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Prof.ª RITA FREITAS
LICENCIADA EM HISTÓRIA
PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS
PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA
PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM CULTURA AFRO BRASILEIRAS
PÓS GRADUANDA –ESPECIALISTA EM DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR
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I UNIDADE
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE HISTÓRIA
A palavra “história” nasceu na Grécia Antiga e significava “investigação”. Foi o grego
Heródoto, considerado o “pai da História”, que pela primeira vez, empregou esta palavra
com o sentido de investigação do passado.
Se você pensou em responder, que História é simplesmente o estudo do passado, com
muitos fatos, nomes e datas, valorizando os heróis, os poderosos... Pode parar! Tá na hora
de você rever seus conceitos!
A História é uma ciência viva, ela busca entender como os homens se organizaram e se
desenvolveram desde o passado até os nossos dias. É a ciência do passado e do presente,
um e outroinseparáveis.
A História serve para interpretar o passado, tendo em vista a compreensão do presente.
O objetivo é adquirir consciência do que FOMOS para transformar o que SOMOS.
Transformar para melhor. Assim, num país como o Brasil, marcado por tantas injustiças
sociais, o estudo da história pode servir para ampliar nossa consciência sobre a imensa e
urgente tarefa de construir uma sociedade mais justa, mais digna e mais fraterna.
1.1. QUEM FEZ E QUEM FAZ A HISTÓRIA?
Há cerca de 3 milhões de anos o homem habita o planeta
Terra. Nele, encontra todos os recursos de que precisa para
sobreviver. Porém, para retirar esses recursos da natureza e
transformá-los em alimentos, ferramentas, habitações,
vestuários, etc., ele precisa trabalhar.
Ao transformar a natureza, o homem modifica a Terra.
Assim, no decorrer de milhares e milhares de anos, florestas
deram lugar a campos de cultivo ou a cidades; montanhas foram perfuradas, com o objetivo
de encurtar caminhos; e rios foram desviados de seu curso, para que suas águas pudessem
alcançar regiões áridas. Esse gigantesco trabalho de transformação da natureza nunca foi
uma tarefa individual, pois os homens sempre viveram em grupos, atuando juntos para
sobreviver. E, nesse longo percurso, a humanidade foi onstruindo a sua história. Será que
só os reis, imperadores, presidentes, ministros e generais fazem a História?
Poucos jornais se preocupam em noticiar que os moradores de um bairro pobre se reuniram
no fim de semana para limpar a rua e plantar árvores na pracinha. Mas, se o presidente da
República se encontrou com o dirigente de outro país, essa notícia estará em todos os
jornais.
Os jornais noticiam os fatos que acham mais importantes para os leitores e para a
população. E quem decide se os fatos são importantes ou não geralmente são os donos e
diretores dos jornais, que com freqüência estão de acordo com quem manda no país.
3
Também os livros de História trazem mais fatos referentes à vida dos governantes do que
notícias sobre os governados (o povo, em geral).
1.2. MAS TODOS NÓS FAZEMOS A HISTÓRIA DO BRASIL!
Você, seus professores, seus amigos, seus parentes constituem uma parte da sociedade
brasileira. Esta parcela da população estuda, trabalha, vota para eleger seus dirigentes,
reúne-se em entidades como sindicatos de trabalhadores, associação de moradores, grupos
da igreja, etc. Numa nação democrática, esses grupos de cidadãos devem atuar
politicamente, e com isso ter uma participação maior na História do país.
Todos fazem a história: produzindo, governando, estudando, combatendo, realizando
trabalhos científicos, manuais ou artísticos. Neste trabalho coletivo, de milhares de anos e
de milhões de pessoas, o homem venceu inúmeros desafios, mas, ao mesmo tempo, criou
problemas de difícil solução. Herdamos de nossos antepassados um mundo com guerras,
conflitos e ameaças. Diante disso, muitas vezes nos sentimos pequenos e frágeis. Como
encontrar soluções para os problemas que enfrentamos nos dias atuais? Para isso vamos
estudar a História, e tentar fazer a nossa parte na construção de uma sociedade mais justa
e solidária.
1.3. COMO SABEMOS O QUE ACONTECEU NO PASSADO?
Para conhecermos a vida de nossos antepassados, recorremos a velhos álbuns de
fotografias e às pessoas mais velhas. São eles que podem nos relatar algo sobre nossos
parentes mais antigos.
Podemos saber como se vestiam, onde moravam, que atividades tinham, qual era o seu
lazer, como se relacionavam uns com os outros e quais eram seus costumes. Enfim,
dependendo da qualidade das informações e do nosso interesse, podemos reconstituir parte
desse passado.
Na História a investigação é parecida com isso, pois através dos tempos, os homens vão
deixando sinais de sua vida: restos de esqueletos e de casas, objetos de uso doméstico,
vestimentas, calçados, obras de arte, desenhos,
inscrições, cartas, textos impressos em livros,
revistas e jornais, etc.
Esses são os chamados documentos históricos ou
fontes históricas, utilizados pelos historiadores
(guardiões da memória da humanidade, seu trabalho
é descobrir o máximo possível a respeito dos fatos
que já aconteceram, para registrá-los e, assim,
impedir que sejam esquecidos) para conhecer o passado.
4
Os documentos históricos podem ser escritos (jornais, livros, inscrições em monumentos
etc.) e não-escritos (monumentos, objetos, restos humanos, ruínas de construções etc.).
Essas imensas construções, as
pirâmides do Egito, são exemplos
de vestígios. Através do estudo
daspirâmides, construídas há mais
de 4000 anos, pôde-se conhecer
muitos hábitos, crenças e modos de
vida desse antigo povo. Sabe-se,
por exemplo, que eles acreditavam
que após a morte a alma voltava ao
corpo. É por isso que se
embalsamavam os mortos.
Os corpos embalsamados recebem o nome de múmias. Os faraós construíram templos
imensos, como as pirâmides, onde seus corpos embalsamados eram colocados.
1.4. COMO CONTAR O TEMPO?
Por isso, ao longo da História, o homem sempre procurou pôr em
ordem cronológica os acontecimentos históricos. Muitos calendários
foram organizados para isso. Mas a forma mais aceita de contar o
tempo foi estabelecida a partir do nascimento de Cristo.
O nascimento de Cristo, que marcou o início do calendário cristão, é o
ponto de referência para a contagem dos anos e das datas dos
grandes acontecimentos históricos.
A sucessão de dias e de noites nos dá a primeira idéia da passagem
do tempo. Assim, o homem sempre se preocupou em saber quanto tempo o separa de um
acontecimento ocorrido no passado ou quanto tempo falta para se dar um acontecimento
previsto para o futuro.
Os anos anteriores ao nascimento de Cristo, contam-se de forma decrescente, adicionando-
se as letras a.C. (antes de Cristo). Exemplo: Roma, segundo a lenda, foi fundada em 753
a.C., isto é, 753 anos antes do nascimento de Cristo.
Os anos posteriores contam-se de forma crescente e são representados pelas letras d.C.
(depois de Cristo), mas, tornou-se comum usar apenas o ano sem nenhuma sigla. Exemplo:
Brasília foi fundada em 1960, isto é, 1960 anos depois do nascimento de Cristo.
Então, para os países que seguem o cristianismo, o nascimento de Cristo é o marco
principal para a contagem do tempo.
Outros povos, não cristãos, consideram outros fatos mais importantes; portanto, têm outros
calendários. É o que acontece com os chineses, os judeus e os árabes, por exemplo.
Para os árabes, que seguem o Islamismo, religião fundada por Maomé, o fato central é a ida
deste profeta da cidade de Meca para a de Medina (na atual Arábia Saudita).
Segundo o nosso calendário, isso ocorreu no ano de 622. Portanto, o ano 1 do calendário
árabe corresponde ao ano 622 do nosso calendário. Nosso ano de 2004 corresponde ao
ano 1382 do calendário árabe.
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1.5. A DIVISÃO DO TEMPO DA HISTÓRIA
Se você recordar um pouco sobre as fontes históricas, vai lembrar que as fontes escritas
são muito eficientes e nos fornecem informações e registros muito precisos. Por isso, o
surgimento da escrita marca o início da História, pois só nos é possível afirmar que um fato
aconteceu realmente se houver algum registro escrito sobre ele.
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O documento escrito mais antigo já encontrado até hoje data de 4000 a.C.,
aproximadamente. O período da história posterior a esta data é chamado de histórico,
porque tudo o que aconteceu pode ser entendido a partir de fontes mais seguras. O período
histórico anterior a essa data é chamado de período pré – histórico, nada do que apresenta
pode ser afirmado com total segurança.
A DIVISÃO DO PERÍODO HISTÓRIA
IDADE ANTIGA: Desde o surgimento da escrita até a queda do Império Romano do
Ocidente (em 476).
IDADE MÉDIA ou MEDIEVAL: Desde a queda do Império Romano do Ocidente até a
tomada da cidade de Constantinopla pelos turcos (1453).
IDADE MODERNA: Desde a tomada de Constantinopla pelos turcos até a Revolução
Francesa, em 1789.
IDADE CONTEMPORÂNEA: Desde a Revolução Francesa até os nossos dias atuais.
Nessa etapa de nossos trabalhos gostaríamos de ajudá-lo a se descobrir como agente
social em sua escola, em seu bairro, sua cidade e seu país. Mas esta descoberta vai
acontecendo aos poucos. Em primeiro lugar, você deverá compreender o seu papel como
agente da História.
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Ao perceber que você é o responsável pela construção de sua história, entenderá também
que é agente da História em sua escola, seu bairro, etc. Após a leitura do texto abaixo, você
irá nos contar um pouco de sua história.
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O mercado de trabalho está muito concorrido atualmente. Todos nós sabemos como está
difícil conseguir um emprego. Por isso, estudos e cursos são importantes, para fazer um
candidato se sobressair em relação aos outros.
Mas, para isso, é preciso mostrar com clareza à firma ou empresa onde o candidato busca
uma vaga, o que ele já fez na vida.
Para isso é que serve o Curriculum Vitae, o currículo de sua vida, onde você registra todas
as informações importantes para se conseguir um emprego.
Um bom currículo deve ser direto e objetivo. Não adianta colocar um monte de informações
só para impressionar. O ideal é colocar o que você já fez, onde estudou, onde trabalhou,
que emprego pretende, sempre sem inventar nada.
Aqui você vai encontrar algumas dicas de como fazer um currículo. Na próxima página você
encontra um currículo-modelo que você pode seguir ao fazer o seu, substituindo as
informações do exemplo pelas suas.
As dicas... As dicas... As dicas... As dicas...
Tamanho: Não adianta fazer um currículo gigantesco, esperando impressionar: o destino de
seu currículo pode ser o fundo de uma gaveta ou mesmo o lixo. Então, não é bom colocar
todos os cursos que você fez ou todos os empregos que teve, por exemplo, mas os mais
importantes e que talvez tenham relação com o emprego que você está tentando. O
tamanho ideal do currículo é no máximo 2 páginas.
Dados Pessoais: Nome, endereço, telefone e e-mail (se tiver) são informações essenciais.
Um dos problemas que os empregadores reclamam muito é ser impossível contatar um
candidato, porque muitos deixam de pôr endereço ou mesmo um telefone para contato.
Escolaridade: Registre o seu nível mais alto de escolaridade somente. Por exemplo, se
você já terminou ou ainda está cursando o ensino médio, registre onde estuda e quando
terminou (se ainda não terminou, registre que está cursando).
Cursos Complementares: Registre cursos que você fez e que você acha importante.
Experiência Profissional: Aqui você irá registrar os empregos que você já teve - nome da
empresa, quando entrou e quando saiu, o cargo e que funções desempenhou.
IMPORTANTE: você deve registrar no início o último emprego que você teve, até registrar o
primeiro emprego, que será o último.
1.6. ONDE TUDO COMEÇOU...
Desde tempos muito antigos, o homem e a mulher se interessam em conhecer sua origem.
As explicações até então aceitas, eram as histórias da criação do mundo, do homem e da
mulher que existem em todas as religiões. Mas, somente no século XIX, surgiram as
primeiras teorias afirmando que o homem atual descende de uma ESPÉCIE ANIMAL – é a
chamada TEORIA DA EVOLUÇÃO.
9
1.7. A ORIGEM DO HOMEM E DA MULHER
Durante o século XIX (por volta de 1859) os estudos e pesquisas apresentaram notáveis
progressos, explicando a origem e evolução da vida. Pesquisadores como Alfred Russel
Wallace e Charles Darwin, chegaram a quase exatamente as mesmas conclusões sobre a
origem das espécies: que a vida progrediu em nosso planeta através de um processo de
adaptação, luta e sobrevivência dos mais aptos – é a chamada TEORIA DA EVOLUÇÃO.
10
Então, as várias formas de vida, desde o PRINCÍPIO, foram desafiadas pelo Meio Ambiente
a se ADAPTAR ou a DESAPARECER e, ao se adaptarem, as formas de vida tornaram-se
cada vez mais EVOLUÍDAS.
• A evolução do reino animal chegou a um
ponto culminante com o aparecimento dos
mamíferos.
• O início da evolução humana encontra-se nos PRIMATAS (grupo que inclui homens e
macacos) e foi no interior da ordem dos primatas que desenvolveu-se uma linha evolutiva
separando os homens dos macacos.
A partir daí, surgiram os HOMINÍDEOS, espécie intermediária dessa evolução. Essa
linhagem evoluiu e desenvolveu aspectos fundamentais para que acontecesse essa
separação entre os homens e macacos, que foi o CRESCIMENTO DO CÉREBRO, a
progressiva conquista da POSTURA ERETA e por último, a LINGUAGEM, características
distintas dos seres humanos.
Com os HOMINÍDEOS, as espécies que se tornariam humanas foram aos poucos,
assumindo características físicas e mentais mais próximas às do homem atual. Surge então,
os HOMO SAPIENS, isto é, a espécie humana tal como a conhecemos hoje.
Bom, explicando de uma forma bem simples, o que se acredita é que em algum momento
do passado, a linhagem dos humanos e dos macacos devem ter compartilhado um ancestral
comum – os primatas, e que desses, outra linhagem se desenvolveu e evoluiu, separando o
homem do macaco.
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2. A PRÉ-HISTÓRIA: ORIGEM DA CULTURA
Bem, já se passaram milhões de anos desde que o ser humano começou a sua evolução
biológica e cultural. Ele começou, então, a pensar e a usar o cérebro e as mãos para extrair
da natureza os recursos necessários à sua sobrevivência. No processo de sua evolução
biológica e cultural, o ser humano foi passando por fases no período que chamamos de Pré-
História, isto é, antes da descoberta da escrita. Essas fases receberam os nomes de
Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais.
A pré-história vai do aparecimento do homem até a invenção da escrita, ocorridas por
volta de 4000 anos antes do nascimento de Cristo. Saiba que as mudanças não ocorrem da
noite para o dia ou apenas em alguns anos, mas foi um processo lento de transformação.
Como era a vida no Paleolítico?
A primeira fase, conhecida como
Paleolítico, corresponde ao período mais
longo da história da humanidade. Durante o
Paleolítico, o ser humano não era produtor
de alimento. Eracaçador e coletor. Vivia da
caça, da pesca e da coleta de frutos, raízes
e ovos. Praticava, portanto, uma economia
de coleta.
A organização social e econômica entre os caçadores e coletores do Paleolítico era
extremamente simples.
Inicialmente viviam em bandos e se ajudavam para a obtenção de alimentos.
