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MAQUETES COMO MATERIAL PEDAGÓGICO DE APOIO DIDÁTICO
             AO ENSINO DE DESENHO ARQUITETÔNICO
                             EIXO TEMÁTICO 2
   PALAVRAS-CHAVE: MAQUETES, MODELOS TRIDIMENSIONAIS,
REPRESENTAÇÃO DA ARQUITETURA, DESENHO ARQUITETÔNICO,
                    MATERIAL PEDAGÓGICO


      Artur Rozestraten, Aran Lopes dos Santos, Gabriel Negri Nilson,
             Luiz Felipe Amado da Cunha, Rainer Grassmann


                  Orientador Prof. Dr. Artur Rozestraten
                 Metodologia – Representação do projeto
                      Departamento de Tecnologia
                  Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
                       Universidade de São Paulo
                            São Paulo, Brasil
                            Rua do Lago, 876
                           Cidade Universitária
                                05508-080
                             55 11 30914570
                        artur.rozestraten@usp.br




                                                                        1
APRESENTAÇÃO

        Esta comunicação apresenta uma pesquisa em andamento com alunos bolsistas em
iniciação científica para criar desenhos e maquetes como material didático de apoio à
disciplina obrigatória AUT-0512 Desenho Arquitetônico, do primeiro ano da graduação do
curso de arquitetura e urbanismo da FAUUSP.
        A equipe de trabalho envolve quatro alunos, do segundo ano de graduação em
Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, bolsistas da Pró-reitoria de Graduação da
Universidade de São Paulo no programa “Ensinar com Pesquisa”. Esse programa iniciado
em 2007, e que conta atualmente com 800 bolsistas, é parte das ações da Universidade de
São Paulo para promover a convergência da pesquisa acadêmica e do ensino por meio de
projetos de iniciação científica que se dediquem ao enfrentamento de desafios para o
incremento do ensino de graduação na USP. Os alunos bolsistas, selecionados pela
Coordenadoria de Assistência Social da universidade prioritariamente dentre estudantes
com renda familiar mensal de até 5 (cinco) salários mínimos (cerca de U$ 1.337,00),
recebem uma bolsa anual no valor mensal de R$ 300,00 (cerca de U$ 172,00) e escolhem
os projetos de seu interesse. A seleção desses alunos considera, além do critério
econômico, seu desempenho acadêmico no curso, e a disponibilidade mínima de 8 horas
semanais para dedicação à pesquisa.
        O projeto que aqui se coloca consiste na confecção de maquetes de madeira a partir
de conjuntos completos de desenhos de arquitetura (plantas, cortes e elevações) em
AutoCAD, normatizados, de quatro residências projetadas por João Batista Vilanova Artigas
(1915-1985):

          1.   a “Casinha” (1942);
          2.   a Segunda Casa do Arquiteto (1949);
          3.   a Casa Baeta (1956);
          4.   a Casa Bittencourt 2 (1959).

        A escolha dessas 4 residências partiu da intenção de oferecer aos alunos
ingressantes exemplos para leituras comparativas entre esses exemplares bastante
significativos da arquitetura moderna brasileira, sua própria casa onde vive, outras casas
onde eventualmente já viveu, e sua nova casa, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
também projetada por Artigas. O propósito é que a aproximação dos alunos a diversas
obras do mesmo arquiteto estimule construir relações entre aspectos singulares e comuns
aos vários edifícios em questão.
        O material gráfico e os modelos tridimensionais resultantes desse projeto apoiarão
diretamente o desenvolvimento de exercícios de desenho, compreensão e interpretação do
espaço arquitetônico propostos aos alunos ingressantes na FAUUSP.
        Para o aprofundamento dos estudos e a fundamentação conceitual do material
pedagógico original em elaboração, a pesquisa envolveu a visita e o registro fotográfico das
casas, a contextualização histórica desses exemplares na produção da arquitetura moderna
no Brasil (Acayaba, 1986; Julio, 1987; Fundação Vilanova Artigas, 1993; Ferraz, 1994;
Kamita, 2000; Vilanova Artigas, 2003), a fundamentação teórica-conceitual de aspectos
relacionados à representação (Sainz, 2005; Ching e Juroszek, 2007; Derdyk, 2007) e a
elaboração dos critérios técnicos, artísticos e arquitetônicos que orientam o desenvolvimento
atual dos trabalhos de desenho e modelagem (Castilhos, 1959; Rolf, 1968; Mills, 2007).
        Em suma, este projeto associa a Iniciação Científica ao empenho da Universidade de
São Paulo e dos professores responsáveis pela disciplina nos últimos anos, convergindo na
concepção e construção de um material didático especialmente voltado ao ensino do
desenho como recurso de representação de conteúdos arquitetônicos indispensável aos
estudantes de graduação em Arquitetura e Urbanismo.


