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Álgebra II
                                     Luiz Manoel Figueiredo
                       Volume 2
                                     Marisa Ortegoza da Cunha
                                     Hernando Bedoya
                                     Ricardo Camelier




Material gratuitamente cedido pela

           Consórcio

           cederj
           Fundação CECIERJ
IVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
                                   UN




          UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
          SECRETARIA ESPECIAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
             INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
                    FACULDADE DE MATEMÁTICA




                           REITOR
            Prof. Dr. Alex Bolonha Fiúza de Mello

                     VICE-REITORA
           Profa. Dra. Regina Fátima Feio Barroso

       PRÓ-REITOR DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
            Prof. Dr. Licurgo Peixoto de Brito

  SECRETÁRIA ESPECIAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
             Profa. MSc. Selma Dias Leite

DIRETOR DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
                Prof. Dr. Geraldo Narciso

      DIRETOR DAFACULDADE DE MATEMÁTICA
           Prof. Dr. Geraldo Mendes de Araújo




           Este material foi gentilmente cedido pelo Consórcio CEDERJ,
                para o uso restrito da Licenciatura em Matemática
                na modalidade a distância sem ônus para a UFPA.
Álgebra II                 Volume 2


SUMÁRIO



          Aula 18   Transformações lineares ___________________________________________
                                                                                           7

          Aula 19
                    Propriedades das transformações lineares _________________________     17

          Aula 20
                    Núcleo e imagem de uma transformação linear ___________________        27

          Aula 21   Teorema de núcleo e imagem_____________________________________
                                                                                           37

          Aula 22   Representação matricial e uma transformação linear ______________      45

          Aula 23   A álgebra das transformações lineares _____________________________    55

          Aula 24   Transformações especiais de R 2 ___________________________________    65

          Aula 25   Transformações especiais de R 3 ___________________________________    75

          Aula 26   Operações lineares invesíveis ______________________________________   83

          Aula 27   Mudança de base ________________________________________________       91

          Aula 28   Exercícios de revisão ______________________________________________   99

          Aula 29   Autovetores e autovalores de matrizes _____________________________    109

          Aula 30   Autovetores e autovalores de matrizes – Casos especiais __________     117

          Aula 31   Polonômios característicos ________________________________________    125

          Aula 32   Cálculo de Autovalores e autovetores _____________________________     133

          Aula 33   Diagonalização de matrizes ______________________________________      143

          Aula 34
                    Cálculo de matrizes diagonalizáveis ______________________________     153

                    Matrizes ortogonais ______________________________________________
          Aula 35                                                                          161

          Aula 36   Propriedades das matrizes ortogonais ______________________________    171
Transforma¸oes lineares
                                      c˜
                                                                                  AULA 18


          Aula 18 – Transforma¸oes lineares
                              c˜

Objetivos
Definir os conceitos de transforma¸ao matricial e linear;
                                 c˜
Apresentar v´rios exemplos de transforma¸oes lineares.
            a                           c˜


Introdu¸˜o
       ca
      Um dos conceitos centrais na Matem´tica ´ o de fun¸ao. De modo geral
                                          a    e        c˜
usa-se os termos fun¸ao, aplica¸ao e transforma¸ao como sinˆnimos.
                    c˜         c˜              c˜           o
      Uma fun¸ao ´ uma associa¸ao entre dois conjuntos A e B, envolvendo
               c˜ e             c˜
todos os elementos de A, mas n˜o necessariamente todos os elementos de B,
                               a
e que associa cada elemento de A a somente um elemento de B. Esta maneira
                                 `
de ver uma fun¸ao somente como uma associa¸ao ´ uma vis˜o essencialmente
               c˜                           c˜ e         a
est´tica.
   a
     Uma outra meneira de ver o mesmo conceito, porem mais dinˆmica,
                                                                  a
´ que uma fun¸ao ´ uma transforma¸ao, que ¨leva¨ elementos do conjunto
e             c˜ e                 c˜
A em elementos do conjunto B, ou seja, ¨transforma¨ elementos de A em
elementos de B.
         ´
     Na Algebra Linear, usa-se mais o termo transforma¸ao do que fun¸ao,
                                                      c˜            c˜
especialmente no caso das transforma¸oes lineares, que definiremos nesta
                                     c˜
aula. Em resumo, uma transforma¸ao de um espa¸o vetorial V em um espa¸o
                                c˜            c                      c
vetorial W ´ simplesmente uma fun¸ao de V em W .
           e                      c˜
      Como observamos, s˜o de interesse especial as transforma¸oes linea-
                         a                                    c˜
res. Comecaremos definindo transforma¸oes matriciais e depois as lineares.
                                      c˜
Veremos que para transforma¸oes de Rn em Rm , os dois conceitos s˜o equi-
                           c˜                                    a
valentes.




                                                                             7   CEDERJ
Transforma¸oes lineares
                                                    c˜


             Transforma¸oes matriciais
                       c˜
                   Uma transforma¸ao matricial ´ uma fun¸ao dada por T (x) = Ax, onde
                                 c˜            e        c˜
             A ´ uma matriz. Mais precisamente, seja A uma matriz m × n. Ent˜o a
               e                                                                 a
             aplica¸ao T : Rn → Rm dada por x → Ax ´ uma transforma¸ao matricial.
                   c˜                                e                c˜
             Exemplo 1
             Seja
                                                    2 1 3
                                            A=
                                                    1 2 0
             ent˜o A induz a transforma¸ao matricial T : R3 → R2 , dada por x → Ax.
                a                      c˜
                                           
                                          1
                                           
                  Por exemplo, se x =  −1 , ent˜o
                                                  a
                                          2
                                                          
                                                         1
                                         2 1 3                     7
                                Ax =                .  −1  =            .
                                         1 2 0                      −1
                                                         2
                                        
                                      x1
                                        
                   Em geral, se x =  x2 , ent˜o
                                               a
                                      x3
                                                   
                                                 x1
                                    2 1 3                   2x1 + x2 + 3x3
                         Ax =                .  x2  =                        .
                                    1 2 0                        x1 + 2x2
                                                 x3

             Exemplo 2
             Se
                                                  1 −1 2
                                         A=
                                                  2 1 −1

                     2
             eb=         . Encontre um x ∈ R3 , tal que Ax = b.
                     2
                                   
                                 x1
                                   
             Solu¸ao: Seja x =  x2 , ent˜o Ax = b, leva a
                 c˜                       a
                                 x3
                                                           
                                                         x1
                                       2 −1 2                     2
                                                     .  x2  =
                                       2 1 −1                       2
                                                         x3

CEDERJ   8
Transforma¸oes lineares
                                       c˜
                                                                                            AULA 18


            2x1 − x2 + 2x3 = 2                       2x1 − x2 = 2 − 2x3
                                      =⇒
            2x1 + x2 − x3 = 2                        2x1 + x2 = 2 + x3

     Somando as duas equa¸oes, obtemos
                         c˜
                                                          x3
                     4x1 = 4 − x3 ⇒ x1 = 1 −                 .
                                                          4

     Subtraindo as mesmas equa¸oes, obtemos
                              c˜
                                                       3x3
                      2x2 = 0 + 3x3 ⇒ x2 =                 .
                                                        2
                                          x3
                                                 
                                     1−    4
                                                
     Portanto, todo vetor x =        3x3
                                       2         , x3 ∈ R, ´ levado a b pela trans-
                                                            e
                                      x3
forma¸ao matricial T = Ax.
     c˜

                   
Exemplo 3      1 1
                   
Seja A = x =  2 1 . Determine a imagem de T = Ax.
               1 −1
                                                                                 
                                                                                a
                                                          x1                   
Solu¸ao: Temos que T : R2 → R3 . Seja u =
    c˜                                                           e seja T u =  b .
                                                          x2
                                                                                c
Ent˜o
   a                                                   
                        1 1                             a
                                          x1         
                       2 1 .                       = b 
                                            x2
                        1 −1                            c
                                  
              x1 + x 2 = a
                                   x1 + x 2 = a
                                   
               2x + x2 = b      =⇒      −x2 = b − 2a
              1
                                  
                                   
                x1 − x 2 = c           −2x2 = c − a
                                    
        
           x1 = b − a                x1 = b − a
                                     
            x2 = 2a − b           =⇒    x = 2a − b       ,
        
                                     2
                                     
             0 = c − a − 2b + 4a         0 = 3a − 2b + c
o que mostra que Ax = b tem solu¸ao quando 3a − 2b + c = 0. Portanto, a
                                  c˜
aplica¸ao dada pela matriz A leva R2 no plano 3x − 2y + z = 0.
      c˜




                                                                                       9   CEDERJ
Transforma¸oes lineares
                                                    c˜




                                 T = Ax                             R3
                       R2




                       Figura 1: Aplica¸ao T leva R2 no plano 3x − 2y + z = 0.
                                       c˜



              Transforma¸oes lineares
                        c˜
                   Dada uma matrix m × n A, vetores n × 1 u e v, e um escalar c, segue-se
              das propriedades da multiplica¸ao de matrizes que
                                            c˜

                                A(u + v) = Au + Av       e A(cu) = cAu .

                    De maneira geral, quando uma fun¸ao possui as duas propriedades
                                                    c˜
              acima, dizemos que ela ´ linear. Definiremos agora as transforma¸oes
                                       e                                       c˜
              lineares.
              Defini¸˜o 1
                   ca
              Uma transforma¸ao T ´ linear se:
                            c˜    e

                1. T (u + v) = T u + tv, para todos u e v no dom´
                                                                ınio de T .

                2. T (cv) = cT (v), para todo v e para todo escalar c.

                   Em outras palavras, podemos dizer que uma transforma¸ao ´ linear
                                                                            c˜ e
              quando preserva a soma de vetores e o produto de vetores por escalares.
                    Preservar a soma de vetores quer dizer que se somarmos os vetores
              primeiro (u + v) e, em seguida, aplicarmos T , obtendo T (u + v), o resultado
              ´ o mesmo que aplicarmos T aos vetores e depois somarmos os resultados
              e
              (T u + T v), isto ´ T (u + v) = T u + T v.
                                e
                    Se A ´ uma matriz, u e v s˜o vetores no dom´
                          e                    a                ınio de T = Ax e c ´ um
                                                                                    e
              escalar, ent˜o, a propriedade A(u + v) = Au + Av mostra que T preserva a
                          a
              soma de matrizes e a propriedade A(cu) = cA(u) mostra que T preserva o
              produto por escalar. Portanto, toda transforma¸ao matricial ´ linear.
                                                            c˜            e
                   Por outro lado, nem toda transforma¸ao linear de espa¸os vetoriais ´
                                                      c˜                c             e
              matricial. Veremos um exemplo deste tipo abaixo. Porem, transforma¸oes
                                                                                  c˜

CEDERJ   10
Transforma¸oes lineares
                                           c˜
                                                                                           AULA 18


lineares de Rn em Rm s˜o sempre matriciais. Provaremos este fato na aula 23
                      a
onde tambem estudaremos em detalhes como obter a representa¸ao matricial
                                                              c˜
de uma transforma¸ao linear.
                   c˜
      Seja T : V → W uma transforma¸ao linear, onde V e W s˜o espa¸os
                                   c˜                      a      c
vetoriais, e seja v ∈ V . Ent˜o
                             a

                         T (0V ) = T (0.v) = 0.T (v) = 0W ,

onde 0V indica o vetor nulo do espa¸o vetorial v e 0W indica o vetor nulo do
                                    c
espa¸o vetoria W . Mostramos ent˜o que uma transforma¸ao linear T : V →
     c                            a                      c˜
W , leva o vetor nulo de V no vetor nulo de W .
      Outra propriedade muito utilizada ´ a seguinte:
                                        e

                T (cv + du) = T (cv) + T (du) = cT (v) + dT (u) .

A dedu¸ao acima utiliza as duas propriedades que definem linearidade. Ob-
       c˜
serve que esta propriedade, sozinha, implica em linearidade.
      Isto ´, se uma transforma¸ao T satisfaz
           e                   c˜

                           T (cv + du) = cT (u) + dT (v) ,

ent˜o ela ´ linear. Para ver isto, basta notar que fazendo c = d = 1 obtemos
   a      e
T (u+v) = T u+T v (preserva¸ao da soma de vetores) e fazendo c = 1 e d = 0,
                              c˜
obtemos T (cu) = cT (u) (preserva¸ao do produto de vetores por escalares).
                                    c˜
      Aplicando sucessivamente o mesmo racioc´ acima, podemos mostrar
                                             ınio
que
                T (c1 v1 + · · · + ck vk ) = c1 T (v1 ) + · · · + ck T (vk ) ,

onde c1 , · · · , ck s˜o escalares e v1 , · · · , vk s˜o vetores no dom´
                      a                               a                ınio de T .

Exemplo 4
A transforma¸ao T : V → W dada por T (x) = 0W ´ linear. Esta trans-
             c˜                                    e
forma¸ao, chamada transforma¸ao nula, leva todo vetor de V no vetor nulo
     c˜                     c˜
de W .

Exemplo 5
Seja V um espa¸o vetorial qualquer, a transforma¸ao T : V → V dada por
                 c                                 c˜
T (u) = u ´ linear. Esta transforma¸ao ´ chamada indentidade. Se V = R n ,
          e                        c˜ e
ent˜o a transforma¸ao linear dada pela matriz In , identidade de ordem n, ´
   a                c˜                                                    e
a transforma¸ao identidade de R .
             c˜                  n




                                                                                     11   CEDERJ
Transforma¸oes lineares
                                                    c˜


              Exemplo 6
              Seja r ∈ R. Mostre que a transforma¸ao T : Rn → Rn dada por T (x) = rx ´
                                                 c˜                                  e
              uma transforma¸ao linear.
                             c˜
              Solu¸ao: Sejam u, v ∈ Rn e c, d escalares. Ent˜o
                  c˜                                        a

               T (cu + dv) = r(cu + dv) = rcu + rdv = c(ru) + d(rv) = cT (u) + dT (v) .

              Portanto T ´ uma transforma¸ao linear.
                         e               c˜
                    Se r = 0 ent˜o temos a transforma¸ao nula. Se r = 1 temos a trans-
                                 a                    c˜
              forma¸ao identidade. Se 0 ≤ r < 1 ent˜o dizemos que T ´ uma contra¸ao.
                    c˜                              a                e            c˜
              Se r > 1 ent˜o dizemos que T ´ uma dilata¸ao. A figura abaixo mostra a
                            a                e           c˜
              dilata¸ao T (x) = 2x.
                    c˜
                                              Tx = 2x




                                    Figura 2: Dilata¸ao T (x) = 2x.
                                                    c˜



              Exemplo 7
              A transforma¸ao T : R2 → R2 dada por T (x) = x + (1, 0) n˜o ´ linear. Para
                            c˜                                             a e
              ver isto, basta notar que ela n˜o leva o vetor nulo no vetor nulo. Esta ´ uma
                                             a                                        e
              transla¸ao de vetores no R2 .
                      c˜
              Exemplo 8
                                                                          0 −1
              A transforma¸ao linear T : R2 → R2 dada pela matriz
                          c˜                                                     , isto ´
                                                                                        e
                                                                          1 0

                                          0 −1          x1          −x2
                                T (x) =             .         =           .
                                          1 0           x2           x1

              Como esta transforma¸ao ´ matricial, ent˜o ela ´ linear. Determinando a
                                   c˜ e                 a      e
              imagem de alguns vetores e representando em um gr´fico estes vetores e
                                                                   a
              suas imagens, podemos ver que esta transforma¸ao gira os vetores em torno
                                                            c˜
              da origem, no sentido anti-hor´rio, de um angulo de 900 . Isto ´ verdade.
                                            a             ˆ                  e
              Estudaremos com maiores detalhes transforma¸oes lineares especiais, como
                                                            c˜
              a rota¸ao de um angulo θ, nas aulas 25 e 26.
                    c˜        ˆ

CEDERJ   12
Transforma¸oes lineares
                                        c˜
                                                                                      AULA 18



                                                          T(u)
               v
                                                   T(v)
                   u




                   Figura 3: Rota¸ao de um angulo de 900 .
                                 c˜        ˆ



Exemplo 9
Seja Pn o espa¸o dos polinˆmios de grau menor ou igual a n. Definimos o
               c          o
operador deriva¸ao D : P → Pn−1 por
               c˜       n



           D(a0 + a1 t + · · · + an tn ) = a1 + 2a2 t + · · · + nan tn−1 .