Com o tempo passaram a morar em cavernas e a dividir o trabalho de acordo com a idade e
o sexo. Os homens caçavam; as mulheres geralmente faziam a coleta. Passaram a se
organizar num regime de comunidade primitiva, caracterizada pela propriedade coletiva dos
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meios de produção, isto é, tudo o que era coIetado, pescado e caçado ficava para o grupo.
Não havia donos, todos trabalhavam e o produto do trabalho era dividido entre os membros
do grupo de acordo com as necessidades de cada um. Nessa fase, aprenderam a fazer e a
controlar o fogo, utilizando-o para se aquecer do frio, para cozinhar alimentos, para se
defender dos animais ferozes, para iluminar as cavernas onde habitavam.
No Paleolítico os homens praticavam uma economia nômade, isto é, eles mudavam de uma
região para outra em busca de mais peixes, frutas e caça, quando esses alimentos
escasseavam. Nômades e caçadores, os seres humanos do Paleolítico caminharam
milhares e milhares de quilômetros ao longo dos séculos, povoando diversos territórios,
acumulando conhecimentos e com isso construindo as bases da civilização atual.
Você acha que existem pessoas que vivem atualmente como eles viviam? Onde?
Atualmente alguns grupos indígenas no interior do Brasil e de regiões da África, Austrália e
Polinésia conservam características do período paleolítico.
E como era a vida no período Neolítico?
Nesse período o ser humano já possuía características físicas semelhantes às do homem
atual. Como técnica usava o polimento de pedras e ossos. Além de machados comuns,
passa a utilizar o osso para a fabricação de arcos, flechas, arpões e lanças.
Nesse período ocorreu a Revolução Neolítica, ou seja, ocorreram transformações na forma
de vida do ser humano. Mudanças climáticas alteraram a vida sobre a Terra tornando
escassos a água e os alimentos que se encontravam na natureza. A partir daí, homens e
animais passaram a procurar regiões próximas às margens dos rios.
Além dos problemas climáticos, o crescimento da população, tornou difícil a obtenção de
alimentos, o que levou o ser humano a se fixar e iniciar o cultivo da terra - a praticar a
agricultura. Assim, o ser humano tornou-se sedentário, isto é, passou a ter habitação fixa. O
ser humano passou de simples coletor da natureza para produtor.
Ao lado da agricultura, o ser humano passou a domesticar alguns animais, desenvolvendo
assim o pastoreio. É dessa época também o desenvolvimento do artesanato, das técnicas
de fiação, de tecelagem e da fabricação de cerâmica.
14
15
2.1. A ORIGEM DO HOMEM AMERICANO
Existem várias hipóteses sobre a origem dos antigos seres humanos que habitavam o
continente americano, inclusive o Brasil.
Entre as hipóteses existentes, a mais aceita sustenta que os antigos seres humanos
americanos são originários da Ásia e chegaram ao continente americano passando pelo
Estreito de Bering, que liga a Ásia à América do Norte.
Observe no mapa abaixo, os possíveis caminhos percorridos pelos primeiros habitantes da
América.
Portanto, a América do Norte, América Central e América do Sul, já eram habitadas muitos
anos antes de Cristovão Colombo tomar posse dessas terras em 1492, em nome da
Espanha. Dessa forma, o Brasil também foi sendo povoado, junto com os outros países
das Américas. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, há cerca de 500 anos, essa
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terra era povoada por aproximadamente 5 milhões de pessoas, os indígenas. Esses povos
não deixaram documentos escritos.
Portanto, para sabermos da sua História, devemos usar dos vestígios deixados por eles. Os
primeiros habitantes do Brasil deixaram vestígios arqueológicos que nos dão algumas idéias
a respeito de como eles viviam.
Onde são encontrados esses vestígios?
Também em muitas cavernas do interior do Brasil e mesmo em
lajes de pedras ao ar livre, encontram-se pinturas ou outros
sinais gravados na pedra. Escavações iniciadas em 1978 em
São Raimundo Nonato, no Piauí, encontraram vestígios
arqueológicos que possibilitaram aos estudiosos do assunto
concluir que seres humanos viveram na região há 45 mil anos.
As descobertas recentes fazem do Piauí o mais importante sítio
arqueológico do Brasil.
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18
Algumas comunidades indígenas brasileiras ainda possuem características das maneiras de
viver dos homens do Paleolítico e do Neolítico.
A produção coletiva do trabalho, a pequena divisão de tarefas e a inexistência de classes
sociais são algumas dessas características.
Vivendo da caça e da coleta, algumas tribos adquiriram práticas agrícolas, enquanto outras
permaneceram nômades.
Atualmente, existem no Brasil uns 210 mil índios; eles representam 0,11% da população
brasileira total. Quando os portugueses chegaram, a situação era outra; calcula-se que
havia 5 milhões de índios em nossa terra.
O que teria provocado a violenta redução da população indígena? Foi a ação do
conquistador europeu, no processo de colonização do Brasil.
O conquistador europeu utilizou três tipos de violência contra o índio: militar (guerra),
econômica (a escravidão) e cultural (destruição de seu modo de vida).
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O direito à sobrevivência do índio brasileiro é uma das grandes questões colocadas para a
sociedade brasileira. Desde a chegada dos primeiros portugueses ao Brasil, os indígenas vêm
sofrendo com a perda de suas terras, com doenças transmitidas pelo homem branco, com o
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desmatamento, que destrói a flora e a fauna e com a perda de sua cultura. Apesar de terem
sido criadas reservas indígenas, estas têm sido freqüentemente invadidas por garimpeiros e
fazendeiros à procura de ouro e de terras.
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Então como os indígenas estão procurando resolver suas questões?
Eles estão se organizando politicamente, com o
objetivo de se impor como cidadãos brasileiros.
Assim, em 1980 foi fundada a UNI (União das
Nações Indígenas), com o objetivo de articular todas
as nações indígenas brasileiras e o CIMI Conselho
Indigenista Missionário).
Após a leitura dos textos 3 e 4, você deve ter
percebido que a questão indígena é muito mais
séria do que se imagina. Nossos índios estão sendo
mortos, e a sociedade brasileira parece não estar muito preocupada com isso.
Muitas pessoas continuam afirmando que o índio é preguiçoso e que prefere ficar na mata
ou deitado na rede a trabalhar em uma fábrica ou nas fazendas dos homens brancos. Ao
afirmarem isto, estas pessoas apenas confirmam que desconhecem totalmente a maneira
de viver e pensar dos índios.
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Será que nós, homens brancos, que vivemos nas grandes cidades e corremos atrás
do dinheiro todos os dias, temos o direito de condenar os índios à morte através da
invasão de suas terras e da destruição de suas florestas? Acreditamos que não.
Existem pesquisadores na Universidade de São Paulo fazendo um trabalho para
recuperar a língua e os costumes dos pankararus, o que mostra que no meio branco
existem pessoas empenhadas em ajudar o índio a se preservar e não perder sua
identidade cultural.
23
II UNIDADE
3. O FEUDALISMO E AS TRANSFORMAÇÕES NAS RELAÇÕES
SOCIAIS
Isso tudo diz respeito a um período da história da Europa chamado Medieval, ou Idade
Média. Os castelos existem até hoje em muitos países europeus, mas o modo de vida das
pessoas mudou completamente.
O Brasil não teve as características da época medieval, porque a América passou por uma
evolução sócio-econômico-cultural diferenciada da Europa. Ao compreender a história
medieval, você entenderá melhor o processo histórico desenvolvido entre o período do
século V ao XV, na Europa. Você aprendeu que no século XVI, o mundo conhecido dos
europeus se limitava à Europa, Oriente Médio e África. Nessa época, a América ainda não
era conhecida dos europeus, e a Europa era por eles considerada o centro do mundo.
Durante séculos, o Império Romano dominou grande parte da Europa. Uma poderosa
estrutura administrativa, com exércitos e estradas que interligavam todo o território,
possibilitou aos romanos impor às populações dessa parte do continente seu domínio, seu
modo de vida e seus costumes.
A partir do século III, esse cenário começaria a se alterar, quando diversos povos de origem
germânica, eslava e, posteriormente, árabe, invadiram a parte ocidental da Europa iniciando
um novo modo de vida com características e particularidades próprias.
24
No início, essas invasões foram realizadas pacificamente, mas com o tempo tomaram-se
violentas, o que gerou destruição e insegurança em várias áreas da Europa.
25
A política no feudalismo
A Europa ficou dividida em reinos, mas os reis não tinham muito poder, pois esses reinos
eram divididos em grandes extensões de terras, chamados feudos. O domínio no feudo era
exercido pelo senhor feudal, que possuía poder absoluto dentro dele.
O feudo era o domínio do senhor feudal e era a unidade básica de produção. Nele havia:
o castelo: onde morava o senhor feudal.
a vila ou aldeia: onde moravam os servos.
as terras: onde os servos trabalhavam.
26
No feudalismo, a sociedade era dividida em estamentos, ou seja, as pessoas permaneciam
desde o nascimento até à morte, numa mesma posição dentro da sociedade.
A sociedade era dividida em: clero, nobres e servos e não permitia a mobilidade social, isto
é, não havia possibilidade da pessoa mudar sua situação social; quem nascia servo, jamais
poderia deixar de sê-lo.
27
Os servos trabalhavam devendo obrigações aos seus senhores (nobres). Viviam em
condições precárias de subsistência. Embora pudessem usar um pedaço de terra, bem
pouco daquilo que produziam ficava para o sustento da família, pois grande parte da
produção era entregue a seus senhores e à Igreja sob forma de tributos (impostos). (A Igreja
também aumentou seus domínios graças ao dízimo, taxa de 10% sobre a produção dos
fiéis).
Então o servo era como o escravo?
Como o servo necessitava da proteção oferecida pelo senhor feudal, ele tinha a obrigação
de permanecer e trabalhar na terra desse senhor, mas apesar do servo estar ligado à terra,
não podia ser vendido; o servo não era propriedade do seu senhor, diferente do escravo que
era vendido porque era propriedade do dono. ]
28
No feudalismo, com a fuga da população da cidade para o campo, a principal fonte de
subsistência passou a ser a agricultura. Praticamente, não havia comércio e sim troca de
produtos dentro de cada feudo. Assim, os feudos eram auto-suficientes, quer dizer,
produzia-se e trocava-se dentro de cada um deles tudo o que sua população precisava.
Nesse período, por conseqüência, o dinheiro praticamente desapareceu.
Durante a Idade Média, produzia-se na terra quase todas as mercadorias de que se
necessitava e, por isso, somente a terra era o indicativo de poder de quem a possuía.
As características econômicas do feudalismo influenciaram fortemente a política. A quase
inexistência do comércio e o fato de as moedas não circularem impediram que o rei, ou
qualquer outro tipo de governante, arrecadasse impostos. E se não há arrecadação de
29
impostos, é impossível construir um exército; se não existe exército, não há poder coercitivo
(que impõem limites; repressivo) que faça alguém se sentir obrigado a obedecer ao rei.
30
31
Atendendo aos apelos do papa, os cristãos organizaram expedições militares que
receberam o nome de Cruzadas. Além da motivação religiosa, a organização das cruzadas
teve outras causas, como o espírito guerreiro dos nobres feudais e a necessidade
econômica de retomar importantes cidades comerciais que estavam em poder dos
muçulmanos.
De 1096 a 1270, os cristãos europeus organizaram oito cruzadas. Cada uma teve suas
próprias características, deixando conseqüências marcantes na política e na economia da
Idade Média.
Entre as principais conseqüências do movimento das cruzadas, podemos destacar:
⇒ Empobrecimento dos senhores feudais, que tiveram suas economias arrasadas pelos
elevados custos da guerra santa.
⇒ Fortalecimento do poder real, que cresceu à medida que os senhores feudais perdiam
sua tradicional força.
⇒ Reabertura do Mediterrâneo, que se encontrava sobre o poder dos muçulmanos,
possibilitando a retomada do intercâmbio comercial entre Europa e Oriente. Com isso,
houve crescente rompimento na economia fechada do feudalismo.
⇒ Desenvolvimento intelectual e cultural promovido pelo contato com os povos do Oriente.
4. O RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO
32
Os mercadores europeus, principalmente os italianos, passaram a ir mais vezes ao Oriente
e a levar maior quantidade de mercadorias da Ásia para a Europa. Essas mercadorias eram
vendidas em feiras realizadas no interior da Europa, onde o comércio foi reativado.
À medida que o comércio foi se expandindo, foram surgindo cidades exatamente nos locais
das feiras. Por razões de segurança, os mercadores procuravam realizar as feiras em
lugares próximos a uma zona fortificada, cercada de muralhas, chamada burgo, onde se
erguia a catedral, o palácio do bispo e, por vezes, o castelo do senhor das terras. Os burgos
garantiam a defesa do lugar.
Com o tempo, prósperos mercadores passaram a se estabelecer nesses povoados. Ali
também se instalaram diversas oficinas de artesãos: sapateiros, ourives, ferreiros, oleiros,
carpinteiros, etc. Assim, em volta da primeira zona fortificada surgiu um novo núcleo,
também cercado de muralhas, que foi se tornando mais importante que o primeiro. Os
moradores desta segunda zona fortificada (artesãos e comerciantes) chamavam-se
burgueses e passaram a constituir uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses eram
homens livres, desvinculados do sistema feudal.
As cidades enfim, tornaram-se locais onde havia segurança e liberdade para aqueles que
desejavam romper com a rigidez da sociedade feudal.
Quanto mais o comércio crescia, mais as cidades se desenvolviam
e maiores passavam a ser as necessidades de mercadorias para
abastecer os consumidores europeus.
Diante disso, os comerciantes europeus perceberam que
necessitavam controlar não somente a venda final dos produtos,
mas também as rotas comerciais pelas quais os produtos
chegavam à Europa. Mais ainda, precisavam de novas fontes
produtoras e novos produtos que pudessem proporcionar lucros no
processo de compra e venda.
Em uma situação assim, o que você faria? Ficaria sentado esperando um milagre ou
buscaria encontrar meios para obter mais mercadorias?
Os comerciantes europeus incentivaram a segunda possibilidade. Abriam-se as portas para
a expansão marítima européia. Mas este é assunto para a nossa próxima apostila.
4.1. CRISE DO FEUDALISMO
Com a diminuição das invasões, a partir do século XI, um
novo modo de vida estabilizou-se. A produção de alimentos
aumentou desde então, graças à ampliação das terras
cultivadas e à melhoria dos instrumentos de trabalho.
Milhares de hectares de florestas foram derrubados para
aumentar a área de terras aráveis e de pastagens, e para
extrair a madeira, principal combustível de uso doméstico
ematéria-prima para construção de pontes, casas, armazéns
e fortalezas.
33
Como já vimos, essa estabilidade trouxe um certo progresso: crescimento das vilas e
cidades, aumento da população e fortalecimento das atividades comerciais graças à
produção de alguns excedentes. Entretanto, as riquezas produzidas por este progresso
continuaram sendo apropriadas pelos senhores.
Como todo modo de vida baseado na exploração do homem pelo homem, o sistema feudal
não foi capaz de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. A expansão demográfica
(crescimento da população) foi maior que a expansão da agricultura. As técnicas agrícolas
precárias levaram ao esgotamento das terras, e a falta de terras férteis provocou o fim da
expansão das áreas plantadas.
Com isso, a partir dos séculos XIV e XV, guerras, fome e epidemias, como a peste negra,
espalharam-se com rapidez, atingindo, principalmente, a população trabalhadora.
