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Cap´
   ıtulo 2

Probabilidade

2.1     Probabilidades F´
                        ısicas
A id´ia de probabilidades est´ associada tanto com racioc´
     e                         a                              ınio indutivo e jul-
gamentos tais como “Provavelmente Jo˜o ´ feliz”ou “Vocˆ provavelmente ser´
                                        a e                 e                   a
aprovado em Estat´ ıstica”, quanto a experimentos f´
                                                   ısicos repetitivos tais como o
arremesso de uma moeda ou de um dado. Nesta se¸ao apresentamos a segunda
                                                    c˜
alternativa: as probabilidades f´sicas.
                                ı

2.1.1    Espa¸o amostral
             c
Denominamos fenˆmeno aleat´rio ` situa¸ao ou acontecimento que n˜o pode
                   o            o    a      c˜                            a
ser previsto com certeza. Por exemplo, quando arremessamos uma moeda -
honesta ela pode cair com a face Cara (H) ou Coroa (T) voltada para cima
(´ claro que simplificamos, ignorando o caso raro em que ela fica de p´ !).
 e                                                                            e
Assim o arremesso de uma moeda ´ um evento aleat´rio. Da mesma maneira
                                     e                  o
nosso tempo de vida, o decaimento radioativo ou o resultado da loteria tamb´m   e
s˜o fenˆmenos aleat´rios. Os resultados de um experimento envolvendo um
 a      o            o
fenˆmeno aleat´rio s˜o chamados eventos. Fazemos ainda a distin¸ao entre
   o            o     a                                                 c˜
eventos compostos e eventos simples. Por exemplo, se dissermos que o arremesso
de dois dados resultou em “soma=6”isso ser´ equivalente a dizermos que o
                                                a
resultado do experimento foi “(1, 5) ou (2, 4) ou (3, 3) ou (4, 2) ou (5, 1)”. Ou
seja podemos decompor o evento composto {soma = 6} em um conjunto com
cinco eventos simples {(1, 5)ou(2, 4)ou(3, 3)ou(4, 2)ou(5, 1)}. Os eventos simples
s˜o os resultados poss´
 a                    ıveis de um experimento idealizado. Cada resultado destes
eventos simples ´ representado por um ponto em um espa¸o denominado espa¸o
                e                                           c                    c
amostral Ω (ˆmega).
             o

2.1.2    Exemplos
1. Distribui¸˜o de trˆs bolinhas distingu´
            ca        e                       ıveis (a,b e c) em trˆs caixas
                                                                    e
distingu´
        ıveis. Todos os arranjos poss´
                                     ıveis s˜o representados na tabela abaixo:
                                            a

                                       13
14                                                CAP´
                                                     ITULO 2. PROBABILIDADE

                    1.   {abc| − |−}   10.   {a|bc|−}     19.   {−|a|bc}
                    2.   {−|abc|−}     11.   {b|ac|−}     20.   {−|b|ac}
                    3.   {−| − |abc}   12.   {c|ab|−}     21.   {−|c|ab}
                    4.   {ab|c|−}      13.   {a| − |bc}   22.   {a|b|c}
                    5.   {ac|b|−}      14.   {b| − |ac}   23.   {a|c|b}
                    6.   {bc|a|−}      15.   {c| − |ab}   24.   {b|a|c}
                    7.   {ab| − |c}    16.   {−|ab|c}     25.   {b|c|a}
                    8.   {ac| − |b}    17.   {−|ac|b}     26.   {c|a|b}
                    9.   {bc| − |a}    18.   {−|bc|a}     27.   {c|b|a}


    Cada um dos 27 arranjos na tabela corresponde a um evento simples, ou
seja, a um ponto no espa¸o amostral. O eventoA =“uma caixa ´ ocupada por
                            c                                           e
mais de uma bolinha”´ realizado pela uni˜o dos pontos de 1 a 21, ou seja, o
                         e                      a
evento A ´ o agregado dos pontos amostrais de 1 a 21. De forma semelhante o
           e
evento composto B =“a primeira caixa n˜o est´ vazia”´ formado pelos pontos
                                              a       a      e
amostrais 1, 4 a 15 e 22 a 27. Podemos ainda combinar eventos definindo um
evento C =“tanto A quanto B ocorrem”. Pense um pouco no que seria este
evento 1 . E o evento D =“ou A ou B ocorrem”? 2 . E o evento E =“A
n˜o ocorre”? 3 . O que dizer ent˜o do evento F =“primeira caixa vazia e
 a                                     a
nenhuma caixa com mais de uma bolinha”? 4 Apesar deste exemplo referir-se
especificamente a 3 bolas em 3 caixas, poder´       ıamos igualmente falar de r bolsa
em n caixas. O mesmo modelo b´sico pode ser empregado em outras stua¸oes.
                                    a                                           c˜
Por exemplo:
    Anivers´rios. Os poss´
             a             ıveis anivers´rios de r pessoas s˜o exatamente an´logos
                                         a                   a                a
a r bolas em n = 365 caixas.
    Acidentes. A classifica¸ao de r acidentes de acordo com o dia da semana em
                            c˜
que eles ocorrer˜o ´ equivalente ` distribui¸ao de r bolas em n = 7 caixas.
                 a e                a           c˜
    Amostragem. A classifica¸ao de r pessoas de acordo com sua idade ou
                                 c˜
profiss˜o ´ equivalente a aloca¸ao de r bolas em um n´ mero n de caixas (uma
        a e                      c˜                         u
para cada classe).
    Irradia¸ao em biologia. Para estudarmos o efeito da radia¸ao sobre os cro-
            c˜                                                       c˜
mossomos imaginamos que cada cromossomo corresponda a uma caixa e cada
part´ıcula α (alfa) irradiada corresponda a uma bola.
    Dados. As possibilidades de resultado no arremesso de r dados corresponde
a r bolas em n = 6 caixas.
    Erros de impress˜o. As poss´
                       a           ıveis distribui¸oes de r erros de impress˜o em n
                                                   c˜                       a
p´ginas podem ser interpretadas como r bolas em n caixas.
 a
    2. Distribui¸˜o de trˆs bolinhas indistingu´
                   ca         e                          ıveis em trˆs caixas dis-
                                                                       e
tingu´ ıveis. Neste caso temos os seguintes arranjos poss´    ıveis:

     1C  = {1, 4, 5, ..., 15}
     2D  ocorre com certeza j´ que cont´m todos os pontos do espa¸o amostral Omega
                                a      e                         c
     3 E = {22, 23, 24, 25, 26, 27}
     4 F ´ imposs´
         e         ıvel, assim, F = ∅.
2.1. PROBABILIDADES F´
                     ISICAS                                                 15

                       1.   {∗ ∗ ∗| − |−}   6. {∗| ∗ ∗|−}
                       2.   {−| ∗ ∗ ∗ |−}   7. {∗| ∗ ∗|−}
                       3.   {−| − | ∗ ∗∗}   8. {−| ∗ ∗|∗}
                       4.   {∗ ∗ | ∗ |−}    9. {−| ∗ | ∗ ∗}
                       5.   {∗ ∗ | − |∗}    10. {∗| ∗ |∗}

O espa¸o amostral Ω tem estrutura diferente, se utilizamos o modelo com bolin-
       c
has distingu´ıveis ou indistingu´ıveis ir´ depender do particular problema que
                                         a
estivermos analisando.
    3. Amostragem. Suponha que quiramos estimar quantas pessoas fumam
utilizando uma amostra com 100 pessoas. A unica propriedade da amostra que ´
                                              ´                               e
do nosso interesse ´ o n´ mero x de fumantes. O espa¸o amostral Ω ´ constituido
                    e   u                            c             e
por 101 pontos x = 0, 1, ..., 100. Cada observa¸ao ´ descrita completamente
                                                  c˜ e
especificando x. Um evento composto seria, neste caso, algo como “a maioria
das pessoas fuma”consistindo do conjunto x = 51, 52, ...100.
    4. Arremessos de moedas. Para um experimento de arremesso de moedas
trˆs vezes o espa¸o amostral Ω consiste de oito pontos
  e               c

            {HHH, HHT, HT H, T HH, HT T, T HT, T T H, T T T }

, com H representando Cara e T representando Coroa.

2.1.3    Eventos e a teoria de conjuntos
A partir dos exemplos da se¸ao anterior ´ poss´ noter que existe uma rela¸ao
                            c˜           e     ıvel                        c˜
´
ıntima entre eventos compostos e a teoria de conjuntos. Assim, a uni˜o entre
                                                                       a
dois eventos, A∪B, representa a ocorrˆncia de, pelo menos, um dos eventos A ou
                                      e
B. A intersec¸ao entre dois eventos A∩B, representa a ocorrˆncia simultˆnea de
              c˜                                            e           a
A e B. Dois eventos A e B s˜o mutuamente exclusivos (ou disjuntos) quando n˜o
                            a                                               a
tˆm elementos em comum,isto ´ , quando A ∩ B = ∅. A e B s˜o complementares
  e                            e                             a
se a uni˜o ´ o espa¸o amostral e sua intersec¸ao ´ vazia. O complementar de A
        a e        c                         c˜ e
´ representado por Ac e temos A ∪ Ac = Ω e A ∩ Ac = ∅.
e
    Podemos construir uma classe de conjuntos que contenha todos os eventos
compostos, essa estrutura recebe o nome de σ-´lgebra de eventos F e ´ definida
                                               a                     e
pelas seguintes propriedades:
   1. Ω ∈ F. O espa¸o amostral inteiro ´ um evento composto.
                   c                   e
   2. Se A ∈ F ent˜o Ac ∈ F. Se A ´ um evento, seu complementar A, ou seja,
                   a              e
      n˜o ocorrer A, tamb´m ´ um evento.
       a                 e e
   3. Se Ai ∈ F ent˜o ∞ Ai ∈ F. Se Ai s˜o eventos ent˜o A1 ou A2 ou ...An
                   a  i=1                a           a
      tamb´m ´ um evento para qualquer n.
           e e

2.1.4    Axiomas de Kolmogorov
Conforme desenvolvida por Komogorov (1903-1987), a teoria de probabilidades
cl´ssica n˜o se preocupa em determinar como seu valor num´rico deve ser deter-
  a       a                                              e
16                                               CAP´
                                                    ITULO 2. PROBABILIDADE

minado mas sim com suas propriedades gerais. De forma semelhante ` geome-
                                                                    a
tria, estabelecem-se propriedades b´sicas que a medida de probabilidade P (.)
                                   a
deve obedecer. Estas (trˆs) propriedades s˜o conhecidas como os Axiomas de
                         e                 a
Kolmogorov:

     1. P (A) ≥ 0. A probabilidade ´ um n´ mero n˜o-negativo.
                                   e     u       a

     2. P (Ω) = 1. O espa¸o amostral cont´m todas os poss´
                           c               e             ıveis resultados do
        experimento, assim ´ um evento certo.
                           e

     3. P ( ∞ Ai ) = i=1 P (Ai ) se Ai , Aj ∈ F e Ai ∩ Aj = ∅, i = j. Se dois
             i=1
                         ∞

        eventos A1 e A2 s˜o mutuamente exclusivos ent˜o a probabilidade de A1
                         a                            a
        ou A2 ´ igual a probabilidade de A1 somada ` probabilidade de A2 . O
               e                                    a
        mesmo vale para qualquer n´ mero de eventos mutuamente exclusivos.
                                   u

   Um par de propriedades das medidas de probabilidade s˜o corol´rios imedi-
                                                        a       a
atos dos Axiomas de Kolmogorov:
   Propriedade 1. Como A ∪ Ac = Ω, o axioma 2, implica em P (A ∪ Ac ) = 1.
J´ o axioma 3 implica em P (A) + P (Ac ) = 1, ou seja,
 a

                                  P (Ac ) = 1 − P (A).                                 (2.1)

   Propriedade 2. Da teoria de conjuntos temos que A ∪ B = (A ∩ B c ) ∪ (A ∩
B) ∪ (Ac ∩ B). Onde A ∩ B c , A ∩ B e Ac ∩ B s˜o mutuamente exclusivos (por
                                              a
que ?) 5 , pelo axioma 3 temos que

                P (A ∪ B) = P (A ∩ B c ) + P (A ∩ B) + P (Ac ∩ B).

