2. “Sob ‘pregação’ entendemos aquela que é exercitada pela igreja através das mais diversas modalidades. Encaramos pregação como o termo genérico que abrange formas como: a evangelização, a fala missionária, o catecumenato em grupos na comunidade (grupos de jovens, senhoras, homens, casais, escola dominical, estudos bíblicos), os ofícios casuais (batizado, bênção matrimonial, sepultamento), a poimênica, o ensino religioso nas escolas, artigos e comentários na imprensa escrita, programas cristãos no rádio e na TV. Entendemos a prédica como uma dessas formas de pregação. O que a distingue particularmente das demais é a sua vinculação litúrgica ao culto (normalmente dominical) da comunidade”. (NELSON KIRST) PREGAÇÃO PRÉDICA/SERMÃO KIRST, Nelson. Rudimentos de Homilética. São Leopoldo: Sinodal; São Paulo: Paulinas, 1985. p. 17-18.
3. O Púlpito e os tempos modernos Uma das características da sociedade moderna é a busca pelo ESPETACULAR. Segundo Luiz Carlos Ramos, a economia de mercado globalizada aliada aos meios eletrônicos de comunicação de massa e à tecnologia da informação, onde surge o seu principal produto: a indústria do entretenimento. Sociedade Moderna Sociedade Espetacular RAMOS, Luiz Carlos. A pregação na Idade Mídia: os desafios da sociedade do espetáculo para a prática homilética contemporânea. Tese apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, para obtenção do grau de Doutor, sob a orientação do Prof. Dr. Geoval Jacinto da Silva. São Bernardo do Campo — outubro de 2005.
4. Mercado de bens religiosos e midiatização – o somatório destes elementos, estratégias e princípios – têm produzido no campo evangélico o que é denominado por alguns estudiosos “a espetacularização da fé”. Isso significa tratar a fé e a religiosidade como algo a ser exposto, apresentado, demonstrado da forma mais atraente possível, com a finalidade de se alcançar público. Toda a religião tem um componente de espetáculo, de teatralidade, de performance. Os ritos e os rituais, relacionados ao encanto e ao mistério, dão à religião esse tom e esse dom. O que se observa nas últimas décadas no campo religioso evangélico do Brasil, em especial na passagem dos anos 90 para os 2000, é a religião, ela própria, transformada em espetáculo, performance ESPETACULARIZAÇÃO DA FÉ CUNHA, Magali do Nascimento. A explosão gospel: um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico no Brasil. Rio de janeiro: Mauad X: Instituto Mysterium, 2007. p. 152
5. Breves Reflexões Lugar/valor do sermão na liturgia Você valoriza o sermão? Você valoriza o seu sermão? Você valoriza o sermão dos outros? Coreografia/performance do culto
6. Breves Reflexões Somente pessoas que acreditam verdadeiramente na importância do sermão, podem prepará-lo com eficiência e pregá-lo com eficácia. Rev. Paulo Dias Nogueira EFICIÊNCIA é a qualidade de fazer com excelência, sem perdas ou desperdícios (de tempo, dinheiro ou energia). EFICÁCIAé atingir o objetivo proposto, cumprir, executar, operar, levar a cabo; é o poder de causar determinado efeito.
8. A PESSOA DO (A) PREGADOR (A) Para que o sermão reassuma o seu lugar de importância o/a pregador/a deve se preparar adequadamente, tanto espiritual como intelectualmente.
9. A PESSOA DO (A) PREGADOR (A) O/a pregador/a é mais que um/a palestrante. Ele/a é um instrumento utilizado por Deus para comunicar a Sua mensagem. É um arauto do Rei.
10. A PESSOA DO (A) PREGADOR (A) É necessário que ele/a tenha vocação para este ministério. Os irmãos Wesley (John e Charles) levaram muito a sério o processo de seleção dos pregadores metodistas de sua época
11. Certa vez, aborrecido com o fato de alguém, ‘sem o auxílio de Deus’, ter feito de um alfaiate um pregador, Charles disse que estava pronto, ‘com o auxílio de Deus’, a fazer do pregador novamente um alfaiate. João Wesley Charles Wesley
12. John Wesley exigia que os pregadores metodistas dedicassem 5 horas diárias para seu preparo. Este preparo incluía tempo de oração e devoção, bem como, tempo de esmerar-se em estudos profundos de várias áreas do saber. A Biblioteca Cristã de Wesley (50 livros cuja leitura exigia dos pregadores), continha títulos sobre os mais variados temas (teológicos e gerais).