Para manter seu nível de vida durante essa crise, os senhores feudais aumentaram as
exigências sobre os camponeses, cobrando cada vez mais tributos e aumentando sua
jornada de trabalho. Por isso, em vários locais da Europa, os camponeses se revoltaram
contra a exploração a que estavam sendo submetidos. A estabilidade feudal foi destruída
por guerras, fomes, doenças e revoltas camponesas.
O poder dos senhores feudais foi profundamente abalado, facilitando a centralização do
poder político nas mãos de reis absolutistas e a ocorrência das crises que provocaram o fim
do feudalismo.
5. EXPANSÃO MARÍTIMA MERCANTIL
A Globalização é um Processo Atual?
Atualmente muito se fala em globalização. Os diversos países
e regiões do mundo estão integrados pelo comércio, pelas
transações financeiras, pelos modernos meios de
comunicação e de transportes.
Empresas gigantes, com diversas filiais espalhadas pelo
mundo, produzem e distribuem os mesmos produtos para os
mais diferentes povos. Bens culturais, como livros, filmes,
discos e vídeos, são lançados ao mesmo tempo em vários
países. Pela Internet e por telefone, é possível entrar em contato com qualquer parte do
mundo. Aviões cada vez mais velozes podem nos levar aos
lugares mais distantes em poucas horas.
As atividades no mundo, hoje, são desenvolvidas de modo a
tornar o tempo cada vez menor entre elas. Isso afeta
sobremaneira o desenvolvimento econômico, político e
social, fazendo com que as fronteiras entre os países
praticamente deixem de existir.
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Conseqüentemente, isso faz com que existam maiores facilidades para as relações
comerciais entre diversos países. Além disso, muitas diferenças entre as nacionalidades
tendem a deixar de existir e o mundo parece caminhar para ser um só.
Em termos gerais, a globalização traz vantagens como:
comunicação instantânea com o mundo;
maior acesso aos conhecimentos;
maior acesso aos progressos científicos;
a formação de mercados comuns, possibilitando o consumo de diversos produtos de
diferentes procedências.
Entretanto, essas vantagens são aparentes do ponto de vista social, pois as diferenças
entre povos ricos e pobres, assim como as diferenças gritantes entre as classes sociais
permanecem e se acentuam. As vantagens são usufruídas por uma pequena parcela da
população mundial, que consegue adquirir produtos originais, de boa qualidade, cujos
preços os tornam inacessíveis à maioria da população.
O processo de globalização não é um fenômeno recente. Embora de maneiras diferentes,
processos de globalização ocorreram desde a Antigüidade, através das conquistas de
alguns povos por outros mais poderosos.
O processo de conquistas promovido desde os povos antigos, demonstra a preocupação de
um povo vencedor em impor sua dominação sócio-econômica e cultural sobre os povos
dominados.
Entretanto, o que se constatou foi uma influência dos vencedores que, mesmo sendo
grande, não chegou a formar uma cultura única, globalizada.
Podemos dizer que a globalização, como a conhecemos hoje, é resultado do processo
denominado pelos historiadores de expansão marítima européia. As marcas dessa
expansão estão presentes no mundo atual. Línguas européias são faladas em regiões muito
distantes da Europa. Democracia, república, eleições, partidos políticos, capitalismo,
industrialização, socialismo, liberalismo, Igreja Católica, protestantismo, são fenômenos
políticos, culturais e econômicos de origem européia que atualmente são mundiais.
Esse processo de europeização do mundo não teve mão única, pois os europeus também
assimilaram conhecimentos e costumes dos diversos povos com os quais entraram em
contato no processo de expansão. Por exemplo, o fumo, a batata, o milho, o tomate, o chá,
que se tornaram hábito de milhões de pessoas na Europa, foram assimilados de outros
continentes.
Embora não seja possível determinar com exatidão quando começou a expansão européia,
podemos afirmar que ela está ligada ao que se convencionou chamar de Grandes
Descobrimentos ou Grandes Navegações. Os nomes ligados a eles são muito conhecidos:
Vasco da Gama, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, Américo Vespúcio e muitos
outros.
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E atualmente? Hoje em dia, os métodos de dominação são mais sutis, isto é, mais brandos
aparentemente. Porém, uma observação mais atenta tem revelado que o processo de
globalização não deixa de ser um procedimento violento, pois implica em uma certa
descaracterização de cada uma das culturas atingidas. Atualmente, a globalização pode
começar na sala de sua casa, quando a TV estimula o consumismo exagerado, quando por
meio de filmes e novelas impõe moda, costumes, linguagem, formas padronizadas de
pensar e agir que passam a fazer parte do seu cotidiano, modificando a sua maneira própria
de ser.
Todos nós estamos sujeitos a pensar e agir conforme o que outras pessoas determinam
como verdadeiro, através dos meios de comunicação. Portanto, fique atento: não se deixe
levar pelas aparências.
Prossiga a leitura...
Como você pode perceber, estamos vivendo o processo de globalização. Fazemos parte
desse momento histórico. Os povos nativos do continente americano, também viveram um
processo de dominação quando os europeus aqui chegaram nos séc. XV e XVI, iniciando a
conquista e a colonização, com a imposição de sua cultura.
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5.1. EXPANSÃO MARÍTIMA
Como já comentamos, vivemos num mundo globalizado. Atualmente, existem linhas aéreas
ligando os mais longínquos lugares do nosso planeta. Se, com a velocidade aérea, o
percurso entre o Brasil e a Europa é feito em menos de dez horas, no século XV, uma
viagem de Portugal até o nosso país durava quase cinqüenta dias.
No início do século XV, exploradores europeus começaram a aventurar-se pelo “mar
desconhecido”, isto é, pelo Oceano Atlântico. Iniciavam-se as Grandes Navegações, ou
seja, a expansão marítima rumo a lugares ainda não conhecidos pelos europeus.
Questões econômicas foram importantes no processo de expansão marítima. Os burgueses
ao começarem a se destacar na sociedade como comerciantes ricos, se aliaram aos reis
para ajudá-los a fortalecer o seu poder.
A partir dessa aliança os reis passaram a incentivar a formação de expedições com
objetivos comerciais.
Numa época em que o comércio tornava-se a atividade econômica mais lucrativa, os
produtos mais valorizados eram as especiarias do Oriente.
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Essas especiarias orientais, como os temperos, pimenta, gengibre, canela, cravo, noz-
moscada, etc., usados para disfarçar o cheiro e o gosto que ficavam nos alimentos, devido
aos precários métodos de conservação daquela época (não se esqueça, que a geladeira
ainda não existia!) tinham grande aceitação e valor no mercado europeu.
Trazidas do Oriente, as especiarias eram vendidas em sua maioria pelos comerciantes da
Península Itálica (atual Itália), sobretudo Gênova e Veneza.
Os comerciantes das regiões excluídas desse rentável comércio desejavam participar dele.
Mas como fazer isso se os venezianos e genoveses controlavam, além do Mar
Mediterrâneo, as rotas do Oriente?
A solução encontrada foi procurar novos caminhos e lugares para ter acesso aos produtos
desejados, evitando a região do Mediterrâneo. Os comerciantes começaram, então, a
explorar o Oceano Atlântico e o Continente Africano.
 “POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS”
As viagens marítimas do início do século XV eram empreendimentos arriscados, tanto do
ponto de vista econômico, quanto em relação às possibilidades de sobrevivência dos
navegadores.
Eram viagens longas, que exigiam grandes recursos; as embarcações eram bastante
precárias, movidas a remo ou vela; a embarcação mais rápida era a caravela, aperfeiçoada
pelos portugueses.
O Oceano Atlântico era praticamente desconhecido pelos europeus na Idade Média. Muitos
acreditavam tratar-se de um mar povoado por monstros e plantas diabólicas, com águas que
ferviam em determinados pontos e se precipitavam num abismo, como uma grande
cachoeira. Por isso era chamado de Mar Tenebroso.
Era necessário enfrentar os desafios reais e os imaginários. Os portugueses foram os
pioneiros (primeiros) das navegações marítimas.
Além do apoio do rei e dos interesses da burguesia pelas navegações, Portugal foi
favorecido pela ausência de guerras em seu território e por sua posição geográfica – o país
está voltado para o Oceano Atlântico. A esses fatores soma-se outro: o povo português
estava acostumado com as atividades marítimas.
A América só pôde ser conquistada pelos europeus, devido ao grande avanço nas técnicas
de navegação ao lado de invenções cada vez mais aperfeiçoadas.
Exemplos:
Na arte de navegação: a vela latina, aperfeiçoamento da bússola, do astrolábio, mapas mais
precisos, desenvolvimento da caravela, leme, etc.
O emprego da bússola: A bússola é um instrumento de orientação, cuja invenção é atribuída
aos chineses. Foram, porém, os árabes que a levaram para a Europa, onde o seu emprego
foi estudado pelos navegadores. A bússola tornou-se a grande companheira ‘dos
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navegantes’ em todas as longas as longas viagens. Com sua utilização, o navegador não
mais corria o perigo de perder o rumo de sua viagem.
O uso do astrolábio: o astrolábio também é um instrumento de orientação, que permite ao
navegador situar a sua posição geográfica através da posição dos astros.
Outras invenções e aperfeiçoamento: a utilização da pólvora no desenvolvimento de armas
de fogo, o aperfeiçoamento do canhão, a invenção do papel de trapo, o aperfeiçoamento da
imprensa.
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PORTUGUESES E ESPANHÓIS NO OCEANO
A primeira grande conquista portuguesa aconteceu em 1415, quando o centro comercial de
Ceuta, no norte da África foi tomado. Daí para a frente, os portugueses continuaram
contornando o continente africano, pois o objetivo final era chegar ao Oriente.
A chegada às Índias aconteceu em 1498, numa
expedição (excursão, viagem) comandada
pelo navegante Vasco da Gama. Todo o esforço
português foi recompensado, pois os lucros dessa viagem
ultrapassaram 6000%. Portugal tentou transformar aquele
caminho marítimo (contorno da África) em exclusividade
portuguesa, mas eles não eram os únicos que
trabalhavam para conquistar as Índias.
Os espanhóis também queriam chegar ao Oriente. Eles
iniciaram suas navegações com um certo atraso em
relação aos portugueses, mas ainda mais adiantados do
que outros países europeus. O motivo da demora espanhola foi a chamada Guerra da
Reconquista, quando os árabes foram expulsos da península Ibérica (região onde hoje se
encontra a Espanha) ocupada por eles havia séculos. Essa guerra só foi concluída em 1492,
com a conquista de Granada (sul da Espanha).
O TRATADO DE TORDESILHAS
A disputa entre portugueses e espanhóis pela conquista de novas terrase mercados, nem
sempre foi pacífica. Como você já estudou, os espanhóis chegaram à América em 1492; os
portugueses, nessa época procuravam contornar a África, rumo ao Oriente.
Logo que Colombo chegou à América, o governo da Espanha procurouestabelecer seus
direitos sobre a terra que encontrara e sobre outras que poderia ainda encontrar. Portugal,
não concordando, apelou então para o papa Alexandre VI, mesmo ele sendo espanhol. O
papa decidiu em 1493 que deveriaser traçada uma linha imaginária, passando 100 léguas
(cerca de 660 Km) a oeste das ilhas de Cabo Verde (Bula Inter Coetera). As novas terras
ficaram divididas em duas partes. A parte que estava a oeste da linha, à esquerda domapa,
pertenceria à Espanha. A parte que ficava a leste, à direita do mapa, pertenceria a Portugal.
O rei de Portugal não concordou com a divisão feita pelo papa. Então, representantes de
Portugal e da Espanha reuniram-se na cidadeespanhola de Tordesilhas e assinaram um
tratado que determinava o seguinte:a linha imaginária passaria a 370 léguas a oeste das
ilhas de Cabo Verde.
Observe o mapa.
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Assim, o Atlântico sul se tornava uma área de domínio português. Reis de outros países
europeus não aceitaram esse tratado. O rei da França, Francisco I, declarou: “Gostaria de
ver o testamento de Adão para saber como ele dividiu o mundo”.
Na América, a linha do Tratado de Tordesilhas passava pelos locais onde atualmente se
situam as cidades de Belém (Pará) e Laguna (Santa Catarina).
Como você percebeu, Portugal e Espanha sentiam-se os donos do mundo.
Para assegurar o domínio sobre suas terras na América, em 1500, o comandante Pedro
Álvares Cabral tomou posse do Brasil, que a partir daí passou a ser uma colônia de
Portugal. Em seguida rumou para as Índias onde o comércio de especiarias já garantia
desde 1498, com a viagem de Vasco da Gama, grandes lucros à burguesia portuguesa e ao
rei.
Mas, se as novas terras foram divididas entre Portugal e Espanha, como existem países na
América que foram colonizados por ingleses e franceses? Tanto a França como a Inglaterra
realizaram tardiamente sua expansão marítimo-comercial. Iniciaram essa expansão
somente no início do século XVI.
A França, Inglaterra e Holanda não aceitaram a divisão entre Portugal e Espanha.
Desrespeitando a linha do Tratado de Tordesilhas, impuseram sua presença através de atos
de pirataria e ocupação de terras. Dessa forma, as terras que antes pertenciam somente a
Portugal e Espanha, passaram também a serem colonizadas por franceses, ingleses e
holandeses.
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6. A FORMAÇÃO DO BRASIL COLONIAL
Bem, você mora no Brasil, e provavelmente nasceu aqui. Sabe que o Brasil é um país que
tem aproximadamente 180 milhões de habitantes e mais de 08 milhões e 500 mil Km2.
A língua que você fala é a portuguesa – herança cultural do colonizador português. Os usos
e costumes que você pratica são resultados da mistura de várias culturas, principalmente
indígena, africana, européia e asiática.
Bem, oficialmente, os portugueses chegaram ao Brasil durante a expansão marítima, nos
fins do século XV, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, no dia 22 de abril de 1500.
Nos primeiros anos, após a chegada de Cabral, a preocupação dos portugueses foi a de
extrair pau-brasil, com o auxílio dos índios para mandar à Europa, onde a madeira era
negociada. Mas, a prioridade dos portugueses era continuar explorando e vendendo as
especiarias (cravo, pimenta, canela...) da Índia, na Europa.
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Assim, somente a partir de 1530, quando as especiarias deram sinal de esgotamento, é que
a Coroa Portuguesa iniciou de fato a colonização do Brasil.
Ciente disso, o rei de Portugal, D. João III, encontra uma saída para não arcar com as
despesas da colonização. Sabendo que os nobres portugueses sonhavam em possuir
grandes extensões de terra, decidiu em 1534, dividir o Brasil em 15 grandes faixas de terras
(mapa ao lado) e entregá-las à senhores de razoáveis condições financeiras.
Surgiram as capitanias hereditárias.
O nobre donatário recebia apenas o direito de posse, mas não se tornava proprietário da
capitania – o proprietário era o rei. Se a administração da capitania fosse boa, seria
transferida hereditariamente aos herdeiros do donatário. Se fosse ruim, o rei dava a posse
para outro nobre.
Bem, os nobres gastariam muito dinheiro para montar a produção açucareira, construir
engenhos e portos, transferir os colonizadores para o continente americano, lutar contra
índios e piratas, enquanto o rei ficava na confortável posição de cobrador de impostos sobre
as atividades econômicas implantadas na Colônia.
A maioria das capitanias fracassou por vários motivos: poucos investimentos (por falta de
recursos ou de interesse dos donatários), freqüentes ataques dos indígenas, grande
distância entre as povoações e entre o Brasil e Portugal.
