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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
                      DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA – ÁREA DE FITOSSANIDADE
                                         FITOPATOLOGIA I


      BACTÉRIAS COMO AGENTES DE DOENÇAS DE PLANTAS

                                                                                     Prof. Sami J. Michereff



1. INTRODUÇÃO                                            Em 1980 foi publicada a lista de nomes
                                                     bacterianos aprovados e também uma Lista de
    Mais de 1.600 espécies bacterianas são           patovares. O termo patovar, abreviado como pv.,
conhecidas, mas apenas cerca de 100 espécies         foi escolhido como nomenclatura infra-específica
causam doenças em plantas. Até a primeira            para designar dentro de uma espécie, bactérias
metade do século XIX não se cogitava seriamente a    que são patogênicas a um hospedeiro ou grupo de
existência de doenças de plantas causadas por        hospedeiros. Por exemplo Xanthomonas campestris
bactérias. Possivelmente, o primeiro sobre uma       pv. campestris é uma bactéria patogênica às
enfermidade de plantas causada por uma bactéria      crucíferas, causando a podridão negra.
é atribuído ao botânico alemão F.M. Draenert, que
em visita ao Recôncavo Baiano, em 1869, teria
aventado pela primeira vez a possibilidade da
gomose da cana-de-açúcar ser de etiologia            Tabela 1. Classificação dos principais gêneros de
bacteriana. Entretanto, os primeiros trabalhos,                bactérias fitopatogênicas.
considerados pelos autores contemporâneos como
de real valor científico, foram os do americano
Burril, em 1882, sobre a queima da macieira e da     Reino: Procaryotae
pereira e os do holandês Walker, também em
1882, sobre o amarelecimento do jacinto. Em
1889, Erwin F. Smith, considerado o pai da           Divisão: Gracilicutes - bactérias Gram-negativas
Fitobacteriologia, foi quem realmente demonstrou
a natureza bacteriana de cinco enfermidades de        Classe: Proteobacteria - maioria bactérias
plantas. No início do século XX, já era grande o                               unicelulares
número de trabalhos científicos comprovando
serem as bactérias importantes patógenos de             Família: Enterobacteriae
plantas.                                                Gênero: Erwinia
    Bactérias são importantes patógenos de              Família: Pseudomonadaceae
plantas, não somente pela alta incidência e             Gêneros: Acidovorax
severidade em culturas de valor econômico, mas                    Pseudomonas
também pela facilidade com que se disseminam e                    Ralstonia
pelas dificuldades encontradas para o controle das                Xanthomonas
enfermidades por elas incitadas.
                                                        Família: Rhizobiaceae
                                                        Gênero: Agrobacterium
2. POSIÇÃO TAXONÔMICA
                                                        Família: sem denominação
                                                        Gênero: Xylella
    A posição taxonômica das bactérias no mundo
dos seres vivos foi sempre motivo de polêmica. Em
1957, na 7a. edição do Bergey's Manual, as
bactérias e algas verde-azuis estavam situadas no    Divisão: Firmicutes - bactérias Gram-positivas
Reino Vegetalia, Divisão Protophyta. Em 1974, na
                                                      Classe: Firmibacteria - maioria bactérias
8a. edição do Bergey's Manual, estes organismos
                                                                         unicelulares, com endosporo
foram incluídos no Reino Procaryotae. A condição
procariota da célula bacteriana pode ser                Gêneros: Bacillus
caracterizada pela natureza do genóforo (termo                   Clostridium
usado por Ris, em 1961, para designar o
nucleoplasma da célula procariota), tipo de           Classe: Thallobacteria - maioria bactérias
ribossomos (70S ao contrário dos eucariotas, que                         ramificadas, sem endosporo
são 80S) e ausência de membranas envolvendo
                                                        Gêneros: Clavibacter
organelas citoplasmáticas. Na primeira edição do
                                                                 Curtobacterium
Bergey's Manual of Systematic Bacteriology, em
                                                                 Streptomyces
1984, o Reino Procaryotae foi dividido em quatro
grandes divisões, sendo duas envolvendo bactérias
de importância fitopatológica: Gracilicutes e
Firmicutes (Tabela 1).
2


3. CARACTERÍSTICAS DA CÉLULA                           rudimentar formado por hifas muito finas, como o
   BACTERIANA                                          gênero Streptomyces.

                                                       3.3. Motilidade
3.1. Dimensões
                                                           As bactérias podem ser móveis ou imóveis. Seu
   As células bacterianas medem de 1 a 3,5 µm de       movimento pode ser ondulatório, rotatório e
                                                       principalmente através dos flagelos. Estes são
comprimento por 0,5 a 0,7 µm de diâmetro.
                                                       filamentos     contrácteis, apenas    visíveis   ao
                                                       microscópio ótico com o uso de técnicas especiais
                                                       de coloração. Quanto ao número e disposição dos
3.2. Formas
                                                       flagelos, as bactérias podem ser classificadas em:
                                                       átricas,     quando     não   possuem      flagelos;
    As bactérias fitopatogênicas têm comumente a
                                                       monótricas, quando possuem apenas um flagelo
forma de bastonetes ou bacilos, embora possam
                                                       em posição polar ou lateral; lofótricas, quando
apresentar também outras formas. Bactérias
                                                       possuem um tufo de flagelos; perítricas, quando
filamentosas ou miceliais possuem micélio
                                                       possuem flagelos distribuídos por toda sua
                                                       superfície (Fig. 1).




                 Figura 1. Inserção de flagelos em fitobactérias [segundo Romeiro (1996)].


