nesta modalidade de ensino a partir de sua adjetivação. O termo a distância deve remeter apenas a questão espacial. As reflexões, aponta Neder (2000), têm que ser dirigidas, portanto, para a educação em sua ampla acepção. Como a compreendemos? Onde a situamos? Como analisamos suas relações? Qual o significado do “ser à distância” ou do “ser presencial” no interior de nossa compreensão? Que importância isso tem? Os agentes educacionais desejando obter êxito nesta modalidade de ensino, não necessariamente precisam estar em presentes, entretanto precisam contribuir para uma maior aproximação, justamente porque o ensino não se furta da necessidade de comunicar as privações e alegrias humanas que a engendram. Seria uma questão de familiaridade computacional? Seria uma necessidade de formação deste profissional habituado a modalidade presencial? Estudos devem ser realizados a fim de compreender esta distância apresentada e reclamada por distintos Atores deste processo (Tutores, Equipe Interna, Alunos e Coordenadores). Quanto às ferramentas, os Tutores julgam que a ferramenta Chat disponibilizado na plataforma Moodle é uma ferramenta ineficiente, por sua vez a ferramenta Fórum, segundo extrai-se da verbalização de um dos Tutores: “Não é a ferramenta que é ruim. São os Professores das disciplinas que fazem ficar ruim pelo desconhecimento de como interagir na ferramenta (Fórum)”. Ora, apesar dos Tutores realizarem um julgamento de valor do Chat como ineficiente, esta verbalização sobre a ferramenta Fórum cabe também á ferramenta Chat. Costa & Franco (2005), por exemplo, afirmam que o uso de Chats, tornar-se-á propício à aprendizagem, se respeitar o contrato de conversação a ser estabelecido na ambiente virtual. Assim sendo a ferramenta Chat não deve ser descartada tal como a ferramenta Fórum. Estudos devem orientar como deve ser a interação por meio destas 32
  • 33. ferramentas e estabelecer um contrato de interatividade que possa favorecer o desempenho dos Atores do processo de ensino. Outra ponderação realizada pelos Tutores presenciais é quanto a dificuldade dos Alunos em trabalhar de forma colaborativa (Wiki). Essa questão cultural deve ser enfrentada antes, porém, compreendida. Sendo que a evolução tecnológica permite a colaboração, sendo que produto de um trabalho imaterial é a relação social, quais seriam os limitadores ou os entraves para que seja de fato implementada uma cultura no Ensino a Distância? Trata-se de outra questão nevrálgica para o sucesso deste ensino. Por meio dos procedimentos realizados foram obtidas as seguintes sugestões dos Tutores presenciais: I- A melhora da função de enviar arquivos na plataforma Moodle. Há conflitos de interação, quando a tarefa a executar na plataforma é a postagem de arquivos, fotos, de vídeos arquivados e de vídeos em tempo real. A sugestão é adequada, principalmente à necessidade de elevar a produção de relação social educativa. II - A melhora da funcionalidade de visualizar o histórico do aluno. Esta sugestão é uma reclamação pontual de um problema de usabilidade grave. O Tutor, assim como o Professor, não consegue ter um acesso fácil as informações do histórico de interação do aluno. Dificultando em muito o processo de orientação, causando um aumento significativo da carga de trabalho quando o Tutor ou professor “teima” em acompanhar o aluno. Mesmo tendo dificuldades em manipular as funcionalidades técnicas da ferramenta Moodle. É necessário pensar com urgência em uma solução alternativa a este problema. III - Possibilitar o acesso dos Tutores às atividades dos Alunos. Os Tutores poderiam visualizar o ambiente em quais os Alunos estão interagindo. Sugestão parecida com a anterior, não tão urgente, porém vai em direção ao objetivo de uma melhor orientação e conseqüente interação social, favorecendo qualitativamente o processo de ensino. IV - Solicitam uma forma de compartilhar o conhecimento com outros Tutores presenciais a fim dirimirem dúvidas e sociabilizar problemas e soluções. 33
  • 34. Sugestão apropriada principalmente por promover a troca de experiências com vistas a qualidade do ensino bem como é mais uma sugestão que vianda para a produção de interação social entre os Atores do Ensino a Distância. V- A interface do Moodle pode possuir link para bibliotecas de domínio público, tal como Scielo, Google Books, Google Acadêmico, acesso a Museus, dentre outros a fim de induzir os Alunos a buscar. Trata-se de uma sugestão interessante de melhoria, não urgente e que deverá entrar na etapa de especificações para o redesenho da futura Arquitetura de Informação da interface. VI - Três dos Tutores Presenciais explanaram a experiência de uma professora (Carol, Tutora presencial do curso de Letras no pólo de Alto Paraíso, Goiás) instigava a interatividade refutando o julgamento de ser somente um problema de interação com a ferramenta, mas principalmente, uma deficiência na forma de conduzir a interação entre os Atores do processo de