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Renascença DTVM

Equipe Renatrader




[APRENDA                   FINANÇAS PESSOAIS
E INVESTIMENTOS NA PRÁTICA]
Conceitos fundamentais em finanças pessoais e em investimentos para
investidores iniciantes.
1



Prefácio
Parabéns, você chegou onde muitos gostariam de estar, no caminho para um
futuro melhor, pensando em cuidar de suas finanças pessoais e cultivar
investimentos para seu futuro.

Neste material serão abordardos em duas partes os conceitos fundamentais
em finanças pessoais e em investimentos.

Estruturar adequadamente as finanças pessoais é o ponto de partida de
qualquer pessoa que deseja se tornar o investidor: é preciso ter as contas em
dia para poupar e começar a investir.

Uma vez com as finanças pessoais organizadas, muitas alternativas de
investimento surgem para o investidor. Não existe o melhor investimento,
existe apenas o melhor ou pior investimento para cada perfil de investimento,
para cada tipo de estratégia. Na segunda parte desta apostila são
apresentados os conceitos sobre investimentos.

O investidor que souber lidar com estes dois grandes assuntos, finanças
pessoais e investimentos, estará bem inserido no contexto de investimento e
sem dúvida pronta para investir de forma consciente.

Desejamos a você leitor, uma leitura tranqüila direta e esclarecedora.

Atenciosamente,

Márcio Rodrigues, professor Renatrader




   RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
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Índice
                                                      Página
         PARTE 1: FINANÇAS PESSOAIS                     4

         Capítulo 1: Conceitos de finanças pessoais     5
 1.1     Valor presente e valor futuro                 5
 1.2     Autoconhecimento                              7
 1.3     Planejando o futuro                           9
 1.4     Metas e objetivos financeiros                 10

         Capítulo 2: Montando seu orçamento             9
 2.1     Identificando as receitas                     12
 2.2     Identificando as despesas                     12
 2.3     Despesas no Brasil                            13
 2.4     Definindo as prioridades                      13
 2.5     Definindo o orçamento                         15

         Capítulo 3: Consumo e suas “armadilhas”       19
 3.1     Consumo de bens de baixo valor                19
 3.2     Consumo de bens de alto valor                 20
 3.3     Comportamento no momento da compra            22

         Capítulo 4: Imposto de Renda                  25
 4.1     Regra geral do imposto de renda               25
 4.2     Preenchendo a declaração                      27

         Capítulo 5: Uso consciente do crédito         30
 5.1     Tipos de crédito                              30
 5.2     Tipos de financiamento                        32
 5.3     Usando o crédito corretamente                 33

         PARTE 2: INVESTIMENTOS                        35

         Capítulo 6: Produtos de investimentos         36
 6.1     Tesouro Direto                                36
 6.2     Debêntures                                    37
 6.3     Ações e opções                                37
 6.4     Fundos de Índice negociados em bolsa          41
 6.5     Outros produtos de investimento               42

         Capítulo 7: Decisões em investimentos         43
 7.1     Perfil de investidor                          43
 7.2     Tipo de estratégia                            45
 7.3     Análise fundamentalista                       47
 7.4     Análise técnica                               51

         Capítulo 8: Gerenciando investimentos         58
 8.1     O conceito da diversificação                  58


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8.2     Usando stops                                  59
8.3     Trocando de investimento                      61
8.4     Plano de investimento                         62
8.5     Tributação                                    63

        Capítulo 9: Usando o home broker              65
9.1     Função do Renatrader                          65
9.2     Abrindo a conta                               65
9.3     Operando Tesouro Direto                       67
9.4     Operando na BM&FBOVESPA                       68
9.5     Acompanhando a conta                          69
9.6     Lendo um relatório                            71
9.7     Usando um gráfico                             72

        Anexos                                        73
I       Teste de Perfil de Investidor                 73

        Bibliografia                                  75




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PARTE 1: FINANÇAS PESSOAIS
Na parte 1 deste material são apresentados os conceitos mais importantes
para entender as finanças pessoais com objetivo de ajudar o investidor a
organizar-se financeiramente.

Nos três primeiros capítulos são apresentados os conceitos essenciais para
organizar as finanças pessoais e controlar as contas do dia a dia, tanto receitas
como despesas.

No quarto capítulo o investidor será apresentado às regras de imposto de
renda, parte importante do controle das finanças pessoais.

Usar conscientemente o crédito está relacionado ao tratamento das finanças
pessoais e é assunto do quinto capítulo.

Capítulo 1: Conceitos de finanças pessoais
Capítulo 2: Montando seu orçamento
Capítulo 3: Consumo e suas “armadilhas”
Capítulo 4: Imposto de Renda
Capítulo 5: Uso consciente do crédito




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Capítulo 1: Conceitos de finanças pessoais

1.1 Valor presente e valor futuro
        A necessidade de se preocupar com as finanças pessoais surge da
necessidade temporal do dinheiro, ou seja, de poupar um determinado valor
hoje para usar este valor no futuro.