                                                                                           2
CONTEXTUALIZAÇÃO

        O ensino de desenho arquitetônico na prancheta, retomado em 2001 na FAUUSP,
tem sido fundamental para a capacitação dos alunos ingressantes no uso da representação
gráfica da arquitetura, no domínio técnico do desenho, na compreensão das relações entre
desenho e espaço arquitetônico, promovendo assim um entendimento mais claro da
natureza do desenho, que conduz ao reconhecimento de suas possibilidades e limitações, e
suas interações complementares com outros meios para registrar, elaborar e comunicar
conteúdos formais, construtivos e espaciais.
        A disciplina AUT-0512 Desenho Arquitetônico propõe aos alunos do primeiro ano da
graduação do curso de arquitetura e urbanismo da FAUUSP desenhar as plantas, cortes e
elevações de um edifício de pequeno porte, uma casa. O objetivo pedagógico é caracterizar
o desenho como recurso gráfico analítico para a comunicação de características
arquitetônicas no plano, e o apoio das normas como convenção histórica e social para a
comunicação gráfica.
        Essa disciplina é posterior a duas disciplinas básicas de Geometria Descritiva (PCC-
0201) e Geometria aplicada à produção arquitetônica (AUT-0510) e é pré-requisito para a
disciplina de Computação Gráfica (AUT-0514) que introduz o uso do computador como
ferramente de desenho geométrico e técnico com base no AutoCAD. De modo que o aluno
passa por uma formação de dois semestres de desenho à mão livre e com instrumentos
antes de lidar sistematicamente com os recursos eletrônicos de representação.
        A dinâmica da disciplina de Desenho Arquitetônico envolve em um primeiro momento
a aproximação dos alunos à arquitetura que irão desenhar, por meio de visita in loco, filme
ou conjunto de fotografias.
        Em seguida os alunos são estimulados a entrar em contato com os desenhos
originais da residência em estudo existentes no acervo da biblioteca da FAU: desenhos a
nanquim sobre papel vegetal e cópias heliográficas (Marques, 2001). Essa etapa de estudo
da arquitetura envolve também o contato com referências bibliográficas de apoio que
apresentem desenhos arquitetônicos diversos e os associem a considerações teóricas,
críticas e interpretações (Segawa, 1999; Mindlin, 2000; Bruand, 2003).
        Depois desse contato com a arquitetura e suas representações os alunos
familiarizam-se com os instrumentos de desenho na prancheta – régua paralela, esquadros,
gabaritos e lapiseiras –, assim como com a Norma Geral de Desenho Técnico (NBB), a
Norma de Execução de Desenho da Arquitetura (NB43) e a Norma de emprego em escala
de desenho técnico (NBR8402).
        A etapa seguinte é a apresentação de um roteiro para a sequência construtiva do
desenho que se inicia com a marcação dos eixos estruturais, o posicionamento da estrutura
e então, sucessivamente, a inserção dos vedos e vãos, escadas e rampas, diferenças de
piso, posicionamento de caixilhos, lay-out, até a finalização com a inserção de cotas e as
demais indicações de linhas de cortes e elevações. A intenção pedagógica é estabelecer um
paralelo direto que evidencie semelhanças e diferenças entre a construção do desenho e a
construção da arquitetura, entre a ocupação do espaço da folha e a ocupação do terreno,
entre a marcação do terreno com linhas e gabarito, e o posicionamento de eixos no papel
balizado pela régua paralela e esquadros.
        A partir de então, em aulas de ateliê, os alunos recebem a planta baixa da casa que
irão desenhar, impressas em folha A4 – sem escala matemática precisa apenas escala
gráfica –, cotada, e a reproduzem em folhas A1 em escala 1:50. A sequência de exercícios
envolve o mesmo procedimento para os desenhos da planta do pavimento superior, cortes,
elevações e perspectiva.
         A ênfase da disciplina é a relação entre o desenho e as características ambientais,
necessariamente tridimensionais, da arquitetura e do urbanismo, o que amplia o papel do
desenho no processo de conhecimento muito além da simples atividade mecânica de riscar
corretamente linhas no papel.

                                                                                          3
É justamente neste ponto que se concentram as maiores dificuldades dos alunos:
perceber a relação entre a representação bidimensional e o ambiente arquitetônico como
espaço tridimensional, entender o significado de certas convenções de desenho como
situações espaciais, associar o enfoque analítico do desenho arquitetônico à apreensão
sintética do espaço.
        Atualmente o corpo docente desta disciplina empenha-se em resolver dois aspectos
que dificultam o andamento dos exercícios e interferem no aproveitamento.
        O primeiro é a falta de padronização dos desenhos base apresentados aos alunos
como modelo. No acervo da disciplina existem alguns desenhos feitos à mão livre e outros
em AutoCAD, alguns desenhos em escala gráfica, outros em escala matemática e outros
ainda sem escala. Além dessas variações há ainda divergências de cotas e de dimensões
entre os vários desenhos.
        O segundo aspecto é a inexistência de maquetes das obras estudadas, feitas em
escala, que possam facilitar a compreensão dos alunos, tanto das qualidades arquitetônicas
das obras, quanto das convenções de passagem e representação entre espaço e plano.
        Para enfrentar estes aspectos, diretamente relacionados às dificuldades enfrentadas
pelos alunos, este projeto desenvolve um material pedagógico específico composto por:

      •   um conjunto padronizado, normatizado e cotado de desenhos arquitetônicos
          (plantas, cortes e elevações) de cada uma das quatro residências mencionadas
          feito no AutoCAD e impresso em escala gráfica para referenciar os desenhos que
          os alunos elaboram em escala 1:50.

      •   quatro maquetes didáticas destas mesmas obras, em madeira, em escala 1:25,
          com fins específicos de apoio à compreensão das relações entre desenho e
          espaço arquitetônico, isto é, ressaltando os elementos construtivos e expondo os
          planos de intersecção dos desenhos com a volumetria do objeto arquitetônico. Os
          planos de corte horizontais e verticais que seccionam a arquitetura e referenciam
          a composição de desenhos em planta e corte serão representados diretamente
          na maquete permitindo que os alunos “abram” o modelo e percebam as
          interações entre os planos de corte e a volumetria do objeto.

