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Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: Obama, o bom vizinho - 02/04/2009                                   Page 1 of 2



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                                                         São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

               Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

               CLÓVIS ROSSI

               Obama, o bom vizinho
               LONDRES - Antes de mais nada, uma explicação ao leitor:
               comecei a ler o noticiário internacional quando da revolta
               húngara contra o comunismo, em 1956. Tinha 13 anos.
               Portanto, o interesse pelo mundo não é recente.
               Desenvolvi uma verdadeira obsessão por conhecer
               quot;newsmakersquot;, as pessoas que fazem notícias, e vê-los em
               ação. Presidentes dos Estados Unidos são dos mais clássicos
               quot;newsmakersquot; do planeta.
               Um presidente como Barack Obama, ainda mais pelos
               motivos que todo mundo já sabe.
               Por isso, um entusiasmo juvenil me assolou ao receber a
               confirmação de que estava na lista dos jornalistas
               autorizados a acompanhar a entrevista coletiva que Obama
               daria ao lado de Gordon Brown, o premiê britânico.
               Visto como quot;newsmakerquot;, não me impressionou. O
               noticiário a respeito está páginas adiante, e você pode julgar
               por si mesmo.
               Visto como pessoa física, é outra história. É o único
               presidente norte-americano de todos os que conheci (desde
               Richard Nixon) que não exala o odor do império. Mesmo
               Bill Clinton, simpático, inteligente, superpreparado, não
               escondia o peito estufado ao falar (figuradamente, claro).
               Obama, ao contrário, parece o vizinho simpático que entra
               sem precisar de permissão na casa da gente. Eu sempre fico
               com medo de transmitir impressões pessoais, porque podem
               ser falsas.
               Só me animei a fazê-lo porque chequei com um membro da
               delegação brasileira que esteve com Lula no encontro com
               Obama e ficou com a mesmíssima impressão de quot;gente como
               a gentequot;, se me perdoa o lugar-comum.
               Até no encontro com a rainha, Obama e a mulher, Michelle,
               se comportavam com a reverência que os netos de
               antigamente tinham com os avôs. Pode até ser um fracasso



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Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: Obama, o bom vizinho - 02/04/2009                                                Page 2 of 2



                    como presidente, mas, como gente, é um bom personagem.

                    crossi@uol.com.br


                    Texto Anterior: Editoriais: Metas municipais

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                    moucos
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Folha de S.Paulo - Gilberto Dimenstein: Deus de papel - 29/03/2009                     Page 1 of 3



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                       São Paulo, domingo, 29 de março de 2009


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               GILBERTO DIMENSTEIN

               Deus de papel

               Com tantas limitações, a
               sobrevivência emocional de Gilvã
               estava ligada à poesia -era seu
               espaço de realização



               OS DEDOS atrofiados e a dificuldade de teclar no
               computador eram apenas mais um obstáculo para Gilvã
               Mendes executar o maior projeto -escrever um livro sobre
               como lhe era difícil escrever um livro. Gilvã é uma síntese de
               quase todas as marginalidades possíveis. É negro, pobre,
               nordestino, mora num bairro contaminado pelo tráfico de
               drogas e sofre de paralisia cerebral, o que dificulta os
               movimentos do corpo e da fala. Para completar, depende de
               uma cadeira de rodas para circular em Salvador, com suas
               ladeiras. A deficiência fez com que, por muito tempo, não
               tenha sido aceito numa escola. Aos 17 anos de idade, estava
               na quinta série -obviamente de uma escola pública.




               O que já era difícil ficou ainda mais difícil. Quando a
               primeira versão do livro ficou pronta, depois de dois anos de
               trabalho e noites insones, os arquivos desapareceram da
               memória do computador -um computador que, por várias
               vezes, quebrou e demorava para ser consertado. Quase
               desistiu. quot;Mas eu pensava que, se parasse, confirmaria tudo o
               que diziam e pensavam sobre mim: que eu era inútil,
               vegetativo, aleijado.quot; Depois de quatro anos, o romance
               estava, enfim, pronto. Mas ele percebeu que a realidade era
               muito mais forte do que a ficção e preferiu reescrever tudo e



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Folha de S.Paulo - Gilberto Dimenstein: Deus de papel - 29/03/2009               Page 2 of 3



               fazer um relato sobre o cotidiano de sua sobrevivência,
               mesclando com suas poesias.




               Com tantas limitações, a sobrevivência emocional de Gilvã
               estava ligada à poesia -era seu único espaço de realização.
               Ser poeta é quase que divino, Homem, menino, Ser poeta é
               viver, matar. Ser Deus, não como o todo- poderoso Jeová.
               Ser Deus de uma folha de papel, com uma caneta. Ser poeta
               é ser pateta, ser ridículo, um palhaço, ser um eterno
               apaixonado, um desgraçado, um abençoado.
               Por não ser aceito na escola, agarrava-se à leitura. quot;Enquanto
               meus irmãos apanhavam para aprender as lições da escola,
               eu olhava os livros feito um cão que deseja um frango de
               padaria.quot;
               Até que conseguiu ser matriculado, quando tinha 17 anos.
               quot;Senti vontade de raspar a cabeça, era como se tivesse
               entrado na faculdade.quot; Teve a chance de aprender a lidar
               com a internet e aprender comunicação. Aí nasceu a vontade
               de ser escritor, mas não tinha ideia dos obstáculos -teria de
               enfrentar até as ladeiras de Salvador. Uma coisa é ver o
               charme das ladeiras pelos livros de Jorge Amado; outra, pela
               visão de um cadeirante.
               Quem foi que disse que sou aleijado? Quem foi que disse
               que só vivo numa cadeira prostrado? Quem disse que eu não
               conheço de Salvador os becos, as vielas, ladeiras e botequins
               imundos, sambistas, malandros, putas, poetas e vagabundos.




               No ano passado, Gilvã entrou na faculdade para estudar
               letras -era um de seus grandes sonhos. Mas seu grande sonho
               será visto apenas amanhã, quando sair da gráfica o livro
               intitulado quot;Queria Brincar de Mudar Meu Destinoquot;.




               Por trabalhar com educação, sempre tento descobrir formas
               de motivar os alunos a aprenderem com mais profundidade,
               especialmente o prazer da leitura e da expressão -o que está
               cada vez mais difícil. Tive a possibilidade de acompanhar, ao
               longe, a briga de Gilvã. Por isso, quando me chegou às mãos,
               na semana passada, a versão final, senti-me diante de um dos
               relatos mais tocantes que já li de um estudante sobre a paixão
               pela palavra.




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Folha de S.Paulo - Gilberto Dimenstein: Deus de papel - 29/03/2009                                                          Page 3 of 3




                   PS - O título do livro é tirado de uma das poesias de Gilvã.
                   Coloquei em meu site (http://www.dimenstein.com.br/)
                   mais poesias dele, além de trechos do livro, que será lançado
                   na Bienal do Livro de Salvador.

                   gdimen@uol.com.br


                   Texto Anterior: Romolo Maggi (1912-2009): O combatente
                   italiano se encantou pelo país
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                   concentração de cães da cidade
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Folha de S.Paulo - Jorge Wilheim: Crise: o urgente e o básico<br> - 05/03/2009                                 Page 1 of 3



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                                                         São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

               Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

               TENDÊNCIAS/DEBATES

               Crise: o urgente e o básico
               JORGE WILHEIM


                Devemos considerar a crise como quot;o
                fim de um mundoquot; e torná-la
                fecunda, com criatividade e ousadia.
                A isso devemos nos dedicar



               A PRESENTE crise ultrapassa o campo financeiro e é
               daquelas que, justificando as raízes etimológicas que
               associam esse termo a quot;decisão e mudançaquot;, exigem a
               reflexão de todos: economistas, antropólogos, sociólogos,
               filósofos, intelectuais, artistas, politólogos, urbanistas.
               Reflexões e até previsões, aliás, têm sido feitas há alguns
               anos: desde as veementes denúncias de favelização mundial
               de Mike Davis às restrições de Peter Drucker; das teses de
               transformações reflexivas do capitalismo de Back, Giddens e
               Lash, segundo as quais o progresso pode tornar-se
               autodestruição, às críticas de Baumann sobre a gravidade do
               abandono dos trabalhadores; das denúncias de Rifkin de que
               a finança estava abandonando a economia às de Roubini
               vaticinando a proximidade do estouro da quot;bolhaquot;.
               Não adiantaram os avisos. Cobiça, lucros imediatos, negação
               e fraudes -apoiados em políticas neoliberais e em ausência de
               transparência e de regulamentação- levaram a melhor.
               Melhor? Por ora só há falências, desemprego e recessão, um
               panorama aparentemente catastrófico. Crise dessa amplitude
               e profundidade, no entanto, mesmo quando traumática,
               também constitui uma oportunidade a não ser desperdiçada.
               As civilizações se urbanizaram, as favelas cresceram, o
               espaço e o tempo encolheram graças à conectividade global,



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Folha de S.Paulo - Jorge Wilheim: Crise: o urgente e o básico<br> - 05/03/2009   Page 2 of 3



               as desigualdades e as injustiças sociais e de direitos
               tornaram-se insuportáveis, a quot;saúdequot; do planeta foi colocada
               em perigo em razão de ações predatórias do mercado. Isso
               constitui uma pauta nova.
               Para atender à emergência, é preciso investir recursos
               públicos em defesa do trabalho digno e da diminuição das
               desigualdades, na contramão da nefasta ação dos bem
               remunerados quot;job killersquot; da última década. Porém há que
               fazê-lo com critério. Automontadoras seriam socorridas
               somente se firmassem compromisso de acelerar a fabricação
               de veículos que consumam menos combustível, não-
               poluidores, provavelmente elétricos com baterias de
               hidrogênio.
               Crédito bancário ao consumidor final a juros baixos, teto
               para os altos salários, transparência e controle acionário
               social seriam condições para bancos receberem recursos
               públicos. Ajuda financeira pública à habitação deveria
               implicar mais regulado e limitado uso do solo urbano,
               substituindo a voracidade que consome o espaço das cidades
               por uma maior qualidade de vida para todos. E, em todos os
               casos, financiamentos públicos devem ser ponderados por
               critérios ambientais e pelo número de empregos mantidos ou
               gerados e devem ainda depender de entendimento prévio
               entre empregados e empregadores.
               Além das emergências, há no entanto uma questão básica de
               fundo: o que está em jogo nesta década é, a meu ver, quais os
               processos e os mecanismos sociais e políticos mais
               adequados para hoje operar a economia de mercado. Suas
               leis básicas -oferta e demanda, excedente de produção,
               acumulação e valor- foram estabelecidas muito antes da
               invenção do capitalismo e mesmo antes da criação da moeda.
               Se o capitalismo, seus bancos -originários da Itália
               renascentista-, seus juros e demais jogos financeiros
               desenvolvidos no mercantilismo fizeram do sistema um
               operador ágil para o financiamento da Revolução Industrial
               do século 19 e sua expansão comercial, isso não quer dizer
               que ele continue sendo, no formato atual, o operador ideal da
               economia de mercado do século 21 em diante.
               Encerrado dramaticamente o triste episódio do
               neoliberalismo, cabe ao Estado e à sociedade reverem, em
               nova articulação, quais são os limites de ação do mercado.
               Essa nova articulação, a resultar em uma economia de
               mercado de nova gestão, coerente com o interesse público e
               socialmente monitorada -embora mantendo sua criatividade-,
               é, no fundo, o desafio da crise que explodiu quando ocorreu
               o transtorno causado por uma das pontas do iceberg: a
               aventura financeira irresponsável, desnudada pela queda, no
               setor imobiliário, da primeira pedra de dominó.
               Concluindo: para planejar no século 21, devemos encontrar
               as sementes de inovação que se encontram nas dobras das
               múltiplas rupturas que ocorreram na última década do século



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Folha de S.Paulo - Jorge Wilheim: Crise: o urgente e o básico<br> - 05/03/2009                                              Page 3 of 3



                   20. Até mesmo na atual ruptura entre finanças e economia,
                   entre lucro e trabalho. Devemos considerar a crise como quot;o
                   fim de um mundoquot; e torná-la fecunda, com criatividade e
                   ousadia. Essa é a tarefa intelectual e política a que devemos,
                   todos, nos dedicar.
                   JORGE WILHEIM, 80, é arquiteto e urbanista. Foi secretário
                   municipal de Planejamento Urbano de São Paulo (governo Marta
                   Suplicy), secretário-geral da Conferência Habitat 2 da ONU
                   (Organização das Nações Unidas), secretário estadual de Economia e
                   Planejamento (governo Paulo Egydio) e secretário estadual do Meio
                   Ambiente de São Paulo (governo Quércia).


                   Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal.
                   Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos
                   problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do
                   pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br


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Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: A mãe de todos os males - 15/03/2009                           Page 1 of 2



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                                                         São Paulo, domingo, 15 de março de 2009

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               CLÓVIS ROSSI

               A mãe de todos os males
               LONDRES - A desigualdade é, pelo menos para o meu
               gosto, inaceitável do ponto de vista ético e moral. Mas é
               também quot;a mãe de todos os malesquot;, segundo o jornal
               britânico quot;The Guardianquot;, em levantamento com base no
               livro quot;O Nível do Espírito: por que sociedades mais
               igualitárias quase sempre se saem melhorquot;, de Richard
               Wilkinson e Kate Pickett.
               Ele é pesquisador do Centro para Ciências da População da
               Universidade de Nottingham. Ela, do Departamento de
               Ciências da Saúde da Universidade York.
               Dois exemplos: sociedades com alto nível de desigualdade
               registram três vezes mais doenças mentais do que países com
               bom nível de coesão social; nascem dez vezes mais bebês de
               mães adolescentes em sociedades desiguais do que nas mais
               iguais.
               No mundo desenvolvido, os Estados Unidos são os
               campeões da desigualdade: os 20% mais ricos têm renda 8,5
               vezes superior a dos 20% mais pobres. O Japão é o mais
               igualitário: os ricos têm 3,4 vezes mais que os pobres.
               Detalhe sobre o Reino Unido: foi no governo Margaret
               Thatcher, a mãe mundial do ultraliberalismo, que a
               desigualdade disparou. Começou, em 1979, com 101 (a base
               de comparação é 1974, com 100), e chegou a 130 em 1989,
               quando ela deixou o posto para John Major.
               Hoje, depois de dez anos de trabalhismo, está em 140.
               Os dados sobre desigualdade no Brasil são sabidamente
               obscenos.
               Mas igualmente obscena é a lenda da queda da desigualdade
               que alguns acadêmicos vêm espalhando, mesmo sabendo
               que a única desigualdade que caiu foi entre assalariados. Não
               caiu, até aumentou, a desigualdade relevante que é entre o
               rendimento do capital e o rendimento do trabalho.
               Espalhar essa lenda significa anestesiar, no governo e na



http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1503200903.htm                                                    1/5/2009
Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: A mãe de todos os males - 15/03/2009                                             Page 2 of 2



                    sociedade, a necessidade de combater a quot;mãe de todos os
                    malesquot;.

                    crossi@uol.com.br


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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1503200903.htm                                                                     1/5/2009
Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: A pedagogia da rua - 29/03/2009                                Page 1 of 2



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                                                         São Paulo, domingo, 29 de março de 2009

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               CLÓVIS ROSSI

               A pedagogia da rua
               LONDRES - Por imposição industrial, escrevo antes de que
               termine a manifestação de ontem no Hyde Park, a primeira
               do que pretende ser uma série de protestos contra a cúpula
               do G20 e contra a crise. O lema geral de ontem (na semana
               que vem, é outro o grito) era quot;Put People Firstquot; ou, em livre
               tradução, quot;As pessoas em primeiro lugarquot;.
               Pena que as pessoas -ao menos as que se engajam no rico
               caleidoscópio de entidades da sociedade civil que anima
               esses movimentos- estejam sendo colocadas não em primeiro
               lugar nem em segundo nem mesmo em último. Foram
               simplesmente expulsas do mundo político quot;mainstreamquot;. E
               também da mídia quot;mainstreamquot;.
               A superestrutura política virou um dueto monocórdico, com
               perdão da contradição em termos. É democratas x
               republicanos nos Estados Unidos, conservadores x
               trabalhistas no Reino Unido, social-democratas x democrata-
               cristãos na Alemanha, PT x PSDB no Brasil -todos brancos e
               de olhos azuis, para usar a metáfora de Lula, embora muito
               petista se ache preto ou índio. Pura demagogia.
               Criou-se um déficit democrático em que outras vozes não
               entram talvez porque digam verdades incômodas. Ou entram
               apenas para terem suas verdades apropriadas pela corrente
               principal, como já aconteceu com a mudança climática e
               repete-se com a crise. Esse pessoalzinho, em geral simpático,
               mas às vezes agressivo demais, dizia faz tempo que o
               modelo era intolerável. Agora, Paul Krugman, Nobel de
               Economia e como tal perfeito quot;mainstreamquot;, decreta quot;o
               fracasso de todo um modelo de banca, de um setor financeiro
               que cresceu demais e causou mais dano que bemquot;.
               É óbvio que nem sempre esses movimentos têm razão. Mas,
               hoje por hoje, é possível aprender mais na rua, mesmo sob a
               chuva fina e o friozinho bem londrinos, do que nos
               gabinetes.



