O período dos Macabeus (167-63 a.C.) foi caracterizado por lutas contra a dominação síria sob Antíoco IV e o
estabelecimento de um reino judaico independente sob a família dos Macabeus/Asmoneus. Matatias iniciou a
revolta em 167 a.C. e seus filhos Judas, Jônatas e Simão lideraram sucessivas vitórias contra os selêucidas,
reconquistando Jerusalém e restaurando o culto no Templo.
1. 1
ENSINO BÍBLICO DE NIVELAMENTO – Período Interbíblico
O Período dos Macabeus (167 – 63 a.C.)
O nome desse período está associado a Judas Macabeu, líder dos Macabeus. No entanto, o nome da família,
segundo o historiador Flávio Josefo, era Hasmon, do qual deriva o nome “hasmoniano” ou “asmoniano”. Hasmon
ou Chasmon foi bisavo de Matatias, pai de Judas Macabeu.
Esse período abrange 104 anos (167 – 63 a.C). É caracterizado por lutas, perseguições, sacrifícios e, por último, por
um longo período de independência e paz.
O surgimento desse período foi motivado pela nefasta dominação síria (Período Grego), sob o reinado de Antíoco
IV, o Epífanes.
Causas Remotas
O Governo da Judéia, aos poucos, foi se fortalecendo nas mãos do sumo sacerdote. Isso levou o sumo sacerdócio
judaico a um declíneo espiritual, pois deixou de ser um poder espiritual e divino para ternar-se uma força política.
Em consequência disso, a posição de “Sumo sacerdote” começou a ser disputada. Nem o que a Lei de Moisés dizia
a respeito nem a questão genealógica eram levados em conta. O poder temporal era a única coisa que realmente
importava naquele momento.
167 a.C Matatias dá início a Revolta dos Macabeus
Os judeus conseguiram vencer os exércitos helênicos e estabelecer um reino judaico independente na região entre
142 a.C.- 63 a.C., quando então foram dominados pelos romanos. Durante este período de 142-63 a.C., a família dos
macabeus estabeleceu-se no poder e iniciou uma nova dinastia real e sacerdotal, dominando tanto o poder secular
como o religioso. Isto provocou uma série de crises e divisões dentro da sociedade israelita da época, visto que pela
suas origens os Macabeus (também conhecidos pelo nome de família como Asmoneus) não eram da linhagem de
Davi, não podendo assim ocupar o trono de Israel, e também não eram da linhagem sacerdotal araônica.
Antíoco IV reinou sobre a Síria entre 175 AC e 164 AC, vindo a invadir Israel e profanar o Templo de Jerusalém em
167 AC, proibindo o culto judaico, a guarda do sábado, além de outros costumes tais como a circuncisão. Saqueou
toda Jerusalém de suas riquezas e mandou construir um altar no Templo e fez ali sacrificar porcos.
2. 2
Josefo cita, ele próprio, as maldades praticadas por este governante: “A maior parte do povo obedeceu-lhe, fê-lo
voluntariamente ou por medo; mas estas ameaças não puderam impedir aos que tinham virtude e generosidade de
observar as leis dos pais.
O cruel príncipe fazia a estes morrer por vários tormentos. Depois de os ter feito retalhar a golpes de chicote, sua
horrível desumanidade não se contentava de fazê-los sacrificar, mas, enquanto respiravam, ainda fazia enforcar e
estrangular perto deles suas mulheres e os filhos que tinham sido circundados.
Mandava queimar todos os livros das Sagradas Escrituras e não perdoava a um só de todos aqueles em cujas casas
os encontrava.” (Hist. Dos Hebreus, Vol 4, Cap. 4, § 465)
Afora a História dos Hebreus de Josefo, I e II Macabeus são os únicos relatos que temos acerca do período helênico
na Judéia.