3.4. Estrutura e função da célula                      aderência da bactéria ao substrato; e finalmente os
     bacteriana                                        pilus (plural pili), com função no processo de
                                                       recombinação         genética     conhecido       como
    Externamente, a célula pode ser ou não             conjugação.
revestida pela cápsula ou camada mucilaginosa,             Um dos principais métodos utilizados para a
que tem a função de proteção, facilitando a            taxonomia de bactérias é a coloração de Gram. Há
sobrevivência. Em seguida, existe a parede             grandes diferenças entre bactérias Gram-positivas
celular, que envolve estreitamente a região            e    Gram-negativas       quanto     à   natureza    e
citoplasmática, a qual é delimitada por uma            permeabilidade da parede celular. Uma substância
membrana fina e delicada, chamada membrana             mucocomplexa, denominada peptidoglicano, é o
celular   ou     membrana      citoplasmática.    O    único composto macromolecular presente em todas
citoplasma é uniforme e possui uma estrutura           paredes de bactérias, sendo responsável pela
básica formada por grande número de ribossomos,        rigidez. Esta substância é um heteropolímero
sedes da síntese proteíca. A região nuclear da         formado de açúcares aminados e aminoácidos.
célula ou genóforo é evidente, embora difusa,          Geralmente, as paredes das bactérias Gram-
sendo formada por um sistema de fibrilas muito         positivas contêm mais substância mucocomplexa
finas e próximas, que consistem quase totalmente       do que as paredes das Gram-negativas. Além da
de DNA. Não existe membrana nuclear. O                 substância mucocomplexa, as paredes das células
citoplasma pode apresentar invaginações da             das bactérias Gram-negativas contém grandes
membrana citoplasmática, chamadas mesossomos           quantidades        de     proteínas,     lipídios    e
ou ainda inclusões ou grânulos, contendo               polissacarídios. As bactérias Gram-negativas
substâncias de reserva como lipídios, glicogênio,      possuem parede celular mais permeável e, assim, o
amido, etc. (Fig. 2).                                  álcool utilizado na coloração consegue remover de
    Os gêneros Bacillus e Clostridium são os únicos    dentro da célula o complexo que se forma entre o
que produzem estruturas de resistência chamadas        cristal-violeta e o iodo. As bactérias Gram-positivas
endosporos. Como apêndices celulares podemos           possuem parede celular mais impermeável e o
encontrar: os flagelos, principais responsáveis pela   álcool não consegue descolorí-las.
motilidade; as fímbrias, responsáveis pela
3




                       Figura 2. Célula bacteriana típica [segundo Romeiro (1995)].



4. REPRODUÇÃO E CRESCIMENTO
                                                          c) Fase estacionária: onde o número de células
                                                              que nasce é igual ao número de células que
4.1. Reprodução                                               morre, e isto ocorre devido à redução de
                                                              nutrientes no meio e ao acúmulo de
     As bactérias fitopatogênicas multiplicam-se              metabólitos tóxicos.
principalmente pelo processo assexuado de fissão
binária ou cissiparidade, no qual uma célula-mãe          d) Fase de morte ou declínio: onde o número
cresce e se divide ao meio originando duas células           de bactérias que morre é maior que o
filhas completamente iguais. Já as bactérias                 número de células que nasce. A taxa de
miceliais reproduzem-se por esporulação ou                   morte cresce até alcançar um máximo
segmentação do micélio e formação de conídios ou             devido a exaustão de nutrientes.
esporângios no ápice das hifas.
                                                            Geralmente    as   bactérias     fitopatogênicas
     Bactérias são capazes de trocar entre si          crescem mais lentamente (48 h) que as bactérias
material genético, gerando variabilidade, ainda que    saprófitas (24 h), o que pode ajudar na
por processos diferentes e mais primitivos que os      diferenciação dos dois tipos, embora possa
organismos eucariotas. A recombinação genética         mascarar os resultados de um isolamento.
em bactérias ocorre por três processos básicos              Bactérias fitopatogênicas são organismos
(transformação, conjugação e transdução), que          bastante versáteis, com grande capacidade de
serão abordados com maior profundidade no              adaptação a ambientes diversos. Ao contrário das
segmento referente a variabilidade de agentes          bactérias patogênicas ao homem e aos animais, as
fitopatogênicos.                                       fitobactérias têm um ótimo de temperatura para
                                                       crescimento e multiplicação entre 25 e 30oC. O pH
                                                       em torno do neutro (7,0) é o ideal. A maioria das
4.2. Crescimento                                       bactérias fitopatogênicas são aeróbicas estritas,
                                                       com exceção de espécies dos gêneros Erwinia e
   A fissão binária origina células em progressão      Bacillus que podem ser anaeróbicas facultativas,
geométrica. A curva de crescimento de uma              bem como Clostridium que é anaeróbica estrita. Em
bactéria é dividida em quatro fases (Fig. 3):          relação à nutrição, as bactérias fitopatogênicas são
                                                       heterotróficas, ou seja, necessitam de fontes de
   a) Fase de adaptação ou lag: é a fase de            carbono para seu desenvolvimento. A maioria das
      adaptação ao meio, com crescimento lento.        bactérias fitopatogênicas, incluindo Agrobacterium,
                                                       Bacillus, Clostridium, Erwinia, Pseudomonas,
   b) Fase logarítimica ou exponencial: segunda        Ralstonia, Xanthomonas, Streptomyces e algumas
      etapa, onde a população bacteriana cresce        espécies de Clavibacter, podem ser cultivadas em
      exponencialmente, ou seja, o número de           meio de cultura de rotina, como o ágar-nutritivo.
      células que cresce é maior do que o número       Outras, chamadas procariotas fastidiosos, exigem
      de células que morre.                            meios de cultura especiais com vários nutrientes
                                                       extras, dentre as quais destacam-se Xylella
4

fastidiosa e Clavibacter xyli subsp. xyli. Algumas    cultivadas, como as bactérias limitadas ao floema.
bactérias   fitopatogênicas    ainda  não     foram




Figura 3. Curva de crescimento bacteriano “in vitro”, sob condições ótimas, mostrando as fases de
          adaptação (AB), exponencial ou logarítmica (BC), estacionária (CD) e de morte (DE) [segundo
          Romeiro (1995)].