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Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: A pedagogia da rua - 29/03/2009                                                  Page 2 of 2




                    crossi@uol.com.br


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                    azuisquot;, o surto chavista
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Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009                                                              Page 1 of 7



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                                                   São Paulo, domingo, 29 de março de 2009


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              Verde Aguado
              ANTHONY GIDDENS FALA DE quot;A POLÍTICA DE
              MUDANÇA CLIMÁTICAquot;, RECÉM-LANÇADO NO
              REINO UNIDO, E DIZ QUE A REUNIÃO DO G20, NA
              PRÓXIMA QUINTA, IRÁ RESULTAR EM UM
              ACORDO quot;DE FACHADAquot;

              Alexandra Winkler-5.jan.03/Reuters




              Homem caminha em várzea alagada devido à chuva em Kallmünz, na
              Alemanha; aquecimento global é tema do novo livro do sociólogo inglês,
              que é ex-reitor da London School of Economics



              Vejo o Brasil como o negociador
              entre Europa, EUA e China



              PEDRO DIAS LEITE
              DE LONDRES

              Um dos sociólogos mais influentes da atualidade, Anthony
              Giddens, 71, afirma que a crise financeira global vai redefinir
              radicalmente a sociedade em que vivemos, mas quot;muito ainda
              depende de um fenômeno em cujas mãos ainda estamos -o
              mercadoquot;.
              Para ilustrar sua opinião, reforça: quot;Toda vez que uma decisão



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Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009                                     Page 2 of 7



              é tomada, as pessoas querem saber como os mercados vão
              reagirquot;. A reunião do G20 na próxima quinta, em Londres,
              produzirá um acordo -ainda que quot;de fachadaquot;-, porque os
              mercados e as pessoas precisam ser quot;tranquilizadosquot;, diz ele.
              Giddens avalia que quot;estamos no estágio inicial de descobrir o
              que seria um novo modelo de capitalismo responsável e
              globalquot; e prevê uma convergência no debate sobre a grande
              recessão e os desafios da mudança climática.
              quot;Em ambos os casos, estamos falando de um papel forte para
              o Estado e de mais regulação, de um planejamento de mais
              longo prazo que não tivemos no passado, de controlar
              mecanismos de mercado mais efetivamente do que nos
              últimos 30 anos pelo menos, de mais inovações
              tecnológicas.quot;
              Principal ideólogo da Terceira Via, a busca de um caminho
              alternativo entre o liberalismo radical e as tendências
              estatizantes tradicionais da social-democracia, Giddens agora
              volta sua atenção para o tema do aquecimento global, em
              livro lançado na semana passada: quot;The Politics of Climate
              Changequot; (A Política de Mudança Climática, Polity Press, 256
              págs., 12,99, R$ 43).
              Ex-reitor da London School of Economics, lorde Giddens
              defende que os países ricos têm de arcar com 95% dos custos
              da luta contra o aquecimento global pelos próximos anos,
              pois quot;não é moralmente correto nem seria factível na prática
              impedir os países em desenvolvimento de se desenvolveremquot;.
              Por outro lado, o sociólogo cobra o fim da quot;atitude passivaquot;
              dos países em desenvolvimento em relação ao tema e enxerga
              o Brasil exercendo um papel de liderança, como mediador
              entre EUA, China e União Europeia.
              Giddens deu a entrevista à Folha no pub da Câmara dos
              Lordes, depois de uma pequena volta explicativa pelo local (a
              palavra quot;lobbyquot; vem do sistema britânico, em que os
              parlamentares favoráveis e contrários são separados em
              antessalas distintas antes de votar, os lobbies). No final, foi
              para casa de metrô. A seguir, os principais trechos da
              entrevista.


              FOLHA - Em seu livro, o sr. lança o quot;paradoxo de
              Giddensquot;: uma vez que os perigos do aquecimento global
              não são visíveis no dia a dia, apesar de parecerem terríveis,
              as pessoas não irão agir; contudo, esperar até que se
              tornem visíveis e sérios para então tomar uma atitude será
              tarde demais. Como lidar com isso?
              ANTHONY GIDDENS - Eu aplico o paradoxo de Giddens
              especialmente aos países desenvolvidos, porque são eles que
              têm que tomar a liderança. Por exemplo, para alguém que
              caminha pelas ruas de Londres, as enchentes de Bangladesh
              não são algo que afete o dia a dia das pessoas. Para lidar com
              isso, é preciso romper com as estratégias do passado. As



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Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009                                     Page 3 of 7



              coisas que têm saído pré-Copenhague [em dezembro haverá
              uma conferência na capital dinamarquesa para definir o
              mundo pós-protocolo de Kyoto], com os cientistas dizendo
              que quot;é muito pior do que pensávamosquot;, passam longe da
              realidade das pessoas nas ruas. Muitas questões que parecem
              apocalípticas, que saem nos jornais e na mídia, são iguais a
              filmes que as pessoas não conseguem distinguir da realidade.
              É bem difícil esperar que as pessoas comecem a agir com
              base nisso. Por isso proponho uma reorganização
              fundamental do pensamento, para focar muito mais nos
              investimentos, para ver os lados positivos do aquecimento
              global. Podemos criar uma genuína economia verde, quebrar
              a dependência do Oriente Médio, garantir segurança
              energética e levar a uma vida melhor por meio dessas
              transformações. Dizer para os empresários que eles podem se
              tornar mais competitivos. Não sou contra regulação ou metas
              para reduzir a emissão de carbono. Na verdade, sou a favor
              dessas coisas, mas não acho que elas possam mobilizar as
              pessoas. Olhe para o tipo de abordagem que o presidente [dos
              EUA, Barack] Obama produziu, é muito diferente de todos, é
              muito mais afirmativa. Não sabemos se vai ter sucesso, claro,
              porque estamos falando aqui em mudar o quot;estilo de vida
              americanoquot;. No entanto ele fala disso como um projeto
              inspirador, que tem muito mais ressonância.

              FOLHA - O sr. fala que o movimento verde sequestrou o
              debate sobre mudança climática e que é preciso sair dessa
              armadilha. Como assim?
              GIDDENS - O movimento verde começou da metade para o
              final do século 19, fortemente influenciado pela ideia
              romântica de uma crítica do industrialismo, a nostalgia de
              uma terra que não havia sido modificada pelas indústrias. Sua
              força motriz era a conservação, a proteção da natureza e do
              ambiente. Realmente deveríamos ter deixado a natureza em
              paz, só que agora é tarde demais, e maior intervenção na
              natureza será absolutamente necessária. A mudança climática
              é muito diferente das preocupações tradicionais dos verdes e,
              para lidar com ela, temos de nos livrar de alguns dos
              preconceitos que os verdes -não todos, mas alguns- têm, de
              não interferir muito na natureza, de um princípio da
              precaução. O caminho para lidar com a mudança climática
              deve ser de ousadia, inovação, o máximo uso da tecnologia.
              Não quero descartar completamente o movimento verde, pois
              tem um importante papel de trazer esses assuntos para a
              agenda, e isso tem valor. No entanto, se você olhar para o
              manifesto dos verdes globais, muito pouca coisa tem a ver
              com mudança climática. E um dos problemas é que alguns
              grupos se veem como operando fora da política,
              extremamente críticos das atividades das grandes
              corporações. Mas o vital agora para a mudança climática é
              trazer para o centro do debate algo que 60%, 70% da



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Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009                                     Page 4 of 7




              população possa compreender.

              FOLHA - Num artigo recente, o sr. mencionou que a crise
              financeira global, seus desdobramentos e o desafio de como
              lidar com a mudança climática levaram ao fim do fim da
              história. Por quê?
              GIDDENS - [Francis] Fukuyama inventou a versão moderna
              da frase do fim da história, e o que ele quis dizer foi que
              chegamos a uma fase da história em que não podemos ver
              nada diferente do mundo em que vivemos: de um lado, a
              democracia parlamentarista e, de outro, o sistema capitalista,
              com competição e mercados abertos. Acho que não se pode
              mais tomar essa posição como aceitável, pois uma sociedade
              de baixo carbono provavelmente mudará bastante o
              comportamento das pessoas, o modo como veem o mundo.
              Pode envolver uma crítica forte de viver num tipo de
              sociedade baseada no consumo, sem outros valores. O que
              quis dizer foi que temos de nos preparar para pensar
              novamente de modo muito radical lá na frente. É claro que,
              agora, temos de lidar com o mundo como o vemos. Mas sou a
              favor de um retorno parcial a certo utopismo. O mundo que
              criamos é insustentável, sabemos que não podemos continuar
              como estamos.

              FOLHA - O sr. fala que as nações em desenvolvimento
              deveriam ser autorizadas a emitir mais carbono no curto
              prazo, mas isso não funciona. Os EUA e a União Europeia,
              com medo de perderem competitividade, já disseram que
              isso é inaceitável. Como resolver essa equação?
              GIDDENS - Não podemos impedir os países em
              desenvolvimento de se desenvolverem. Não seria moralmente
              correto nem seria factível, na prática. Parte desse
              desenvolvimento tende a depender pesadamente de
              combustíveis fósseis e, logo, de emissões de carbono. É por
              isso que os países já industrializados têm de arcar com 95%
              do fardo pelos próximos 10, 15, 20 anos até, para reduzir as
              emissões. Por outro lado, é preciso que o mundo em
              desenvolvimento assuma um papel importante, não mais a
              posição passiva, de que isso quot;não tem nada a ver com a
              gentequot;. Mas, no caminho, precisamos de avanços
              tecnológicos e de grandes áreas daquilo que chamo de
              quot;convergência econômica e convergência políticaquot;, para que
              os países em desenvolvimento sigam um caminho diferente
              do que o que estão seguindo agora. Em primeiro lugar,
              estamos atrás de avanços tecnológicos que sejam capazes de
              levar os países em desenvolvimento a pular algumas etapas
              de desenvolvimento. Em segundo lugar, estamos procurando
              vários acordos bilaterais, não apenas a conferência de
              Copenhague, especialmente entre EUA e China, que
              produzem quase 50% das emissões. Idealmente, é necessário




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Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009                                     Page 5 of 7




              algum acordo entre os dois, como os EUA permitirem acesso
              a inovações tecnológicas, com a suspensão de patentes, em
              troca de algum tipo de concessão da China para os EUA. Mas
              isso é determinado politicamente. Se não há como repetir o
              modelo de desenvolvimento, temos de encontrar avanços. Até
              agora, não conseguimos. A China ainda está fazendo usinas
              de carvão. Os políticos se sentem muito confortáveis,
              prometendo cortar as emissões em 80% até 2050, mas não
              ficam nem um pouco felizes quando você diz que precisam
              começar agora. Existe muita retórica vazia nesse debate e
              temos de ver como superar isso para que os acordos sejam
              atingidos. Temos de olhar para o que pode ser feito, de modo
              a produzir uma combinação de competitividade e mudança
              tecnológica. Estou convencido de que países que seguirem o
              caminho tradicional de desenvolvimento industrial não serão
              competitivos no médio prazo.

              FOLHA - Como o sr. vê o papel do Brasil nesse debate
              sobre o clima? O que o país deveria fazer?
              GIDDENS - Vejo o Brasil como um negociador ou uma
              terceira parte nas negociações entre os EUA, a União
              Europeia e a China. Vejo o Brasil capaz de ter uma liderança
              entre os países de industrialização recente para levar os
              outros países a uma posição decente. O país pode ter um
              papel bastante importante, e seria desejável se de fato o
              exercesse. Mas isso também depende de uma liderança
              política forte.

              FOLHA - Estamos vivendo a pior crise econômica desde a
              Grande Depressão. Quais serão seus efeitos?
              GIDDENS - Depende de em que nível você está falando. Nos
              próximos dois anos e no momento, ninguém sabe realmente o
              que acontecerá, independentemente de suas credenciais
              acadêmicas. Se haverá declínio contínuo com desemprego
              crescente ou se, nesse período, haverá algum tipo de
              recuperação, pelo menos em algumas áreas. Ambos são
              possíveis. Muito depende de um fenômeno do qual ainda
              estamos nas mãos: o mercado. Toda vez que uma decisão é
              tomada, as pessoas querem saber como os mercados irão
              reagir. Ainda estamos nas mãos do mercado global, para o
              bem e para o mal. No médio prazo, pessoas como eu
              deveriam estar pensando em um modelo de capitalismo
              responsável. Pois existe uma convergência entre o debate
              sobre mudanças climáticas e a recessão, por razões óbvias.
              Nos dois casos, estamos falando de um papel forte do Estado
              e de mais regulação, de um planejamento de longo prazo que
              não houve antes, de controlar mecanismos de mercado de
              modo mais efetivo do que foi feito nos últimos 30 anos, de
              inovações tecnológicas. Mas ainda estamos no estágio inicial
              de descobrir o que seria um novo modelo de capitalismo




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              responsável e global. A crise é mundial, não importa o que a
              Europa ou os EUA façam. Essa é uma questão em aberto,
              pois os países não têm sido bons em chegar a acordos, mesmo
              quando é de seu interesse. A Rodada Doha e a Organização
              Mundial do Comércio são exemplos perfeitos.

              FOLHA - Muitos teóricos têm falado em quot;desglobalizaçãoquot;,
              como no caso do aumento do protecionismo.
              GIDDENS - A globalização é um termo que abarca muitas
              mudanças, e é preciso quebrá-lo em várias partes. Há alguns
              aspectos muito improváveis de serem revertidos, como a
              revolução das comunicações, uma das maiores forças da
              globalização. Goste-se ou não, isso ainda será o futuro: o
              mundo estará integrado imediatamente pela tecnologia e
              quase certamente isso continuará a ter avanços. Nesse
              sentido, a globalização está aqui para ficar. Mas, quando se
              fala em livre mercado, é diferente. Alguns aspectos podem
              ser revertidos, isso já aconteceu antes, e, em uma situação de
              recessão, as pessoas tendem a se voltar para seus países. Mas,
              se sabemos alguma coisa de teoria econômica, é que
              protecionismo, no final, prejudica sua própria economia.
              Nenhuma economia que se isolou do mercado global
              conseguiu realmente prosperar. Pessoalmente, não acho que o
              protecionismo voltará, como nos anos 1930.

              FOLHA - Quais são suas expectativas para o encontro do
              G20?
              GIDDENS - Acho que tem mais chances de chegar a um
              acordo do que a imprensa diz, pois esta é a primeira vez em
              que houve tal grau de reconhecimento da natureza global da
              crise. Poderá haver acordos para aumentar a transparência ou
              para expandir o papel do FMI. Mas será preciso verificar em
              que extensão serão implementadas no mundo real. O que
              certamente ocorrerá será um acordo de fachada. Haverá a
              apresentação de um acordo -ele de fato ocorrendo ou não-,
              pois todo mundo reconhece que precisamos tranquilizar o
              público e o mercado -ele de novo!

              FOLHA - Em uma palestra, o sr. afirmou que o clima do
              mundo vai mudar irremediavelmente, mas não vê isso como
              uma ameaça iminente.
              GIDDENS - O que disse é que o debate quanto à mudança
              climática é sobre riscos e sobre como analisar esse riscos. No
              momento existem várias formas de medição de risco feitas
              pelos cientistas, e o consenso parece ser que a mudança
              climática é mais iminente e mais perigosa do que
              pensávamos, mas não está claro completamente o que querem
              dizer com isso. É sensato dizer que as emissões na atmosfera
              já estão produzindo efeitos, mas, se se está falando de 2050,
              quem sabe dizer o que poderemos fazer para responder a




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Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009                                                                                Page 7 of 7



                   isso? Existem muitas divergências na comunidade científica
                   sobre quão iminentes essas coisas são, e posso dizer isso
                   porque passei os últimos dois anos estudando o tema. É muito
                   importante para países como o Brasil, com algumas
                   condições climáticas violentas, pensar em se adaptar a esse
                   novo contexto, fazer estudos de vulnerabilidade, encontrar
                   meios de convergência para procedimentos que ajudarão em
                   caso de mudanças significativas no clima. Por exemplo,
                   proteção contra enchentes, ao mesmo tempo melhorando
                   práticas de agricultura. Existe uma boa área de desconhecido
                   nos próximos 20, 30 anos. Quem sabe o mundo possa ter um
                   mecanismo de adaptação sozinho, talvez a própria natureza
                   produza uma solução. Mas o que sabemos até agora é que,
                   uma vez que as emissões forem lançadas na atmosfera, não
                   sabemos como tirá-las, e os principais gases do efeito estufa
                   podem permanecer lá por 400 anos. Há cientistas que já
                   conseguem [retirar os gases da atmosfera] em pequena escala,
                   mas não sabemos se será possível em grande escala. As
                   pessoas estão muito confusas, apesar da grande educação
                   formal.