     Mas A = (A ∩ B c ) ∪ (A ∩ B) e B = (Ac ∩ B) ∪ (A ∩ B) (por que?).            6
                                                                                      Assim

                           P (A) = P (A ∩ B c ) + P (A ∩ B)

e
                           P (B) = P (Ac ∩ B) + P (A ∩ B)
, onde utilizamos novamente o axioma 3. Substituindo estas express˜es na
                                                                  o
equa¸ao acima:
    c˜
                   P (A ∪ B) = P (A) + P (B) − P (A ∩ B).           (2.2)
   Exemplo. Uma moeda ´ arremessada duas vezes. O espa¸o amostral ´,
                         e                               c          e
portanto, Ω = {HH, HT, T H, T T }. Se assumirmos que a moeda ´ honesta
                                                             e
   5 O primeiro conjunto contem pontos do espa¸o amostral que pertencem a A e n˜o per-
                                                  c                                  a
tencem a B, o segundo conjunto contem pontos que pertencem a A e a B e o terceiro conjunto
contem pontos que n˜o pertencem a A e pertencem a B. Um ponto n˜o pode pertencer e n˜o
                       a                                            a                    a
pertencer a B simultaneamente, assim os dois primeiros s˜o disjuntos. Um ponto n˜o pode
                                                            a                       a
perntencer e n˜o pertencer a A simultanamente, assim o terceiro conjunto ´ disjunto aos dois
                a                                                         e
primeiros. Assim, os trˆs conjuntos s˜o disjuntos entre si.
                         e            a
   6 (A ∩ B c ) ∪ (A ∩ B) ´ o conjunto dos pontos que pertencem a A e n˜o pertencem a B ou
                           e                                           a
os pontos que pertencem a A e pertencem a B. Ou seja, tanto faz se pertencem ou n˜o a B,
                                                                                     a
desde que perten¸am a A. De forma equivalente no caso de B.
                   c
2.1. PROBABILIDADES F´
                     ISICAS                                                                17

                             1
atribuiremos probabilidade 4 para cada ponto do espa¸o amostral. Supon-
                                                         c
hamos agora que A1 e A2 sejam, respectivamente, os eventos “Cara no primeiro
arremesso”e “Cara no segundo arremesso”. Qual seria a probabilidade do evento
“Cara no primeiro ou no segundo arremessos”? Este evento equivale a A1 ∪ A2 .
Pela propriedade 2 teremos que P (A1 ∪ A2 ) = P (A1 ) + P (A2 ) − P (A1 ∩ A2 ).
Os eventos s˜o A1 = {HH, HT } e A2 = {HH, T H}, a intersec¸ao ´ A1 ∩ A2 =
             a                                                 c˜ e
{HH}. Temos ent˜o que P (A1 ∪ A2 ) = 1 + 1 − 4 = 4 . 7
                   a                     2   2
                                                1     3

    Dada a medida de probabilidade P (.) para cada ponto do espa¸o amostral
                                                                   c
Ω e considerando que os eventos compostos formam uma σ-´lgebra ´ poss´
                                                             a       e     ıvel
calcular a probabilidade de qualquer evento composto utilizando apenas a teoria
de conjuntos. Formalmente, um modelo probabil´   ıstico para um experimento ´ e
composto da terna Ω, F, P .


2.1.5       Atribuindo probabilidades
A teoria cl´ssica de probabilidades n˜o se preocupa em como valores num´ricos
           a                            a                                       e
devem ser atribu´ ıdos a pontos do espa¸o amostral. A determina¸ao da medida
                                           c                            c˜
de probabilidades depende de considera¸oes f´c˜  ısicas sobre o fenˆmeno aleat´rio
                                                                      o           o
ou da suposi¸ao de que ´ poss´
              c˜             e     ıvel repetir o experimento infinitas vezes nas
mesmas condi¸oes. Na pr´tica, mesmo se fosse poss´ repetir o experimento
               c˜            a                            ıvel
infinitas vezes isso isso iria requerer quantidade infinita de tempo, assim sendo, a
determina¸ao de probabilidades via infinitas repeti¸oe deve ser entendida como
          c˜                                           c˜
uma idealiza¸ao. Formalmente mede-se a probabilidade f´
             c˜                                                ısica do evento A como
um limite da raz˜o do n´ mero de ocorrˆncias de A (nA ) em um n´ mero tendendo
                 a        u               e                           u
a infinito de repeti¸oes (n), em s´
                    c˜              ımbolos:

                                                    nA
                                    P (A) = lim        .                                (2.3)
                                              n→∞    n

    Exemplos. Bolas distingu´veis. No exemplo 1 da se¸ao anterior poder´
                              ı                        c˜                ıamos,
por exemplo, assumir que todos os arranjos s˜o igualmente prov´veis, ou seja, a
                                            a                  a
                                               1                             1
probabilidade de qualquer evento simples ´ de 27 8 . Assumindo que P (Ei ) = 27
                                         e
para todo ponto Ei do espa¸o amostral, podemos calcular a probabilidade de
                            c
qualquer outro evento composto. Por exemplo, o evento A =“uma caixa ´         e
ocupada por mais de uma bolinha”´ composto A = 21 Ei . Como os pon-
                                    e                    i=1
tos do espa¸o amostral s˜o, por defini¸ao, mutuamente exclusivos, temos que,
           c            a             c˜

   7 Note que neste caso simples poder´ ıamos simplesmente enumerar diretamente A1 ∪ A2 =
{HH, HT, T H}. A id´ia por tr´s da dedu¸ao de propriedades ´ justamente sabermos fazer
                        e        a           c˜                    e
o mesmo c´lculo de v´rias maneiras poss´
           a           a                   ıveis, nunca se sabe que tipo de manipula¸ao temos
                                                                                    c˜
que fazer para resolver cada novo problema. Neste sentido, teoremas funcionam como uma
caixa de ferramentas para provarmos novos teoremas cada vez mais complexos.
   8 Gottfried Leibniz (1646-1716) introduziu o seguinte Princ´ ıpio da Raz˜o Suficiente: Nada
                                                                            a
´ sem raz˜o suficente para ser como ´. Para tudo h´ uma raz˜o. Laplace adaptou o o princ´
e        a                           e               a        a                           ıpio
para afirmando que devemos atribuir probabilidades idˆnticas para todos as possibilidades de
                                                         e
um fenˆmento aleat´rio se n˜o tivermos raz˜o alguma para que elas sejam de outra forma.
       o             o        a                a
No entanto, tal princ´ıpio n˜o integra a teoria cl´ssica de probabilidades.
                            a                      a
18                                                  CAP´
                                                       ITULO 2. PROBABILIDADE

utilizando o axioma 3:
                              21              21
                                                                7
                         P          Ei   =          P (Ei ) =     .
                              i=1             i=1
                                                                9

    Bolas indistigu´veis: Estat´stica de Bose-Einstein. Retomemos agora o ex-
                   ı            ı
emplo 2. Podemos argumentar que o experimento propriamente dito n˜o ´          a e
afetado por nossa impossibilidade de distinguir as bolas. Assim, n´s con-  o
fundir´ıamos entre os pontos 7, 8 e 9 do espa¸o amostral de bolas indistingu´
                                              c                               ıveis,
atribuindo a todos trˆs o mesmo ponto 5 do espa¸o amostral de bolas indis-
                       e                              c
tingu´ıveis. Seguindo este racioc´ınio, somos levados a atribuir os seguintes prob-
abilidades para cada um dos 10 pontos do espa¸o amostral (confira !):
                                                  c

                                          1
                             P (1) =     27    P (6) = 1
                                                       9
                                          1
                             P (2) =     27    P (7) = 1
                                                       9
                                          1
                             P (3) =     27    P (8) = 1
                                                       9
                                         1
                             P (4) =     9     P (9) = 1
                                                       9
                                         1               2
                             P (5) =     9     P (10) = 9

   Antes de deixarmos esta sec¸ao ´ interessante enfatizar que a rela¸ao entre
                               c˜ e                                  c˜
teoria e experimento em se tratando de probabilidades ´ intrincada. Por ex-
                                                        e
emplo, na pr´tica nenhuma moeda ´ totalmente honesta, ou seja, a atribui¸ao
             a                    e                                        c˜
de probabilidades idˆnticas para Cara e Coroa, P (H) = P (T ) = 1 ´ apenas
                    e                                              2 e
uma aproxima¸ao da realidade. Para determinarmos a “verdadeira”distribui¸ao
               c˜                                                          c˜
de probabilidade de uma moeda precisar´ ıamos repetir seu arremesso infinitas
vezes. A tabela a seguir mostra o n´ mero de Caras obtidas em seq¨ˆncias de
                                   u                                ue
1000 arremessos.