Dessa forma, somente as capitanias de Pernambuco e São Vicente deram lucros, porque
seus donatários souberam resistir aos ataques indígenas e investiram muito dinheiro para
dotar as capitanias de engenho, bois, instrumentos agrícolas, soldados etc. O rei de
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Portugal não desistiu das capitanias, mas resolveu melhorar o sistema. Para controlar os
donatários e ajudá-los na colonização, D. João III nomeou, em 1548, um governador-geral
para o Brasil, que era um representante do rei na colônia, a quem os donatários e todos os
colonos deviam obedecer. A instalação do governo-geral significou a centralização
administrativa da colônia. O primeiro governador-geral Tomé de Sousa, fundou Salvador, a
primeira cidade e capital do Brasil. Trouxe gado e instalou vários engenhos de cana-de-
açúcar.
A colonização do Brasil compreendia a fixação de colonos na terra e uma produção que
atendesse ao mercado europeu, com fins lucrativos.
Assim, a colonização no Brasil teve a cultura da cana-de-açúcar como o seu primeiro
produto agrícola, e para produzir açúcar, foram trazidos negros da África como mão-de-
obra. A produção deveria ser em grande escala, pois este produto era raro na Europa e,
portanto, caro.
• ESCRAVISMO ESCRAVISMO ESCRAVISMO ESCRAVISMO
O sistema econômico montado na América foi o escravista. O escravismo é um sistema
social e econômico no qual o agente de produção é
predominantemente o escravo, que é comercializado,
sendo vendido, comprado ou trocado como uma
mercadoria ou objeto.
Os motivos da utilização da mão-de-obra escrava na
América foram:
• escravismo proporcionou a montagem do tráfico
internacional de escravos gerando lucros fabulosos aos
traficantes;
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• os escravos supriam a mão-de-obra no trabalho dentro das colônias em lugar dos
colonizadores europeus.
O escravismo, na época moderna, não era uma novidade, pois já havia escravidão entre
povos da Antigüidade, como por exemplo, entre os gregos e romanos.
A igreja impedia que o índio fosse
escravizado, pois estava interessada em sua
catequese e como mão-de-obra nas aldeias
jesuítas, mas, ao mesmo tempo, continuava
justificando escravidão do negro.
Assim, os colonizadores, utilizavam o negro
como escravo, aumentando o volume do
tráfico africano e conseqüentemente as
vantagens e lucros obtidos por quem
promovia esse comércio.
A proteção ao índio era relativa, pois ao mesmo tempo em que se proibia legalmente a sua
escravização, o governo permitia que a mesma ocorresse através das “guerras justas”.
Os padres jesuítas eram grandes defensores da não escravização do índio pelos colonos,
no entanto, os jesuítas faziam uso da mão-de-obra indígena para os diversos trabalhos nas
missões, além de desestruturarem a sua cultura quando lhes impunham os costumes e a
religião do colonizador português, através das catequeses.
Reação Negra e Indígena ao Escravismo
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Tanto o índio como o negro foi dominado e
escravizado pelos brancos europeus. Os negros
foram trazidos do Continente Africano, pela força,
para servir de mão-de-obra escrava no trabalho
braçal na lavoura, minas e serviços domésticos.
Desde a captura na África, já eram separados de
suas famílias e nações para que chegassem na
América desunidos e sem disposição de reagir ao
cativeiro. Eram transportados para o Brasil nos porões dos navios negreiros também
chamados “navios tumbeiros”, nas piores condições possíveis, o que provocava a morte de
mais de 50% dos negros durante as viagens, entretanto, nem negros e nem índios
aceitaram passivamente essa dominação.
O desmonte da cultura indígena e da cultura negra africana, além de outros motivos,
ocorreu porque o colonizador português não permitiu a manifestação religiosa desses
povos.
Índios: o colonizador português foi introduzindo ao cotidiano novos conceitos religiosos
que foram impostos como parte da salvação de suas almas.
Negros: apesar da proibição de culto religioso, feita pelo colonizador branco português,
criaram uma mistura da religião africana com a religião católica como forma de burlar essa
proibição.
Com a colonização, os portugueses impuseram tanto aos índios, quanto aos negros, sua
forma de organização social, econômica e política. O índio, mesmo reagindo, foi sendo
exterminado ou se misturando à cultura branca. O negro fugia para os quilombos;
entretanto, se recapturado, era levado de volta aos engenhos e forçado a se adaptar
culturalmente, ou morria, devido aos castigos físicos.
• BANDEIRAS
A capitania de São Vicente foi o primeiro núcleo povoador de
nosso país. Mas, apesar de ter sido bem administrada, num
segundo momento, começou a ter problemas econômicos e
os investidores não mais se interessavam pela capitania.
Desde a captura na África, já eram separados de suas famílias e nações para que
chegassem na América desunidos e sem disposição de reagir ao cativeiro. Eram
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transportados para o Brasil nos porões dos navios negreiros também chamados “navios
tumbeiros”, nas piores condições possíveis, o que provocava a morte de mais de 50% dos
negros durante as viagens, entretanto, nem negros e nem índios aceitaram passivamente
essa dominação.
O desmonte da cultura indígena e da cultura negra africana, além de outros motivos,
ocorreu porque o colonizador português não permitiu a manifestação religiosa desses
povos.
Índios: o colonizador português foi introduzindo ao cotidiano novos conceitos religiosos
que foram impostos como parte da salvação de suas almas.
Negros: apesar da proibição de culto religioso, feita pelo colonizador branco português,
criaram uma mistura da religião africana com a religião católica como forma de burlar essa
proibição.
Com a colonização, os portugueses impuseram tanto aos índios, quanto aos negros, sua
forma de organização social, econômica e política. O índio, mesmo reagindo, foi sendo
exterminado ou se misturando à cultura branca. O negro fugia para os quilombos;
entretanto, se recapturado, era levado de volta aos engenhos e forçado a se adaptar
culturalmente, ou morria, devido aos castigos físicos.
São Vicente, Santos, Santo André, São Paulo – cidades dessa capitania, tornaram-se tão
pobres, que deixaram de ter atrativos para manter os seus habitantes, assim, qualquer
esperança de melhoria de vida bastava para que alguns decidissem sair de seus lares -
eram os bandeirantes. A pobreza da capitania de São Vicente explica a expansão
bandeirante paulista pelo sertão. Quando os holandeses invadiram Pernambuco, decidiram
também invadir as regiões africanas que “exportavam” escravos para o Brasil.
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Isso prejudicou terrivelmente os donos de engenho da Bahia, que, sem ter como comprar
escravos negros, a saída encontrada por esses proprietários foi bem simples: utilizar
escravos indígenas, que seriam capturados no sertão e vendidos pelos bandeirantes.
Os bandeirantes, que eram pobres, mas não eram ingênuos, sabiam que era muito difícil
capturar índios no meio da mata. Por isso invadiram as reduções jesuíticas, onde os índios
já estavam catequizados, habituados às atividades agrícolas, agrupados e, o que é melhor,
desarmados pelos padres jesuítas.
O aprisionamento de indígenas se manteve enquanto os holandeses mantiveram seu
domínio sobre Pernambuco.
Com a volta da utilização do escravo negro, após a expulsão dos holandeses, os
bandeirantes passam a procurar ouro e pedras preciosas no interior do território brasileiro.
Os resultados econômicos foram muito pequenos, mas, devido a isso, o território brasileiro
foi muito além daquele estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas.
Alguns anos após a expulsão dos holandeses, os portugueses constataram um fato
preocupante: os negros, em grande quantidade, haviam fugido de seus engenhos! O pior é
que se organizaram em quilombos, fortaleceram-se economicamente, conquistaram uma
invejável unidade social.
Dessa forma os quilombos passaram a atrair os escravos, que agora tinham grandes
esperanças de sobreviver à fuga. Qual a única maneira de evitar o crescimento das fugas de
escravos? Destruindo os quilombos.
Quem seria capaz de destruir os quilombos? Os bandeirantes! E eles fizeram o serviço com
terrível competência. Mesmo o maior dos quilombos, Palmares, foi totalmente destruído.
Os bandeirantes recebiam por escravo quilombola morto.
Para provar que realmente o negro havia sido morto, era
necessário apresentar à autoridade pagadora um par de
orelhas de negro.
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Observe o gráfico e veja que existia uma relação de dependência entre a Colônia e a
Metrópole. Essa relação denominou-se “Exclusivo Colonial”, ou seja, monopólio da
metrópole sobre a colônia.
Pelo exclusivo colonial, a colônia deveria:
• Fornecer metais preciosos e vender produtos agrícolas a preços baixos para a metrópole.
• Comprar escravos e produtos manufaturados a preços altos, da metrópole.
Desta forma, toda a economia foi organizada com o objetivo de atender aos interesses do
Estado e da burguesia de Portugal e das elites coloniais, transferindo para a metrópole a
maior parte dos lucros.
Um pequeno grupo detinha a posse da terra e das riquezas, explorando a mão-de-obra livre
de brancos, escravos, índios e negros. Assim, os negros, índios, mestiços e brancos pobres
ficaram completamente marginalizados.
Essa situação de dependência fez com que a economia do Brasil, até recentemente, se
baseasse em períodos de predomínio de um determinado produto, como por exemplo: o
açúcar, o ouro, o algodão, para citar os principais, e como davam apenas lucros para as
camadas dominantes de Portugal, eram incentivados na colônia.
Somente a partir de 1950 nossa economia passou a ser mais diversificada através da
industrialização.
Nos fins do século XVIII, começaram a surgir conflitos nas colônias americanas contra as
metrópoles.
No Brasil colônia, século XVI a XIX, houve muitos conflitos internos quem conjunto com
outros fatores externos (conflitos políticos) pesaram para desencadear a crise do sistema
colonial implantado pelos europeus em toda
América, em vigor desde o século XVI, período em que a Coroa Portuguesacomeçou a ter
um rigor maior na cobrança de impostos.
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Essa situação promoveu uma forte reação da população que não podiarcar como peso dos
impostos cobrados por Portugal e os altos preços manipulados pelas Companhias de
Comércio.
Assim, desde fins do século XVII, e por todo o século XVIII, ocorrem emvárias partes do
Brasil, movimentos que assumem a forma de lutas armadas, que mostram a insatisfação
generalizada da população.
Essa insatisfação foi manifestada principalmente pela camadaprivilegiada constituída por
senhores de engenho, comerciantes e grandes mineradores da sociedade colonial, as quais
se uniram momentaneamente àcamadas inferiores (trabalhadores de engenhos e vilas,
pequenos proprietários escravos).
• Guerra dos Emboabas: em 1708, na região das Minas (atual Minas Gerais).
Finalidade: Os mineiros pobres pretendiam ter o mesmo tratamento e direitos dos
mineradores ricos, que eram privilegiados na região das minas, por ficarem com as maiores
e mais rendosas minas.
Resultado: esse conflito terminou desfavorável aos mineradores pobres que foram
massacrados traiçoeiramente no episódio chamado “Capão da Traição”.
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• Guerra dos Mascates: em 1710, entre Olinda e Recife.
Finalidade: os senhores de engenho de Olinda, liderados por Bernardo Vieira de Mello se
revoltaram contra a elevação de Recife à categoria de vila, o que deixaria os olindenses sem
receber os impostos pagos pelos comerciantes portugueses sediados em Recife.
Resultado: as autoridades confirmaram a elevação de Recife à categoria de vila, o que
desgostou profundamente os senhores de engenho.
• Inconfidência Mineira: em 1789 - Vila Rica.
Finalidade: separar as regiões das minas, do domínio português. Foi um movimento de
elite da região (comandantes militares, intelectuais, padres), contra a cobrança dos impostos
atrasados (derrama). O movimento foi influenciado pelos ideais iluministas e pela
independência das colônias inglesas da América do Norte.
Resultado: os conspiradores, na grande maioria pertencentes a elite social, foram
denunciados e condenados à morte, mas no final apenas Joaquim José da Silva Xavier, o
Tiradentes, que era o mais pobre, foi enforcado. Os outros inconfidentes tiveram sua pena
mudada para degredo perpétuo na África.
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• Conjuração dos Alfaiates ou Conjuração Baiana: 1798 - Salvador.
Finalidade: separação do Brasil de Portugal, implantação de uma república, fim da
escravidão, liberdade de comércio. Esse movimento teve uma base constituída por idéias
revolucionárias tomadas da revolução Francesa, e teve participação de pessoas
pertencentes às camada populares (alfaiates, soldados, negros libertos) e da elite
(advogados, médicos e padres). Houve influência da maçonaria. Foi o primeiro movimento
em que se falou mais claramente em separar o Brasil de Portugal.
Resultado: seus líderes foram descobertos, presos e condenados à forca, mas só foram
executadas pessoas das camadas populares como João de Deus Nascimento Luís
Gonzaga das Virgens, Manoel Faustino dos Anjos. Os membros da elite, ou seja, da classe
privilegiada foram perdoados.
Você já estudou que essa política era baseada no absolutismo que concentrava todo poder
nas mãos dos reis permitindo que os mesmos tivessem também o controle total da
economia (mercantilismo).
Assim todas as regras políticas e econômicas para as colônias eram determinadas e
fiscalizadas pelas metrópoles. Entretanto, a partir do século XVIII, esses mecanismos já
não eram mais do interesse da burguesia que se via envolvida em seus negócios.
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O período em que a Corte Portuguesa
ficou no Brasil (1808-1821), foi decisório
para a separação do Brasil de Portugal.
Uma das características das relações de
Portugal com o Brasil era o monopólio
comercial. Imagine se o seu país fosse
obrigado a fazer comércio somente com
um país mais poderoso. Será fácil concluir
que o seu país se veria obrigado a
comprar e a vender produtos pelos preços
que lhe fossem impostos.
Outra proibição de Portugal sobre o
Brasil era de que aqui não podiam
funcionar indústrias, para que a
população consumisse produtos industrializados, na maioria ingleses, que Portugal
mandava para cá.
Mas, em 1811, D. João inaugurou a Fábrica de Ferro do lpanema. As proibições de Portugal
se faziam sentir também na vida cultural, pois obras literárias só circulavam na colônia
quando permitidas pela Coroa portuguesa e a imprensa era proibida de existir.
Na época colonial, não interessava ao governo português que o povo brasileiro se tornasse
crítico. Por esse motivo foram proibidas as manifestações literárias.
Na época em que a Corte esteve no Brasil, o rei convidou uma missão francesa para
retratar o Brasil através da pintura.
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Essas pinturas deveriam mostrar o Brasil sob o ponto de vista europeu, destacando
somente com a beleza, sem estimular a racionalidade, para que não promovesse qualquer
compreensão crítica da realidade brasileira.
Durante os séculos XIV e XVII, na Europa surgiu um movimento cultural denominado
Humanismo que tinha como objetivo a valorização do homem. Esse movimento foi
característico das artes, da literatura, da música e procurava dar ênfase à razão e não a fé
para explicar os problemas terrenos.
Os movimentos Humanismo e Renascimento, não tiveram tanta influência no Brasil-colônia
devido às proibições e censura da Metrópole Portuguesa que objetivava a alienação da
população colonial, a fim de evitar possíveis tentativas de independência.
Essas medidas foram muito importantes para que o Brasil pudesse se libertar de Portugal
em 1822. Entretanto, as medidas tomadas pela Corte, eram favoráveis à uma pequena
parcela da população.
A maioria do povo continuava na situação de pobreza, desnutrição, analfabetismo.