Isto ´, D leva cada termo ak tk em kak tk−1 .
     e
       ´ a
       E f´cil ver que este operador ´ uma transforma¸ao linear. Note que ele
                                     e                c˜
´ a deriva¸ao de fun¸oes no sentido usual, restrito ao espe¸o dos polinˆmios.
e          c˜         c˜                                   c           o
Sabemos que para a deriva¸ao vale
                             c˜

                       D(cf1 + df2 ) = cD(f1 ) + dD(f2 ) ,

confirmando que D ´ uma transforma¸ao linear.
                 e               c˜
      Note que esta transforma¸ao ´ linear mas n˜o ´ matricial. N˜o h´
                                 c˜ e              a e               a a
uma matrix A tal que D = Ax. No entanto, veremos na aula 23 que toda
transforma¸ao linear entre espa¸os de dimens˜o finita tˆm uma representa¸ao
            c˜                 c            a         e                c˜
matricial. H´ uma matriz A tal que se p ´ um polinˆmio e se [p]B ´ a
               a                             e          o              e
representa¸ao deste polinˆmio em uma base B escolhida de Pn , ent˜o A[p]B
           c˜            o                                        a
´ a representa¸ao de Dp nesta base.
e               c˜

Exemplo 10
Um banco de investimentos possui 4 tipos de investimentos, que chamaremos
de investimentos A, B, C e D. Um cliente faz sua carteira distribuindo cada
seu dinheiro entre as 4 op¸oes do banco. Representamos a carteira de um
                           c˜
                                                         
                                                      xA
                                                     x 
                                                     B 
cliente por um vetor 4 × 1. Assim uma carteira x =        indica xA reais
                                                     xC 
                                                      xD
investidos na op¸ao A, xB reais investidos na op¸ao B etc.
                c˜                              c˜


                                                                                13   CEDERJ
Transforma¸oes lineares
                                                     c˜


                    Se o investimento A resultou em yA reais por real aplicado, B resultou
              em yB reais por real aplicado etc, ent˜o o resultado total de cada cliente ser´
                                                    a                                       a
              calculado pela transforma¸ao linear T : R4 → R, dada por
                                         c˜
                                
                            xA
                           xB   
                                
                T (x) =         .   yA yB yC yD         = xA y a + xB y B + xC y C + xD y D .
                           xC   
                            xD



              Resumo
                                                                          ´
                    Nesta aula estudamos um dos conceitos fundamentais em Algebra Li-
              near, que ´ o de Transforma¸ao Linear.
                        e                c˜
                   Vimos, inicialmente, as transforma¸oes matriciais. Em seguida, defini-
                                                     c˜
              mos transforma¸oes lineares.
                             c˜
                   Vimos diversos exemplos de transforma¸oes lineares, inclusive uma aplica¸ao
                                                        c˜                                 c˜
              a economia.
              `




CEDERJ   14
Transforma¸oes lineares
                                      c˜
                                                                                       AULA 18


Exerc´
     ıcios
  1. Seja T : R2 → R3 a transforma¸ao definida por T x = Ax, onde A =
                                   c˜
        1 2 2
                  . Encontre a imagem de
       −1 2 1
                                                   
                                 2               −1
                                                 
                          u =  −3        e u= 1 
                                 0                1

  2. Quantas linhas e colunas deve ter uma matriz A para definir uma
     aplica¸ao de R4 em R6 por T (x) = Ax.
           c˜

  3. Para os valores da matriz A e vetor b nos ´
                                               ıtens abaixo, encontre, se for
     poss´
         ıvel, um vetor x tal que T x = b.

     (a)
                                       1 0 1                  2
                           A=                    ,     b=
                                       2 −1 3                 3

     (b)                                                    
                                 11 −1                       2
                                                            
                           A =  2 5 ,               b =  −3 
                                  1 6                        2

  4. Encontre todos os valores de x ∈ R4    que s˜o levados no vetor nulo pela
                                                 a
     transforma¸ao x → Ax, onde
               c˜
                                                  
                                  1 1         1  1
                                                  
                          A =  1 −1         −1 2  .
                                  1 2         3 −1

  5. Nos ´
         ıtens abaixo, use um sistema de coordenadas para representar gra-
                                   2            3
     ficamente os vetores u =          , v =         , T u e T v. Fa¸a uma
                                                                   c
                                   1          −1
     descri¸ao geom´trica do efeito da aplica¸ao de T nos vetores de R 2 .
           c˜       e                        c˜

                    3 0                                       −1 0
     (a) T (x) =           .                 (c) T (x) =                .
                    0 3                                        0 −1

                    0, 5 0                                    0 0
     (b) T (x) =                   .         (d) T (x) =            .
                     0 0, 5                                   0 1



                                                                                 15   CEDERJ
Transforma¸oes lineares
                                                           c˜


                6. Seja T : R2 → R2 uma transforma¸ao linear. Se
                                                  c˜

                                          1            2               0        −1
                                 T(            )=            e T(          )=        ,
                                          0            1               1         3

                                      2                x1
                     determine T (            ) e T(        ).
                                      1                x2


              Respostas dos exerc´
                                 ıcios


                       −4        3
                1.           e        .
                       −8        4

                2. A deve ser uma matriz 6 × 4.
                                  
                               2−c
                                  
                3. (a) x =  c + 1 , para todo c ∈ R.
                                c
                     (b) N˜o h´ valor de x tal que T x = b.
                          a a
                                           3       3
                4. O espa¸o gerado por {(− 2 , −1, 2 , 1)} ´ levado no vetor nulo.
                         c                                 e

               5. (a) Dilata¸ao por um fator de 3.
                            c˜
                     (b) Contra¸ao por uma fator de 0, 5.
                               c˜
                      (c) Rota¸ao de 1800 .
                              c˜
                     (d) Proje¸ao sobre o eixo-y.
                              c˜




CEDERJ   16
Propriedades das Transforma¸oes Lineares
                                               c˜
                                                                                    AULA 19




  Aula 19 – Propriedades das Transforma¸oes
                                       c˜
                                  Lineares

Objetivos
Reconhecer e aplicar as propriedades das transforma¸oes lineares.
                                                   c˜
      Na aula 18 conhecemos um tipo muito especial de fun¸ao - as trans-
                                                              c˜
forma¸oes lineares, que s˜o fun¸oes definidas entre espa¸os vetoriais e com
      c˜                    a    c˜                      c
caracter´ısticas que as tornam muito uteis, em uma gama imensa de problemas
                                      ´
e situa¸oes da Matem´tica, F´
       c˜                a     ısica, Engenharia e Computa¸ao, entre outras
                                                           c˜
areas de estudo e trabalho.
´
     Nesta aula veremos v´rias propriedades das transforma¸oes lineares.
                          a                                 c˜
Em especial, veremos um fato muito importante, que ´ o seguinte: para de-
                                                   e
terminar uma transforma¸ao linear T : V → W , basta conhecer seus valores
                       c˜
em uma base qualquer de V .


Propriedades das transforma¸oes lineares
                           c˜
     Sejam V e W espa¸os vetoriais e T : V → W uma transforma¸ao linear.
                       c                                     c˜
Valem as seguintes propriedades:

  (i) T (0V ) = 0W
      Em palavras: uma transforma¸ao linear leva o vetor nulo do dom´
                                   c˜                                  ınio
      ao vetor nulo do contra-dom´
                                 ınio. Esta propriedade j´ foi demonstrada
                                                         a
      na aula 18.

 (ii) T (−v) = −T (v), ∀v ∈ V
      Em palavras: A imagem do vetor oposto ´ o oposto da imagem do
                                            e
      vetor.
     Como T [(−1)v] = (−1)T (v), decorre que T (−v) = −T (v).

(iii) Se U ´ um subespa¸o de V ent˜o T (U ) ´ um subespa¸o de W .
           e           c          a         e           c
     Devemos mostrar que 0W ∈ T (U ) e que T (U ) ´ fechado para soma de
                                                  e
     vetores e multiplica¸ao por escalar.
                         c˜


                                                                              17   CEDERJ
Propriedades das Transforma¸oes Lineares
                                                                    c˜


                   Como U um subespa¸o de V , ent˜o 0V ∈ U . Pela propriedade (i),
                                          c      a
                   T (0V ) = 0W ∈ T (U ).
                   Sejam x, y ∈ T (U ). Existem u, v ∈ U tais que T (u) = x e T (v) = y.
                   Como U ´ subespa¸o de V , ent˜o u + v ∈ U . De T (u + v) ∈ T (U )
                             e         c           a
                   resulta que

                                     T (u + v) = T (u) + T (v) = x + y ∈ T (U ) .

                   Finalmente, sejam x ∈ T (U ) e α ∈ R. Existe u ∈ U tal que T (u) = x.
                   Como αu ∈ U , ent˜o T (αu) ∈ T (U ), o que resulta em
                                    a

                                              T (αu) = αT (u) = αx ∈ T (U ) ,

                   e podemos concluir que T (U ) ´ subespa¸o de W .
                                                 e        c

              (iv) Dados v1 , v2 , ..., vn ∈ V ,

                      T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn ) = α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αn T (vn ) .

                   Em palavras: A imagem de uma combina¸ao linear de vetores de V
                                                           c˜
                   ´ uma combina¸ao linear das imagens desses vetores, com os mesmos
                   e            c˜
                   coeficientes.
                   Esta propriedade j´ foi apresentada na Aula 18. Vamos dar aqui uma
                                     a
                   demonstra¸ao usando indu¸ao sobre n.
                             c˜               c˜
                   O caso n = 1 segue diretamente da defini¸ao de transforma¸ao linear,
                                                             c˜               c˜
                   pois T (α1 v1 ) = α1 T (v1 ). Vamos supor que a propriedade vale para
                   n = k, isto ´,
                               e

                      T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αk vk ) = α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αk T (vk ) .

                   Vamos provar que vale para n = k + 1 :

                             T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αk vk + αk+1 vk+1 )
                             = T [(α1 v1 + α2 v2 + ... + αk vk ) + (αk+1 vk+1 )]
                             T linear
                                =        T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αk vk ) + T (αk+1 vk+1 )
                             hip. ind.
                                =        α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αk T (vk ) + T (αk+1 vk+1 )
                             T linear
                                =        α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αk T (vk ) + αk+1 T (vk+1 ) ,

                   isto ´, vale a propriedade para n = k +1, o que conclui a demonstra¸ao.
                        e                                                             c˜


CEDERJ   18
Propriedades das Transforma¸oes Lineares
                                                  c˜
                                                                                                       AULA 19


 (v) Se {v1 , v2 , ..., vn } ´ um conjunto gerador de V ent˜o {T (v1 ), T (v2 ), ..., T (vn )}
                             e                             a
     ´ um conjunto gerador da imagem de T .
     e
     Demonstra¸ao. Seja {v1 , v2 , ..., vn } um conjunto gerador de V . Seja w
               c˜
     um vetor na imagem de T , isto ´, existe v em V tal que w = T (v). Ent˜o
                                        e                                      a
     existem escalares α1 , α2 , ..., αn tais que v = α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn .
     Podemos escrever:
      w = T (v) =
                                               (iv)
         = T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn ) =
         = α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αn T (vn ).
     Logo, os vetores T (v1 ), T (v2 ), ..., T (vn ) geram a imagem de T .

(vi) Se T (v1 ), T (v2 ), ..., T (vn ) ∈ W s˜o LI ent˜o os vetores v1 , v2 , ..., vn ∈ V
                                            a        a
     s˜o LI.
      a
     Demonstra¸ao. Seja a combina¸ao linear
              c˜                 c˜

                         α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn = oV .       (1)

     Vamos aplicar a transforma¸ao T a ambos os lados dessa igualdade:
                               c˜

                       T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn ) = T (0V ) ⇒

                      α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αn T (vn ) = 0W .
     Como os vetores T (v1 ), T (v2 ), ..., T (vn ) s˜o LI, conclu´
                                                     a            ımos que α1 =
     α2 = ... = αn = 0. Ou seja, todos os coeficientes da combina¸ao linear
                                                                         c˜
     (1) s˜o iguais a zero, o que implica que os vetores v1 , v2 , ..., vn s˜o LI.
          a                                                                 a


Exemplo 11
Sejam V um espa¸o vetorial e u ∈ V . A aplica¸ao
               c                             c˜

                                Tu : V      →  V
                                     v      → v+u

e                 c˜                   ´ a
´ chamada transla¸ao definida por u. E f´cil verificar que, quando u = 0V ,
essa aplica¸ao n˜o ´ linear, pois Tu (0V ) = 0V + u = u = 0V , violando a
           c˜ a e
propriedade (i), acima. Por outro lado, quando u = 0V , essa aplica¸ao ´ o
                                                                   c˜ e
operador identidade de V , que ´ linear.
                               e
Exemplo 12
A rec´
     ıproca da propriedade (vi) n˜o ´ verdadeira, isto ´, ´ poss´ termos um
                                 a e                   e e      ıvel
conjunto de vetores de V que sejam LI, mas com suas imagens formando um


                                                                                                 19   CEDERJ
Propriedades das Transforma¸oes Lineares
                                                                c˜


              conjunto LD em W . Considere, por exemplo, o operador proje¸ao ortogonal
                                                                                c˜
              sobre o eixo x, definido em R , isto ´, a transforma¸ao linear tal que T (x, y) =
                                             2
                                                    e              c˜
              (x, 0), para todo vetor (x, y) do plano. Os vetores v1 = (3, 1) e v2 = (3, 4) s˜o
                                                                                             a
              LI, mas suas imagens coincidem: T (v1 ) = T (v2 ) = (3, 0). Logo, o conjunto
              {T (v1 ), T (v2 )} ⊂ R2 ´ LD. Essa situa¸ao ´ ilustrada na figura 1.
                                      e               c˜ e



                                     (3,4)         T(x,y)=(x,0)


                                     (3,1)


                                                                                   (3,0)
                                      (3,1)



                             Figura 1: v1 e v2 s˜o LI; T (v1 ) e T (v2 ) s˜o LD.
                                                a                         a



                   Uma caracter´ ıstica importante das transforma¸os lineares ´ que elas
                                                                 c˜           e
              ficam completamente determinadas se as conhecemos nos vetores de uma
              base do dom´ ınio. Isto ´, dada uma transforma¸ao linear T : V → W , se
                                      e                      c˜
              conhecemos as imagens por T dos vetores de uma base de V , podemos obter
              a express˜o de T (v), para um vetor v gen´rico de V . O exemplo a seguir
                       a                                e
              mostra esse procedimento:
              Exemplo 13
              Seja T : R3 → R3 , linear, tal que
                   T (1, 0, 0) = (1, 1, 1);
                   T (0, 1, 0) = (2, −1, 1);
                  T (0, 0, 1) = (1, 0, 2).
              Vamos determinar T (x, y, z), onde (x, y, z) ´ um vetor gen´rico de R 3 .
                                                           e             e

                     Os vetores v1 = (1, 0, 0), v2 = (0, 1, 0) e v3 = (0, 0, 1) formam a base
              canˆnica de R3 . Assim, um vetor v = (x, y, z), gen´rico, de R3 , se escreve
                  o                                                   e
              (x, y, z) = xv1 + yv2 + zv3 . Aplicando a propriedade (iv), temos:
               T (v) = T (x, y, z) =
                       = T (xv1 + yv2 + zv3 ) =
                       = xT (v1 ) + yT (v2 ) + zT (v3 ) =
                       = x(1, 1, 1) + y(2, −1, 1) + z(1, 0, 2) =
                       = (x + 2y + z, x − y, x + y + 2z).
              Logo, T ´ dada por T (x, y, z) = (x + 2y + z, x − y, x + y + 2z).
                        e

CEDERJ   20
Propriedades das Transforma¸oes Lineares
                                                c˜
                                                                                      AULA 19


      Vamos ver como fazer no caso em que a base na qual a transforma¸ao
                                                                     c˜
linear ´ conhecida n˜o seja a canˆnica:
       e            a            o


Exemplo 14
Uma transforma¸ao linear T : R2 → R3 ´ tal que
              c˜                     e
     T (1, −1) = (1, 1, 2);
    T (2, 0) = (2, −1, 1).
Vamos determinar T (x, y), para (x, y) ∈ R2 .

      Primeiramente, verificamos que os vetores v1 = (1, −1) e v2 = (2, 0)
formam uma base de R2 . Neste caso, como s˜o dois vetores num espa¸o
                                              a                          c
bi-dimensional, uma forma r´pida de verificar que s˜o LI ´ calcular o deter-
                            a                     a     e
minante formado pelas suas coordenadas e constatar que ´ diferente de zero.
                                                       e
Deixamos isso com vocˆ, como exerc´ (!).
                      e            ıcio

     A seguir, escrevemos um vetor gen´rico do espa¸o como uma com-
                                       e           c
bina¸ao linear dos vetores dessa base:
    c˜

                                                                 a + 2b = x
       v = (x, y) = av1 + bv2 = a(1, −1) + b(2, 0) ⇒                        .
                                                                 −a = y

                                                         x+y
     Resolvendo o sistema, obtemos a = −y e b =           2
                                                             .   Portanto,

                                               x+y
                       (x, y) = −y(1, −1) +        (2, 0)
                                                2

     Usando a linearidade de T , obtemos

                   T (v) = T (x, y) =
                         = T (−yv1 + x+y v2 ) =
                                        2
                                       x+y
                         = −yT (v1 ) + 2 T (v2 ) =      .
                                          x+y
                         = −y(1, 1, 2) + 2 (2, −1, 1) =
                         = x, −x−3y , x−3y .
                                  2     2


     Logo, T ´ dada por T (x, y) = x, −x−3y , x−3y .
             e                          2      2



Exemplo 15
Em rela¸ao a transforma¸ao linear do exemplo 4, encontre v ∈ R2 tal que
        c˜ `           c˜
T (v) = (3, 1, 4).
     Queremos (x, y) ∈ R2 tal que T (x, y) = (3, 1, 4).