                                    0 − 1000        501
                                    −2000           485
                                    −3000           509
                                    −4000           536
                                    −5000           485
                                    −6000           488
                                    −7000           500
                                    −8000           497
                                    −9000           494
                                    −10000          484

As flutua¸oes observadas na tabela acima d˜o uma id´ia do tipo de dificul-
          c˜                                    a         e
dades que se apresentam ao tentarmos medir probabilidades atrav´s da repeti¸ao
                                                                 e         c˜
de um experimento muitas vezes. Fica claro que t´cnicas mais avan¸adas s˜o
                                                     e                c      a
necess´rias, a ´rea da Estat´
       a       a            ıstica encarregada da obten¸ao de probabilidades a
                                                         c˜
partir de dados ´ a Inferˆncia Estat´
                 e       e           ıstica que estudaremos com detalhes mais a
frente.
2.2. PROBABILIDADE CONDICIONAL                                                           19

2.2        Probabilidade Condicional
Suponha uma popula¸ao de N pessoas onde NA s˜o universit´rios e NF s˜o do
                     c˜                            a         a           a
sexo feminino. O evento de que uma pessoa escolhida ao acaso seja universit´ria
                                                                           a
´ A, o evento de que uma pessoal escolhida ao acaso seja do sexo feminino ´
e                                                                             e
F . A probabilidade de A ´ P (A) = NA . A probabilidade de F ´ P (F ) =
                             e          N                           e
NF
 N . Suponha agora que s´ olhemos para a popula¸ao feminina. O n´ mero de
                           o                         c˜              u
mulheres universit´rias ´ NAF . A probabilidade de uma mulher ser universit´ria
                  a     e                                                  a
ser´ P (A|F ) = NAF , onde o s´
   a            NF             ımbolo P (A|F ) ´ lido como a “probabilidade de
                                               e
A dado F ”. De forma equivalente, escrevemos:

                                   NAF   NAF /N   P (A ∩ F )
                      P (A|F ) =       =        =            .
                                   NF    NF /N      P (F )

     Assim definimos a probabilidade condicional como:

                                               P (A ∩ F )
                                  P (A|F ) =              .                           (2.4)
                                                 P (F )

Por economia de s´   ımbolos trocamos, de agora em diante, P (A ∩ F ) por P (AF ).
    Exemplo. Amostragem sem reposi¸ao. A partir de uma popula¸ao com n
                                          c˜                            c˜
elementos 1, 2, ..., n tomamos uma amostra ordenada. Suponha que i e j s˜o dois
                                                                             a
elementos diferentes. Assumindo que i ´ o primeiro elemento amostrado, qual ´
                                          e                                       e
a probabilidade de que o segundo elemento seja j. Temos que a probabilidade de
sortearmos primeiro i e j ´ P (ij) = 1/n(n − 1). A probabilidade de sortearmos
                            e
i como primeiro elemento ´ P (i) = 1/n. A probabilidade de sortearmos j logo
                             e
ap´s o sorteio de i ´ ent˜o P (j|i) = P (ij)/P (i) = 1/(n − 1). Isso simplesmente
   o                  e   a
expressa o fato de que tinhamos primeiro n possibilidades para o sorteio, ap´s   o
o sorteio de i passamos a ter n − 1 possibilidades.
    Exemplo. Distribui¸ao de sexos. Cosidere familias com exatamente dois
                           c˜
filhos. Chamemos de b se menino e g se menina. Temos quatro possibilidades
{bb, bg, gb, gg}, onde a primeira letra indica o filho mais velho (desconsideremos
os gˆmeos para efeito de exemplo). Associemos a probabilidade de 1 a cad
     e                                                                     4
ponto do espa¸o amostral. Dado que a familia j´ tem um menino, qual ´ a
                 c                                    a                        e
probabilidade de que as duas crian¸as sejam meninos ? Temos que P (b|b) =
                                       c
P (bb)/P (b) = P (bb)/(P (bb) + P (bg) + P (gb)) = 1/3.
    No exemplo acima utilizamos a seguinte propriedade de distribui¸oes de c˜
probabilidade.

   Propriedade 3. Eventos C1 , C2 , ..., Ck formam uma parti¸ao do espa¸o
                                                             c˜         c
                                    k                            k
amostral se Ci ∩Cj = ∅ para i = j e i=1 Ci = Ω. Assim P (A) = i=1 P (ACi ).
Tente demosntrar.9
   Da Propriedade 3 e da defini¸ao de probabilidades condicionais segue:
                                c˜

  9 Se
     “S {Ci } representa uma parti¸ao de Ω, ent˜o A ∩ Ci s˜o eventos disjuntos e A = A ∩ Ω =
               ” S                c˜           a          a
       k
A∩     i=1  Ci = k (A ∩ Ci ). Do axioma 3 segue a propriedade que queriamos demonstrar.
                     i=1
20                                              CAP´
                                                   ITULO 2. PROBABILIDADE

     Propriedade 4.
                              k                  k
                   P (A) =         P (ACi ) =         P (A|Ci )P (Ci ).
                             i=1                i=1



2.3       Independˆncia Estat´
                  e          ıstica
A no¸ao de independˆncia estat´stica tem um significado f´
     c˜               e          ı                          ısico mais ou menos
bem definido. Dois fenˆmenos aleat´rios s˜o independentes se o conhecimento
                        o            o     a
do resultado de um deles n˜o diz nada sobre o resultado do outro. Por exemplo,
                           a
a data de nascimento de Jo˜o e a temperatura em Plut˜o. Do ponto de vista da
                           a                            a
teoria das probabilidades dosi eventos A e B s˜o estatisticamente independentes
                                              a
se P (A|B) = P (A), ou seja, a probabilidade da ocorrˆncia de A n˜o depende
                                                        e            a
de B ter ocorrido. Usando a defini¸ao de probabilidade condicional temos que
                                   c˜

                                        P (AB)
                           P (A|B) =           = P (A),
                                         P (B)

ou seja
                              P (AB) = P (A)P (B).                           (2.5)
. E se tivermos trˆs eventos A, B e C como podemos saber se s˜o ou n˜o inde-
                    e                                              a       a
pendentes? Ser´ que basta termos P (AB) = P (A)P (B), P (AC) = P (A)P (C)
                 a
e P (BC) = P (B)P (C)? Vejamos um exemplo.
    Exemplo. Dois dados s˜o arremessados. Definimos trˆs eventos: A=“O re-
                              a                             e
sultado do primeiro dado ´ ´
                           e ımpar”; B=“O resultado do segundo dado ´ ´   e ımpar”;
C=“A soma dos dois dados ´ ´ e ımpar”. Cada um dos 36 pontos do espa¸o amostral
                                                                        c
                      1
tem probabilidade 36 . Os eventos A e B s˜o independentes, visto que os dados
                                            a
s˜o independnetes, assim vale P (AB) = P (A)P (B). Os eventos A e C ou B e C
 a
tamb´m s˜o independentes, j´ que a ocorrˆncia da “soma ´
      e    a                    a            e               ımpar”(um dado par
e outro ´ımpar) nada diz sobre ter sido o primeiro (A) ou o segundo (B) dado a
dar resultado ´ ımpar. At´ aqui tudo bem. No entanto, note que A, B e C n˜o
                         e                                                      a
podem ocorrer ao mesmo tempo. Assim, sabemos que se A e B ocorreram ent˜o       a
C n˜o ocorreu. Da mesma forma se soubermos A e C ou B e C, sabemos que o
    a
terceiro evento n˜o pode ocorrer. Em outras palavras, o conhecimento de dois
                   a
dos eventos determina o terceiro e P (C|AB) = P (C). Em conclus˜o, para que
                                                                       a
trˆs (ou mais) eventos sejam independentes ´ necess´rio que seus pares e ternas
  e                                            e     a
(ou quaisquer grupos poss´  ıveis) sejam independendentes.
    A defini¸ao mais geral de independˆncia ´, portanto:
             c˜                          e      e
    Independˆncia Estat´
                e             ıstica. Os eventos A1 , A2 ,...An s˜o mutuamente
                                                                   a
independentes se para todas as combina¸oes poss´
                                           c˜      ıveis de ´ ındices 1 ≤ i < j <
k < ... ≤ n vale

                             P (Ai Aj ) = P (Ai )P (Aj )
                       P (Ai Aj Ak ) = P (Ai )P (Aj )P (Ak )
2.4. TEOREMA DE BAYES                                                               21

                                           ...
                       P (A1 A2 ...An ) = P (A1 )P (A2 )...P (An )


2.4     Teorema de Bayes
Teorema de Bayes. Seja {Cj } uma parti¸ao do espa¸o amostral. Uma pro-
                                         c˜          c
priedade de grande importˆncia das probabilidades condicionais ´:
                         a                                     e

                                          P (H|Cj )P (Cj )
                         P (Cj |H) =     k
                                                                    .             (2.6)
                                         j=1     P (H|Cj )P (Cj )

   Demonstra¸ao: A definic¸ao de probabilidade condicional nos permite escr-
            c˜             c˜
ever
                        P (Cj A)   P (ACj )   P (A|Cj )P (Cj )
            P (Cj |A) =          =          =                  .
                         P (A)      P (A)          P (A)
Utilizando a Propriedade 4 completamos a demonstra¸ao. c˜
    Exemplo. Suponha que um fabricante de sorvete recebe 20% de todo o leite
que utiliza de uma fazendo F1 , 30% de uma fazenda F2 e 50% de F3 . Um ´rg˜o
                                                                          o a
de fiscaliza¸ao inspecionou as fazendas de surpresa e observou que 20% do leite
             c˜
produzido em F1 estava adulterado por adi¸ao de ´gua, enqunato que para F2
                                            c˜     a
e F3 , essa propor¸ao era de 5% e 2%, respectivamente. Na ind´ stria de sorvetes
                  c˜                                          u
os gal˜es de leite s˜o armazenados em um refrigerador sem identifica¸ao das
       o             a                                                  c˜
fazendas. Se analisarmos um gal˜o ao acaso e constatarmos que est´ adulterado
                                 a                                 a
(evento A) qual ´ a probabilidade de que o leite seja, por exemplo, proveniente
                  e
da fazenda F1 ? A probabilidade do leite ser proveniente da fazenda F1 dado
que est´ adulterado ´, segundo o teorema de Bayes:
         a            e

                                          P (A|F1 )P (F1 )
         P (F1 |A) =                                                          .
                       P (A|F1 )P (F1 ) + P (A|F2 )P (F2 ) + P (A|F3 )P (F3 )

Temos que P (A|F1 ) = 0, 2, P (A|F2 ) = 0, 05 e P (A|F3 ) = 0, 02. Temos tamb´m
                                                                              e
que P (F1 ) = 0, 2, P (F2 ) = 0, 3 e P (F3 ) = 0, 5. Fazendo as contas chegamos a
P (F1 |A) = 0, 615.