58
Os portugueses residentes no Brasil continuavam controlando a exportação e importação.
Por isso as manifestações contrárias ao governo português continuavam a ocorrer na
colônia.
Dessa forma, o Brasil estava cada vez mais consciente da necessidade da separação de
Portugal, bem como já possuía condições sócio-econômicas e culturais para formalizar essa
separação.
Pressionada, a Corte Real voltou para Portugal em 1821. Governando o Brasil, D. João
deixou o seu filho D. Pedro como regente.
A partir daí começaram a se precipitar os acontecimentos que acabaram levando à
separação definitiva do Brasil de Portugal, no dia 07 de setembro de 1822.

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  • 1. 1 Prof.ª RITA FREITAS LICENCIADA EM HISTÓRIA PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E POLÍTICAS PÚBLICAS PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA PÓS GRADUADA –ESPECIALISTA EM CULTURA AFRO BRASILEIRAS PÓS GRADUANDA –ESPECIALISTA EM DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR
  • 2. 2 I UNIDADE 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE HISTÓRIA A palavra “história” nasceu na Grécia Antiga e significava “investigação”. Foi o grego Heródoto, considerado o “pai da História”, que pela primeira vez, empregou esta palavra com o sentido de investigação do passado. Se você pensou em responder, que História é simplesmente o estudo do passado, com muitos fatos, nomes e datas, valorizando os heróis, os poderosos... Pode parar! Tá na hora de você rever seus conceitos! A História é uma ciência viva, ela busca entender como os homens se organizaram e se desenvolveram desde o passado até os nossos dias. É a ciência do passado e do presente, um e outroinseparáveis. A História serve para interpretar o passado, tendo em vista a compreensão do presente. O objetivo é adquirir consciência do que FOMOS para transformar o que SOMOS. Transformar para melhor. Assim, num país como o Brasil, marcado por tantas injustiças sociais, o estudo da história pode servir para ampliar nossa consciência sobre a imensa e urgente tarefa de construir uma sociedade mais justa, mais digna e mais fraterna. 1.1. QUEM FEZ E QUEM FAZ A HISTÓRIA? Há cerca de 3 milhões de anos o homem habita o planeta Terra. Nele, encontra todos os recursos de que precisa para sobreviver. Porém, para retirar esses recursos da natureza e transformá-los em alimentos, ferramentas, habitações, vestuários, etc., ele precisa trabalhar. Ao transformar a natureza, o homem modifica a Terra. Assim, no decorrer de milhares e milhares de anos, florestas deram lugar a campos de cultivo ou a cidades; montanhas foram perfuradas, com o objetivo de encurtar caminhos; e rios foram desviados de seu curso, para que suas águas pudessem alcançar regiões áridas. Esse gigantesco trabalho de transformação da natureza nunca foi uma tarefa individual, pois os homens sempre viveram em grupos, atuando juntos para sobreviver. E, nesse longo percurso, a humanidade foi onstruindo a sua história. Será que só os reis, imperadores, presidentes, ministros e generais fazem a História? Poucos jornais se preocupam em noticiar que os moradores de um bairro pobre se reuniram no fim de semana para limpar a rua e plantar árvores na pracinha. Mas, se o presidente da República se encontrou com o dirigente de outro país, essa notícia estará em todos os jornais. Os jornais noticiam os fatos que acham mais importantes para os leitores e para a população. E quem decide se os fatos são importantes ou não geralmente são os donos e diretores dos jornais, que com freqüência estão de acordo com quem manda no país.
  • 3. 3 Também os livros de História trazem mais fatos referentes à vida dos governantes do que notícias sobre os governados (o povo, em geral). 1.2. MAS TODOS NÓS FAZEMOS A HISTÓRIA DO BRASIL! Você, seus professores, seus amigos, seus parentes constituem uma parte da sociedade brasileira. Esta parcela da população estuda, trabalha, vota para eleger seus dirigentes, reúne-se em entidades como sindicatos de trabalhadores, associação de moradores, grupos da igreja, etc. Numa nação democrática, esses grupos de cidadãos devem atuar politicamente, e com isso ter uma participação maior na História do país. Todos fazem a história: produzindo, governando, estudando, combatendo, realizando trabalhos científicos, manuais ou artísticos. Neste trabalho coletivo, de milhares de anos e de milhões de pessoas, o homem venceu inúmeros desafios, mas, ao mesmo tempo, criou problemas de difícil solução. Herdamos de nossos antepassados um mundo com guerras, conflitos e ameaças. Diante disso, muitas vezes nos sentimos pequenos e frágeis. Como encontrar soluções para os problemas que enfrentamos nos dias atuais? Para isso vamos estudar a História, e tentar fazer a nossa parte na construção de uma sociedade mais justa e solidária. 1.3. COMO SABEMOS O QUE ACONTECEU NO PASSADO? Para conhecermos a vida de nossos antepassados, recorremos a velhos álbuns de fotografias e às pessoas mais velhas. São eles que podem nos relatar algo sobre nossos parentes mais antigos. Podemos saber como se vestiam, onde moravam, que atividades tinham, qual era o seu lazer, como se relacionavam uns com os outros e quais eram seus costumes. Enfim, dependendo da qualidade das informações e do nosso interesse, podemos reconstituir parte desse passado. Na História a investigação é parecida com isso, pois através dos tempos, os homens vão deixando sinais de sua vida: restos de esqueletos e de casas, objetos de uso doméstico, vestimentas, calçados, obras de arte, desenhos, inscrições, cartas, textos impressos em livros, revistas e jornais, etc. Esses são os chamados documentos históricos ou fontes históricas, utilizados pelos historiadores (guardiões da memória da humanidade, seu trabalho é descobrir o máximo possível a respeito dos fatos que já aconteceram, para registrá-los e, assim, impedir que sejam esquecidos) para conhecer o passado.
  • 4. 4 Os documentos históricos podem ser escritos (jornais, livros, inscrições em monumentos etc.) e não-escritos (monumentos, objetos, restos humanos, ruínas de construções etc.). Essas imensas construções, as pirâmides do Egito, são exemplos de vestígios. Através do estudo daspirâmides, construídas há mais de 4000 anos, pôde-se conhecer muitos hábitos, crenças e modos de vida desse antigo povo. Sabe-se, por exemplo, que eles acreditavam que após a morte a alma voltava ao corpo. É por isso que se embalsamavam os mortos. Os corpos embalsamados recebem o nome de múmias. Os faraós construíram templos imensos, como as pirâmides, onde seus corpos embalsamados eram colocados. 1.4. COMO CONTAR O TEMPO? Por isso, ao longo da História, o homem sempre procurou pôr em ordem cronológica os acontecimentos históricos. Muitos calendários foram organizados para isso. Mas a forma mais aceita de contar o tempo foi estabelecida a partir do nascimento de Cristo. O nascimento de Cristo, que marcou o início do calendário cristão, é o ponto de referência para a contagem dos anos e das datas dos grandes acontecimentos históricos. A sucessão de dias e de noites nos dá a primeira idéia da passagem do tempo. Assim, o homem sempre se preocupou em saber quanto tempo o separa de um acontecimento ocorrido no passado ou quanto tempo falta para se dar um acontecimento previsto para o futuro. Os anos anteriores ao nascimento de Cristo, contam-se de forma decrescente, adicionando- se as letras a.C. (antes de Cristo). Exemplo: Roma, segundo a lenda, foi fundada em 753 a.C., isto é, 753 anos antes do nascimento de Cristo. Os anos posteriores contam-se de forma crescente e são representados pelas letras d.C. (depois de Cristo), mas, tornou-se comum usar apenas o ano sem nenhuma sigla. Exemplo: Brasília foi fundada em 1960, isto é, 1960 anos depois do nascimento de Cristo. Então, para os países que seguem o cristianismo, o nascimento de Cristo é o marco principal para a contagem do tempo. Outros povos, não cristãos, consideram outros fatos mais importantes; portanto, têm outros calendários. É o que acontece com os chineses, os judeus e os árabes, por exemplo. Para os árabes, que seguem o Islamismo, religião fundada por Maomé, o fato central é a ida deste profeta da cidade de Meca para a de Medina (na atual Arábia Saudita). Segundo o nosso calendário, isso ocorreu no ano de 622. Portanto, o ano 1 do calendário árabe corresponde ao ano 622 do nosso calendário. Nosso ano de 2004 corresponde ao ano 1382 do calendário árabe.
  • 5. 5 1.5. A DIVISÃO DO TEMPO DA HISTÓRIA Se você recordar um pouco sobre as fontes históricas, vai lembrar que as fontes escritas são muito eficientes e nos fornecem informações e registros muito precisos. Por isso, o surgimento da escrita marca o início da História, pois só nos é possível afirmar que um fato aconteceu realmente se houver algum registro escrito sobre ele.
  • 6. 6 O documento escrito mais antigo já encontrado até hoje data de 4000 a.C., aproximadamente. O período da história posterior a esta data é chamado de histórico, porque tudo o que aconteceu pode ser entendido a partir de fontes mais seguras. O período histórico anterior a essa data é chamado de período pré – histórico, nada do que apresenta pode ser afirmado com total segurança. A DIVISÃO DO PERÍODO HISTÓRIA IDADE ANTIGA: Desde o surgimento da escrita até a queda do Império Romano do Ocidente (em 476). IDADE MÉDIA ou MEDIEVAL: Desde a queda do Império Romano do Ocidente até a tomada da cidade de Constantinopla pelos turcos (1453). IDADE MODERNA: Desde a tomada de Constantinopla pelos turcos até a Revolução Francesa, em 1789. IDADE CONTEMPORÂNEA: Desde a Revolução Francesa até os nossos dias atuais. Nessa etapa de nossos trabalhos gostaríamos de ajudá-lo a se descobrir como agente social em sua escola, em seu bairro, sua cidade e seu país. Mas esta descoberta vai acontecendo aos poucos. Em primeiro lugar, você deverá compreender o seu papel como agente da História.
  • 7. 7 Ao perceber que você é o responsável pela construção de sua história, entenderá também que é agente da História em sua escola, seu bairro, etc. Após a leitura do texto abaixo, você irá nos contar um pouco de sua história.
  • 8. 8 O mercado de trabalho está muito concorrido atualmente. Todos nós sabemos como está difícil conseguir um emprego. Por isso, estudos e cursos são importantes, para fazer um candidato se sobressair em relação aos outros. Mas, para isso, é preciso mostrar com clareza à firma ou empresa onde o candidato busca uma vaga, o que ele já fez na vida. Para isso é que serve o Curriculum Vitae, o currículo de sua vida, onde você registra todas as informações importantes para se conseguir um emprego. Um bom currículo deve ser direto e objetivo. Não adianta colocar um monte de informações só para impressionar. O ideal é colocar o que você já fez, onde estudou, onde trabalhou, que emprego pretende, sempre sem inventar nada. Aqui você vai encontrar algumas dicas de como fazer um currículo. Na próxima página você encontra um currículo-modelo que você pode seguir ao fazer o seu, substituindo as informações do exemplo pelas suas. As dicas... As dicas... As dicas... As dicas... Tamanho: Não adianta fazer um currículo gigantesco, esperando impressionar: o destino de seu currículo pode ser o fundo de uma gaveta ou mesmo o lixo. Então, não é bom colocar todos os cursos que você fez ou todos os empregos que teve, por exemplo, mas os mais importantes e que talvez tenham relação com o emprego que você está tentando. O tamanho ideal do currículo é no máximo 2 páginas. Dados Pessoais: Nome, endereço, telefone e e-mail (se tiver) são informações essenciais. Um dos problemas que os empregadores reclamam muito é ser impossível contatar um candidato, porque muitos deixam de pôr endereço ou mesmo um telefone para contato. Escolaridade: Registre o seu nível mais alto de escolaridade somente. Por exemplo, se você já terminou ou ainda está cursando o ensino médio, registre onde estuda e quando terminou (se ainda não terminou, registre que está cursando). Cursos Complementares: Registre cursos que você fez e que você acha importante. Experiência Profissional: Aqui você irá registrar os empregos que você já teve - nome da empresa, quando entrou e quando saiu, o cargo e que funções desempenhou. IMPORTANTE: você deve registrar no início o último emprego que você teve, até registrar o primeiro emprego, que será o último. 1.6. ONDE TUDO COMEÇOU... Desde tempos muito antigos, o homem e a mulher se interessam em conhecer sua origem. As explicações até então aceitas, eram as histórias da criação do mundo, do homem e da mulher que existem em todas as religiões. Mas, somente no século XIX, surgiram as primeiras teorias afirmando que o homem atual descende de uma ESPÉCIE ANIMAL – é a chamada TEORIA DA EVOLUÇÃO.
  • 9. 9 1.7. A ORIGEM DO HOMEM E DA MULHER Durante o século XIX (por volta de 1859) os estudos e pesquisas apresentaram notáveis progressos, explicando a origem e evolução da vida. Pesquisadores como Alfred Russel Wallace e Charles Darwin, chegaram a quase exatamente as mesmas conclusões sobre a origem das espécies: que a vida progrediu em nosso planeta através de um processo de adaptação, luta e sobrevivência dos mais aptos – é a chamada TEORIA DA EVOLUÇÃO.
  • 10. 10 Então, as várias formas de vida, desde o PRINCÍPIO, foram desafiadas pelo Meio Ambiente a se ADAPTAR ou a DESAPARECER e, ao se adaptarem, as formas de vida tornaram-se cada vez mais EVOLUÍDAS. • A evolução do reino animal chegou a um ponto culminante com o aparecimento dos mamíferos. • O início da evolução humana encontra-se nos PRIMATAS (grupo que inclui homens e macacos) e foi no interior da ordem dos primatas que desenvolveu-se uma linha evolutiva separando os homens dos macacos. A partir daí, surgiram os HOMINÍDEOS, espécie intermediária dessa evolução. Essa linhagem evoluiu e desenvolveu aspectos fundamentais para que acontecesse essa separação entre os homens e macacos, que foi o CRESCIMENTO DO CÉREBRO, a progressiva conquista da POSTURA ERETA e por último, a LINGUAGEM, características distintas dos seres humanos. Com os HOMINÍDEOS, as espécies que se tornariam humanas foram aos poucos, assumindo características físicas e mentais mais próximas às do homem atual. Surge então, os HOMO SAPIENS, isto é, a espécie humana tal como a conhecemos hoje. Bom, explicando de uma forma bem simples, o que se acredita é que em algum momento do passado, a linhagem dos humanos e dos macacos devem ter compartilhado um ancestral comum – os primatas, e que desses, outra linhagem se desenvolveu e evoluiu, separando o homem do macaco.