                                                                                21   CEDERJ
Propriedades das Transforma¸oes Lineares
                                                                               c˜




                                                                                   
                                                                         x=3
                                                                                    x=3
                                                                                    
                                      −x − 3y x − 3y                     −x−3y
                                 x,          ,           = (3, 1, 4) ⇒         =1 ⇒   −x − 3y = 2 .
                                         2      2                       x−3y
                                                                       
                                                                           2        
                                                                                    
                                                                          2
                                                                              =4      x − 3y = 8

                                                                          x=3
                                      Resolvendo o sistema, obtemos            5
                                                                                 .
                                                                          y = −3
                              Logo, o vetor procurado ´ (3, −5/3).
                                                      e


                              Exemplo 16
                              Dado um espa¸o vetorial V , um funcional linear definido em V ´ uma trans-
                                              c                                                   e
Note que o conjunto dos       forma¸ao linear f : V → R. Considere o funcional linear f definido em R 2
                                    c˜
n´meros reais ´, ele mesmo,
 u            e
um espa¸o vetorial real.
       c
                              tal que f (1, 1) = 2 e f (2, 1) = 3. Vamos determinar f (x, y), para (x, y) ∈ R 2 .
                                   Novamente, come¸amos conferindo que os vetores (1, 1) e (2, 1) for-
                                                     c
                              mam uma base de R2 . Escrevemos, ent˜o, um vetor gen´rico (x, y), como
                                                                     a                  e
                              combina¸ao linear dos vetores dados: (x, y) = a(1, 1) + b(2, 1). Resolvendo,
                                      c˜
                              obtemos
                                                 a + 2b = x           a = −x + 2y
                                                                ⇒                        ,
                                                  a+b = y              b = x−y
                              isto ´, (x, y) = (−x + 2y)(1, 1) + (x − y)(2, 1).
                                   e
                                      Ent˜o
                                         a

                              T (x, y) = T ((−x+2y)(1, 1)+(x−y)(2, 1)) = (−x+2y)T (1, 1)+(x−y)T (2, 1)

                                                    = (−x + 2y).2 + (x − y).3 = x + y .

                                      Logo, T ´ dada por T (x, y) = x + y.
                                              e


                              Exemplo 17
                              Em rela¸ao ao funcional linear definido no exemplo acima, vamos procurar
                                      c˜
                              os vetores v de R2 tais que f (v) = 0. Isto ´, queremos (x, y) tal que f (x, y) =
                                                                          e
                              x + y = 0. Isso nos leva aos vetores do plano da forma (x, −x). Logo, h´        a
                              infinitos vetores de R que s˜o levados ao zero, pelo funcional f - a saber,
                                                     2
                                                             a
                              todo vetor do conjunto {(x, −x)|x ∈ R}.




  CEDERJ       22
Propriedades das Transforma¸oes Lineares
                                                    c˜
                                                                                         AULA 19


     Para finalizar, um exemplo no espa¸o dos polinˆmios:
                                      c           o
Exemplo 18
Seja T a transforma¸ao linear em P3 (R) dada por
                   c˜
     T (1) = 1 − t;
     T (1 + t) = t3 ;
     T (t + t2 ) = 3 − t2 ;
     T (t2 + t3 ) = 1 + t2 .
     Vamos determinar T (x + yt + zt2 + wt3 ), onde x + yt + zt2 + wt3 ´ um
                                                                       e
                                                                 3
polinˆmio qualquer de P3 (R) e, a seguir, calcular T (2 − 3t + 4t ).
     o
     Como nos exemplos anteriores, constatamos que {1, 1 + t, t + t2 , t2 + t3 }
´ uma base de P3 (R).
e
     A seguir, escrevemos o vetor gen´rico de P3 (R) nessa base:
                                     e
 x + yt + zt2 + wt3 = a.1 + b(1 + t) + c(t + t2 ) + d(t2 + t3 ) =
                    = (a + b) + (b + c)t + (c + d)t2 + dt3 .
     Obtemos, assim, o seguinte sistema:
                             
                              a+b=x
                             
                             
                              b+c=y
                                             ,
                              c+d=z
                             
                             
                             
                                d=w
que, resolvido, fornece a solu¸ao:
                              c˜
                           
                            a=x−y+z−w
                           
                           
                            b=y−z+w
                                       .
                            c=z−w
                           
                           
                           
                              d=w
     Escrevemos ent˜o:
                   a
x+yt+zt2 +wt3 = (x−y+z−w).1+(y−z+w)(1+t)+(z−w)(t+t2 )+w(t2 +t3 ) .
Aplicamos a transforma¸ao T em ambos os lados dessa igualdade:
                      c˜
      T (x + yt + zt2 + wt3 )
  = T ((x − y + z − w).1 + (y − z + w)(1 + t) + (z − w)(t + t2 )
      + w(t2 + t3 ))
  = (x − y + z − w).T (1) + (y − z + w).T (1 + t) + (z − w).T (t + t2 )
      + w.T (t2 + t3 )
  = (x − y + z − w).(1 − t) + (y − z + w).t3 + (z − w).(3 − t2 ) + w.(1 + t2 )
  = (x − y + 4z − 3w) + (−x + y − z + w)t + (−z + 2w)t2 + (y − z + w)t3 .


                                                                                   23   CEDERJ
Propriedades das Transforma¸oes Lineares
                                                             c˜


                   Logo, a transforma¸ao procurada ´ dada por:
                                     c˜            e

              T (x+yt+zt2 +wt3 ) = (x−y+4z−3w)+(−x+y−z+w)t+(−z+2w)t2 +(y−z+w)t3 .

                   Vamos, agora, calcular T (2 − 3t + 4t3 ). Temos x = 2; y = −3; z = 0 e
              w = 4. Ent˜o
                        a
                                T (2 − 3t + 4t3 ) = −7 − t + 8t2 + t3 .



              Resumo
                    Nesta aula estudamos as propriedades das transforma¸oes lineares. O
                                                                          c˜
              fato mais relevante ´ que podemos determinar uma transforma¸ao linear a
                                    e                                          c˜
              partir da sua aplica¸ao nos vetores de uma base, apenas. Assim, o n´mero de
                                  c˜                                              u
              informa¸oes necess´rias a respeito de uma transforma¸ao linear, para que a
                      c˜          a                                 c˜
              conhe¸amos completamente, ´ igual a dimens˜o do espa¸o vetorial no qual ela
                    c                       e      `       a         c
              ´ definida. Isso ´ uma especificidade das transforma¸oes lineares: nenhuma
              e                e                                   c˜
                        c˜                          c˜ a             ´
              outra fun¸ao permite uma manipula¸ao t˜o simples. E por essa qualidade,
              em particular, que as transforma¸oes lineares s˜o, por excelˆncia, as fun¸oes
                                                c˜           a            e            c˜
              usadas na Computa¸ao em geral.
                                   c˜




CEDERJ   24
Propriedades das Transforma¸oes Lineares
                                               c˜
                                                                                              AULA 19


Exerc´
     ıcios
  1. Seja T : R2 → R a transforma¸ao linear para a qual T (1, 1) = 3 e
                                       c˜
     T (0, 1) = −2. Encontre T (x, y), para (x, y) ∈ R2 .

  2. Um operador linear T , definido em P2 (R), ´ tal que T (1) = t2 , T (x) =
                                               e
                 2             2
     1 − t e T (t ) = 1 + t + t .

      (a) Determine T (a + bt + ct2 ), onde a + bt + ct2 ´ um vetor gen´rico
                                                         e             e
          de P2 (R).
      (b) Determine p ∈ P2 (R) tal que T (p) = 3 − t + t2 .

  3. Encontre T (x, y) onde T : R2 → R3 ´ definida por T (1, 2) = (3, −1, 5)
                                        e
     e T (0, 1) = (2, 1, −1).

  4. Determine T (x, y, z) onde T : R3 → R ´ dada por T (1, 1, 1) = 3, T (0, 1, −2) =
                                           e
     1 e T (0, 0, 1) = −2.


Auto-avalia¸˜o
           ca
      Vocˆ dever´ assimilar o significado de cada propriedade vista. A pri-
          e      a
meira delas ´ extremamente util para rapidamente identificar algumas trans-
             e               ´
forma¸oes que n˜o s˜o lineares, por n˜o levarem o vetor nulo do dom´
       c˜        a a                  a                              ınio ao
vetor nulo do contra-dom´ ınio. A transla¸ao ´ o exemplo mais importante
                                          c˜ e
disso. Al´m disso, vocˆ deve se familiarizar com a t´cnica de encontrar uma
          e           e                             e
transforma¸ao linear a partir de seus valores nos vetores de uma base do
            c˜
dom´ ınio. Veja que os exerc´
                            ıcios s˜o repetitivos: mudam o espa¸o e a base
                                   a                             c
considerada, mas a estrutura se repete. Caso vocˆ tenha alguma d´vida,
                                                    e                 u
entre em contato com o tutor da disciplina. E... vamos em frente!!


Respostas dos exerc´
                   ıcios
  1. T (x, y) = 5x − 2y

  2. (a) T (a + bt + ct2 ) = (b + c) + (−b + c)t + (a + c)t2
      (b) p = 2t + t2

  3. T (x, y) = (−x + 2y, −3x + y, 7x − y)

  4. T (x, y, z) = 8x − 3y − 2z



                                                                                        25   CEDERJ
N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear
                   u                               ca
                                                                                                AULA 20


        Aula 20 – N´ cleo e Imagem de uma
                   u
                       Transforma¸˜o Linear
                                 ca

Objetivos
Determinar o n´cleo e a imagem de uma transforma¸ao linear.
               u                                 c˜
Identificar o n´cleo de uma transforma¸ao linear como um subespa¸o do
               u                     c˜                        c
dom´ınio.
Identificar a imagem de uma transforma¸ao linear como um subespa¸o do
                                      c˜                       c
contra-dom´ınio.


     Na aula 19 mencionamos a imagem de uma transforma¸ao linear. Nesta
                                                        c˜
aula definiremos o n´cleo de uma transforma¸ao linear e mostraremos que,
                    u                      c˜
tanto o n´cleo, como a imagem, possuem estrutura de espa¸o vetorial.
         u                                              c


N´ cleo de uma transforma¸˜o linear
 u                       ca
    Sejam V e W espa¸os vetoriais e T : V → W uma transforma¸ao linear.
                    c                                           c˜
Chamamos de n´cleo de T , representado por N (T ), o seguinte conjunto:
              u

                        N (T ) = {v ∈ V | T (v) = 0W } .
                                                                                Alguns textos usam a
                                                                                nota¸ao ker(T ), pois n´cleo,
                                                                                    c˜                 u
 Em palavras: o n´cleo de uma transforma¸ao linear ´ o subconjunto do
                 u                       c˜        e                            em inglˆs, ´ kernel.
                                                                                       e e

dom´
   ınio formado pelos vetores que s˜o levados ao vetor nulo do contra-
                                   a
dom´
   ınio.

                                                      Im
                       io                               ag
                   min                                     em
                 Do                                   0

                      cleo
                  Nu




                                  Figura 1:


Exemplo 19
   • Seja T : V → W a transforma¸ao linear nula, isto ´, a transforma¸ao tal
                                   c˜                   e             c˜
                               ´ f´cil ver que seu n´cleo ´ todo o espa¸o V .
     que T (v) = 0W , ∀v ∈ V . E a                  u     e            c


                                                                                      27      CEDERJ
N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear
                                  u                               ca


                 • O n´cleo da transforma¸ao identidade, definida no espa¸o vetorial V ,
                       u                  c˜                            c
                   ´ o conjunto formado apenas pelo vetor nulo de V .
                   e

                 • A proje¸ao ortogonal sobre o eixo dos x, em R2 , ´ uma transforma¸ao
                           c˜                                       e               c˜
                   linear cujo n´cleo ´ o eixo dos y.
                                u     e


              Exemplo 20
              O n´cleo da transforma¸ao linear T : R2 → R3 dada por
                 u                  c˜

                                      T (x, y) = (x + y, x − y, x − 2y)

              ´ o conjunto {(x, y) ∈ R2 | T (x, y) = (0, 0, 0)}, isto ´
              e                                                       e
                                                                  
                                                                   x+y =0
                                                                  
                          (x + y, x − y, x − 2y) = (0, 0, 0) ⇒       x−y =0 .
                                                                  
                                                                  
                                                                     x − 2y = 0

              Esse sistema tem solu¸ao x = 0 e y = 0. Logo, N (T ) = {(0, 0)}.
                                   c˜


              Exemplo 21
              Seja T : R4 → R3 a transforma¸ao linear dada por
                                           c˜

                              T (x, y, z, t) = (2x, x + 2y − z, x − y + z + t) .

                    Ent˜o, N (T ) = {(x, y, z, t) ∈ R4 | T (x, y, z, t) = (0, 0, 0)}. Isto ´, um
                        a                                                                  e
              vetor (x, y, z, t) de R pertence ao n´cleo de T se, e somente se,
                                     4
                                                    u
                                                                   
                                                                    2x = 0
                                                                   
                  (2x, x + 2y − z, x − y + z + t) = (0, 0, 0) ⇒        x + 2y − z = 0       .
                                                                   
                                                                   
                                                                       x−y+z+t=0

              Esse sistema tem conjunto-solu¸ao {(0, k, 2k, −k); k ∈ R}, que ´ o n´cleo de T .
                                            c˜                               e u




CEDERJ   28
N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear
                   u                               ca
                                                                                           AULA 20


Imagem de uma transforma¸˜o linear
                        ca
    Sejam V e W espa¸os vetoriais e T : V → W uma transforma¸ao linear.
                      c                                        c˜
A imagem de T , representado por Im(T ), ´ o conjunto de todos os vetores
                                          e
de W da forma T (v), para algum v ∈ V , isto ´
                                             e

             Im(T ) = {w ∈ W | w = T (v), para algum v ∈ V }.
Exemplo 22
   • Se T : V → W ´ a transforma¸ao linear nula, isto ´, tal que T (v) =
                       e            c˜                 e
     0W , ∀v ∈ V , sua imagem ´ o conjunto formado apenas pelo vetor nulo
                              e
     de W .

   • A imagem da transforma¸ao identidade, definida no espa¸o vetorial V ,
                           c˜                             c
     ´ o espa¸o V .
     e       c

   • A proje¸ao ortogonal sobre o eixo dos x, em R2 ´ uma transforma¸ao
             c˜                                     e               c˜
     linear cuja imagem ´ o eixo dos x.
                        e
Exemplo 23
Vamos determinar a imagem da transforma¸ao linear T : R2 → R3 dada por
                                       c˜

                      T (x, y) = (x + y, x − y, x − 2y) .

Queremos encontrar os vetores w = (a, b, c) ∈ R3 para os quais existe v =
(x, y) ∈ R2 tal que T (v) = w, isto ´, queremos que a equa¸ao
                                    e                     c˜

                 T (x, y) = (x + y, x − y, x − 2y) = (a, b, c)

tenha solu¸ao. Isso equivale a analisar as condi¸oes para que o sistema
          c˜                                    c˜
                               
                                x+y =a
                               
                                  x−y =b
                               
                               
                                  x − 2y = c

admita solu¸ao. Escalonando, obtemos o seguinte sistema equivalente:
           c˜
                        
                         x+y =a
                        
                                                                            Note que a representa¸ao
                                                                                                  c˜
                          y = (a − b)/2         ,
                        
                                                                           geom´trica de Im(T ) ´ um
                                                                                   e              e
                          0 = (a − 3b + 2c)/2                               plano passando pela origem.
                                                                            Vocˆ se lembra? Os
                                                                                 e
que admite solu¸ao se, e somente se, a − 3b + 2c = 0.
               c˜                                                           subespa¸os de R3 s˜o as
                                                                                     c         a
                                                                            retas e os planos passando
     Logo,                                                                  pela origem, al´m do
                                                                                           e
                                                                            subespa¸o nulo e do pr´prio
                                                                                     c             o
                 Im(T ) = {(a, b, c) ∈ R3 |a − 3b + 2c = 0} .               R3 .




                                                                                 29      CEDERJ
N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear
                                  u                               ca


              Exemplo 24
              Seja T : R4 → R3 a transforma¸ao linear dada por
                                           c˜

                              T (x, y, z, t) = (2x, x + 2y − z, x − y + z + t) .

              Queremos determinar as condi¸oes para que um vetor (a, b, c), de R 3 seja a
                                            c˜
              imagem, por T , de algum vetor de R4 . Como no exemplo anterior, queremos
              que o sistema             
                                         2x = a
                                        
                                           x + 2y − z = b
                                        
                                        
                                           x−y+z+t=c
              admita solu¸ao. Escalonando, chegamos ao sistema equivalente
                         c˜
                                  
                                   x−y+z+t=c
                                  
                                     y+t=b+c−a                   ,
                                  
                                  
                                     −z − 2t = (3a − 2b − 4c)/2

              que ´ compat´ para quaisquer valores de a, b e c. Logo, todo vetor (a, b, c) ∈
                  e       ıvel
              R pertence a imagem de T , ou seja, Im(T ) = R3 .
               3
                          `

                    Vocˆ j´ deve ter se dado conta de que as transforma¸oes lineares pos-
                       e a                                             c˜
              suem propriedades realmente especiais, que n˜o encontramos nas demais
                                                             a
              fun¸oes. O n´cleo e a imagem de uma transforma¸ao linear n˜o s˜o apenas
                 c˜        u                                    c˜        a a
              conjuntos: ambos apresentam estrutura de espa¸o vetorial, como mostrare-
                                                              c
              mos nos resultados a seguir.