2.5     Probabilidades Subjetivas
2.5.1    Atualizando cren¸as com a f´rmula de Bayes
                         c          o
No come¸o deste cap´
         c            ıtulo falamos sobre dois tipos de uso para o conceito de
probabilidades: como probabilidades f´ ısicas, associadas ` freq¨ˆncia de ocorrˆncia
                                                          a     ue             e
de um certo fenˆmeno aleat´rio (por ex.: “Qual ´ a probabilidade do arremesso
                o            o                     e
de um dado resultar em 6, trˆs vezes seguidas?”); e como cren¸as associadas ao
                               e                                 c
racioc´
      ınio indutivo (por ex.: “Qual ´ a chance do Brasil ganhar o hexacampe-
                                     e
onato mundial de futebol na Alemanha?”). Quando um investigador de policia
diz algo como “a chance de um determinado crime ter sido encomendado ´ de      e
22                                           CAP´
                                                ITULO 2. PROBABILIDADE

80%”ele certamente n˜o se refere a um experimento que quando repetido um
                       a
n´ mero muito grande de vezes retorna o crime em 80 a cada 100 vezes. O que
 u
ele quer dizer ´ que a experiˆncia dele (I) e as evidˆncias do caso permitem que
               e             e                       e
ele atribua ` hip´tese do crime a probabilidade de 80. Dito isso, tentemos agora
            a    o
olhar para o Teorema de Bayes de outra maneira:

          P (Crime|Evidencia, I) ∝ P (Evidencia|Crime, I)P (Crime|I),         (2.7)

aqui omitimos do denominador o termo P (Evidencia) que apareceria na f´rmulao
de Bayes. Mas o que significa esta express˜o? Antes de coletar as evidˆncias
                                             a                               e
o investigator possuia uma cren¸a na possibilidade de crime baseada em sua
                                  c
experiˆncia pr´via, ou a priori, P (Crime|I). Ap´s a coleta de evidˆncias, esta
      e        e                                   o                   e
cren¸a foi atualizada para o posterior P (Crime|Evidencia, I). A express˜o define
    c                                                                     a
como a nova informa¸ao contida nas evidˆncias deve ser utilizada na atualiza¸ao
                     c˜                    e                                     c˜
das cren¸as do investigador, ou seja, basta multiplicar a distribui¸ao a priori pela
         c                                                         c˜
verossimilhan¸a P (Evidencia|Crime, I), que define a chance do crime produzir
              c
as evidˆncias coletadas.
       e
    Mas, como seria poss´ formalizar matematicamente cren¸as humanas?
                         ıvel                                     c

2.5.2     Axiomas de Cox: probabilidades como l´gica indu-
                                               o
          tiva
Na l´gica dedutiva partimos de um conjunto de axiomas A1 , A2 ,...An e, uti-
      o
lizando algumas poucas regras, chegamos a uma conclus˜o T . As regras de
                                                               a
dedu¸ao garantem que se os axiomas s˜o verdadeiros ent˜o a conclus˜o tmb´m
      c˜                                     a               a           a       e
o ser´, em qualquer lugar e a qualquer tempo. Na indu¸ao temos acesso a
       a                                                        c˜
evidˆncias E1 , E2 , ...,En . A partir destas evidˆncias procuramos construir suas
     e                                             e
causas H. Do ponto de vista da l´gica dedutiva, a indu¸ao utiliza um argu-
                                        o                      c˜
mento inv´lido (ou uma fal´cia) conhecido por afirmar o conseq¨ ente. Algo
              a                 a                                      u
como: Todos os humanos s˜o mam´ a         ıferos. Bigode ´ um mam´
                                                         e         ıfero, portanto,
Bigode ´ humano. Bigode poderia set, por exemplo, um gato!
          e
     A l´gica indutiva, no entanto, n˜o visa o estabelecimento absoluto da ver-
         o                               a
dade, mas sim a atualiza¸ao de cren¸as dadas evidˆncias. Por exemplo, saber
                             c˜           c             e
que Bigode ´ um mam´
                e         ıfero apenas aumenta as chances de ele ser um humano.
Precisariamos de outras evidˆncias, por exemplo, saber que Bigode tem quatro
                                 e
patas tornaria altamente improvavel que ele fosse um humano. As id´ias das e
probabilidades como cren¸as come¸aram com Bayes no s´culo 18 (veja a se¸ao
                              c       c                      e                  c˜
sobre hist´ria no cap´
             o         ıtulo introdut´rio) se desenvolveram com Laplace no s´culo
                                      o                                       e
19 e foram depois esquecidas com as ondas de desenvolvimento da Estat´        ıstica
capitaneadas por Galton, Pearson e Fisher, na passagem do s´culo 19 ao 20.
                                                                   e
Estas id´ias foram retomadas por Jeffreys (colega de Fisher em Cambridge) e
           e
formalizadas na d´cada de 1940 por Richard T. Cox em seu livro A Algebra
                    e                                                       ´
da Inferˆncia Prov´vel. Mais recentemente tem havido um renascimento destas
           e        a
id´ias com aplica¸oes importantes em ´reas como Reconhecimento de Padr˜es,
   e              c˜                        a                                   o
Minera¸ao de Dados e Inteligˆncia Artificial.
         c˜                       e
     Em seu livro Cox demonstra que s˜o necess´rios dois axiomas sobr e cren¸as
                                           a        a                            c
2.5. PROBABILIDADES SUBJETIVAS                                                23

e as regras da ´lgebra Booleana para reobtermos todas as propriedades das
                a
probabilidades f´
                ısicas de Kolmogorov. Os Axiomas de Cox s˜o:
                                                         a
   Axioma 1. A probabilidade de uma inferˆncia dada determinada evidˆncia
                                             e                          e
determina a probabilidade da seu oposto dada a mesma evidˆncia. Assim, a
                                                            e
probabilidade de chover dado que o c´u est´ nublado determina a probabilidade
                                    e     a
de n˜o chover dado que o c´u est´ nublado.
    a                     e     a
    Axioma 2. A probabilidade de que duas inferˆncias (I1 e I2) sejam si-
                                                      e
multaneamente verdadeiras dada certa evidˆncia (E) ´ determinada pela proba-
                                             e          e
bilidade de que I1 seja verdadeira dada E e, separadamente, pela probabilidade
de I2 ser verdadeira dada E e I1. Por exemplo, a probabilidade do Brasil ser
hexacampe˜o na Alemanha e Adriano ser o artilheiro, dada a experiˆncia que
            a                                                         e
temos em assistir jogos da sele¸ao, ´ determinada pela probabilidade do Brasil
                                c˜ e
ser hexa, dados os jogos que assistimos, e pela probabilidade de Adriano ser o
                                                                     a ´
artilheiro, dados os jogos que assistimos e se o Brasil for hexacampe˜o. E claro
que o evento composto s´ pode ocorrer se, pelo menos, o Brasil for primeiro
                           o
hexacampe˜o.a
    Exemplo. Paradoxo de Monty Hall Imagine o seguinte jogo envolvendo
vocˆ e um apresentador, que chamaremos de Silvio. Um prˆmio ´ colocado
    e                                                         e    e
atr´s de uma de trˆs portas (A, B e C) que permanecem fechadas. Vocˆ deve
   a               e                                                    e
escolher uma das portas (por exemplo, A). Silvio ent˜o abrir´ uma das portas
                                                    a        a
que n˜o ´ a sua e tamb´m n˜o contem o prˆmio (por exemplo, B) e perguntar´
      a e              e    a             e                                 a
se voce quer trocar de porta. Pergunta-se, vocˆ deve abrir a sua porta (A) ou
                                              e
deve trocar pela porta restante (C)?
    Utilizemos um racioc´ ınio bayesiano para resolvermos o problema. Qual ´ ae
probabilidade a priori do prˆmio estar atr´s de qualquer uma das trˆs portas
                              e             a                           e
(X = A, B, ou C)? P (X, I) = 1/3, onde I representa nosso conhecimento
das regras do jogo. Qual seria ent˜o a probabilidade de Silvio abrir a porta
                                     a
B (evento que chamaremos de SB) dado que o prˆmio est´ justamente atr´s
                                                     e        a                a
da porta que escolhi (A)? P (SB|A, I) = 1/2. E qual seria a probabilidade de
Silvio abrir a porta B se o prˆmio estivesse atr´s dela pr´pria? P (SB|B, I) = 0
                               e                a         o
pelas regras do jogo. Finalmente, qual seria a probabilidade de Silvio escolher a
porta B dado que o prˆmio est´ em C? Seria P (SB|C, I) = 1, novamente pelas
                       e         a
regras do jogo. Temos agora que escolher entre nossa primeira escolha A e a
outra porta restante C. Para isso temos que calcular P (A|SB, I) e P (C|SB, I),
ou seja, a chance do prˆmio estar respectivamente em A e em C dado que Silvio
                       e
apontou a porta B e as regras do jogo. Utilizemos ent˜o o teorema de Bayes:
                                                        a


                                       P (SB|A, I)P (A|I)
P (A|SB, I) =
                  P (SB|A, I)P (A|I) + P (SB|B, I)P (B|I) + P (SB|C, I)P (C|I)
                            1/2 × 1/3
              =
                  1/2 × 1/3 + 0 × 1/3 + 1 × 1/3
              =   1/3.                                                    (2.8)
24                                           CAP´
                                                ITULO 2. PROBABILIDADE

     Da mesma forma temos que

                                         P (SB|C, I)P (C|I)
P (C|SB, I) =
                    P (SB|A, I)P (A|I) + P (SB|B, I)P (B|I) + P (SB|C, I)P (C|I)
                               1 × 1/3
                =
                    1/2 × 1/3 + 0 × 1/3 + 1 × 1/3
                =   2/3.                                                    (2.9)

Ou seja, a chance de ganhar trocando de porta ´ o duas vezes maior do que
                                                 e
permanecendo! Vocˆ deveria trocar de porta. A resposta parece contraintuitiva,
                    e
para vermos que n˜o ´ basta considerarmos uma vers˜o modificada do jogo.
                    a e                                 a
Agora temos, por exemplo, 1000 portas. Vocˆ escolhe uma e n˜o abre. Silvio
                                             e                  a
ent˜o abre todas as portas restantes menos uma (ou seja, abre 998 portas). Vocˆ
   a                                                                          e
trocaria agora?


2.6       Exerc´
               ıcios
     1. Uma moeda ´ viciada de modo que a probabilidade de sair cara ´ 4 vezes
                     e                                                  e
        maior que a de sair coroa, Para 2 lan¸amentos independentes dessa moeda,
                                             c
        determinar: (a) o espa¸o amostral; (b) a probabilidade de sair somente
                                c
        uma cara; (c) a probabilidade de sair pelo menos uma coroa; (d) a prob-
        abilidade de dois resultados iguais.

     2. Considere um conjunto de 4 n´ meros dos quais nenhum deles ´ zero, dois
                                       u                                 e
        s˜o positivos e dois s˜o negativos. Sorteamos ao acaso, com reposi¸ao, 2
         a                    a                                               c˜
        n´ meros desse conjunto. Determine a probabilidade de: (a) um deles ser
          u
        negativo; (b) o quociente ser negativo; (c) os dois n´ meros terem o mesmo
                                                             u
        sinal.

     3. Uma caixa contem trˆs moedas com Caras nas duas faces, quatro moedas
                            e
        com Coroas nas duas faces e duas moedas honestas. Se uma destas nove
        moedas for selecionada ao acaso e arremessada uma vez, qual ´ a proba-
                                                                    e
        bilidade de que uma Cara seja obtida.

     4. O Palmeiras ganha com probabilidade 0,7 se chove e com 0,8 se n˜o chove.
                                                                       a
        Em Setembro a probabilidade de chuva ´ de 0,3. O Palmeiras ganhou a
                                               e
        partida em Setembro, qual a probabilidade de ter chovido nesse dia?

     5. Uma escola de ensino m´dio do interior de S˜o Paulo tem 40% de estu-
                                 e                   a
        dantes do sexo masculino. Entre estes, 20% nunca viram o mar, ao passo
        que, entre as meninas, essa porcentagem ´ de 50%. Qual a probabilidade
                                                 e
        de que um aluno selecionado ao acaso seja: (a) do sexo masculino e nunca
        tenha visto o mar; (b) do sexo feminino ou nunca tenha visto o mar.