5. PENETRAÇÃO, MULTIPLICAÇÃO E                        manchas, crestamentos, galhas, fasciação e
   SINTOMAS                                           podridão mole (Fig. 4).
                                                           Os sintomas incitados em plantas por
    As bactérias penetram nas plantas através de      bactérias    podem,     em  muitos    casos,   ser
aberturas naturais como estômatos, lenticelas,        confundidos com aqueles causados por outros
hidatódios, aberturas florais etc., e também          fitopatógenos como fungos, nematóides e vírus. Os
através de ferimentos. Uma vez no interior das        principais sintomas causados por bactérias
plantas, elas podem se multiplicar nos espaços        fitopatogênicas são: anasarca ou encharcamento,
intercelulares ou no tecido vascular. Desta           mancha, podridão mole, murcha, hipertrofia,
localização vai depender o tipo de sintoma que irão   cancro, morte das pontas, talo-ôco e canela preta.
produzir. Se colonizarem o tecido vascular podem      Muitas vezes a presença de sinais é evidente,
causar murcha, morte dos ponteiros e cancro. Se       caracterizados por exsudado, pús bacteriano ou
colonizarem os espaços intercelulares irão produzir   fluxo bacteriano, tanto nas lesões como nas
                                                      doenças vasculares, principalmente em condições
                                                      de alta umidade.
5




Figura 4. Penetração, multiplicação e sintomas causados por fitobactérias [adaptado de Király et al.
          (1974)].



6. SOBREVIVÊNCIA E DISSEMINAÇÃO                         plantas sadias (cultura agronômica ou erva
                                                        daninha,     planta     hospedeira ou   não-
    A maioria das bactérias fitopatogênicas não         hospedeira) sem infectá-las, sendo fonte de
forma endosporo, possuindo, consequentemente,           inóculo na ausência de doença. Nutrientes
capacidade de sobrevivência bem menor que certas        disponíveis, nesse caso, seriam exsudatos do
espécies     esporogênicas    como    Bacillus    e     filoplano ou rizoplano.
Clostridium, que podem, em certos casos, resistir
até mesmo à fervura. Desta forma, a cápsula           • Fase latente: as bactérias fitopatogênicas
assume importância muito grande em termos de            encontram-se internamente posicionadas no
sobrevivência, possibilitando uma certa resistência     tecido suscetível, em baixas populações, tendo
ao dessecamento, radiações e produtos químicos.         sua multiplicação paralisada, e os sintomas
    Bactérias fitopatogênicas apresentam várias         não se evidenciam. Infecção latente constitui
fases durante seu ciclo de vida, algumas delas          um sério problema em relação à adoção de
associadas à sobrevivência. Nesse sentido, um           medidas de controle, principalmente quando
ciclo de vida típico pode apresentar as seguintes       consideradas a quarentena e a certificação.
fases (Fig. 5):
                                                      • Fase hipobiótica: embora não esporogênicas,
 • Fase patogênica: a fitobactéria, em estreita e       algumas fitobactérias parecem possuir seus
   ativa associação como o hospedeiro, infectando       próprios mecanismos que permitem sobreviver
   e colonizando seus tecidos, está incitando os        por longos períodos em hipobiose. Células
   sintomas típicos da enfermidade. Para o caso         bacterianas nesse estado diferem estrutural e
   de plantas anuais, essa fase é a fonte de            metabolicamente     de    células   normais,
   inóculo para a estação seguinte de plantio.          multiplicam-se ativamente. Em condições de
                                                        hipobiose, a célula bacteriana parece ser
 • Fase residente: bactérias nesta fase são             formada gradualmente com o envelhecimento
   denominadas populações residentes, sendo             de lesões, sendo provavelmente envolta e
   capazes de se multiplicar nas superfície de          protegida por certos tipos de substâncias
6

    produzidas por ela, pela planta ou como                se como parasitas facultativos. Essas bactérias
    conseqüência da interação bactéria-planta.             podem crescer e se multiplicar na ausência do
    Nesse estado, a sobrevivência do patógeno              hospedeiro, têm capacidade de vida saprofítica
    para a próxima estação de plantio é bastante           e podem se multiplicar em matéria orgânica.
    eficiente.                                             No entanto, a fase saprofítica, em que o
                                                           patógeno se multiplica em material vegetal
 • Fase saprofítica: a maioria das bactérias               morto e em decomposição, apresenta pequena




    fitopatogênicas não é fastidiosa, comportando-         importância na sobrevivência.

Figura 5. Fases do ciclo de vida de uma bactéria fitopatogênica em relação às possibilidades de
          sobrevivência [segundo Romeiro (1995)].