              Teorema 1
              Sejam V e W espa¸os vetoriais e T : V → W uma transforma¸ao linear. O
                                c                                     c˜
              n´cleo de T ´ subespa¸o vetorial de V .
               u          e        c

              Demonstra¸ao.
                       c˜
                   Primeiramente, vemos que 0V ∈ N (T ), uma vez que T (0V ) = 0W .
              Portanto N (T ) = ∅.
                    Sejam v1 , v2 vetores no n´cleo de T . Isto ´, T (v1 ) = T (v2 ) = 0W , ent˜o
                                               u                e                              a
              T (v1 + v2 ) = T (v1 ) + T (v2 ) = 0W + 0W = 0W . Logo, (v1 + v2 ) ∈ N (T ).
              Portanto, o n´cleo ´ fechado para a soma.
                            u      e
                   Sejam α ∈ R e v ∈ N (T ). Isto ´, T (v) = 0W , ent˜o T (αv) = αT (v) =
                                                  e                  a
              α0W = 0W . Logo, (αv) ∈ N (T ), o que mostra que o n´cleo ´ fechado para o
                                                                    u     e
              produto por escalar.



CEDERJ   30
N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear
                    u                               ca
                                                                                          AULA 20


Teorema 2
Sejam V e W espa¸os vetoriais e T : V → W uma transforma¸ao linear. A
                 c                                      c˜
imagem de T ´ subespa¸o vetorial de W .
            e        c

Demonstra¸ao.
         c˜
     A imagem de T n˜o ´ vazia, pois 0W ´ a imagem de 0V .
                    a e                 e
      Sejam w1 , w2 vetores na imagem de T . Isso significa que existem vetores
v1 e v2 em V , tais que T (v1 ) = w1 e T (v2 ) = w2 . Ent˜o o vetor (w1 + w2 )
                                                         a
pertence a imagem de T , pois ´ a imagem do vetor (v1 + v2 ). De fato, temos:
          `                       e
T (v1 + v2 ) = T (v1 ) + t(v2 ) = w1 + w2 .
      Finalmente, sejam α ∈ R e w ∈ Im(T ). Isto ´, existe v ∈ V tal que
                                                 e
T (v) = w. Ent˜o, como T (αv) = αT (v) = αw, temos que (αw) ∈ Im(T ).
              a


     Uma vez provado que o n´cleo e a imagem s˜o subespa¸os vetoriais, o
                              u                a         c
pr´ximo passo ´ determinar a dimens˜o e obter uma base para cada um. E
  o           e                     a                                  ´
o que faremos nos exemplos seguintes.
Exemplo 25
Dada a transforma¸ao linear T : R3 → R3 dada por
                 c˜

                      T (x, y, z) = (x + y, x − z, y + z) ,

determine uma base e a dimens˜o de seu n´cleo e de sua imagem.
                             a          u
       Vamos determinar o n´cleo de T .
                           u                   Queremos encontrar os vetores
(x, y, z) de R3 tais que
                                                         
                                                          x+y =0
                                                         
       T (x, y, z) = (x + y, x − z, y + z) = (0, 0, 0) ⇒   x−z =0 ,
                                                         
                                                         
                                                           y+z =0

cujo conjunto-solu¸ao ´ {(k, −k, k); k ∈ R} = {k(1, −1, 1); k ∈ R}.
                  c˜ e
     Logo, o n´cleo de T ´ gerado pelo vetor (1, −1, 1). Ent˜o temos que
                u         e                                 a
dim N (T ) = 1 e uma base de N (T ) ´ {(1, −1, 1)}.
                                    e
     Vamos, agora, determinar a imagem de T . Queremos estabelecer as
condi¸oes que um vetor (a, b, c) de R3 deve satisfazer para que exista um
     c˜
vetor (x, y, z), em R3 , tal que T (x, y, z) = (x + y, x − z, y + z) = (a, b, c).
Essa igualdade leva a um sistema linear que, escalonado, fornece
                              
                               x+y =a
                              
                                 y+z =a−b .
                              
                              
                                 0=a−b−c


                                                                                    31   CEDERJ
N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear
                                                       u                               ca


                                 Para que existam solu¸oes, devemos ter a − b − c = 0, que ´ a equa¸ao que
                                                        c˜                                        e      c˜
                                 caracteriza os vetores da imagem de T . Como a = b + c, um vetor da imagem
                                 pode ser escrito (b + c, b, c) = b(1, 1, 0) + c(1, 0, 1). Logo, a imagem possui
                                 dimens˜o 2 e uma base para ela ´ {(1, 1, 0), (1, 0, 1)}.
                                        a                           e

                                      Os dois pr´ximos exemplos “invertem”o processo: vamos determinar
                                                o
                                 uma transforma¸ao linear (ela n˜o ser´ unica) a partir do seu n´cleo ou de
                                                c˜              a     a´                        u
                                 sua imagem.

                                 Exemplo 26
                                 Encontrar uma transforma¸ao linear T : R3 → R3 , cuja imagem ´ gerada
                                                                c˜                            e
                                 pelos vetores (1, 2, 3) e (1, 1, 1).
                                      Vimos, na aula passada, que uma transforma¸ao linear fica completa-
                                                                                  c˜
                                 mente determinada se a conhecemos nos vetores de uma base de seu dom´
                                                                                                     ınio.
                                 Consideremos, por simplicidade, a base canˆnica de R3 e vamos determinar
                                                                            o
                                 as imagens dos vetores dessa base, por T :
                                       T (1, 0, 0) = (1, 2, 3)
 Note que a escolha de T               T (0, 1, 0) = (1, 1, 1)
  neste exemplo n˜o ´ de
                     a e
     forma alguma unica.
                      ´                T (0, 0, 1) = (0, 0, 0)
Poder´ıamos, por exemplo,
               ter escolhido            Note que o terceiro vetor deve ser levado a um que forme, com os dois
      T (1, 0, 0) = (1, 1, 1),   vetores dados no enunciado, um conjunto LD, uma vez que a dimens˜o da         a
    T (0, 1, 0) = (1, 1, 1) e
      T (0, 0, 1) = (1, 2, 3).   imagem ´ 2. Ent˜o, como (x, y, z) = x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1), temos
                                           e       a
                                 T (x, y, z) = xT (1, 0, 0) + yT (0, 1, 0) + zT (0, 0, 1) = x(1, 2, 3) + y(1, 1, 1) +
                                 z(0, 0, 0) = (x + y, 2x + y, 3x + y), que ´ a lei que define a transforma¸ao T .
                                                                             e                                c˜

                                 Exemplo 27
                                 Encontrar uma transforma¸ao linear T : R3 → R3 , cujo n´cleo ´ gerado pelos
                                                                c˜                      u     e
                                 vetores (1, 2, 3) e (1, 1, 1).
                                        Aqui, tamb´m, vamos definir uma transforma¸ao linear numa base de
                                                   e                                    c˜
                                 R3 , mas esta base deve conter os vetores dados. Isto ´, vamos completar o
                                                                                           e
                                 conjunto {(1, 2, 3), (1, 1, 1)} para que se torne uma base de R3 . Para isso, de-
                                 vemos escolher um vetor (x, y, z) tal que o conjunto {(1, 2, 3), (1, 1, 1), (x, y, z)}
                                 seja LI. Em outras palavras, basta que seja um vetor tal que o determinante
                                 formado pelas coordenadas dos 3 vetores do conjunto seja diferente de zero.
                                 Isto ´:
                                      e
                                                            1 2 3
                                                            1 1 1 = 0 ⇒ z = −x + 2y .
                                                            x y z

CEDERJ          32
N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear
                        u                               ca
                                                                                        AULA 20


     Podemos considerar, por exemplo, o vetor (1, 0, 0). Temos, ent˜o, uma
                                                                   a
base de R em cujos vetores iremos definir a transforma¸ao:
         3
                                                        c˜
        T (1, 2, 3) = (0, 0, 0)
        T (1, 1, 1) = (0, 0, 0)
        T (1, 0, 0) = (1, 0, 0) (por exemplo)
     Observe que a dimens˜o do n´cleo ´ 2; logo, o terceiro vetor da base
                            a        u     e
deve estar fora do n´cleo, ou seja, ter imagem n˜o nula.
                    u                           a
      Para finalizar, temos que escrever um vetor gen´rico do R3 como com-
                                                        e
bina¸ao linear dos vetores da base considerada e, enfim, determinar a ex-
    c˜
press˜o de T :
     a
                                                        
                                                         a+b+c=x
                                                        
     (x, y, z) = a(1, 2, 3) + b(1, 1, 1) + c(1, 0, 0) ⇒   2a + b = y
                                                        
                                                        
                                                          3a + b = z
               ⇒ a = −y + z; b = 3y − 2z; c = x − 2y + z

Logo,

 T (x, y, z) = aT (1, 2, 3) + bT (1, 1, 1) + cT (1, 0, 0) =
                                                                              .
             = (−y + z)(0, 0, 0) + (3y − 2z)(0, 0, 0) + (x − 2y + z)(1, 0, 0)

        Assim, uma poss´ resposta ´ T (x, y, z) = (x − 2y + z, 0, 0).
                       ıvel       e


Resumo
      Nesta aula definimos o n´cleo e a imagem de uma transforma¸ao linear
                               u                                  c˜
T . Vimos que ambos s˜o subespa¸os vetoriais: o n´cleo, do dom´ de T e a
                      a            c              u            ınio
imagem, do contradom´ de T . Os exemplos visaram ajudar na assimila¸ao
                       ınio                                             c˜
da t´cnica para caracterizar o n´cleo e a imagem, determinar suas dimens˜es
    e                            u                                      o
e encontrar uma base para cada. Na pr´xima aula veremos um resultado
                                           o
importante que relaciona as dimens˜es do n´cleo, da imagem, e do dom´
                                     o       u                         ınio
de uma transforma¸ao linear.
                   c˜




                                                                                  33   CEDERJ
N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear
                                   u                               ca


              Exerc´
                   ıcios
                1. Verifique se o vetor v ∈ V pertence ao n´cleo da transforma¸ao linear
                                                          u                  c˜
                   T : V → W , em cada caso:

                    (a) V =R3 ;     W = R2 ; T (x, y) = (x + y − z, 3y + z); v = (4, −1, 3)
                    (b) V =R3 ;     W = R2 ; T (x, y) = (x + y − z, 3y + z); v = (1, −1, 2)
                                                          a11 a12
                    (c) V = M2 (R); W = R; T                           = a11 + a12 + 2a21 + 2a22 ;
                                                          a21 a22
                                  1 −3
                        v=
                                  5  2

                                                          a11 a12
                    (d) V = M2 (R); W = R; T                           = a11 + a12 + 2a21 + 2a22 ;
                                                          a21 a22
                                  1  3
                        v=
                                  3 −5

                2. Seja T : P2 → P3 a transforma¸ao linear definida por T (p(t)) = tp(t).
                                                  c˜
                   Quais dos seguintes vetores est˜o na imagem de T ?
                                                  a

                    (a) t2
                    (b) 0
                    (c) t + 1
                    (d) t2 − 2t

                3. Determine a dimens˜o e uma base do n´cleo, a dimens˜o e uma base
                                     a                   u             a
                   da imagem da transforma¸ao linear T : R3 → R2 dada por
                                          c˜

                                         T (x, y, z) = (y − 2z, x − y − z).


                4. Seja T a transforma¸ao linear definida em M2 tal que T (v) = Av, para
                                      c˜
                                         2 3
                   v ∈ M2 , onde A =             . Determine a dimens˜o e encontre uma
                                                                     a
                                        −1 2
                   base da imagem, determine a dimens˜o e encontre uma base do n´cleo
                                                       a                          u
                   de T .

                5. A transforma¸ao T : P3 → P2 que associa cada polinˆmio p(t) ao po-
                                c˜                                           o
                   linˆmio obtido pela deriva¸ao, isto ´: T (p(t)) = p (t), ´ linear. Descreva
                      o                      c˜        e                    e
                   o n´cleo de T .
                       u

CEDERJ   34
N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear
                   u                               ca
                                                                                    AULA 20


  6. Encontre uma transforma¸ao linear T : R3 → R4 cuja imagem seja
                                 c˜
     gerada pelos vetores (1, 0, 2, 3) e (1, 0, −1, 5).

  7. Encontre uma transforma¸ao linear T : R3 → R2 cujo n´cleo seja
                                  c˜                     u
     gerado pelo vetor (1, 0, 3).


Respostas dos exerc´
                   ıcios
  1. (a) pertence
      (b) n˜o pertence
           a
      (c) n˜o pertence
           a
      (d) pertence

  2. a); b); d)

  3. dim N (T ) = 1; uma base de N (T ) : {(3, 2, 1)} (H´ infinitas bases.)
                                                        a
     dim Im(T ) = 2 (Im(T ) = R ); uma base de Im(T ) : {(1, 0), (0, 1)}
                                  2

     (H´ infinitas bases.)
       a

                   0 0
  4. N (T ) =                ; dim N (T ) = 0; Im (T ) = M2 ; uma base para
                   0 0
                             1 0        0 1          0 0            0 0
     a imagem de T :                ,            ,              ,         .
                             0 0        0 0          1 0            0 1

  5. O n´cleo de T ´ formado pelos polinˆmios constantes de P3 .
        u          e                    o

  6. H´ infinitas solu¸oes.
      a              c˜

  7. H´ infinitas solu¸oes.
      a              c˜




                                                                              35   CEDERJ
Teorema do N´cleo e da Imagem
                                         u
                                                                                                AULA 21


  Aula 21 – Teorema do N´ cleo e da Imagem
                        u

Objetivo
Apresentar o teorema do n´cleo e da imagem, algumas conseq¨ˆncias e exem-
                         u                                ue
plos.


      Na aula passada vimos que, se T : V → W ´ uma transforma¸ao li-
                                                   e               c˜
near, o n´cleo N (T ) ´ um subespa¸o vetorial de V e a imagem Im(T ) ´ um
          u           e           c                                  e
subespa¸o vetorial de W .
        c
      Nesta aula apresentaremos o teorema do n´cleo e da imagem, que re-
                                              u
laciona as dimens˜o de V , N (T ) e Im(T ).
                 a
Teorema 1
Sejam V e W espa¸os vetoriais de dimewns˜o finita. Seja T : V → W uma
                  c                     a
transforma¸ao linear, ent˜o
          c˜             a

                          dim V = dim N (T ) + dim Im(T ) .

Demonstra¸ao.
         c˜
      Seja p = dim Im(T ) e q = dim N (T ). Sejam {v1 , . . . , vq } uma base de
N (T ) e {w1 , w2 , . . . , wp } uma base de Im(T ).
       Existem {u1 , . . . , up } ⊂ V tais que w1 = T (u1 ), w2 = T (u2 ), . . . , wp =
T (up ). Vamos mostrar que o conjunto

                                {v1 , . . . , vq , u1 , . . . , up }

´ uma base de V , o que demonstra o teorema, pois ent˜o temos
e                                                    a

                     dim V = q + p = dim N (T ) + dim Im(T ) .

    Vamos iniciar provando que o conjunto {v1 , . . . , vq , u1 , . . . , up } ´ LI.
                                                                               e
Suponha que

                 α1 u1 + · · · + αp up + β1 v1 + · · · + βq vq = 0 (1) ,

onde os α´s e β´s s˜o escalares. Aplicando o operator T , temos
                   a

       α1 T (u1 ) + · · · + αp T (up ) + β1 T (v1 ) + · · · + βq T (vq ) = T (0) = 0 .

Como T (ui ) = wi , i = 1, . . . , p e T (vi ) = 0, i = 1, . . . , q, resulta que

                               α1 w1 + · · · + α p wp = 0 .


                                                                                          37   CEDERJ
Teorema do N´cleo e da Imagem
                                                       u


                   Mas {w1 , . . . , wp } ´ um conjunto L.I. (sendo base de Im(T )), portanto
                                          e
              α1 = · · · = αp = 0. Substituindo na equa¸ao (1), resulta
                                                          c˜

                                               β 1 v1 + · · · + β q vq = 0 .

              Como {v1 , . . . , vq } ´ uma base de N (T ), ent˜o ´ um conjunto LI, o que implica
                                      e                        a e
              em β1 = · · · = βq = 0.
                          ımos que {v1 , . . . , vq , u1 , . . . , up } ´ LI.
                    Conclu´                                             e
                   Vamos agora mostrar que esse conjunto gera V . Seja v ∈ V um vetor
              qualquer. Como T (v) ∈ Im(T ), ent˜o existem escalares α1 , . . . , αp tais que
                                                a

                            T (v) = α1 w1 + . . . + αp wp = α1 T (u1 ) + . . . + αp up .

              Podemos escrever esta equa¸ao como
                                        c˜

                    T (v − α1 u1 − . . . − αp up ) = 0 ⇒ v − α1 u1 − . . . − αp up ∈ N (T ) .

