A história de Manuel Milho narra a reflexão sobre a existência humana e mostra que o mais importante é o ser humano e sua essência, não o papel social. Vários elementos como números, a passarola, o convento de Mafra carregam significados simbólicos na obra. A relação de Baltasar e Blimunda é marcada por amor e complementaridade representados por seus nomes.
2. A história de Manuel Milho
Escola Secundária Henrique Medina
A história que Manuel Milho vai contando durante os vários dias que
dura o transporte da pedra Benedictione é uma reflexão sobre a
existência humana e mostra que, no fundo, o mais importante é o ser
humano e a sua essência.
Manuel Milho narra a história de uma rainha que gostaria de ser
mulher para conseguir decidir se na verdade queria ser ou não
rainha, e de um ermitão que queria ser homem. Ambos desejavam
não ser o que eram, mas ser apenas um homem e uma mulher. Esta
história mostra que cada um é aquilo que as condições socias e as
circunstâncias permitem que o seja.(capítulo XIX)
3. Número 3
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O número três representa a ordem espiritual e intelectual. É o
numero perfeito. Para o Cristianismo, os três elementos da
trindade são o Pai , o Filho e o Espírito Santo, um só Deus em três
pessoas, tal como Baltasar, Blimunda e Bartolomeu Lourenço que
constituem a Trindade Terreste. Três pessoas em perfeita
comunhão que alcançam um poder divino.
4. Número 4
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O quatro, número ligado ao quadrado e á cruz, significa o sólido, a
totalidade , mas uma totalidade percetível. Curiosamente, Domenico
Scarlatti será o quarto elemento de um conjunto de pessoas que
concretizam a audaciosa missão de voar.
Ele parece ser o elemento que completa esse todo, elemento esse
imprescindível a plena realização desse projeto. No entanto, esse
sonho irá desfazer-se, será findável. “Sou o irmão de todos ,
disse Scarlatti, se me aceitarem .”(…)
5. Número 7
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O número sete, muito referido na Bíblia, surge recorrentemente na
obra: sete são os homens que vem trabalhar para Mafra no
convento; oriundos de sete regiões do país; sete bispos batizaram a
infanta; sete vezes Blimunda vai a Lisboa à procura de Baltasar e o
número sete repete-se na data de bênção da primeira pedra do
convento-17 novembro de 1771.
O sete é o resultado do número perfeito, o três, e do número da
totalidade o quatro, e representa a totalidade do espaço e do tempo,
do universo em movimento.
6. Número 9
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O nove é o número da procura e da gestação, simboliza o coroar do
esforço, o fim de um ato criativo, o fim de um período de busca
frutuosa, como acontece com Blimunda que, durante nove anos,
procurou o seu amado.
Após a separação, Blimunda reencontra Baltasar e , recolhendo a
sua vontade, une-se aquele que ama. Esta união representa a vitória
do poder do amor.
7. A passarola
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A passarola funciona como o elo de ligação entre a terra e o céu e
surge na obra metaforicamente referida como uma ave, o que
remete de imediato para o voo das aves.
O sonho de voar conota a ousadia e a conquista, mas pode ter uma
lado negativo: a queda, a desilusão.
8. Convento de Mafra
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O convento é símbolo do definitivo, do imutável, do eterno e, nesse
sentido, opõe-se à passarola.
Ao longo da obra, é evidente o contraste entre o caráter libertador do
projeto de Bartolomeu Gusmão que evidencia a atitude criadora do
homem e a capacidade de vencer barreiras quando trabalha em
conjunto e a natureza opressora da promessa do rei que espelha
uma vontade egoísta e megalómana.
9. O Olhar
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Os olhos e o olhar ocupam em Memorial do Convento um espaço
privilegiado devido ao poder visionário de Blimunda. O seu olhar
mágico seduz Baltasar e será muitas vezes uma forma de
comunicação entre o casal.