  • 11. 11
  • 12. 12 2. A PRÉ-HISTÓRIA: ORIGEM DA CULTURA Bem, já se passaram milhões de anos desde que o ser humano começou a sua evolução biológica e cultural. Ele começou, então, a pensar e a usar o cérebro e as mãos para extrair da natureza os recursos necessários à sua sobrevivência. No processo de sua evolução biológica e cultural, o ser humano foi passando por fases no período que chamamos de Pré- História, isto é, antes da descoberta da escrita. Essas fases receberam os nomes de Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. A pré-história vai do aparecimento do homem até a invenção da escrita, ocorridas por volta de 4000 anos antes do nascimento de Cristo. Saiba que as mudanças não ocorrem da noite para o dia ou apenas em alguns anos, mas foi um processo lento de transformação. Como era a vida no Paleolítico? A primeira fase, conhecida como Paleolítico, corresponde ao período mais longo da história da humanidade. Durante o Paleolítico, o ser humano não era produtor de alimento. Eracaçador e coletor. Vivia da caça, da pesca e da coleta de frutos, raízes e ovos. Praticava, portanto, uma economia de coleta. A organização social e econômica entre os caçadores e coletores do Paleolítico era extremamente simples. Inicialmente viviam em bandos e se ajudavam para a obtenção de alimentos. Com o tempo passaram a morar em cavernas e a dividir o trabalho de acordo com a idade e o sexo. Os homens caçavam; as mulheres geralmente faziam a coleta. Passaram a se organizar num regime de comunidade primitiva, caracterizada pela propriedade coletiva dos
  • 13. 13 meios de produção, isto é, tudo o que era coIetado, pescado e caçado ficava para o grupo. Não havia donos, todos trabalhavam e o produto do trabalho era dividido entre os membros do grupo de acordo com as necessidades de cada um. Nessa fase, aprenderam a fazer e a controlar o fogo, utilizando-o para se aquecer do frio, para cozinhar alimentos, para se defender dos animais ferozes, para iluminar as cavernas onde habitavam. No Paleolítico os homens praticavam uma economia nômade, isto é, eles mudavam de uma região para outra em busca de mais peixes, frutas e caça, quando esses alimentos escasseavam. Nômades e caçadores, os seres humanos do Paleolítico caminharam milhares e milhares de quilômetros ao longo dos séculos, povoando diversos territórios, acumulando conhecimentos e com isso construindo as bases da civilização atual. Você acha que existem pessoas que vivem atualmente como eles viviam? Onde? Atualmente alguns grupos indígenas no interior do Brasil e de regiões da África, Austrália e Polinésia conservam características do período paleolítico. E como era a vida no período Neolítico? Nesse período o ser humano já possuía características físicas semelhantes às do homem atual. Como técnica usava o polimento de pedras e ossos. Além de machados comuns, passa a utilizar o osso para a fabricação de arcos, flechas, arpões e lanças. Nesse período ocorreu a Revolução Neolítica, ou seja, ocorreram transformações na forma de vida do ser humano. Mudanças climáticas alteraram a vida sobre a Terra tornando escassos a água e os alimentos que se encontravam na natureza. A partir daí, homens e animais passaram a procurar regiões próximas às margens dos rios. Além dos problemas climáticos, o crescimento da população, tornou difícil a obtenção de alimentos, o que levou o ser humano a se fixar e iniciar o cultivo da terra - a praticar a agricultura. Assim, o ser humano tornou-se sedentário, isto é, passou a ter habitação fixa. O ser humano passou de simples coletor da natureza para produtor. Ao lado da agricultura, o ser humano passou a domesticar alguns animais, desenvolvendo assim o pastoreio. É dessa época também o desenvolvimento do artesanato, das técnicas de fiação, de tecelagem e da fabricação de cerâmica.
  • 14. 14
  • 15. 15 2.1. A ORIGEM DO HOMEM AMERICANO Existem várias hipóteses sobre a origem dos antigos seres humanos que habitavam o continente americano, inclusive o Brasil. Entre as hipóteses existentes, a mais aceita sustenta que os antigos seres humanos americanos são originários da Ásia e chegaram ao continente americano passando pelo Estreito de Bering, que liga a Ásia à América do Norte. Observe no mapa abaixo, os possíveis caminhos percorridos pelos primeiros habitantes da América. Portanto, a América do Norte, América Central e América do Sul, já eram habitadas muitos anos antes de Cristovão Colombo tomar posse dessas terras em 1492, em nome da Espanha. Dessa forma, o Brasil também foi sendo povoado, junto com os outros países das Américas. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, há cerca de 500 anos, essa
  • 16. 16 terra era povoada por aproximadamente 5 milhões de pessoas, os indígenas. Esses povos não deixaram documentos escritos. Portanto, para sabermos da sua História, devemos usar dos vestígios deixados por eles. Os primeiros habitantes do Brasil deixaram vestígios arqueológicos que nos dão algumas idéias a respeito de como eles viviam. Onde são encontrados esses vestígios? Também em muitas cavernas do interior do Brasil e mesmo em lajes de pedras ao ar livre, encontram-se pinturas ou outros sinais gravados na pedra. Escavações iniciadas em 1978 em São Raimundo Nonato, no Piauí, encontraram vestígios arqueológicos que possibilitaram aos estudiosos do assunto concluir que seres humanos viveram na região há 45 mil anos. As descobertas recentes fazem do Piauí o mais importante sítio arqueológico do Brasil.
  • 17. 17
  • 18. 18 Algumas comunidades indígenas brasileiras ainda possuem características das maneiras de viver dos homens do Paleolítico e do Neolítico. A produção coletiva do trabalho, a pequena divisão de tarefas e a inexistência de classes sociais são algumas dessas características. Vivendo da caça e da coleta, algumas tribos adquiriram práticas agrícolas, enquanto outras permaneceram nômades. Atualmente, existem no Brasil uns 210 mil índios; eles representam 0,11% da população brasileira total. Quando os portugueses chegaram, a situação era outra; calcula-se que havia 5 milhões de índios em nossa terra. O que teria provocado a violenta redução da população indígena? Foi a ação do conquistador europeu, no processo de colonização do Brasil. O conquistador europeu utilizou três tipos de violência contra o índio: militar (guerra), econômica (a escravidão) e cultural (destruição de seu modo de vida).
  • 19. 19 O direito à sobrevivência do índio brasileiro é uma das grandes questões colocadas para a sociedade brasileira. Desde a chegada dos primeiros portugueses ao Brasil, os indígenas vêm sofrendo com a perda de suas terras, com doenças transmitidas pelo homem branco, com o
  • 20. 20 desmatamento, que destrói a flora e a fauna e com a perda de sua cultura. Apesar de terem sido criadas reservas indígenas, estas têm sido freqüentemente invadidas por garimpeiros e fazendeiros à procura de ouro e de terras.
  • 21. 21 Então como os indígenas estão procurando resolver suas questões? Eles estão se organizando politicamente, com o objetivo de se impor como cidadãos brasileiros. Assim, em 1980 foi fundada a UNI (União das Nações Indígenas), com o objetivo de articular todas as nações indígenas brasileiras e o CIMI Conselho Indigenista Missionário). Após a leitura dos textos 3 e 4, você deve ter percebido que a questão indígena é muito mais séria do que se imagina. Nossos índios estão sendo mortos, e a sociedade brasileira parece não estar muito preocupada com isso. Muitas pessoas continuam afirmando que o índio é preguiçoso e que prefere ficar na mata ou deitado na rede a trabalhar em uma fábrica ou nas fazendas dos homens brancos. Ao afirmarem isto, estas pessoas apenas confirmam que desconhecem totalmente a maneira de viver e pensar dos índios.
  • 22. 22 Será que nós, homens brancos, que vivemos nas grandes cidades e corremos atrás do dinheiro todos os dias, temos o direito de condenar os índios à morte através da invasão de suas terras e da destruição de suas florestas? Acreditamos que não. Existem pesquisadores na Universidade de São Paulo fazendo um trabalho para recuperar a língua e os costumes dos pankararus, o que mostra que no meio branco existem pessoas empenhadas em ajudar o índio a se preservar e não perder sua identidade cultural.
  • 23. 23 II UNIDADE 3. O FEUDALISMO E AS TRANSFORMAÇÕES NAS RELAÇÕES SOCIAIS Isso tudo diz respeito a um período da história da Europa chamado Medieval, ou Idade Média. Os castelos existem até hoje em muitos países europeus, mas o modo de vida das pessoas mudou completamente. O Brasil não teve as características da época medieval, porque a América passou por uma evolução sócio-econômico-cultural diferenciada da Europa. Ao compreender a história medieval, você entenderá melhor o processo histórico desenvolvido entre o período do século V ao XV, na Europa. Você aprendeu que no século XVI, o mundo conhecido dos europeus se limitava à Europa, Oriente Médio e África. Nessa época, a América ainda não era conhecida dos europeus, e a Europa era por eles considerada o centro do mundo. Durante séculos, o Império Romano dominou grande parte da Europa. Uma poderosa estrutura administrativa, com exércitos e estradas que interligavam todo o território, possibilitou aos romanos impor às populações dessa parte do continente seu domínio, seu modo de vida e seus costumes. A partir do século III, esse cenário começaria a se alterar, quando diversos povos de origem germânica, eslava e, posteriormente, árabe, invadiram a parte ocidental da Europa iniciando um novo modo de vida com características e particularidades próprias.
  • 24. 24 No início, essas invasões foram realizadas pacificamente, mas com o tempo tomaram-se violentas, o que gerou destruição e insegurança em várias áreas da Europa.
  • 25. 25 A política no feudalismo A Europa ficou dividida em reinos, mas os reis não tinham muito poder, pois esses reinos eram divididos em grandes extensões de terras, chamados feudos. O domínio no feudo era exercido pelo senhor feudal, que possuía poder absoluto dentro dele. O feudo era o domínio do senhor feudal e era a unidade básica de produção. Nele havia: o castelo: onde morava o senhor feudal. a vila ou aldeia: onde moravam os servos. as terras: onde os servos trabalhavam.
  • 26. 26 No feudalismo, a sociedade era dividida em estamentos, ou seja, as pessoas permaneciam desde o nascimento até à morte, numa mesma posição dentro da sociedade. A sociedade era dividida em: clero, nobres e servos e não permitia a mobilidade social, isto é, não havia possibilidade da pessoa mudar sua situação social; quem nascia servo, jamais poderia deixar de sê-lo.
  • 27. 27 Os servos trabalhavam devendo obrigações aos seus senhores (nobres). Viviam em condições precárias de subsistência. Embora pudessem usar um pedaço de terra, bem pouco daquilo que produziam ficava para o sustento da família, pois grande parte da produção era entregue a seus senhores e à Igreja sob forma de tributos (impostos). (A Igreja também aumentou seus domínios graças ao dízimo, taxa de 10% sobre a produção dos fiéis). Então o servo era como o escravo? Como o servo necessitava da proteção oferecida pelo senhor feudal, ele tinha a obrigação de permanecer e trabalhar na terra desse senhor, mas apesar do servo estar ligado à terra, não podia ser vendido; o servo não era propriedade do seu senhor, diferente do escravo que era vendido porque era propriedade do dono. ]
  • 28. 28 No feudalismo, com a fuga da população da cidade para o campo, a principal fonte de subsistência passou a ser a agricultura. Praticamente, não havia comércio e sim troca de produtos dentro de cada feudo. Assim, os feudos eram auto-suficientes, quer dizer, produzia-se e trocava-se dentro de cada um deles tudo o que sua população precisava. Nesse período, por conseqüência, o dinheiro praticamente desapareceu. Durante a Idade Média, produzia-se na terra quase todas as mercadorias de que se necessitava e, por isso, somente a terra era o indicativo de poder de quem a possuía. As características econômicas do feudalismo influenciaram fortemente a política. A quase inexistência do comércio e o fato de as moedas não circularem impediram que o rei, ou qualquer outro tipo de governante, arrecadasse impostos. E se não há arrecadação de
  • 29. 29 impostos, é impossível construir um exército; se não existe exército, não há poder coercitivo (que impõem limites; repressivo) que faça alguém se sentir obrigado a obedecer ao rei.
  • 30. 30
  • 31. 31 Atendendo aos apelos do papa, os cristãos organizaram expedições militares que receberam o nome de Cruzadas. Além da motivação religiosa, a organização das cruzadas teve outras causas, como o espírito guerreiro dos nobres feudais e a necessidade econômica de retomar importantes cidades comerciais que estavam em poder dos muçulmanos. De 1096 a 1270, os cristãos europeus organizaram oito cruzadas. Cada uma teve suas próprias características, deixando conseqüências marcantes na política e na economia da Idade Média. Entre as principais conseqüências do movimento das cruzadas, podemos destacar: ⇒ Empobrecimento dos senhores feudais, que tiveram suas economias arrasadas pelos elevados custos da guerra santa. ⇒ Fortalecimento do poder real, que cresceu à medida que os senhores feudais perdiam sua tradicional força. ⇒ Reabertura do Mediterrâneo, que se encontrava sobre o poder dos muçulmanos, possibilitando a retomada do intercâmbio comercial entre Europa e Oriente. Com isso, houve crescente rompimento na economia fechada do feudalismo. ⇒ Desenvolvimento intelectual e cultural promovido pelo contato com os povos do Oriente. 4. O RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO
  • 32. 32 Os mercadores europeus, principalmente os italianos, passaram a ir mais vezes ao Oriente e a levar maior quantidade de mercadorias da Ásia para a Europa. Essas mercadorias eram vendidas em feiras realizadas no interior da Europa, onde o comércio foi reativado. À medida que o comércio foi se expandindo, foram surgindo cidades exatamente nos locais das feiras. Por razões de segurança, os mercadores procuravam realizar as feiras em lugares próximos a uma zona fortificada, cercada de muralhas, chamada burgo, onde se erguia a catedral, o palácio do bispo e, por vezes, o castelo do senhor das terras. Os burgos garantiam a defesa do lugar. Com o tempo, prósperos mercadores passaram a se estabelecer nesses povoados. Ali também se instalaram diversas oficinas de artesãos: sapateiros, ourives, ferreiros, oleiros, carpinteiros, etc. Assim, em volta da primeira zona fortificada surgiu um novo núcleo, também cercado de muralhas, que foi se tornando mais importante que o primeiro. Os moradores desta segunda zona fortificada (artesãos e comerciantes) chamavam-se burgueses e passaram a constituir uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses eram homens livres, desvinculados do sistema feudal. As cidades enfim, tornaram-se locais onde havia segurança e liberdade para aqueles que desejavam romper com a rigidez da sociedade feudal. Quanto mais o comércio crescia, mais as cidades se desenvolviam e maiores passavam a ser as necessidades de mercadorias para abastecer os consumidores europeus. Diante disso, os comerciantes europeus perceberam que necessitavam controlar não somente a venda final dos produtos, mas também as rotas comerciais pelas quais os produtos chegavam à Europa. Mais ainda, precisavam de novas fontes produtoras e novos produtos que pudessem proporcionar lucros no processo de compra e venda. Em uma situação assim, o que você faria? Ficaria sentado esperando um milagre ou buscaria encontrar meios para obter mais mercadorias? Os comerciantes europeus incentivaram a segunda possibilidade. Abriam-se as portas para a expansão marítima européia. Mas este é assunto para a nossa próxima apostila. 4.1. CRISE DO FEUDALISMO Com a diminuição das invasões, a partir do século XI, um novo modo de vida estabilizou-se. A produção de alimentos aumentou desde então, graças à ampliação das terras cultivadas e à melhoria dos instrumentos de trabalho. Milhares de hectares de florestas foram derrubados para aumentar a área de terras aráveis e de pastagens, e para extrair a madeira, principal combustível de uso doméstico ematéria-prima para construção de pontes, casas, armazéns e fortalezas.