                    Como {v1 , . . . , vq } ´ uma base de N (T ), existem β1 , . . . , βq tais que
                                            e

                                  v − α 1 u1 − . . . − α p up = β 1 v1 + . . . + β q vq ,

              ou seja
                                   v = α 1 u1 + . . . + α p up + β 1 v1 + . . . + β q vq

                    Isto mostra que {v1 , . . . , vq , u1 , . . . , up } gera o espa¸o V .
                                                                                    c                .

              Exemplo 28
              A proje¸ao ortogonal sobre o eixo-x ´ a transforma¸ao T : R2 → R2 dada por
                       c˜                         e             c˜
              T (x, y) = (x, 0).
                                                                 (x,y)




                                                             (x,0)




                                 Figura 1: Proje¸ao ortogonal sobre o eixo-x
                                                c˜

                    Temos que o n´cleo de T ´ formado pelos (x, y) tais que
                                 u          e

                                       T (x, y) = (x, 0) = (0, 0) ⇒ x = 0 .

CEDERJ   38
Teorema do N´cleo e da Imagem
                                    u
                                                                                       AULA 21


Ou seja, N (T ) = {(0, y)} que ´ gerado por {(0, 1)}. Portanto dim N (T ) = 1.
                               e
     A imagem de T ´
                   e

                          ImT = T (x, y) = (x, 0) ,

que ´ um espa¸o gerado por {(0, 1)}. Portanto, dim Im(T ) = 1.
    e        c
     Os valores de dim(T ) e Im(T ) confirmam o teorema do n´cleo e da
                                                           u
imagem, pois

            2 = dim R2 = dim N (T ) + dim Im(T ) = 1 + 1 = 2 .


Exemplo 29
A transforma¸ao linear T : R2 → R3 dada por
            c˜

                      T (x, y) = (x + y, x − y, x − 2y) .

     Vimos no exemplo 20 da aula 20 que N (T ) = {(0, 0)}. Portanto,

dim R2 = dim N (T ) + dim Im(T ) ⇒ 2 = 0 + dim Im(T ) ⇒ dim Im(T ) = 2 .

     Para confirmar isto, vamos calcular Im(T ). Seja (a, b, c) ∈ Im(T ).
Ent˜o
   a
                                                       
                                                        x+y =a
                                                       
       T (x, y) = (x + y, x − y, x − 2y) = (a, b, c) ⇒   x−y =b
                                                       
                                                       
                                                         x − 2y = c

Reduzindo este sistema, obtemos

                               x = a+b
                                    2
                               y = a−b
                                    2
                                         3b       a
                               0=c−      2
                                              −   2

Exemplo 30
No exemplo 21 da aula 20, vimos que a transforma¸ao linear T : R 4 → R3
                                                      c˜
dada por
              T (x, y, z, t) = (2x, x + 2y − z, x − y + z + t)

tem n´cleo N (T ) = {0, k, 2k, −k)} que ´ gerado por {(0, 1, 2, −10}. Portanto
     u                                  e
dim N (t) = 1. Aplicando o teorema do n´cleo e da imagem, obtemos
                                          u

       dim R4 = dim N (T ) + dim Im(T ) ⇒ dim Im(T ) = 4 − 1 = 3 .


                                                                                 39   CEDERJ
Teorema do N´cleo e da Imagem
                                                  u


                   De fato, se (a, b, c) ∈ Im(T ) ent˜o
                                                     a
                                                                
                                                                 2x = a
                                                                
                  (2x, x + 2y − z, x − y + z + t) = (a, b, c) ⇒   x + 2y − z = b     .
                                                                
                                                                
                                                                  x − y + z + t = cc

              N˜o ´ dif´ verificar que este sistema tem solu¸ao para qualquer valor de
                a e       ıcil                               c˜
              (a, b, c), o que demonstra que dim Im(T ) = 3.
                   Na pr´xima se¸ao veremos algumas aplica¸oes do teorema que acaba-
                        o        c˜                          c˜
              mos de provar para transforma¸oes injetoras e sobrejetoras.
                                           c˜


              Transforma¸oes injetoras e sobrejetoras
                        c˜

                   Vamos recordar algumas defini¸oes. Uma transforma¸ao T : V → W ´
                                                 c˜                    c˜               e
              sobrejetora quando Im(T ) = W . Como Im(T ) ´ subespa¸o de W , ent˜o, se W
                                                          e        c            a
              tem dimens˜o finita, temos que T ´ sobrejetora quando dim Im(T ) = dim W .
                          a                    e
                   Uma transforma¸ao ´ injetora quando
                                 c˜ e

                               T (v1 ) = T (v2 ) ⇒ v1 = v2 ⇒ v1 − v2 = 0 .


                   No caso de transforma¸oes lineares, podemos dar outra caracteriza¸ao.
                                        c˜                                          c˜

              Proposi¸˜o 1
                     ca
              Uma transforma¸ao linear T ´ injetora se, e somente se, vale o seguinte
                            c˜           e

                                           T (v) = 0 ⇒ v = 0 .


              Demonstra¸ao.
                       c˜
                    Se T ´ injetora ent˜o claramente vale a propriedade acima, pois T (v) =
                         e             a
              0 e T (0) = 0 implica em v = 0 pela propriedade injetiva.
                   Se vale a propriedade acima, temos que

                      T (v1 ) = T (v2 ) ⇒ T (v1 − v2 ) = 0 ⇒ v1 − v2 = 0 ⇒ v1 = v2 .



                    Assim, entre as tranforma¸oes lineares, as injetoras s˜o aquelas em
                                             c˜                           a
              que apenas o vetor nulo ´ levado no vetor nulo, isto ´ T ´ injetora quando
                                       e                           e e
              N (T ) = 0.