“Olha só, olha como esses teus olhos que tudo são capazes de
ver “
“Nunca te olharei por dentro “
10. Colher, Sopa, Porta aberta, lareira
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Este conjunto de elementos funciona na obra como um todo que
transmite a ideia de partilha: Blimunda deixa a porta aberta,
permitindo que Baltasar entre não só na sua casa como na sua vida;
acende a lareira, serve uma sopa e usa a colher dele, construindo
conforto, um lar e um amor eterno.
11. Espigão
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O espigão de Baltasar de que Blimunda se serve para se defender
no Monte Junto da tentativa de violação, presentifica o próprio
Baltasar a “mão” do seu amor.
12. Palheiro de Morelena, a barraca da burra
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O palheiro e a barraca da burra simboliza o amor intenso de Baltasar
e Blimunda, carregado de sensualidade e de cumplicidade; a
transgressão das regras socias e morais por parte deste casal que
se ama partilhando as “almas, corpos e vontades”.
13. Mutilação de Baltasar
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A mutilação aparece frequentemente como uma marca de inaptidão
e de marginalidade, todavia, na obra, Baltasar conseguira superar a
sua incapacidade ao contribuir para construir a passarola e o
convento.
14. Sonho
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O sonho é o espaço onde as personagens deixam transparecer as
suas emoções, medos, frustrações, desejos, funcionando, por vezes,
como um fator de equilíbrio, como é o caso da rainha, que
compensa, no mundo onírico, as suas frustrações afetivas e sexuais.
Em relação ao rei, os sonhos espelham, acima de tudo, a
manifestação do seu poder. Os sonhos comuns de Baltasar,
Blimunda e Bartolomeu Lourenço são uma forma de sublinhar a sua
cumplicidade e partilha.
15. Música
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A música simboliza a harmonia e a plenitude do cosmos. A música
de Scarlatti representa a comunicação e tem o poder de curar. O
som do seu cravo irá fascinar o padre e acompanhar o processo de
construção da passarola e o momento em que ela se eleva no céu.
16. A pedra mãe
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No capítulo XIX, a pedra, símbolo da Terra-mãe, vai exigir um
esforço enorme por parte dos trabalhadores que, com coragem,
força, habilidade e inteligência vão transportar de Pêro Pinheiro até
Mafra. É uma laje descomunal que evidencia a pequenez do homem,
mas que comparativamente ao convento se torna pequena.
Conseguir transportar a pedra ate ao seu destino, vai transformar
estes homens em verdadeiros heróis. A pedra, pela sua firmeza,
também se pode associar a sabedoria.
17. Abegoaria
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É o espaço escondido onde se constrói a passarola, onde se
materializa o sonho. É o espaço da utopia, da invenção, da
descoberta, da partilha e da amizade.
18. Montanha-Monte Junto
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A montanha estabelece a relação da terra com o céu, centro do
mundo, traduz a estabilidade e a inalterabilidade, guardando o que
nela permanece, como a passarola que cai no Monte Junto. A
máquina voadora ficou protegida dos homens e do Santo Ofício e
assim, mais tarde, inusitadamente e, como por magia, levantou o
voo, dando sentido a vida da trindade terrestre.
19. Fogo
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É conforto, aconchego, purificação e regeneração, mas também
destruição.
O fogo da lareira, em casa de Blimunda, é proteção e bem-estar; o
fogo que Bartolomeu Lourenço Lança a sua maquina é uma forma
de destruir o seu sonho fracassado; o da fogueira dos autos-de-fé é
opressão, destruição e morte.
20. Sete-Sois e Sete-Luas
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Os nomes de Baltasar e de Blimunda tem o mesmo número de
letras, começam por B e as alcunhas são uma forma de
demonstrar a sua complementaridade. Baltasar está relacionado
com o sol, fonte de luz, de calor e de vida enquanto Blimunda
surge relacionada com a lua, símbolo de dependência e da
renovação.