                   ONDE ENCOMENDAR - Livros em inglês podem ser encomendados
                   pelo site

                   http://www.amazon.co.uk/


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Folha de S.Paulo - Ensaio: Administrando a empresa em tempos bicudos - 06/04/2009             Page 1 of 2



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                        São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009

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               Ensaio
               Kelley Holland

               Administrando a empresa em tempos
               bicudos
               Pense nisso: milhões de postos de trabalho foram perdidos
               desde que a recessão global começou, o que significa que
               inúmeros administradores tiveram de demitir funcionários,
               viram colegas perderem seus empregos ou foram eles
               próprios cortados.
               Além disso, a tecnologia muda freneticamente, e os gestores
               que se formaram na época dos memorandos em papel estão
               repentinamente preocupados com o Twitter, com blogs e
               com as escapadas virtuais dos seus empregados.
               Em momentos como este, é fácil que os gestores embarquem
               numa mentalidade de bunker. De fato, quem quer conversar
               com os funcionários quando a única coisa a comunicar são
               demissões, férias coletivas, cortes draconianos de gastos ou
               tudo isso junto?
               Mesmo para gestores que não se inibem pode ser difícil dar
               alguma orientação útil aos empregados. Mas é essencial que
               eles deixem suas próprias preocupações de lado e ajudem
               sua equipe a lidar com este ambiente novo e assustador. Em
               tempos de incerteza, os funcionários precisam de liderança.
               Assim, é hora de espanar o pó de alguns preceitos
               consagrados da gestão que podem ajudar nestes tempos
               difíceis.
               Primeiro, lembre-se de que liderar significa tratar os
               empregados como adultos responsáveis, não como crianças
               voluntariosas que podem ser mandadas ou amaciadas com
               meias verdades. Repetidos estudos mostram que as
               organizações funcionam melhor quando seus integrantes
               estão informados e com poderes e quando são convidados a
               contribuir e demonstrar iniciativa.
               É preciso também que os gestores sejam diretos quando se
               trata de dar más notícias. Se os empregados ouvem rumores
               de demissões, por exemplo, possivelmente passarão seus
               dias numa nuvem de preocupação sobre a tragédia iminente,



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Folha de S.Paulo - Ensaio: Administrando a empresa em tempos bicudos - 06/04/2009                                           Page 2 of 2



                    justo quando seria crucial que estivessem no seu momento
                    mais produtivo.
                    Por essa e muitas outras razões, os gestores precisam ir além
                    do seu círculo íntimo —ou emergir dos seus bunkers
                    metafóricos— para descobrir o que está realmente
                    acontecendo no resto da empresa e do setor.
                    Um pouco de inteligência emocional também faz maravilhas.
                    As pessoas trabalham melhor quando acreditam que seus
                    gestores e colegas as entendem e respeitam, quando podem
                    concluir suas frases nas reuniões e quando sentem que suas
                    ideias e opiniões são ouvidas.
                    A justiça é outro preceito básico da administração que
                    frequentemente acaba perdido em meio à confusão. Tratar as
                    pessoas com justiça não significa necessariamente tratá-las
                    como iguais. Mas estudos demonstram que empregados que
                    entendem a base das decisões administrativas e as percebem
                    como sendo justas se sentem mais confiantes de que suas
                    próprias contribuições serão reconhecidas e, portanto, ficam
                    mais motivados e engajados. Gestores inteligentes também
                    permitem que os empregados tragam mais de si mesmos para
                    o trabalho —e às vezes isso inclui coisas profundamente
                    pessoais, como religião ou orientação sexual.
                    Talvez o mais importante seja que os bons gestores
                    encontrem prazer no trabalho e deixem que todos saibam
                    disso. Quando as chefias se entusiasmam com a criação de
                    um novo anúncio ou com a obtenção de uma nova conta
                    importante, o local de trabalho fica com um clima
                    completamente diferente, mais energizado.


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                    Para exportar, Hollywood refaz filmes
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Folha de S.Paulo - Marina Silva: Potência e compromisso - 06/04/2009                                        Page 1 of 2



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                                                     São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009

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               MARINA SILVA

               Potência e compromisso
               EM LUZIÂNIA, município goiano perto de Brasília,
               acontece até quarta-feira uma conferência nacional na qual o
               país deveria estar de olho. Ali se consolida um movimento
               capaz de causar grande impacto social, embora pouco o
               percebamos hoje.
               É a 3ª Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio
               Ambiente, promovida pelos ministérios do Meio Ambiente e
               da Educação, com o tema quot;Mudanças Ambientais Globaisquot;.
               A primeira, em 2003, envolveu cerca de cinco milhões de
               pessoas de 4.000 municípios, em conferências estaduais que
               convergiram para a nacional.
               No sábado, participei, juntamente com o professor José Eli
               da Veiga, de diálogo com os 669 delegados de 11 a 14 anos.
               Voltei entusiasmada e tocada pela qualidade das
               intervenções. Confirmei meu prognóstico de seis anos atrás,
               de que essas conferências seriam paradoxalmente âncora e
               alavanca para transformar o paradigma de educação e
               também o de cidadania, incorporando-lhes questões
               essenciais para o advento da sociedade que esse momento de
               profunda crise global parece anunciar.
               Falamos sempre do que podemos fazer pelas gerações
               futuras. Em Luziânia, vi o que elas podem fazer por nós,
               agora. Um dos efeitos de seu engajamento nas propostas de
               um mundo mais sustentável e justo é a pressão exercida
               junto a pais e adultos em geral para assumirem novas
               atitudes em casa, nos espaços coletivos e profissionais, na
               política.
               Já ouvi depoimentos de empresários que mudaram o perfil de
               seus negócios após cobranças de filhos e netos. Podem
               parecer casos isolados, mas a verdade é que a infância e a
               juventude estão tendo papel inovador vital em suas casas,
               nas suas escolas e em outras instituições.
               A medir pelos cerca de 12 milhões de jovens que



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Folha de S.Paulo - Marina Silva: Potência e compromisso - 06/04/2009                                                        Page 2 of 2



                    participaram das três conferências, novos valores e práticas
                    se firmam no horizonte: respeito ao meio ambiente,
                    processos mais democráticos, horizontais, multiculturais,
                    diversificados. Um exemplo são os documentos que
                    encerram as conferências. Em lugar de lista de
                    reivindicações, entregam ao presidente da República, a
                    ministros e a outras autoridades a quot;Carta de Compromissosquot;,
                    que diz o que os próprios jovens pretendem fazer. Desde
                    medidas práticas, como limpar rios, até ações de
                    conscientização e organização.
                    Eles não têm poder, mas têm a potência dos sonhos e
                    compromisso com causas. Ensinam a quem, mesmo tendo
                    poder e ferramentas, faz muito pouco. Na terça-feira, estarão
                    em Brasília para a Caminhada Vamos Cuidar do Brasil.
                    Espera-se que os adultos tenham sensibilidade e humildade
                    para ouvir e aprender.

                    contatomarinasilva@uol.com.br
                    MARINA SILVA escreve às segundas-feiras nesta coluna.

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Folha de S.Paulo - Música vira receita médica contra doenças - 06/04/2009                     Page 1 of 3



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                        São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009

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               Música vira receita médica contra
               doenças
               Por MATTHEW GUREWITSCH

               O fato de que a música nos toca no próprio cerne de nosso
               ser é uma descoberta tão antiga quanto a consciência
               humana. Mas será que a música pode ser considerada
               medicamento?
               Uma especialista que aposta nisso é Vera Brandes, diretora
               do programa de pesquisas com música e medicina da
               Universidade Médica Privada Paracelsus, em Salzburgo,
               Áustria.
               “Sou a primeira farmacologista musical”, disse Brandes no
               ano passado em Viena. Como tal, ela vem desenvolvendo
               medicamentos na forma de música, prescritos como receita
               médica. Para promover a linha de produtos, ela ajudou a
               fundar a Sanoson (http://www.sanoson.at/), empresa que
               também cria sistemas de música sob medida para hospitais e
               clínicas.
               “Estamos preparando o lançamento de nossas terapias na
               Alemanha e na Áustria no final de 2009 e prevemos o
               lançamento nos EUA em 2010”, disse.
               O tratamento funciona assim: uma vez dado o diagnóstico
               médico, o paciente é enviado para casa com um protocolo
               musical para ouvir e músicas carregadas num tocador
               semelhante ao iPod. O timing é essencial. “Se você ouvir
               música para acalmar quando estiver num ponto ascendente
               de seu ciclo circadiano, isso não o acalmará”, explicou
               Brandes. “Pode até deixá-lo irritado.”
               Brandes e seus colaboradores analisam músicas de todo tipo
               para retirar seus “ingredientes ativos”, que então são
               misturados e balanceados para formar compostos medicinais.
               Embora eles não procurem tratar patologias graves ou
               doenças infecciosas, afirmam que seus métodos têm
               aplicações amplas em desordens psicossomáticas,
               administração de dor e o que Brandes descreve como
               “doenças da civilização”: ansiedade, depressão, insônia e
               determinados tipos de arritmia. A farmacopeia contém até



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Folha de S.Paulo - Música vira receita médica contra doenças - 06/04/2009        Page 2 of 3



               agora cerca de 55 faixas de música medicinal, e novas faixas
               estão sendo planejadas.
               Num estudo piloto, que em 2008 foi citado na reunião
               científica anual da Sociedade Psicossomática Americana,
               Brandes e seus colaboradores estudaram os efeitos da música
               sobre pacientes com hipertensão sem causas orgânicas. “O
               tratamento convencional para pacientes hipertensos é com
               betabloqueadores, que suprimem seus sintomas”, disse
               Brandes. “A música pode tratar as causas psicossomáticas
               originais.”
               Segundo seu estudo, depois de ouvir um programa musical
               criado especialmente para o paciente, por 30 minutos por
               dia, cinco dias por semana, durante quatro semanas, os
               pacientes apresentaram melhoras significativas na variação
               do ritmo cardíaco, um indicador importante da função
               nervosa autônoma.
               Brandes, 52, já foi produtora de eventos e gravações
               musicais e tem um vasto currículo na área. Mas um acidente
               de carro quase fatal em 1995 a levou a pensar numa
               mudança de carreira.
               “Quebrei as vértebras 11 e 12, passando a um milímetro da
               medula espinhal”, ela contou. “O médico disse: ‘Não vou
               poder fazer nada por você durante algum tempo, mas você
               pode cantar, se quiser’.” A equipe médica previa que
               Brandes teria que ficar imobilizada entre 10 e 14 semanas.
               Ela estava dividindo o quarto do hospital com uma budista,
               cujos amigos vinham diariamente entoar cânticos para ela.
               Após apenas 15 dias no hospital, uma ressonância magnética
               mostrou que sua espinha estava curada. “Todo o mundo
               disse que era um milagre”, contou Brandes. “Os médicos me
               mandaram para casa. Aquilo me fez refletir.”
               Brandes, que não tem diploma de estudos avançados em
               medicina ou ciência, sabia que suas teorias jamais ganhariam
               aceitação se não passassem por testes clínicos. “Desde o
               início, eu estava determinada a satisfazer os mais exigentes
               critérios científicos ocidentais”, disse.
               Além dos esforços de Brandes, a Sourcetone Interactive
               Radio, que se descreve como “o maior serviço mundial de
               saúde com música”, emprega pesquisas feitas conjuntamente
               pelo Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston, e a
               Escola de Medicina Harvard, onde o neurologista Gottfried
               Schlaug estuda os efeitos da atividade musical sobre a
               função e a plasticidade cerebrais. “Acho que é importante
               participar, fazendo música, não apenas ouvir”, disse Schlaug.
               Stefan Koelsch, pesquisador-sênior sobre o
               neurorreconhecimento da música e da linguagem na
               Universidade de Sussex, em Brighton, Reino Unido,
               concorda e está trabalhando com tratamentos musicais
               participativos para a depressão. No longo prazo, ele enxerga
               possibilidades mais amplas.
               “Fisiologicamente falando, é perfeitamente plausível que a



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                    música afete não apenas as condições psiquiátricas, mas
                    também as desordens endócrinas, autoimunes e do sistema
                    autônomo”, disse ele.
                    Vera Brandes também está pensando no futuro. “Digamos
                    que um paciente chegue sofrendo de depressão”, disse ela.
                    “O primeiro passo sempre é procurar um médico. Mas, a
                    partir disso, haverá opções de tratamento: com psicólogo,
                    antidepressivo ou música.”


                    Texto Anterior: Arte & Estilo
                    Para exportar, Hollywood refaz filmes
                    Próximo Texto: Exposição de foto jornalística em galeria
                    provoca debate
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Folha de S.Paulo - MG muda currículo do ensino médio e provoca polêmica - 08/04/2009        Page 1 of 2



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                       São Paulo, quarta-feira, 08 de abril de 2009


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               MG muda currículo do ensino médio
               e provoca polêmica
               Alunos do 2º ano têm de escolher se focam esforço em
               humanas, exatas ou biológicas

               Desde o início do ano, quem escolher por humanas, por
               exemplo, não tem mais aulas de biologia, química e física
               até o fim do 3º ano

               BRENO COSTA
               DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

               Alunos do 2º ano do ensino médio de Minas têm agora de
               optar por uma área específica (humanas, exatas ou
               biológicas) para seguir até o fim do antigo colegial. A
               medida do governo Aécio Neves (PSDB) está em vigor
               desde o início do ano. Há 200 mil matriculados nessa série
               em toda a rede estadual.
               O número de aulas continua o mesmo. O que muda é que, se
               o aluno escolhe humanas, passa a não ter mais aulas de
               biologia, química e física nos dois últimos anos do ensino
               médio.
               Já o que opta por exatas e biológicas deixa de ter aulas de
               história, geografia e língua estrangeira. A maioria dos
               vestibulares exige todo o conteúdo.
               A escolha vale para quem obtiver rendimento de 70% em
               todas as disciplinas obrigatórias do 1º ano do ensino médio.
               A direção da escola definirá a área para quem entrar no 2º
               ano após passar por recuperação em alguma disciplina.
               As normas constam de uma resolução da Secretaria da
               Educação, publicada em dezembro.
               quot;Em vez de aprender um pouco de muito conteúdo, o aluno
               vai aprender mais aprofundadamente com menos disciplinas.
               Com muita disciplina, perde-se o foco. Achamos que isso é
               mais útil para o alunoquot;, afirma o secretário-adjunto da
               Educação, João Filocre.
               O Ministério da Educação diz que o Estado tem autonomia



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Folha de S.Paulo - MG muda currículo do ensino médio e provoca polêmica - 08/04/2009                                        Page 2 of 2



                    para criar sua norma desde que não se choque com a Lei de
                    Diretrizes e Bases, que dita as regras gerais da educação no
                    país.
                    A lei federal diz que são disciplinas obrigatórias língua
                    portuguesa, matemática, educação física, filosofia e
                    sociologia.
                    Alunos ouvidos pela Folha afirmam que a ausência de
                    disciplinas básicas poderá atrapalhá-los na hora do
                    vestibular.
                    Os alunos de Minas têm a chance cursar as disciplinas que
                    não constam da grade obrigatória da sua área de ênfase.
                    Para isso, precisam estudá-las em turno extra. O aluno
                    matriculado na manhã pode cursar a aula que não faz parte
                    do currículo à tarde ou à noite, desde que haja ao menos 20
                    alunos interessados. A direção da escola, então, comunica o
                    desejo das aulas extras à secretaria, que abre a turma.
                    Uma outra possibilidade, que também depende da decisão de
                    cada uma das 1.800 escolas estaduais de ensino médio de
                    Minas, é que oito aulas de 50 minutos sejam distribuídas
                    livremente, desde que respeitado o teto de dez disciplinas no
                    2º ano e de nove no 3º ano.
                    Isso foi feito na escola Governador Milton Campos, em Belo
                    Horizonte, que tem mais de 3.700 alunos no ensino médio.
                    Segundo a diretora, Maria José Duarte, como há seis
                    disciplinas obrigatórias para cada área de ênfase, além de
                    sociologia e filosofia, exigidas por lei federal, restaram só
                    duas para serem incluídas no 2º ano.
                    Uma votação com os alunos foi feita. Na área de humanas,
                    física ficou em terceiro lugar e, portanto, fora do currículo.
                    Uma aula de biologia e uma de química foram incluídas. Na
                    área de exatas e biológicas, língua estrangeira foi sacrificada.
                    Em um colégio menor, em São João del Rei, no interior de
                    Minas, a diretora decidiu colocar todos numa só área: exatas.