CEDERJ   40
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  • 1. Álgebra II Luiz Manoel Figueiredo Volume 2 Marisa Ortegoza da Cunha Hernando Bedoya Ricardo Camelier Material gratuitamente cedido pela Consórcio cederj Fundação CECIERJ
  • 2.
  • 3. IVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ UN UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ SECRETARIA ESPECIAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS FACULDADE DE MATEMÁTICA REITOR Prof. Dr. Alex Bolonha Fiúza de Mello VICE-REITORA Profa. Dra. Regina Fátima Feio Barroso PRÓ-REITOR DE ENSINO DE GRADUAÇÃO Prof. Dr. Licurgo Peixoto de Brito SECRETÁRIA ESPECIAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Profa. MSc. Selma Dias Leite DIRETOR DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS Prof. Dr. Geraldo Narciso DIRETOR DAFACULDADE DE MATEMÁTICA Prof. Dr. Geraldo Mendes de Araújo Este material foi gentilmente cedido pelo Consórcio CEDERJ, para o uso restrito da Licenciatura em Matemática na modalidade a distância sem ônus para a UFPA.
  • 4.
  • 5. Álgebra II Volume 2 SUMÁRIO Aula 18 Transformações lineares ___________________________________________ 7 Aula 19 Propriedades das transformações lineares _________________________ 17 Aula 20 Núcleo e imagem de uma transformação linear ___________________ 27 Aula 21 Teorema de núcleo e imagem_____________________________________ 37 Aula 22 Representação matricial e uma transformação linear ______________ 45 Aula 23 A álgebra das transformações lineares _____________________________ 55 Aula 24 Transformações especiais de R 2 ___________________________________ 65 Aula 25 Transformações especiais de R 3 ___________________________________ 75 Aula 26 Operações lineares invesíveis ______________________________________ 83 Aula 27 Mudança de base ________________________________________________ 91 Aula 28 Exercícios de revisão ______________________________________________ 99 Aula 29 Autovetores e autovalores de matrizes _____________________________ 109 Aula 30 Autovetores e autovalores de matrizes – Casos especiais __________ 117 Aula 31 Polonômios característicos ________________________________________ 125 Aula 32 Cálculo de Autovalores e autovetores _____________________________ 133 Aula 33 Diagonalização de matrizes ______________________________________ 143 Aula 34 Cálculo de matrizes diagonalizáveis ______________________________ 153 Matrizes ortogonais ______________________________________________ Aula 35 161 Aula 36 Propriedades das matrizes ortogonais ______________________________ 171
  • 6.
  • 7. Transforma¸oes lineares c˜ AULA 18 Aula 18 – Transforma¸oes lineares c˜ Objetivos Definir os conceitos de transforma¸ao matricial e linear; c˜ Apresentar v´rios exemplos de transforma¸oes lineares. a c˜ Introdu¸˜o ca Um dos conceitos centrais na Matem´tica ´ o de fun¸ao. De modo geral a e c˜ usa-se os termos fun¸ao, aplica¸ao e transforma¸ao como sinˆnimos. c˜ c˜ c˜ o Uma fun¸ao ´ uma associa¸ao entre dois conjuntos A e B, envolvendo c˜ e c˜ todos os elementos de A, mas n˜o necessariamente todos os elementos de B, a e que associa cada elemento de A a somente um elemento de B. Esta maneira ` de ver uma fun¸ao somente como uma associa¸ao ´ uma vis˜o essencialmente c˜ c˜ e a est´tica. a Uma outra meneira de ver o mesmo conceito, porem mais dinˆmica, a ´ que uma fun¸ao ´ uma transforma¸ao, que ¨leva¨ elementos do conjunto e c˜ e c˜ A em elementos do conjunto B, ou seja, ¨transforma¨ elementos de A em elementos de B. ´ Na Algebra Linear, usa-se mais o termo transforma¸ao do que fun¸ao, c˜ c˜ especialmente no caso das transforma¸oes lineares, que definiremos nesta c˜ aula. Em resumo, uma transforma¸ao de um espa¸o vetorial V em um espa¸o c˜ c c vetorial W ´ simplesmente uma fun¸ao de V em W . e c˜ Como observamos, s˜o de interesse especial as transforma¸oes linea- a c˜ res. Comecaremos definindo transforma¸oes matriciais e depois as lineares. c˜ Veremos que para transforma¸oes de Rn em Rm , os dois conceitos s˜o equi- c˜ a valentes. 7 CEDERJ
  • 8. Transforma¸oes lineares c˜ Transforma¸oes matriciais c˜ Uma transforma¸ao matricial ´ uma fun¸ao dada por T (x) = Ax, onde c˜ e c˜ A ´ uma matriz. Mais precisamente, seja A uma matriz m × n. Ent˜o a e a aplica¸ao T : Rn → Rm dada por x → Ax ´ uma transforma¸ao matricial. c˜ e c˜ Exemplo 1 Seja 2 1 3 A= 1 2 0 ent˜o A induz a transforma¸ao matricial T : R3 → R2 , dada por x → Ax. a c˜   1   Por exemplo, se x =  −1 , ent˜o a 2   1 2 1 3   7 Ax = .  −1  = . 1 2 0 −1 2   x1   Em geral, se x =  x2 , ent˜o a x3   x1 2 1 3   2x1 + x2 + 3x3 Ax = .  x2  = . 1 2 0 x1 + 2x2 x3 Exemplo 2 Se 1 −1 2 A= 2 1 −1 2 eb= . Encontre um x ∈ R3 , tal que Ax = b. 2   x1   Solu¸ao: Seja x =  x2 , ent˜o Ax = b, leva a c˜ a x3   x1 2 −1 2   2 .  x2  = 2 1 −1 2 x3 CEDERJ 8
  • 9. Transforma¸oes lineares c˜ AULA 18 2x1 − x2 + 2x3 = 2 2x1 − x2 = 2 − 2x3 =⇒ 2x1 + x2 − x3 = 2 2x1 + x2 = 2 + x3 Somando as duas equa¸oes, obtemos c˜ x3 4x1 = 4 − x3 ⇒ x1 = 1 − . 4 Subtraindo as mesmas equa¸oes, obtemos c˜ 3x3 2x2 = 0 + 3x3 ⇒ x2 = . 2  x3  1− 4   Portanto, todo vetor x =  3x3 2 , x3 ∈ R, ´ levado a b pela trans- e x3 forma¸ao matricial T = Ax. c˜   Exemplo 3 1 1   Seja A = x =  2 1 . Determine a imagem de T = Ax. 1 −1   a x1   Solu¸ao: Temos que T : R2 → R3 . Seja u = c˜ e seja T u =  b . x2 c Ent˜o a     1 1 a   x1    2 1 . = b  x2 1 −1 c    x1 + x 2 = a   x1 + x 2 = a  2x + x2 = b =⇒ −x2 = b − 2a  1    x1 − x 2 = c −2x2 = c − a     x1 = b − a  x1 = b − a  x2 = 2a − b =⇒ x = 2a − b ,    2  0 = c − a − 2b + 4a 0 = 3a − 2b + c o que mostra que Ax = b tem solu¸ao quando 3a − 2b + c = 0. Portanto, a c˜ aplica¸ao dada pela matriz A leva R2 no plano 3x − 2y + z = 0. c˜ 9 CEDERJ
  • 10. Transforma¸oes lineares c˜ T = Ax R3 R2 Figura 1: Aplica¸ao T leva R2 no plano 3x − 2y + z = 0. c˜ Transforma¸oes lineares c˜ Dada uma matrix m × n A, vetores n × 1 u e v, e um escalar c, segue-se das propriedades da multiplica¸ao de matrizes que c˜ A(u + v) = Au + Av e A(cu) = cAu . De maneira geral, quando uma fun¸ao possui as duas propriedades c˜ acima, dizemos que ela ´ linear. Definiremos agora as transforma¸oes e c˜ lineares. Defini¸˜o 1 ca Uma transforma¸ao T ´ linear se: c˜ e 1. T (u + v) = T u + tv, para todos u e v no dom´ ınio de T . 2. T (cv) = cT (v), para todo v e para todo escalar c. Em outras palavras, podemos dizer que uma transforma¸ao ´ linear c˜ e quando preserva a soma de vetores e o produto de vetores por escalares. Preservar a soma de vetores quer dizer que se somarmos os vetores primeiro (u + v) e, em seguida, aplicarmos T , obtendo T (u + v), o resultado ´ o mesmo que aplicarmos T aos vetores e depois somarmos os resultados e (T u + T v), isto ´ T (u + v) = T u + T v. e Se A ´ uma matriz, u e v s˜o vetores no dom´ e a ınio de T = Ax e c ´ um e escalar, ent˜o, a propriedade A(u + v) = Au + Av mostra que T preserva a a soma de matrizes e a propriedade A(cu) = cA(u) mostra que T preserva o produto por escalar. Portanto, toda transforma¸ao matricial ´ linear. c˜ e Por outro lado, nem toda transforma¸ao linear de espa¸os vetoriais ´ c˜ c e matricial. Veremos um exemplo deste tipo abaixo. Porem, transforma¸oes c˜ CEDERJ 10
  • 11. Transforma¸oes lineares c˜ AULA 18 lineares de Rn em Rm s˜o sempre matriciais. Provaremos este fato na aula 23 a onde tambem estudaremos em detalhes como obter a representa¸ao matricial c˜ de uma transforma¸ao linear. c˜ Seja T : V → W uma transforma¸ao linear, onde V e W s˜o espa¸os c˜ a c vetoriais, e seja v ∈ V . Ent˜o a T (0V ) = T (0.v) = 0.T (v) = 0W , onde 0V indica o vetor nulo do espa¸o vetorial v e 0W indica o vetor nulo do c espa¸o vetoria W . Mostramos ent˜o que uma transforma¸ao linear T : V → c a c˜ W , leva o vetor nulo de V no vetor nulo de W . Outra propriedade muito utilizada ´ a seguinte: e T (cv + du) = T (cv) + T (du) = cT (v) + dT (u) . A dedu¸ao acima utiliza as duas propriedades que definem linearidade. Ob- c˜ serve que esta propriedade, sozinha, implica em linearidade. Isto ´, se uma transforma¸ao T satisfaz e c˜ T (cv + du) = cT (u) + dT (v) , ent˜o ela ´ linear. Para ver isto, basta notar que fazendo c = d = 1 obtemos a e T (u+v) = T u+T v (preserva¸ao da soma de vetores) e fazendo c = 1 e d = 0, c˜ obtemos T (cu) = cT (u) (preserva¸ao do produto de vetores por escalares). c˜ Aplicando sucessivamente o mesmo racioc´ acima, podemos mostrar ınio que T (c1 v1 + · · · + ck vk ) = c1 T (v1 ) + · · · + ck T (vk ) , onde c1 , · · · , ck s˜o escalares e v1 , · · · , vk s˜o vetores no dom´ a a ınio de T . Exemplo 4 A transforma¸ao T : V → W dada por T (x) = 0W ´ linear. Esta trans- c˜ e forma¸ao, chamada transforma¸ao nula, leva todo vetor de V no vetor nulo c˜ c˜ de W . Exemplo 5 Seja V um espa¸o vetorial qualquer, a transforma¸ao T : V → V dada por c c˜ T (u) = u ´ linear. Esta transforma¸ao ´ chamada indentidade. Se V = R n , e c˜ e ent˜o a transforma¸ao linear dada pela matriz In , identidade de ordem n, ´ a c˜ e a transforma¸ao identidade de R . c˜ n 11 CEDERJ
  • 12. Transforma¸oes lineares c˜ Exemplo 6 Seja r ∈ R. Mostre que a transforma¸ao T : Rn → Rn dada por T (x) = rx ´ c˜ e uma transforma¸ao linear. c˜ Solu¸ao: Sejam u, v ∈ Rn e c, d escalares. Ent˜o c˜ a T (cu + dv) = r(cu + dv) = rcu + rdv = c(ru) + d(rv) = cT (u) + dT (v) . Portanto T ´ uma transforma¸ao linear. e c˜ Se r = 0 ent˜o temos a transforma¸ao nula. Se r = 1 temos a trans- a c˜ forma¸ao identidade. Se 0 ≤ r < 1 ent˜o dizemos que T ´ uma contra¸ao. c˜ a e c˜ Se r > 1 ent˜o dizemos que T ´ uma dilata¸ao. A figura abaixo mostra a a e c˜ dilata¸ao T (x) = 2x. c˜ Tx = 2x Figura 2: Dilata¸ao T (x) = 2x. c˜ Exemplo 7 A transforma¸ao T : R2 → R2 dada por T (x) = x + (1, 0) n˜o ´ linear. Para c˜ a e ver isto, basta notar que ela n˜o leva o vetor nulo no vetor nulo. Esta ´ uma a e transla¸ao de vetores no R2 . c˜ Exemplo 8 0 −1 A transforma¸ao linear T : R2 → R2 dada pela matriz c˜ , isto ´ e 1 0 0 −1 x1 −x2 T (x) = . = . 1 0 x2 x1 Como esta transforma¸ao ´ matricial, ent˜o ela ´ linear. Determinando a c˜ e a e imagem de alguns vetores e representando em um gr´fico estes vetores e a suas imagens, podemos ver que esta transforma¸ao gira os vetores em torno c˜ da origem, no sentido anti-hor´rio, de um angulo de 900 . Isto ´ verdade. a ˆ e Estudaremos com maiores detalhes transforma¸oes lineares especiais, como c˜ a rota¸ao de um angulo θ, nas aulas 25 e 26. c˜ ˆ CEDERJ 12
  • 13. Transforma¸oes lineares c˜ AULA 18 T(u) v T(v) u Figura 3: Rota¸ao de um angulo de 900 . c˜ ˆ Exemplo 9 Seja Pn o espa¸o dos polinˆmios de grau menor ou igual a n. Definimos o c o operador deriva¸ao D : P → Pn−1 por c˜ n D(a0 + a1 t + · · · + an tn ) = a1 + 2a2 t + · · · + nan tn−1 . Isto ´, D leva cada termo ak tk em kak tk−1 . e ´ a E f´cil ver que este operador ´ uma transforma¸ao linear. Note que ele e c˜ ´ a deriva¸ao de fun¸oes no sentido usual, restrito ao espe¸o dos polinˆmios. e c˜ c˜ c o Sabemos que para a deriva¸ao vale c˜ D(cf1 + df2 ) = cD(f1 ) + dD(f2 ) , confirmando que D ´ uma transforma¸ao linear. e c˜ Note que esta transforma¸ao ´ linear mas n˜o ´ matricial. N˜o h´ c˜ e a e a a uma matrix A tal que D = Ax. No entanto, veremos na aula 23 que toda transforma¸ao linear entre espa¸os de dimens˜o finita tˆm uma representa¸ao c˜ c a e c˜ matricial. H´ uma matriz A tal que se p ´ um polinˆmio e se [p]B ´ a a e o e representa¸ao deste polinˆmio em uma base B escolhida de Pn , ent˜o A[p]B c˜ o a ´ a representa¸ao de Dp nesta base. e c˜ Exemplo 10 Um banco de investimentos possui 4 tipos de investimentos, que chamaremos de investimentos A, B, C e D. Um cliente faz sua carteira distribuindo cada seu dinheiro entre as 4 op¸oes do banco. Representamos a carteira de um c˜   xA  x   B  cliente por um vetor 4 × 1. Assim uma carteira x =   indica xA reais  xC  xD investidos na op¸ao A, xB reais investidos na op¸ao B etc. c˜ c˜ 13 CEDERJ
  • 14. Transforma¸oes lineares c˜ Se o investimento A resultou em yA reais por real aplicado, B resultou em yB reais por real aplicado etc, ent˜o o resultado total de cada cliente ser´ a a calculado pela transforma¸ao linear T : R4 → R, dada por c˜   xA  xB    T (x) =  . yA yB yC yD = xA y a + xB y B + xC y C + xD y D .  xC  xD Resumo ´ Nesta aula estudamos um dos conceitos fundamentais em Algebra Li- near, que ´ o de Transforma¸ao Linear. e c˜ Vimos, inicialmente, as transforma¸oes matriciais. Em seguida, defini- c˜ mos transforma¸oes lineares. c˜ Vimos diversos exemplos de transforma¸oes lineares, inclusive uma aplica¸ao c˜ c˜ a economia. ` CEDERJ 14
  • 15. Transforma¸oes lineares c˜ AULA 18 Exerc´ ıcios 1. Seja T : R2 → R3 a transforma¸ao definida por T x = Ax, onde A = c˜ 1 2 2 . Encontre a imagem de −1 2 1     2 −1     u =  −3  e u= 1  0 1 2. Quantas linhas e colunas deve ter uma matriz A para definir uma aplica¸ao de R4 em R6 por T (x) = Ax. c˜ 3. Para os valores da matriz A e vetor b nos ´ ıtens abaixo, encontre, se for poss´ ıvel, um vetor x tal que T x = b. (a) 1 0 1 2 A= , b= 2 −1 3 3 (b)     11 −1 2     A =  2 5 , b =  −3  1 6 2 4. Encontre todos os valores de x ∈ R4 que s˜o levados no vetor nulo pela a transforma¸ao x → Ax, onde c˜   1 1 1 1   A =  1 −1 −1 2  . 1 2 3 −1 5. Nos ´ ıtens abaixo, use um sistema de coordenadas para representar gra- 2 3 ficamente os vetores u = , v = , T u e T v. Fa¸a uma c 1 −1 descri¸ao geom´trica do efeito da aplica¸ao de T nos vetores de R 2 . c˜ e c˜ 3 0 −1 0 (a) T (x) = . (c) T (x) = . 0 3 0 −1 0, 5 0 0 0 (b) T (x) = . (d) T (x) = . 0 0, 5 0 1 15 CEDERJ
  • 16. Transforma¸oes lineares c˜ 6. Seja T : R2 → R2 uma transforma¸ao linear. Se c˜ 1 2 0 −1 T( )= e T( )= , 0 1 1 3 2 x1 determine T ( ) e T( ). 1 x2 Respostas dos exerc´ ıcios −4 3 1. e . −8 4 2. A deve ser uma matriz 6 × 4.   2−c   3. (a) x =  c + 1 , para todo c ∈ R. c (b) N˜o h´ valor de x tal que T x = b. a a 3 3 4. O espa¸o gerado por {(− 2 , −1, 2 , 1)} ´ levado no vetor nulo. c e 5. (a) Dilata¸ao por um fator de 3. c˜ (b) Contra¸ao por uma fator de 0, 5. c˜ (c) Rota¸ao de 1800 . c˜ (d) Proje¸ao sobre o eixo-y. c˜ CEDERJ 16
  • 17. Propriedades das Transforma¸oes Lineares c˜ AULA 19 Aula 19 – Propriedades das Transforma¸oes c˜ Lineares Objetivos Reconhecer e aplicar as propriedades das transforma¸oes lineares. c˜ Na aula 18 conhecemos um tipo muito especial de fun¸ao - as trans- c˜ forma¸oes lineares, que s˜o fun¸oes definidas entre espa¸os vetoriais e com c˜ a c˜ c caracter´ısticas que as tornam muito uteis, em uma gama imensa de problemas ´ e situa¸oes da Matem´tica, F´ c˜ a ısica, Engenharia e Computa¸ao, entre outras c˜ areas de estudo e trabalho. ´ Nesta aula veremos v´rias propriedades das transforma¸oes lineares. a c˜ Em especial, veremos um fato muito importante, que ´ o seguinte: para de- e terminar uma transforma¸ao linear T : V → W , basta conhecer seus valores c˜ em uma base qualquer de V . Propriedades das transforma¸oes lineares c˜ Sejam V e W espa¸os vetoriais e T : V → W uma transforma¸ao linear. c c˜ Valem as seguintes propriedades: (i) T (0V ) = 0W Em palavras: uma transforma¸ao linear leva o vetor nulo do dom´ c˜ ınio ao vetor nulo do contra-dom´ ınio. Esta propriedade j´ foi demonstrada a na aula 18. (ii) T (−v) = −T (v), ∀v ∈ V Em palavras: A imagem do vetor oposto ´ o oposto da imagem do e vetor. Como T [(−1)v] = (−1)T (v), decorre que T (−v) = −T (v). (iii) Se U ´ um subespa¸o de V ent˜o T (U ) ´ um subespa¸o de W . e c a e c Devemos mostrar que 0W ∈ T (U ) e que T (U ) ´ fechado para soma de e vetores e multiplica¸ao por escalar. c˜ 17 CEDERJ