EaD. A ergonomia utiliza-se de análise de experts a fim de promover a sua práxis interventiva. Recomenda-se, portanto, uma análise da tarefa desta expert a fim de levantar subsídios para a melhoria da interatividade. Equipe Interna O afeto suscitado pela Equipe Interna sobre a interatividade no Moodle é o de desagradável. Quanto a interface do Portal da UAB/UnB a Equipe Interna julga não ser atrativa, desinteressante. Tem excesso de informação na página inicial (Figura 2), tem excesso de cores, a fonte utilizada mão é adequada e a distribuição do conteúdo é confusa. Além disto, faltam insumos ao Professor para que ele tenha referências para construção de disciplina a fim de que seja otimizada a interatividade. De fato a Equipe Interna está correta nas críticas às qualidades ergonômicas apresentadas à plataforma Moodle e a interface do Portal UAB/UnB e à atitude de interatividade dos Atores do processo. É uma boa proposta a realização de insumos para que os Professores tenham uma referência na construção da disciplina, o que não implica afirmar que seja necessário normatizar a interatividade. Entretanto é importante que se tenha um padrão de forma a beneficiar os Alunos que são 34
  • 35. obrigados a “compreender” a proposta de ensino de cada Professor. A ter que realizar um aprendizado de interação na navegabilidade proposta por cada Professor. Ou seja, o que deve ser procedido é uma formalização mínima de um planejamento educacional com base em parâmetros de interatividade. Nas palavras de um servidor da Equipe Interna: “deve-se definir esquemas mínimos de orientação a fim de regular a conduta de ensino”. A Equipe Interna cientificou que a comunicação por meio da interface com os pólos é deficiente e apresentou as ponderações, a saber: I. Inserir links para Tutoriais na Plataforma. Existem dificuldades de interação com a plataforma, principalmente os Professores. II. Informações para Equipe Interna devem estar expostas tão somente à Equipe Interna. O portal deve privilegiar o aluno. III. Planejamento da disciplina – deve-se realizar algum material com o objetivo de sensibilizar os Atores para o planejamento da Disciplina. Quais são os critérios de Ava – quais são os aspectos a serem considerados no planejamento da disciplina com foco no usuário? IV. Situação ideal: realização portal UAB com espaço para a criação de hotsites (mini sítios) para os pólos, adequados e consistentes com a página inicial do portal (home). Os próprios pólos deveriam ter a responsabilidade pela alimentação do conteúdo dos sítios; V. Inserir links entre as atividades (Guia de Disciplina). Esta recomendação vem ao encontro do critério ergonômico de ações mínimas, citado no referencial teórico, que refere-se a carga de trabalho em relação ao número de ações necessárias à realização de uma tarefa. A Equipe Interna da UAB/UnB, de uma forma geral, é preparada, possui capacidade crítica e analítica. Estas competências facilitam em muito para um bom andamento da Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância. 35
  • 36. Professores Os Professores queixaram-se de dificuldades de interação com a plataforma Moodle, ou seja, queixaram-se de problemas de usabilidade nesta plataforma. A Verbalização de um Professor avaliza o problema de usabilidade no critério ergonômico de Orientação, que se refere aos conjuntos de meios para aconselhar, informar e conduzir o usuário na interação com a interface: “em várias momentos em tenho que catar as coisas aqui no Moodle”. Esta verbalização remete mais especificamente ao subcritério de Condução, que corresponde aos meios utilizados para levar o usuário a realizar determinadas ações, às informações que permitem o usuário identificar o contexto da interação, nem como as ações possíveis. De fato é uma realidade a existência de problemas de usabilidade na interfece, entretanto a questão que salta aos olhos do pesquisador é saber se até quando a dificuldade de interação deve-se problemas de usabilidade ou, além desta dificuldade, não seria a dificuldade de familiaridade computacional a prejudicar a relação professor-interface? Segundo Santos-Lima (2003), os problemas de usabilidade na interação pessoa-tarefa-artefato tecnológico não é diretamente proporcional à escolaridade e sim à familiaridade. Não obstante, como assinala Reategui (2007), é de extrema importância a utilização de critérios específicos para o design das interfaces, normas fundamentadas em princípios pedagógicos e direcionadas à promoção da aprendizagem. Assim, este estudo propõe a utilização dos critérios ergonômicos de usabilidade de Scapin & Bastien (1991), apresentadas no referencial teórico, por sua abrangência bem como por possuírem consistência teórica e metodológica. Outra apontamento apresentado pelos Professores é a carência de uma ferramenta que permita o feedback do pólo. Uma verbalização sintetiza as duas queixas principais dos Professores: “meu desejo, meu sonho é poder ter a interface implementada com sucesso permitindo que todos os parceiros envolvidos no processo tenham o acesso as informações com qualidade.” 36