        Os alunos bolsistas que trabalham no projeto são graduandos do curso de arquitetura
e urbanismo da FAUUSP, já cumpriram a disciplina AUT-0512 Desenho Arquitetônico e já
cumpriram ou estão cumprindo a disciplina AUT-0514 Computação Gráfica.
        Cada aluno bolsista desenvolve desenhos e maquetes para uma casa ao longo dos
12 meses de Iniciação Científica. Aran Lopes dos Santos pesquisa a “Casinha” (1942);
Gabriel Negri Nilson, a Segunda Casa do Arquiteto (1949); Luiz Felipe Amado da Cunha, a
Casa Baeta (1956); e Rainer Grassmann, a Casa Bittencourt 2 (1959).
        As quatro obras de arquitetura em foco são edifícios de pequeno porte (Fig. 1 e Fig.
2), o que viabiliza a Iniciação Científica e também o desenvolvimento futuro do exercício na
dinâmica da disciplina ao longo de um semestre. São todas residências, o que aproxima o
aluno de seu repertório mais íntimo de vivências (a casa em que mora, as casas que
conhece, as que imagina, etc), e facilita a intuição e a compreensão de qualidades
arquitetônicas. Além disto, quando comparadas ao próprio edifício da FAU, também projeto
de Artigas (1962-69), permitem ao aluno acompanhar a diversidade da produção de um
arquiteto ao longo de três décadas fundamentais na história da arquitetura moderna no
Brasil. A cada edição da disciplina as quatro residências mencionadas poderão se revezar,
colocando em teste suas representações e possibilitando, em um processo contínuo de
experimentação, o aprimoramento gradual desse material didático.




                                                                                          4
Fig. 1: Entrada da garagem da “Casinha”, residência do próprio arquiteto João Batista Vilanova Artigas,
  projetada em 1942, no Campo Belo em São Paulo, capital. Fonte: fotografia de autor desconhecido.




  Fig. 2: Escada da Casa Baeta, projetada por João Batista Vilanova Artigas, em São Paulo, capital
                       (1956). Fonte: Luiz Felipe Amado da Cunha.




                                                                                                      5
OBJETIVOS

       Para atingir o objetivo geral deste projeto já se cumpriu os seguintes objetivos
específicos:

       •    A visita às obras mencionadas para a experiência direta do ambiente
           arquitetônico e para o registro fotográfico sistemático das casas;
       •   O levantamento da documentação gráfica existente a respeito das residências
           nos arquivos da biblioteca da FAU, e na bibliografia específica relacionada no
           item 7 deste projeto;
       •   O estudo comparativo dos vários desenhos distintos existentes sobre uma
           mesma obra (Projetos Legais, Projetos Executivos, Desenhos referenciados na
           obra construída) para a identificação de compatibilidades e incompatibilidades;
       •   A revisão crítica dos desenhos existentes a partir da visita e do levantamento
           fotográfico realizados;
       •   O redesenho normatizado de plantas, cortes e elevações em AutoCAD, com
           especial atenção para: definir eixos estruturais e linhas de corte; compatibilizar e
           arredondar cotas compatíveis com a escala 1:50; explorar a ausência pedagógica
           de certas cotas (exigindo que o aluno deduza certas medidas); padronizar
           espessuras de linhas, camadas de desenho (layers) e hachuras;
       •   O desenvolvimento do estudo preliminar do projeto das maquetes atentando
           para: a característica específica desta maquete como modelo de estudo do
           espaço e das intersecções dos planos de corte do desenho sobre o objeto; a
           complementaridade de informações entre desenhos e modelo tridimensional; a
           ênfase na relação construtiva entre modelo e obra, salientando estrutura, vedos e
           vãos, pisos e coberturas;
       •   A montagem das bases de apoio das maquetes;
       •   A confecção de maquetes de estudo em escala 1:100, em cartão, para estudo
           volumétrico;
       •   A confecção de maquetes de estudo em escala 1:25 em papelão de caixa para
           estudo completo de peças e planejamento da montagem em madeira;
       •   A definição de espessuras de madeira, tipo de madeira, soluções técnicas de
           colagem e encaixe, e a especificação e quantificação do material para execução
           das maquetes finais.

        No momento a equipe de pesquisa acompanha pela primeira vez uma edição da
disciplina de Desenho Arquitetônico da FAUUSP com a aplicação de exercícios apoiados no
material desenvolvido, o que possibilita um registro sistemático da prática para avaliação
pedagógica e eventuais revisões críticas. No caso, ao longo desse segundo semestre de
2009, a turma de alunos trabalha sobre a Casa Baeta.
        A próxima etapa de trabalho, que é a última, envolve a confecção das maquetes
finais em madeira.




                                                                                             6
MEMÓRIA DO TRABALHO E CRONOGRAMA

       Os primeiros dois meses de trabalho envolveram visita às obras para o registro
fotográfico, levantamento da documentação gráfica existente a respeito das residências nos
arquivos da biblioteca da FAU, e estudo da bibliografia.
       O segundo bimestre envolveu o estudo comparativo dos desenhos existentes, sua
revisão crítica e o redesenho normatizado de plantas, cortes e elevações em AutoCAD.
       Os quatro meses seguintes envolveram trabalhos de modelagem de estudo e
planejamento do processo de produção das maquetes finais.
       Esses últimos quatro meses envolvem:

       •   o acompanhamento da primeira edição da disciplina com a monitoria dos alunos
           bolsistas e o apoio dos desenhos revisados pelo projeto;
       •   a comunicação do projeto em andamento em eventos científicos como o XIII
           ArquiSur e o 17º SIICUSP, Simpósio Internacional de Iniciação Científica
           promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo ocasiões
           nas quais os alunos bolsistas e o orientador poderão conhecer e dialogar com
           outros colegas pesquisadores, professores, e público visitante, o que sempre
           resulta em uma perspectiva crítica sobre o próprio projeto;
       •   a construção das maquetes finais em madeira.