     Certas    espécies    fitopatogênicas   podem     órgãos vegetais infectados, como sementes,
sobreviver em restos culturais por tempo suficiente    tubérculos, estacas e frutos. A curta distância, a
para infectar plantas sadias no próximo plantio.       disseminação ocorre pela água de chuva, vento,
Contudo, pesquisas têm demonstrado que o               insetos vetores, irrigação e pelo homem, através
período     de     sobrevivência     de    bactérias   dos tratos culturais.
fitopatogênicas causadoras de enfermidades na
parte aérea das plantas diminui drasticamente
quando os restos culturais são enterrados,             7. PRINCIPAIS GÊNEROS DE BACTÉRIAS
provavelmente     devido     ao   antagonismo     da      FITOPATOGÊNICAS
população microbiano do solo.
     O conhecimento das formas pelas quais as              Os    principais   gêneros      de    bactérias
fitobacterioses se disseminam em condições de          fitopatogênicas, algumas características marcantes
campo assume grande importância tanto para a           e as doenças causadas são apresentados na Figura
recomendação de medidas de controle quanto para        6 e na Tabela 2.
a eventual prevenção de epidemias. As principais
fontes de inóculo bacteriano são materiais de
propagação infectados, solo infestado, restos
culturais infectados e plantas infectadas ou
infestadas. A disseminação a longa distância
ocorre, principalmente, por meio do transporte de
7




Figura 7. Alguns gêneros de bactérias fitopatogênicas e tipos de sintomas que produzem [adaptado de
          Agrios (1997)].
8




Tabela 2. Principais gêneros de bactérias fitopatogênicas, aspectos morfológicos, espécies e doenças causadas.

GÊNERO                         FORMA                GRAM     PAREDE                      ESPÉCIE                                  DOENÇA
                               MOTILIDADE                    CELULAR
Agrobacterium                 . bastonete              -         sim      Agrobacterium tumefaciens              Galha em coroa
                              . monotríquia                               Agrobacterium rhizogenes               Raízes em cabeleira
Bacillus                      . bastonete              +         sim      Bacillus cereus                        Podridões em melão e batata
                              . peritríquia                               Bacillus subtilis                      Podridão em manga
Ralstonia                     . bastonete              -         sim      Ralstonia solanacearum                 Murcha bacteriana      em       solanáceas   e
(Pseudomonas)                 . lofotríquia                               (Pseudomonas solanacearum)             bananeira
Clavibacter                   . bastonete clavado      +         sim      Clavibacter xyli subsp. Xyli           Raquitismo da soqueira da cana-de-açúcar
(Corynebacterium)             . atríquia                                  C. michiganense subsp. michiganense    Cancro bacteriano do tomateiro
Clostridium                   . bastonete              +         sim      Clostridium puniceum                   Podridão em batata e cenoura
                              . peritríquia
Xanthomonas                   . bastonete              -         sim      Xanthomonas campestris pv. citri       Cancro cítrico
                              . monotríquia                               X. campestris pv. campestris           Podridão negra das crucíferas

Erwinia                       . bastonete              -         sim      Erwinia carotovora subsp. carotovora Podridões moles
                              . peritríquia                               Erwinia amylovora                    Queima da macieira
                                                                          Erwinia stewartii                    Murcha do milho
Pseudomonas                   . bastonete              -         sim      Pseudomonas syringae pv. tomato        Murcha bacteriana pequena do tomateiro
                              . lofotríquia
Streptomyces                  . micelial               +         sim      Streptomyces scabies                   Sarna da batata, nabo, etc.
                              . imóvel                                    Streptomyces ipomoeae                  Sarna da batata-doce
BLX (Bactérias limitadas ao . bastonete                -        sim       Xylella fastidiosa                     Clorose variegada dos citros
xilema)                     . imóvel                          ondulada                                           Escaldadura das folhas da ameixeira
BLF (Bactérias limitadas ao . bastonete                -        sim       Sem nomenclatura                       “Club leaf” do trevo
floema)                     . imóvel                          ondulada
MICHEREFF, S.J. Fundamentos de Fitopatologia ...                                                          9




8. CONTROLE DE FITOBACTERIOSES                       contra certas doenças bacterianas, porém com
                                                     resultados bastante variáveis. Sucessos práticos
     As    doenças    bacterianas   de     plantas   no controle biológico de doenças bacterianas têm
normalmente são muito difíceis de controlar.         sido alcançados pelo tratamento de sementes e
Freqüentemente, é requerida a combinação de          material   de   propagação     com    antagonistas
vários métodos de controle para combater um          produtores de bacteriocinas, principalmente para o
determinada doença bacteriana. Infestações de        controle da galha da coroa, causada por
campos ou infecções de culturas com patógenos        Agrobacterium tumefaciens.
bacterianos podem ser evitados pelo uso de
material de propagação sadio. São muito
importantes as práticas sanitárias que visam a       9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
redução do inóculo no campo pela remoção e
queima da plantas infectadas, bem como           a   AGRIOS, G.N. Plant diseases caused by prokariotes:
redução da dispersão da bactéria de planta a            bacteria and mollicutes. In: AGRIOS, G.N. Plant
planta pela desinfestação de instrumentos de            pathology. 4th ed. San Diego: Academic Press, 1997.
                                                        p.407-470.
trabalho e das mãos após a colheita de plantas
doentes. Rotação de culturas pode ser muito          FERREIRA, L.P.; SALGADO, C.L. Bactérias. In:
efetiva com bactérias que tem uma gama limitada         BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L.
de hospedeiros, mas é pouco prática e inefetiva         (Eds.). Manual de fitopatologia: princípios e
com bactérias que atacam muitos tipos de                conceitos. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1995.
culturas. O uso de variedades resistentes a             v.1, p.97-131.
certas doenças bacterianas é uma das melhores
formas de evitar grandes perdas. Variedades          GOTO, M. Fundamentals of bacterial plant pathology.
                                                        San Diego: Academic Press, 1992. 342p.
resistentes, suplementado com práticas culturais
apropriadas e aplicação de químicos são os meios     KIRÁLY, X.; KLEMENT, Z.; SOLYMOSY, F.; VÖRÖS, J.
mais efetivos para o controle de doenças                Methods in plant pathology. Elsevier: Amsterdan,
bacterianas, especialmente quando as condições          1974. 509p.
ambientais favorecem o desenvolvimento da
doença. O controle químico de doenças                ROMEIRO, R.S. Fundamentos de bacteriologia de
bacterianas tem alcançado, geralmente, muito            plantas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa,
menos sucesso que o controle químico de doenças         1996. 50p.
fúngicas. Dos químicos usados nas pulverizações
                                                     ROMEIRO, R.S. Bactérias fitopatogênicas. Viçosa:
foliares, compostos cúpricos têm propiciado os          Universidade Federal de Viçosa, 1995. 283p.
melhores resultados. Antibióticos têm sido usados