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Folha de S.Paulo - Gilberto Dimenstein: Pena alternativa - 18/03/2009                        Page 1 of 2



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               GILBERTO DIMENSTEIN

               Pena alternativa


                A rua de sua casa já tinha ensinado
                a Alexandre que, na periferia,
                muitas vezes a realidade supera a
                ficção



               HAVIA CINCO PONTOS de droga na rua em que
               Alexandre De Maio morava na periferia de São Paulo, onde
               frequentemente ocorriam tiroteios. Numa das brigas entre
               quadrilhas, um bala perdida atingiu uma menina. A cena do
               sangue escorrendo pelo chão teve um impacto estético em
               Alexandre, que, até então, só fazia histórias em quadrinhos
               inspiradas nos super-heróis americanos. quot;Logo depois que o
               corpo foi retirado, me tranquei no carro para desenhar aquela
               história.quot;
               Desenhava-se, naquele dia, um encontro que faria com que a
               mistura de periferia e arte moldasse a vida de Alexandre -os
               quadrinhos chamaram a atenção de Mano Brown, líder do
               Racionais MC's, que estimulou a sua publicação.

               Desde que era menino, a habilidade artística tinha salvado
               Alexandre do tiroteio escolar. Diante da dificuldade em
               matérias como matemática, ele argumentava com os
               professores que seu futuro estava em desenho, e não seria
               justo repeti-lo por causa dos números. Em contrapartida,
               fazia uma série de projetos de artes gráficas para a escola,
               como uma espécie de pena alternativa. Numa prova de
               matemática, a professora viu que ele estava apenas
               desenhando um casal se beijando. Ela pediu o desenho de
               presente para presentear o namorado -mais uma pena
               alternativa.



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Folha de S.Paulo - Gilberto Dimenstein: Pena alternativa - 18/03/2009                                                       Page 2 of 2



                   Seus colegas gostavam daquelas histórias em quadrinhos,
                   afinal eram retratados como super-heróis, com
                   extraordinários poderes; as meninas ficavam deslumbrantes
                   nas sensuais roupas do tipo Mulher Maravilha.
                   Até que veio a imagem da menina morta com a bala perdida
                   em sua rua. quot;Vi como era bobo eu ficar me inspirando com
                   os super-heróis.quot;

                   A fonte de inspiração estava bem à frente, a começar da
                   briga de gangues de sua rua. Nasciam assim seus quadrinhos
                   e a descoberta do rap, dos Racionais. Decidiu, então, ilustrar
                   as letras do grupo. Mano Brown mostrou as tiras para o
                   escritor Ferréz, que, em parceria com Alexandre, escreveu
                   quot;Os inimigos não mandam floresquot;.
                   Em meio a seus quadrinhos, Alexandre começou a fazer
                   publicações para relatar o movimento cultural da periferia,
                   quase nunca coberto pelos meios de comunicação. Foi um
                   dos primeiros a falar da onda de saraus poéticos que
                   surgiram num bar (Zé do Batidão) da zona sul.


                   Seu projeto mais ambicioso é fazer uma revista periódica
                   apenas com quadrinhos sobre a periferia -a primeira história
                   já está pronta, feita em parceria com Ferréz. A rua de sua
                   casa da adolescência já tinha ensinado a Alexandre que, na
                   periferia, muitas vezes a realidade supera a ficção.


                   PS - Coloquei em meu site
                   (http://www.dimenstein.com.br/) uma coleção dos
                   desenhos do Alexandre -entende-se como ele conseguiu
                   passar em matemática.

                   gdimen@uol.com.br


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Folha de S.Paulo - TENDÊNCIAS/DEBATES<br>Gesner Oliveira: Água: escassez e uso... Page 1 of 3



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                                                        São Paulo, terça-feira, 31 de março de 2009


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              TENDÊNCIAS/DEBATES

              Água: escassez e uso sustentável na
              crise
              GESNER OLIVEIRA


              Impõe-se, sobretudo aos grandes
              setores usuários da água, uma
              reflexão sobre o modo como tem
              sido utilizado esse recurso finito


              A CRISE econômica mundial, além de trazer os já
              conhecidos efeitos na esfera produtiva -redução de
              investimentos, desemprego, perda de ativos, entre outros-,
              repercute sobre a questão da água.
              Recentemente, em Washington, durante a Water Week 2009
              -evento organizado anualmente pelo Banco Mundial que
              reúne representantes de governos, empresas de saneamento e
              ONGs-, evidenciou-se que a atual crise veio se somar às
              preocupações habituais em relação à conservação da água e
              ao acesso ao saneamento.
              Além dos desafios associados à degradação ambiental, ao
              desperdício, às mudanças climáticas, aos usos não
              sustentáveis em processos produtivos, ao crescimento
              populacional e à miséria, teme-se que a crise traga impactos
              negativos devido à tendência de redução dos investimentos
              em serviços de infraestrutura, como energia, saneamento,
              transporte e irrigação. Tais impactos são danosos porque
              investimentos em infraestrutura são propulsores do
              crescimento econômico e da redução da pobreza.
              A crise constitui, assim, ameaça à continuidade das ações
              necessárias para atingir as metas estabelecidas para o
              desenvolvimento do milênio.



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              Garantir a sustentabilidade ambiental é uma das metas
              aprovadas em 2000 no âmbito da ONU e que compreendem
              oito macro-objetivos a serem alcançados até 2015. No campo
              dos recursos hídricos, o cumprimento das metas requer
              implantação de instrumentos que visem à gestão integrada,
              bem como o desenvolvimento de mecanismos para sua
              conservação e seu uso sustentável.
              A preocupação com a universalização do acesso à água, sua
              conservação para fins múltiplos e a resolução de conflitos de
              uso tornam o tema prioritário na agenda internacional.
              Impõe-se, especialmente aos grandes setores usuários da
              água, uma revisão de procedimentos e reflexão sobre o modo
              como tem sido utilizado esse recurso finito e vulnerável.
              Embora o Brasil possua expressivo potencial hídrico -12%
              da disponibilidade mundial-, há bacias hidrográficas
              localizadas em áreas que apresentam combinação de baixa
              disponibilidade e grande utilização, como é o caso da bacia
              hidrográfica do Alto Tietê, onde está a região metropolitana
              de São Paulo.
              Nesse contexto, é mais urgente acelerar investimentos em
              programas de coleta e tratamento de esgoto e em ações de
              redução de perdas de água. É o que a Sabesp tem feito nos
              365 municípios onde opera, seguindo orientação do governo
              José Serra.
              O percentual de tratamento de esgoto subiu de 63% em 2006
              para 72% em 2008, permitindo incorporar 1,3 milhão de
              pessoas, equivalente à população de Guarulhos. A perda de
              água caiu de 32% do faturamento em 2006 para 28% no ano
              passado, contra média nacional de 40%. Tal declínio
              propiciou economia suficiente para abastecer uma cidade de
              600 mil habitantes, como São José dos Campos. A meta é
              atingir 13% em 2019, que corresponde ao padrão de
              eficiência dos países desenvolvidos.
              Tão importante quanto o investimento em saneamento é
              mobilizar a sociedade para usar a água sem desperdício e
              despejar corretamente o esgoto doméstico nas redes
              coletoras.
              É inócuo investir em coleta e tratamento de esgotos se a
              população não faz a ligação correta do imóvel às redes. E as
              prefeituras devem ficar atentas e fiscalizar.
              O compromisso com o meio ambiente é hoje pré-requisito
              para a obtenção de financiamentos e de parcerias no Brasil e
              no exterior, sem as quais não será possível viabilizar projetos
              essenciais na área.
              Em contraste com a maioria das empresas na atual
              conjuntura, a Sabesp manteve de forma segura seu plano de
              investimentos, que somarão R$ 6 bilhões entre 2007 e 2010.
              A política de austeridade da Sabesp tem sido crucial para
              manter o acesso a linhas de financiamento de longo prazo
              com taxas de juros mais baixas e prazos adequados. Assim,
              tem sido possível o apoio do Banco Mundial, do BID, da Jica



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                   (Japan International Cooperation Agency), entre outras
                   instituições.
                   Nos momentos de expansão, é preciso atenção para garantir a
                   conservação e o uso sustentável da água. Nos momentos de
                   crise, tal preocupação deve ser redobrada para não
                   descontinuar a formação da infraestrutura básica. A
                   manutenção dos programas de investimento no saneamento
                   torna-se particularmente importante.
                   Daí a determinação da Sabesp de manter seu plano de
                   investimento e perseguir a universalização dos serviços de
                   saneamento.
                   GESNER OLIVEIRA , 52, doutor em economia pela Universidade da
                   Califórnia (Berkeley), professor da FGV-EAESP, é presidente da Sabesp
                   (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Foi
                   presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e
                   colunista da Folha .

                   Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal.
                   Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos
                   problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do
                   pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br


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                   perfeito

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Folha de S.Paulo - Emílio Odebrecht: O compromisso de cada um - 26/04/2009                                Page 1 of 2



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                                                         São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009

               Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

               EMÍLIO ODEBRECHT

               O compromisso de cada um
               NO PASSADO, era normal que trabalhadores e executivos
               deixassem às empresas o planejamento e a gestão de suas
               carreiras. Trabalhavam muito, atualizavam-se pouco e quase
               não pensavam em mudanças. Alguns ficavam décadas na
               mesma função.
               Raros eram os que adquiriam novas competências, ainda
               mais por conta própria. No máximo, reciclavam as antigas.
               A realidade mudou. Autodesenvolvimento passou a ser a
               chave do êxito para os profissionais no mundo de hoje,
               porque o propósito do aprimoramento constante deve ser
               uma responsabilidade do indivíduo para consigo, não da
               empresa para com ele.
               O mundo do trabalho agora exige de quem nele se insere que
               tome as rédeas de seu próprio destino.
               Quem investe em si mesmo demonstra estar comprometido
               com sua realização profissional -pela busca do domínio
               pleno naquilo em que se especializou-, com sua realização
               econômica -pelo compartilhamento dos resultados que ajuda
               a empresa a gerar- e com sua realização emocional, como
               um corolário do que almeja conquistar na vida.
               Mas, para isso, é indispensável que principalmente o
               trabalhador jovem se imponha o desafio de aprender a
               aprender, o que significa ter a capacidade de interpretar a
               realidade a partir das referências a seu alcance, formular
               novos conceitos e levá-los à prática.
               Uma condição para o aprimoramento das pessoas é esta
               aptidão, que chamo de pensar conceitualmente. Outra
               condição é a capacidade de autoavaliar-se e identificar com
               espírito crítico carências e motivações.
               Ocorre que, se a prática da autoeducação é o fermento que
               promove a ascensão do indivíduo, nem sempre isso é uma
               tarefa fácil.
               Em algumas circunstâncias, os resultados somente serão



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Folha de S.Paulo - Emílio Odebrecht: O compromisso de cada um - 26/04/2009                                                  Page 2 of 2



                    alcançados se a predisposição de quem deseja aprender
                    encontrar respaldo em um líder-educador que, ao perceber o
                    potencial e o desejo de crescimento do liderado, tem a
                    coragem de lhe atribuir responsabilidades que se mostram
                    acima das qualificações que demonstra no momento. O
                    efeito imediato desse gesto é a busca do conhecimento e das
                    competências exigidas para a superação dos novos desafio.
                    Meu pai, Norberto Odebrecht, até hoje lembra com gratidão
                    de um pastor luterano, de nome Arnold, que lhe ensinou a ler
                    e, sobretudo, a entender o mundo. Era um preceptor.
                    No âmbito das organizações empresariais, o líder-educador
                    exerce esse papel. A partir de sua autoeducação, pratica a
                    pedagogia da presença, oferecendo tempo, presença,
                    experiência e exemplos àqueles que têm no
                    autodesenvolvimento um compromisso com o próprio
                    futuro.
                    EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.


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Folha de S.Paulo - Marina Silva: Com o nosso chapéu - 27/04/2009                                            Page 1 of 2



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                                                     São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

               Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

               MARINA SILVA

               Com o nosso chapéu
               NA SEMANA que passou, a Folha trouxe excelente
               reportagem (22/4, Dinheiro) de Marta Salomon mostrando,
               com base em estudo da organização não governamental
               Amigos da Terra (quot;A Hora da Conta: Pecuária, Amazônia e
               Conjunturaquot;), o avanço da pecuária na Amazônia e,
               especialmente, a migração para lá de grandes frigoríficos,
               com recursos do BNDES.
               Nada contra a pujança do setor. Tudo contra a maneira
               anárquica e predatória como se instala na Amazônia,
               alavancada por dinheiro público e sem condicionantes
               sociais e ambientais. Até com certa afronta, o presidente da
               associação que representa os grandes frigoríficos fecha
               questão: quot;Não dá para ter condicionantes. Acabar com o
               abate de gado de origem ilegal é desejável, mas
               impraticávelquot;.
               E como fica o governo e suas normas de proteção ambiental
               (decreto presidencial do final de 2007) que determinam a
               criminalização de toda a cadeia produtiva originada de
               práticas ilegais?
               Para conceder Bolsa Família, acertadamente são exigidas
               várias contrapartidas dos beneficiários.
               Por que não se faz o mesmo com outros setores, aos quais
               nada se pede em troca?
               O uso de ferramentas econômicas para redirecionar ou criar
               novos processos em benefício de toda a sociedade é dever do
               Estado, e sem isso ficaríamos sempre presos à teia dos
               interesses imediatistas e de seu pragmatismo. Mas falta ao
               Estado brasileiro inteligência estratégica para extrair dos
               empreendimentos um plus na forma de nova qualidade na
               produção, de compromissos para além da realização dos
               objetivos de negócio. O BNDES, no fundo, usa recursos da
               sociedade contra ela mesma. Se abre o cofre sem qualificar
               social e ambientalmente o resultado que espera do



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Folha de S.Paulo - Marina Silva: Com o nosso chapéu - 27/04/2009                                                            Page 2 of 2



                    investimento, em lugar de contribuir para o cumprimento das
                    leis, financia o desprezo por elas até o ponto de os
                    beneficiários declararem em alto e bom som que não vão
                    cumpri-las. E ponto final.
                    Nunca houve discussão séria sobre as dimensões que cercam
                    o apoio ao setor agropecuário. A agenda tradicional fala só
                    de anistia, perdão de dívida, créditos subsidiados. Com a
                    conivência dos governos, que não as exigem, não se fala de
                    contrapartidas na forma de colaboração para proteger rios e
                    florestas, potencializar o uso correto da biodiversidade e
                    outros itens de interesse coletivo.
                    O irônico é que os cuidados ambientais revertem em
                    benefício da própria produção, no longo prazo. Que parte do
                    agronegócio se recuse a pensar nesses termos é lastimável,
                    mas compreensível. O que não dá para entender -nem
                    aceitar- é que as instituições públicas operem na mesma
                    lógica.

                    contatomarinasilva@uol.com.br


                    MARINA SILVA escreve às segundas-feiras nesta coluna.


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Folha de S.Paulo - Ponto de Fuga: Inteligência e afeto - 26/04/2009                              Page 1 of 3



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                                          São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009

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               Ponto de Fuga

               Inteligência e afeto

                Tzvetan Todorov é um pensador e
                teórico de primeira importância;
                interroga-se, em seu livro alarmado,
                sobre o que teria posto a literatura
                em perigo pela teoria


               JORGE COLI
               COLUNISTA DA FOLHA

               Tomemos como exemplo os alunos dos cursos de letras das
               universidades brasileiras: boa parte, com idades que variam
               em torno dos 20 anos, pouco ou quase nada leu de nossos
               romancistas ou poetas. Quase nenhum deles ouviu falar de
               Baudelaire, Edgar Allan Poe, Goethe, Fernando Pessoa, e
               raríssimos os leram. (...) O fato é que, até este momento, com
               raras exceções, a literatura -pelo menos de maneira direta,
               isto é, mediante a leitura de romances, contos, poemas etc.-
               não participou de sua formação intelectual e afetivaquot;...
               Quem escreve isso é Caio Meira, na introdução para quot;A
               Literatura em Perigoquot;, livro de Tzvetan Todorov, que ele
               traduziu com elegância para a Difel (2009).
               Caio Meira atua não num departamento quot;de letrasquot;, como diz
               seu texto, mas num dos departamentos quot;de teoria literáriaquot;
               que se multiplicaram pelo Brasil afora. Há algumas décadas,
               envergonhados de não parecerem suficientemente rigorosos
               ou científicos, eles abandonaram as belas denominações
               humanistas (de letras, de estudos literários ou de literatura)
               para proclamar a indiscutível tirania teórica.
               Nas universidades, com, felizmente, boas exceções, muitos
               alunos não são levados a ampliar e assentar uma cultura
               nascida pelo afeto. Leem, de maneira instrumental, sob
               encomenda, o romance ou o poema ao qual se refere o
               grande nome das teorias que estudam no momento. Chegam



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Folha de S.Paulo - Ponto de Fuga: Inteligência e afeto - 26/04/2009              Page 2 of 3



               a Proust, a Dickens ou a Leopardi não pelo interesse ou pela
               paixão que esses autores deveriam despertar, impondo a
               urgência da leitura, mas por desencarnada necessidade
               técnica ou profissional.

