Este documento discute o trabalho infantil no Brasil, com base em entrevistas com crianças que trabalham para sobreviver. A pesquisa mostra como o trabalho infantil ainda existe em locais populares, contrariando a legislação. As crianças relatam trabalhar para comprar comida, já que às vezes não têm o que comer em casa. Melhorar a distribuição de renda e oferecer educação de qualidade pode ajudar a reduzir desigualdades e dar mais oportunidades às crianças.
3. A finalidade desse trabalho é mostrar como ocorre o
trabalho infantil (exploração do trabalho infantil) em
lugares populares de acordo com a realidade observada,
elementos esses extraídos do próprio cotidiano, por meio
da pesquisa sobre as crianças e ao mesmo tempo com as
crianças e a partir disso analisar os dados coletados
buscando trazer e valorizar as suas falas e suas realidades
visando entender e conhecer essa prática ainda existente.
4.
5. “No processo da pesquisa é preciso considerar o lugar de
onde observo, escuto, pergunto, meço, avalio – a exotopia –
entendendo que o objeto pesquisado das ciências humanas,
tanto quanto o pesquisador, é sempre um sujeito (implicado,
interessado, situado). (Revista perspectiva apud Bakhtin,
2005, p. 44).
6.
7. • ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente :
Art. 5º “Nenhuma criança ou adolescente será
objeto de qualquer forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão, punido na forma da lei qualquer
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais”.
• Legislação Brasileira proíbe qualquer tipo de
trabalho a menores de 14 anos.
8. Marcos 08 anos e João 12 anos , estudam
em escola pública e catam latinhas: “A nossa
mãe manda a gente catar as latinhas para
vender”.
9. Encontramos duas crianças com sacos cheios de latinhas
na mão e perguntamos se podíamos lhes fazer algumas
perguntas:
Elas envergonhadas disseram que sim.
1-Vocês estão catando latinha pra que?
R- Pra vender.
2-Quem manda vocês catarem?
R-Nossa mãe.
3-Vocês são irmãos?
R-Não.
4-Vocês estudam?
R-Sim.
5-Vocês brincam?De que?
R-Sim, manja, bola.
6-Vocês já brincaram de computador?
R-Só na minha escola
Questionário (Entrevista estruturada)
10. Salatiel 12 anos, parou na 3ª série,
trabalha como engraxate: “Trabalho para
comprar comida, pois às vezes não tem o que
comer”.
13. Qual o seu nome?
Salatiel
Qual a sua idade?
12 anos.
Onde mora?
Redenção.
Com quem mora?
Com o pai e a avó.
Estuda? Onde?
Não estuda, parou na 3ª série. Sabe ler, escrever e contar.
Gostaria de voltar para escola.
Quantas pessoas da sua família (que moram na mesma casa)
trabalham?
Somente o pai e ele na Praça do Caranguejo como engraxate e
imitando o Michael Jackson.
Já sofreu algum tipo de agressão trabalhando nesse local?
Não, pois uns protegem os outros (falando de outros
trabalhadores do local).
Questionário (Entrevista estruturada)
14. Já tentaram expulsá-lo (a) da praça?
Sim, o policial.
O que faz quando não está aqui trabalhando?
Nas raras vezes em que não está trabalhando brinca de
videogame.
Quantos dias (e horas) trabalham neste local?
São raras às vezes que volta para casa (somente para levar o
dinheiro).
Trabalha em outro local?
Quando não está na Praça do Caranguejo, trabalha na Praça
do Dom Pedro, Ponta Negra e Centro.
15. Porque trabalha?
Para comprar as coisas que acha legal, alimentação para
si e para a família.
Há algum adulto que o acompanham? Se sim conversar com
o adulto sobre o que tem a dizer sobre o assunto?
Sim, outro engraxate. É necessário para que possam se
manter e porque em casa não tem nada para comer, mas que
não acha legal uma criança trabalhando e dormindo na rua.
Como você se diverte quando não está trabalhando?
Brincando de videogame e de outras coisas.
O que você pensa para o futuro?
Pretende ser pastor ou advogado.
16. Reduzir a desigualdade é uma questão urgente. Para isso, são
necessárias políticas que melhorem a distribuição de renda no país.
Contudo, oferecer alternativas para crianças e adolescentes que
vivem expostas à situações de risco também pode ajudar a reduzir
os efeitos das diferenças sociais. É necessário garantir uma
educação de qualidade que permita ampliar a escolaridade das
crianças e aumentar suas chances de inclusão social.
Na atualidade ainda é necessário buscar alternativas que nos
possibilitem intervir nessa situação e dessa forma contribuir para
que essas crianças tenham a possibilidade de conhecer e exercer
sua cidadania, falar e ser escutada e usufruir mesmo que de forma
ainda “limitada” a fase propícia para seu desenvolvimento que é a
infância.
17. CRUZ, Sílvia Helena Vieira (org.). A criança fala: a escuta de crianças em
pesquisa. s.ed. São Paulo: Cortez, 2008.
ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente. Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente de Manaus. Manaus-Amazonas, 2005.
PESPECTIVA Revista do Centro de Ciências da Educação. Universidade
Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Educação. – vol. 23,
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