  • 37. De fato a usabilidade das interfaces que compõe o processo de ensino é precária. A verbalização de um Professor sintetiza: “o Moodle Capenga. Na medida em que não há interação.” Sim, existem dificuldades de interação, uma resistência afetiva elevada frente à necessidade de interagir com a interface e a acessibilidade, que é parte da usabilidade que se referencia aos portadores de necessidades especiais, é mínima. Um estudo de usabilidade nas interfaces que compõem o Ensino a Distância da UAB/UnB é um dos recortes da demanda desta Análise Ergonômica. Estes problemas de usabilidade foram corroborados pelos resultados da Análise Heurística e a Inspeção Cognitiva. Da Análise Heurística no Portal da UAB/UnB, concluiu-se (1) que a interface do portal UAB, Figura 22, apresenta falhas no critério de Orientação e no critério de Carga Mental; (2) os Atores do processo de Ensino a Distância não conhecem o processo de produção de uma interface. Figura 22 – Interface do Portal UAB. Do Critério de Orientação da Interface UAB visa favorecer o aprendizado e a utilização do sistema por usuários novatos. Nesse contexto, a interface deve orientar e conduzir o usuário na interação com o sistema. Seja pela qualidade no convite a interação do usuário com a plataforma Modlle, Figura 23, por exemplo, deveria ter um cursor intermitente convidando para interação na plataforma, seja na distribuição do formato e das palavras graficamente desorganizados que dificultam a capacidade perceptiva do usuário. 37
  • 38. Figura 23 – Elemento na interface UAB/UnB para entrada no Moodle Do critério de Carga Mental, a interface da UAB, apresenta, por exemplo, títulos (de telas, janelas, caixa de diálogos) e denominações longos. Necessita de concisão e de que se minimize a carga perceptiva e cognitiva na interface. Na mesma linha a interface possui uma alta densidade informacional. De acordo com Cybis, Betiol e Faust (2007), o desempenho dos usuários é diminuído quando a densidade de informação é muito alta. Nestes casos, a ocorrência de erros é mais provável. Além destas características mais pontuais da interface UAB/UnB, é perceptível a carência na fase de Planejamento. Outra deficiência é a hierarquização do conteúdo ou seja, a Arquitetura de Informação. A partir dos dados coletados na próxima etapa desta Análise Ergonômica da Atividade, a Análise da Tarefa, esta hierarquização deverá ser iniciada juntamente com as necessidades de cada público alvo a fim etapa oportuna para iniciar um estudo da estratégia de presença on line, juntamente com um estudo de Arquitetura da Informação com foco no público alvo. Outro profissional que não está inserido nesta linha de produção é o Designer Gráfico. Assim sendo, é necessário que os Atores do Ensino a Distância, principalmente a Equipe Interna, compreenda o Processo de produção de uma interface eletrônica. Conforme ilustra Figura 23, o processo enceta por meio de um Profissional do Planejamento. 38
  • 39. Planejamento Criação Sistemas Figura 23 – Processo de Produção de um Sítio Eletrônico. O Profissional de Planejamento é quem deve elaborar uma Estratégia de Presença. A Estratégia de Presença é um estudo que determinará como a Internet poderá ajudar a UAB/UnB a alcançar seus objetivos instrucionais e Institucionais. Tal como orienta a Resolução 7, que estabelece regras e diretrizes para os sítios na Internet da Administração Pública Federal, em seu artigo terceiro, que versa sobre a elaboração de um sítio governamental deverá ser precedida pela: (i) definição clara do propósito e abrangência do sítio; (ii) verificação de sítios com igual propósito. Consonante com as Diretrizes, o Planejamento tem por primeiro passo a definição clara do propósito e da abrangência do sítio e como segundo passo a elaboração de um roteiro com a lista dos cinco sítios que deverão ser estudados e do estabelecimento de quais os aspectos relevantes a serem considerados. Após este Estudo, é elaborada uma Matriz de Escopo que deverá descrever as funcionalidades e conteúdos que devem estar no sítio, juntamente com a devida priorização de cada uma destas funcionalidades e conteúdos. A Matriz de Escopo deve ser validada e priorizada com os Atores do Ensino a Distância e subsidiará o trabalho da Criação. Por sua vez, a Criação é composta de no mínimo três expertises: (1) a Arquitetura de Informação que se responsabilizará pela organização da informação no projeto do sítio, que será uma solução de compromisso entre a tarefa, a conduta, a experiência, as expectativas e necessidades dos usuários na solução a ser construída 39