               Mapa
               Todorov é um pensador e teórico de primeira importância.
               Interroga-se, em seu livro alarmado, quase manifesto, sobre
               o que teria posto a literatura em perigo pela teoria e levado
               quot;o ponteiro da balança a não se deter num ponto de
               equilíbrioquot;.
               Esmiúça várias causas. Afirma, porém, graças ao tom
               pessoal e biográfico com que o livro começa, a necessidade
               de um percurso íntimo com a ficção e a poesia.
               Qualquer teoria pode servir como atalho, economizando a
               frequentação de romances e poemas. Mas apenas essa
               frequentação conduz ao saber mais profundo, em grande
               parte intuitivo e silencioso.
               É fácil identificar a esterilidade: está ali onde o prazer da
               leitura foi substituído pela engenhosidade analítica. Quando
               o pensamento astucioso eliminou os procedimentos
               sedimentares que só a assimilação das obras lidas pode
               provocar.

               Trono
               quot;Estaria eu sugerindo que o ensino da disciplina [teórica]
               deve se apagar inteiramente em prol do ensino das obras?quot;,
               escreve Todorov.
               As diversas teorias literárias são fecundas. Para tanto, porém,
               devem limitar-se ao papel de um instrumento, possível e
               parcial, como servas humildes, e não tiranas triunfantes.
               Antes delas vem a leitura vivida e humanista.
               quot;Em nenhum caso o estudo desses meios de acesso pode
               substituir o sentido da obra, que é o seu fimquot;, diz Todorov.
               Caso contrário, desaparece a cultura individual, e tais meios
               tornam-se a melhor alavanca para a ignorância.

               Identidades
               Entre os livros de Todorov está, fascinante, quot;A Conquista da
               América - A Questão do Outroquot; (Martins Fontes, 1983). Ao
               ler as narrativas deixadas no século 16 sobre a América
               espanhola, mostra, junto ao tremendo genocídio cometido
               pelos europeus, modos, tantas vezes assustadores e sempre
               complexos, de delinear o perfil de si mesmo e do outro.
               jorgecoli@uol.com.br


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Folha de S.Paulo - Ponto de Fuga: Inteligência e afeto - 26/04/2009                                                         Page 3 of 3