       A previsão de conclusão desse projeto é fevereiro de 2010 quando as quatro
maquetes prontas serão levadas para o ateliê dos alunos do primeiro ano de graduação, e
os arquivos eletrônicos dos desenhos em AutoCAD serão reunidos a conjuntos impressos,
fotografias das obras e fotografias das maquetes para a composição do relatório final da
pesquisa que já poderá conter uma análise crítica do uso prático do material desenvolvido.


       ASPECTOS METODOLÓGICOS

        O trabalho dos alunos em Iniciação Científica conta com o apoio direto de
infraestrutura do Laboratório de informática, do Laboratório de Produção Gráfica (LPG) e do
Laboratório de Modelos e Ensaios (LAME) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo.
        A Biblioteca da FAU também apoia o desenvolvimento do projeto facilitando o acesso
aos desenhos originais assim como aos arquivos eletrônicos desses desenhos digitalizados.
        Todo o trabalho de modelagem está sendo feito no LAME, com a supervisão de
técnicos especializados, e o uso seguro de instrumentos e máquinas adequados para o
trabalho com madeira. A confecção das maquetes finais usará além da madeira em chapa
(compensada e MDF), alguns elementos em madeira maciça e em acrílico transparente, e
sempre que possível reaproveitando retalhos e sobras de madeira existentes no próprio
laboratório.




                                                                                         7
CONSIDERAÇÕES FINAIS

        Como dito, uma parte do material produzido pelos alunos bolsistas em Iniciação
Científica ao longo do primeiro semestre de 2009 já está sendo usado na edição da
disciplina AUT-0512 Desenho Arquitetônico ao longo desse segundo semestre. A Casa
Baeta está sendo o objeto de estudo da disciplina nesse momento e o aluno responsável
por seu desenvolvimento, Luiz Felipe Amada da Cunha, é atualmente monitor junto ao
curso, acompanhando as aulas e os trabalhos no ateliê, registrando em fotografias o
trabalho dos colegas, e revisando o material que produziu.
        Esse breve acompanhamento da disciplina já permitiu à equipe de pesquisa em
diálogo com o grupo de docentes esboçar um desdobramento para projetos futuros
complementares a esse.
        Em primeiro lugar, a composição de filmes sobre essas casas com um olhar
especialmente atento às configurações espaciais, à relação da arquitetura com o terreno e o
entorno, e aos detalhes construtivos. Esses filme proporcionariam um “passeio
arquitetônico” complementar à visita in loco, e reforçariam a interação entre diferentes meios
como o desenho, a modelagem, a fotografia e o filme.
        Uma interação mais intensa com a Internet também merece estudos cuidadosos e
pode enriquecer bastante a dinâmica da disciplina.
        Outro aspecto que também surgiu das reflexões conduzidas ao longo desse
semestre, e que poderá ser trabalhado em um próximo semestre, é a intensificação do
estudo da casa reforçando o contato visual diário com a arquitetura estudada. Isso poderia
ser feito, por exemplo, dispondo nas paredes do ateliê imagens fotográficas em grande
formato assim como conjuntos completos de desenhos técnicos que poderão ser
relacionados às maquetes diariamente presentes no estúdio.
        Enfim, este projeto busca conciliar a Iniciação Científica – experiência altamente
estimulante na formação de futuros pesquisadores – ao projeto e produção de um material
didático específico, tão necessário ao ensino de Desenho Arquitetônico na graduação da
FAUUSP. Espera-se que esta experiência venha enriquecer, em diferentes instâncias, a
formação dos alunos bolsistas, dos professores, e dos demais alunos, futuros arquitetos e
urbanistas.




                                                                                            8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acayaba, M. (1986) Residências em São Paulo 1947-1975. Projeto, Grupo Eucatex, São
        Paulo.
Bruand, Y. (2003) Arquitetura Contemporânea no Brasil. Editora Perspectiva, São Paulo.
Castilhos, J. R. de. (1959) O Modelo tridimensional no ensino da arquitetura. Tese de
        concurso para a cadeira de modelagem da Faculdade de Arquitetura da
        Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre
Ching, F.D.K. e Juroszek, S.P. (2007) Representação gráfica para desenho e projeto.
        Editorial Gustavo Gili, Barcelona.
Derdyk, E. (org.). (2007) Disegno. Desenho. Desígnio. Editora SENAC São Paulo, São
        Paulo.
Ferraz, M. (org.). (1994) Vilanova Artigas. Fundação Vilanova Artigas, Instituto Lina Bo e
        Pietro Maria Bardi, São Paulo.
Fundação Vilanova Artigas. (1993) Casas de Artigas. apresentação Fábio Penteado;
        introdução Dalva Thomaz. FVA, São Paulo.
Julio, R. (1987) Vilanova Artigas. FAU, São Paulo.
Kamita, J. M. (2000) Vilanova Artigas. Cosac & Naify, São Paulo.
Marques, E.A. (2001) O acervo Vilanova Artigas no SIBI-FAUUSP. Casa da Cerca, Almada.
Mills, C.B. (2007) Projetando com maquetes. Artmed, Porto Alegre.
Mindlin, H. E. (2000) Arquitetura moderna no Brasil. Aeroplano Editora, IPHAN, Rio de
        Janeiro.
Rolf, J. (1968) Architectural Models. Thames and Hudson, Londres.
Sainz, J. (2005) El dibujo de arquitectura. Teoría e historia de un lenguaje gráfico. Editorial
        Reverté, Barcelona.
Segawa, H. (1999). Arquiteturas no Brasil 1900-1990. Edusp, São Paulo.
Vilanova Artigas. (2003) Catálogo de Exposição. Julio Katinsky (curador); Rosa Artigas e
        Ruy Ohtake (coordenadores). São Paulo, Instituto Tomie Ohtake.




