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CULTIVO ORGÂNICO DE MILHO VERDE CONSORCIADO COM LEGUMINOSAS
Cristina Maria de Castro
Eng. Agr., Dr., PqC do Polo Regional Vale do Paraíba/APTA
cristinacastro@apta.sp.gov.br
Antonio Carlos Pries Devide
Eng. Agr., Ms., PqC do Polo Regional Vale do Paraíba/APTA
antoniodevide@apta.sp.gov.br
O cultivo de milho variedade é característico da agricultura familiar na região do Vale do
Paraíba, na porção paulista. Diversos municípios têm sua tradição alimentar associada à
esta cultura, principalmente para a colheita de espigas imaturas, abrangendo o preparo de
diversos pratos como curau, bolos, broas, pães, além do suco de milho verde, dentre outros
pratos que fazem parte da cultura regional. Diante deste cenário, este trabalho focou a
diversificação da paisagem agrícola tendo a cultura do milho verde o “carro-chefe” do
sistema, para tornar-se produtivo e equilibrado, incluindo diferentes espécies com funções
ecológicas distintas para uma exploração mais eficiente e sustentável.
A sucessão de culturas agrícolas com o milho apresenta diversas vantagens, tais como:
exploração diferenciada do solo pelo sistema radicular; aporte de matéria orgânica e
reciclagem de nutrientes acumulados de maneira específica para cada cultura; condições
ideais para insetos polinizadores e inimigos naturais de pragas; alternância da exploração
de nutrientes e água do solo; redução dos níveis de compactação do solo e oferta
diferenciada de produtos para o mercado (Wutke et al., 2003).
A utilização de aléias, que são corredores de vegetação; foi inserida ao sistema produtivo
como barreira aos ventos, controle biológico ou natural, por meio de barreira física e abrigo
para os inimigos naturais como vespas, moscas, dentre outros insetos benéficos; e o
controle da erosão em terreno declivoso.
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ISSN 2316-5146
Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 1, Jan-Jun 2015
No Pólo Regional do Vale do Paraíba, Instituição de Pesquisa do Estado de São Paulo, da
APTA-Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, vinculados a Secretaria de
Agricultura e Abastecimento (SAA), com sede em Pindamonhangaba, próximo ao eixo Rio –
São Paulo, é uma região que sofre com as pressões sobre o ambiente, onde os solos se
apresentam degradados. O Vale do Paraíba Paulista abrange ambientes diversificados
como o Vale e as Serras da Mantiqueira e do Mar, onde está inserida a agricultura familiar,
com demandas tecnológicas de baixo impacto e utilização de insumos locais. Nesta estação
de pesquisa são desenvolvidos trabalhos de campo em unidades de referência (Vitrine
Agroecológica), como subsídio à redefinição da paisagem agrícola por meio da inserção de
espécies perenes e anuais em conjunto com culturas de valor comercial, compatibilizando a
conservação do ambiente e a produção agroecológica.
Neste trabalho são apresentados os resultados de um sistema de produção de „milho verde‟
sob manejo orgânico, em rotação com leguminosa (Lab-Lab), consorciado com leguminosas
anuais e utilizando aléias de cana-de-açúcar como barreira viva e quebra vento (Figura 1),
em Pindamonhangaba - SP.
(a) (b) (c)
Figura 1. Área agrícola subdividida em faixas com aléias de cana-de-açúcar e adubação verde com Lab-Lab (a);
cultivadas com milho consorciadas com adubos verdes (b) e detalhe após colheita do milho (c);
Pindamonhangaba-SP, 2011/2012.
Histórico e Metodologia
Em uma área de 4.000 m2 infestada com brachiaria (Brachiaria decumbens), realizou-se o
preparo do solo, incorporando 2,0 t/ha de calcário dolomítico (Março de 2011); após foram
plantadas fileiras duplas de cana-de-açúcar em aléias (corredores de vegetação) a cada 15
metros, no sentido Leste-Oeste. Nas entrelinhas da cana (15 x 60 m) foi realizado o cultivo
de Lab-Lab (Dolichus lablab L.); espécie de leguminosa utilizada como adubo verde e
forrageira proteica, de hábito reptante a trepador, que produz de 5 a 7 toneladas de
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fitomassa fresca por hectare; após a colheita da semente de Lab-Lab, realizou-se o plantio
de milho verde consorciado com fileiras duplas de três espécies de adubos verdes.