        Esta necessidade pode surgir por vários motivos, como:

   •    Formação de patrimônio particular/familiar;
   •    Preocupação em preservar o poder de consumo;
   •    Preocupação em melhorar o padrão de vida;
   •    Ter uma reserva para maior segurança financeira;
   •    Pagar à vista a aquisição de um bem.

       Como é racionalmente preferível sempre utilizar um recurso financeiro
hoje ao invés de utilizar no futuro, o esforço de poupança só faz sentido para
alguém se houver uma remuneração pelo tempo que a poupança fique
depositada, de forma a compensar essa abstinência.

         Por outro lado, alguma outra pessoa pode pensar de maneira diferente
e preferir adiantar um gasto futuro ao estar disposto a pagar para isto. Esta
pessoa pode querer investir em um negócio rentável ou simplesmente deseja
utilizar um bem agora ao invés de preferir poupar para consumir.

       Estas duas pessoas, ao se encontrarem, podem fazer uma troca: a
pessoa com poupança empresta ao devedor o valor desejado em troca de uma
remuneração pelo tempo do empréstimo.

        A essa remuneração chamamos juros, e o valor será tanto maior
quanto maior for o risco de o devedor não honrar o compromisso com o
credor. Quanto maior o prazo, maior o peso dos juros, em proporção ao
tempo.

        Os juros são, portanto, o elo entre o valor presente (o quanto vale
agora determinada aplicação ou dívida) e o valor futuro (o quanto valerá
determinada aplicação ou dívida). Os juros podem ser imputados de forma
simples ou composta.

Juros Simples

       Os juros simples são cobrados por período sempre sobre o valor
presente (ou podemos neste caso chamar de montante), de acordo com a
seguinte relação:



Onde:



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VF = Valor Futuro
VP = Valor presente
n = Períodos
i = taxa de juros

Juros Compostos

         Os juros compostos são cobrados de forma escalonada, ou seja, após
cada período, o valor devido de juros passado passa a ser incorporado ao
 ada
montante, novos juros para novos períodos são então cobrados sobre o valor
original e sobre os juros incorporados, cobrando assim, juros sobre juros:
                                        cobrando-se



Onde:

VF = Valor Futuro
VP = Valor presente
n = Períodos
i = taxa de juros

       No Brasil, prevalece o padrão de remuneração e cobrança de juros sob
forma composta.
                                                                                      O padrão de capitalização
Comparativos
                                                                                      varia de país para país.

         O gráfico a seguir ilustra o comparativo entre as duas formas de
capitalização em função do tempo:




        Para a construção do gráfico foi utilizado um capital inicial de 100,00
aplicado a uma taxa de 300% ao período, por 1,5 períodos. Para comparar as
taxas, o intervalo adotado para cada ponto do gráfico é de 0,1 períodos.
                        do

       Nota-se que ao capitalizar em períodos menores que o da taxa de juros
            se
é mais rentável utilizar a capitalização por juros simples. Capitalizar em
períodos maiores que o da taxa de juros é mais rentável nos j
                                                            juros compostos.


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        Em outras palavras, podemos dizer que aplicar em algo que rende 10%
ao ano por 6 meses é mais rentável em regime de capitalização simples.
Aplicar em algo que rende 10% ao ano por 2 anos é mais rentável em regime
de capitalização composta.

       Invertendo-se a ordem da fórmula, é possível obter ainda o valor
presente a partir das mesmas fórmulas:


            Para capitalização composta:


            Para capitalização simples:


       Esta inversão pode ser particularmente útil para casos onde se deseja,
por exemplo, calcular o valor presente de uma dívida ou estimar o valor de
uma poupança hoje para atingir um objetivo financeiro.

1.2 Autoconhecimento
       O autoconhecimento é a etapa de definir algumas características
pessoais que influenciam as decisões em finanças pessoais.

       Responda às perguntas abaixo para conhecer um pouco mais sobre
como efetuar seu planejamento financeiro:

    a.   Qual o valor dos meus rendimentos?
    b.   Qual o valor dos meus gastos?
    c.   Com qual idade pretendo me aposentar?
    d.   Qual a minha idade atual?
    e.   Quão estável é minha renda?
    f.   Quantas pessoas dependem da minha renda?
    g.   Qual a rentabilidade dos meus investimentos?

        Ao responder à pergunta A e B, a diferença entre os valores dá a priori
o valor de saldo mensal livre para investimentos.

         Sobre a diferença A menos B:

    •    Para quem apresentar esta diferença como um valor negativo em suas
         próprias finanças, alerta máximo: é preciso rever os gastos
         imediatamente;
    •    Para quem apresentar esta diferença com o valor zero (ou muito
         próximo disso), um aviso: apesar de a situação ser confortável no curto
         prazo, é importante notar que no longo prazo não se forma patrimônio
         sem investimento;
    •    Para quem apresentar esta diferença com um valor positivo, é preciso
         ainda assim verificar se a velocidade da poupança atende às
         expectativas.


