1) Os jovens consideram os telemóveis extremamente importantes para coordenar suas vidas sociais, trabalho/estudo e comunicação com outras pessoas.
2) Embora utilizem principalmente os telemóveis para comunicação, os jovens não exploram totalmente as outras funcionalidades disponíveis.
3) A maioria dos jovens mantém seus telemóveis ligados quase o tempo todo para permanecer disponíveis e conectados com sua rede social.
1. Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media
Gitte Stald
Síntese_Sandra Sousa
Página 147 até à página 151
O estudo mostra que os telemóveis, para a maioria dos jovens, são muito
importantes (e esta importância tende a crescer com a idade) por servirem de
coordenação não apenas das suas vidas sociais, mas também de trabalho/
estudo, na comunicação com instituições, na vida familiar e amorosa. Apesar da
diferença ser pequena, o estudo mostra haver mais utilizadores do sexo feminino
do que do masculino.
Um exemplo marcante desta importância veio de um rapaz de dezassete anos
que afirmou sentir-se semi-nu sem o telemóvel – "Precisamos do telemóvel
connosco como precisamos de usar calças."
Estas estatísticas não mostram o que está por detrás dos números. Porque é
considerado o telemóvel tão importante? Porque é que muitos jovens consideram
importantes os telemóveis mas também expressam as suas preocupações sobre
o impacto desta situação?
A partir de estudos anteriores soube-se que usos principais e significados lhes
eram atribuídos e o telemóvel é visto, em primeiro lugar, como meio imediato de
coordenação social e de actualização, em segundo lugar, combinados com o
computador, um meio pessoal libertador da proximidade física e da imobilidade
espacial.
Uso e adaptação
O telemóvel actual tem uma série de funcionalidades. O seu uso pode ser visto
como prático ou relacionado com o conteúdo.
Os jovens utilizam-no essencialmente como forma de comunicação. Depois desta
as funcionalidades mais utilizadas são o alarme, relógio, bloco de notas e
agenda. A internet, MMS, jogos, música e rádio são os serviços menos usados,
apesar da maioria dos jovens questionados terem telemóveis com tecnologias
avançadas e assinaturas que lhes permitiam o uso desses serviços. Argumentos
para a não utilização prendem-se com questões financeiras e a fraca qualidade,
exceptuando o serviço de rádio e MP3 que está em franco crescimento.
As fotos são tiradas com os telemóveis mas raramente são enviadas através dos
mesmos. São mostradas através do dispositivo físico ou guardadas no
computador através de ligações infravermelhos ou Bluetooth e compartilhadas
via e-mail, Messenger ou chats.
Outra razão para a limitada utilização dos telemóveis é o baixo nível de literacia
tecnológica. Muitos não se dão ao trabalho de configurar os dispositivos e usá-
los; também preferem um ecrã maior, um teclado melhor e uma ligação mais
2. rápida que a oferecida pelos telemóveis. No entanto, a maioria que se considera
analfabeto tecnológico, nas entrevistas demonstrou ter conhecimentos dos
potenciais serviços, funções, soluções e as qualidades desejáveis e indesejáveis
dos conteúdos. A utilização das ligações através de Bluetooth, infravermelhos e
portas USB têm vindo a crescer.
Os telemóveis cada vez mais oferecem diferentes tecnologias, formatos de
comunicação, conteúdos e ligações a outros meios de comunicação. O impacto a
longo prazo destas possibilidades não é de fácil previsão pois nos diferentes
países do Mundo, elas são adaptadas e integradas de diferentes formas segundo
vários conjuntos de condições que as afectam: factores culturais, aspectos
sociais e constrangimentos práticos.
A escolha dos telemóveis e da utilização dos serviços também são indicativos da
mobilidade e das tendências nas culturas juvenis. Neste aspecto os jovens
dividem-se em duas categorias: os que adquirem os telemóveis mais avançados,
mais na moda e mais caros, não pelas suas funcionalidades mas como
demonstração social e se não o conseguem adquirir podem mesmo ficar com
traumas; e os que não se importam com a aparência do telemóvel desde que
funcione.
Os primeiros, principalmente as raparigas, gostam de decorar os telemóveis,
modificar as configuração, os toques de acordo com a imagem que querem
transmitir e principalmente de acordo com a percepção do telemóvel como uma
"casca", um dispositivo físico que contém e representa o sensível e conteúdos
pessoais relativos à identificação pessoal.
Todos os entrevistados tinham telemóvel e apenas um pequeno grupo não o
prioriza como algo absolutamente indispensável. Um pequeno grupo tinha
telemóveis antigos e simples e raramente efectuavam chamadas ou utilizavam
mensagens escritas. Outro grupo também tinha uma postura descontraída face à
utilização do telemóvel mas mais consciente; deixavam os telemóveis em casa
várias vezes e cultivavam a atitude de não estarem dependentes dele, no
entanto, esta atitude não expressa necessariamente resistência à cultura de
grupo mas sim, mostrar controle.
Todos concordam que o telemóvel em si e combinado com outros meios de
comunicação social, é extremamente útil, necessário e bom para manter todo o
tipo de relacionamentos.
Disponibilidade
No estudo mostra-se que 80% dos entrevistados não desliga o telemóvel e os
outros 20% só o desligavam por um período de quatro a doze horas (à noite, no
trabalho quando necessário e no cinema), o que demonstra estarem sempre
disponíveis para a comunicação, informação, entretenimento e para as pessoas.
Sentem que se o desligam podem perder alguma coisa e sentem-se
desconectados da rede social. Estar sem rede no telemóvel ou desligados é um
luxo que só os muito seguros da sua posição na rede social o conseguem ter.