  • 33. 33 Como já vimos, essa estabilidade trouxe um certo progresso: crescimento das vilas e cidades, aumento da população e fortalecimento das atividades comerciais graças à produção de alguns excedentes. Entretanto, as riquezas produzidas por este progresso continuaram sendo apropriadas pelos senhores. Como todo modo de vida baseado na exploração do homem pelo homem, o sistema feudal não foi capaz de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. A expansão demográfica (crescimento da população) foi maior que a expansão da agricultura. As técnicas agrícolas precárias levaram ao esgotamento das terras, e a falta de terras férteis provocou o fim da expansão das áreas plantadas. Com isso, a partir dos séculos XIV e XV, guerras, fome e epidemias, como a peste negra, espalharam-se com rapidez, atingindo, principalmente, a população trabalhadora. Para manter seu nível de vida durante essa crise, os senhores feudais aumentaram as exigências sobre os camponeses, cobrando cada vez mais tributos e aumentando sua jornada de trabalho. Por isso, em vários locais da Europa, os camponeses se revoltaram contra a exploração a que estavam sendo submetidos. A estabilidade feudal foi destruída por guerras, fomes, doenças e revoltas camponesas. O poder dos senhores feudais foi profundamente abalado, facilitando a centralização do poder político nas mãos de reis absolutistas e a ocorrência das crises que provocaram o fim do feudalismo. 5. EXPANSÃO MARÍTIMA MERCANTIL A Globalização é um Processo Atual? Atualmente muito se fala em globalização. Os diversos países e regiões do mundo estão integrados pelo comércio, pelas transações financeiras, pelos modernos meios de comunicação e de transportes. Empresas gigantes, com diversas filiais espalhadas pelo mundo, produzem e distribuem os mesmos produtos para os mais diferentes povos. Bens culturais, como livros, filmes, discos e vídeos, são lançados ao mesmo tempo em vários países. Pela Internet e por telefone, é possível entrar em contato com qualquer parte do mundo. Aviões cada vez mais velozes podem nos levar aos lugares mais distantes em poucas horas. As atividades no mundo, hoje, são desenvolvidas de modo a tornar o tempo cada vez menor entre elas. Isso afeta sobremaneira o desenvolvimento econômico, político e social, fazendo com que as fronteiras entre os países praticamente deixem de existir.
  • 34. 34 Conseqüentemente, isso faz com que existam maiores facilidades para as relações comerciais entre diversos países. Além disso, muitas diferenças entre as nacionalidades tendem a deixar de existir e o mundo parece caminhar para ser um só. Em termos gerais, a globalização traz vantagens como: comunicação instantânea com o mundo; maior acesso aos conhecimentos; maior acesso aos progressos científicos; a formação de mercados comuns, possibilitando o consumo de diversos produtos de diferentes procedências. Entretanto, essas vantagens são aparentes do ponto de vista social, pois as diferenças entre povos ricos e pobres, assim como as diferenças gritantes entre as classes sociais permanecem e se acentuam. As vantagens são usufruídas por uma pequena parcela da população mundial, que consegue adquirir produtos originais, de boa qualidade, cujos preços os tornam inacessíveis à maioria da população. O processo de globalização não é um fenômeno recente. Embora de maneiras diferentes, processos de globalização ocorreram desde a Antigüidade, através das conquistas de alguns povos por outros mais poderosos. O processo de conquistas promovido desde os povos antigos, demonstra a preocupação de um povo vencedor em impor sua dominação sócio-econômica e cultural sobre os povos dominados. Entretanto, o que se constatou foi uma influência dos vencedores que, mesmo sendo grande, não chegou a formar uma cultura única, globalizada. Podemos dizer que a globalização, como a conhecemos hoje, é resultado do processo denominado pelos historiadores de expansão marítima européia. As marcas dessa expansão estão presentes no mundo atual. Línguas européias são faladas em regiões muito distantes da Europa. Democracia, república, eleições, partidos políticos, capitalismo, industrialização, socialismo, liberalismo, Igreja Católica, protestantismo, são fenômenos políticos, culturais e econômicos de origem européia que atualmente são mundiais. Esse processo de europeização do mundo não teve mão única, pois os europeus também assimilaram conhecimentos e costumes dos diversos povos com os quais entraram em contato no processo de expansão. Por exemplo, o fumo, a batata, o milho, o tomate, o chá, que se tornaram hábito de milhões de pessoas na Europa, foram assimilados de outros continentes. Embora não seja possível determinar com exatidão quando começou a expansão européia, podemos afirmar que ela está ligada ao que se convencionou chamar de Grandes Descobrimentos ou Grandes Navegações. Os nomes ligados a eles são muito conhecidos: Vasco da Gama, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, Américo Vespúcio e muitos outros.
  • 35. 35 E atualmente? Hoje em dia, os métodos de dominação são mais sutis, isto é, mais brandos aparentemente. Porém, uma observação mais atenta tem revelado que o processo de globalização não deixa de ser um procedimento violento, pois implica em uma certa descaracterização de cada uma das culturas atingidas. Atualmente, a globalização pode começar na sala de sua casa, quando a TV estimula o consumismo exagerado, quando por meio de filmes e novelas impõe moda, costumes, linguagem, formas padronizadas de pensar e agir que passam a fazer parte do seu cotidiano, modificando a sua maneira própria de ser. Todos nós estamos sujeitos a pensar e agir conforme o que outras pessoas determinam como verdadeiro, através dos meios de comunicação. Portanto, fique atento: não se deixe levar pelas aparências. Prossiga a leitura... Como você pode perceber, estamos vivendo o processo de globalização. Fazemos parte desse momento histórico. Os povos nativos do continente americano, também viveram um processo de dominação quando os europeus aqui chegaram nos séc. XV e XVI, iniciando a conquista e a colonização, com a imposição de sua cultura.
  • 36. 36 5.1. EXPANSÃO MARÍTIMA Como já comentamos, vivemos num mundo globalizado. Atualmente, existem linhas aéreas ligando os mais longínquos lugares do nosso planeta. Se, com a velocidade aérea, o percurso entre o Brasil e a Europa é feito em menos de dez horas, no século XV, uma viagem de Portugal até o nosso país durava quase cinqüenta dias. No início do século XV, exploradores europeus começaram a aventurar-se pelo “mar desconhecido”, isto é, pelo Oceano Atlântico. Iniciavam-se as Grandes Navegações, ou seja, a expansão marítima rumo a lugares ainda não conhecidos pelos europeus. Questões econômicas foram importantes no processo de expansão marítima. Os burgueses ao começarem a se destacar na sociedade como comerciantes ricos, se aliaram aos reis para ajudá-los a fortalecer o seu poder. A partir dessa aliança os reis passaram a incentivar a formação de expedições com objetivos comerciais. Numa época em que o comércio tornava-se a atividade econômica mais lucrativa, os produtos mais valorizados eram as especiarias do Oriente.
  • 37. 37
  • 38. 38 Essas especiarias orientais, como os temperos, pimenta, gengibre, canela, cravo, noz- moscada, etc., usados para disfarçar o cheiro e o gosto que ficavam nos alimentos, devido aos precários métodos de conservação daquela época (não se esqueça, que a geladeira ainda não existia!) tinham grande aceitação e valor no mercado europeu. Trazidas do Oriente, as especiarias eram vendidas em sua maioria pelos comerciantes da Península Itálica (atual Itália), sobretudo Gênova e Veneza. Os comerciantes das regiões excluídas desse rentável comércio desejavam participar dele. Mas como fazer isso se os venezianos e genoveses controlavam, além do Mar Mediterrâneo, as rotas do Oriente? A solução encontrada foi procurar novos caminhos e lugares para ter acesso aos produtos desejados, evitando a região do Mediterrâneo. Os comerciantes começaram, então, a explorar o Oceano Atlântico e o Continente Africano. “POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS” As viagens marítimas do início do século XV eram empreendimentos arriscados, tanto do ponto de vista econômico, quanto em relação às possibilidades de sobrevivência dos navegadores. Eram viagens longas, que exigiam grandes recursos; as embarcações eram bastante precárias, movidas a remo ou vela; a embarcação mais rápida era a caravela, aperfeiçoada pelos portugueses. O Oceano Atlântico era praticamente desconhecido pelos europeus na Idade Média. Muitos acreditavam tratar-se de um mar povoado por monstros e plantas diabólicas, com águas que ferviam em determinados pontos e se precipitavam num abismo, como uma grande cachoeira. Por isso era chamado de Mar Tenebroso. Era necessário enfrentar os desafios reais e os imaginários. Os portugueses foram os pioneiros (primeiros) das navegações marítimas. Além do apoio do rei e dos interesses da burguesia pelas navegações, Portugal foi favorecido pela ausência de guerras em seu território e por sua posição geográfica – o país está voltado para o Oceano Atlântico. A esses fatores soma-se outro: o povo português estava acostumado com as atividades marítimas. A América só pôde ser conquistada pelos europeus, devido ao grande avanço nas técnicas de navegação ao lado de invenções cada vez mais aperfeiçoadas. Exemplos: Na arte de navegação: a vela latina, aperfeiçoamento da bússola, do astrolábio, mapas mais precisos, desenvolvimento da caravela, leme, etc. O emprego da bússola: A bússola é um instrumento de orientação, cuja invenção é atribuída aos chineses. Foram, porém, os árabes que a levaram para a Europa, onde o seu emprego foi estudado pelos navegadores. A bússola tornou-se a grande companheira ‘dos
  • 39. 39 navegantes’ em todas as longas as longas viagens. Com sua utilização, o navegador não mais corria o perigo de perder o rumo de sua viagem. O uso do astrolábio: o astrolábio também é um instrumento de orientação, que permite ao navegador situar a sua posição geográfica através da posição dos astros. Outras invenções e aperfeiçoamento: a utilização da pólvora no desenvolvimento de armas de fogo, o aperfeiçoamento do canhão, a invenção do papel de trapo, o aperfeiçoamento da imprensa.
  • 40. 40 PORTUGUESES E ESPANHÓIS NO OCEANO A primeira grande conquista portuguesa aconteceu em 1415, quando o centro comercial de Ceuta, no norte da África foi tomado. Daí para a frente, os portugueses continuaram contornando o continente africano, pois o objetivo final era chegar ao Oriente. A chegada às Índias aconteceu em 1498, numa expedição (excursão, viagem) comandada pelo navegante Vasco da Gama. Todo o esforço português foi recompensado, pois os lucros dessa viagem ultrapassaram 6000%. Portugal tentou transformar aquele caminho marítimo (contorno da África) em exclusividade portuguesa, mas eles não eram os únicos que trabalhavam para conquistar as Índias. Os espanhóis também queriam chegar ao Oriente. Eles iniciaram suas navegações com um certo atraso em relação aos portugueses, mas ainda mais adiantados do que outros países europeus. O motivo da demora espanhola foi a chamada Guerra da Reconquista, quando os árabes foram expulsos da península Ibérica (região onde hoje se encontra a Espanha) ocupada por eles havia séculos. Essa guerra só foi concluída em 1492, com a conquista de Granada (sul da Espanha). O TRATADO DE TORDESILHAS A disputa entre portugueses e espanhóis pela conquista de novas terrase mercados, nem sempre foi pacífica. Como você já estudou, os espanhóis chegaram à América em 1492; os portugueses, nessa época procuravam contornar a África, rumo ao Oriente. Logo que Colombo chegou à América, o governo da Espanha procurouestabelecer seus direitos sobre a terra que encontrara e sobre outras que poderia ainda encontrar. Portugal, não concordando, apelou então para o papa Alexandre VI, mesmo ele sendo espanhol. O papa decidiu em 1493 que deveriaser traçada uma linha imaginária, passando 100 léguas (cerca de 660 Km) a oeste das ilhas de Cabo Verde (Bula Inter Coetera). As novas terras ficaram divididas em duas partes. A parte que estava a oeste da linha, à esquerda domapa, pertenceria à Espanha. A parte que ficava a leste, à direita do mapa, pertenceria a Portugal. O rei de Portugal não concordou com a divisão feita pelo papa. Então, representantes de Portugal e da Espanha reuniram-se na cidadeespanhola de Tordesilhas e assinaram um tratado que determinava o seguinte:a linha imaginária passaria a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Observe o mapa.
  • 41. 41 Assim, o Atlântico sul se tornava uma área de domínio português. Reis de outros países europeus não aceitaram esse tratado. O rei da França, Francisco I, declarou: “Gostaria de ver o testamento de Adão para saber como ele dividiu o mundo”. Na América, a linha do Tratado de Tordesilhas passava pelos locais onde atualmente se situam as cidades de Belém (Pará) e Laguna (Santa Catarina). Como você percebeu, Portugal e Espanha sentiam-se os donos do mundo. Para assegurar o domínio sobre suas terras na América, em 1500, o comandante Pedro Álvares Cabral tomou posse do Brasil, que a partir daí passou a ser uma colônia de Portugal. Em seguida rumou para as Índias onde o comércio de especiarias já garantia desde 1498, com a viagem de Vasco da Gama, grandes lucros à burguesia portuguesa e ao rei. Mas, se as novas terras foram divididas entre Portugal e Espanha, como existem países na América que foram colonizados por ingleses e franceses? Tanto a França como a Inglaterra realizaram tardiamente sua expansão marítimo-comercial. Iniciaram essa expansão somente no início do século XVI. A França, Inglaterra e Holanda não aceitaram a divisão entre Portugal e Espanha. Desrespeitando a linha do Tratado de Tordesilhas, impuseram sua presença através de atos de pirataria e ocupação de terras. Dessa forma, as terras que antes pertenciam somente a Portugal e Espanha, passaram também a serem colonizadas por franceses, ingleses e holandeses.
  • 42. 42 6. A FORMAÇÃO DO BRASIL COLONIAL Bem, você mora no Brasil, e provavelmente nasceu aqui. Sabe que o Brasil é um país que tem aproximadamente 180 milhões de habitantes e mais de 08 milhões e 500 mil Km2. A língua que você fala é a portuguesa – herança cultural do colonizador português. Os usos e costumes que você pratica são resultados da mistura de várias culturas, principalmente indígena, africana, européia e asiática. Bem, oficialmente, os portugueses chegaram ao Brasil durante a expansão marítima, nos fins do século XV, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, no dia 22 de abril de 1500. Nos primeiros anos, após a chegada de Cabral, a preocupação dos portugueses foi a de extrair pau-brasil, com o auxílio dos índios para mandar à Europa, onde a madeira era negociada. Mas, a prioridade dos portugueses era continuar explorando e vendendo as especiarias (cravo, pimenta, canela...) da Índia, na Europa.