Embora se diga que Josefo parafraseou o livro apócrifo de I Macabeus, suas narrativas são bem mais completas e
diferem em algumas datas e pontos, por exemplo, no que diz respeito ao intento de Antíoco conquistar o Egito:
Conforme I Macabeus, ele logrou fazê-lo, enquanto Josefo diz que Antíoco foi dissuadido por ameaças dos romanos
a abandonar o Egito.
Matatias iniciou a revolta dos Macabeus. No geral, a dinastia que se consolidou em Israel da descendência de
Matatias passou a ser conhecida como “asmoneus”, termo que deriva do nome Asmoneu, ancestral de Matatias,
conforme explica o próprio Josefo: “Naquele mesmo tempo, numa aldeia da Judéia chamada Modim, havia um
sacerdote da descendência de Joaribe, nascido em Jerusalém, que se chamava Matatias, filho de João, filho de Simão,
filho de Asmoneu.” História dos Hebreus, Capítulo 8, § 467)
Na literatura judaica o título “Macabeus” se refere mais propriamente aos filhos de Matatias, Judas e seus irmãos
Jônatas e Simão, sendo o título “Asmoneu” mais apropriado para se referir aos descendentes seguintes.
É mais correto ver os “macabeus” Judas, Jônatas e Simão, filhos de Matatias, como chefes da resistência judaica, e
não propriamente como “reis” de um suposto estado Macabeu. Os três, cada qual a seu tempo, acumularam as
funções de chefes militares e de sumo-sacerdotes do Templo de Jerusalém.
Neste tempo, muitas das cidades de Israel se encontravam tomadas pelos selêucidas e seus aliados judeus, entre as
quais se pode citar Jericó, Emas, Betoron, Betel, Tocon e Gazara entre outras.
Após este período, podemos sim entender a existência de um estado Asmoneu, que experimentará uma completa
independência durante um período de 70 anos entre 134 e 63 AC, o que não deixa de nos sugerir uma antítese com
os 70 anos de cativeiro na Babilônia.
3. 3
165 AC a 164 AC – Matatias
A revolta dos Macabeus foi iniciada por Matatias, que fugindo das atrocidades praticadas em Jerusalém por conta
da nova ordem imposta por Antíoco IV, veio a habitar com seus cinco filhos na cidade de Modin, onde alcançaram
grande respeito por parte de seus moradores.
Certo dia apareceu em Modin um oficial do rei a ordenar que se oferecessem sacrifícios no altar conforme o novo
costume imposto por Antíoco. Matatias se recusou a fazê-lo e matou um dos judeus que ali sacrificava, bem como o
oficial do rei, vindo assim a se refugiar com seus familiares nas montanhas. Juntou-se pouco tempo depois a este
pequeno grupo familiar, alguns judeus assideus, que igualmente fiéis à sua religião, decidiram combater Antíoco;
muitos outros grupos foram se juntando a este núcleo, de tal forma que se constituiu um pequeno e valente exército
disposto a combater os pagãos. Conta Josefo que uma guarnição do rei buscou um dos grupos revoltosos para fazê-
los desistir da sedição, vindo a encontrá-los num dia de sábado. Pela reverência que tinham ao dia do descanso, o
grupo se recusou a pegar em armas para se defender vindo assim a ser impiedosamente sufocado dentro da caverna
em que se encontravam. Os sobreviventes vieram relatar a Matatias o acontecido e este os repreendeu severamente
a que nunca mais procedessem desta forma, pois ao entregar sua vida sem luta, violavam igualmente a Lei de Deus,
fazendo-se homicidas de si mesmos.
164-160 AC – Judas Macabeu
Cerca de um ano depois de iniciada a revolta, Matatias veio a falecer, vindo a ocupar seu lugar na liderança do
grupo seu filho Judas, de apelido Macabeu, cujo significado é “martelo”, de onde vem o nome revolta dos
Macabeus.
Conforme a tradição judaica, a revolta dos Macabeus abriu um precedente na história da humanidade: nunca antes
uma nação ousou morrer por seu Deus. Esta foi a primeira guerra religiosa e ideológica da história da civilização.