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Bacterias ftopatogenicas

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA – ÁREA DE FITOSSANIDADE FITOPATOLOGIA I BACTÉRIAS COMO AGENTES DE DOENÇAS DE PLANTAS Prof. Sami J. Michereff 1. INTRODUÇÃO Em 1980 foi publicada a lista de nomes bacterianos aprovados e também uma Lista de Mais de 1.600 espécies bacterianas são patovares. O termo patovar, abreviado como pv., conhecidas, mas apenas cerca de 100 espécies foi escolhido como nomenclatura infra-específica causam doenças em plantas. Até a primeira para designar dentro de uma espécie, bactérias metade do século XIX não se cogitava seriamente a que são patogênicas a um hospedeiro ou grupo de existência de doenças de plantas causadas por hospedeiros. Por exemplo Xanthomonas campestris bactérias. Possivelmente, o primeiro sobre uma pv. campestris é uma bactéria patogênica às enfermidade de plantas causada por uma bactéria crucíferas, causando a podridão negra. é atribuído ao botânico alemão F.M. Draenert, que em visita ao Recôncavo Baiano, em 1869, teria aventado pela primeira vez a possibilidade da gomose da cana-de-açúcar ser de etiologia Tabela 1. Classificação dos principais gêneros de bacteriana. Entretanto, os primeiros trabalhos, bactérias fitopatogênicas. considerados pelos autores contemporâneos como de real valor científico, foram os do americano Burril, em 1882, sobre a queima da macieira e da Reino: Procaryotae pereira e os do holandês Walker, também em 1882, sobre o amarelecimento do jacinto. Em 1889, Erwin F. Smith, considerado o pai da Divisão: Gracilicutes - bactérias Gram-negativas Fitobacteriologia, foi quem realmente demonstrou a natureza bacteriana de cinco enfermidades de Classe: Proteobacteria - maioria bactérias plantas. No início do século XX, já era grande o unicelulares número de trabalhos científicos comprovando serem as bactérias importantes patógenos de Família: Enterobacteriae plantas. Gênero: Erwinia Bactérias são importantes patógenos de Família: Pseudomonadaceae plantas, não somente pela alta incidência e Gêneros: Acidovorax severidade em culturas de valor econômico, mas Pseudomonas também pela facilidade com que se disseminam e Ralstonia pelas dificuldades encontradas para o controle das Xanthomonas enfermidades por elas incitadas. Família: Rhizobiaceae Gênero: Agrobacterium 2. POSIÇÃO TAXONÔMICA Família: sem denominação Gênero: Xylella A posição taxonômica das bactérias no mundo dos seres vivos foi sempre motivo de polêmica. Em 1957, na 7a. edição do Bergey's Manual, as bactérias e algas verde-azuis estavam situadas no Divisão: Firmicutes - bactérias Gram-positivas Reino Vegetalia, Divisão Protophyta. Em 1974, na Classe: Firmibacteria - maioria bactérias 8a. edição do Bergey's Manual, estes organismos unicelulares, com endosporo foram incluídos no Reino Procaryotae. A condição procariota da célula bacteriana pode ser Gêneros: Bacillus caracterizada pela natureza do genóforo (termo Clostridium usado por Ris, em 1961, para designar o nucleoplasma da célula procariota), tipo de Classe: Thallobacteria - maioria bactérias ribossomos (70S ao contrário dos eucariotas, que ramificadas, sem endosporo são 80S) e ausência de membranas envolvendo Gêneros: Clavibacter organelas citoplasmáticas. Na primeira edição do Curtobacterium Bergey's Manual of Systematic Bacteriology, em Streptomyces 1984, o Reino Procaryotae foi dividido em quatro grandes divisões, sendo duas envolvendo bactérias de importância fitopatológica: Gracilicutes e Firmicutes (Tabela 1).
  • 2. 2 3. CARACTERÍSTICAS DA CÉLULA rudimentar formado por hifas muito finas, como o BACTERIANA gênero Streptomyces. 3.3. Motilidade 3.1. Dimensões As bactérias podem ser móveis ou imóveis. Seu As células bacterianas medem de 1 a 3,5 µm de movimento pode ser ondulatório, rotatório e principalmente através dos flagelos. Estes são comprimento por 0,5 a 0,7 µm de diâmetro. filamentos contrácteis, apenas visíveis ao microscópio ótico com o uso de técnicas especiais de coloração. Quanto ao número e disposição dos 3.2. Formas flagelos, as bactérias podem ser classificadas em: átricas, quando não possuem flagelos; As bactérias fitopatogênicas têm comumente a monótricas, quando possuem apenas um flagelo forma de bastonetes ou bacilos, embora possam em posição polar ou lateral; lofótricas, quando apresentar também outras formas. Bactérias possuem um tufo de flagelos; perítricas, quando filamentosas ou miceliais possuem micélio possuem flagelos distribuídos por toda sua superfície (Fig. 1). Figura 1. Inserção de flagelos em fitobactérias [segundo Romeiro (1996)]. 