  • 40. como também aos objetivos, às políticas e à cultura da UAB/UnB. De posse do estudo de Arquitetura de Informação, o (2) Design, se responsabilizará pela concepção visual do sítio. Por fim, o (3) Conteudista, se responsabilizará pela parte de redação da Arquitetura de Informação e de textos no sítio. Planejamento Design Conteudista Responsável pela organização da Responsável pela Responsável pela informação advinda da tarefa, da concepção visual redação na interface conduta, da experiência, das dos projetos expectativas e necessidades dos usuários na solução a ser construída Figura 24 – Etapas da Criação. Estas, portanto, são as etapas da linha de produção do trabalho imaterial que estão sendo descuradas por desconhecimento do ciclo de produção do trabalho desenvolvido no processo de produção de uma interface. Quanto a interface do Moddle, a Análise Heurística na Interface do Moodle concluiu-se (1) que a interface apresenta falhas no critério de o critério de Significado e Códigos, a Densidade Informacional e Orientação. Quanto aos resultados da Inspeção Cognitiva, os resultados apontaram sérios problemas de usabilidade no critério de Orientação e no de Compatibilidade. O estudo concluiu também que o afeto de aversão é suscitado quando da necessidade de um usuário novato interagir com a ferramenta Moodle. A Inspeção Cognitiva visou vislumbrar o processo de resolução de problemas realizando uma única tarefa que deveria ser simples: a tarefa de compartilhar um arquivo de PowerPoint na plataforma. Nenhuns dos 40 alunos novatos se dispuseram a realizar a tarefa. O afeto suscitado nos Alunos foi o de aversão. O Pesquisador não ofereceu recompensa nem ao menos estimulou a interação. Assim sendo, o Pesquisador, logando-se como Professor da disciplina, iniciou a tarefa. O Pesquisador conseguiu completar a tarefa com o tempo de 10 minutos e 8 segundos. A tarefa foi gravada com o software Camtasia, conforme ilustra Figura 25. O tempo aferido é alto, 40
  • 41. ainda mais se considerarmos que o pesquisador com 20 anos de experiência em usabilidade e navegabilidade em Interfaces. Os resultados corroboram com os resultados dos demais procedimentos: a interface possui problemas de usabilidade. Entretanto estes problemas são suplantados. Todavia a um relevante custo afetivo do usuário. A interação com a plataforma Moodle suscitou no pesquisador o afeto de lassidão. Figura 25 – Inspeção Cognitiva gravada pelo software Camtasia. Já quanto ao critério Significação dos Códigos, que diz respeito à adequação entre o objeto ou a informação apresentada e sua referência, a interface apresenta uma ausência de elementos gráficos. De acordo com estudo de Santos-Lima (2009), alguns usuários percebem e navegam por meio de um elemento visual e outros usuários percebem o elemento fonte, neste estudo o autor correlaciona esta atribuição da preferência ao significado que o usuário atribuía ao serviço: significado utilitário e significado simbólico simbólico. Segundo Nepomuceno & Torres (2005), o significado atribuído a um produto ou serviço é o resultado das emoções ou sentimentos (componente afetivo) que a pessoa obteve a partir da experiência com o objeto (produto ou serviço). Essa experiência é mediada pelas informações e conhecimentos (componente cognitivo) prévios ao contato com o objeto e que geram uma probabilidade de reação positiva ou negativa, frente ao mesmo (componente comportamental conativo). Ora, se é uma necessidade do atual estado da arte do Ensino a Distância a evocação do afeto dentro de uma perspectiva positiva, se quando a codificação é significativa, a evocação da representação para ação, o 41
  • 42. reconhecimento, a recordação são melhores. Se códigos e denominações não significativos para os usuários podem sugerir operações inadequadas para o contexto promovendo ruídos na usabilidade (Scapin, 1991). Se estudos comprovam que usuários percebem imagens e outros usuários fontes. Portanto é factível propor que a interface tanto do Moodle quanto do portal UAB/UnB sejam acrescidas de imagens que se referenciam com que o vocabulário representa. Sugere-se que esta recomendação seja implementada antes mesmo da Análise da Tarefa, alguns elementos visuais significativos com que o vocabulário representa na interface do Moodle e do portal UAB/UnB. Recomenda-se também, inclusive por ser uma norma da resolução 7, o estabelecimento de indicadores de satisfação nas interfaces do processo de Ensino a Distância da UAB/UnB. Seguem-se as recomendações dos Professores. i. Melhorar a plataforma em relação ao feedback dos pólos e Alunos visando a melhoria da interatividade; ii. Que a plataforma permita um suporte maior em relação a envio de vídeos de forma a poder prover a experiência dos pólos; iii. Que a plataforma também permita que seja realizada a resposta da correção da atividade dos trabalhos desempenhados e enviados pelos Alunos na própria plataforma. Estas três recomendações procedem e incrementa a interatividade. Esforços devem ser aplicados a fim de proceder a estas recomendações o mais breve possível; iv. Particionar a nota da prova, que no sistema só se permite inserir nota inteira. Esta recomendação pontual deve ser repassada a área de sistema da Equipe Interna da UAB a fim de validá-la. v. Por fim, os Professores também sugerem que seja implantada uma ação motivacional a fim de que haja mais comprometimento e envolvimento entre as equipes, outros acham que os problemas devem-se ao fato de qe não há: “uma cultura de acesso digital”. I- A última sugestão proposta pelos Professores cabe mais a eles. Interessante perceber que o julgamento realizado ao outro pode, por vezes competir mais a quem 42