  • 43. 43 Assim, somente a partir de 1530, quando as especiarias deram sinal de esgotamento, é que a Coroa Portuguesa iniciou de fato a colonização do Brasil. Ciente disso, o rei de Portugal, D. João III, encontra uma saída para não arcar com as despesas da colonização. Sabendo que os nobres portugueses sonhavam em possuir grandes extensões de terra, decidiu em 1534, dividir o Brasil em 15 grandes faixas de terras (mapa ao lado) e entregá-las à senhores de razoáveis condições financeiras. Surgiram as capitanias hereditárias. O nobre donatário recebia apenas o direito de posse, mas não se tornava proprietário da capitania – o proprietário era o rei. Se a administração da capitania fosse boa, seria transferida hereditariamente aos herdeiros do donatário. Se fosse ruim, o rei dava a posse para outro nobre. Bem, os nobres gastariam muito dinheiro para montar a produção açucareira, construir engenhos e portos, transferir os colonizadores para o continente americano, lutar contra índios e piratas, enquanto o rei ficava na confortável posição de cobrador de impostos sobre as atividades econômicas implantadas na Colônia. A maioria das capitanias fracassou por vários motivos: poucos investimentos (por falta de recursos ou de interesse dos donatários), freqüentes ataques dos indígenas, grande distância entre as povoações e entre o Brasil e Portugal. Dessa forma, somente as capitanias de Pernambuco e São Vicente deram lucros, porque seus donatários souberam resistir aos ataques indígenas e investiram muito dinheiro para dotar as capitanias de engenho, bois, instrumentos agrícolas, soldados etc. O rei de
  • 44. 44 Portugal não desistiu das capitanias, mas resolveu melhorar o sistema. Para controlar os donatários e ajudá-los na colonização, D. João III nomeou, em 1548, um governador-geral para o Brasil, que era um representante do rei na colônia, a quem os donatários e todos os colonos deviam obedecer. A instalação do governo-geral significou a centralização administrativa da colônia. O primeiro governador-geral Tomé de Sousa, fundou Salvador, a primeira cidade e capital do Brasil. Trouxe gado e instalou vários engenhos de cana-de- açúcar. A colonização do Brasil compreendia a fixação de colonos na terra e uma produção que atendesse ao mercado europeu, com fins lucrativos. Assim, a colonização no Brasil teve a cultura da cana-de-açúcar como o seu primeiro produto agrícola, e para produzir açúcar, foram trazidos negros da África como mão-de- obra. A produção deveria ser em grande escala, pois este produto era raro na Europa e, portanto, caro. • ESCRAVISMO ESCRAVISMO ESCRAVISMO ESCRAVISMO O sistema econômico montado na América foi o escravista. O escravismo é um sistema social e econômico no qual o agente de produção é predominantemente o escravo, que é comercializado, sendo vendido, comprado ou trocado como uma mercadoria ou objeto. Os motivos da utilização da mão-de-obra escrava na América foram: • escravismo proporcionou a montagem do tráfico internacional de escravos gerando lucros fabulosos aos traficantes;
  • 45. 45 • os escravos supriam a mão-de-obra no trabalho dentro das colônias em lugar dos colonizadores europeus. O escravismo, na época moderna, não era uma novidade, pois já havia escravidão entre povos da Antigüidade, como por exemplo, entre os gregos e romanos. A igreja impedia que o índio fosse escravizado, pois estava interessada em sua catequese e como mão-de-obra nas aldeias jesuítas, mas, ao mesmo tempo, continuava justificando escravidão do negro. Assim, os colonizadores, utilizavam o negro como escravo, aumentando o volume do tráfico africano e conseqüentemente as vantagens e lucros obtidos por quem promovia esse comércio. A proteção ao índio era relativa, pois ao mesmo tempo em que se proibia legalmente a sua escravização, o governo permitia que a mesma ocorresse através das “guerras justas”. Os padres jesuítas eram grandes defensores da não escravização do índio pelos colonos, no entanto, os jesuítas faziam uso da mão-de-obra indígena para os diversos trabalhos nas missões, além de desestruturarem a sua cultura quando lhes impunham os costumes e a religião do colonizador português, através das catequeses. Reação Negra e Indígena ao Escravismo
  • 46. 46 Tanto o índio como o negro foi dominado e escravizado pelos brancos europeus. Os negros foram trazidos do Continente Africano, pela força, para servir de mão-de-obra escrava no trabalho braçal na lavoura, minas e serviços domésticos. Desde a captura na África, já eram separados de suas famílias e nações para que chegassem na América desunidos e sem disposição de reagir ao cativeiro. Eram transportados para o Brasil nos porões dos navios negreiros também chamados “navios tumbeiros”, nas piores condições possíveis, o que provocava a morte de mais de 50% dos negros durante as viagens, entretanto, nem negros e nem índios aceitaram passivamente essa dominação. O desmonte da cultura indígena e da cultura negra africana, além de outros motivos, ocorreu porque o colonizador português não permitiu a manifestação religiosa desses povos. Índios: o colonizador português foi introduzindo ao cotidiano novos conceitos religiosos que foram impostos como parte da salvação de suas almas. Negros: apesar da proibição de culto religioso, feita pelo colonizador branco português, criaram uma mistura da religião africana com a religião católica como forma de burlar essa proibição. Com a colonização, os portugueses impuseram tanto aos índios, quanto aos negros, sua forma de organização social, econômica e política. O índio, mesmo reagindo, foi sendo exterminado ou se misturando à cultura branca. O negro fugia para os quilombos; entretanto, se recapturado, era levado de volta aos engenhos e forçado a se adaptar culturalmente, ou morria, devido aos castigos físicos. • BANDEIRAS A capitania de São Vicente foi o primeiro núcleo povoador de nosso país. Mas, apesar de ter sido bem administrada, num segundo momento, começou a ter problemas econômicos e os investidores não mais se interessavam pela capitania. Desde a captura na África, já eram separados de suas famílias e nações para que chegassem na América desunidos e sem disposição de reagir ao cativeiro. Eram
  • 47. 47 transportados para o Brasil nos porões dos navios negreiros também chamados “navios tumbeiros”, nas piores condições possíveis, o que provocava a morte de mais de 50% dos negros durante as viagens, entretanto, nem negros e nem índios aceitaram passivamente essa dominação. O desmonte da cultura indígena e da cultura negra africana, além de outros motivos, ocorreu porque o colonizador português não permitiu a manifestação religiosa desses povos. Índios: o colonizador português foi introduzindo ao cotidiano novos conceitos religiosos que foram impostos como parte da salvação de suas almas. Negros: apesar da proibição de culto religioso, feita pelo colonizador branco português, criaram uma mistura da religião africana com a religião católica como forma de burlar essa proibição. Com a colonização, os portugueses impuseram tanto aos índios, quanto aos negros, sua forma de organização social, econômica e política. O índio, mesmo reagindo, foi sendo exterminado ou se misturando à cultura branca. O negro fugia para os quilombos; entretanto, se recapturado, era levado de volta aos engenhos e forçado a se adaptar culturalmente, ou morria, devido aos castigos físicos. São Vicente, Santos, Santo André, São Paulo – cidades dessa capitania, tornaram-se tão pobres, que deixaram de ter atrativos para manter os seus habitantes, assim, qualquer esperança de melhoria de vida bastava para que alguns decidissem sair de seus lares - eram os bandeirantes. A pobreza da capitania de São Vicente explica a expansão bandeirante paulista pelo sertão. Quando os holandeses invadiram Pernambuco, decidiram também invadir as regiões africanas que “exportavam” escravos para o Brasil.
  • 48. 48 Isso prejudicou terrivelmente os donos de engenho da Bahia, que, sem ter como comprar escravos negros, a saída encontrada por esses proprietários foi bem simples: utilizar escravos indígenas, que seriam capturados no sertão e vendidos pelos bandeirantes. Os bandeirantes, que eram pobres, mas não eram ingênuos, sabiam que era muito difícil capturar índios no meio da mata. Por isso invadiram as reduções jesuíticas, onde os índios já estavam catequizados, habituados às atividades agrícolas, agrupados e, o que é melhor, desarmados pelos padres jesuítas. O aprisionamento de indígenas se manteve enquanto os holandeses mantiveram seu domínio sobre Pernambuco. Com a volta da utilização do escravo negro, após a expulsão dos holandeses, os bandeirantes passam a procurar ouro e pedras preciosas no interior do território brasileiro. Os resultados econômicos foram muito pequenos, mas, devido a isso, o território brasileiro foi muito além daquele estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas. Alguns anos após a expulsão dos holandeses, os portugueses constataram um fato preocupante: os negros, em grande quantidade, haviam fugido de seus engenhos! O pior é que se organizaram em quilombos, fortaleceram-se economicamente, conquistaram uma invejável unidade social. Dessa forma os quilombos passaram a atrair os escravos, que agora tinham grandes esperanças de sobreviver à fuga. Qual a única maneira de evitar o crescimento das fugas de escravos? Destruindo os quilombos. Quem seria capaz de destruir os quilombos? Os bandeirantes! E eles fizeram o serviço com terrível competência. Mesmo o maior dos quilombos, Palmares, foi totalmente destruído. Os bandeirantes recebiam por escravo quilombola morto. Para provar que realmente o negro havia sido morto, era necessário apresentar à autoridade pagadora um par de orelhas de negro.
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  • 52. 52 Observe o gráfico e veja que existia uma relação de dependência entre a Colônia e a Metrópole. Essa relação denominou-se “Exclusivo Colonial”, ou seja, monopólio da metrópole sobre a colônia. Pelo exclusivo colonial, a colônia deveria: • Fornecer metais preciosos e vender produtos agrícolas a preços baixos para a metrópole. • Comprar escravos e produtos manufaturados a preços altos, da metrópole. Desta forma, toda a economia foi organizada com o objetivo de atender aos interesses do Estado e da burguesia de Portugal e das elites coloniais, transferindo para a metrópole a maior parte dos lucros. Um pequeno grupo detinha a posse da terra e das riquezas, explorando a mão-de-obra livre de brancos, escravos, índios e negros. Assim, os negros, índios, mestiços e brancos pobres ficaram completamente marginalizados. Essa situação de dependência fez com que a economia do Brasil, até recentemente, se baseasse em períodos de predomínio de um determinado produto, como por exemplo: o açúcar, o ouro, o algodão, para citar os principais, e como davam apenas lucros para as camadas dominantes de Portugal, eram incentivados na colônia. Somente a partir de 1950 nossa economia passou a ser mais diversificada através da industrialização. Nos fins do século XVIII, começaram a surgir conflitos nas colônias americanas contra as metrópoles. No Brasil colônia, século XVI a XIX, houve muitos conflitos internos quem conjunto com outros fatores externos (conflitos políticos) pesaram para desencadear a crise do sistema colonial implantado pelos europeus em toda América, em vigor desde o século XVI, período em que a Coroa Portuguesacomeçou a ter um rigor maior na cobrança de impostos.
  • 53. 53 Essa situação promoveu uma forte reação da população que não podiarcar como peso dos impostos cobrados por Portugal e os altos preços manipulados pelas Companhias de Comércio. Assim, desde fins do século XVII, e por todo o século XVIII, ocorrem emvárias partes do Brasil, movimentos que assumem a forma de lutas armadas, que mostram a insatisfação generalizada da população. Essa insatisfação foi manifestada principalmente pela camadaprivilegiada constituída por senhores de engenho, comerciantes e grandes mineradores da sociedade colonial, as quais se uniram momentaneamente àcamadas inferiores (trabalhadores de engenhos e vilas, pequenos proprietários escravos). • Guerra dos Emboabas: em 1708, na região das Minas (atual Minas Gerais). Finalidade: Os mineiros pobres pretendiam ter o mesmo tratamento e direitos dos mineradores ricos, que eram privilegiados na região das minas, por ficarem com as maiores e mais rendosas minas. Resultado: esse conflito terminou desfavorável aos mineradores pobres que foram massacrados traiçoeiramente no episódio chamado “Capão da Traição”.
  • 54. 54 • Guerra dos Mascates: em 1710, entre Olinda e Recife. Finalidade: os senhores de engenho de Olinda, liderados por Bernardo Vieira de Mello se revoltaram contra a elevação de Recife à categoria de vila, o que deixaria os olindenses sem receber os impostos pagos pelos comerciantes portugueses sediados em Recife. Resultado: as autoridades confirmaram a elevação de Recife à categoria de vila, o que desgostou profundamente os senhores de engenho. • Inconfidência Mineira: em 1789 - Vila Rica. Finalidade: separar as regiões das minas, do domínio português. Foi um movimento de elite da região (comandantes militares, intelectuais, padres), contra a cobrança dos impostos atrasados (derrama). O movimento foi influenciado pelos ideais iluministas e pela independência das colônias inglesas da América do Norte. Resultado: os conspiradores, na grande maioria pertencentes a elite social, foram denunciados e condenados à morte, mas no final apenas Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que era o mais pobre, foi enforcado. Os outros inconfidentes tiveram sua pena mudada para degredo perpétuo na África.
  • 55. 55 • Conjuração dos Alfaiates ou Conjuração Baiana: 1798 - Salvador. Finalidade: separação do Brasil de Portugal, implantação de uma república, fim da escravidão, liberdade de comércio. Esse movimento teve uma base constituída por idéias revolucionárias tomadas da revolução Francesa, e teve participação de pessoas pertencentes às camada populares (alfaiates, soldados, negros libertos) e da elite (advogados, médicos e padres). Houve influência da maçonaria. Foi o primeiro movimento em que se falou mais claramente em separar o Brasil de Portugal. Resultado: seus líderes foram descobertos, presos e condenados à forca, mas só foram executadas pessoas das camadas populares como João de Deus Nascimento Luís Gonzaga das Virgens, Manoel Faustino dos Anjos. Os membros da elite, ou seja, da classe privilegiada foram perdoados. Você já estudou que essa política era baseada no absolutismo que concentrava todo poder nas mãos dos reis permitindo que os mesmos tivessem também o controle total da economia (mercantilismo). Assim todas as regras políticas e econômicas para as colônias eram determinadas e fiscalizadas pelas metrópoles. Entretanto, a partir do século XVIII, esses mecanismos já não eram mais do interesse da burguesia que se via envolvida em seus negócios.
  • 56. 56 O período em que a Corte Portuguesa ficou no Brasil (1808-1821), foi decisório para a separação do Brasil de Portugal. Uma das características das relações de Portugal com o Brasil era o monopólio comercial. Imagine se o seu país fosse obrigado a fazer comércio somente com um país mais poderoso. Será fácil concluir que o seu país se veria obrigado a comprar e a vender produtos pelos preços que lhe fossem impostos. Outra proibição de Portugal sobre o Brasil era de que aqui não podiam funcionar indústrias, para que a população consumisse produtos industrializados, na maioria ingleses, que Portugal mandava para cá. Mas, em 1811, D. João inaugurou a Fábrica de Ferro do lpanema. As proibições de Portugal se faziam sentir também na vida cultural, pois obras literárias só circulavam na colônia quando permitidas pela Coroa portuguesa e a imprensa era proibida de existir. Na época colonial, não interessava ao governo português que o povo brasileiro se tornasse crítico. Por esse motivo foram proibidas as manifestações literárias. Na época em que a Corte esteve no Brasil, o rei convidou uma missão francesa para retratar o Brasil através da pintura.
  • 57. 57 Essas pinturas deveriam mostrar o Brasil sob o ponto de vista europeu, destacando somente com a beleza, sem estimular a racionalidade, para que não promovesse qualquer compreensão crítica da realidade brasileira. Durante os séculos XIV e XVII, na Europa surgiu um movimento cultural denominado Humanismo que tinha como objetivo a valorização do homem. Esse movimento foi característico das artes, da literatura, da música e procurava dar ênfase à razão e não a fé para explicar os problemas terrenos. Os movimentos Humanismo e Renascimento, não tiveram tanta influência no Brasil-colônia devido às proibições e censura da Metrópole Portuguesa que objetivava a alienação da população colonial, a fim de evitar possíveis tentativas de independência. Essas medidas foram muito importantes para que o Brasil pudesse se libertar de Portugal em 1822. Entretanto, as medidas tomadas pela Corte, eram favoráveis à uma pequena parcela da população. A maioria do povo continuava na situação de pobreza, desnutrição, analfabetismo.
  • 58. 58 Os portugueses residentes no Brasil continuavam controlando a exportação e importação. Por isso as manifestações contrárias ao governo português continuavam a ocorrer na colônia. Dessa forma, o Brasil estava cada vez mais consciente da necessidade da separação de Portugal, bem como já possuía condições sócio-econômicas e culturais para formalizar essa separação. Pressionada, a Corte Real voltou para Portugal em 1821. Governando o Brasil, D. João deixou o seu filho D. Pedro como regente. A partir daí começaram a se precipitar os acontecimentos que acabaram levando à separação definitiva do Brasil de Portugal, no dia 07 de setembro de 1822.