19. No decorrer da história a igreja cometeu muitos equívocos ao cumprir o desafio de pregar a Palavra (Boas Novas). Nem sempre ela apresentou uma boa notícia, ao sair em missão.
20. Paul Tillich, teólogo contemporâneo, pode nos ajudar na avaliação e elaboração da mensagem que pregamos. MÉTODO DA CORRELAÇÃO
21. A MENSAGEM CRISTÃ DEVE CORRELACIONAR: VERDADE ETERNA COM NECESSIDADE/PERGUNTA HUMANA
23. Se desejamos verdadeiramente pregar o Evangelho/Boas Novas de Deus ao mundo, devemos levar em consideração estes dois pontos e correlacioná-los.
24. A PESSOA DO (A) PREGADOR (A) O/a pregador/a deve se preparar para a importante tarefa que Deus lhe confiou. Deve se preparar espiritual e intelectualmente para esta nobre missão: pregar as Sagradas Escrituras.
25. PREPARANDO O SERMÃO Assim como o fazemos em outras áreas de nossa vida, devemos buscar a orientação de Deus em oração no início, durante e após a preparação do sermão. Oração está sempre em ordem!!!
37. PREPARANDO O SERMÃO Para Orlando Costas, o momento de preparação do sermão é o mais difícil, porém o mais importante. É neste momento que o/a pregador/a se alimenta de todos os conhecimentos que utilizará na hora da exposição. Segundo ele este processo deve levar em conta pelo menos sete (7) passos: COSTAS, Orlando E. Comunicaión por medio de la predicaión. Miami: Editorial Caribe, 1978.
38. PREPARANDO O SERMÃO 1) DETERMINAÇÃO DO PROPÓSITO A mensagem requer um “para que”, pois ela é um meio e não um fim em si mesma. Além do propósito específico do sermão o/a pregador/a deve levar em conta dois propósitos gerais: propósito comunicacional: propósito biblíco-teológico da pregação (Kerigmático, didático e pastoral). COSTAS, Orlando E. Comunicaión por medio de la predicaión. Miami: Editorial Caribe, 1978.
39. PREPARANDO O SERMÃO 2) SELEÇÃO DO TEXTO BÍBLICO COSTAS, Orlando E. Comunicaión por medio de la predicaión. Miami: Editorial Caribe, 1978.
40. PREPARANDO O SERMÃO 3) ANÁLISE DO CONTEXTO Sete pontos que devem ser levados em conta: quem é o orador ou autor da passagem? quem são os receptores da mensagem? qual o tempo e a época? qual o lugar? qual a ocasião? qual o objetivo? qual o assunto? COSTAS, Orlando E. Comunicaión por medio de la predicaión. Miami: Editorial Caribe, 1978.
41. PREPARANDO O SERMÃO 4) ANÁLISE DO TEXTO “A análise da passagem é a divisão da mesma em partes, para entender o desenvolvimento de sua estrutura e pensamento”. COSTAS, Orlando E. Comunicaión por medio de la predicaión. Miami: Editorial Caribe, 1978.
42. PREPARANDO O SERMÃO 5) DETERMINAÇÃO DO ASSUNTO 6) ANÁLISE DO ASSUNTO 7) DETERMINAÇÃO DO TEMA COSTAS, Orlando E. Comunicaión por medio de la predicaión. Miami: Editorial Caribe, 1978.
43. PREPARANDO O SERMÃO ANOTAÇÕES IMPORTANTES Após o processo de estudos exegéticos e hermenêuticos, o/a pregador/a deve organizar sistematicamente as anotações para a sua exposição. Quanto maior clareza tiver ao fazer os apontamentos, mais clareza terá ao apresentá-los. O/a pregador/a pode organizar suas anotações de várias formas... dependerá da situação e de seu estilo de comunicação.
