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AVALIAÇÃO DA PROFISSIONALIDADE DOCENTE

          A avaliação é uma ação inerente ao organismo vivo em seu ambiente, ou seja, num
primeiro momento emerge como reação biológica a um fator ou estímulo externo e/ou interno
do sujeito. Já num segundo momento, podemos analisar que para se chegar a este patamar
decisório o sujeito, ainda que de forma “involuntária” ou movido por um ímpeto, realiza uma
série de interconexões entre a percepção de uma dada situação ou estímulo e toma uma
decisão, emite um juízo de valor e desencadeia suas ações.

          Entretanto, no âmbito da educação, a avaliação se dá de forma consciente e
intencional. Ela consiste num ato inerente ao cotidiano educativo como elemento fundamental
do fazer profissional que incorpora inúmeras abordagens epistemológicas, políticas e
filosóficas, coexistentes no meio escolar, cujas forças e enfoques se entrelaçam e formam uma
trama complexa de relações ou até mesmo conflitos. Segundo Gadotti (1994):


          Avaliação é inerente e imprescindível, durante todo processo educativo que se realize em um constante
          trabalho de ação-reflexão, porque educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que
          vivemos para superar as contradições, comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo
          constantemente. (Gadotti, 1984, p. 90)



          Este olhar que ressignifica a prática avaliativa à luz das correntes filosóficas
educacionais e pressupostos teóricos se constitui num desafio, tanto para estudiosos quanto
para pesquisadores da educação. Esse desafio aumenta, ainda mais, quando se trata de avaliar
a profissionalidade docente.
          Desta forma, a avaliação de professores emerge como um dos elementos que se
constitui em questão nodal e afere as competências profissionais do docente. Segundo Esteves
(2009):


          [...] as competências, o conceito remete para um certo número de traços particulares evidenciados na
          ação, que podem ser observados e descritos sem que necessariamente se lhes tenha que atribuir um
          valor. [...] o somatório destas competências entendidas em sentido analítico tão pouco habilitará por si
          só à emissão de juízos de valor sobre a competência global de um profissional. (ESTEVES, 2009 p. 39)



          No entretanto, a análise das competências de um dado docente, tendo em vista retratar
o perfil deste profissional, não deve limitar-se ao simples somatório de suas competências
isoladas do meio em que estas se circunscrevem. Urge-se que esta avaliação seja abrangente,
como afirma Danielson (2010):
[...] podemos considerar que os sistemas de avaliação de professores abrangem três principais
       componentes: uma definição clara de uma boa prática pedagógica (o “o quê”), métodos justos e
       confiáveis para trazer à tona provas de uma boa prática pedagógica (o “como”), e avaliadores treinados
       que saibam fazer julgamentos coerentes baseados nas provas. (DANIELSON, 2010 p. 2 )



       Esta “tríade” pode ser entendida como uma referência basilar para o processo de
avaliação da profissionalidade docente. Tanto o profissional na etapa de formação inicial,
quanto o profissional na etapa de formação continuada podem ser avaliados a partir desta
tríade. Também se faz necessário que se respeite e considere as especificidades de cada uma
destas etapas formativas em que o profissional da educação se encontra.
       Vale destacar igualmente que a avaliação da profissionalidade docente na etapa da
formação inicial está, na maioria das vezes, interligada ao desempenho do professor. Já na
etapa da formação continuada a avaliação está, em geral, interligada ao mérito para progresso
na carreira profissional do magistério.
       Na concepção de Domingos Fernandes, “a avaliação do desempenho está claramente
associada àquilo que o professor eficazmente faz quando está a trabalhar e a avaliação das
competências refere-se a um sistema de saberes diversificados e específicos que o professor
domina.” (FERNADES, s/data p. 15). A avaliação do desempenho foca-se no ensino e
avaliação das competências foca-se no professor.
       De acordo com esta linha de pensamento, a avaliação do desempenho tem um
componente de prestação de contas, se limita à verificação da conformidade e normalidade
focada no mínimo burocrático admissível e laboral negociado. Já a avaliação das
competências vislumbra a valorização do mérito e reconhecimento do percurso processual
desenvolvido pelo profissional, implica um juízo sobre o nível de atuação do professor tendo
em vista desvelar o máximo da profissionalidade desprendida pelo docente.
       Entretanto, em ambos os modelos de avaliação, ou seja, tanto no modelo de avaliação
do desempenho quanto no modelo de avaliação das competências, pode-se dizer que o papel
da avaliação formativa e somativa estão presentes. Mas, é perceptível que sobressai o papel
mais importante da avaliação somativa, uma vez que no final da avaliação ou no seu processo
se atribui ao docente uma determinada nota ou conceito de acordo com a escala de valoração
adotada no processo de avaliação da profissionalidade docente. Segundo Fernandes (s/ data):