O objetivo do cultivo do Lab-Lab foi servir de pré-cultivo para o milho, reduzindo o aporte de
nitrogênio de fonte não renovável (adubo sintético), por meio da fixação biológica (FBN);
incrementar a fertilidade por meio do aporte de matéria orgânica e reciclagem de nutrientes,
fazendo também colheita de sementes para próximos plantios e recuperação de novas
áreas. A semeadura do Lab-Lab foi realizada em Março de 2011, a lanço (40 kg/ha),
incorporando as sementes com grade niveladora. Em Setembro de 2011, realizou-se a
colheita manual de suas sementes e em Novembro do mesmo ano foi realizada
incorporação superficial da parte aérea do Lab-Lab com grade, seguida da semeadura do
milho variedade CATI-Verde, no espaçamento 1,0 x 0,2 m em riscos abertos, colocando-se
três sementes/metro, adubados com 300g de esterco bovino curtido por metro linear.
Visando o aporte de matéria orgânica e de nitrogênio, realizou-se o cultivo em consórcio
simultâneo com o milho de três espécies de adubos verdes: feijão-de-porco (Canavalia
eusiformis), crotalária (Crotalaria juncea) e guandu (Cajanus cajan), deixando ainda, milho
sem consorcio para comparação da produção (milho solteiro - testemunha). Os adubos
verdes foram semeados sete dias após a germinação do milho nas entrelinhas, sendo duas
fileiras equidistantes 0,5m entre si e 0,25m de distância das linhas de milho. As densidades
de semeadura foram: crotalária - 40 sementes/metro, feijão-de-porco - 10 sementes/metro e
guandu anão - 20 sementes/metro. Cada parcela foi constituída por cinco linhas de milho
com quatro metros de comprimento e área total de 20 m2, computando-se como área útil as
duas fileiras centrais de milho e os respectivos adubos verdes.
Foram realizadas três capinas manuais até o estabelecimento dos adubos verdes e do milho
e pulverizações quinzenais com produto comercial à base de Bacillus thuringiensis para a
prevenção e controle da lagarta do cartucho. Não foi realizada irrigação e adubações de
cobertura, objetivando identificar apenas o efeito dos adubos verdes na produtividade de
espigas colhidas imaturas (verdes).
O corte dos adubos verdes foi realizado em apenas uma linha (rente ao solo), na floração
(120 dias após plantio), sendo a fitomassa acamada ao lado do milho, e outra linha de
adubos verdes, deixada para coleta de sementes para a próxima safra. A colheita das
espigas imaturas do milho foi realizada de maneira parcelada em duas etapas em Março de
2012, computando-se a produtividade comercial e o número de espigas por hectare.
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Resultados
O Lab-Lab foi colhido manualmente em Setembro de 2011 e produziu 650 kg/ha de grãos
beneficiados, sendo sua produtividade prejudicada pelo inseto conhecido popularmente por
“vaquinha” (Diabrotica speciosa), que causou severos danos à parte vegetativa, e devido à
geada que ocorreu em Julho de 2011, sendo que em condições ideais de cultivo o Lab-Lab
chega a produzir de 1a 1,5 t/ha de sementes.
As leguminosas não interferiram no desenvolvimento do milho, com exceção da crotalária,
devido ao porte ereto, atingiu altura próxima ao milho, passando a competir por
luminosidade. No momento da poda dos adubos verdes, as alturas das leguminosas eram
de 58 cm (feijão de porco), 87 cm (guandu), 178 cm (crotalária), respectivamente e a do
milho 213 cm. A massa fresca e seca das leguminosas foi de 9,5 t/ha e 2,67 t/ha (crotalária);
3,83 t/ha e 1,39 t/ha (guandu) e 7,83 t/ha e 1,78 t/ha (feijão de porco). A produtividade de
espigas de “milho verde” (Tabela 1) foi satisfatória, por se tratar de milho variedade e por
não ter recebido adubação de cobertura, destacando que o milho aproveitou somente o N
dos resíduos deixados pelo Lab-Lab em rotação, das leguminosas consortes e do solo.