  • 18. Propriedades das Transforma¸oes Lineares c˜ Como U um subespa¸o de V , ent˜o 0V ∈ U . Pela propriedade (i), c a T (0V ) = 0W ∈ T (U ). Sejam x, y ∈ T (U ). Existem u, v ∈ U tais que T (u) = x e T (v) = y. Como U ´ subespa¸o de V , ent˜o u + v ∈ U . De T (u + v) ∈ T (U ) e c a resulta que T (u + v) = T (u) + T (v) = x + y ∈ T (U ) . Finalmente, sejam x ∈ T (U ) e α ∈ R. Existe u ∈ U tal que T (u) = x. Como αu ∈ U , ent˜o T (αu) ∈ T (U ), o que resulta em a T (αu) = αT (u) = αx ∈ T (U ) , e podemos concluir que T (U ) ´ subespa¸o de W . e c (iv) Dados v1 , v2 , ..., vn ∈ V , T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn ) = α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αn T (vn ) . Em palavras: A imagem de uma combina¸ao linear de vetores de V c˜ ´ uma combina¸ao linear das imagens desses vetores, com os mesmos e c˜ coeficientes. Esta propriedade j´ foi apresentada na Aula 18. Vamos dar aqui uma a demonstra¸ao usando indu¸ao sobre n. c˜ c˜ O caso n = 1 segue diretamente da defini¸ao de transforma¸ao linear, c˜ c˜ pois T (α1 v1 ) = α1 T (v1 ). Vamos supor que a propriedade vale para n = k, isto ´, e T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αk vk ) = α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αk T (vk ) . Vamos provar que vale para n = k + 1 : T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αk vk + αk+1 vk+1 ) = T [(α1 v1 + α2 v2 + ... + αk vk ) + (αk+1 vk+1 )] T linear = T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αk vk ) + T (αk+1 vk+1 ) hip. ind. = α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αk T (vk ) + T (αk+1 vk+1 ) T linear = α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αk T (vk ) + αk+1 T (vk+1 ) , isto ´, vale a propriedade para n = k +1, o que conclui a demonstra¸ao. e c˜ CEDERJ 18
  • 19. Propriedades das Transforma¸oes Lineares c˜ AULA 19 (v) Se {v1 , v2 , ..., vn } ´ um conjunto gerador de V ent˜o {T (v1 ), T (v2 ), ..., T (vn )} e a ´ um conjunto gerador da imagem de T . e Demonstra¸ao. Seja {v1 , v2 , ..., vn } um conjunto gerador de V . Seja w c˜ um vetor na imagem de T , isto ´, existe v em V tal que w = T (v). Ent˜o e a existem escalares α1 , α2 , ..., αn tais que v = α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn . Podemos escrever: w = T (v) = (iv) = T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn ) = = α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αn T (vn ). Logo, os vetores T (v1 ), T (v2 ), ..., T (vn ) geram a imagem de T . (vi) Se T (v1 ), T (v2 ), ..., T (vn ) ∈ W s˜o LI ent˜o os vetores v1 , v2 , ..., vn ∈ V a a s˜o LI. a Demonstra¸ao. Seja a combina¸ao linear c˜ c˜ α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn = oV . (1) Vamos aplicar a transforma¸ao T a ambos os lados dessa igualdade: c˜ T (α1 v1 + α2 v2 + ... + αn vn ) = T (0V ) ⇒ α1 T (v1 ) + α2 T (v2 ) + ... + αn T (vn ) = 0W . Como os vetores T (v1 ), T (v2 ), ..., T (vn ) s˜o LI, conclu´ a ımos que α1 = α2 = ... = αn = 0. Ou seja, todos os coeficientes da combina¸ao linear c˜ (1) s˜o iguais a zero, o que implica que os vetores v1 , v2 , ..., vn s˜o LI. a a Exemplo 11 Sejam V um espa¸o vetorial e u ∈ V . A aplica¸ao c c˜ Tu : V → V v → v+u e c˜ ´ a ´ chamada transla¸ao definida por u. E f´cil verificar que, quando u = 0V , essa aplica¸ao n˜o ´ linear, pois Tu (0V ) = 0V + u = u = 0V , violando a c˜ a e propriedade (i), acima. Por outro lado, quando u = 0V , essa aplica¸ao ´ o c˜ e operador identidade de V , que ´ linear. e Exemplo 12 A rec´ ıproca da propriedade (vi) n˜o ´ verdadeira, isto ´, ´ poss´ termos um a e e e ıvel conjunto de vetores de V que sejam LI, mas com suas imagens formando um 19 CEDERJ
  • 20. Propriedades das Transforma¸oes Lineares c˜ conjunto LD em W . Considere, por exemplo, o operador proje¸ao ortogonal c˜ sobre o eixo x, definido em R , isto ´, a transforma¸ao linear tal que T (x, y) = 2 e c˜ (x, 0), para todo vetor (x, y) do plano. Os vetores v1 = (3, 1) e v2 = (3, 4) s˜o a LI, mas suas imagens coincidem: T (v1 ) = T (v2 ) = (3, 0). Logo, o conjunto {T (v1 ), T (v2 )} ⊂ R2 ´ LD. Essa situa¸ao ´ ilustrada na figura 1. e c˜ e (3,4) T(x,y)=(x,0) (3,1) (3,0) (3,1) Figura 1: v1 e v2 s˜o LI; T (v1 ) e T (v2 ) s˜o LD. a a Uma caracter´ ıstica importante das transforma¸os lineares ´ que elas c˜ e ficam completamente determinadas se as conhecemos nos vetores de uma base do dom´ ınio. Isto ´, dada uma transforma¸ao linear T : V → W , se e c˜ conhecemos as imagens por T dos vetores de uma base de V , podemos obter a express˜o de T (v), para um vetor v gen´rico de V . O exemplo a seguir a e mostra esse procedimento: Exemplo 13 Seja T : R3 → R3 , linear, tal que T (1, 0, 0) = (1, 1, 1); T (0, 1, 0) = (2, −1, 1); T (0, 0, 1) = (1, 0, 2). Vamos determinar T (x, y, z), onde (x, y, z) ´ um vetor gen´rico de R 3 . e e Os vetores v1 = (1, 0, 0), v2 = (0, 1, 0) e v3 = (0, 0, 1) formam a base canˆnica de R3 . Assim, um vetor v = (x, y, z), gen´rico, de R3 , se escreve o e (x, y, z) = xv1 + yv2 + zv3 . Aplicando a propriedade (iv), temos: T (v) = T (x, y, z) = = T (xv1 + yv2 + zv3 ) = = xT (v1 ) + yT (v2 ) + zT (v3 ) = = x(1, 1, 1) + y(2, −1, 1) + z(1, 0, 2) = = (x + 2y + z, x − y, x + y + 2z). Logo, T ´ dada por T (x, y, z) = (x + 2y + z, x − y, x + y + 2z). e CEDERJ 20
  • 21. Propriedades das Transforma¸oes Lineares c˜ AULA 19 Vamos ver como fazer no caso em que a base na qual a transforma¸ao c˜ linear ´ conhecida n˜o seja a canˆnica: e a o Exemplo 14 Uma transforma¸ao linear T : R2 → R3 ´ tal que c˜ e T (1, −1) = (1, 1, 2); T (2, 0) = (2, −1, 1). Vamos determinar T (x, y), para (x, y) ∈ R2 . Primeiramente, verificamos que os vetores v1 = (1, −1) e v2 = (2, 0) formam uma base de R2 . Neste caso, como s˜o dois vetores num espa¸o a c bi-dimensional, uma forma r´pida de verificar que s˜o LI ´ calcular o deter- a a e minante formado pelas suas coordenadas e constatar que ´ diferente de zero. e Deixamos isso com vocˆ, como exerc´ (!). e ıcio A seguir, escrevemos um vetor gen´rico do espa¸o como uma com- e c bina¸ao linear dos vetores dessa base: c˜ a + 2b = x v = (x, y) = av1 + bv2 = a(1, −1) + b(2, 0) ⇒ . −a = y x+y Resolvendo o sistema, obtemos a = −y e b = 2 . Portanto, x+y (x, y) = −y(1, −1) + (2, 0) 2 Usando a linearidade de T , obtemos T (v) = T (x, y) = = T (−yv1 + x+y v2 ) = 2 x+y = −yT (v1 ) + 2 T (v2 ) = . x+y = −y(1, 1, 2) + 2 (2, −1, 1) = = x, −x−3y , x−3y . 2 2 Logo, T ´ dada por T (x, y) = x, −x−3y , x−3y . e 2 2 Exemplo 15 Em rela¸ao a transforma¸ao linear do exemplo 4, encontre v ∈ R2 tal que c˜ ` c˜ T (v) = (3, 1, 4). Queremos (x, y) ∈ R2 tal que T (x, y) = (3, 1, 4). 21 CEDERJ
  • 22. Propriedades das Transforma¸oes Lineares c˜    x=3   x=3  −x − 3y x − 3y −x−3y x, , = (3, 1, 4) ⇒ =1 ⇒ −x − 3y = 2 . 2 2  x−3y  2   2 =4 x − 3y = 8 x=3 Resolvendo o sistema, obtemos 5 . y = −3 Logo, o vetor procurado ´ (3, −5/3). e Exemplo 16 Dado um espa¸o vetorial V , um funcional linear definido em V ´ uma trans- c e Note que o conjunto dos forma¸ao linear f : V → R. Considere o funcional linear f definido em R 2 c˜ n´meros reais ´, ele mesmo, u e um espa¸o vetorial real. c tal que f (1, 1) = 2 e f (2, 1) = 3. Vamos determinar f (x, y), para (x, y) ∈ R 2 . Novamente, come¸amos conferindo que os vetores (1, 1) e (2, 1) for- c mam uma base de R2 . Escrevemos, ent˜o, um vetor gen´rico (x, y), como a e combina¸ao linear dos vetores dados: (x, y) = a(1, 1) + b(2, 1). Resolvendo, c˜ obtemos a + 2b = x a = −x + 2y ⇒ , a+b = y b = x−y isto ´, (x, y) = (−x + 2y)(1, 1) + (x − y)(2, 1). e Ent˜o a T (x, y) = T ((−x+2y)(1, 1)+(x−y)(2, 1)) = (−x+2y)T (1, 1)+(x−y)T (2, 1) = (−x + 2y).2 + (x − y).3 = x + y . Logo, T ´ dada por T (x, y) = x + y. e Exemplo 17 Em rela¸ao ao funcional linear definido no exemplo acima, vamos procurar c˜ os vetores v de R2 tais que f (v) = 0. Isto ´, queremos (x, y) tal que f (x, y) = e x + y = 0. Isso nos leva aos vetores do plano da forma (x, −x). Logo, h´ a infinitos vetores de R que s˜o levados ao zero, pelo funcional f - a saber, 2 a todo vetor do conjunto {(x, −x)|x ∈ R}. CEDERJ 22
  • 23. Propriedades das Transforma¸oes Lineares c˜ AULA 19 Para finalizar, um exemplo no espa¸o dos polinˆmios: c o Exemplo 18 Seja T a transforma¸ao linear em P3 (R) dada por c˜ T (1) = 1 − t; T (1 + t) = t3 ; T (t + t2 ) = 3 − t2 ; T (t2 + t3 ) = 1 + t2 . Vamos determinar T (x + yt + zt2 + wt3 ), onde x + yt + zt2 + wt3 ´ um e 3 polinˆmio qualquer de P3 (R) e, a seguir, calcular T (2 − 3t + 4t ). o Como nos exemplos anteriores, constatamos que {1, 1 + t, t + t2 , t2 + t3 } ´ uma base de P3 (R). e A seguir, escrevemos o vetor gen´rico de P3 (R) nessa base: e x + yt + zt2 + wt3 = a.1 + b(1 + t) + c(t + t2 ) + d(t2 + t3 ) = = (a + b) + (b + c)t + (c + d)t2 + dt3 . Obtemos, assim, o seguinte sistema:   a+b=x    b+c=y ,  c+d=z    d=w que, resolvido, fornece a solu¸ao: c˜   a=x−y+z−w    b=y−z+w .  c=z−w    d=w Escrevemos ent˜o: a x+yt+zt2 +wt3 = (x−y+z−w).1+(y−z+w)(1+t)+(z−w)(t+t2 )+w(t2 +t3 ) . Aplicamos a transforma¸ao T em ambos os lados dessa igualdade: c˜ T (x + yt + zt2 + wt3 ) = T ((x − y + z − w).1 + (y − z + w)(1 + t) + (z − w)(t + t2 ) + w(t2 + t3 )) = (x − y + z − w).T (1) + (y − z + w).T (1 + t) + (z − w).T (t + t2 ) + w.T (t2 + t3 ) = (x − y + z − w).(1 − t) + (y − z + w).t3 + (z − w).(3 − t2 ) + w.(1 + t2 ) = (x − y + 4z − 3w) + (−x + y − z + w)t + (−z + 2w)t2 + (y − z + w)t3 . 23 CEDERJ
  • 24. Propriedades das Transforma¸oes Lineares c˜ Logo, a transforma¸ao procurada ´ dada por: c˜ e T (x+yt+zt2 +wt3 ) = (x−y+4z−3w)+(−x+y−z+w)t+(−z+2w)t2 +(y−z+w)t3 . Vamos, agora, calcular T (2 − 3t + 4t3 ). Temos x = 2; y = −3; z = 0 e w = 4. Ent˜o a T (2 − 3t + 4t3 ) = −7 − t + 8t2 + t3 . Resumo Nesta aula estudamos as propriedades das transforma¸oes lineares. O c˜ fato mais relevante ´ que podemos determinar uma transforma¸ao linear a e c˜ partir da sua aplica¸ao nos vetores de uma base, apenas. Assim, o n´mero de c˜ u informa¸oes necess´rias a respeito de uma transforma¸ao linear, para que a c˜ a c˜ conhe¸amos completamente, ´ igual a dimens˜o do espa¸o vetorial no qual ela c e ` a c ´ definida. Isso ´ uma especificidade das transforma¸oes lineares: nenhuma e e c˜ c˜ c˜ a ´ outra fun¸ao permite uma manipula¸ao t˜o simples. E por essa qualidade, em particular, que as transforma¸oes lineares s˜o, por excelˆncia, as fun¸oes c˜ a e c˜ usadas na Computa¸ao em geral. c˜ CEDERJ 24
  • 25. Propriedades das Transforma¸oes Lineares c˜ AULA 19 Exerc´ ıcios 1. Seja T : R2 → R a transforma¸ao linear para a qual T (1, 1) = 3 e c˜ T (0, 1) = −2. Encontre T (x, y), para (x, y) ∈ R2 . 2. Um operador linear T , definido em P2 (R), ´ tal que T (1) = t2 , T (x) = e 2 2 1 − t e T (t ) = 1 + t + t . (a) Determine T (a + bt + ct2 ), onde a + bt + ct2 ´ um vetor gen´rico e e de P2 (R). (b) Determine p ∈ P2 (R) tal que T (p) = 3 − t + t2 . 3. Encontre T (x, y) onde T : R2 → R3 ´ definida por T (1, 2) = (3, −1, 5) e e T (0, 1) = (2, 1, −1). 4. Determine T (x, y, z) onde T : R3 → R ´ dada por T (1, 1, 1) = 3, T (0, 1, −2) = e 1 e T (0, 0, 1) = −2. Auto-avalia¸˜o ca Vocˆ dever´ assimilar o significado de cada propriedade vista. A pri- e a meira delas ´ extremamente util para rapidamente identificar algumas trans- e ´ forma¸oes que n˜o s˜o lineares, por n˜o levarem o vetor nulo do dom´ c˜ a a a ınio ao vetor nulo do contra-dom´ ınio. A transla¸ao ´ o exemplo mais importante c˜ e disso. Al´m disso, vocˆ deve se familiarizar com a t´cnica de encontrar uma e e e transforma¸ao linear a partir de seus valores nos vetores de uma base do c˜ dom´ ınio. Veja que os exerc´ ıcios s˜o repetitivos: mudam o espa¸o e a base a c considerada, mas a estrutura se repete. Caso vocˆ tenha alguma d´vida, e u entre em contato com o tutor da disciplina. E... vamos em frente!! Respostas dos exerc´ ıcios 1. T (x, y) = 5x − 2y 2. (a) T (a + bt + ct2 ) = (b + c) + (−b + c)t + (a + c)t2 (b) p = 2t + t2 3. T (x, y) = (−x + 2y, −3x + y, 7x − y) 4. T (x, y, z) = 8x − 3y − 2z 25 CEDERJ
  • 26.
  • 27. N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear u ca AULA 20 Aula 20 – N´ cleo e Imagem de uma u Transforma¸˜o Linear ca Objetivos Determinar o n´cleo e a imagem de uma transforma¸ao linear. u c˜ Identificar o n´cleo de uma transforma¸ao linear como um subespa¸o do u c˜ c dom´ınio. Identificar a imagem de uma transforma¸ao linear como um subespa¸o do c˜ c contra-dom´ınio. Na aula 19 mencionamos a imagem de uma transforma¸ao linear. Nesta c˜ aula definiremos o n´cleo de uma transforma¸ao linear e mostraremos que, u c˜ tanto o n´cleo, como a imagem, possuem estrutura de espa¸o vetorial. u c N´ cleo de uma transforma¸˜o linear u ca Sejam V e W espa¸os vetoriais e T : V → W uma transforma¸ao linear. c c˜ Chamamos de n´cleo de T , representado por N (T ), o seguinte conjunto: u N (T ) = {v ∈ V | T (v) = 0W } . Alguns textos usam a nota¸ao ker(T ), pois n´cleo, c˜ u Em palavras: o n´cleo de uma transforma¸ao linear ´ o subconjunto do u c˜ e em inglˆs, ´ kernel. e e dom´ ınio formado pelos vetores que s˜o levados ao vetor nulo do contra- a dom´ ınio. Im io ag min em Do 0 cleo Nu Figura 1: Exemplo 19 • Seja T : V → W a transforma¸ao linear nula, isto ´, a transforma¸ao tal c˜ e c˜ ´ f´cil ver que seu n´cleo ´ todo o espa¸o V . que T (v) = 0W , ∀v ∈ V . E a u e c 27 CEDERJ
  • 28. N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear u ca • O n´cleo da transforma¸ao identidade, definida no espa¸o vetorial V , u c˜ c ´ o conjunto formado apenas pelo vetor nulo de V . e • A proje¸ao ortogonal sobre o eixo dos x, em R2 , ´ uma transforma¸ao c˜ e c˜ linear cujo n´cleo ´ o eixo dos y. u e Exemplo 20 O n´cleo da transforma¸ao linear T : R2 → R3 dada por u c˜ T (x, y) = (x + y, x − y, x − 2y) ´ o conjunto {(x, y) ∈ R2 | T (x, y) = (0, 0, 0)}, isto ´ e e   x+y =0  (x + y, x − y, x − 2y) = (0, 0, 0) ⇒ x−y =0 .   x − 2y = 0 Esse sistema tem solu¸ao x = 0 e y = 0. Logo, N (T ) = {(0, 0)}. c˜ Exemplo 21 Seja T : R4 → R3 a transforma¸ao linear dada por c˜ T (x, y, z, t) = (2x, x + 2y − z, x − y + z + t) . Ent˜o, N (T ) = {(x, y, z, t) ∈ R4 | T (x, y, z, t) = (0, 0, 0)}. Isto ´, um a e vetor (x, y, z, t) de R pertence ao n´cleo de T se, e somente se, 4 u   2x = 0  (2x, x + 2y − z, x − y + z + t) = (0, 0, 0) ⇒ x + 2y − z = 0 .   x−y+z+t=0 Esse sistema tem conjunto-solu¸ao {(0, k, 2k, −k); k ∈ R}, que ´ o n´cleo de T . c˜ e u CEDERJ 28