       A avaliação só poderá ser um processo útil e rigoroso na melhoria das competências e desempenhos dos
       professores se o sistema s um equilíbrio inteligente entre uma perspectiva de desenvolvimento
       profissional, mais situada e contextualizada, e uma perspectiva de responsabilização ou de prestação de
       contas [...]. (FERNANDES, s/ data p. 30)
Urge-se que avaliadores e avaliados tenham ciência que a avaliação da
profissionalidade não possui um fim em si mesmo, mas seu fim último é a efetivação da
educação de qualidade para todos. A prática docente, ou seja, a sua profissionalidade
enquanto educador precisa ser tematizada a partir de uma análise que parta da prática
documentada, por meio de registros detalhados, para explicitar as hipóteses didáticas,
concepções educacionais e ações que norteiam o trabalho do educador. Trata-se de uma
reflexão a partir do dia a dia vivido no âmbito da sala de aula, na regência docente e seu
contexto escolar.
       Com as anotações realizadas de forma minuciosa, possibilita-se que seja analisada a
atuação profissional do educador a partir de sua própria prática e do referencial proposto pelo
processo de avaliação estabelecido. Isto propicia que se percebam os elementos implícitos à
atuação profissional do educador, dando-se conta do que ele faz efetivamente.             Esta
explicitação e compreensão dos elementos próprios da atuação docente constituem-se em
condição necessária para clarificar e consolidar o ato pedagógico cuja função é a
aprendizagem efetiva do educando a ser considerada no processo de avaliação da
profissionalidade docente. Tais elementos próprios da prática docente estão inseridos de modo
implícito e explícito na atuação do educador. Vale ressaltar, também, que o educador traz
inerente à sua atuação os anseios e pressupostos que norteiam ou nortearam a sua opção pelo
magistério e isto implica numa diferenciação qualitativa dificilmente mensurável.


Referência Bibliográfica:


DANIELSON, Charlotte. Novas tendências na avaliação do professor. Rio de Janeiro:
Fundação Cesgranrio, 2010.
ESTEVES, Manuela. Construção e desenvolvimento das competências profissionais dos
professores. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, n°8, jan/abr de 2009.
FERNANDES, Domingues. Avaliação do Desempenho Docente: Desafio, Problemas e
Oportunidades. Lisboa: Texto Editores, s/ data.
GADOTTI, Moacir. Educação e poder: Introdução à Pedagogia do conflito. São Paulo:
Cortez, 1984.