3.4. Estrutura e função da célula aderência da bactéria ao substrato; e finalmente os bacteriana pilus (plural pili), com função no processo de recombinação genética conhecido como Externamente, a célula pode ser ou não conjugação. revestida pela cápsula ou camada mucilaginosa, Um dos principais métodos utilizados para a que tem a função de proteção, facilitando a taxonomia de bactérias é a coloração de Gram. Há sobrevivência. Em seguida, existe a parede grandes diferenças entre bactérias Gram-positivas celular, que envolve estreitamente a região e Gram-negativas quanto à natureza e citoplasmática, a qual é delimitada por uma permeabilidade da parede celular. Uma substância membrana fina e delicada, chamada membrana mucocomplexa, denominada peptidoglicano, é o celular ou membrana citoplasmática. O único composto macromolecular presente em todas citoplasma é uniforme e possui uma estrutura paredes de bactérias, sendo responsável pela básica formada por grande número de ribossomos, rigidez. Esta substância é um heteropolímero sedes da síntese proteíca. A região nuclear da formado de açúcares aminados e aminoácidos. célula ou genóforo é evidente, embora difusa, Geralmente, as paredes das bactérias Gram- sendo formada por um sistema de fibrilas muito positivas contêm mais substância mucocomplexa finas e próximas, que consistem quase totalmente do que as paredes das Gram-negativas. Além da de DNA. Não existe membrana nuclear. O substância mucocomplexa, as paredes das células citoplasma pode apresentar invaginações da das bactérias Gram-negativas contém grandes membrana citoplasmática, chamadas mesossomos quantidades de proteínas, lipídios e ou ainda inclusões ou grânulos, contendo polissacarídios. As bactérias Gram-negativas substâncias de reserva como lipídios, glicogênio, possuem parede celular mais permeável e, assim, o amido, etc. (Fig. 2). álcool utilizado na coloração consegue remover de Os gêneros Bacillus e Clostridium são os únicos dentro da célula o complexo que se forma entre o que produzem estruturas de resistência chamadas cristal-violeta e o iodo. As bactérias Gram-positivas endosporos. Como apêndices celulares podemos possuem parede celular mais impermeável e o encontrar: os flagelos, principais responsáveis pela álcool não consegue descolorí-las. motilidade; as fímbrias, responsáveis pela
  • 3. 3 Figura 2. Célula bacteriana típica [segundo Romeiro (1995)]. 4. REPRODUÇÃO E CRESCIMENTO c) Fase estacionária: onde o número de células que nasce é igual ao número de células que 4.1. Reprodução morre, e isto ocorre devido à redução de nutrientes no meio e ao acúmulo de As bactérias fitopatogênicas multiplicam-se metabólitos tóxicos. principalmente pelo processo assexuado de fissão binária ou cissiparidade, no qual uma célula-mãe d) Fase de morte ou declínio: onde o número cresce e se divide ao meio originando duas células de bactérias que morre é maior que o filhas completamente iguais. Já as bactérias número de células que nasce. A taxa de miceliais reproduzem-se por esporulação ou morte cresce até alcançar um máximo segmentação do micélio e formação de conídios ou devido a exaustão de nutrientes. esporângios no ápice das hifas. Geralmente as bactérias fitopatogênicas Bactérias são capazes de trocar entre si crescem mais lentamente (48 h) que as bactérias material genético, gerando variabilidade, ainda que saprófitas (24 h), o que pode ajudar na por processos diferentes e mais primitivos que os diferenciação dos dois tipos, embora possa organismos eucariotas. A recombinação genética mascarar os resultados de um isolamento. em bactérias ocorre por três processos básicos Bactérias fitopatogênicas são organismos (transformação, conjugação e transdução), que bastante versáteis, com grande capacidade de serão abordados com maior profundidade no adaptação a ambientes diversos. Ao contrário das segmento referente a variabilidade de agentes bactérias patogênicas ao homem e aos animais, as fitopatogênicos. fitobactérias têm um ótimo de temperatura para crescimento e multiplicação entre 25 e 30oC. O pH em torno do neutro (7,0) é o ideal. A maioria das 4.2. Crescimento bactérias fitopatogênicas são aeróbicas estritas, com exceção de espécies dos gêneros Erwinia e A fissão binária origina células em progressão Bacillus que podem ser anaeróbicas facultativas, geométrica. A curva de crescimento de uma bem como Clostridium que é anaeróbica estrita. Em bactéria é dividida em quatro fases (Fig. 3): relação à nutrição, as bactérias fitopatogênicas são heterotróficas, ou seja, necessitam de fontes de a) Fase de adaptação ou lag: é a fase de carbono para seu desenvolvimento. A maioria das adaptação ao meio, com crescimento lento. bactérias fitopatogênicas, incluindo Agrobacterium, Bacillus, Clostridium, Erwinia, Pseudomonas, b) Fase logarítimica ou exponencial: segunda Ralstonia, Xanthomonas, Streptomyces e algumas etapa, onde a população bacteriana cresce espécies de Clavibacter, podem ser cultivadas em exponencialmente, ou seja, o número de meio de cultura de rotina, como o ágar-nutritivo. células que cresce é maior do que o número Outras, chamadas procariotas fastidiosos, exigem de células que morre. meios de cultura especiais com vários nutrientes extras, dentre as quais destacam-se Xylella