Tabela 1. Numero de espigas comerciais e produção comercial de milho verde cultivado
solteiro e consorciado com adubos verdes. Pindamonhangaba-SP, 2012.
Tipo de consórcio
Nº de espigas
comerciais/ha
Produção comercial
(kg/ha)
milho+crotalária 4480 792
milho+feijão porco 7500 1667
milho+guandu 6667 1375
milho solteiro 8125 1635
Entre os consórcios testados a leguminosa crotalária proporcionou a menor produção de
espigas, que refletiu em menor produção por hectare do milho (792 kg/ha), indicando que
não deve ser cultivada em consorcio junto com o milho simultaneamente, ou ainda, seu
corte deverá ser realizado quando atingir 1 metro de altura; podendo ainda ser utilizada em
sistema de rotação, isto é, antes do plantio do milho, pois trata-se de uma excelente planta
adubadeira de verão, rústica e adaptada às condições de baixa fertilidade. Os consórcios
com feijão de porco e guandu proporcionaram número de espigas e produção similar ao
milho solteiro, aliando os benefícios de incorporação de material orgânico oriundos do
consórcio na área de produção.
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Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 1, Jan-Jun 2015
O sistema de rotação de milho com Lab-Lab, bem como o consórcio simultâneo com
leguminosas permite ao agricultor a obtenção de renda com a colheita de espigas de milho
verde, com reflexos positivos para a conservação da fertilidade do solo, e promoção da
biodiversidade local.
Referências
WUTKE E. B. et. al.. Sucessão de culturas aumenta rendimento do feijoeiro irrigado no
Nordeste paulista. O Agronômico, v. 55, p.10-13, 2003.

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Cultivo orgânico de milho verde consorciado com Leguminosas

  • 1. CULTIVO ORGÂNICO DE MILHO VERDE CONSORCIADO COM LEGUMINOSAS Cristina Maria de Castro Eng. Agr., Dr., PqC do Polo Regional Vale do Paraíba/APTA cristinacastro@apta.sp.gov.br Antonio Carlos Pries Devide Eng. Agr., Ms., PqC do Polo Regional Vale do Paraíba/APTA antoniodevide@apta.sp.gov.br O cultivo de milho variedade é característico da agricultura familiar na região do Vale do Paraíba, na porção paulista. Diversos municípios têm sua tradição alimentar associada à esta cultura, principalmente para a colheita de espigas imaturas, abrangendo o preparo de diversos pratos como curau, bolos, broas, pães, além do suco de milho verde, dentre outros pratos que fazem parte da cultura regional. Diante deste cenário, este trabalho focou a diversificação da paisagem agrícola tendo a cultura do milho verde o “carro-chefe” do sistema, para tornar-se produtivo e equilibrado, incluindo diferentes espécies com funções ecológicas distintas para uma exploração mais eficiente e sustentável. A sucessão de culturas agrícolas com o milho apresenta diversas vantagens, tais como: exploração diferenciada do solo pelo sistema radicular; aporte de matéria orgânica e reciclagem de nutrientes acumulados de maneira específica para cada cultura; condições ideais para insetos polinizadores e inimigos naturais de pragas; alternância da exploração de nutrientes e água do solo; redução dos níveis de compactação do solo e oferta diferenciada de produtos para o mercado (Wutke et al., 2003). A utilização de aléias, que são corredores de vegetação; foi inserida ao sistema produtivo como barreira aos ventos, controle biológico ou natural, por meio de barreira física e abrigo para os inimigos naturais como vespas, moscas, dentre outros insetos benéficos; e o controle da erosão em terreno declivoso.