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  • 1. Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: Obama, o bom vizinho - 02/04/2009 Page 1 of 2 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice CLÓVIS ROSSI Obama, o bom vizinho LONDRES - Antes de mais nada, uma explicação ao leitor: comecei a ler o noticiário internacional quando da revolta húngara contra o comunismo, em 1956. Tinha 13 anos. Portanto, o interesse pelo mundo não é recente. Desenvolvi uma verdadeira obsessão por conhecer quot;newsmakersquot;, as pessoas que fazem notícias, e vê-los em ação. Presidentes dos Estados Unidos são dos mais clássicos quot;newsmakersquot; do planeta. Um presidente como Barack Obama, ainda mais pelos motivos que todo mundo já sabe. Por isso, um entusiasmo juvenil me assolou ao receber a confirmação de que estava na lista dos jornalistas autorizados a acompanhar a entrevista coletiva que Obama daria ao lado de Gordon Brown, o premiê britânico. Visto como quot;newsmakerquot;, não me impressionou. O noticiário a respeito está páginas adiante, e você pode julgar por si mesmo. Visto como pessoa física, é outra história. É o único presidente norte-americano de todos os que conheci (desde Richard Nixon) que não exala o odor do império. Mesmo Bill Clinton, simpático, inteligente, superpreparado, não escondia o peito estufado ao falar (figuradamente, claro). Obama, ao contrário, parece o vizinho simpático que entra sem precisar de permissão na casa da gente. Eu sempre fico com medo de transmitir impressões pessoais, porque podem ser falsas. Só me animei a fazê-lo porque chequei com um membro da delegação brasileira que esteve com Lula no encontro com Obama e ficou com a mesmíssima impressão de quot;gente como a gentequot;, se me perdoa o lugar-comum. Até no encontro com a rainha, Obama e a mulher, Michelle, se comportavam com a reverência que os netos de antigamente tinham com os avôs. Pode até ser um fracasso mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 2. Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: Obama, o bom vizinho - 02/04/2009 Page 2 of 2 como presidente, mas, como gente, é um bom personagem. crossi@uol.com.br Texto Anterior: Editoriais: Metas municipais Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Ouvidos moucos Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 3. Folha de S.Paulo - Gilberto Dimenstein: Deus de papel - 29/03/2009 Page 1 of 3 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, domingo, 29 de março de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice GILBERTO DIMENSTEIN Deus de papel Com tantas limitações, a sobrevivência emocional de Gilvã estava ligada à poesia -era seu espaço de realização OS DEDOS atrofiados e a dificuldade de teclar no computador eram apenas mais um obstáculo para Gilvã Mendes executar o maior projeto -escrever um livro sobre como lhe era difícil escrever um livro. Gilvã é uma síntese de quase todas as marginalidades possíveis. É negro, pobre, nordestino, mora num bairro contaminado pelo tráfico de drogas e sofre de paralisia cerebral, o que dificulta os movimentos do corpo e da fala. Para completar, depende de uma cadeira de rodas para circular em Salvador, com suas ladeiras. A deficiência fez com que, por muito tempo, não tenha sido aceito numa escola. Aos 17 anos de idade, estava na quinta série -obviamente de uma escola pública. O que já era difícil ficou ainda mais difícil. Quando a primeira versão do livro ficou pronta, depois de dois anos de trabalho e noites insones, os arquivos desapareceram da memória do computador -um computador que, por várias vezes, quebrou e demorava para ser consertado. Quase desistiu. quot;Mas eu pensava que, se parasse, confirmaria tudo o que diziam e pensavam sobre mim: que eu era inútil, vegetativo, aleijado.quot; Depois de quatro anos, o romance estava, enfim, pronto. Mas ele percebeu que a realidade era muito mais forte do que a ficção e preferiu reescrever tudo e mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 4. Folha de S.Paulo - Gilberto Dimenstein: Deus de papel - 29/03/2009 Page 2 of 3 fazer um relato sobre o cotidiano de sua sobrevivência, mesclando com suas poesias. Com tantas limitações, a sobrevivência emocional de Gilvã estava ligada à poesia -era seu único espaço de realização. Ser poeta é quase que divino, Homem, menino, Ser poeta é viver, matar. Ser Deus, não como o todo- poderoso Jeová. Ser Deus de uma folha de papel, com uma caneta. Ser poeta é ser pateta, ser ridículo, um palhaço, ser um eterno apaixonado, um desgraçado, um abençoado. Por não ser aceito na escola, agarrava-se à leitura. quot;Enquanto meus irmãos apanhavam para aprender as lições da escola, eu olhava os livros feito um cão que deseja um frango de padaria.quot; Até que conseguiu ser matriculado, quando tinha 17 anos. quot;Senti vontade de raspar a cabeça, era como se tivesse entrado na faculdade.quot; Teve a chance de aprender a lidar com a internet e aprender comunicação. Aí nasceu a vontade de ser escritor, mas não tinha ideia dos obstáculos -teria de enfrentar até as ladeiras de Salvador. Uma coisa é ver o charme das ladeiras pelos livros de Jorge Amado; outra, pela visão de um cadeirante. Quem foi que disse que sou aleijado? Quem foi que disse que só vivo numa cadeira prostrado? Quem disse que eu não conheço de Salvador os becos, as vielas, ladeiras e botequins imundos, sambistas, malandros, putas, poetas e vagabundos. No ano passado, Gilvã entrou na faculdade para estudar letras -era um de seus grandes sonhos. Mas seu grande sonho será visto apenas amanhã, quando sair da gráfica o livro intitulado quot;Queria Brincar de Mudar Meu Destinoquot;. Por trabalhar com educação, sempre tento descobrir formas de motivar os alunos a aprenderem com mais profundidade, especialmente o prazer da leitura e da expressão -o que está cada vez mais difícil. Tive a possibilidade de acompanhar, ao longe, a briga de Gilvã. Por isso, quando me chegou às mãos, na semana passada, a versão final, senti-me diante de um dos relatos mais tocantes que já li de um estudante sobre a paixão pela palavra. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 5. Folha de S.Paulo - Gilberto Dimenstein: Deus de papel - 29/03/2009 Page 3 of 3 PS - O título do livro é tirado de uma das poesias de Gilvã. Coloquei em meu site (http://www.dimenstein.com.br/) mais poesias dele, além de trechos do livro, que será lançado na Bienal do Livro de Salvador. gdimen@uol.com.br Texto Anterior: Romolo Maggi (1912-2009): O combatente italiano se encantou pelo país Próximo Texto: Bairro na zona sul de SP tem maior concentração de cães da cidade Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 6. Folha de S.Paulo - Jorge Wilheim: Crise: o urgente e o básico<br> - 05/03/2009 Page 1 of 3 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice TENDÊNCIAS/DEBATES Crise: o urgente e o básico JORGE WILHEIM Devemos considerar a crise como quot;o fim de um mundoquot; e torná-la fecunda, com criatividade e ousadia. A isso devemos nos dedicar A PRESENTE crise ultrapassa o campo financeiro e é daquelas que, justificando as raízes etimológicas que associam esse termo a quot;decisão e mudançaquot;, exigem a reflexão de todos: economistas, antropólogos, sociólogos, filósofos, intelectuais, artistas, politólogos, urbanistas. Reflexões e até previsões, aliás, têm sido feitas há alguns anos: desde as veementes denúncias de favelização mundial de Mike Davis às restrições de Peter Drucker; das teses de transformações reflexivas do capitalismo de Back, Giddens e Lash, segundo as quais o progresso pode tornar-se autodestruição, às críticas de Baumann sobre a gravidade do abandono dos trabalhadores; das denúncias de Rifkin de que a finança estava abandonando a economia às de Roubini vaticinando a proximidade do estouro da quot;bolhaquot;. Não adiantaram os avisos. Cobiça, lucros imediatos, negação e fraudes -apoiados em políticas neoliberais e em ausência de transparência e de regulamentação- levaram a melhor. Melhor? Por ora só há falências, desemprego e recessão, um panorama aparentemente catastrófico. Crise dessa amplitude e profundidade, no entanto, mesmo quando traumática, também constitui uma oportunidade a não ser desperdiçada. As civilizações se urbanizaram, as favelas cresceram, o espaço e o tempo encolheram graças à conectividade global, mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 7. Folha de S.Paulo - Jorge Wilheim: Crise: o urgente e o básico<br> - 05/03/2009 Page 2 of 3 as desigualdades e as injustiças sociais e de direitos tornaram-se insuportáveis, a quot;saúdequot; do planeta foi colocada em perigo em razão de ações predatórias do mercado. Isso constitui uma pauta nova. Para atender à emergência, é preciso investir recursos públicos em defesa do trabalho digno e da diminuição das desigualdades, na contramão da nefasta ação dos bem remunerados quot;job killersquot; da última década. Porém há que fazê-lo com critério. Automontadoras seriam socorridas somente se firmassem compromisso de acelerar a fabricação de veículos que consumam menos combustível, não- poluidores, provavelmente elétricos com baterias de hidrogênio. Crédito bancário ao consumidor final a juros baixos, teto para os altos salários, transparência e controle acionário social seriam condições para bancos receberem recursos públicos. Ajuda financeira pública à habitação deveria implicar mais regulado e limitado uso do solo urbano, substituindo a voracidade que consome o espaço das cidades por uma maior qualidade de vida para todos. E, em todos os casos, financiamentos públicos devem ser ponderados por critérios ambientais e pelo número de empregos mantidos ou gerados e devem ainda depender de entendimento prévio entre empregados e empregadores. Além das emergências, há no entanto uma questão básica de fundo: o que está em jogo nesta década é, a meu ver, quais os processos e os mecanismos sociais e políticos mais adequados para hoje operar a economia de mercado. Suas leis básicas -oferta e demanda, excedente de produção, acumulação e valor- foram estabelecidas muito antes da invenção do capitalismo e mesmo antes da criação da moeda. Se o capitalismo, seus bancos -originários da Itália renascentista-, seus juros e demais jogos financeiros desenvolvidos no mercantilismo fizeram do sistema um operador ágil para o financiamento da Revolução Industrial do século 19 e sua expansão comercial, isso não quer dizer que ele continue sendo, no formato atual, o operador ideal da economia de mercado do século 21 em diante. Encerrado dramaticamente o triste episódio do neoliberalismo, cabe ao Estado e à sociedade reverem, em nova articulação, quais são os limites de ação do mercado. Essa nova articulação, a resultar em uma economia de mercado de nova gestão, coerente com o interesse público e socialmente monitorada -embora mantendo sua criatividade-, é, no fundo, o desafio da crise que explodiu quando ocorreu o transtorno causado por uma das pontas do iceberg: a aventura financeira irresponsável, desnudada pela queda, no setor imobiliário, da primeira pedra de dominó. Concluindo: para planejar no século 21, devemos encontrar as sementes de inovação que se encontram nas dobras das múltiplas rupturas que ocorreram na última década do século mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 8. Folha de S.Paulo - Jorge Wilheim: Crise: o urgente e o básico<br> - 05/03/2009 Page 3 of 3 20. Até mesmo na atual ruptura entre finanças e economia, entre lucro e trabalho. Devemos considerar a crise como quot;o fim de um mundoquot; e torná-la fecunda, com criatividade e ousadia. Essa é a tarefa intelectual e política a que devemos, todos, nos dedicar. JORGE WILHEIM, 80, é arquiteto e urbanista. Foi secretário municipal de Planejamento Urbano de São Paulo (governo Marta Suplicy), secretário-geral da Conferência Habitat 2 da ONU (Organização das Nações Unidas), secretário estadual de Economia e Planejamento (governo Paulo Egydio) e secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo (governo Quércia). Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Marco Antonio Villa: Ditadura à brasileira Próximo Texto: Painel do Leitor Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 9. Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: A mãe de todos os males - 15/03/2009 Page 1 of 2 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, domingo, 15 de março de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice CLÓVIS ROSSI A mãe de todos os males LONDRES - A desigualdade é, pelo menos para o meu gosto, inaceitável do ponto de vista ético e moral. Mas é também quot;a mãe de todos os malesquot;, segundo o jornal britânico quot;The Guardianquot;, em levantamento com base no livro quot;O Nível do Espírito: por que sociedades mais igualitárias quase sempre se saem melhorquot;, de Richard Wilkinson e Kate Pickett. Ele é pesquisador do Centro para Ciências da População da Universidade de Nottingham. Ela, do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade York. Dois exemplos: sociedades com alto nível de desigualdade registram três vezes mais doenças mentais do que países com bom nível de coesão social; nascem dez vezes mais bebês de mães adolescentes em sociedades desiguais do que nas mais iguais. No mundo desenvolvido, os Estados Unidos são os campeões da desigualdade: os 20% mais ricos têm renda 8,5 vezes superior a dos 20% mais pobres. O Japão é o mais igualitário: os ricos têm 3,4 vezes mais que os pobres. Detalhe sobre o Reino Unido: foi no governo Margaret Thatcher, a mãe mundial do ultraliberalismo, que a desigualdade disparou. Começou, em 1979, com 101 (a base de comparação é 1974, com 100), e chegou a 130 em 1989, quando ela deixou o posto para John Major. Hoje, depois de dez anos de trabalhismo, está em 140. Os dados sobre desigualdade no Brasil são sabidamente obscenos. Mas igualmente obscena é a lenda da queda da desigualdade que alguns acadêmicos vêm espalhando, mesmo sabendo que a única desigualdade que caiu foi entre assalariados. Não caiu, até aumentou, a desigualdade relevante que é entre o rendimento do capital e o rendimento do trabalho. Espalhar essa lenda significa anestesiar, no governo e na http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1503200903.htm 1/5/2009
  • 10. Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: A mãe de todos os males - 15/03/2009 Page 2 of 2 sociedade, a necessidade de combater a quot;mãe de todos os malesquot;. crossi@uol.com.br Texto Anterior: Editoriais: Todos fichados Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Tagarelando Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1503200903.htm 1/5/2009
  • 11. Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: A pedagogia da rua - 29/03/2009 Page 1 of 2 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, domingo, 29 de março de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice CLÓVIS ROSSI A pedagogia da rua LONDRES - Por imposição industrial, escrevo antes de que termine a manifestação de ontem no Hyde Park, a primeira do que pretende ser uma série de protestos contra a cúpula do G20 e contra a crise. O lema geral de ontem (na semana que vem, é outro o grito) era quot;Put People Firstquot; ou, em livre tradução, quot;As pessoas em primeiro lugarquot;. Pena que as pessoas -ao menos as que se engajam no rico caleidoscópio de entidades da sociedade civil que anima esses movimentos- estejam sendo colocadas não em primeiro lugar nem em segundo nem mesmo em último. Foram simplesmente expulsas do mundo político quot;mainstreamquot;. E também da mídia quot;mainstreamquot;. A superestrutura política virou um dueto monocórdico, com perdão da contradição em termos. É democratas x republicanos nos Estados Unidos, conservadores x trabalhistas no Reino Unido, social-democratas x democrata- cristãos na Alemanha, PT x PSDB no Brasil -todos brancos e de olhos azuis, para usar a metáfora de Lula, embora muito petista se ache preto ou índio. Pura demagogia. Criou-se um déficit democrático em que outras vozes não entram talvez porque digam verdades incômodas. Ou entram apenas para terem suas verdades apropriadas pela corrente principal, como já aconteceu com a mudança climática e repete-se com a crise. Esse pessoalzinho, em geral simpático, mas às vezes agressivo demais, dizia faz tempo que o modelo era intolerável. Agora, Paul Krugman, Nobel de Economia e como tal perfeito quot;mainstreamquot;, decreta quot;o fracasso de todo um modelo de banca, de um setor financeiro que cresceu demais e causou mais dano que bemquot;. É óbvio que nem sempre esses movimentos têm razão. Mas, hoje por hoje, é possível aprender mais na rua, mesmo sob a chuva fina e o friozinho bem londrinos, do que nos gabinetes. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 12. Folha de S.Paulo - Londres - Clóvis Rossi: A pedagogia da rua - 29/03/2009 Page 2 of 2 crossi@uol.com.br Texto Anterior: Editoriais: Casuísmo na Argentina Próximo Texto: Viña Del Mar - Eliane Cantanhêde: quot;Olhos azuisquot;, o surto chavista Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 13. Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009 Page 1 of 7 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, domingo, 29 de março de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Verde Aguado ANTHONY GIDDENS FALA DE quot;A POLÍTICA DE MUDANÇA CLIMÁTICAquot;, RECÉM-LANÇADO NO REINO UNIDO, E DIZ QUE A REUNIÃO DO G20, NA PRÓXIMA QUINTA, IRÁ RESULTAR EM UM ACORDO quot;DE FACHADAquot; Alexandra Winkler-5.jan.03/Reuters Homem caminha em várzea alagada devido à chuva em Kallmünz, na Alemanha; aquecimento global é tema do novo livro do sociólogo inglês, que é ex-reitor da London School of Economics Vejo o Brasil como o negociador entre Europa, EUA e China PEDRO DIAS LEITE DE LONDRES Um dos sociólogos mais influentes da atualidade, Anthony Giddens, 71, afirma que a crise financeira global vai redefinir radicalmente a sociedade em que vivemos, mas quot;muito ainda depende de um fenômeno em cujas mãos ainda estamos -o mercadoquot;. Para ilustrar sua opinião, reforça: quot;Toda vez que uma decisão mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 14. Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009 Page 2 of 7 é tomada, as pessoas querem saber como os mercados vão reagirquot;. A reunião do G20 na próxima quinta, em Londres, produzirá um acordo -ainda que quot;de fachadaquot;-, porque os mercados e as pessoas precisam ser quot;tranquilizadosquot;, diz ele. Giddens avalia que quot;estamos no estágio inicial de descobrir o que seria um novo modelo de capitalismo responsável e globalquot; e prevê uma convergência no debate sobre a grande recessão e os desafios da mudança climática. quot;Em ambos os casos, estamos falando de um papel forte para o Estado e de mais regulação, de um planejamento de mais longo prazo que não tivemos no passado, de controlar mecanismos de mercado mais efetivamente do que nos últimos 30 anos pelo menos, de mais inovações tecnológicas.quot; Principal ideólogo da Terceira Via, a busca de um caminho alternativo entre o liberalismo radical e as tendências estatizantes tradicionais da social-democracia, Giddens agora volta sua atenção para o tema do aquecimento global, em livro lançado na semana passada: quot;The Politics of Climate Changequot; (A Política de Mudança Climática, Polity Press, 256 págs., 12,99, R$ 43). Ex-reitor da London School of Economics, lorde Giddens defende que os países ricos têm de arcar com 95% dos custos da luta contra o aquecimento global pelos próximos anos, pois quot;não é moralmente correto nem seria factível na prática impedir os países em desenvolvimento de se desenvolveremquot;. Por outro lado, o sociólogo cobra o fim da quot;atitude passivaquot; dos países em desenvolvimento em relação ao tema e enxerga o Brasil exercendo um papel de liderança, como mediador entre EUA, China e União Europeia. Giddens deu a entrevista à Folha no pub da Câmara dos Lordes, depois de uma pequena volta explicativa pelo local (a palavra quot;lobbyquot; vem do sistema britânico, em que os parlamentares favoráveis e contrários são separados em antessalas distintas antes de votar, os lobbies). No final, foi para casa de metrô. A seguir, os principais trechos da entrevista. FOLHA - Em seu livro, o sr. lança o quot;paradoxo de Giddensquot;: uma vez que os perigos do aquecimento global não são visíveis no dia a dia, apesar de parecerem terríveis, as pessoas não irão agir; contudo, esperar até que se tornem visíveis e sérios para então tomar uma atitude será tarde demais. Como lidar com isso? ANTHONY GIDDENS - Eu aplico o paradoxo de Giddens especialmente aos países desenvolvidos, porque são eles que têm que tomar a liderança. Por exemplo, para alguém que caminha pelas ruas de Londres, as enchentes de Bangladesh não são algo que afete o dia a dia das pessoas. Para lidar com isso, é preciso romper com as estratégias do passado. As mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 15. Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009 Page 3 of 7 coisas que têm saído pré-Copenhague [em dezembro haverá uma conferência na capital dinamarquesa para definir o mundo pós-protocolo de Kyoto], com os cientistas dizendo que quot;é muito pior do que pensávamosquot;, passam longe da realidade das pessoas nas ruas. Muitas questões que parecem apocalípticas, que saem nos jornais e na mídia, são iguais a filmes que as pessoas não conseguem distinguir da realidade. É bem difícil esperar que as pessoas comecem a agir com base nisso. Por isso proponho uma reorganização fundamental do pensamento, para focar muito mais nos investimentos, para ver os lados positivos do aquecimento global. Podemos criar uma genuína economia verde, quebrar a dependência do Oriente Médio, garantir segurança energética e levar a uma vida melhor por meio dessas transformações. Dizer para os empresários que eles podem se tornar mais competitivos. Não sou contra regulação ou metas para reduzir a emissão de carbono. Na verdade, sou a favor dessas coisas, mas não acho que elas possam mobilizar as pessoas. Olhe para o tipo de abordagem que o presidente [dos EUA, Barack] Obama produziu, é muito diferente de todos, é muito mais afirmativa. Não sabemos se vai ter sucesso, claro, porque estamos falando aqui em mudar o quot;estilo de vida americanoquot;. No entanto ele fala disso como um projeto inspirador, que tem muito mais ressonância. FOLHA - O sr. fala que o movimento verde sequestrou o debate sobre mudança climática e que é preciso sair dessa armadilha. Como assim? GIDDENS - O movimento verde começou da metade para o final do século 19, fortemente influenciado pela ideia romântica de uma crítica do industrialismo, a nostalgia de uma terra que não havia sido modificada pelas indústrias. Sua força motriz era a conservação, a proteção da natureza e do ambiente. Realmente deveríamos ter deixado a natureza em paz, só que agora é tarde demais, e maior intervenção na natureza será absolutamente necessária. A mudança climática é muito diferente das preocupações tradicionais dos verdes e, para lidar com ela, temos de nos livrar de alguns dos preconceitos que os verdes -não todos, mas alguns- têm, de não interferir muito na natureza, de um princípio da precaução. O caminho para lidar com a mudança climática deve ser de ousadia, inovação, o máximo uso da tecnologia. Não quero descartar completamente o movimento verde, pois tem um importante papel de trazer esses assuntos para a agenda, e isso tem valor. No entanto, se você olhar para o manifesto dos verdes globais, muito pouca coisa tem a ver com mudança climática. E um dos problemas é que alguns grupos se veem como operando fora da política, extremamente críticos das atividades das grandes corporações. Mas o vital agora para a mudança climática é trazer para o centro do debate algo que 60%, 70% da mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 16. Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009 Page 4 of 7 população possa compreender. FOLHA - Num artigo recente, o sr. mencionou que a crise financeira global, seus desdobramentos e o desafio de como lidar com a mudança climática levaram ao fim do fim da história. Por quê? GIDDENS - [Francis] Fukuyama inventou a versão moderna da frase do fim da história, e o que ele quis dizer foi que chegamos a uma fase da história em que não podemos ver nada diferente do mundo em que vivemos: de um lado, a democracia parlamentarista e, de outro, o sistema capitalista, com competição e mercados abertos. Acho que não se pode mais tomar essa posição como aceitável, pois uma sociedade de baixo carbono provavelmente mudará bastante o comportamento das pessoas, o modo como veem o mundo. Pode envolver uma crítica forte de viver num tipo de sociedade baseada no consumo, sem outros valores. O que quis dizer foi que temos de nos preparar para pensar novamente de modo muito radical lá na frente. É claro que, agora, temos de lidar com o mundo como o vemos. Mas sou a favor de um retorno parcial a certo utopismo. O mundo que criamos é insustentável, sabemos que não podemos continuar como estamos. FOLHA - O sr. fala que as nações em desenvolvimento deveriam ser autorizadas a emitir mais carbono no curto prazo, mas isso não funciona. Os EUA e a União Europeia, com medo de perderem competitividade, já disseram que isso é inaceitável. Como resolver essa equação? GIDDENS - Não podemos impedir os países em desenvolvimento de se desenvolverem. Não seria moralmente correto nem seria factível, na prática. Parte desse desenvolvimento tende a depender pesadamente de combustíveis fósseis e, logo, de emissões de carbono. É por isso que os países já industrializados têm de arcar com 95% do fardo pelos próximos 10, 15, 20 anos até, para reduzir as emissões. Por outro lado, é preciso que o mundo em desenvolvimento assuma um papel importante, não mais a posição passiva, de que isso quot;não tem nada a ver com a gentequot;. Mas, no caminho, precisamos de avanços tecnológicos e de grandes áreas daquilo que chamo de quot;convergência econômica e convergência políticaquot;, para que os países em desenvolvimento sigam um caminho diferente do que o que estão seguindo agora. Em primeiro lugar, estamos atrás de avanços tecnológicos que sejam capazes de levar os países em desenvolvimento a pular algumas etapas de desenvolvimento. Em segundo lugar, estamos procurando vários acordos bilaterais, não apenas a conferência de Copenhague, especialmente entre EUA e China, que produzem quase 50% das emissões. Idealmente, é necessário mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 17. Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009 Page 5 of 7 algum acordo entre os dois, como os EUA permitirem acesso a inovações tecnológicas, com a suspensão de patentes, em troca de algum tipo de concessão da China para os EUA. Mas isso é determinado politicamente. Se não há como repetir o modelo de desenvolvimento, temos de encontrar avanços. Até agora, não conseguimos. A China ainda está fazendo usinas de carvão. Os políticos se sentem muito confortáveis, prometendo cortar as emissões em 80% até 2050, mas não ficam nem um pouco felizes quando você diz que precisam começar agora. Existe muita retórica vazia nesse debate e temos de ver como superar isso para que os acordos sejam atingidos. Temos de olhar para o que pode ser feito, de modo a produzir uma combinação de competitividade e mudança tecnológica. Estou convencido de que países que seguirem o caminho tradicional de desenvolvimento industrial não serão competitivos no médio prazo. FOLHA - Como o sr. vê o papel do Brasil nesse debate sobre o clima? O que o país deveria fazer? GIDDENS - Vejo o Brasil como um negociador ou uma terceira parte nas negociações entre os EUA, a União Europeia e a China. Vejo o Brasil capaz de ter uma liderança entre os países de industrialização recente para levar os outros países a uma posição decente. O país pode ter um papel bastante importante, e seria desejável se de fato o exercesse. Mas isso também depende de uma liderança política forte. FOLHA - Estamos vivendo a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Quais serão seus efeitos? GIDDENS - Depende de em que nível você está falando. Nos próximos dois anos e no momento, ninguém sabe realmente o que acontecerá, independentemente de suas credenciais acadêmicas. Se haverá declínio contínuo com desemprego crescente ou se, nesse período, haverá algum tipo de recuperação, pelo menos em algumas áreas. Ambos são possíveis. Muito depende de um fenômeno do qual ainda estamos nas mãos: o mercado. Toda vez que uma decisão é tomada, as pessoas querem saber como os mercados irão reagir. Ainda estamos nas mãos do mercado global, para o bem e para o mal. No médio prazo, pessoas como eu deveriam estar pensando em um modelo de capitalismo responsável. Pois existe uma convergência entre o debate sobre mudanças climáticas e a recessão, por razões óbvias. Nos dois casos, estamos falando de um papel forte do Estado e de mais regulação, de um planejamento de longo prazo que não houve antes, de controlar mecanismos de mercado de modo mais efetivo do que foi feito nos últimos 30 anos, de inovações tecnológicas. Mas ainda estamos no estágio inicial de descobrir o que seria um novo modelo de capitalismo mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 18. Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009 Page 6 of 7 responsável e global. A crise é mundial, não importa o que a Europa ou os EUA façam. Essa é uma questão em aberto, pois os países não têm sido bons em chegar a acordos, mesmo quando é de seu interesse. A Rodada Doha e a Organização Mundial do Comércio são exemplos perfeitos. FOLHA - Muitos teóricos têm falado em quot;desglobalizaçãoquot;, como no caso do aumento do protecionismo. GIDDENS - A globalização é um termo que abarca muitas mudanças, e é preciso quebrá-lo em várias partes. Há alguns aspectos muito improváveis de serem revertidos, como a revolução das comunicações, uma das maiores forças da globalização. Goste-se ou não, isso ainda será o futuro: o mundo estará integrado imediatamente pela tecnologia e quase certamente isso continuará a ter avanços. Nesse sentido, a globalização está aqui para ficar. Mas, quando se fala em livre mercado, é diferente. Alguns aspectos podem ser revertidos, isso já aconteceu antes, e, em uma situação de recessão, as pessoas tendem a se voltar para seus países. Mas, se sabemos alguma coisa de teoria econômica, é que protecionismo, no final, prejudica sua própria economia. Nenhuma economia que se isolou do mercado global conseguiu realmente prosperar. Pessoalmente, não acho que o protecionismo voltará, como nos anos 1930. FOLHA - Quais são suas expectativas para o encontro do G20? GIDDENS - Acho que tem mais chances de chegar a um acordo do que a imprensa diz, pois esta é a primeira vez em que houve tal grau de reconhecimento da natureza global da crise. Poderá haver acordos para aumentar a transparência ou para expandir o papel do FMI. Mas será preciso verificar em que extensão serão implementadas no mundo real. O que certamente ocorrerá será um acordo de fachada. Haverá a apresentação de um acordo -ele de fato ocorrendo ou não-, pois todo mundo reconhece que precisamos tranquilizar o público e o mercado -ele de novo! FOLHA - Em uma palestra, o sr. afirmou que o clima do mundo vai mudar irremediavelmente, mas não vê isso como uma ameaça iminente. GIDDENS - O que disse é que o debate quanto à mudança climática é sobre riscos e sobre como analisar esse riscos. No momento existem várias formas de medição de risco feitas pelos cientistas, e o consenso parece ser que a mudança climática é mais iminente e mais perigosa do que pensávamos, mas não está claro completamente o que querem dizer com isso. É sensato dizer que as emissões na atmosfera já estão produzindo efeitos, mas, se se está falando de 2050, quem sabe dizer o que poderemos fazer para responder a mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 19. Folha de S.Paulo - Verde Aguado - 29/03/2009 Page 7 of 7 isso? Existem muitas divergências na comunidade científica sobre quão iminentes essas coisas são, e posso dizer isso porque passei os últimos dois anos estudando o tema. É muito importante para países como o Brasil, com algumas condições climáticas violentas, pensar em se adaptar a esse novo contexto, fazer estudos de vulnerabilidade, encontrar meios de convergência para procedimentos que ajudarão em caso de mudanças significativas no clima. Por exemplo, proteção contra enchentes, ao mesmo tempo melhorando práticas de agricultura. Existe uma boa área de desconhecido nos próximos 20, 30 anos. Quem sabe o mundo possa ter um mecanismo de adaptação sozinho, talvez a própria natureza produza uma solução. Mas o que sabemos até agora é que, uma vez que as emissões forem lançadas na atmosfera, não sabemos como tirá-las, e os principais gases do efeito estufa podem permanecer lá por 400 anos. Há cientistas que já conseguem [retirar os gases da atmosfera] em pequena escala, mas não sabemos se será possível em grande escala. As pessoas estão muito confusas, apesar da grande educação formal. ONDE ENCOMENDAR - Livros em inglês podem ser encomendados pelo site http://www.amazon.co.uk/ Texto Anterior: Pedofilia gráfica Próximo Texto: Mercado de créditos de carbono enfrenta risco de descrédito Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 20. Folha de S.Paulo - Ensaio: Administrando a empresa em tempos bicudos - 06/04/2009 Page 1 of 2 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Ensaio Kelley Holland Administrando a empresa em tempos bicudos Pense nisso: milhões de postos de trabalho foram perdidos desde que a recessão global começou, o que significa que inúmeros administradores tiveram de demitir funcionários, viram colegas perderem seus empregos ou foram eles próprios cortados. Além disso, a tecnologia muda freneticamente, e os gestores que se formaram na época dos memorandos em papel estão repentinamente preocupados com o Twitter, com blogs e com as escapadas virtuais dos seus empregados. Em momentos como este, é fácil que os gestores embarquem numa mentalidade de bunker. De fato, quem quer conversar com os funcionários quando a única coisa a comunicar são demissões, férias coletivas, cortes draconianos de gastos ou tudo isso junto? Mesmo para gestores que não se inibem pode ser difícil dar alguma orientação útil aos empregados. Mas é essencial que eles deixem suas próprias preocupações de lado e ajudem sua equipe a lidar com este ambiente novo e assustador. Em tempos de incerteza, os funcionários precisam de liderança. Assim, é hora de espanar o pó de alguns preceitos consagrados da gestão que podem ajudar nestes tempos difíceis. Primeiro, lembre-se de que liderar significa tratar os empregados como adultos responsáveis, não como crianças voluntariosas que podem ser mandadas ou amaciadas com meias verdades. Repetidos estudos mostram que as organizações funcionam melhor quando seus integrantes estão informados e com poderes e quando são convidados a contribuir e demonstrar iniciativa. É preciso também que os gestores sejam diretos quando se trata de dar más notícias. Se os empregados ouvem rumores de demissões, por exemplo, possivelmente passarão seus dias numa nuvem de preocupação sobre a tragédia iminente, mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 21. Folha de S.Paulo - Ensaio: Administrando a empresa em tempos bicudos - 06/04/2009 Page 2 of 2 justo quando seria crucial que estivessem no seu momento mais produtivo. Por essa e muitas outras razões, os gestores precisam ir além do seu círculo íntimo —ou emergir dos seus bunkers metafóricos— para descobrir o que está realmente acontecendo no resto da empresa e do setor. Um pouco de inteligência emocional também faz maravilhas. As pessoas trabalham melhor quando acreditam que seus gestores e colegas as entendem e respeitam, quando podem concluir suas frases nas reuniões e quando sentem que suas ideias e opiniões são ouvidas. A justiça é outro preceito básico da administração que frequentemente acaba perdido em meio à confusão. Tratar as pessoas com justiça não significa necessariamente tratá-las como iguais. Mas estudos demonstram que empregados que entendem a base das decisões administrativas e as percebem como sendo justas se sentem mais confiantes de que suas próprias contribuições serão reconhecidas e, portanto, ficam mais motivados e engajados. Gestores inteligentes também permitem que os empregados tragam mais de si mesmos para o trabalho —e às vezes isso inclui coisas profundamente pessoais, como religião ou orientação sexual. Talvez o mais importante seja que os bons gestores encontrem prazer no trabalho e deixem que todos saibam disso. Quando as chefias se entusiasmam com a criação de um novo anúncio ou com a obtenção de uma nova conta importante, o local de trabalho fica com um clima completamente diferente, mais energizado. Texto Anterior: Ensaio: Fracasso pode trazer poucas lições Próximo Texto: Arte & Estilo Para exportar, Hollywood refaz filmes Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 22. Folha de S.Paulo - Marina Silva: Potência e compromisso - 06/04/2009 Page 1 of 2 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice MARINA SILVA Potência e compromisso EM LUZIÂNIA, município goiano perto de Brasília, acontece até quarta-feira uma conferência nacional na qual o país deveria estar de olho. Ali se consolida um movimento capaz de causar grande impacto social, embora pouco o percebamos hoje. É a 3ª Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, promovida pelos ministérios do Meio Ambiente e da Educação, com o tema quot;Mudanças Ambientais Globaisquot;. A primeira, em 2003, envolveu cerca de cinco milhões de pessoas de 4.000 municípios, em conferências estaduais que convergiram para a nacional. No sábado, participei, juntamente com o professor José Eli da Veiga, de diálogo com os 669 delegados de 11 a 14 anos. Voltei entusiasmada e tocada pela qualidade das intervenções. Confirmei meu prognóstico de seis anos atrás, de que essas conferências seriam paradoxalmente âncora e alavanca para transformar o paradigma de educação e também o de cidadania, incorporando-lhes questões essenciais para o advento da sociedade que esse momento de profunda crise global parece anunciar. Falamos sempre do que podemos fazer pelas gerações futuras. Em Luziânia, vi o que elas podem fazer por nós, agora. Um dos efeitos de seu engajamento nas propostas de um mundo mais sustentável e justo é a pressão exercida junto a pais e adultos em geral para assumirem novas atitudes em casa, nos espaços coletivos e profissionais, na política. Já ouvi depoimentos de empresários que mudaram o perfil de seus negócios após cobranças de filhos e netos. Podem parecer casos isolados, mas a verdade é que a infância e a juventude estão tendo papel inovador vital em suas casas, nas suas escolas e em outras instituições. A medir pelos cerca de 12 milhões de jovens que mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 23. Folha de S.Paulo - Marina Silva: Potência e compromisso - 06/04/2009 Page 2 of 2 participaram das três conferências, novos valores e práticas se firmam no horizonte: respeito ao meio ambiente, processos mais democráticos, horizontais, multiculturais, diversificados. Um exemplo são os documentos que encerram as conferências. Em lugar de lista de reivindicações, entregam ao presidente da República, a ministros e a outras autoridades a quot;Carta de Compromissosquot;, que diz o que os próprios jovens pretendem fazer. Desde medidas práticas, como limpar rios, até ações de conscientização e organização. Eles não têm poder, mas têm a potência dos sonhos e compromisso com causas. Ensinam a quem, mesmo tendo poder e ferramentas, faz muito pouco. Na terça-feira, estarão em Brasília para a Caminhada Vamos Cuidar do Brasil. Espera-se que os adultos tenham sensibilidade e humildade para ouvir e aprender. contatomarinasilva@uol.com.br MARINA SILVA escreve às segundas-feiras nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Legado de Woodstock Próximo Texto: Frase Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 24. Folha de S.Paulo - Música vira receita médica contra doenças - 06/04/2009 Page 1 of 3 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Música vira receita médica contra doenças Por MATTHEW GUREWITSCH O fato de que a música nos toca no próprio cerne de nosso ser é uma descoberta tão antiga quanto a consciência humana. Mas será que a música pode ser considerada medicamento? Uma especialista que aposta nisso é Vera Brandes, diretora do programa de pesquisas com música e medicina da Universidade Médica Privada Paracelsus, em Salzburgo, Áustria. “Sou a primeira farmacologista musical”, disse Brandes no ano passado em Viena. Como tal, ela vem desenvolvendo medicamentos na forma de música, prescritos como receita médica. Para promover a linha de produtos, ela ajudou a fundar a Sanoson (http://www.sanoson.at/), empresa que também cria sistemas de música sob medida para hospitais e clínicas. “Estamos preparando o lançamento de nossas terapias na Alemanha e na Áustria no final de 2009 e prevemos o lançamento nos EUA em 2010”, disse. O tratamento funciona assim: uma vez dado o diagnóstico médico, o paciente é enviado para casa com um protocolo musical para ouvir e músicas carregadas num tocador semelhante ao iPod. O timing é essencial. “Se você ouvir música para acalmar quando estiver num ponto ascendente de seu ciclo circadiano, isso não o acalmará”, explicou Brandes. “Pode até deixá-lo irritado.” Brandes e seus colaboradores analisam músicas de todo tipo para retirar seus “ingredientes ativos”, que então são misturados e balanceados para formar compostos medicinais. Embora eles não procurem tratar patologias graves ou doenças infecciosas, afirmam que seus métodos têm aplicações amplas em desordens psicossomáticas, administração de dor e o que Brandes descreve como “doenças da civilização”: ansiedade, depressão, insônia e determinados tipos de arritmia. A farmacopeia contém até mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 25. Folha de S.Paulo - Música vira receita médica contra doenças - 06/04/2009 Page 2 of 3 agora cerca de 55 faixas de música medicinal, e novas faixas estão sendo planejadas. Num estudo piloto, que em 2008 foi citado na reunião científica anual da Sociedade Psicossomática Americana, Brandes e seus colaboradores estudaram os efeitos da música sobre pacientes com hipertensão sem causas orgânicas. “O tratamento convencional para pacientes hipertensos é com betabloqueadores, que suprimem seus sintomas”, disse Brandes. “A música pode tratar as causas psicossomáticas originais.” Segundo seu estudo, depois de ouvir um programa musical criado especialmente para o paciente, por 30 minutos por dia, cinco dias por semana, durante quatro semanas, os pacientes apresentaram melhoras significativas na variação do ritmo cardíaco, um indicador importante da função nervosa autônoma. Brandes, 52, já foi produtora de eventos e gravações musicais e tem um vasto currículo na área. Mas um acidente de carro quase fatal em 1995 a levou a pensar numa mudança de carreira. “Quebrei as vértebras 11 e 12, passando a um milímetro da medula espinhal”, ela contou. “O médico disse: ‘Não vou poder fazer nada por você durante algum tempo, mas você pode cantar, se quiser’.” A equipe médica previa que Brandes teria que ficar imobilizada entre 10 e 14 semanas. Ela estava dividindo o quarto do hospital com uma budista, cujos amigos vinham diariamente entoar cânticos para ela. Após apenas 15 dias no hospital, uma ressonância magnética mostrou que sua espinha estava curada. “Todo o mundo disse que era um milagre”, contou Brandes. “Os médicos me mandaram para casa. Aquilo me fez refletir.” Brandes, que não tem diploma de estudos avançados em medicina ou ciência, sabia que suas teorias jamais ganhariam aceitação se não passassem por testes clínicos. “Desde o início, eu estava determinada a satisfazer os mais exigentes critérios científicos ocidentais”, disse. Além dos esforços de Brandes, a Sourcetone Interactive Radio, que se descreve como “o maior serviço mundial de saúde com música”, emprega pesquisas feitas conjuntamente pelo Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston, e a Escola de Medicina Harvard, onde o neurologista Gottfried Schlaug estuda os efeitos da atividade musical sobre a função e a plasticidade cerebrais. “Acho que é importante participar, fazendo música, não apenas ouvir”, disse Schlaug. Stefan Koelsch, pesquisador-sênior sobre o neurorreconhecimento da música e da linguagem na Universidade de Sussex, em Brighton, Reino Unido, concorda e está trabalhando com tratamentos musicais participativos para a depressão. No longo prazo, ele enxerga possibilidades mais amplas. “Fisiologicamente falando, é perfeitamente plausível que a mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 26. Folha de S.Paulo - Música vira receita médica contra doenças - 06/04/2009 Page 3 of 3 música afete não apenas as condições psiquiátricas, mas também as desordens endócrinas, autoimunes e do sistema autônomo”, disse ele. Vera Brandes também está pensando no futuro. “Digamos que um paciente chegue sofrendo de depressão”, disse ela. “O primeiro passo sempre é procurar um médico. Mas, a partir disso, haverá opções de tratamento: com psicólogo, antidepressivo ou música.” Texto Anterior: Arte & Estilo Para exportar, Hollywood refaz filmes Próximo Texto: Exposição de foto jornalística em galeria provoca debate Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 27. Folha de S.Paulo - MG muda currículo do ensino médio e provoca polêmica - 08/04/2009 Page 1 of 2 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, quarta-feira, 08 de abril