  • 4. 4 fastidiosa e Clavibacter xyli subsp. xyli. Algumas cultivadas, como as bactérias limitadas ao floema. bactérias fitopatogênicas ainda não foram Figura 3. Curva de crescimento bacteriano “in vitro”, sob condições ótimas, mostrando as fases de adaptação (AB), exponencial ou logarítmica (BC), estacionária (CD) e de morte (DE) [segundo Romeiro (1995)]. 5. PENETRAÇÃO, MULTIPLICAÇÃO E manchas, crestamentos, galhas, fasciação e SINTOMAS podridão mole (Fig. 4). Os sintomas incitados em plantas por As bactérias penetram nas plantas através de bactérias podem, em muitos casos, ser aberturas naturais como estômatos, lenticelas, confundidos com aqueles causados por outros hidatódios, aberturas florais etc., e também fitopatógenos como fungos, nematóides e vírus. Os através de ferimentos. Uma vez no interior das principais sintomas causados por bactérias plantas, elas podem se multiplicar nos espaços fitopatogênicas são: anasarca ou encharcamento, intercelulares ou no tecido vascular. Desta mancha, podridão mole, murcha, hipertrofia, localização vai depender o tipo de sintoma que irão cancro, morte das pontas, talo-ôco e canela preta. produzir. Se colonizarem o tecido vascular podem Muitas vezes a presença de sinais é evidente, causar murcha, morte dos ponteiros e cancro. Se caracterizados por exsudado, pús bacteriano ou colonizarem os espaços intercelulares irão produzir fluxo bacteriano, tanto nas lesões como nas doenças vasculares, principalmente em condições de alta umidade.
  • 5. 5 Figura 4. Penetração, multiplicação e sintomas causados por fitobactérias [adaptado de Király et al. (1974)]. 6. SOBREVIVÊNCIA E DISSEMINAÇÃO plantas sadias (cultura agronômica ou erva daninha, planta hospedeira ou não- A maioria das bactérias fitopatogênicas não hospedeira) sem infectá-las, sendo fonte de forma endosporo, possuindo, consequentemente, inóculo na ausência de doença. Nutrientes capacidade de sobrevivência bem menor que certas disponíveis, nesse caso, seriam exsudatos do espécies esporogênicas como Bacillus e filoplano ou rizoplano. Clostridium, que podem, em certos casos, resistir até mesmo à fervura. Desta forma, a cápsula • Fase latente: as bactérias fitopatogênicas assume importância muito grande em termos de encontram-se internamente posicionadas no sobrevivência, possibilitando uma certa resistência tecido suscetível, em baixas populações, tendo ao dessecamento, radiações e produtos químicos. sua multiplicação paralisada, e os sintomas Bactérias fitopatogênicas apresentam várias não se evidenciam. Infecção latente constitui fases durante seu ciclo de vida, algumas delas um sério problema em relação à adoção de associadas à sobrevivência. Nesse sentido, um medidas de controle, principalmente quando ciclo de vida típico pode apresentar as seguintes consideradas a quarentena e a certificação. fases (Fig. 5): • Fase hipobiótica: embora não esporogênicas, • Fase patogênica: a fitobactéria, em estreita e algumas fitobactérias parecem possuir seus ativa associação como o hospedeiro, infectando próprios mecanismos que permitem sobreviver e colonizando seus tecidos, está incitando os por longos períodos em hipobiose. Células sintomas típicos da enfermidade. Para o caso bacterianas nesse estado diferem estrutural e de plantas anuais, essa fase é a fonte de metabolicamente de células normais, inóculo para a estação seguinte de plantio. multiplicam-se ativamente. Em condições de hipobiose, a célula bacteriana parece ser • Fase residente: bactérias nesta fase são formada gradualmente com o envelhecimento denominadas populações residentes, sendo de lesões, sendo provavelmente envolta e capazes de se multiplicar nas superfície de protegida por certos tipos de substâncias
  • 6. 6 produzidas por ela, pela planta ou como se como parasitas facultativos. Essas bactérias conseqüência da interação bactéria-planta. podem crescer e se multiplicar na ausência do Nesse estado, a sobrevivência do patógeno hospedeiro, têm capacidade de vida saprofítica para a próxima estação de plantio é bastante e podem se multiplicar em matéria orgânica. eficiente. No entanto, a fase saprofítica, em que o patógeno se multiplica em material vegetal • Fase saprofítica: a maioria das bactérias morto e em decomposição, apresenta pequena fitopatogênicas não é fastidiosa, comportando- importância na sobrevivência. Figura 5. Fases do ciclo de vida de uma bactéria fitopatogênica em relação às possibilidades de sobrevivência [segundo Romeiro (1995)]. Certas espécies fitopatogênicas podem órgãos vegetais infectados, como sementes, sobreviver em restos culturais por tempo suficiente tubérculos, estacas e frutos. A curta distância, a para infectar plantas sadias no próximo plantio. disseminação ocorre pela água de chuva, vento, Contudo, pesquisas têm demonstrado que o insetos vetores, irrigação e pelo homem, através período de sobrevivência de bactérias dos tratos culturais. fitopatogênicas causadoras de enfermidades na parte aérea das plantas diminui drasticamente quando os restos culturais são enterrados, 7. PRINCIPAIS GÊNEROS DE BACTÉRIAS provavelmente devido ao antagonismo da FITOPATOGÊNICAS população microbiano do solo. O conhecimento das formas pelas quais as Os principais gêneros de bactérias fitobacterioses se disseminam em condições de fitopatogênicas, algumas características marcantes campo assume grande importância tanto para a e as doenças causadas são apresentados na Figura recomendação de medidas de controle quanto para 6 e na Tabela 2. a eventual prevenção de epidemias. As principais fontes de inóculo bacteriano são materiais de propagação infectados, solo infestado, restos culturais infectados e plantas infectadas ou infestadas. A disseminação a longa distância ocorre, principalmente, por meio do transporte de