     6. Mostre que se A e B s˜o independentes, ent˜o Ac e B c tamb´m s˜o inde-
                             a                    a               e   a
        pendentes.
ˆ
2.7. REFERENCIAS                                                              25

  7. Um m´dico desconfia que um paciente tem tumor no abdˆmen, pois isto
             e                                                  o
     ocorreu em 70% dos casos similares que tratou. Se o paciente de fato tiver o
     tumor, o exame ultra-som o detectar´ com probabilidade 0,9. Entretanto,
                                          a
     se ele n˜o tiver o tumor, o exame pode, erroneamente, indicar que tem com
              a
     probabilidade 0,1. Se o exame detectou um tumor, qual ´ a probabilidade
                                                              e
     do paciente tˆ-lo de fato?
                    e


2.7     Referˆncias
             e
Se quiser ler bons livros de divulga¸ao cient´
                                    c˜       ıfica relacionados ao problema do
acaso:
   • Ruelle, D., Acaso e Caos, Editora Unesp, 1993.
   • Bennett, D.J., Aleatoriedade, Martins Fontes, 2003.
    Se quiser fazer mais exerc´
                              ıcios procure por (alguns dos exerc´
                                                                 ıcios do texto
foram extra´ıdos de l´):
                     a
   • Magalh˜es M.N., de Lima A.C.P., No¸oes de Probabilidade e Estat´
           a                           c˜                           ıstica,
     Edusp,2004.
   Exemplos sobre espa¸os amostrais, sobre probabilidades condicionais e inde-
                       c
pendˆncia foram extra´
    e                ıdos de:
   • Feller, W. An introduction to Probability Theory and Its Applications,
     Volume I, John Wiley & Sons, 1950.
   • DeGroot, M., Probability and Statistics, Addison-Wesley, 1975.
   Para se aprofundar na teoria cl´ssica de probabilidades:
                                  a
   • Kolmogorov,A.N., Foundations of the Theory of Probability.
   Sobre a no¸ao matem´tica de independˆncia:
             c˜       a                e
   • Kac, M., Statistical Independence in Probability, Analysis and Number
     Theory.
   Sobre probabilidades subjetivas:
   • Cox, R.T., The Algebra of Probable Inference, The Johns Hopkins Press,
     1961.
   • Jeffreys, H., Theory of probability, Oxford Press, 1967.
   Para ler sobre aplica¸oes da Inferˆncia Bayesiana:
                        c˜           e
   • Russel, S., Norvig P., Inteligˆncia Artificial, Ed. Campus, 2003.
                                   e
   Sobre o Dilema de Monty Hall h´ o seguinte artigo na Wikipedia:
                                 a
   • http://en.wikipedia.org/wiki/Monty Hall problem
26   CAP´
        ITULO 2. PROBABILIDADE