                                                                                             9

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Comunicação XIII Arquisur Maquetes

  • 1. MAQUETES COMO MATERIAL PEDAGÓGICO DE APOIO DIDÁTICO AO ENSINO DE DESENHO ARQUITETÔNICO EIXO TEMÁTICO 2 PALAVRAS-CHAVE: MAQUETES, MODELOS TRIDIMENSIONAIS, REPRESENTAÇÃO DA ARQUITETURA, DESENHO ARQUITETÔNICO, MATERIAL PEDAGÓGICO Artur Rozestraten, Aran Lopes dos Santos, Gabriel Negri Nilson, Luiz Felipe Amado da Cunha, Rainer Grassmann Orientador Prof. Dr. Artur Rozestraten Metodologia – Representação do projeto Departamento de Tecnologia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo São Paulo, Brasil Rua do Lago, 876 Cidade Universitária 05508-080 55 11 30914570 artur.rozestraten@usp.br 1
  • 2. APRESENTAÇÃO Esta comunicação apresenta uma pesquisa em andamento com alunos bolsistas em iniciação científica para criar desenhos e maquetes como material didático de apoio à disciplina obrigatória AUT-0512 Desenho Arquitetônico, do primeiro ano da graduação do curso de arquitetura e urbanismo da FAUUSP. A equipe de trabalho envolve quatro alunos, do segundo ano de graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, bolsistas da Pró-reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo no programa “Ensinar com Pesquisa”. Esse programa iniciado em 2007, e que conta atualmente com 800 bolsistas, é parte das ações da Universidade de São Paulo para promover a convergência da pesquisa acadêmica e do ensino por meio de projetos de iniciação científica que se dediquem ao enfrentamento de desafios para o incremento do ensino de graduação na USP. Os alunos bolsistas, selecionados pela Coordenadoria de Assistência Social da universidade prioritariamente dentre estudantes com renda familiar mensal de até 5 (cinco) salários mínimos (cerca de U$ 1.337,00), recebem uma bolsa anual no valor mensal de R$ 300,00 (cerca de U$ 172,00) e escolhem os projetos de seu interesse. A seleção desses alunos considera, além do critério econômico, seu desempenho acadêmico no curso, e a disponibilidade mínima de 8 horas semanais para dedicação à pesquisa. O projeto que aqui se coloca consiste na confecção de maquetes de madeira a partir de conjuntos completos de desenhos de arquitetura (plantas, cortes e elevações) em AutoCAD, normatizados, de quatro residências projetadas por João Batista Vilanova Artigas (1915-1985): 1. a “Casinha” (1942); 2. a Segunda Casa do Arquiteto (1949); 3. a Casa Baeta (1956); 4. a Casa Bittencourt 2 (1959). A escolha dessas 4 residências partiu da intenção de oferecer aos alunos ingressantes exemplos para leituras comparativas entre esses exemplares bastante significativos da arquitetura moderna brasileira, sua própria casa onde vive, outras casas onde eventualmente já viveu, e sua nova casa, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, também projetada por Artigas. O propósito é que a aproximação dos alunos a diversas obras do mesmo arquiteto estimule construir relações entre aspectos singulares e comuns aos vários edifícios em questão. O material gráfico e os modelos tridimensionais resultantes desse projeto apoiarão diretamente o desenvolvimento de exercícios de desenho, compreensão e interpretação do espaço arquitetônico propostos aos alunos ingressantes na FAUUSP. Para o aprofundamento dos estudos e a fundamentação conceitual do material pedagógico original em elaboração, a pesquisa envolveu a visita e o registro fotográfico das casas, a contextualização histórica desses exemplares na produção da arquitetura moderna no Brasil (Acayaba, 1986; Julio, 1987; Fundação Vilanova Artigas, 1993; Ferraz, 1994; Kamita, 2000; Vilanova Artigas, 2003), a fundamentação teórica-conceitual de aspectos relacionados à representação (Sainz, 2005; Ching e Juroszek, 2007; Derdyk, 2007) e a elaboração dos critérios técnicos, artísticos e arquitetônicos que orientam o desenvolvimento atual dos trabalhos de desenho e modelagem (Castilhos, 1959; Rolf, 1968; Mills, 2007). Em suma, este projeto associa a Iniciação Científica ao empenho da Universidade de São Paulo e dos professores responsáveis pela disciplina nos últimos anos, convergindo na concepção e construção de um material didático especialmente voltado ao ensino do desenho como recurso de representação de conteúdos arquitetônicos indispensável aos estudantes de graduação em Arquitetura e Urbanismo. 2
  • 3. CONTEXTUALIZAÇÃO O ensino de desenho arquitetônico na prancheta, retomado em 2001 na FAUUSP, tem sido fundamental para a capacitação dos alunos ingressantes no uso da representação gráfica da arquitetura, no domínio técnico do desenho, na compreensão das relações entre desenho e espaço arquitetônico, promovendo assim um entendimento mais claro da natureza do desenho, que conduz ao reconhecimento de suas possibilidades e limitações, e suas interações complementares com outros meios para registrar, elaborar e comunicar conteúdos formais, construtivos e espaciais. A disciplina AUT-0512 Desenho Arquitetônico propõe aos alunos do primeiro ano da graduação do curso de arquitetura e urbanismo da FAUUSP desenhar as plantas, cortes e elevações de um edifício de pequeno porte, uma casa. O objetivo pedagógico é caracterizar o desenho como recurso gráfico analítico para a comunicação de