  • 7. 7 Figura 7. Alguns gêneros de bactérias fitopatogênicas e tipos de sintomas que produzem [adaptado de Agrios (1997)].
  • 8. 8 Tabela 2. Principais gêneros de bactérias fitopatogênicas, aspectos morfológicos, espécies e doenças causadas. GÊNERO FORMA GRAM PAREDE ESPÉCIE DOENÇA MOTILIDADE CELULAR Agrobacterium . bastonete - sim Agrobacterium tumefaciens Galha em coroa . monotríquia Agrobacterium rhizogenes Raízes em cabeleira Bacillus . bastonete + sim Bacillus cereus Podridões em melão e batata . peritríquia Bacillus subtilis Podridão em manga Ralstonia . bastonete - sim Ralstonia solanacearum Murcha bacteriana em solanáceas e (Pseudomonas) . lofotríquia (Pseudomonas solanacearum) bananeira Clavibacter . bastonete clavado + sim Clavibacter xyli subsp. Xyli Raquitismo da soqueira da cana-de-açúcar (Corynebacterium) . atríquia C. michiganense subsp. michiganense Cancro bacteriano do tomateiro Clostridium . bastonete + sim Clostridium puniceum Podridão em batata e cenoura . peritríquia Xanthomonas . bastonete - sim Xanthomonas campestris pv. citri Cancro cítrico . monotríquia X. campestris pv. campestris Podridão negra das crucíferas Erwinia . bastonete - sim Erwinia carotovora subsp. carotovora Podridões moles . peritríquia Erwinia amylovora Queima da macieira Erwinia stewartii Murcha do milho Pseudomonas . bastonete - sim Pseudomonas syringae pv. tomato Murcha bacteriana pequena do tomateiro . lofotríquia Streptomyces . micelial + sim Streptomyces scabies Sarna da batata, nabo, etc. . imóvel Streptomyces ipomoeae Sarna da batata-doce BLX (Bactérias limitadas ao . bastonete - sim Xylella fastidiosa Clorose variegada dos citros xilema) . imóvel ondulada Escaldadura das folhas da ameixeira BLF (Bactérias limitadas ao . bastonete - sim Sem nomenclatura “Club leaf” do trevo floema) . imóvel ondulada
  • 9. MICHEREFF, S.J. Fundamentos de Fitopatologia ... 9 8. CONTROLE DE FITOBACTERIOSES contra certas doenças bacterianas, porém com resultados bastante variáveis. Sucessos práticos As doenças bacterianas de plantas no controle biológico de doenças bacterianas têm normalmente são muito difíceis de controlar. sido alcançados pelo tratamento de sementes e Freqüentemente, é requerida a combinação de material de propagação com antagonistas vários métodos de controle para combater um produtores de bacteriocinas, principalmente para o determinada doença bacteriana. Infestações de controle da galha da coroa, causada por campos ou infecções de culturas com patógenos Agrobacterium tumefaciens. bacterianos podem ser evitados pelo uso de material de propagação sadio. São muito importantes as práticas sanitárias que visam a 9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA redução do inóculo no campo pela remoção e queima da plantas infectadas, bem como a AGRIOS, G.N. Plant diseases caused by prokariotes: redução da dispersão da bactéria de planta a bacteria and mollicutes. In: AGRIOS, G.N. Plant planta pela desinfestação de instrumentos de pathology. 4th ed. San Diego: Academic Press, 1997. p.407-470. trabalho e das mãos após a colheita de plantas doentes. Rotação de culturas pode ser muito FERREIRA, L.P.; SALGADO, C.L. Bactérias. In: efetiva com bactérias que tem uma gama limitada BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. de hospedeiros, mas é pouco prática e inefetiva (Eds.). Manual de fitopatologia: princípios e com bactérias que atacam muitos tipos de conceitos. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1995. culturas. O uso de variedades resistentes a v.1, p.97-131. certas doenças bacterianas é uma das melhores formas de evitar grandes perdas. Variedades GOTO, M. Fundamentals of bacterial plant pathology. San Diego: Academic Press, 1992. 342p. resistentes, suplementado com práticas culturais apropriadas e aplicação de químicos são os meios KIRÁLY, X.; KLEMENT, Z.; SOLYMOSY, F.; VÖRÖS, J. mais efetivos para o controle de doenças Methods in plant pathology. Elsevier: Amsterdan, bacterianas, especialmente quando as condições 1974. 509p. ambientais favorecem o desenvolvimento da doença. O controle químico de doenças ROMEIRO, R.S. Fundamentos de bacteriologia de bacterianas tem alcançado, geralmente, muito plantas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, menos sucesso que o controle químico de doenças 1996. 50p. fúngicas. Dos químicos usados nas pulverizações ROMEIRO, R.S. Bactérias fitopatogênicas. Viçosa: foliares, compostos cúpricos têm propiciado os Universidade Federal de Viçosa, 1995. 283p. melhores resultados. Antibióticos têm sido usados