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Estatística: Probabilidade

  • 1. Cap´ ıtulo 2 Probabilidade 2.1 Probabilidades F´ ısicas A id´ia de probabilidades est´ associada tanto com racioc´ e a ınio indutivo e jul- gamentos tais como “Provavelmente Jo˜o ´ feliz”ou “Vocˆ provavelmente ser´ a e e a aprovado em Estat´ ıstica”, quanto a experimentos f´ ısicos repetitivos tais como o arremesso de uma moeda ou de um dado. Nesta se¸ao apresentamos a segunda c˜ alternativa: as probabilidades f´sicas. ı 2.1.1 Espa¸o amostral c Denominamos fenˆmeno aleat´rio ` situa¸ao ou acontecimento que n˜o pode o o a c˜ a ser previsto com certeza. Por exemplo, quando arremessamos uma moeda - honesta ela pode cair com a face Cara (H) ou Coroa (T) voltada para cima (´ claro que simplificamos, ignorando o caso raro em que ela fica de p´ !). e e Assim o arremesso de uma moeda ´ um evento aleat´rio. Da mesma maneira e o nosso tempo de vida, o decaimento radioativo ou o resultado da loteria tamb´m e s˜o fenˆmenos aleat´rios. Os resultados de um experimento envolvendo um a o o fenˆmeno aleat´rio s˜o chamados eventos. Fazemos ainda a distin¸ao entre o o a c˜ eventos compostos e eventos simples. Por exemplo, se dissermos que o arremesso de dois dados resultou em “soma=6”isso ser´ equivalente a dizermos que o a resultado do experimento foi “(1, 5) ou (2, 4) ou (3, 3) ou (4, 2) ou (5, 1)”. Ou seja podemos decompor o evento composto {soma = 6} em um conjunto com cinco eventos simples {(1, 5)ou(2, 4)ou(3, 3)ou(4, 2)ou(5, 1)}. Os eventos simples s˜o os resultados poss´ a ıveis de um experimento idealizado. Cada resultado destes eventos simples ´ representado por um ponto em um espa¸o denominado espa¸o e c c amostral Ω (ˆmega). o 2.1.2 Exemplos 1. Distribui¸˜o de trˆs bolinhas distingu´ ca e ıveis (a,b e c) em trˆs caixas e distingu´ ıveis. Todos os arranjos poss´ ıveis s˜o representados na tabela abaixo: a 13
  • 2. 14 CAP´ ITULO 2. PROBABILIDADE 1. {abc| − |−} 10. {a|bc|−} 19. {−|a|bc} 2. {−|abc|−} 11. {b|ac|−} 20. {−|b|ac} 3. {−| − |abc} 12. {c|ab|−} 21. {−|c|ab} 4. {ab|c|−} 13. {a| − |bc} 22. {a|b|c} 5. {ac|b|−} 14. {b| − |ac} 23. {a|c|b} 6. {bc|a|−} 15. {c| − |ab} 24. {b|a|c} 7. {ab| − |c} 16. {−|ab|c} 25. {b|c|a} 8. {ac| − |b} 17. {−|ac|b} 26. {c|a|b} 9. {bc| − |a} 18. {−|bc|a} 27. {c|b|a} Cada um dos 27 arranjos na tabela corresponde a um evento simples, ou seja, a um ponto no espa¸o amostral. O eventoA =“uma caixa ´ ocupada por c e mais de uma bolinha”´ realizado pela uni˜o dos pontos de 1 a 21, ou seja, o e a evento A ´ o agregado dos pontos amostrais de 1 a 21. De forma semelhante o e evento composto B =“a primeira caixa n˜o est´ vazia”´ formado pelos pontos a a e amostrais 1, 4 a 15 e 22 a 27. Podemos ainda combinar eventos definindo um evento C =“tanto A quanto B ocorrem”. Pense um pouco no que seria este evento 1 . E o evento D =“ou A ou B ocorrem”? 2 . E o evento E =“A n˜o ocorre”? 3 . O que dizer ent˜o do evento F =“primeira caixa vazia e a a nenhuma caixa com mais de uma bolinha”? 4 Apesar deste exemplo referir-se especificamente a 3 bolas em 3 caixas, poder´ ıamos igualmente falar de r bolsa em n caixas. O mesmo modelo b´sico pode ser empregado em outras stua¸oes. a c˜ Por exemplo: Anivers´rios. Os poss´ a ıveis anivers´rios de r pessoas s˜o exatamente an´logos a a a a r bolas em n = 365 caixas. Acidentes. A classifica¸ao de r acidentes de acordo com o dia da semana em c˜ que eles ocorrer˜o ´ equivalente ` distribui¸ao de r bolas em n = 7 caixas. a e a c˜ Amostragem. A classifica¸ao de r pessoas de acordo com sua idade ou c˜ profiss˜o ´ equivalente a aloca¸ao de r bolas em um n´ mero n de caixas (uma a e c˜ u para cada classe). Irradia¸ao em biologia. Para estudarmos o efeito da radia¸ao sobre os cro- c˜ c˜ mossomos imaginamos que cada cromossomo corresponda a uma caixa e cada part´ıcula α (alfa) irradiada corresponda a uma bola. Dados. As possibilidades de resultado no arremesso de r dados corresponde a r bolas em n = 6 caixas. Erros de impress˜o. As poss´ a ıveis distribui¸oes de r erros de impress˜o em n c˜ a p´ginas podem ser interpretadas como r bolas em n caixas. a 2. Distribui¸˜o de trˆs bolinhas indistingu´ ca e ıveis em trˆs caixas dis- e tingu´ ıveis. Neste caso temos os seguintes arranjos poss´ ıveis: 1C = {1, 4, 5, ..., 15} 2D ocorre com certeza j´ que cont´m todos os pontos do espa¸o amostral Omega a e c 3 E = {22, 23, 24, 25, 26, 27} 4 F ´ imposs´ e ıvel, assim, F = ∅.
  • 3. 2.1. PROBABILIDADES F´ ISICAS 15 1. {∗ ∗ ∗| − |−} 6. {∗| ∗ ∗|−} 2. {−| ∗ ∗ ∗ |−} 7. {∗| ∗ ∗|−} 3. {−| − | ∗ ∗∗} 8. {−| ∗ ∗|∗} 4. {∗ ∗ | ∗ |−} 9. {−| ∗ | ∗ ∗} 5. {∗ ∗ | − |∗} 10. {∗| ∗ |∗} O espa¸o amostral Ω tem estrutura diferente, se utilizamos o modelo com bolin- c has distingu´ıveis ou indistingu´ıveis ir´ depender do particular problema que a estivermos analisando. 3. Amostragem. Suponha que quiramos estimar quantas pessoas fumam utilizando uma amostra com 100 pessoas. A unica propriedade da amostra que ´ ´ e do nosso interesse ´ o n´ mero x de fumantes. O espa¸o amostral Ω ´ constituido e u c e por 101 pontos x = 0, 1, ..., 100. Cada observa¸ao ´ descrita completamente c˜ e especificando x. Um evento composto seria, neste caso, algo como “a maioria das pessoas fuma”consistindo do conjunto x = 51, 52, ...100. 4. Arremessos de moedas. Para um experimento de arremesso de moedas trˆs vezes o espa¸o amostral Ω consiste de oito pontos e c {HHH, HHT, HT H, T HH, HT T, T HT, T T H, T T T } , com H representando Cara e T representando Coroa. 2.1.3 Eventos e a teoria de conjuntos A partir dos exemplos da se¸ao anterior ´ poss´ noter que existe uma rela¸ao c˜ e ıvel c˜ ´ ıntima entre eventos compostos e a teoria de conjuntos. Assim, a uni˜o entre a dois eventos, A∪B, representa a ocorrˆncia de, pelo menos, um dos eventos A ou e B. A intersec¸ao entre dois eventos A∩B, representa a ocorrˆncia simultˆnea de c˜ e a A e B. Dois eventos A e B s˜o mutuamente exclusivos (ou disjuntos) quando n˜o a a tˆm elementos em comum,isto ´ , quando A ∩ B = ∅. A e B s˜o complementares e e a se a uni˜o ´ o espa¸o amostral e sua intersec¸ao ´ vazia. O complementar de A a e c c˜ e ´ representado por Ac e temos A ∪ Ac = Ω e A ∩ Ac = ∅. e Podemos construir uma classe de conjuntos que contenha todos os eventos compostos, essa estrutura recebe o nome de σ-´lgebra de eventos F e ´ definida a e pelas seguintes propriedades: 1. Ω ∈ F. O espa¸o amostral inteiro ´ um evento composto. c e 2. Se A ∈ F ent˜o Ac ∈ F. Se A ´ um evento, seu complementar A, ou seja, a e n˜o ocorrer A, tamb´m ´ um evento. a e e 3. Se Ai ∈ F ent˜o ∞ Ai ∈ F. Se Ai s˜o eventos ent˜o A1 ou A2 ou ...An a i=1 a a tamb´m ´ um evento para qualquer n. e e 2.1.4 Axiomas de Kolmogorov Conforme desenvolvida por Komogorov (1903-1987), a teoria de probabilidades cl´ssica n˜o se preocupa em determinar como seu valor num´rico deve ser deter- a a e
  • 4. 16 CAP´ ITULO 2. PROBABILIDADE minado mas sim com suas propriedades gerais. De forma semelhante ` geome- a tria, estabelecem-se propriedades b´sicas que a medida de probabilidade P (.) a deve obedecer. Estas (trˆs) propriedades s˜o conhecidas como os Axiomas de e a Kolmogorov: 1. P (A) ≥ 0. A probabilidade ´ um n´ mero n˜o-negativo. e u a 2. P (Ω) = 1. O espa¸o amostral cont´m todas os poss´ c e ıveis resultados do experimento, assim ´ um evento certo. e 3. P ( ∞ Ai ) = i=1 P (Ai ) se Ai , Aj ∈ F e Ai ∩ Aj = ∅, i = j. Se dois i=1 ∞ eventos A1 e A2 s˜o mutuamente exclusivos ent˜o a probabilidade de A1 a a ou A2 ´ igual a probabilidade de A1 somada ` probabilidade de A2 . O e a mesmo vale para qualquer n´ mero de eventos mutuamente exclusivos. u Um par de propriedades das medidas de probabilidade s˜o corol´rios imedi- a a atos dos Axiomas de Kolmogorov: Propriedade 1. Como A ∪ Ac = Ω, o axioma 2, implica em P (A ∪ Ac ) = 1. J´ o axioma 3 implica em P (A) + P (Ac ) = 1, ou seja, a P (Ac ) = 1 − P (A). (2.1) Propriedade 2. Da teoria de conjuntos temos que A ∪ B = (A ∩ B c ) ∪ (A ∩ B) ∪ (Ac ∩ B). Onde A ∩ B c , A ∩ B e Ac ∩ B s˜o mutuamente exclusivos (por a que ?) 5 , pelo axioma 3 temos que P (A ∪ B) = P (A ∩ B c ) + P (A ∩ B) + P (Ac ∩ B). Mas A = (A ∩ B c ) ∪ (A ∩ B) e B = (Ac ∩ B) ∪ (A ∩ B) (por que?). 6 Assim P (A) = P (A ∩ B c ) + P (A ∩ B) e P (B) = P (Ac ∩ B) + P (A ∩ B) , onde utilizamos novamente o axioma 3. Substituindo estas express˜es na o equa¸ao acima: c˜ P (A ∪ B) = P (A) + P (B) − P (A ∩ B). (2.2) Exemplo. Uma moeda ´ arremessada duas vezes. O espa¸o amostral ´, e c e portanto, Ω = {HH, HT, T H, T T }. Se assumirmos que a moeda ´ honesta e 5 O primeiro conjunto contem pontos do espa¸o amostral que pertencem a A e n˜o per- c a tencem a B, o segundo conjunto contem pontos que pertencem a A e a B e o terceiro conjunto contem pontos que n˜o pertencem a A e pertencem a B. Um ponto n˜o pode pertencer e n˜o a a a pertencer a B simultaneamente, assim os dois primeiros s˜o disjuntos. Um ponto n˜o pode a a perntencer e n˜o pertencer a A simultanamente, assim o terceiro conjunto ´ disjunto aos dois a e primeiros. Assim, os trˆs conjuntos s˜o disjuntos entre si. e a 6 (A ∩ B c ) ∪ (A ∩ B) ´ o conjunto dos pontos que pertencem a A e n˜o pertencem a B ou e a os pontos que pertencem a A e pertencem a B. Ou seja, tanto faz se pertencem ou n˜o a B, a desde que perten¸am a A. De forma equivalente no caso de B. c