  • 43. emite o juízo de valor. Não há cultura de acesso digital. Contudo por quem? Maior envolvimento, de quem? Maior comprometimento, de quem? Talvez na complexidade, para estes profissionais, de utilizarem uma ferramenta com a qual não possuem familiaridade, e ainda assim talvez pela existência de problemas de usabilidade transformem a interação numa atividade cognitivamente fadigosa, os Professores tenham apresentado tal inquietação motivacional “ao outro”. Estudos apontarão possíveis causalidades ou correlações. Coordenadores Os Coordenadores altercaram com intensidade de problemas de usabilidade com a plataforma Moodle. Na ótica dos Coordenadores é UAB/UnB quem deve prover meios para fornecer treinamento a os Alunos a fim de que os mesmos aprendam a navegar a interagir com a interface. Esta intensidade de reclamação dos problemas de usabilidade podem ser percebidas na quantidade e variabilidade de verbalizações, a saber: “isso aqui não conversa comigo, eu saio”; “isto me embaralha a vista. Não me traz a percepção de um bom dialogo”; “parece-me que está meio poluída”; “uma vez logado, por tentativas e erros vou encontrando o que quero”; “Importante designar um profissional com formação própria na área para alimentar este portal, ele é estático”; “Uma coisa feia, sem apelo gráfico, que parece-me ser importante. Se não tem este apelo a interação fica prejudicada”. Na crença dos Coordenadores é a pessoa quem deve se adaptar à interface. A ergonomia preconiza o oposto, na visão desta área do conhecimento é a tecnologia que deve se adaptar à pessoa. Entretanto visto que o Moodle possui dificuldades de ser reconfigurado, neste contexto é oportuno que seja realizado algum material que possa fornecer um treinamento básico aos Alunos. Este treinamento carece de um estudo para que seja pensada a melhor forma de realizar a formação ou mesmo que seja realizado algum material educativo a ser disponibilizado aos Alunos debutantes. Um coordenador mostrou consciência quanto aos caminhos que devem ser percorridos no EaD: “Deveríamos compartilhar o conhecimento. Poderíamos estar 43
  • 44. compartilhando a educação por aqui” (pela plataforma); prosseguiu: “ o problema a distancia é gerar interação – uma das questões é gerar a interação com os colegas. Eles estão verdadeiramente interagindo?” Tal como os Professores, além da queixa veemente referente à usabilidade, quando solicitados a interagirem no sistema, os Coordenadores aparentaram possuírem dificuldades de familiaridade com o artefato tecnológico. Assim, a mesma pressuposição cabe aos dois públicos: um problema cultural. Seguem-se as sugestões oferecidas pelos Coordenadores: I- Comunicar-se pela plataforma – entre todos os Atores do EaD UAB/UnB. É esta justamente uma das metas da análise ergonômica no Ensino a Distância em curso; II - Fóruns, construção conjunta de textos (Wiki). Esta sugestão procede, deve ser um objetivo dos Atores do processo, entretanto é necessário uma mudança de cultura em todos os Atores do processo educativo on line. III - Melhora na Arquitetura de Informação da interface. Esta sugestão procede em muito e será uma conseqüência natural deste trabalho. IV - Questão da Senha. A senha dos profissionais que logam na plataforma Moodle é composta de letras maiúsculas, minúsculas e números. Ao levar esta demanda à Equipe Interna (área tecnológica) a resposta foi que alguns Professores colocam senha muito fácil tal como 123456. Neste sentido o comando da área optou pela complexidade mostrando relutância em modificar. [Apesar de (do dedo eu enxergo o tamanho do elefante)] A medida evidencia a cultura tecnocêntrica da equipe tecnológica interna. O que deve-se compreender é que a memória humana de curto termo, segundo Miller (1956), possui uma capacidade limitada de sete, mais ou menos dois itens para objetos sem significado. Ou seja, utilizamos de cinco a nove representações mentais sem significado em nosso modelo mental para poder realizar a atividade o que já sobrecarrega cognitivamente o profissional, pontua-se, também a dificuldade de memorização desta formatação de senha. 44
