O documento discute as causas da indisciplina escolar segundo o autor Julio Groppa Aquino. Ele refuta as explicações mais comuns como falta de limites dos alunos ou concorrência da mídia, e propõe que a indisciplina sinaliza problemas pedagógicos. O autor defende que os professores devem questionar suas crenças e práticas para enfrentar a indisciplina de forma ética e com foco no conhecimento.
1. A INDISCIPLINA E A ESCOLA ATUAL, JÚLIO GROPPA AQUINO: E-BOOK RESUMO E MAPAS MENTAIS
Rosana Rogeri
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2. ÍNDICE
Sobre o texto …………………………………………………………………….………….3
Introdução ……………………………………………………………………..…………… 6
Mapa mental do texto ………………………………………………………………………9
A primeira hipótese: o aluno “desrespeitador”………………………………………….10
Mapa mental aluno desrespeitador ……………………………………………………..12
A segunda hipótese: o aluno “sem limites” …………………………………………….13
Mapa mental aluno “sem limites”………………………………………………………..15
A terceira hipótese: o aluno “desinteressado”…………………………………………..16
Mapa mental aluno desinteressado …………………………………….......................18
Uma leitura pedagógica da indisciplina escolar e outros ……………………………..19
Mapa mental uma leitura pedagógica …………………………..………………………21
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3. SOBRE O TEXTO
A indisciplina escolar caracteriza-se como um problema discutido em todos os âmbitos educacionais. O professor Julio Groppa Aquino, da faculdade de educação da USP têm vários livros sobre indisciplina publicados sobre o assunto, textos geralmente cobrados em concursos públicos.
Uma forma interessante de se iniciar no entendimento do pensamento de determinado autor é ler/ver/ouvir entrevistas com ele. Encontrei duas entrevistas que podem nos dar uma pequena ideia do que é defendido por Aquino: uma do Zero Hora , e outra do blog de Rosely Sayão. Vale a pena conferir os comentários também.
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4. Vou fazer aqui um resumo geral de um texto de Aquino de 1997. O Texto tem uma linguagem simples e vocês podem acessá-lo, caso prefiram pegá-lo à unha. Este resumo tem os mapas mentais elaborados a partir da leitura, acredito que é uma forma muito interessante de estudar.
O texto refere-se à uma versão ampliada do roteiro da vídeo/palestra "A indisciplina e a escola atual" de 1997 na FDE/SP da qual o professor fez parte.
É uma explanação geral sobre indisciplina, Aquino defende que a indisciplina e o baixo aproveitamento escolar são impasses para a escola no Brasil. Faz uma descrição detalhada do aluno problema e divide esse conceito em três: aluno "desrespeitador", aluno "sem limites" e aluno "desinteressado".
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5. Em cada uma dessas denominações, o autor procura desconstruir as explicações mais comuns nos meios educacionais para a indisciplina, tais como "a estruturação escolar do passado, problemas psicológicos e sociais, a permissividade da família, o desinteresse pela escola, o apelo de outros meios de comunicação etc."
Após essa desconstrução, em que usa argumentos muito contundentes, Aquino promove uma leitura pedagógica da indisciplina, propõe algumas premissas pedagógicas fundamentais e as cinco regras éticas do trabalho docente.
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6. INTRODUÇÃO
Na introdução do texto, Aquino propõe uma reflexão sobre a crise da educação. Defendendo que todos sabemos da sua presença, pois observa-se um mal estar geral em relação à educação, mas não sabemos a sua extensão nem a sua razão, pelo menos não a fundo. O indícios dessa crise podem ser analisados pelo fato de que os alunos não cumprem sua escolaridade obrigatória, a maioria das pessoas tem história de inadequação ou insucesso na escola e o fato de os índices brasileiros de evasão e repetência serem semelhantes aos da Nigéria ou Sudão.
