1) Portugal atravessava uma crise econômica e política após a morte do rei D. Fernando.
2) D. João, Mestre da Ordem de Avis, é aclamado como novo líder para defender a independência contra Castela.
3) Portugal vence a Batalha decisiva de Aljubarrota contra Castela em 1385, consolidando o domínio de D. João e da nova dinastia de Avis.
A vitória de Aljubarrota e a ascensão da burguesia portuguesa
1.
2. Numa altura em que o reino atravessava dificuldades económicas extremas
determinadas pela crise da agricultura, pela Peste e pelas repetidas guerras
com Castela, a morte de D. Fernando veio abrir uma nova crise, desta vez
no plano político, que esteve na origem de grandes movimentos e
transformações sociais.
3. De acordo com o Tratado de Salvaterra
de Magos, assinado com Castela,
estabelecia-se uma nova paz entre os
dois reinos consignada pelo casamento
de D. Beatriz com D. João I de Castela.
Após a morte de D. Fernando, a
Regência do trono seria entregue a D.
Leonor até que D. Beatriz fosse mãe.
A esse filho ou filha seria, na idade
devida, entregue o governo do reino de
Portugal
4. No entanto, D. Fernando
morreu, sem que do
casamento de sua filha D.
Beatriz com o rei de
Castela resultasse um filho
que ocupasse o trono de
Portugal. E as perspectivas
para que apontava o
tratado de Salvaterra, não
agradavam a grande parte
da população. Sobretudo
ao Povo e à Burguesia.
Dona Leonor De TeLes
5. Com efeito, Dona Leonor sempre
tinha sido vista como defensora
dos grandes proprietários, e as
relações amorosas que mantinha
com o nobre galego Conde
Andeiro, não eram do agrado da
população.
Por outro lado, temia-se que a
aclamação de Dona Beatriz,
casada com o rei de Castela , fosse
o primeiro passo para a perda da
independência do reino.
Dona Beatriz
6. Tornava-se assim
necessário encontrar um
outro candidato. Alguém
que unisse a população e
garantisse a independência
do reino.
A escolha recaiu na pessoa
de D. João Mestre da
Ordem Militar de Avis,
filho bastardo de D. Pedro
I e meio-irmão de D .
Fernando, e por isso, um
legítimo pretendente ao
trono.
O Mestre de Avis é aclamado
pela população de Lisboa
7. Foram, entretanto, muitos os
tumultos populares que de norte a
sul assolaram o reino, e cedo,
Lisboa se tornou no centro da
contestação à aclamação de Dona
Leonor como rainha.
E ao boato, propositadamente
posto a circular pelos revoltosos,
de que os apoiantes da rainha se
preparavam para matar o Mestre,
respondeu uma multidão
assaltando o Paço Real e matando,
ao que parece com a ajuda do
Mestre ,o odiado conde Andeiro.
8. Com dona Leonor em fuga para
Castela, era preciso organizar a
defesa face à previsível resposta
de D. João de Castela na defesa
dos seus próprios interesses e
de sua mulher, D. Beatriz.
D. João Mestre de Avis é então
aclamado como regedor e
defensor do reino.
Da organização e comando do
exército português foi
incumbido Nuno Álvares
Pereira, membro da ordem dos
Hospitalários, tornado, à pressa
nesses tempos conturbados,
Condestável do reino.( Chefe
Militar)
9. A resposta do rei de Castela foi rápida. Invadindo Portugal pelo Alentejo, em
1384 ,cercou durante 4 meses a cidade de Lisboa, e só desistiu quando a Peste se
instalou entre as suas tropas e recebeu a mensagem que sua mulher, D. Beatriz
estava gravemente doente.
Entretanto, no mesmo ano, D. Nuno Álvares Pereira vence o exército
castelhano na Batalha dos Atoleiros.
O CERCO DE LISBOA NUNO ÁLVARES PEREIRA
10. O golpe definitivo nas pretensões castelhanas ao trono português será dado
em Aljubarrota. Aí, um pequeno exército português, auxiliado por arqueiros
ingleses, e utilizando processos militares inovadores num campo de batalha
habilmente escolhido, conseguiu vencer um inimigo em número muito
superior.
11. De facto:
Os arcos disparavam, em relação às
bestas, um número maior de setas.
O campo de batalha minado por
covas de lobo fez, por si só, grandes
estragos na cavalaria castelhana.
A famosa táctica do quadrado que
abria a formação do exército
português às tropas inimigas, para
depois as destroçar lateralmente,
revelou-se de grande eficácia.
Tudo isto explica, em parte, aquele
que consideramos o nosso maior
sucesso militar - a Batalha de
Aljubarrota.
12. Afastada por algum
tempo a ameaça
castelhana, tratava-se,
agora, de formalizar e
de fazer aceitar pelos
três Estados do Reino –
Nobreza, Clero e Povo –
a candidatura a Rei de
D. João, Mestre de Avis.
13. Com este fim, foram imediatamente convocadas, em 1385, as Cortes de Coimbra.
Aí, se distinguiu, na defesa dos argumentos jurídicos e de interesse nacional em
que assentava a candidatura do Mestre, um burguês lisboeta e homem de leis, Dr.
João das Regras. O Mestre da Ordem Militar de Avis tornava-se no rei
D. João I ( O de Boa Memória ) iniciando uma nova dinastia : A Dinastia de Avis
14. Até então tinham sido
frequentes os conflitos entre
nobres e reis, que degeneraram
por várias vezes em guerras
civis.
Mas, ao contrário de outras
guerras, como as que opuseram
no séc. XIII, D. Afonso III a seu
irmão D. Sancho II, ou as que
tiveram D. Afonso IV (pai) e D.
Pedro (filho) como opositores; a
partir de 1385 com a vitória da
pequena Aristocracia e da
Burguesia, nada ficou como
dantes.
15. Abriu-se rapidamente um
período de ajuste de contas entre
vencidos e vencedores. Entre ”
patriotas e traidores”.
Neste processo, o grupo social
mais beneficiado acedendo à
propriedade de terra, a títulos
nobiliários e a cargos da
administração pública, foi a
Burguesia.
Ao poder económico que, em
parte, já detinha acrescentava-se,
agora, um prestígio e uma
influência nunca antes
adquiridos.
16. À ascensão da Burguesia e
da nova Nobreza (de
pequena tornada grande)
correspondeu um declínio
das principais famílias
comprometidas com a
causa de Castela. A
confiscação dos seus bens
em benefício da Coroa
permitiu acentuar a
política de centralização
do poder real já ensaiada
nos séculos anteriores.