  • 45. V- Um coordenador de pólo apontou prudentemente que a proposta político pedagógica é uma questão nevrálgica na relação UAB – Pólo. A elaboração desta proposta tem que estar em consonância com as necessidades dos Alunos do pólo. Caso contrário pode promover a evasão. Alunos Os Alunos não apresentaram graves problemas de interatividade com as interfaces. Entretanto vale notificar que os Alunos que fazem parte da amostra deste estudo apenas Alunos experientes na interação com a plataforma. Assim sendo, aprenderam a suplantar os obstáculos de usabilidade e adaptaram-se às dificuldades. É patente a presença de ruídos e obstáculos que caracterizam os problemas de usabilidade nas interfaces do EaD UAB/UnB. Segundo Cybis (2002) a taxonomia dos problemas de usabilidade é classificada, em relação à estrutura, como: (a) Barreira, quando o usuário esbarra sucessivas vezes e não suplanta um problema de usabilidade; (b) Obstáculo, quando o usuário esbarra em um problema de usabilidade, contudo aprende a suplantá-lo; e (c) Ruído, quando um aspecto da interface, sem que se constitua em barreira ou obstáculo, causa uma diminuição do desempenho do usuário sobre a tarefa. O bom apontamento no que se refere à usabilidade das interfaces é que não há barreiras na interatividade. As queixa dos Alunos constituem-se nas ferramentas interativa (Fórum, principalmente) e, sobretudo quanto a interatividade entre os Atores do processo de Ensino a Distância UAB/UnB (entre os próprios Alunos com Tutores a distancia e Professores autores) e à forma de educar pelo ambiente virtual: “UM ENSINAR A DISTÂNCIA, BEM DISTANTE”. A verbalização impacta pela concisão e é similar a verbalização apresentada por um Tutor presencial. Em concordância com Ferreira (2008), os benefícios na utilização da EaD só podem ser garantidos se essa educação não for concebida apenas como o uso de mídias e mediações tecnológicas, e sim por Professores qualificados e interessados em desenvolver a si próprios e seus Alunos com vistas à formação humana – ainda que distanciados fisicamente. Desenvolver este processo de comunicação on-line para a 45
  • 46. formação do Ser Humano é, sem dúvida, uma dos grandes desafios da EaD, pois a interação entre os Alunos e Professores permanecerá como o eixo principal da educação. Vieira (2011) preconiza que a educação à distância precisa ser realizada como educação e não como simples processo de transmissão de conhecimento, e a partir da necessidade de desenvolver uma cultura de interação, colaboração e aprendizado em rede nesta comunidades acadêmica. Nesta medida a autora pontua que professor tem um importante papel neste ambiente de aprendizagem, pois, além de mediar o compartilhamento de informação e conhecimento entre os participantes, busca a re-alimentação direta para os Alunos enquanto cria um ambiente amistoso para cultivar o aprendizado por meio da retroalimentação provocada pela própria equipe, desenvolvendo assim um processo de intensa interatividade. É necessário, portanto os Professores assumam novos papéis e redimensionem suas práticas. O ensino não é meramente cognitivo, é também afetivo. Necessita que sejam superados alguns princípios de sustentação dos modelos pedagógicos tradicionais. Princípios estes que Neder (2000) lista a fim de exemplificar: a) o indivíduo razão é superado pela compreensão de um indíviduo indiviso, que constrói o conhecimento usando sensações, as emoções, a razão e a intuição; b) o currículo deixa de ser um pacote, um rol de disciplinas ou matérias para se compreendido como uma prática social, construída das relações entre os sujeito da prática escolar; c) o professor como centro da relação pedagógica perde sentido ao se ter na relação entre sujeito/objeto a possibilidade do conhecimento; d) o conhecimento deixa de ser visto como coisa estática e passa a ser compreendido como processo; e) a separação sujeito/objeto/processo de observação não se sustenta tendo em vista a compreensão de que o conhecimento é produzido através da relação indissociável entre essas três variáveis; f) a dimensão tempo/espaço deixa de ser compreendida como coisa, objetivada, para ser pensada como dimensão subjetiva do sujeito. 46
  • 47. Segundo Rojas (2002), grande diferencial no desenvolvimento do ambiente de ensino on line é a participação ativa do estudante no processo pedagógico criando suas próprias experiências de aprendizagem. Como salienta Dillenbourg (2003) os estudantes não estão restritos a consultar as informações no ambiente virtual, eles se tornam produtores da informação, participantes do jogo. Real & CorbellinI (2011) salientam que a cooperação é um propiciador de novas idéias entre os Atores do processo. O professor ao propiciar o espaço de trocas, de intercâmbio de idéias, possibilita que os discentes por meio do acesso aos trabalhos dos colegas, pudessem cooperar e se questionar sobre os seus próprios trabalhos, modificando-os, acrescentando, (re) escrevendo-os, o que podemos conceituar como uma “inteligência coletiva”. Desta maneira, a criação ocorre onde o ser humano intervém: imaginando, tecendo novas teias, modificando organizações pré-existentes, alterando contextos institucionalizados... Por menor que possa ser esta alteração, quando ela se produz em uma rede, ou seja, em um trabalho cooperativo, não temos como prever a dimensão