  • 2. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 1, Jan-Jun 2015 No Pólo Regional do Vale do Paraíba, Instituição de Pesquisa do Estado de São Paulo, da APTA-Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, vinculados a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), com sede em Pindamonhangaba, próximo ao eixo Rio – São Paulo, é uma região que sofre com as pressões sobre o ambiente, onde os solos se apresentam degradados. O Vale do Paraíba Paulista abrange ambientes diversificados como o Vale e as Serras da Mantiqueira e do Mar, onde está inserida a agricultura familiar, com demandas tecnológicas de baixo impacto e utilização de insumos locais. Nesta estação de pesquisa são desenvolvidos trabalhos de campo em unidades de referência (Vitrine Agroecológica), como subsídio à redefinição da paisagem agrícola por meio da inserção de espécies perenes e anuais em conjunto com culturas de valor comercial, compatibilizando a conservação do ambiente e a produção agroecológica. Neste trabalho são apresentados os resultados de um sistema de produção de „milho verde‟ sob manejo orgânico, em rotação com leguminosa (Lab-Lab), consorciado com leguminosas anuais e utilizando aléias de cana-de-açúcar como barreira viva e quebra vento (Figura 1), em Pindamonhangaba - SP. (a) (b) (c) Figura 1. Área agrícola subdividida em faixas com aléias de cana-de-açúcar e adubação verde com Lab-Lab (a); cultivadas com milho consorciadas com adubos verdes (b) e detalhe após colheita do milho (c); Pindamonhangaba-SP, 2011/2012. Histórico e Metodologia Em uma área de 4.000 m2 infestada com brachiaria (Brachiaria decumbens), realizou-se o preparo do solo, incorporando 2,0 t/ha de calcário dolomítico (Março de 2011); após foram plantadas fileiras duplas de cana-de-açúcar em aléias (corredores de vegetação) a cada 15 metros, no sentido Leste-Oeste. Nas entrelinhas da cana (15 x 60 m) foi realizado o cultivo de Lab-Lab (Dolichus lablab L.); espécie de leguminosa utilizada como adubo verde e forrageira proteica, de hábito reptante a trepador, que produz de 5 a 7 toneladas de
  • 3. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 1, Jan-Jun 2015 fitomassa fresca por hectare; após a colheita da semente de Lab-Lab, realizou-se o plantio de milho verde consorciado com fileiras duplas de três espécies de adubos verdes. O objetivo do cultivo do Lab-Lab foi servir de pré-cultivo para o milho, reduzindo o aporte de nitrogênio de fonte não renovável (adubo sintético), por meio da fixação biológica (FBN); incrementar a fertilidade por meio do aporte de matéria orgânica e reciclagem de nutrientes, fazendo também colheita de sementes para próximos plantios e recuperação de novas áreas. A semeadura do Lab-Lab foi realizada em Março de 2011, a lanço (40 kg/ha), incorporando as sementes com grade niveladora. Em Setembro de 2011, realizou-se a colheita manual de suas sementes e em Novembro do mesmo ano foi realizada incorporação superficial da parte aérea do Lab-Lab com grade, seguida da semeadura do milho variedade CATI-Verde, no espaçamento 1,0 x 0,2 m em riscos abertos, colocando-se três sementes/metro, adubados com 300g de esterco bovino curtido por metro linear. Visando o aporte de matéria orgânica e de nitrogênio, realizou-se o cultivo em consórcio simultâneo com o milho de três espécies de adubos verdes: feijão-de-porco (Canavalia eusiformis), crotalária (Crotalaria juncea) e guandu (Cajanus cajan), deixando ainda, milho sem consorcio para comparação da produção (milho solteiro - testemunha). Os adubos verdes foram semeados sete dias após a germinação do milho nas entrelinhas, sendo duas fileiras equidistantes 0,5m entre si e 0,25m de distância das linhas de milho. As densidades de semeadura foram: crotalária - 40 sementes/metro, feijão-de-porco - 10 sementes/metro e guandu anão - 20 sementes/metro. Cada parcela foi constituída por cinco linhas de milho com quatro metros de comprimento e área total de 20 m2, computando-se como área útil as duas fileiras centrais de milho e os respectivos adubos verdes. Foram realizadas três capinas manuais até o estabelecimento dos adubos verdes e do milho e pulverizações quinzenais com produto comercial à base de Bacillus thuringiensis para a prevenção e controle da lagarta do cartucho. Não foi realizada irrigação e adubações de cobertura, objetivando identificar apenas o efeito dos adubos verdes na produtividade de espigas colhidas imaturas (verdes). O corte dos adubos verdes foi realizado em apenas uma linha (rente ao solo), na floração (120 dias após plantio), sendo a fitomassa acamada ao lado do milho, e outra linha de adubos verdes, deixada para coleta de sementes para a próxima safra. A colheita das espigas imaturas do milho foi realizada de maneira parcelada em duas etapas em Março de 2012, computando-se a produtividade comercial e o número de espigas por hectare.
