1. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas – Mitificação do herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010 O HERÓI (do grego: «senhor», «príncipe») Aquele que se eleva acima da medida humana pela sua energia, coragem e sabedoria, na: . na Defesa de Ideal; . no Combate contra os seres humanos e as forças da natureza; . Na Fundação / Libertação de um(a) cidade, país ou território. Mais do que prometia a força humana (I,1, v.6) A quem Neptuno e Marte obedeceram (I, 3, v.6) Se tão sublime preço cabe em verso (I, 5, v.8)
2. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas – Mitificação do herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010 Os HERÓIS d’Os LUSÍADAS . Corajosos, ousados e patrióticos, enfrentam e vencem não só as forças da natureza, mas também adversários mesquinhos e maldosos; . Espírito de sacrifício; tudo suportam, em nome de um Ideal elevado; . Marcados pela Fé, abençoados por Deus e por Ele protegidos; . Bondosos, generosos, nobres, afáveis em relação àqueles que o merecem; . Pertencem a uma classe social elevada, o seu vestuário é elegante e rico; . São eloquentes (fazem belos discursos); . Só eles acederão à glória e à sublimação.
3. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas – Mitificação do herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010 A Histórica trágico-marítima d’ Os HERÓIS Portugueses Despedidas de Belém Em tão longo caminho e duvidoso Por perdidos as gentes nos julgavam, As mulheres cum choro piadoso, Os homens com suspiros que arrancavam. Mães, Esposas, Irmãs, que o temeroso Amor mais desconfia, acrecentavam A desesperação e frio medo De já nos não tornar a ver tão cedo. Luís de Camões , Os Lusíadas, est. 89 / canto IV Mar Português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Fernando Pessoa, Mensagem
4. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas – Mitificação do herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010 A Histórica trágico-marítima d’ Os HERÓIS Portugueses "Praia das Lágrimas" de Rui Veloso Ó mar salgado eu sou só mais uma das que aqui choram e te salgam a espuma. Ó mar das Trevas que somes galés meu pranto intenso engrossa as marés. Ó mar da Índia lá nos teus confins de chorar tanto tenho dores nos rins. Choro nesta areia salina será choro toda a noite séco de manhã. Ai ó mar Roxo ó mar abafadiço poupa o meu homem não lhe dês sumiço. Que sol é o teu nesses céus vermelhos que eles partem novos e retornam velhos. Ó mar da calma ninho do tufão que é do meu amor seis anos já lá vão. Não sei o que os chama aos teus nevoeiros será fortuna ou bichos-carpinteiros. Ó mar da China Samantra e Ceilão não sei que faça sou viúva ou não. Não sei se case notícias não há será que é morto ou se amigou por lá. Letra de Carlos Tê, música de Rui Veloso, do Álbum Auto da Pimenta
5. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas – Mitificação do herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010 A Histórica trágico-marítima d’ Os HERÓIS Portugueses Discurso do Velho do Restelo Mas um velho, de aspecto venerando, que ficava nas praias, entre a gente, postos em nós os olhos, meneando três vezes a cabeça, descontente, a voz pesada um pouco alevantando, que nós no mar ouvimos claramente, Cum saber só de experiências feito, tais palavras tirou do experto peito: "Ó glória de mandar, ó vã cobiça desta vaidade a quem chamamos Fama! Ó fraudulento gosto, que se atiça c'ua aura popular, que honra se chama! Que castigo tamanho e que justiça fazes no peito vão que muito te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas, que crueldades nele experimentas!" Luís de Camões , Os Lusíadas, est. 95,95 / canto IV Fala do Velho do Restelo ao Astronauta Aqui, na Terra, a fome continua, A miséria, o luto, e outra vez a fome. Acendemos cigarros em fogos de napalme E dizemos amor sem saber o que seja. Mas fizemos de ti a prova da riqueza, Ou talvez da pobreza, e da fome outra vez. E pusemos em ti nem eu sei que desejo De mais alto que nós, e melhor, e mais puro. No jornal soletramos, de olhos tensos, Maravilhas de espaço e de vertigem: Salgados Oceanos que circundam Ilhas mortas de sede, onde não chove. Mas o mundo, astronauta, é boa mesa (E as bombas de napalme são brinquedos), Onde come, brincando, só a fome, Só a fome, astronauta, só a fome, José Saramago (cantado por Manuel Freire)
6. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas - Mitificação do herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010 Mito - μυθος ("mithós") 1. Personagem, facto ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza não obstante uma generalidade que devemos admitir. 2. Coisa ou pessoa que não existe, mas que se supõe real. 3. Coisa só possível por hipótese; quimera. http:// www.priberam.pt /DLPO/ default.aspx?pal=mito O mito procura explicar os principais acontecimentos da vida, os fenómenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis. Pode-se dizer que o mito é uma primeira tentativa de explicar a realidade. Na maioria das vezes, o termo refere-se especificamente aos relatos das civilizações antigas que, organizados, constituem uma mitologia. «O mito é o nada que é tudo. O mesmo sol que abre os céus É um mito brilhante e mudo.» Fernando Pessoa
7. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas – Mitificação do herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010 Os Lusíadas são um texto renascentista , traduzindo o espírito optimista do Renascimento e a inspiração humanista, proferindo um acto de fé nas capacidades humanas. (…) Os Lusíadas celebram os Portugueses enquanto nação, colectividade. (…) O poema tende à universalidade, louva não só os Portugueses mas o homem em geral: a sua capacidade realizadora, descobridora. A empresa das descobertas é a grande prova dessas capacidades : a de se impor à natureza adversa, de desvendar o desconhecido, de ultrapassar os limites traçados pela cultura antiga e pelo conceito tradicional do homem e do mundo, que estavam dogmatizados e eram difíceis de superar. Os Lusíadas celebram a capacidade de alargar e aprofundar o saber; a realização do homem no que respeita ao amor e, por fim, talvez o mais importante, o poder de edificar a vida face ao destino. De não ser vítima da fatalidade . De se libertar e de ser sujeito do seu próprio destino. Por isso, um dos temas épicos consiste na comparação sistemática com os modelos antigos, com o apogeu na divinização dos heróis. Maria Vitalina leal de Matos, Tópicos para Uma Leitura de Os lusíadas, Editorial Verbo, Lisboa, 2003 (Texto com supressões) Cf. Texto de apoio do Manual Interacções 12ºano , Texto Editores, pp. 168-169
8. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas – Mitificação do herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010 Epopeias anteriores (Homero / Virgílio): Façanhas fingidas Herói individual Os deuses controlam o destino do herói Epopeia OS LUSÍADAS Assunto real / verdadeiro /actual e de acordo com o espírito renascentista História/Viagem de um Povo da “Geração de Luso” – Herói colectivo Os deuses, meros seres da fábula ou da lenda, são criação humana – justificam o que parece de difícil justificação / conferem beleza estética ao poema: Aqui, só verdadeiros, gloriosos Divos estão, porque eu, Saturno e Jano, Júpiter, Juno, fomos fabulosos, Fingidos de mortal e cego engano, Só pera fazer versos deleitosos Servimos; e, se mais o trato humano Nos pode dar, é só que o nome nosso Nestas estrelas pôs o engenho vosso. (X, est.82)
9. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas - Mitificação do herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010
10. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas – Mitificação do Herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010 Sistematizando a Mitificação do Herói . a ousadia do Homem fê-lo superar-se, ao conquistar terras e mares . por isso os heróis são imortalizados: tornam-se deuses (os deuses romanos são destronados) . metaforicamente, a viagem de Vasco da Gama é a conquista da Verdade (por isso Gama poderá contemplar a “máquina do mundo”) . através do erotismo da Ilha dos Amores, os homens entram em comunhão com o divino . assim, a Ilha dos Amores (Olimpo simbólico) representa a essência da vida: o Amor e o Conhecimento.
11. | Português – 12º ano | Os Lusíadas, de Camões e a Mensagem, de Fernando Pessoa | Os Lusíadas – Mitificação do Herói Dina Baptista | www.sebentadigital.com EB 2,3/S de Vale de Cambra 2009010 Leituras recomendadas: MOREIRA, Vasco e PIMENTA, Hilário, Preparação para o Exame nacional 2009, Português 12ºano , Porto Editora, 2010, p.56. AZÓIA, Fátima e SANTOS, Fátima, Manual Interacções 12ºano , Texto Editores, pp.139: Texto de apoio - A Mitificação do Herói http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/portugues_trabalhos/lusiadasmensagem.htm