Judas Macabeu provou na liderança de seu povo ser um general competente, havendo derrotado sucessivas vezes
exércitos imensamente mais numerosos e mais preparados no sentido militar. Era, segundo se constata, dono de
quatro predicados importantes: forte senso de determinação, coragem pessoal, visão militar e fé incondicional no
Deus de seus pais.Depois de sucessivas vitórias sobre o exército de Antíoco Epifânio, Judas logrou reconquistar
Jerusalém. Ocupou-se então de restaurar e purificar o Templo, vindo a consagrá-lo novamente ao serviço religioso
judaico, exatamente três anos após Antíoco o haver violado.A celebração deste evento marca a origem da Festa das
Luzes celebrada pelos judeus até os dias de hoje no mês de Kislêv (Dezembro).Josefo nos faz compreender que ao
tempo de Judas Macabeu Roma já se avultava como potência europeia (Vol 4, Cap. XIII, § 492), havendo já dominado
por aquele tempo a Galácia, Espanha, Cartagena e Grécia. Desta forma pareceu bem a Judas Macabeu fazer com os
romanos um pacto de cooperação em que Roma se comprometia a advertir àqueles que estavam sobre sua
obediência a não atacar ou colaborar com aqueles que se indispusessem contra os judeus e da mesma forma estes
fariam o mesmo por Roma. No seu tempo veio a falecer Antíoco Epifânio, segundo Josefo, de desgosto, por ver as
sucessivas vitórias dos Macabeus na palestina, bem como as vitórias de outros inimigos frente ao seu exército.
Antíoco Eupator, seu filho, reinou em seu lugar, vindo no início de seu reinado a propor paz a Judas Macabeu,
proposta esta que não tardou a descumprir, ordenando que se destruíssem os muros ao redor do Templo e que se
matasse Onias, o sumo-sacerdote.
4. 4
160 a 143 AC – Jônatas
Após seis anos de consecutivas vitórias sobre os selêucidas, Judas Macabeu veio a falecer, sendo então substituído
por seu irmão Jônatas.
Registra-se no tempo de Jônatas o cumprimento da profecia de Isaías que nos dá conta da construção em Heliópolis,
no Egito, de um templo semelhante ao de Jerusalém.
Este templo foi erguido por Onias, filho homônimo de Onias, sumo-sacerdote de Israel no tempo de Pitolomeu
Filometor, rei do Egito. Vejamos o texto de Isaías:
“Naquele tempo o Senhor terá um altar no meio da terra do Egito, e uma coluna se erigirá ao Senhor, junto da sua fronteira.
E servirá de sinal e de testemunho ao Senhor dos Exércitos na terra do Egito, porque ao Senhor clamarão por causa dos
opressores, e ele lhes enviará um salvador e um protetor, que os livrará.” (Is 19:18-20)
142 até 134 AC – Simão
Jônatas liderou o povo de 160 a 143 AC, sendo seguido depois de sua morte por seu irmão Simão que governou o
povo entre 142 até 134 AC, encerrando assim o período dos irmãos Macabeus.
Simão empreendeu vários combates contra seus adversários, vindo a obter grandes vitórias junto às cidades de
Gazara, Jope e Jamnia, tendo conseguido tomar finalmente a fortaleza de Jerusalém, um complexo de resistência
militar que havia sido construído ao lado do Templo, com a finalidade de vigiar qualquer insurreição que pudesse ser
ali iniciada. Tal fortaleza estava construída num lugar alto ao lado do Monte Moriá, e Simão fez com que depois de
destruída a fortaleza, fosse o monte rebaixado. Diz Josefo que esta tarefa demorou três anos para ser concluída, de
maneira que o monte foi aplainado e nada mais de elevado sobrou senão o Templo.
Fontes de Pesquisa: Manual Bíblico de Halley, Bíblia de Estudo NVI, Livro O Período Interbíblico, História dos
Hebreus, 1 Macabeus, 2 Macabeus