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7. Com o que foi exposto acima, verificamos o fracasso escolar (alunos não terminam a escola) e o fracasso dos incluídos (alunos com história de insucesso). O Brasil, em relação à economia, pode ser comparado a países da Europa ou Ásia, enquanto em relação à educação a países da África. Isso gera um mal estar geral e a uma falta aguda de credibilidade no professor enquanto profissional. O autor defende também que sem escola não há cidadania sustentável e o cidadão não tem acesso aos direitos constituídos, além do fato de que o mundo será implacável contra os sem escolaridade. Ao descrever o aluno problema, Aquino diz que esse aluno padece de distúrbios pedagógicos, cognitivos ou comportamentais. Esses problemas geram obstáculos à ação docente: a indisciplina e o baixo rendimento. Segundo o autor, existe uma contradição quando se defende que o sucesso escolar seja fruto da ação docente e o fracasso escolar seja produto de outras instâncias.
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8. Ou tudo, tanto fracasso quanto sucesso, é fruto da ação docente, ou tudo fruto de outras instâncias, o que torna inviável até mesmo o conceito de escola. Na entrevista do Zero hora o autor diz: "Todos dizem que educar virou uma missão impossível. Então, fecha a bodega." Dessa forma, temos um problema ético: seria o mesmo que dizer que o problema da medicina são as novas doenças.
O aluno problema deveria se configurar como uma oportunidade de crescimento profissional, pois é nas grandes adversidades que todo profissional desenvolve melhor suas habilidades. Precisamos rever nossos conceitos, procurando alternativas e não justificativas para a indisciplina escolar.
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10. A PRIMEIRA HIPÓTESE EXPLICATIVA: O ALUNO “DESRESPEITADOR”
A primeira hipótese a ser desconstruída por Aquino é a do aluno desrespeitador, caracterizada pela crença em que o aluno de antigamente era mais respeitador, a escola tinha mais qualidade e que a escola atual é muito permissiva.
Para o autor, nossa memória nos prega pessas e ficamos presos a um saudosismo exacerbado, que não condiz com a realidade dos fatos. Não podemos deixar de lado o contexto político de ditadura da escola antes e que ela não tinha essa excelência toda apregoada.
Antes dos anos 70 a escola era militarizada com: filas, pátio, uniformes, relação de medo, ela era tanto hierarquizada quando hierarquizante (qualquer semelhança com a escola atual não é mera coincidência – comentário meu). Era excludente, elitista, a maioria militar ou religiosa, muito poucas eram leigas. Os anos de escolarização eram poucos e o exame de admissão (que pode ser comparado ao nosso vestibular) era feito já na quinta série.
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11. O aluno da escola de depois dos anos 70, é fruto da abertura política, do aumento da oferta de vagas (projeto de democratização do ensino que ainda não está consolidado), da escolaridade obrigatória de oito anos (que é um direito adquirido um princípio didático-político do qual não podemos abrir mão), porém de desempenho ainda semelhante que a anterior e tão excludente quanto (logo adiante o autor chama a atenção para a exclusão dos incluídos, e não se refere aqui aos portadore de necessidades especiais, lembrem-se que o texto que analisamos é de 1998). Temos, portanto, um desafio: manter a criança mais tempo na escola com qualidade de ensino.
O dever da escola nesse contexto é garantir qualidade a todos: indisciplinados ou não, com pré requisitos ou não, com supostos problemas ou não. A INCLUSÃO constitui-se no dever no. 1.
O autor diferencia também o respeito baseado em hierarquia e superioridade, que cria o professor disciplinador, apassivador, silenciador, repressor e castrador, e o respeito baseado em assimetria e diferença onde o professor se porta como profissional docente.
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13. A SEGUNDA HIPÓTESE EXPLICATIVA: O ALUNO “SEM LIMITES”
A segunda hipótese que Aquino desconstrói no texto é a de que os alunos de hoje não têm limites, não respeitam regras, não reconhecem autoridade, os pais são permissivos e vivemos um déficit moral. Para tanto ele faz dois reparos nas hipóteses, em relação à falta de limites das crianças, diz que, quando brincam entre si, as crianças são até mesmo irredutíveis em relação às regras, que o alunos ingressam na escola sabendo regras e usa um exemplo sobre a linguagem muito interessante. A criança generaliza as regras quando está aprendendo a falar, portanto, noção de regras e limites elas têm. Sobre a permissividade dos pais ele diz que não se pode justapor o âmbito das competências, que pai é pai, professor é professor e os alunos podem ser indisciplinados com um professor e não ser com outro, além do fato de nem sempre o aluno indisciplinado na escola ser em casa.