44. PREPARANDO O SERMÃO ANOTAÇÕES IMPORTANTES “A prédica é uma fala que desenvolve uma série de pensamentos. Para que estes pensamentos sejam inteligíveis, precisam estar dispostos dentro de uma certa ordem. É o que chamamos de estrutura da prédica. Função da estrutura é auxiliar o pregador a comunicar o conteúdo de sua prédica e o ouvinte a captar, assimilar e gravar tal conteúdo. Assim, a estrutura é um elemento essencial da pedagogia da prédica e, como tal, merece a maior atenção”. (Nelson Kirst)
45. PREPARANDO O SERMÃO ESTRUTURA DO SERMÃO - Convencional Título Texto bíblico Introdução Explicação Proposição Oração interrogativa Oração de transição Palavra Chave Desenvolvimento Conclusão
46. PREPARANDO O SERMÃO TÍTULO É o nome do sermão, sua identidade. Deve ser criativo e interessante para chamar a atenção dos ouvintes. Sua escolha exige cuidado e arte.
48. PREPARANDO O SERMÃO INTRODUÇÃO É o momento em que o/a pregador/a deve convencer os ouvintes de que o tema a ser abordado é relevante e que vale a pena ouvir o sermão. É uma preparação para o que virá. Portanto, o uso da criatividade é fundamental. Pode-se utilizar fatos do cotidiano, parábolas, ditos populares, canções, histórias e outras formas literárias, desde que sejam facilitadoras na compreensão do tema.
49. PREPARANDO O SERMÃO EXPLICAÇÃO Neste tópico o/a pregador/a deve contextualizar a passagem bíblica que servirá de base para a mensagem, apresentando o fruto de sua pesquisa (aspectos: históricos, políticos, sociais, geográficos, econômicos, literários, psicológicos, religiosos, e outros). Momento oportuno para, também, esclarecer termos técnicos e apresentar conceitos chaves. Devem ser apresentados os elementos essenciais para fundamentação da proposição.
50. PREPARANDO O SERMÃO PROPOSIÇÃO Numa só sentença, o/a pregadodor/a apresenta de forma simples e clara a idéia principal/essencial do sermão. Ela pode ser declarativa, interrogativa, exortativa ou exclamativa. Orlando Costas afirma: “Na elaboração do sermão nenhum outro elemento é tão importante como a proposição. A proposição é o coração do sermão... A proposição é o tema expressado numa sentença gramatical completa, clara e concisa, que resume o conteúdo da mensagem e anuncia o curso a seguir e o propósito a se alcançar”.
51. PREPARANDO O SERMÃO ORAÇÃO INTERROGATIVA Ela faz uma ponte entre a proposição e o corpo do sermão. Não precisa aparecer no esboço, mas deve estar implícita. Pode-se usar os seguintes advérbios interrogativos: quem; qual; o que; por que; quando; onde; como.
52. PREPARANDO O SERMÃO ORAÇÃO DE TRANSIÇÃO Ela fornece uma mudança suave da proposição às divisões principais do sermão. Ela apresenta como a idéia será desenvolvida, elucidada e explicada.
54. PREPARANDO O SERMÃO DESENVOLVIMENTO É a parte do sermão que trabalha de forma pormenorizada a proposição, respondendo à oração interrogativa através dos tópicos apresentados pela oração de transição. Ela é a parte central do sermão. É a mensagem do texto bíblico.
55. PREPARANDO O SERMÃO CONCLUSÃO Nesta parte é fundamental que se faça uma breve recapitulação dos pontos abordados, atualizando a mensagem para os dias de hoje.
56. APRESENTANDO O SERMÃO QUEM NÃO COMUNICA, SE... É inegável o avanço da tecnologia da comunicação em nossa sociedade. Infelizmente por displicência, “fobia” ou ignorância muitos/as pregadores/as não se utilizam dela. Por acomodação ou falta de vocação vivem uma mesmice ministerial que reflete em sua ação como pregador/a.
57. APRESENTANDO O SERMÃO QUEM NÃO COMUNICA, SE... Para a apresentação do sermão, é importante que sejam utilizados os vários recursos pedagógicos existentes. São eles: humanos e materiais. Para tal é importante que se tenha noções básicas de comunicação.
58. APRESENTANDO O SERMÃO QUEM NÃO COMUNICA, SE... Ainda que seja para utilizar somente a voz, deve-se fazer com propriedade. A locução bem feita pode ajudar o ouvinte a criar imagens. É fundamental levar em conta a respiração, a dicção, a velocidade, a expressividade e a intensidade.