de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice MG muda currículo do ensino médio e provoca polêmica Alunos do 2º ano têm de escolher se focam esforço em humanas, exatas ou biológicas Desde o início do ano, quem escolher por humanas, por exemplo, não tem mais aulas de biologia, química e física até o fim do 3º ano BRENO COSTA DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE Alunos do 2º ano do ensino médio de Minas têm agora de optar por uma área específica (humanas, exatas ou biológicas) para seguir até o fim do antigo colegial. A medida do governo Aécio Neves (PSDB) está em vigor desde o início do ano. Há 200 mil matriculados nessa série em toda a rede estadual. O número de aulas continua o mesmo. O que muda é que, se o aluno escolhe humanas, passa a não ter mais aulas de biologia, química e física nos dois últimos anos do ensino médio. Já o que opta por exatas e biológicas deixa de ter aulas de história, geografia e língua estrangeira. A maioria dos vestibulares exige todo o conteúdo. A escolha vale para quem obtiver rendimento de 70% em todas as disciplinas obrigatórias do 1º ano do ensino médio. A direção da escola definirá a área para quem entrar no 2º ano após passar por recuperação em alguma disciplina. As normas constam de uma resolução da Secretaria da Educação, publicada em dezembro. quot;Em vez de aprender um pouco de muito conteúdo, o aluno vai aprender mais aprofundadamente com menos disciplinas. Com muita disciplina, perde-se o foco. Achamos que isso é mais útil para o alunoquot;, afirma o secretário-adjunto da Educação, João Filocre. O Ministério da Educação diz que o Estado tem autonomia mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 28. Folha de S.Paulo - MG muda currículo do ensino médio e provoca polêmica - 08/04/2009 Page 2 of 2 para criar sua norma desde que não se choque com a Lei de Diretrizes e Bases, que dita as regras gerais da educação no país. A lei federal diz que são disciplinas obrigatórias língua portuguesa, matemática, educação física, filosofia e sociologia. Alunos ouvidos pela Folha afirmam que a ausência de disciplinas básicas poderá atrapalhá-los na hora do vestibular. Os alunos de Minas têm a chance cursar as disciplinas que não constam da grade obrigatória da sua área de ênfase. Para isso, precisam estudá-las em turno extra. O aluno matriculado na manhã pode cursar a aula que não faz parte do currículo à tarde ou à noite, desde que haja ao menos 20 alunos interessados. A direção da escola, então, comunica o desejo das aulas extras à secretaria, que abre a turma. Uma outra possibilidade, que também depende da decisão de cada uma das 1.800 escolas estaduais de ensino médio de Minas, é que oito aulas de 50 minutos sejam distribuídas livremente, desde que respeitado o teto de dez disciplinas no 2º ano e de nove no 3º ano. Isso foi feito na escola Governador Milton Campos, em Belo Horizonte, que tem mais de 3.700 alunos no ensino médio. Segundo a diretora, Maria José Duarte, como há seis disciplinas obrigatórias para cada área de ênfase, além de sociologia e filosofia, exigidas por lei federal, restaram só duas para serem incluídas no 2º ano. Uma votação com os alunos foi feita. Na área de humanas, física ficou em terceiro lugar e, portanto, fora do currículo. Uma aula de biologia e uma de química foram incluídas. Na área de exatas e biológicas, língua estrangeira foi sacrificada. Em um colégio menor, em São João del Rei, no interior de Minas, a diretora decidiu colocar todos numa só área: exatas. Texto Anterior: Edmundo Alves da Costa (1948-2009): O triatleta não conseguiu dar o sprint final Próximo Texto: A favor: Mudança é corajosa, diz professor Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 29. Folha de S.Paulo - Gilberto Dimenstein: Pena alternativa - 18/03/2009 Page 1 of 2 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice GILBERTO DIMENSTEIN Pena alternativa A rua de sua casa já tinha ensinado a Alexandre que, na periferia, muitas vezes a realidade supera a ficção HAVIA CINCO PONTOS de droga na rua em que Alexandre De Maio morava na periferia de São Paulo, onde frequentemente ocorriam tiroteios. Numa das brigas entre quadrilhas, um bala perdida atingiu uma menina. A cena do sangue escorrendo pelo chão teve um impacto estético em Alexandre, que, até então, só fazia histórias em quadrinhos inspiradas nos super-heróis americanos. quot;Logo depois que o corpo foi retirado, me tranquei no carro para desenhar aquela história.quot; Desenhava-se, naquele dia, um encontro que faria com que a mistura de periferia e arte moldasse a vida de Alexandre -os quadrinhos chamaram a atenção de Mano Brown, líder do Racionais MC's, que estimulou a sua publicação. Desde que era menino, a habilidade artística tinha salvado Alexandre do tiroteio escolar. Diante da dificuldade em matérias como matemática, ele argumentava com os professores que seu futuro estava em desenho, e não seria justo repeti-lo por causa dos números. Em contrapartida, fazia uma série de projetos de artes gráficas para a escola, como uma espécie de pena alternativa. Numa prova de matemática, a professora viu que ele estava apenas desenhando um casal se beijando. Ela pediu o desenho de presente para presentear o namorado -mais uma pena alternativa. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 30. Folha de S.Paulo - Gilberto Dimenstein: Pena alternativa - 18/03/2009 Page 2 of 2 Seus colegas gostavam daquelas histórias em quadrinhos, afinal eram retratados como super-heróis, com extraordinários poderes; as meninas ficavam deslumbrantes nas sensuais roupas do tipo Mulher Maravilha. Até que veio a imagem da menina morta com a bala perdida em sua rua. quot;Vi como era bobo eu ficar me inspirando com os super-heróis.quot; A fonte de inspiração estava bem à frente, a começar da briga de gangues de sua rua. Nasciam assim seus quadrinhos e a descoberta do rap, dos Racionais. Decidiu, então, ilustrar as letras do grupo. Mano Brown mostrou as tiras para o escritor Ferréz, que, em parceria com Alexandre, escreveu quot;Os inimigos não mandam floresquot;. Em meio a seus quadrinhos, Alexandre começou a fazer publicações para relatar o movimento cultural da periferia, quase nunca coberto pelos meios de comunicação. Foi um dos primeiros a falar da onda de saraus poéticos que surgiram num bar (Zé do Batidão) da zona sul. Seu projeto mais ambicioso é fazer uma revista periódica apenas com quadrinhos sobre a periferia -a primeira história já está pronta, feita em parceria com Ferréz. A rua de sua casa da adolescência já tinha ensinado a Alexandre que, na periferia, muitas vezes a realidade supera a ficção. PS - Coloquei em meu site (http://www.dimenstein.com.br/) uma coleção dos desenhos do Alexandre -entende-se como ele conseguiu passar em matemática. gdimen@uol.com.br Texto Anterior: Outro lado: Prefeitura nega priorizar propaganda e diz que obras antienchentes são mais lentas Próximo Texto: A cidade é sua Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 31. Folha de S.Paulo - TENDÊNCIAS/DEBATES<br>Gesner Oliveira: Água: escassez e uso... Page 1 of 3 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, terça-feira, 31 de março de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice TENDÊNCIAS/DEBATES Água: escassez e uso sustentável na crise GESNER OLIVEIRA Impõe-se, sobretudo aos grandes setores usuários da água, uma reflexão sobre o modo como tem sido utilizado esse recurso finito A CRISE econômica mundial, além de trazer os já conhecidos efeitos na esfera produtiva -redução de investimentos, desemprego, perda de ativos, entre outros-, repercute sobre a questão da água. Recentemente, em Washington, durante a Water Week 2009 -evento organizado anualmente pelo Banco Mundial que reúne representantes de governos, empresas de saneamento e ONGs-, evidenciou-se que a atual crise veio se somar às preocupações habituais em relação à conservação da água e ao acesso ao saneamento. Além dos desafios associados à degradação ambiental, ao desperdício, às mudanças climáticas, aos usos não sustentáveis em processos produtivos, ao crescimento populacional e à miséria, teme-se que a crise traga impactos negativos devido à tendência de redução dos investimentos em serviços de infraestrutura, como energia, saneamento, transporte e irrigação. Tais impactos são danosos porque investimentos em infraestrutura são propulsores do crescimento econômico e da redução da pobreza. A crise constitui, assim, ameaça à continuidade das ações necessárias para atingir as metas estabelecidas para o desenvolvimento do milênio. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 32. Folha de S.Paulo - TENDÊNCIAS/DEBATES<br>Gesner Oliveira: Água: escassez e uso... Page 2 of 3 Garantir a sustentabilidade ambiental é uma das metas aprovadas em 2000 no âmbito da ONU e que compreendem oito macro-objetivos a serem alcançados até 2015. No campo dos recursos hídricos, o cumprimento das metas requer implantação de instrumentos que visem à gestão integrada, bem como o desenvolvimento de mecanismos para sua conservação e seu uso sustentável. A preocupação com a universalização do acesso à água, sua conservação para fins múltiplos e a resolução de conflitos de uso tornam o tema prioritário na agenda internacional. Impõe-se, especialmente aos grandes setores usuários da água, uma revisão de procedimentos e reflexão sobre o modo como tem sido utilizado esse recurso finito e vulnerável. Embora o Brasil possua expressivo potencial hídrico -12% da disponibilidade mundial-, há bacias hidrográficas localizadas em áreas que apresentam combinação de baixa disponibilidade e grande utilização, como é o caso da bacia hidrográfica do Alto Tietê, onde está a região metropolitana de São Paulo. Nesse contexto, é mais urgente acelerar investimentos em programas de coleta e tratamento de esgoto e em ações de redução de perdas de água. É o que a Sabesp tem feito nos 365 municípios onde opera, seguindo orientação do governo José Serra. O percentual de tratamento de esgoto subiu de 63% em 2006 para 72% em 2008, permitindo incorporar 1,3 milhão de pessoas, equivalente à população de Guarulhos. A perda de água caiu de 32% do faturamento em 2006 para 28% no ano passado, contra média nacional de 40%. Tal declínio propiciou economia suficiente para abastecer uma cidade de 600 mil habitantes, como São José dos Campos. A meta é atingir 13% em 2019, que corresponde ao padrão de eficiência dos países desenvolvidos. Tão importante quanto o investimento em saneamento é mobilizar a sociedade para usar a água sem desperdício e despejar corretamente o esgoto doméstico nas redes coletoras. É inócuo investir em coleta e tratamento de esgotos se a população não faz a ligação correta do imóvel às redes. E as prefeituras devem ficar atentas e fiscalizar. O compromisso com o meio ambiente é hoje pré-requisito para a obtenção de financiamentos e de parcerias no Brasil e no exterior, sem as quais não será possível viabilizar projetos essenciais na área. Em contraste com a maioria das empresas na atual conjuntura, a Sabesp manteve de forma segura seu plano de investimentos, que somarão R$ 6 bilhões entre 2007 e 2010. A política de austeridade da Sabesp tem sido crucial para manter o acesso a linhas de financiamento de longo prazo com taxas de juros mais baixas e prazos adequados. Assim, tem sido possível o apoio do Banco Mundial, do BID, da Jica mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 33. Folha de S.Paulo - TENDÊNCIAS/DEBATES<br>Gesner Oliveira: Água: escassez e uso... Page 3 of 3 (Japan International Cooperation Agency), entre outras instituições. Nos momentos de expansão, é preciso atenção para garantir a conservação e o uso sustentável da água. Nos momentos de crise, tal preocupação deve ser redobrada para não descontinuar a formação da infraestrutura básica. A manutenção dos programas de investimento no saneamento torna-se particularmente importante. Daí a determinação da Sabesp de manter seu plano de investimento e perseguir a universalização dos serviços de saneamento. GESNER OLIVEIRA , 52, doutor em economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley), professor da FGV-EAESP, é presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Foi presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e colunista da Folha . Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Rogério Cezar de Cerqueira Leite: O crime perfeito Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 34. Folha de S.Paulo - Emílio Odebrecht: O compromisso de cada um - 26/04/2009 Page 1 of 2 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice EMÍLIO ODEBRECHT O compromisso de cada um NO PASSADO, era normal que trabalhadores e executivos deixassem às empresas o planejamento e a gestão de suas carreiras. Trabalhavam muito, atualizavam-se pouco e quase não pensavam em mudanças. Alguns ficavam décadas na mesma função. Raros eram os que adquiriam novas competências, ainda mais por conta própria. No máximo, reciclavam as antigas. A realidade mudou. Autodesenvolvimento passou a ser a chave do êxito para os profissionais no mundo de hoje, porque o propósito do aprimoramento constante deve ser uma responsabilidade do indivíduo para consigo, não da empresa para com ele. O mundo do trabalho agora exige de quem nele se insere que tome as rédeas de seu próprio destino. Quem investe em si mesmo demonstra estar comprometido com sua realização profissional -pela busca do domínio pleno naquilo em que se especializou-, com sua realização econômica -pelo compartilhamento dos resultados que ajuda a empresa a gerar- e com sua realização emocional, como um corolário do que almeja conquistar na vida. Mas, para isso, é indispensável que principalmente o trabalhador jovem se imponha o desafio de aprender a aprender, o que significa ter a capacidade de interpretar a realidade a partir das referências a seu alcance, formular novos conceitos e levá-los à prática. Uma condição para o aprimoramento das pessoas é esta aptidão, que chamo de pensar conceitualmente. Outra condição é a capacidade de autoavaliar-se e identificar com espírito crítico carências e motivações. Ocorre que, se a prática da autoeducação é o fermento que promove a ascensão do indivíduo, nem sempre isso é uma tarefa fácil. Em algumas circunstâncias, os resultados somente serão mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 35. Folha de S.Paulo - Emílio Odebrecht: O compromisso de cada um - 26/04/2009 Page 2 of 2 alcançados se a predisposição de quem deseja aprender encontrar respaldo em um líder-educador que, ao perceber o potencial e o desejo de crescimento do liderado, tem a coragem de lhe atribuir responsabilidades que se mostram acima das qualificações que demonstra no momento. O efeito imediato desse gesto é a busca do conhecimento e das competências exigidas para a superação dos novos desafio. Meu pai, Norberto Odebrecht, até hoje lembra com gratidão de um pastor luterano, de nome Arnold, que lhe ensinou a ler e, sobretudo, a entender o mundo. Era um preceptor. No âmbito das organizações empresariais, o líder-educador exerce esse papel. A partir de sua autoeducação, pratica a pedagogia da presença, oferecendo tempo, presença, experiência e exemplos àqueles que têm no autodesenvolvimento um compromisso com o próprio futuro. EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Uma toga em questão Próximo Texto: Frases Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 36. Folha de S.Paulo - Marina Silva: Com o nosso chapéu - 27/04/2009 Page 1 of 2 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice MARINA SILVA Com o nosso chapéu NA SEMANA que passou, a Folha trouxe excelente reportagem (22/4, Dinheiro) de Marta Salomon mostrando, com base em estudo da organização não governamental Amigos da Terra (quot;A Hora da Conta: Pecuária, Amazônia e Conjunturaquot;), o avanço da pecuária na Amazônia e, especialmente, a migração para lá de grandes frigoríficos, com recursos do BNDES. Nada contra a pujança do setor. Tudo contra a maneira anárquica e predatória como se instala na Amazônia, alavancada por dinheiro público e sem condicionantes sociais e ambientais. Até com certa afronta, o presidente da associação que representa os grandes frigoríficos fecha questão: quot;Não dá para ter condicionantes. Acabar com o abate de gado de origem ilegal é desejável, mas impraticávelquot;. E como fica o governo e suas normas de proteção ambiental (decreto presidencial do final de 2007) que determinam a criminalização de toda a cadeia produtiva originada de práticas ilegais? Para conceder Bolsa Família, acertadamente são exigidas várias contrapartidas dos beneficiários. Por que não se faz o mesmo com outros setores, aos quais nada se pede em troca? O uso de ferramentas econômicas para redirecionar ou criar novos processos em benefício de toda a sociedade é dever do Estado, e sem isso ficaríamos sempre presos à teia dos interesses imediatistas e de seu pragmatismo. Mas falta ao Estado brasileiro inteligência estratégica para extrair dos empreendimentos um plus na forma de nova qualidade na produção, de compromissos para além da realização dos objetivos de negócio. O BNDES, no fundo, usa recursos da sociedade contra ela mesma. Se abre o cofre sem qualificar social e ambientalmente o resultado que espera do mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 37. Folha de S.Paulo - Marina Silva: Com o nosso chapéu - 27/04/2009 Page 2 of 2 investimento, em lugar de contribuir para o cumprimento das leis, financia o desprezo por elas até o ponto de os beneficiários declararem em alto e bom som que não vão cumpri-las. E ponto final. Nunca houve discussão séria sobre as dimensões que cercam o apoio ao setor agropecuário. A agenda tradicional fala só de anistia, perdão de dívida, créditos subsidiados. Com a conivência dos governos, que não as exigem, não se fala de contrapartidas na forma de colaboração para proteger rios e florestas, potencializar o uso correto da biodiversidade e outros itens de interesse coletivo. O irônico é que os cuidados ambientais revertem em benefício da própria produção, no longo prazo. Que parte do agronegócio se recuse a pensar nesses termos é lastimável, mas compreensível. O que não dá para entender -nem aceitar- é que as instituições públicas operem na mesma lógica. contatomarinasilva@uol.com.br MARINA SILVA escreve às segundas-feiras nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Ruy Castro: O país doente Próximo Texto: Frases Índice Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 38. Folha de S.Paulo - Ponto de Fuga: Inteligência e afeto - 26/04/2009 Page 1 of 3 ASSINE BATE-PAPO BUSCA E-MAIL SAC SHOPPING UOL São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009 Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Ponto de Fuga Inteligência e afeto Tzvetan Todorov é um pensador e teórico de primeira importância; interroga-se, em seu livro alarmado, sobre o que teria posto a literatura em perigo pela teoria JORGE COLI COLUNISTA DA FOLHA Tomemos como exemplo os alunos dos cursos de letras das universidades brasileiras: boa parte, com idades que variam em torno dos 20 anos, pouco ou quase nada leu de nossos romancistas ou poetas. Quase nenhum deles ouviu falar de Baudelaire, Edgar Allan Poe, Goethe, Fernando Pessoa, e raríssimos os leram. (...) O fato é que, até este momento, com raras exceções, a literatura -pelo menos de maneira direta, isto é, mediante a leitura de romances, contos, poemas etc.- não participou de sua formação intelectual e afetivaquot;... Quem escreve isso é Caio Meira, na introdução para quot;A Literatura em Perigoquot;, livro de Tzvetan Todorov, que ele traduziu com elegância para a Difel (2009). Caio Meira atua não num departamento quot;de letrasquot;, como diz seu texto, mas num dos departamentos quot;de teoria literáriaquot; que se multiplicaram pelo Brasil afora. Há algumas décadas, envergonhados de não parecerem suficientemente rigorosos ou científicos, eles abandonaram as belas denominações humanistas (de letras, de estudos literários ou de literatura) para proclamar a indiscutível tirania teórica. Nas universidades, com, felizmente, boas exceções, muitos alunos não são levados a ampliar e assentar uma cultura nascida pelo afeto. Leem, de maneira instrumental, sob encomenda, o romance ou o poema ao qual se refere o grande nome das teorias que estudam no momento. Chegam mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 39. Folha de S.Paulo - Ponto de Fuga: Inteligência e afeto - 26/04/2009 Page 2 of 3 a Proust, a Dickens ou a Leopardi não pelo interesse ou pela paixão que esses autores deveriam despertar, impondo a urgência da leitura, mas por desencarnada necessidade técnica ou profissional. Mapa Todorov é um pensador e teórico de primeira importância. Interroga-se, em seu livro alarmado, quase manifesto, sobre o que teria posto a literatura em perigo pela teoria e levado quot;o ponteiro da balança a não se deter num ponto de equilíbrioquot;. Esmiúça várias causas. Afirma, porém, graças ao tom pessoal e biográfico com que o livro começa, a necessidade de um percurso íntimo com a ficção e a poesia. Qualquer teoria pode servir como atalho, economizando a frequentação de romances e poemas. Mas apenas essa frequentação conduz ao saber mais profundo, em grande parte intuitivo e silencioso. É fácil identificar a esterilidade: está ali onde o prazer da leitura foi substituído pela engenhosidade analítica. Quando o pensamento astucioso eliminou os procedimentos sedimentares que só a assimilação das obras lidas pode provocar. Trono quot;Estaria eu sugerindo que o ensino da disciplina [teórica] deve se apagar inteiramente em prol do ensino das obras?quot;, escreve Todorov. As diversas teorias literárias são fecundas. Para tanto, porém, devem limitar-se ao papel de um instrumento, possível e parcial, como servas humildes, e não tiranas triunfantes. Antes delas vem a leitura vivida e humanista. quot;Em nenhum caso o estudo desses meios de acesso pode substituir o sentido da obra, que é o seu fimquot;, diz Todorov. Caso contrário, desaparece a cultura individual, e tais meios tornam-se a melhor alavanca para a ignorância. Identidades Entre os livros de Todorov está, fascinante, quot;A Conquista da América - A Questão do Outroquot; (Martins Fontes, 1983). Ao ler as narrativas deixadas no século 16 sobre a América espanhola, mostra, junto ao tremendo genocídio cometido pelos europeus, modos, tantas vezes assustadores e sempre complexos, de delinear o perfil de si mesmo e do outro. jorgecoli@uol.com.br Texto Anterior: Os Dez+ Próximo Texto: Filmoteca Básica: Rashomon Índice mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009
  • 40. Folha de S.Paulo - Ponto de Fuga: Inteligência e afeto - 26/04/2009 Page 3 of 3 Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. mhtml:file://C:Documents and SettingsAdministradordesktopPENDENTESIMPORTAN... 1/5/2009