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14. A família, para Aquino, tem a função de moralizar e ordenar a a conduta da criança, muito diferente da escola, que tem como objetivo primordial o conhecimento sistematizado. A recriação desse conhecimento, a reapropriação do legado cultural da humanidade por meio da ordenação do pensamento.
A indisciplina é energia desperdiçada, além de um termômetro para a relação professor/aluno, pode ser considerado como um complicador da ação docente e não como um impeditivo. Caso seja vista como impeditivo, caso o professor não possa desempenhar seu papel, observamos um desperdício de tempo e qualificação do docente, um desvio de função e uma quebra do contrato pedagógico.
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16. A TERCEIRA HIPÓTESE: O ALUNO “DESINTERESSADO”
A terceira hipótese que Aquino desconstrói é a da concorrência, ou seja, a sala de aula não é tão atrativa como os outros meios de comunicação, ele cita TV, mas acrescentei Internet (que hoje é muito popular, diferente de 98 quando escreveu o texto). A saída seria modernizar a escola com aparelhos de última geração?
O autor diz que escola não é meio de comunicação, que ela ensina além da informação, além do que a informação quer dizer, não simplesmente as repassa. Mas o que a escola é então? A escola é lugar de reapropriação do saber acumulado pelas gerações passadas, ou seja, lugar de revisitar respostas sagradas, de refazer a história do conhecimento, da desconstrução e desmontagem da informação por meio do raciocínio lógico conceitual. A escola é lugar de transitoriedade entre o novo e o velho, transorma o pensamento do aluno pelo trabálho árduo, mas nem por isso menos prazeroso.
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17. A mídia tem papel diferente da escola, ela difunde informação entretem e promove o lazer, uma vez que a informação é mais rápida que o conhecimento, e precisa dele para ser entendida e memorizada, está ancorada no presente, enquanto o conhecimento no passado e pode mesmo ser o ponto de partida midiático. O conhecimento é mais lento que a informação, aquilo que a subjaz, que é pré requisito para entendê-la, está no domínio do passado, ponto de chegada didático, ou seja, uma competência congitiva. A inteligência humana é um digestor, um decodificador de informação, nela se transforma informação em conhecimento. O professor, dessa forma, reconstrói o caminho, decodifica informações, conta histórias, não é um difusor de informação, nem um animador de platéia. O aluno, por sua vez, não se constitui como mero expectador ouvinte, mas com sujeito atuante tem a curiosidade e a imaginação bem desenvolvidas como marca registrada, é o co-responsável pela cena pedagógica, parceiro no contrato didático, levando-se tudo isso em consideração, segundo Aquino, não temos motivos para temer a concorrência.
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19. UMA LEITURA PEDAGÓGICA DA INDISCIPLINA ESCOLAR E OUTROS
Aquino conclui seu texto propondo soluções, aquilo que a maioria dos educadores o acusam de não fazer. Acontece que o que ele propõe às vezes dói um pouco de ouvir. Como vimos acima, as hipóteses mais comuns para a indisciplina não se sustentam, são apoiadas em evidências equivocadas, tratam a indisciplina como um problema só do aluno, fogem do estritamente pedagógico e toma a disciplina como pré- requisito para o trabalho didático. Para o autor, a indisciplina sinaliza problema pedagógico, ou seja, a ação docente não se realiza a contento.
O que o docente pode fazer então? Rever seus posicionamentos, questionar suas crenças, confrontar posicionamentos, debater-se com a realidade, pois o trabalho pedagógico deve prever enfrentamentos para a questão. O fazer do professor é ensinar algo, de alguma forma para alguém, pois existe uma dimensão ética. Devemos responder com nossa prática: escola para que?
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20. O autor encerra seu texto trazendo as premissas do trabalho pedagógico – objeto de ação: conhecimento; distinção entre papéis: professor e aluno; contrato pedagógico explícito e sala de aula: lugar onde a educação escolar acontece – , e as cinco regras éticas do trabalho docente – aluno problema: porta voz das relações; des- idealização do perfil de aluno; fidelidade ao contrato pedagógico; experimentação de novas regras de trabalho; competência e prazer.
E aí, o que achou das propostas?
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