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                 013

 Alegres campos, verdes arvoredos,
   claras e frescas águas de cristal,
 que em vós os debuxais ao natural,
 discorrendo da altura dos rochedos;

 Silvestres montes, ásperos penedos,
   compostos em concerto desigual,
 sabei que, sem licença de meu mal,
já não podeis fazer meus olhos ledos.

E, pois me já não vedes como vistes,
 não me alegrem verduras deleitosas,
nem águas que correndo alegres vêm.

Semearei em vós lembranças tristes,
regando-vos com lágrimas saudosas,
 e nascerão saudades de meu bem.



                 080

 Alma minha gentil, que te partiste
  tão cedo desta vida descontente,
  repousa lá no Céu eternamente,
 e viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
  memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

   E se vires que pode merecer te
   algüa causa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,
 que tão cedo de cá me leve a ver te,
  quão cedo de meus olhos te levou.

                                                            7
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                 083

  Amor, co a esperança já perdida,
    teu soberano templo visitei;
  por sinal do naufrágio que passei,
  em lugar dos vestidos, pus a vida.

Que queres mais de mim, que destruída
  me tens a glória toda que alcancei?
 Não cuides de forçar me, que não sei
  tornar a entrar onde não há saída.

   Vês aqui alma, vida e esperança,
 despojos doces de meu bem passado,
  enquanto quis aquela que eu adoro:

 nelas podes tomar de mim vingança;
 e se inda não estás de mim vingado,
contenta te com as lágrimas que choro.



                 005

Amor é um fogo que arde sem se ver,
  é ferida que dói, e não se sente;
 é um contentamento descontente,
    é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
  é um andar solitário entre a gente;
   é nunca contentar se de contente;
 é um cuidar que ganha em se perder.

  É querer estar preso por vontade;
 é servir a quem vence, o vencedor;
 é ter com quem nos mata, lealdade.

   Mas como causar pode seu favor
    nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?



                                                            8
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                   042

Amor, que o gesto humano n'alma escreve,
   vivas faíscas me mostrou um dia,
   donde um puro cristal se derretia
   por entre vivas rosas e alva neve.

 A vista, que em si mesma não se atreve,
      por se certificar do que ali via,
    foi convertida em fonte, que fazia
     a dor ao sofrimento doce e leve.

   Jura Amor que brandura de vontade
  causa o primeiro efeito; o pensamento
   endoudece, se cuida que é verdade.

 Olhai como Amor gera num momento,
    de lágrimas de honesta piedade
  lágrimas de imortal contentamento.



                   058

   A Morte, que da vida o nó desata,
 os nós, que dá o Amor, cortar quisera
na Ausência, que é contr' ele espada fera,
    e co Tempo, que tudo desbarata.

  Duas contrárias, que üa a outra mata,
  a Morte contra o Amor ajunta e altera:
   üa é Razão contra a Fortuna austera,
  outra, contra a Razão, Fortuna ingrata.

    Mas mostre a sua imperial potência
  a Morte em apartar dum corpo a alma,
  duas num corpo o Amor ajunte e una;

   porque assi leve triunfante a palma,
  Amor da Morte, apesar da Ausência,
   do Tempo, da Razão e da Fortuna.

                                                              9

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  • 2. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 083 Amor, co a esperança já perdida, teu soberano templo visitei; por sinal do naufrágio que passei, em lugar dos vestidos, pus a vida. Que queres mais de mim, que destruída me tens a glória toda que alcancei? Não cuides de forçar me, que não sei tornar a entrar onde não há saída. Vês aqui alma, vida e esperança, despojos doces de meu bem passado, enquanto quis aquela que eu adoro: nelas podes tomar de mim vingança; e se inda não estás de mim vingado, contenta te com as lágrimas que choro. 005 Amor é um fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? 8
  • 3. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. 042 Amor, que o gesto humano n'alma escreve, vivas faíscas me mostrou um dia, donde um puro cristal se derretia por entre vivas rosas e alva neve. A vista, que em si mesma não se atreve, por se certificar do que ali via, foi convertida em fonte, que fazia a dor ao sofrimento doce e leve. Jura Amor que brandura de vontade causa o primeiro efeito; o pensamento endoudece, se cuida que é verdade. Olhai como Amor gera num momento, de lágrimas de honesta piedade lágrimas de imortal contentamento. 058 A Morte, que da vida o nó desata, os nós, que dá o Amor, cortar quisera na Ausência, que é contr' ele espada fera, e co Tempo, que tudo desbarata. Duas contrárias, que üa a outra mata, a Morte contra o Amor ajunta e altera: üa é Razão contra a Fortuna austera, outra, contra a Razão, Fortuna ingrata. Mas mostre a sua imperial potência a Morte em apartar dum corpo a alma, duas num corpo o Amor ajunte e una; porque assi leve triunfante a palma, Amor da Morte, apesar da Ausência, do Tempo, da Razão e da Fortuna. 9