características arquitetônicas no plano, e o apoio das normas como convenção histórica e social para a comunicação gráfica. Essa disciplina é posterior a duas disciplinas básicas de Geometria Descritiva (PCC- 0201) e Geometria aplicada à produção arquitetônica (AUT-0510) e é pré-requisito para a disciplina de Computação Gráfica (AUT-0514) que introduz o uso do computador como ferramente de desenho geométrico e técnico com base no AutoCAD. De modo que o aluno passa por uma formação de dois semestres de desenho à mão livre e com instrumentos antes de lidar sistematicamente com os recursos eletrônicos de representação. A dinâmica da disciplina de Desenho Arquitetônico envolve em um primeiro momento a aproximação dos alunos à arquitetura que irão desenhar, por meio de visita in loco, filme ou conjunto de fotografias. Em seguida os alunos são estimulados a entrar em contato com os desenhos originais da residência em estudo existentes no acervo da biblioteca da FAU: desenhos a nanquim sobre papel vegetal e cópias heliográficas (Marques, 2001). Essa etapa de estudo da arquitetura envolve também o contato com referências bibliográficas de apoio que apresentem desenhos arquitetônicos diversos e os associem a considerações teóricas, críticas e interpretações (Segawa, 1999; Mindlin, 2000; Bruand, 2003). Depois desse contato com a arquitetura e suas representações os alunos familiarizam-se com os instrumentos de desenho na prancheta – régua paralela, esquadros, gabaritos e lapiseiras –, assim como com a Norma Geral de Desenho Técnico (NBB), a Norma de Execução de Desenho da Arquitetura (NB43) e a Norma de emprego em escala de desenho técnico (NBR8402). A etapa seguinte é a apresentação de um roteiro para a sequência construtiva do desenho que se inicia com a marcação dos eixos estruturais, o posicionamento da estrutura e então, sucessivamente, a inserção dos vedos e vãos, escadas e rampas, diferenças de piso, posicionamento de caixilhos, lay-out, até a finalização com a inserção de cotas e as demais indicações de linhas de cortes e elevações. A intenção pedagógica é estabelecer um paralelo direto que evidencie semelhanças e diferenças entre a construção do desenho e a construção da arquitetura, entre a ocupação do espaço da folha e a ocupação do terreno, entre a marcação do terreno com linhas e gabarito, e o posicionamento de eixos no papel balizado pela régua paralela e esquadros. A partir de então, em aulas de ateliê, os alunos recebem a planta baixa da casa que irão desenhar, impressas em folha A4 – sem escala matemática precisa apenas escala gráfica –, cotada, e a reproduzem em folhas A1 em escala 1:50. A sequência de exercícios envolve o mesmo procedimento para os desenhos da planta do pavimento superior, cortes, elevações e perspectiva. A ênfase da disciplina é a relação entre o desenho e as características ambientais, necessariamente tridimensionais, da arquitetura e do urbanismo, o que amplia o papel do desenho no processo de conhecimento muito além da simples atividade mecânica de riscar corretamente linhas no papel. 3
  • 4. É justamente neste ponto que se concentram as maiores dificuldades dos alunos: perceber a relação entre a representação bidimensional e o ambiente arquitetônico como espaço tridimensional, entender o significado de certas convenções de desenho como situações espaciais, associar o enfoque analítico do desenho arquitetônico à apreensão sintética do espaço. Atualmente o corpo docente desta disciplina empenha-se em resolver dois aspectos que dificultam o andamento dos exercícios e interferem no aproveitamento. O primeiro é a falta de padronização dos desenhos base apresentados aos alunos como modelo. No acervo da disciplina existem alguns desenhos feitos à mão livre e outros em AutoCAD, alguns desenhos em escala gráfica, outros em escala matemática e outros ainda sem escala. Além dessas variações há ainda divergências de cotas e de dimensões entre os vários desenhos. O segundo aspecto é a inexistência de maquetes das obras estudadas, feitas em escala, que possam facilitar a compreensão dos alunos, tanto das qualidades arquitetônicas das obras, quanto das convenções de passagem e representação entre espaço e plano. Para enfrentar estes aspectos, diretamente relacionados às dificuldades enfrentadas pelos alunos, este projeto desenvolve um material pedagógico específico composto por: • um conjunto padronizado, normatizado e cotado de desenhos arquitetônicos (plantas, cortes e elevações) de cada uma das quatro residências mencionadas feito no AutoCAD e impresso em escala gráfica para referenciar os desenhos que os alunos elaboram em escala 1:50. • quatro maquetes didáticas destas mesmas obras, em madeira, em escala 1:25, com fins específicos de apoio à compreensão das relações entre desenho e espaço arquitetônico, isto é, ressaltando os elementos construtivos e expondo os planos de intersecção dos desenhos com a volumetria do objeto arquitetônico. Os planos de corte horizontais e verticais que seccionam a arquitetura e referenciam a composição de desenhos em planta e corte serão representados diretamente na maquete permitindo que os alunos “abram” o modelo e percebam as interações entre os planos de corte e a volumetria do objeto. Os alunos bolsistas que trabalham no projeto são graduandos do curso de arquitetura