  • 29. N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear u ca AULA 20 Imagem de uma transforma¸˜o linear ca Sejam V e W espa¸os vetoriais e T : V → W uma transforma¸ao linear. c c˜ A imagem de T , representado por Im(T ), ´ o conjunto de todos os vetores e de W da forma T (v), para algum v ∈ V , isto ´ e Im(T ) = {w ∈ W | w = T (v), para algum v ∈ V }. Exemplo 22 • Se T : V → W ´ a transforma¸ao linear nula, isto ´, tal que T (v) = e c˜ e 0W , ∀v ∈ V , sua imagem ´ o conjunto formado apenas pelo vetor nulo e de W . • A imagem da transforma¸ao identidade, definida no espa¸o vetorial V , c˜ c ´ o espa¸o V . e c • A proje¸ao ortogonal sobre o eixo dos x, em R2 ´ uma transforma¸ao c˜ e c˜ linear cuja imagem ´ o eixo dos x. e Exemplo 23 Vamos determinar a imagem da transforma¸ao linear T : R2 → R3 dada por c˜ T (x, y) = (x + y, x − y, x − 2y) . Queremos encontrar os vetores w = (a, b, c) ∈ R3 para os quais existe v = (x, y) ∈ R2 tal que T (v) = w, isto ´, queremos que a equa¸ao e c˜ T (x, y) = (x + y, x − y, x − 2y) = (a, b, c) tenha solu¸ao. Isso equivale a analisar as condi¸oes para que o sistema c˜ c˜   x+y =a  x−y =b   x − 2y = c admita solu¸ao. Escalonando, obtemos o seguinte sistema equivalente: c˜   x+y =a  Note que a representa¸ao c˜ y = (a − b)/2 ,   geom´trica de Im(T ) ´ um e e 0 = (a − 3b + 2c)/2 plano passando pela origem. Vocˆ se lembra? Os e que admite solu¸ao se, e somente se, a − 3b + 2c = 0. c˜ subespa¸os de R3 s˜o as c a retas e os planos passando Logo, pela origem, al´m do e subespa¸o nulo e do pr´prio c o Im(T ) = {(a, b, c) ∈ R3 |a − 3b + 2c = 0} . R3 . 29 CEDERJ
  • 30. N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear u ca Exemplo 24 Seja T : R4 → R3 a transforma¸ao linear dada por c˜ T (x, y, z, t) = (2x, x + 2y − z, x − y + z + t) . Queremos determinar as condi¸oes para que um vetor (a, b, c), de R 3 seja a c˜ imagem, por T , de algum vetor de R4 . Como no exemplo anterior, queremos que o sistema   2x = a  x + 2y − z = b   x−y+z+t=c admita solu¸ao. Escalonando, chegamos ao sistema equivalente c˜   x−y+z+t=c  y+t=b+c−a ,   −z − 2t = (3a − 2b − 4c)/2 que ´ compat´ para quaisquer valores de a, b e c. Logo, todo vetor (a, b, c) ∈ e ıvel R pertence a imagem de T , ou seja, Im(T ) = R3 . 3 ` Vocˆ j´ deve ter se dado conta de que as transforma¸oes lineares pos- e a c˜ suem propriedades realmente especiais, que n˜o encontramos nas demais a fun¸oes. O n´cleo e a imagem de uma transforma¸ao linear n˜o s˜o apenas c˜ u c˜ a a conjuntos: ambos apresentam estrutura de espa¸o vetorial, como mostrare- c mos nos resultados a seguir. Teorema 1 Sejam V e W espa¸os vetoriais e T : V → W uma transforma¸ao linear. O c c˜ n´cleo de T ´ subespa¸o vetorial de V . u e c Demonstra¸ao. c˜ Primeiramente, vemos que 0V ∈ N (T ), uma vez que T (0V ) = 0W . Portanto N (T ) = ∅. Sejam v1 , v2 vetores no n´cleo de T . Isto ´, T (v1 ) = T (v2 ) = 0W , ent˜o u e a T (v1 + v2 ) = T (v1 ) + T (v2 ) = 0W + 0W = 0W . Logo, (v1 + v2 ) ∈ N (T ). Portanto, o n´cleo ´ fechado para a soma. u e Sejam α ∈ R e v ∈ N (T ). Isto ´, T (v) = 0W , ent˜o T (αv) = αT (v) = e a α0W = 0W . Logo, (αv) ∈ N (T ), o que mostra que o n´cleo ´ fechado para o u e produto por escalar. CEDERJ 30
  • 31. N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear u ca AULA 20 Teorema 2 Sejam V e W espa¸os vetoriais e T : V → W uma transforma¸ao linear. A c c˜ imagem de T ´ subespa¸o vetorial de W . e c Demonstra¸ao. c˜ A imagem de T n˜o ´ vazia, pois 0W ´ a imagem de 0V . a e e Sejam w1 , w2 vetores na imagem de T . Isso significa que existem vetores v1 e v2 em V , tais que T (v1 ) = w1 e T (v2 ) = w2 . Ent˜o o vetor (w1 + w2 ) a pertence a imagem de T , pois ´ a imagem do vetor (v1 + v2 ). De fato, temos: ` e T (v1 + v2 ) = T (v1 ) + t(v2 ) = w1 + w2 . Finalmente, sejam α ∈ R e w ∈ Im(T ). Isto ´, existe v ∈ V tal que e T (v) = w. Ent˜o, como T (αv) = αT (v) = αw, temos que (αw) ∈ Im(T ). a Uma vez provado que o n´cleo e a imagem s˜o subespa¸os vetoriais, o u a c pr´ximo passo ´ determinar a dimens˜o e obter uma base para cada um. E o e a ´ o que faremos nos exemplos seguintes. Exemplo 25 Dada a transforma¸ao linear T : R3 → R3 dada por c˜ T (x, y, z) = (x + y, x − z, y + z) , determine uma base e a dimens˜o de seu n´cleo e de sua imagem. a u Vamos determinar o n´cleo de T . u Queremos encontrar os vetores (x, y, z) de R3 tais que   x+y =0  T (x, y, z) = (x + y, x − z, y + z) = (0, 0, 0) ⇒ x−z =0 ,   y+z =0 cujo conjunto-solu¸ao ´ {(k, −k, k); k ∈ R} = {k(1, −1, 1); k ∈ R}. c˜ e Logo, o n´cleo de T ´ gerado pelo vetor (1, −1, 1). Ent˜o temos que u e a dim N (T ) = 1 e uma base de N (T ) ´ {(1, −1, 1)}. e Vamos, agora, determinar a imagem de T . Queremos estabelecer as condi¸oes que um vetor (a, b, c) de R3 deve satisfazer para que exista um c˜ vetor (x, y, z), em R3 , tal que T (x, y, z) = (x + y, x − z, y + z) = (a, b, c). Essa igualdade leva a um sistema linear que, escalonado, fornece   x+y =a  y+z =a−b .   0=a−b−c 31 CEDERJ
  • 32. N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear u ca Para que existam solu¸oes, devemos ter a − b − c = 0, que ´ a equa¸ao que c˜ e c˜ caracteriza os vetores da imagem de T . Como a = b + c, um vetor da imagem pode ser escrito (b + c, b, c) = b(1, 1, 0) + c(1, 0, 1). Logo, a imagem possui dimens˜o 2 e uma base para ela ´ {(1, 1, 0), (1, 0, 1)}. a e Os dois pr´ximos exemplos “invertem”o processo: vamos determinar o uma transforma¸ao linear (ela n˜o ser´ unica) a partir do seu n´cleo ou de c˜ a a´ u sua imagem. Exemplo 26 Encontrar uma transforma¸ao linear T : R3 → R3 , cuja imagem ´ gerada c˜ e pelos vetores (1, 2, 3) e (1, 1, 1). Vimos, na aula passada, que uma transforma¸ao linear fica completa- c˜ mente determinada se a conhecemos nos vetores de uma base de seu dom´ ınio. Consideremos, por simplicidade, a base canˆnica de R3 e vamos determinar o as imagens dos vetores dessa base, por T : T (1, 0, 0) = (1, 2, 3) Note que a escolha de T T (0, 1, 0) = (1, 1, 1) neste exemplo n˜o ´ de a e forma alguma unica. ´ T (0, 0, 1) = (0, 0, 0) Poder´ıamos, por exemplo, ter escolhido Note que o terceiro vetor deve ser levado a um que forme, com os dois T (1, 0, 0) = (1, 1, 1), vetores dados no enunciado, um conjunto LD, uma vez que a dimens˜o da a T (0, 1, 0) = (1, 1, 1) e T (0, 0, 1) = (1, 2, 3). imagem ´ 2. Ent˜o, como (x, y, z) = x(1, 0, 0) + y(0, 1, 0) + z(0, 0, 1), temos e a T (x, y, z) = xT (1, 0, 0) + yT (0, 1, 0) + zT (0, 0, 1) = x(1, 2, 3) + y(1, 1, 1) + z(0, 0, 0) = (x + y, 2x + y, 3x + y), que ´ a lei que define a transforma¸ao T . e c˜ Exemplo 27 Encontrar uma transforma¸ao linear T : R3 → R3 , cujo n´cleo ´ gerado pelos c˜ u e vetores (1, 2, 3) e (1, 1, 1). Aqui, tamb´m, vamos definir uma transforma¸ao linear numa base de e c˜ R3 , mas esta base deve conter os vetores dados. Isto ´, vamos completar o e conjunto {(1, 2, 3), (1, 1, 1)} para que se torne uma base de R3 . Para isso, de- vemos escolher um vetor (x, y, z) tal que o conjunto {(1, 2, 3), (1, 1, 1), (x, y, z)} seja LI. Em outras palavras, basta que seja um vetor tal que o determinante formado pelas coordenadas dos 3 vetores do conjunto seja diferente de zero. Isto ´: e 1 2 3 1 1 1 = 0 ⇒ z = −x + 2y . x y z CEDERJ 32
  • 33. N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear u ca AULA 20 Podemos considerar, por exemplo, o vetor (1, 0, 0). Temos, ent˜o, uma a base de R em cujos vetores iremos definir a transforma¸ao: 3 c˜ T (1, 2, 3) = (0, 0, 0) T (1, 1, 1) = (0, 0, 0) T (1, 0, 0) = (1, 0, 0) (por exemplo) Observe que a dimens˜o do n´cleo ´ 2; logo, o terceiro vetor da base a u e deve estar fora do n´cleo, ou seja, ter imagem n˜o nula. u a Para finalizar, temos que escrever um vetor gen´rico do R3 como com- e bina¸ao linear dos vetores da base considerada e, enfim, determinar a ex- c˜ press˜o de T : a   a+b+c=x  (x, y, z) = a(1, 2, 3) + b(1, 1, 1) + c(1, 0, 0) ⇒ 2a + b = y   3a + b = z ⇒ a = −y + z; b = 3y − 2z; c = x − 2y + z Logo, T (x, y, z) = aT (1, 2, 3) + bT (1, 1, 1) + cT (1, 0, 0) = . = (−y + z)(0, 0, 0) + (3y − 2z)(0, 0, 0) + (x − 2y + z)(1, 0, 0) Assim, uma poss´ resposta ´ T (x, y, z) = (x − 2y + z, 0, 0). ıvel e Resumo Nesta aula definimos o n´cleo e a imagem de uma transforma¸ao linear u c˜ T . Vimos que ambos s˜o subespa¸os vetoriais: o n´cleo, do dom´ de T e a a c u ınio imagem, do contradom´ de T . Os exemplos visaram ajudar na assimila¸ao ınio c˜ da t´cnica para caracterizar o n´cleo e a imagem, determinar suas dimens˜es e u o e encontrar uma base para cada. Na pr´xima aula veremos um resultado o importante que relaciona as dimens˜es do n´cleo, da imagem, e do dom´ o u ınio de uma transforma¸ao linear. c˜ 33 CEDERJ
  • 34. N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear u ca Exerc´ ıcios 1. Verifique se o vetor v ∈ V pertence ao n´cleo da transforma¸ao linear u c˜ T : V → W , em cada caso: (a) V =R3 ; W = R2 ; T (x, y) = (x + y − z, 3y + z); v = (4, −1, 3) (b) V =R3 ; W = R2 ; T (x, y) = (x + y − z, 3y + z); v = (1, −1, 2) a11 a12 (c) V = M2 (R); W = R; T = a11 + a12 + 2a21 + 2a22 ; a21 a22 1 −3 v= 5 2 a11 a12 (d) V = M2 (R); W = R; T = a11 + a12 + 2a21 + 2a22 ; a21 a22 1 3 v= 3 −5 2. Seja T : P2 → P3 a transforma¸ao linear definida por T (p(t)) = tp(t). c˜ Quais dos seguintes vetores est˜o na imagem de T ? a (a) t2 (b) 0 (c) t + 1 (d) t2 − 2t 3. Determine a dimens˜o e uma base do n´cleo, a dimens˜o e uma base a u a da imagem da transforma¸ao linear T : R3 → R2 dada por c˜ T (x, y, z) = (y − 2z, x − y − z). 4. Seja T a transforma¸ao linear definida em M2 tal que T (v) = Av, para c˜ 2 3 v ∈ M2 , onde A = . Determine a dimens˜o e encontre uma a −1 2 base da imagem, determine a dimens˜o e encontre uma base do n´cleo a u de T . 5. A transforma¸ao T : P3 → P2 que associa cada polinˆmio p(t) ao po- c˜ o linˆmio obtido pela deriva¸ao, isto ´: T (p(t)) = p (t), ´ linear. Descreva o c˜ e e o n´cleo de T . u CEDERJ 34
  • 35. N´cleo e Imagem de uma Transforma¸˜o Linear u ca AULA 20 6. Encontre uma transforma¸ao linear T : R3 → R4 cuja imagem seja c˜ gerada pelos vetores (1, 0, 2, 3) e (1, 0, −1, 5). 7. Encontre uma transforma¸ao linear T : R3 → R2 cujo n´cleo seja c˜ u gerado pelo vetor (1, 0, 3). Respostas dos exerc´ ıcios 1. (a) pertence (b) n˜o pertence a (c) n˜o pertence a (d) pertence 2. a); b); d) 3. dim N (T ) = 1; uma base de N (T ) : {(3, 2, 1)} (H´ infinitas bases.) a dim Im(T ) = 2 (Im(T ) = R ); uma base de Im(T ) : {(1, 0), (0, 1)} 2 (H´ infinitas bases.) a 0 0 4. N (T ) = ; dim N (T ) = 0; Im (T ) = M2 ; uma base para 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 a imagem de T : , , , . 0 0 0 0 1 0 0 1 5. O n´cleo de T ´ formado pelos polinˆmios constantes de P3 . u e o 6. H´ infinitas solu¸oes. a c˜ 7. H´ infinitas solu¸oes. a c˜ 35 CEDERJ
  • 36.
  • 37. Teorema do N´cleo e da Imagem u AULA 21 Aula 21 – Teorema do N´ cleo e da Imagem u Objetivo Apresentar o teorema do n´cleo e da imagem, algumas conseq¨ˆncias e exem- u ue plos. Na aula passada vimos que, se T : V → W ´ uma transforma¸ao li- e c˜ near, o n´cleo N (T ) ´ um subespa¸o vetorial de V e a imagem Im(T ) ´ um u e c e subespa¸o vetorial de W . c Nesta aula apresentaremos o teorema do n´cleo e da imagem, que re- u laciona as dimens˜o de V , N (T ) e Im(T ). a Teorema 1 Sejam V e W espa¸os vetoriais de dimewns˜o finita. Seja T : V → W uma c a transforma¸ao linear, ent˜o c˜ a dim V = dim N (T ) + dim Im(T ) . Demonstra¸ao. c˜ Seja p = dim Im(T ) e q = dim N (T ). Sejam {v1 , . . . , vq } uma base de N (T ) e {w1 , w2 , . . . , wp } uma base de Im(T ). Existem {u1 , . . . , up } ⊂ V tais que w1 = T (u1 ), w2 = T (u2 ), . . . , wp = T (up ). Vamos mostrar que o conjunto {v1 , . . . , vq , u1 , . . . , up } ´ uma base de V , o que demonstra o teorema, pois ent˜o temos e a dim V = q + p = dim N (T ) + dim Im(T ) . Vamos iniciar provando que o conjunto {v1 , . . . , vq , u1 , . . . , up } ´ LI. e Suponha que α1 u1 + · · · + αp up + β1 v1 + · · · + βq vq = 0 (1) , onde os α´s e β´s s˜o escalares. Aplicando o operator T , temos a α1 T (u1 ) + · · · + αp T (up ) + β1 T (v1 ) + · · · + βq T (vq ) = T (0) = 0 . Como T (ui ) = wi , i = 1, . . . , p e T (vi ) = 0, i = 1, . . . , q, resulta que α1 w1 + · · · + α p wp = 0 . 37 CEDERJ
  • 38. Teorema do N´cleo e da Imagem u Mas {w1 , . . . , wp } ´ um conjunto L.I. (sendo base de Im(T )), portanto e α1 = · · · = αp = 0. Substituindo na equa¸ao (1), resulta c˜ β 1 v1 + · · · + β q vq = 0 . Como {v1 , . . . , vq } ´ uma base de N (T ), ent˜o ´ um conjunto LI, o que implica e a e em β1 = · · · = βq = 0. ımos que {v1 , . . . , vq , u1 , . . . , up } ´ LI. Conclu´ e Vamos agora mostrar que esse conjunto gera V . Seja v ∈ V um vetor qualquer. Como T (v) ∈ Im(T ), ent˜o existem escalares α1 , . . . , αp tais que a T (v) = α1 w1 + . . . + αp wp = α1 T (u1 ) + . . . + αp up . Podemos escrever esta equa¸ao como c˜ T (v − α1 u1 − . . . − αp up ) = 0 ⇒ v − α1 u1 − . . . − αp up ∈ N (T ) . Como {v1 , . . . , vq } ´ uma base de N (T ), existem β1 , . . . , βq tais que e v − α 1 u1 − . . . − α p up = β 1 v1 + . . . + β q vq , ou seja v = α 1 u1 + . . . + α p up + β 1 v1 + . . . + β q vq Isto mostra que {v1 , . . . , vq , u1 , . . . , up } gera o espa¸o V . c . Exemplo 28 A proje¸ao ortogonal sobre o eixo-x ´ a transforma¸ao T : R2 → R2 dada por c˜ e c˜ T (x, y) = (x, 0). (x,y) (x,0) Figura 1: Proje¸ao ortogonal sobre o eixo-x c˜ Temos que o n´cleo de T ´ formado pelos (x, y) tais que u e T (x, y) = (x, 0) = (0, 0) ⇒ x = 0 . CEDERJ 38
  • 39. Teorema do N´cleo e da Imagem u AULA 21 Ou seja, N (T ) = {(0, y)} que ´ gerado por {(0, 1)}. Portanto dim N (T ) = 1. e A imagem de T ´ e ImT = T (x, y) = (x, 0) , que ´ um espa¸o gerado por {(0, 1)}. Portanto, dim Im(T ) = 1. e c Os valores de dim(T ) e Im(T ) confirmam o teorema do n´cleo e da u imagem, pois 2 = dim R2 = dim N (T ) + dim Im(T ) = 1 + 1 = 2 . Exemplo 29 A transforma¸ao linear T : R2 → R3 dada por c˜ T (x, y) = (x + y, x − y, x − 2y) . Vimos no exemplo 20 da aula 20 que N (T ) = {(0, 0)}. Portanto, dim R2 = dim N (T ) + dim Im(T ) ⇒ 2 = 0 + dim Im(T ) ⇒ dim Im(T ) = 2 . Para confirmar isto, vamos calcular Im(T ). Seja (a, b, c) ∈ Im(T ). Ent˜o a   x+y =a  T (x, y) = (x + y, x − y, x − 2y) = (a, b, c) ⇒ x−y =b   x − 2y = c Reduzindo este sistema, obtemos x = a+b 2 y = a−b 2 3b a 0=c− 2 − 2 Exemplo 30 No exemplo 21 da aula 20, vimos que a transforma¸ao linear T : R 4 → R3 c˜ dada por T (x, y, z, t) = (2x, x + 2y − z, x − y + z + t) tem n´cleo N (T ) = {0, k, 2k, −k)} que ´ gerado por {(0, 1, 2, −10}. Portanto u e dim N (t) = 1. Aplicando o teorema do n´cleo e da imagem, obtemos u dim R4 = dim N (T ) + dim Im(T ) ⇒ dim Im(T ) = 4 − 1 = 3 . 39 CEDERJ
  • 40. Teorema do N´cleo e da Imagem u De fato, se (a, b, c) ∈ Im(T ) ent˜o a   2x = a  (2x, x + 2y − z, x − y + z + t) = (a, b, c) ⇒ x + 2y − z = b .   x − y + z + t = cc N˜o ´ dif´ verificar que este sistema tem solu¸ao para qualquer valor de a e ıcil c˜ (a, b, c), o que demonstra que dim Im(T ) = 3. Na pr´xima se¸ao veremos algumas aplica¸oes do teorema que acaba- o c˜ c˜ mos de provar para transforma¸oes injetoras e sobrejetoras. c˜ Transforma¸oes injetoras e sobrejetoras c˜ Vamos recordar algumas defini¸oes. Uma transforma¸ao T : V → W ´ c˜ c˜ e sobrejetora quando Im(T ) = W . Como Im(T ) ´ subespa¸o de W , ent˜o, se W e c a tem dimens˜o finita, temos que T ´ sobrejetora quando dim Im(T ) = dim W . a e Uma transforma¸ao ´ injetora quando c˜ e T (v1 ) = T (v2 ) ⇒ v1 = v2 ⇒ v1 − v2 = 0 . No caso de transforma¸oes lineares, podemos dar outra caracteriza¸ao. c˜ c˜ Proposi¸˜o 1 ca Uma transforma¸ao linear T ´ injetora se, e somente se, vale o seguinte c˜ e T (v) = 0 ⇒ v = 0 . Demonstra¸ao. c˜ Se T ´ injetora ent˜o claramente vale a propriedade acima, pois T (v) = e a 0 e T (0) = 0 implica em v = 0 pela propriedade injetiva. Se vale a propriedade acima, temos que T (v1 ) = T (v2 ) ⇒ T (v1 − v2 ) = 0 ⇒ v1 − v2 = 0 ⇒ v1 = v2 . Assim, entre as tranforma¸oes lineares, as injetoras s˜o aquelas em c˜ a que apenas o vetor nulo ´ levado no vetor nulo, isto ´ T ´ injetora quando e e e N (T ) = 0. CEDERJ 40