  • 5. 2.1. PROBABILIDADES F´ ISICAS 17 1 atribuiremos probabilidade 4 para cada ponto do espa¸o amostral. Supon- c hamos agora que A1 e A2 sejam, respectivamente, os eventos “Cara no primeiro arremesso”e “Cara no segundo arremesso”. Qual seria a probabilidade do evento “Cara no primeiro ou no segundo arremessos”? Este evento equivale a A1 ∪ A2 . Pela propriedade 2 teremos que P (A1 ∪ A2 ) = P (A1 ) + P (A2 ) − P (A1 ∩ A2 ). Os eventos s˜o A1 = {HH, HT } e A2 = {HH, T H}, a intersec¸ao ´ A1 ∩ A2 = a c˜ e {HH}. Temos ent˜o que P (A1 ∪ A2 ) = 1 + 1 − 4 = 4 . 7 a 2 2 1 3 Dada a medida de probabilidade P (.) para cada ponto do espa¸o amostral c Ω e considerando que os eventos compostos formam uma σ-´lgebra ´ poss´ a e ıvel calcular a probabilidade de qualquer evento composto utilizando apenas a teoria de conjuntos. Formalmente, um modelo probabil´ ıstico para um experimento ´ e composto da terna Ω, F, P . 2.1.5 Atribuindo probabilidades A teoria cl´ssica de probabilidades n˜o se preocupa em como valores num´ricos a a e devem ser atribu´ ıdos a pontos do espa¸o amostral. A determina¸ao da medida c c˜ de probabilidades depende de considera¸oes f´c˜ ısicas sobre o fenˆmeno aleat´rio o o ou da suposi¸ao de que ´ poss´ c˜ e ıvel repetir o experimento infinitas vezes nas mesmas condi¸oes. Na pr´tica, mesmo se fosse poss´ repetir o experimento c˜ a ıvel infinitas vezes isso isso iria requerer quantidade infinita de tempo, assim sendo, a determina¸ao de probabilidades via infinitas repeti¸oe deve ser entendida como c˜ c˜ uma idealiza¸ao. Formalmente mede-se a probabilidade f´ c˜ ısica do evento A como um limite da raz˜o do n´ mero de ocorrˆncias de A (nA ) em um n´ mero tendendo a u e u a infinito de repeti¸oes (n), em s´ c˜ ımbolos: nA P (A) = lim . (2.3) n→∞ n Exemplos. Bolas distingu´veis. No exemplo 1 da se¸ao anterior poder´ ı c˜ ıamos, por exemplo, assumir que todos os arranjos s˜o igualmente prov´veis, ou seja, a a a 1 1 probabilidade de qualquer evento simples ´ de 27 8 . Assumindo que P (Ei ) = 27 e para todo ponto Ei do espa¸o amostral, podemos calcular a probabilidade de c qualquer outro evento composto. Por exemplo, o evento A =“uma caixa ´ e ocupada por mais de uma bolinha”´ composto A = 21 Ei . Como os pon- e i=1 tos do espa¸o amostral s˜o, por defini¸ao, mutuamente exclusivos, temos que, c a c˜ 7 Note que neste caso simples poder´ ıamos simplesmente enumerar diretamente A1 ∪ A2 = {HH, HT, T H}. A id´ia por tr´s da dedu¸ao de propriedades ´ justamente sabermos fazer e a c˜ e o mesmo c´lculo de v´rias maneiras poss´ a a ıveis, nunca se sabe que tipo de manipula¸ao temos c˜ que fazer para resolver cada novo problema. Neste sentido, teoremas funcionam como uma caixa de ferramentas para provarmos novos teoremas cada vez mais complexos. 8 Gottfried Leibniz (1646-1716) introduziu o seguinte Princ´ ıpio da Raz˜o Suficiente: Nada a ´ sem raz˜o suficente para ser como ´. Para tudo h´ uma raz˜o. Laplace adaptou o o princ´ e a e a a ıpio para afirmando que devemos atribuir probabilidades idˆnticas para todos as possibilidades de e um fenˆmento aleat´rio se n˜o tivermos raz˜o alguma para que elas sejam de outra forma. o o a a No entanto, tal princ´ıpio n˜o integra a teoria cl´ssica de probabilidades. a a
  • 6. 18 CAP´ ITULO 2. PROBABILIDADE utilizando o axioma 3: 21 21 7 P Ei = P (Ei ) = . i=1 i=1 9 Bolas indistigu´veis: Estat´stica de Bose-Einstein. Retomemos agora o ex- ı ı emplo 2. Podemos argumentar que o experimento propriamente dito n˜o ´ a e afetado por nossa impossibilidade de distinguir as bolas. Assim, n´s con- o fundir´ıamos entre os pontos 7, 8 e 9 do espa¸o amostral de bolas indistingu´ c ıveis, atribuindo a todos trˆs o mesmo ponto 5 do espa¸o amostral de bolas indis- e c tingu´ıveis. Seguindo este racioc´ınio, somos levados a atribuir os seguintes prob- abilidades para cada um dos 10 pontos do espa¸o amostral (confira !): c 1 P (1) = 27 P (6) = 1 9 1 P (2) = 27 P (7) = 1 9 1 P (3) = 27 P (8) = 1 9 1 P (4) = 9 P (9) = 1 9 1 2 P (5) = 9 P (10) = 9 Antes de deixarmos esta sec¸ao ´ interessante enfatizar que a rela¸ao entre c˜ e c˜ teoria e experimento em se tratando de probabilidades ´ intrincada. Por ex- e emplo, na pr´tica nenhuma moeda ´ totalmente honesta, ou seja, a atribui¸ao a e c˜ de probabilidades idˆnticas para Cara e Coroa, P (H) = P (T ) = 1 ´ apenas e 2 e uma aproxima¸ao da realidade. Para determinarmos a “verdadeira”distribui¸ao c˜ c˜ de probabilidade de uma moeda precisar´ ıamos repetir seu arremesso infinitas vezes. A tabela a seguir mostra o n´ mero de Caras obtidas em seq¨ˆncias de u ue 1000 arremessos. 0 − 1000 501 −2000 485 −3000 509 −4000 536 −5000 485 −6000 488 −7000 500 −8000 497 −9000 494 −10000 484 As flutua¸oes observadas na tabela acima d˜o uma id´ia do tipo de dificul- c˜ a e dades que se apresentam ao tentarmos medir probabilidades atrav´s da repeti¸ao e c˜ de um experimento muitas vezes. Fica claro que t´cnicas mais avan¸adas s˜o e c a necess´rias, a ´rea da Estat´ a a ıstica encarregada da obten¸ao de probabilidades a c˜ partir de dados ´ a Inferˆncia Estat´ e e ıstica que estudaremos com detalhes mais a frente.
  • 7. 2.2. PROBABILIDADE CONDICIONAL 19 2.2 Probabilidade Condicional Suponha uma popula¸ao de N pessoas onde NA s˜o universit´rios e NF s˜o do c˜ a a a sexo feminino. O evento de que uma pessoa escolhida ao acaso seja universit´ria a ´ A, o evento de que uma pessoal escolhida ao acaso seja do sexo feminino ´ e e F . A probabilidade de A ´ P (A) = NA . A probabilidade de F ´ P (F ) = e N e NF N . Suponha agora que s´ olhemos para a popula¸ao feminina. O n´ mero de o c˜ u mulheres universit´rias ´ NAF . A probabilidade de uma mulher ser universit´ria a e a ser´ P (A|F ) = NAF , onde o s´ a NF ımbolo P (A|F ) ´ lido como a “probabilidade de e A dado F ”. De forma equivalente, escrevemos: NAF NAF /N P (A ∩ F ) P (A|F ) = = = . NF NF /N P (F ) Assim definimos a probabilidade condicional como: P (A ∩ F ) P (A|F ) = . (2.4) P (F ) Por economia de s´ ımbolos trocamos, de agora em diante, P (A ∩ F ) por P (AF ). Exemplo. Amostragem sem reposi¸ao. A partir de uma popula¸ao com n c˜ c˜ elementos 1, 2, ..., n tomamos uma amostra ordenada. Suponha que i e j s˜o dois a elementos diferentes. Assumindo que i ´ o primeiro elemento amostrado, qual ´ e e a probabilidade de que o segundo elemento seja j. Temos que a probabilidade de sortearmos primeiro i e j ´ P (ij) = 1/n(n − 1). A probabilidade de sortearmos e i como primeiro elemento ´ P (i) = 1/n. A probabilidade de sortearmos j logo e ap´s o sorteio de i ´ ent˜o P (j|i) = P (ij)/P (i) = 1/(n − 1). Isso simplesmente o e a expressa o fato de que tinhamos primeiro n possibilidades para o sorteio, ap´s o o sorteio de i passamos a ter n − 1 possibilidades. Exemplo. Distribui¸ao de sexos. Cosidere familias com exatamente dois c˜ filhos. Chamemos de b se menino e g se menina. Temos quatro possibilidades {bb, bg, gb, gg}, onde a primeira letra indica o filho mais velho (desconsideremos os gˆmeos para efeito de exemplo). Associemos a probabilidade de 1 a cad e 4 ponto do espa¸o amostral. Dado que a familia j´ tem um menino, qual ´ a c a e probabilidade de que as duas crian¸as sejam meninos ? Temos que P (b|b) = c P (bb)/P (b) = P (bb)/(P (bb) + P (bg) + P (gb)) = 1/3. No exemplo acima utilizamos a seguinte propriedade de distribui¸oes de c˜ probabilidade. Propriedade 3. Eventos C1 , C2 , ..., Ck formam uma parti¸ao do espa¸o c˜ c k k amostral se Ci ∩Cj = ∅ para i = j e i=1 Ci = Ω. Assim P (A) = i=1 P (ACi ). Tente demosntrar.9 Da Propriedade 3 e da defini¸ao de probabilidades condicionais segue: c˜ 9 Se “S {Ci } representa uma parti¸ao de Ω, ent˜o A ∩ Ci s˜o eventos disjuntos e A = A ∩ Ω = ” S c˜ a a k A∩ i=1 Ci = k (A ∩ Ci ). Do axioma 3 segue a propriedade que queriamos demonstrar. i=1
  • 8. 20 CAP´ ITULO 2. PROBABILIDADE Propriedade 4. k k P (A) = P (ACi ) = P (A|Ci )P (Ci ). i=1 i=1 2.3 Independˆncia Estat´ e ıstica A no¸ao de independˆncia estat´stica tem um significado f´ c˜ e ı ısico mais ou menos bem definido. Dois fenˆmenos aleat´rios s˜o independentes se o conhecimento o o a do resultado de um deles n˜o diz nada sobre o resultado do outro. Por exemplo, a a data de nascimento de Jo˜o e a temperatura em Plut˜o. Do ponto de vista da a a teoria das probabilidades dosi eventos A e B s˜o estatisticamente independentes a se P (A|B) = P (A), ou seja, a probabilidade da ocorrˆncia de A n˜o depende e a de B ter ocorrido. Usando a defini¸ao de probabilidade condicional temos que c˜ P (AB) P (A|B) = = P (A), P (B) ou seja P (AB) = P (A)P (B). (2.5) . E se tivermos trˆs eventos A, B e C como podemos saber se s˜o ou n˜o inde- e a a pendentes? Ser´ que basta termos P (AB) = P (A)P (B), P (AC) = P (A)P (C) a e P (BC) = P (B)P (C)? Vejamos um exemplo. Exemplo. Dois dados s˜o arremessados. Definimos trˆs eventos: A=“O re- a e sultado do primeiro dado ´ ´ e ımpar”; B=“O resultado do segundo dado ´ ´ e ımpar”; C=“A soma dos dois dados ´ ´ e ımpar”. Cada um dos 36 pontos do espa¸o amostral c 1 tem probabilidade 36 . Os eventos A e B s˜o independentes, visto que os dados a s˜o independnetes, assim vale P (AB) = P (A)P (B). Os eventos A e C ou B e C a tamb´m s˜o independentes, j´ que a ocorrˆncia da “soma ´ e a a e ımpar”(um dado par e outro ´ımpar) nada diz sobre ter sido o primeiro (A) ou o segundo (B) dado a dar resultado ´ ımpar. At´ aqui tudo bem. No entanto, note que A, B e C n˜o e a podem ocorrer ao mesmo tempo. Assim, sabemos que se A e B ocorreram ent˜o a C n˜o ocorreu. Da mesma forma se soubermos A e C ou B e C, sabemos que o a terceiro evento n˜o pode ocorrer. Em outras palavras, o conhecimento de dois a dos eventos determina o terceiro e P (C|AB) = P (C). Em conclus˜o, para que a trˆs (ou mais) eventos sejam independentes ´ necess´rio que seus pares e ternas e e a (ou quaisquer grupos poss´ ıveis) sejam independendentes. A defini¸ao mais geral de independˆncia ´, portanto: c˜ e e Independˆncia Estat´ e ıstica. Os eventos A1 , A2 ,...An s˜o mutuamente a independentes se para todas as combina¸oes poss´ c˜ ıveis de ´ ındices 1 ≤ i < j < k < ... ≤ n vale P (Ai Aj ) = P (Ai )P (Aj ) P (Ai Aj Ak ) = P (Ai )P (Aj )P (Ak )
  • 9. 2.4. TEOREMA DE BAYES 21 ... P (A1 A2 ...An ) = P (A1 )P (A2 )...P (An ) 2.4 Teorema de Bayes Teorema de Bayes. Seja {Cj } uma parti¸ao do espa¸o amostral. Uma pro- c˜ c priedade de grande importˆncia das probabilidades condicionais ´: a e P (H|Cj )P (Cj ) P (Cj |H) = k . (2.6) j=1 P (H|Cj )P (Cj ) Demonstra¸ao: A definic¸ao de probabilidade condicional nos permite escr- c˜ c˜ ever P (Cj A) P (ACj ) P (A|Cj )P (Cj ) P (Cj |A) = = = . P (A) P (A) P (A) Utilizando a Propriedade 4 completamos a demonstra¸ao. c˜ Exemplo. Suponha que um fabricante de sorvete recebe 20% de todo o leite que utiliza de uma fazendo F1 , 30% de uma fazenda F2 e 50% de F3 . Um ´rg˜o o a de fiscaliza¸ao inspecionou as fazendas de surpresa e observou que 20% do leite c˜ produzido em F1 estava adulterado por adi¸ao de ´gua, enqunato que para F2 c˜ a e F3 , essa propor¸ao era de 5% e 2%, respectivamente. Na ind´ stria de sorvetes c˜ u os gal˜es de leite s˜o armazenados em um refrigerador sem identifica¸ao das o a c˜ fazendas. Se analisarmos um gal˜o ao acaso e constatarmos que est´ adulterado a a (evento A) qual ´ a probabilidade de que o leite seja, por exemplo, proveniente e da fazenda F1 ? A probabilidade do leite ser proveniente da fazenda F1 dado que est´ adulterado ´, segundo o teorema de Bayes: a e P (A|F1 )P (F1 ) P (F1 |A) = . P (A|F1 )P (F1 ) + P (A|F2 )P (F2 ) + P (A|F3 )P (F3 ) Temos que P (A|F1 ) = 0, 2, P (A|F2 ) = 0, 05 e P (A|F3 ) = 0, 02. Temos tamb´m e que P (F1 ) = 0, 2, P (F2 ) = 0, 3 e P (F3 ) = 0, 5. Fazendo as contas chegamos a P (F1 |A) = 0, 615. 2.5 Probabilidades Subjetivas 2.5.1 Atualizando cren¸as com a f´rmula de Bayes c o No come¸o deste cap´ c ıtulo falamos sobre dois tipos de uso para o conceito de probabilidades: como probabilidades f´ ısicas, associadas ` freq¨ˆncia de ocorrˆncia a ue e de um certo fenˆmeno aleat´rio (por ex.: “Qual ´ a probabilidade do arremesso o o e de um dado resultar em 6, trˆs vezes seguidas?”); e como cren¸as associadas ao e c racioc´ ınio indutivo (por ex.: “Qual ´ a chance do Brasil ganhar o hexacampe- e onato mundial de futebol na Alemanha?”). Quando um investigador de policia diz algo como “a chance de um determinado crime ter sido encomendado ´ de e