e urbanismo da FAUUSP, já cumpriram a disciplina AUT-0512 Desenho Arquitetônico e já cumpriram ou estão cumprindo a disciplina AUT-0514 Computação Gráfica. Cada aluno bolsista desenvolve desenhos e maquetes para uma casa ao longo dos 12 meses de Iniciação Científica. Aran Lopes dos Santos pesquisa a “Casinha” (1942); Gabriel Negri Nilson, a Segunda Casa do Arquiteto (1949); Luiz Felipe Amado da Cunha, a Casa Baeta (1956); e Rainer Grassmann, a Casa Bittencourt 2 (1959). As quatro obras de arquitetura em foco são edifícios de pequeno porte (Fig. 1 e Fig. 2), o que viabiliza a Iniciação Científica e também o desenvolvimento futuro do exercício na dinâmica da disciplina ao longo de um semestre. São todas residências, o que aproxima o aluno de seu repertório mais íntimo de vivências (a casa em que mora, as casas que conhece, as que imagina, etc), e facilita a intuição e a compreensão de qualidades arquitetônicas. Além disto, quando comparadas ao próprio edifício da FAU, também projeto de Artigas (1962-69), permitem ao aluno acompanhar a diversidade da produção de um arquiteto ao longo de três décadas fundamentais na história da arquitetura moderna no Brasil. A cada edição da disciplina as quatro residências mencionadas poderão se revezar, colocando em teste suas representações e possibilitando, em um processo contínuo de experimentação, o aprimoramento gradual desse material didático. 4
  • 5. Fig. 1: Entrada da garagem da “Casinha”, residência do próprio arquiteto João Batista Vilanova Artigas, projetada em 1942, no Campo Belo em São Paulo, capital. Fonte: fotografia de autor desconhecido. Fig. 2: Escada da Casa Baeta, projetada por João Batista Vilanova Artigas, em São Paulo, capital (1956). Fonte: Luiz Felipe Amado da Cunha. 5
  • 6. OBJETIVOS Para atingir o objetivo geral deste projeto já se cumpriu os seguintes objetivos específicos: • A visita às obras mencionadas para a experiência direta do ambiente arquitetônico e para o registro fotográfico sistemático das casas; • O levantamento da documentação gráfica existente a respeito das residências nos arquivos da biblioteca da FAU, e na bibliografia específica relacionada no item 7 deste projeto; • O estudo comparativo dos vários desenhos distintos existentes sobre uma mesma obra (Projetos Legais, Projetos Executivos, Desenhos referenciados na obra construída) para a identificação de compatibilidades e incompatibilidades; • A revisão crítica dos desenhos existentes a partir da visita e do levantamento fotográfico realizados; • O redesenho normatizado de plantas, cortes e elevações em AutoCAD, com especial atenção para: definir eixos estruturais e linhas de corte; compatibilizar e arredondar cotas compatíveis com a escala 1:50; explorar a ausência pedagógica de certas cotas (exigindo que o aluno deduza certas medidas); padronizar espessuras de linhas, camadas de desenho (layers) e hachuras; • O desenvolvimento do estudo preliminar do projeto das maquetes atentando para: a característica específica desta maquete como modelo de estudo do espaço e das intersecções dos planos de corte do desenho sobre o objeto; a complementaridade de informações entre desenhos e modelo tridimensional; a ênfase na relação construtiva entre modelo e obra, salientando estrutura, vedos e vãos, pisos e coberturas; • A montagem das bases de apoio das maquetes; • A confecção de maquetes de estudo em escala 1:100, em cartão, para estudo volumétrico; • A confecção de maquetes de estudo em escala 1:25 em papelão de caixa para estudo completo de peças e planejamento da montagem em madeira; • A definição de espessuras de madeira, tipo de madeira, soluções técnicas de colagem e encaixe, e a especificação e quantificação do material para execução das maquetes finais. No momento a equipe de pesquisa acompanha pela primeira vez uma edição da disciplina de Desenho Arquitetônico da FAUUSP com a aplicação de exercícios apoiados no material desenvolvido, o que possibilita um registro sistemático da prática para avaliação pedagógica e eventuais revisões críticas. No caso, ao longo desse segundo semestre de 2009, a turma de alunos trabalha sobre a Casa Baeta. A próxima etapa de trabalho, que é a última, envolve a confecção das maquetes finais em madeira. 6
  • 7. MEMÓRIA DO TRABALHO E CRONOGRAMA Os primeiros dois meses de trabalho envolveram visita às obras para o registro fotográfico, levantamento da documentação gráfica existente a respeito das residências nos arquivos da biblioteca da FAU, e estudo da bibliografia. O segundo bimestre envolveu o estudo comparativo dos desenhos existentes, sua revisão crítica e o redesenho normatizado de plantas, cortes e elevações em AutoCAD. Os quatro meses seguintes envolveram trabalhos de modelagem de estudo e planejamento do processo de produção das maquetes finais. Esses últimos quatro meses envolvem: • o acompanhamento da primeira edição da disciplina com a monitoria dos alunos bolsistas e o apoio dos desenhos revisados pelo projeto; • a comunicação do projeto em andamento em eventos científicos como o XIII ArquiSur e o 17º SIICUSP, Simpósio Internacional de Iniciação Científica promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo ocasiões nas quais os alunos bolsistas e o orientador poderão conhecer e dialogar com outros colegas pesquisadores, professores, e público