que ela pode assumir, pois as contribuições se acrescem, se permeiam, se interrelacionam e dão origem a novos saberes e desta forma, sim, flui o trabalho imaterial no qual se deve desenvolver a modalidade de ensino pro meio da Internet. Os Alunos, porém, exaltaram o processo educativo presencial (Tutoras presenciais) como o diferencial do aprendizado a distância da UAB/UnB. Reis (2008) destaca o papel do Tutor como elemento mediador entre os Alunos e a instituição, ainda que sua função esteja pouco potencializada nas universidades analisadas, segundo a opinião dos Alunos. Os ambientes de aprendizagem a distância precisam prever estratégias que possam responder a um elemento constitutivo do ser humano: a imprevisibilidade. Nesse sentido, o Tutor é um elemento chave nesse modelo de ensino e sua função precisa ser mais bem viabilizada. As sessões de Tutoria são um tempo em que se compartilham distintos níveis de conhecimento, de inquietudes e de emoções. Portanto, põe em relevo o papel da comunicação interpessoal. Não é um trabalho solitário, mas coletivo, em que se tecem múltiplas relações, as quais 47
  • 48. ultrapassam a mera transmissão de conteúdo. No estudo de Reis (2008), as análises colocaram em relevo os processos de interação comunicativa no Ensino a Distância que privilegiam o diálogo, o respeito e a afetividade. Não deixando de mencionar que os depoimentos dos Alunos e Tutores recuperam um aspecto muito importante da aprendizagem, que contraria o excesso de racionalismo e objetividade presentes em algumas práticas educativas: a importância das relações interpessoais que dinamizam e vitalizam os espaços comunicativos. 48
  • 49. 5. Conclusão Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados parciais encontrados da Análise Ergonômica da Atividade no Ensino a Distância, mais especificamente os resultados da etapa de Análise da Demanda que determina o recorte que será o fio condutor da Análise da Tarefa, etapa subsequente a Análise da Demanda e antecedente a Análise da Atividade. Este estudo teve por limitação a Amostra, faltaram alunos dos Pólos inexperientes na plataforma e de Atores de outros Polos atendidos pela UAB/UnB. Além de atender os objetivos da Análise da Demanda, o estudo gerou algumas propostas de melhoria descritas nos resultados e discussão, como também vislumbrou propostas de estudos, são eles: (A) qual a conduta do Professor com relação à interatividade, estudos contribuirão para compreensão das causas que levam a uma conduta “distante” frente ao ensino; (B) quais seriam os limitadores ou os entraves para que seja de fato implementada uma cultura no ensino a distância colaborativa (Wiki) que promova a cognição compartilhada; (C) estudos de avaliação de necessidades de treinamento para que orientem a melhor formatação de uma formação dos Atores do Processo no Ensino a Distância bem como de qual material deve ser elaborado para esta formação; (D) qual a formalização mínima de um planejamento educacional com base em parâmetros de interatividade. Assim sendo os recortes da demanda desta Análise Ergonômica da Atividade no Ensino à Distância são apresentados como questões: (1) qual os problemas de usabilidade que bloqueiam, dificultam, retardam o processo de navegabilidade no sítio de Internet da UAB e na Interface da ferramenta Moodle? (2) Há necessidade de treinamento dos Atores do processo de ensino e aprendizagem a distância? (3) Qual Formação? (4) Existe necessidade de produção de material? (5) Qual material? (6) Há necessidade de realização de guias de estudo? (7) Há possibilidade de melhorias nas Ferramentas interativas? (8) possibilidade de utilização de alguma outra tecnologia? (9) Quais as condições sócio-técnicas dos pólos? (10) Qual expertise do pólo deve ser compartilhada? (11) Qual o impacto da EaD/UAB/UnB na comunidade? (12) Qual a forma de planejamento padrão mínimo para construção da disciplina na plataforma 49
  • 50. Moodle? (13) Qual a Familiaridade dos Atores do Processo? (14) Qual a necessidade de formação da Comunidade? Assim sendo, o objetivo da Análise da Demanda, que é o de estabelecer os recortes da Análise Ergonômica da Atividade foi desempenhado. As interfaces possuem de fato problemas de usabilidade, e a questão da formação dos atores do processo de Ensino a Distância mostrou-se de soberana importância. Para Análise da Tarefa será necessário um levantamento das necessidades de formação juntamente com as distintas categorias dos Atores do EaD. Será foco da Análise da Tarefa uma Avaliação Heurística com profissionais de distintas formações: um Designer, um profissional de Arquitetura de Informação, um profissional da área de Sistemas e de Planejamento são indispensáveis, bem como será foco, também a definição dos aspectos a serem verificados na Análise da Atividade de interação. É escopo da Análise da Tarefa a identificação das melhores práticas de campus virtuais a fim de subsidiar a Estratégia de Presença on line, a Matriz de Escopo bem como a hierarquização do conteúdo e a Macroarquitetura de Informação. Documentos estes que serão validados na etapa de Análise da Atividade. 50