  • 10. 22 CAP´ ITULO 2. PROBABILIDADE 80%”ele certamente n˜o se refere a um experimento que quando repetido um a n´ mero muito grande de vezes retorna o crime em 80 a cada 100 vezes. O que u ele quer dizer ´ que a experiˆncia dele (I) e as evidˆncias do caso permitem que e e e ele atribua ` hip´tese do crime a probabilidade de 80. Dito isso, tentemos agora a o olhar para o Teorema de Bayes de outra maneira: P (Crime|Evidencia, I) ∝ P (Evidencia|Crime, I)P (Crime|I), (2.7) aqui omitimos do denominador o termo P (Evidencia) que apareceria na f´rmulao de Bayes. Mas o que significa esta express˜o? Antes de coletar as evidˆncias a e o investigator possuia uma cren¸a na possibilidade de crime baseada em sua c experiˆncia pr´via, ou a priori, P (Crime|I). Ap´s a coleta de evidˆncias, esta e e o e cren¸a foi atualizada para o posterior P (Crime|Evidencia, I). A express˜o define c a como a nova informa¸ao contida nas evidˆncias deve ser utilizada na atualiza¸ao c˜ e c˜ das cren¸as do investigador, ou seja, basta multiplicar a distribui¸ao a priori pela c c˜ verossimilhan¸a P (Evidencia|Crime, I), que define a chance do crime produzir c as evidˆncias coletadas. e Mas, como seria poss´ formalizar matematicamente cren¸as humanas? ıvel c 2.5.2 Axiomas de Cox: probabilidades como l´gica indu- o tiva Na l´gica dedutiva partimos de um conjunto de axiomas A1 , A2 ,...An e, uti- o lizando algumas poucas regras, chegamos a uma conclus˜o T . As regras de a dedu¸ao garantem que se os axiomas s˜o verdadeiros ent˜o a conclus˜o tmb´m c˜ a a a e o ser´, em qualquer lugar e a qualquer tempo. Na indu¸ao temos acesso a a c˜ evidˆncias E1 , E2 , ...,En . A partir destas evidˆncias procuramos construir suas e e causas H. Do ponto de vista da l´gica dedutiva, a indu¸ao utiliza um argu- o c˜ mento inv´lido (ou uma fal´cia) conhecido por afirmar o conseq¨ ente. Algo a a u como: Todos os humanos s˜o mam´ a ıferos. Bigode ´ um mam´ e ıfero, portanto, Bigode ´ humano. Bigode poderia set, por exemplo, um gato! e A l´gica indutiva, no entanto, n˜o visa o estabelecimento absoluto da ver- o a dade, mas sim a atualiza¸ao de cren¸as dadas evidˆncias. Por exemplo, saber c˜ c e que Bigode ´ um mam´ e ıfero apenas aumenta as chances de ele ser um humano. Precisariamos de outras evidˆncias, por exemplo, saber que Bigode tem quatro e patas tornaria altamente improvavel que ele fosse um humano. As id´ias das e probabilidades como cren¸as come¸aram com Bayes no s´culo 18 (veja a se¸ao c c e c˜ sobre hist´ria no cap´ o ıtulo introdut´rio) se desenvolveram com Laplace no s´culo o e 19 e foram depois esquecidas com as ondas de desenvolvimento da Estat´ ıstica capitaneadas por Galton, Pearson e Fisher, na passagem do s´culo 19 ao 20. e Estas id´ias foram retomadas por Jeffreys (colega de Fisher em Cambridge) e e formalizadas na d´cada de 1940 por Richard T. Cox em seu livro A Algebra e ´ da Inferˆncia Prov´vel. Mais recentemente tem havido um renascimento destas e a id´ias com aplica¸oes importantes em ´reas como Reconhecimento de Padr˜es, e c˜ a o Minera¸ao de Dados e Inteligˆncia Artificial. c˜ e Em seu livro Cox demonstra que s˜o necess´rios dois axiomas sobr e cren¸as a a c
  • 11. 2.5. PROBABILIDADES SUBJETIVAS 23 e as regras da ´lgebra Booleana para reobtermos todas as propriedades das a probabilidades f´ ısicas de Kolmogorov. Os Axiomas de Cox s˜o: a Axioma 1. A probabilidade de uma inferˆncia dada determinada evidˆncia e e determina a probabilidade da seu oposto dada a mesma evidˆncia. Assim, a e probabilidade de chover dado que o c´u est´ nublado determina a probabilidade e a de n˜o chover dado que o c´u est´ nublado. a e a Axioma 2. A probabilidade de que duas inferˆncias (I1 e I2) sejam si- e multaneamente verdadeiras dada certa evidˆncia (E) ´ determinada pela proba- e e bilidade de que I1 seja verdadeira dada E e, separadamente, pela probabilidade de I2 ser verdadeira dada E e I1. Por exemplo, a probabilidade do Brasil ser hexacampe˜o na Alemanha e Adriano ser o artilheiro, dada a experiˆncia que a e temos em assistir jogos da sele¸ao, ´ determinada pela probabilidade do Brasil c˜ e ser hexa, dados os jogos que assistimos, e pela probabilidade de Adriano ser o a ´ artilheiro, dados os jogos que assistimos e se o Brasil for hexacampe˜o. E claro que o evento composto s´ pode ocorrer se, pelo menos, o Brasil for primeiro o hexacampe˜o.a Exemplo. Paradoxo de Monty Hall Imagine o seguinte jogo envolvendo vocˆ e um apresentador, que chamaremos de Silvio. Um prˆmio ´ colocado e e e atr´s de uma de trˆs portas (A, B e C) que permanecem fechadas. Vocˆ deve a e e escolher uma das portas (por exemplo, A). Silvio ent˜o abrir´ uma das portas a a que n˜o ´ a sua e tamb´m n˜o contem o prˆmio (por exemplo, B) e perguntar´ a e e a e a se voce quer trocar de porta. Pergunta-se, vocˆ deve abrir a sua porta (A) ou e deve trocar pela porta restante (C)? Utilizemos um racioc´ ınio bayesiano para resolvermos o problema. Qual ´ ae probabilidade a priori do prˆmio estar atr´s de qualquer uma das trˆs portas e a e (X = A, B, ou C)? P (X, I) = 1/3, onde I representa nosso conhecimento das regras do jogo. Qual seria ent˜o a probabilidade de Silvio abrir a porta a B (evento que chamaremos de SB) dado que o prˆmio est´ justamente atr´s e a a da porta que escolhi (A)? P (SB|A, I) = 1/2. E qual seria a probabilidade de Silvio abrir a porta B se o prˆmio estivesse atr´s dela pr´pria? P (SB|B, I) = 0 e a o pelas regras do jogo. Finalmente, qual seria a probabilidade de Silvio escolher a porta B dado que o prˆmio est´ em C? Seria P (SB|C, I) = 1, novamente pelas e a regras do jogo. Temos agora que escolher entre nossa primeira escolha A e a outra porta restante C. Para isso temos que calcular P (A|SB, I) e P (C|SB, I), ou seja, a chance do prˆmio estar respectivamente em A e em C dado que Silvio e apontou a porta B e as regras do jogo. Utilizemos ent˜o o teorema de Bayes: a P (SB|A, I)P (A|I) P (A|SB, I) = P (SB|A, I)P (A|I) + P (SB|B, I)P (B|I) + P (SB|C, I)P (C|I) 1/2 × 1/3 = 1/2 × 1/3 + 0 × 1/3 + 1 × 1/3 = 1/3. (2.8)
  • 12. 24 CAP´ ITULO 2. PROBABILIDADE Da mesma forma temos que P (SB|C, I)P (C|I) P (C|SB, I) = P (SB|A, I)P (A|I) + P (SB|B, I)P (B|I) + P (SB|C, I)P (C|I) 1 × 1/3 = 1/2 × 1/3 + 0 × 1/3 + 1 × 1/3 = 2/3. (2.9) Ou seja, a chance de ganhar trocando de porta ´ o duas vezes maior do que e permanecendo! Vocˆ deveria trocar de porta. A resposta parece contraintuitiva, e para vermos que n˜o ´ basta considerarmos uma vers˜o modificada do jogo. a e a Agora temos, por exemplo, 1000 portas. Vocˆ escolhe uma e n˜o abre. Silvio e a ent˜o abre todas as portas restantes menos uma (ou seja, abre 998 portas). Vocˆ a e trocaria agora? 2.6 Exerc´ ıcios 1. Uma moeda ´ viciada de modo que a probabilidade de sair cara ´ 4 vezes e e maior que a de sair coroa, Para 2 lan¸amentos independentes dessa moeda, c determinar: (a) o espa¸o amostral; (b) a probabilidade de sair somente c uma cara; (c) a probabilidade de sair pelo menos uma coroa; (d) a prob- abilidade de dois resultados iguais. 2. Considere um conjunto de 4 n´ meros dos quais nenhum deles ´ zero, dois u e s˜o positivos e dois s˜o negativos. Sorteamos ao acaso, com reposi¸ao, 2 a a c˜ n´ meros desse conjunto. Determine a probabilidade de: (a) um deles ser u negativo; (b) o quociente ser negativo; (c) os dois n´ meros terem o mesmo u sinal. 3. Uma caixa contem trˆs moedas com Caras nas duas faces, quatro moedas e com Coroas nas duas faces e duas moedas honestas. Se uma destas nove moedas for selecionada ao acaso e arremessada uma vez, qual ´ a proba- e bilidade de que uma Cara seja obtida. 4. O Palmeiras ganha com probabilidade 0,7 se chove e com 0,8 se n˜o chove. a Em Setembro a probabilidade de chuva ´ de 0,3. O Palmeiras ganhou a e partida em Setembro, qual a probabilidade de ter chovido nesse dia? 5. Uma escola de ensino m´dio do interior de S˜o Paulo tem 40% de estu- e a dantes do sexo masculino. Entre estes, 20% nunca viram o mar, ao passo que, entre as meninas, essa porcentagem ´ de 50%. Qual a probabilidade e de que um aluno selecionado ao acaso seja: (a) do sexo masculino e nunca tenha visto o mar; (b) do sexo feminino ou nunca tenha visto o mar. 6. Mostre que se A e B s˜o independentes, ent˜o Ac e B c tamb´m s˜o inde- a a e a pendentes.
  • 13. ˆ 2.7. REFERENCIAS 25 7. Um m´dico desconfia que um paciente tem tumor no abdˆmen, pois isto e o ocorreu em 70% dos casos similares que tratou. Se o paciente de fato tiver o tumor, o exame ultra-som o detectar´ com probabilidade 0,9. Entretanto, a se ele n˜o tiver o tumor, o exame pode, erroneamente, indicar que tem com a probabilidade 0,1. Se o exame detectou um tumor, qual ´ a probabilidade e do paciente tˆ-lo de fato? e 2.7 Referˆncias e Se quiser ler bons livros de divulga¸ao cient´ c˜ ıfica relacionados ao problema do acaso: • Ruelle, D., Acaso e Caos, Editora Unesp, 1993. • Bennett, D.J., Aleatoriedade, Martins Fontes, 2003. Se quiser fazer mais exerc´ ıcios procure por (alguns dos exerc´ ıcios do texto foram extra´ıdos de l´): a • Magalh˜es M.N., de Lima A.C.P., No¸oes de Probabilidade e Estat´ a c˜ ıstica, Edusp,2004. Exemplos sobre espa¸os amostrais, sobre probabilidades condicionais e inde- c pendˆncia foram extra´ e ıdos de: • Feller, W. An introduction to Probability Theory and Its Applications, Volume I, John Wiley & Sons, 1950. • DeGroot, M., Probability and Statistics, Addison-Wesley, 1975. Para se aprofundar na teoria cl´ssica de probabilidades: a • Kolmogorov,A.N., Foundations of the Theory of Probability. Sobre a no¸ao matem´tica de independˆncia: c˜ a e • Kac, M., Statistical Independence in Probability, Analysis and Number Theory. Sobre probabilidades subjetivas: • Cox, R.T., The Algebra of Probable Inference, The Johns Hopkins Press, 1961. • Jeffreys, H., Theory of probability, Oxford Press, 1967. Para ler sobre aplica¸oes da Inferˆncia Bayesiana: c˜ e • Russel, S., Norvig P., Inteligˆncia Artificial, Ed. Campus, 2003. e Sobre o Dilema de Monty Hall h´ o seguinte artigo na Wikipedia: a • http://en.wikipedia.org/wiki/Monty Hall problem
  • 14. 26 CAP´ ITULO 2. PROBABILIDADE