visitante, o que sempre resulta em uma perspectiva crítica sobre o próprio projeto; • a construção das maquetes finais em madeira. A previsão de conclusão desse projeto é fevereiro de 2010 quando as quatro maquetes prontas serão levadas para o ateliê dos alunos do primeiro ano de graduação, e os arquivos eletrônicos dos desenhos em AutoCAD serão reunidos a conjuntos impressos, fotografias das obras e fotografias das maquetes para a composição do relatório final da pesquisa que já poderá conter uma análise crítica do uso prático do material desenvolvido. ASPECTOS METODOLÓGICOS O trabalho dos alunos em Iniciação Científica conta com o apoio direto de infraestrutura do Laboratório de informática, do Laboratório de Produção Gráfica (LPG) e do Laboratório de Modelos e Ensaios (LAME) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. A Biblioteca da FAU também apoia o desenvolvimento do projeto facilitando o acesso aos desenhos originais assim como aos arquivos eletrônicos desses desenhos digitalizados. Todo o trabalho de modelagem está sendo feito no LAME, com a supervisão de técnicos especializados, e o uso seguro de instrumentos e máquinas adequados para o trabalho com madeira. A confecção das maquetes finais usará além da madeira em chapa (compensada e MDF), alguns elementos em madeira maciça e em acrílico transparente, e sempre que possível reaproveitando retalhos e sobras de madeira existentes no próprio laboratório. 7
  • 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como dito, uma parte do material produzido pelos alunos bolsistas em Iniciação Científica ao longo do primeiro semestre de 2009 já está sendo usado na edição da disciplina AUT-0512 Desenho Arquitetônico ao longo desse segundo semestre. A Casa Baeta está sendo o objeto de estudo da disciplina nesse momento e o aluno responsável por seu desenvolvimento, Luiz Felipe Amada da Cunha, é atualmente monitor junto ao curso, acompanhando as aulas e os trabalhos no ateliê, registrando em fotografias o trabalho dos colegas, e revisando o material que produziu. Esse breve acompanhamento da disciplina já permitiu à equipe de pesquisa em diálogo com o grupo de docentes esboçar um desdobramento para projetos futuros complementares a esse. Em primeiro lugar, a composição de filmes sobre essas casas com um olhar especialmente atento às configurações espaciais, à relação da arquitetura com o terreno e o entorno, e aos detalhes construtivos. Esses filme proporcionariam um “passeio arquitetônico” complementar à visita in loco, e reforçariam a interação entre diferentes meios como o desenho, a modelagem, a fotografia e o filme. Uma interação mais intensa com a Internet também merece estudos cuidadosos e pode enriquecer bastante a dinâmica da disciplina. Outro aspecto que também surgiu das reflexões conduzidas ao longo desse semestre, e que poderá ser trabalhado em um próximo semestre, é a intensificação do estudo da casa reforçando o contato visual diário com a arquitetura estudada. Isso poderia ser feito, por exemplo, dispondo nas paredes do ateliê imagens fotográficas em grande formato assim como conjuntos completos de desenhos técnicos que poderão ser relacionados às maquetes diariamente presentes no estúdio. Enfim, este projeto busca conciliar a Iniciação Científica – experiência altamente estimulante na formação de futuros pesquisadores – ao projeto e produção de um material didático específico, tão necessário ao ensino de Desenho Arquitetônico na graduação da FAUUSP. Espera-se que esta experiência venha enriquecer, em diferentes instâncias, a formação dos alunos bolsistas, dos professores, e dos demais alunos, futuros arquitetos e urbanistas. 8
  • 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Acayaba, M. (1986) Residências em São Paulo 1947-1975. Projeto, Grupo Eucatex, São Paulo. Bruand, Y. (2003) Arquitetura Contemporânea no Brasil. Editora Perspectiva, São Paulo. Castilhos, J. R. de. (1959) O Modelo tridimensional no ensino da arquitetura. Tese de concurso para a cadeira de modelagem da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre Ching, F.D.K. e Juroszek, S.P. (2007) Representação gráfica para desenho e projeto. Editorial Gustavo Gili, Barcelona. Derdyk, E. (org.). (2007) Disegno. Desenho. Desígnio. Editora SENAC São Paulo, São Paulo. Ferraz, M. (org.). (1994) Vilanova Artigas. Fundação Vilanova Artigas, Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi, São Paulo. Fundação Vilanova Artigas. (1993) Casas de Artigas. apresentação Fábio Penteado; introdução Dalva Thomaz. FVA, São Paulo. Julio, R. (1987) Vilanova Artigas. FAU, São Paulo. Kamita, J. M. (2000) Vilanova Artigas. Cosac & Naify, São Paulo. Marques, E.A. (2001) O acervo Vilanova Artigas no SIBI-FAUUSP. Casa da Cerca, Almada. Mills, C.B. (2007) Projetando com maquetes. Artmed, Porto Alegre. Mindlin, H. E. (2000) Arquitetura moderna no Brasil. Aeroplano Editora, IPHAN, Rio de Janeiro. Rolf, J. (1968) Architectural Models. Thames and Hudson, Londres. Sainz, J. (2005) El dibujo de arquitectura. Teoría e historia de un lenguaje gráfico. Editorial Reverté, Barcelona. Segawa, H. (1999). Arquiteturas no Brasil 1900-1990. Edusp, São Paulo. Vilanova Artigas. (2003) Catálogo de Exposição. Julio Katinsky (curador); Rosa Artigas e Ruy Ohtake (coordenadores). São Paulo, Instituto Tomie Ohtake. 9