  • 51. 6. Referências Bibliográficas ABRAHÃO, JULIA ISSY. SILVINO, ALEXANDRE MAGNO. e SARMET, MAURICIO MIRANDA. Ergonomia, Cognição e trabalho Informatizado. Psicologia: teoria e Pesquisa. Mai-Ago, Vol 21, n 2 pp163-171, 2005. ABRAHÃO, JULIA ISSY. Ergonomia: modelos, métodos e técnicas. Em 2º Congresso Latinoamericano e 6º Seminário Brasileiro de Ergonomia, UnB/IP, 1993. BASTIEN, C. (Validation de Criteres Ergonomiques Pour L’evaluation D’interfaces utilisateurs. Rapports de Recherche, no 1427, INRIA-ROCQUENCOURT. França, 1991. COSTA, LUCIANO A. CARVALHO & FRANCO, SÉRGIO R. KIELING. Ambientes Virtuais De Aprendizagem e suas Possibilidades Construtivistas. Revista Novas Tecnologias na Educação, V. 3 Nº 1, Maio, 2005. CYBIS, WALTER A. Ergonomia de Interfaces Homem-Computador. Apostila para o curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção -Universidade de Santa Catarina, Florianópolis. (última atualização 05/11/2002) disponível em: http://www.labiutil.inf.ufsc.br. Acesso em 12/12/2002. CYBIS, WALTER A. BETIOL, ADRIANA H. FAUST, RICHARD. Ergonomia e Usabilidade: Conhecimentos, Métodos e Aplicações. Ed. Novatec, São Paulo, 2007. FERREIRA, HERBERTZ. Processos interativos em ambientes virtuais de educação: desafios e superações na Educação Superior On-line. Revista de Trabalho e Educação / Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais . — Nº 1 , Vol 2, 2008. Disponível em url: http://www.sinprominas.org.br/imagensDin/arquivos/499.pdf#page=154 GUÉRIN, F; LAVILLE, A., DANIELLOU F., DURAFOURG J. & KEGUELLEN A. Compreender o Trabalho para Transformá-lo. A Prática da Ergonomia. Ed Edgar Blücher LTDA. São Paulo, 2001. NEDER, MARIA LÚCIA CAVALLI. A orientação Acadêmica na Educação a Distância: a perspectiva de (re) significação do processo educacional. In: PRETI, Orestes (org). Educação a Distância: Construindo significados. Cuiabá: NEAD/IE – UFMT; Brasília: Plano, 2000. MARMARAS N. & KONTOGIANIS, T. Cognitive Task. Em: G. Salvendy, Handbook of Industrial Engineering. New York: John Wiley & Sons, 2001. MARMARAS N. & PAVARD B. Problem-driven approach to design of information Technology Systems Supporting Complex Cognitive Tasks. Cognition, Technology & Work, Spring-Verlag London Limited (1:222-236), 2000. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, COMITÊ EXECUTIVO DO GOVERNO ELETRÔNICO. Resolução No 7, de 29 de Julho de 2002. Disponível em URL: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Resolu%C3%A7%C3%A3o/2002/RES07- 02web.htm. 51
  • 52. REAL, LUCIANE M. CORTE, CORBELLINI, SILVANA. Proposta de uso de WIKI como Arquitetura Pedagógica: Cooperação. Anais do XXII SBIE - XVII WIE. 2011. Disponível em URL: http://www.br-ie.org/sbie-wie2011/workshops/wapsedi/wapsedi08- 94977_1.pdf REATEGUI, ELISEO. Interfaces para Softwares Educativos. Revista Novas Tecnologias na Educação. UFRGS, Porto Alegre v.5, n.1, 2007. REIS, HELIANA. Modelos de Tutoria no Ensino a Distância. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação, 2008. Disponível em Url: http://www.bocc.ubi.pt/pag/reis- hiliana-modelos-Tutoria-no-ensino-distancia.html ROJAS, E. M. “Use of Web-based Tools to Enhance Collaborative Learning”. Journal of Engineering Education, v. 91, n.1, p. 89 –96, 2002. SANTOS-LIMA, SERGIO L. Ergonomia Cognitiva e a Interação Pessoa-Computador: Análise Ergonômica da Urna Eletrônica 2002 e do Módulo Impressor Externo. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção e Sistemas, UFSC, 2003. SANTOS -LIMA, SERGIO L. Estratégias Operatórias em Navegabilidade. 2009, 134f. Doutor (Doutorado em Engenharia de Produção e Sistemas) – Programa de Pós- graduação em Engenharia de Produção e Sistemas, UFSC, 2009. SCAPIN, D.L., (1986). Guide Ergonomique de Conception des Interfaces Homme- Machine. Rapports Techniques, no. 77, INRIA-ROCQUENCOURT. França, 1986. SENACH, B. L’Evaluation Ergonomique des Interfaces Homme-Machine. Une Reveu de la Literature. Em J.C. Sperandio (Org.), L’ ernomie dans la Conception des Projects Informatiques (pp.69-122). Tolouse Octares. Edition, 1993. SILVINO, ALEXANDRE MAGNO D. & ABRAHÃO, JULIA ISSY. Navegabilidade e inclusão social: usabilidade e competência. Revista de administração de empresas (FGV), 2003. SILVINO, ALEXANDRE MAGNO D. (2004). Ergonomia Cognitiva e Exclusão Digital: a Competência como elemento de (re)Concepção de Interfaces Gráficas. Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília. UnB, Brasília. http://www.unb.br/ip/labergo/sitenovo/imgprod/AlexandreMagnoCompetenciaEleme nto.pdf STERNBERG, ROBERT J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Ed. ArtMed, 2000. VIEIRA, FÁBIA M. SANTOS. Considerações Teórico-metodológicas para Elaboração e Realização de Cursos Virtuais, 2011. Disponível em URL: http://ww2.abed.org.br/visualizaDocumento.asp?Documento_ID=27 52