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  • 1. AVALIAÇÃO DA PROFISSIONALIDADE DOCENTE A avaliação é uma ação inerente ao organismo vivo em seu ambiente, ou seja, num primeiro momento emerge como reação biológica a um fator ou estímulo externo e/ou interno do sujeito. Já num segundo momento, podemos analisar que para se chegar a este patamar decisório o sujeito, ainda que de forma “involuntária” ou movido por um ímpeto, realiza uma série de interconexões entre a percepção de uma dada situação ou estímulo e toma uma decisão, emite um juízo de valor e desencadeia suas ações. Entretanto, no âmbito da educação, a avaliação se dá de forma consciente e intencional. Ela consiste num ato inerente ao cotidiano educativo como elemento fundamental do fazer profissional que incorpora inúmeras abordagens epistemológicas, políticas e filosóficas, coexistentes no meio escolar, cujas forças e enfoques se entrelaçam e formam uma trama complexa de relações ou até mesmo conflitos. Segundo Gadotti (1994): Avaliação é inerente e imprescindível, durante todo processo educativo que se realize em um constante trabalho de ação-reflexão, porque educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vivemos para superar as contradições, comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo constantemente. (Gadotti, 1984, p. 90) Este olhar que ressignifica a prática avaliativa à luz das correntes filosóficas educacionais e pressupostos teóricos se constitui num desafio, tanto para estudiosos quanto para pesquisadores da educação. Esse desafio aumenta, ainda mais, quando se trata de avaliar a profissionalidade docente. Desta forma, a avaliação de professores emerge como um dos elementos que se constitui em questão nodal e afere as competências profissionais do docente. Segundo Esteves (2009): [...] as competências, o conceito remete para um certo número de traços particulares evidenciados na ação, que podem ser observados e descritos sem que necessariamente se lhes tenha que atribuir um valor. [...] o somatório destas competências entendidas em sentido analítico tão pouco habilitará por si só à emissão de juízos de valor sobre a competência global de um profissional. (ESTEVES, 2009 p. 39) No entretanto, a análise das competências de um dado docente, tendo em vista retratar o perfil deste profissional, não deve limitar-se ao simples somatório de suas competências isoladas do meio em que estas se circunscrevem. Urge-se que esta avaliação seja abrangente, como afirma Danielson (2010):
  • 2. [...] podemos considerar que os sistemas de avaliação de professores abrangem três principais componentes: uma definição clara de uma boa prática pedagógica (o “o quê”), métodos justos e confiáveis para trazer à tona provas de uma boa prática pedagógica (o “como”), e avaliadores treinados que saibam fazer julgamentos coerentes baseados nas provas. (DANIELSON, 2010 p. 2 ) Esta “tríade” pode ser entendida como uma referência basilar para o processo de avaliação da profissionalidade docente. Tanto o profissional na etapa de formação inicial, quanto o profissional na etapa de formação continuada podem ser avaliados a partir desta tríade. Também se faz necessário que se respeite e considere as especificidades de cada uma destas etapas formativas em que o profissional da educação se encontra. Vale destacar igualmente que a avaliação da profissionalidade docente na etapa da formação inicial está, na maioria das vezes, interligada ao desempenho do professor. Já na etapa da formação continuada a avaliação está, em geral, interligada ao mérito para progresso na carreira profissional do magistério. Na concepção de Domingos Fernandes, “a avaliação do desempenho está claramente associada àquilo que o professor eficazmente faz quando está a trabalhar e a avaliação das competências refere-se a um sistema de saberes diversificados e específicos que o professor domina.” (FERNADES, s/data p. 15). A avaliação do desempenho foca-se no ensino e avaliação das competências foca-se no professor. De acordo com esta linha de pensamento, a avaliação do desempenho tem um componente de prestação de contas, se limita à verificação da conformidade e normalidade focada no mínimo burocrático admissível e laboral negociado. Já a avaliação das competências vislumbra a valorização do mérito e reconhecimento do percurso processual desenvolvido pelo profissional, implica um juízo sobre o nível de atuação do professor tendo em vista desvelar o máximo da profissionalidade desprendida pelo docente. Entretanto, em ambos os modelos de avaliação, ou seja, tanto no modelo de avaliação do desempenho quanto no modelo de avaliação das competências, pode-se dizer que o papel da avaliação formativa e somativa estão presentes. Mas, é perceptível que sobressai o papel mais importante da avaliação somativa, uma vez que no final da avaliação ou no seu processo se atribui ao docente uma determinada nota ou conceito de acordo com a escala de valoração adotada no processo de avaliação da profissionalidade docente. Segundo Fernandes (s/ data): A avaliação só poderá ser um processo útil e rigoroso na melhoria das competências e desempenhos dos professores se o sistema s um equilíbrio inteligente entre uma perspectiva de desenvolvimento profissional, mais situada e contextualizada, e uma perspectiva de responsabilização ou de prestação de contas [...]. (FERNANDES, s/ data p. 30)
  • 3. Urge-se que avaliadores e avaliados tenham ciência que a avaliação da profissionalidade não possui um fim em si mesmo, mas seu fim último é a efetivação da educação de qualidade para todos. A prática docente, ou seja, a sua profissionalidade enquanto educador precisa ser tematizada a partir de uma análise que parta da prática documentada, por meio de registros detalhados, para explicitar as hipóteses didáticas, concepções educacionais e ações que norteiam o trabalho do educador. Trata-se de uma reflexão a partir do dia a dia vivido no âmbito da sala de aula, na regência docente e seu contexto escolar. Com as anotações realizadas de forma minuciosa, possibilita-se que seja analisada a atuação profissional do educador a partir de sua própria prática e do referencial proposto pelo processo de avaliação estabelecido. Isto propicia que se percebam os elementos implícitos à atuação profissional do educador, dando-se conta do que ele faz efetivamente. Esta explicitação e compreensão dos elementos próprios da atuação docente constituem-se em condição necessária para clarificar e consolidar o ato pedagógico cuja função é a aprendizagem efetiva do educando a ser considerada no processo de avaliação da profissionalidade docente. Tais elementos próprios da prática docente estão inseridos de modo implícito e explícito na atuação do educador. Vale ressaltar, também, que o educador traz inerente à sua atuação os anseios e pressupostos que norteiam ou nortearam a sua opção pelo magistério e isto implica numa diferenciação qualitativa dificilmente mensurável. Referência Bibliográfica: DANIELSON, Charlotte. Novas tendências na avaliação do professor. Rio de Janeiro: Fundação Cesgranrio, 2010. ESTEVES, Manuela. Construção e desenvolvimento das competências profissionais dos professores. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, n°8, jan/abr de 2009. FERNANDES, Domingues. Avaliação do Desempenho Docente: Desafio, Problemas e Oportunidades. Lisboa: Texto Editores, s/ data. GADOTTI, Moacir. Educação e poder: Introdução à Pedagogia do conflito. São Paulo: Cortez, 1984.