59. APRESENTANDO O SERMÃO QUEM NÃO COMUNICA, SE... Outro ponto importante é a escolha do vocabulário ideal. Considerar o público alvo, adequando sua linguagem à capacidade de entendimento dos presentes: nem sofisticado, nem pobre demais. “Se no recôndito de vossa alma sentis o compulsivo anelo de adentrardes os umbrais da eternidade; sejais intrépidos: erguei a vossa destra e caminhai até aqui com a alma genuflexa ”
60. APRESENTANDO O SERMÃO QUEM NÃO COMUNICA, SE... Não só a voz comunica, mas também o corpo. Nossos gestos e movimentos, a posição da cabeça, das pernas, dos braços, tudo comunica. “O semblante é a parte mais expressiva do corpo, possuindo os olhos importância vital. Deles recebemos o retorno do auditório que nos orienta em nossa linha de atuação; com eles demonstramos os nossos sentimentos, bem como, valorizamos a presença de cada pessoa”. (Polito)
61. APRESENTANDO O SERMÃO QUEM NÃO COMUNICA, SE... É importante que os/as pregadores/as fujam da mesmice pedagógica e se capacitem para utilizar os recursos pedagógicos ao seu alcance.
62. APRESENTANDO O SERMÃO QUEM NÃO COMUNICA, SE... APRENDEMOS RETEMOS 1% através do gosto; 10% do que lemos; 1,5 % através do tato; 20% do que escutamos; 3,5% através do olfato; 30% do que vemos; 11% através da audição; 50% do que vemos e escutamos; 83% através da visão. 70% do que ouvimos e logo discutimos; 90% do que ouvimos e logo realizamos
63. APRESENTANDO O SERMÃO QUEM NÃO COMUNICA, SE... Dentre os vários recursos materiais existentes, destacamos: Retro-Projetor, Projetor Multimídia, Vídeo Cassete, DVD, Gravador, Televisão, Computador, Álbum Seriado, Quadro de Escrever, Flanelógrafo, Varal, Gravuras, Fantoches, Mapas, Mural, Discos, fitas cassetes, Materiais impressos (jornais, revistas, livros, folhetos, dicionários, catálogos).
64. APRESENTANDO O SERMÃO QUEM NÃO COMUNICA, SE... Cada um destes recursos tem sua linguagem própria. Ao utilizá-los o/a pregador/a deve considerar este fato.
65. BIBLIOGRAFIA BLACKWOOD, Andrew Watterson. A preparação de sermões. São Paulo: ASTE, 1965. COSTAS, Orlando E. Comunicaión por medio de lapredicaión. Miami: Editorial Caribe, 1978. CUNHA, Magali do Nascimento. A explosão gospel: um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico no Brasil. Rio de janeiro: Mauad X: Instituto Mysterium, 2007. KIRST, Nelson. Rudimentos de homilética. São Leopoldo: Sinodal; São Paulo: Paulinas, 1985. PILETTI, Claudino. Didática geral. 19. ed. São Paulo: Ática, 1995. POLITO, Reinaldo. Como falar corretamente e sem inibições. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 1989. RAMOS, Luiz Carlos. A prática Homilética de John Wesley. In: Anuário Litúrgico 2007 / org. Luiz Carlos ramos. São Bernardo do Campo: Editeo, 2007. __________. A pregação na Idade Mídia: os desafios da sociedade do espetáculo para a prática homilética contemporânea. Tese apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, para obtenção do grau de Doutor, sob a orientação do Prof. Dr. Geoval Jacinto da Silva. São Bernardo do Campo — outubro de 2005. __________. Luzes, câmera, pregação – princípios, meios e fins da homilética espetacular. In: Anuário Litúrgico 2007 / org. Luiz Carlos ramos. São Bernardo do Campo: Editeo, 2007. TILLICH, Paulo. Teologia Sistemática. São Paulo: Paulinas; São Leoplodo: Sinodal, 1987. WEIL, Pierre. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação não-verbal, por Pierre Weil e Roland tompaknow. 51. ed. Petrópolis: Vozes, 2000.