  • 4. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 1, Jan-Jun 2015 Resultados O Lab-Lab foi colhido manualmente em Setembro de 2011 e produziu 650 kg/ha de grãos beneficiados, sendo sua produtividade prejudicada pelo inseto conhecido popularmente por “vaquinha” (Diabrotica speciosa), que causou severos danos à parte vegetativa, e devido à geada que ocorreu em Julho de 2011, sendo que em condições ideais de cultivo o Lab-Lab chega a produzir de 1a 1,5 t/ha de sementes. As leguminosas não interferiram no desenvolvimento do milho, com exceção da crotalária, devido ao porte ereto, atingiu altura próxima ao milho, passando a competir por luminosidade. No momento da poda dos adubos verdes, as alturas das leguminosas eram de 58 cm (feijão de porco), 87 cm (guandu), 178 cm (crotalária), respectivamente e a do milho 213 cm. A massa fresca e seca das leguminosas foi de 9,5 t/ha e 2,67 t/ha (crotalária); 3,83 t/ha e 1,39 t/ha (guandu) e 7,83 t/ha e 1,78 t/ha (feijão de porco). A produtividade de espigas de “milho verde” (Tabela 1) foi satisfatória, por se tratar de milho variedade e por não ter recebido adubação de cobertura, destacando que o milho aproveitou somente o N dos resíduos deixados pelo Lab-Lab em rotação, das leguminosas consortes e do solo. Tabela 1. Numero de espigas comerciais e produção comercial de milho verde cultivado solteiro e consorciado com adubos verdes. Pindamonhangaba-SP, 2012. Tipo de consórcio Nº de espigas comerciais/ha Produção comercial (kg/ha) milho+crotalária 4480 792 milho+feijão porco 7500 1667 milho+guandu 6667 1375 milho solteiro 8125 1635 Entre os consórcios testados a leguminosa crotalária proporcionou a menor produção de espigas, que refletiu em menor produção por hectare do milho (792 kg/ha), indicando que não deve ser cultivada em consorcio junto com o milho simultaneamente, ou ainda, seu corte deverá ser realizado quando atingir 1 metro de altura; podendo ainda ser utilizada em sistema de rotação, isto é, antes do plantio do milho, pois trata-se de uma excelente planta adubadeira de verão, rústica e adaptada às condições de baixa fertilidade. Os consórcios com feijão de porco e guandu proporcionaram número de espigas e produção similar ao milho solteiro, aliando os benefícios de incorporação de material orgânico oriundos do consórcio na área de produção.
  • 5. www.aptaregional.sp.gov.br ISSN 2316-5146 Pesquisa & Tecnologia, vol. 12, n. 1, Jan-Jun 2015 O sistema de rotação de milho com Lab-Lab, bem como o consórcio simultâneo com leguminosas permite ao agricultor a obtenção de renda com a colheita de espigas de milho verde, com reflexos positivos para a conservação da fertilidade do solo, e promoção da biodiversidade local. Referências WUTKE E. B. et. al.. Sucessão de culturas aumenta rendimento do feijoeiro irrigado no Nordeste paulista. O Agronômico, v. 55, p.10-13, 2003.