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       Ao responder à pergunta C e D, a diferença entre os valores dá o
tempo que o indivíduo tem para atingir sua meta para aposentadoria ou
independência financeira.

       Quanto maior o valor da diferença, mais flexível pode ser o plano para
aposentadoria, exigindo menores esforços financeiros no presente.

        Para quem deseja encontrar um ponto de equilíbrio desse nível de
investimento em relação à renda, recomenda-se geralmente o intervalo de
10% a 30% do valor da renda média para investimento. A proporção do valor
em investimento vai depender diretamente dos objetivos financeiros do
indivíduo.

         O conceito de estabilidade da renda é um tanto quanto vasto. De
modo geral pode-se dizer que profissionais autônomos têm menor
estabilidade da renda, enquanto profissionais da iniciativa privada e pública
tem maior estabilidade. Ainda comparando profissionais da iniciativa privada
com os da iniciativa pública, o segundo tem normalmente uma carreira estável
com renda estável.

         De modo geral pode-se dizer que, quanto mais instável a renda, maior
deve ser a folga da diferença entre A e B, como forma de compensar a
instabilidade da renda.

       Para uma situação de renda instável, como no caso de autônomos
(como advogados, dentistas, médicos e outros), free-lancers, micro-
empresários, vendedores, prestadores de serviço, recomenda-se utilizar a
                                                                                    Profissionais que prestam
média de rendimento mensal obtido através da base anual.                            serviço por unidade de
                                                                                    demanda. Exemplo:
       Para uma situação de renda mais estável, como no caso de                     tradutores de livros.
funcionários de empresas privadas, o indivíduo precisa estimar todos os
rendimentos do ano, inclusive receitas eventuais como o décimo terceiro e
eventuais bonificações.

        Para profissionais com profissão mais rotativa como professores,
programadores ou mesmo de difícil recolocação profissional, é importante
reforçar a parte de reservas financeiras.

      Nem todos os profissionais da iniciativa pública possuem estabilidade
de emprego. Por isso, também precisam montar uma reserva, ainda que
menor que profissionais expostos a risco maior de empregabilidade e os
autônomos.

       Um valor entre seis a doze vezes o gasto médio mensal é algo
normalmente suficiente para cobrir boa parte do risco de renda da maior parte
das pessoas. Note como ainda assim esta é uma conta imprecisa, uma vez ser
impossível mensurar todos os riscos reais. Como alternativa, as pessoas podem
ainda contratar seguros para mitigar o risco de situações específicas, como
veremos mais adiante.



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Exemplo 1

Um indivíduo, vendedor autônomo da indústria, com renda média de R$
3.000,00 e gasto médio mensal de R$ 2.800,00, tem 45 anos e pretende se
aposentar aos 65 anos. Responda:

   a) Qual valor de poupança para imprevistos recomendado para este
      indíviduo?
              Tendo como base ser um indíviduo exposto a uma profissão
              mais arriscada (vendedor autônomo), neste caso recomenda-
              se 12 x 2800 = R$ 33.600,00 aplicados em investimentos de
              alta liquidez, como a poupança.
   b) Sem contar o rendimento, qual valor estimado de poupança com base
      na sobra de renda mensal?
              A sobra de renda mensal está no valor médio de R$ 200,00.
              Faltam 20 anos para ele se aposentar. Com base nisso, a
              poupança estimada é de 20 x 12 x 200 = R$ 48.000,00.
   c) Qual o valor recomendado de investimento para este indivíduo?
              No momento este indíviduo consegue poupar apenas 6,66%
              do valor da renda. Recomenda-se um valor maior de
              poupança, cerca de 25% para este indíviduo. Observação:
              neste exemplo não foram analisadas as necessidades de
              investimento do investimento do indivíduo.

1.3 Planejando o futuro
       O nível de investimentos e suas rentabilidades vão definidir como será
o futuro financeiro do um indivíduo. Planejar o futuro envolve então o
planejamento financeiro dos investimentos.

        Além da estratégia em si de investimento (que será apresentada em
capítulo posterior), planejar os investimentos significa definir como será o
fluxo de investimentos e suas proporções: uma vertente diferente da gestão
dos investimentos.

       O planejamento envolve a decisão sobre quatro variáveis:

   •   Capital inicial;
   •   Aportes parciais;
   •   Rentabilidade esperada;
   •   Tempo.

        Estas variáveis se relacionam através da fórmula de capitalização
composta, e a partir dela, pode-se estimar o patrimônio que será formado pelo
indivíduo.

        A variável “Rentabilidade esperada” é a única que foge do controle do
indivíduo, por ser dada pelo mercado. Isso significa dizer que, ainda que o
planejamento seja bem executado, o retorno pode ser diferente do esperado


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(para mais ou para menos) devido à flutuação na rentabilidade dos
investimentos.

Exemplo 2

Qual o patrimônio esperado para um indivíduo que tem um capital inicial de
R$ 5.000,00 e pretende fazer aportes de R$ 500,00 ao mês por 3 anos cuja
rentabilidade esperada é de 10% ao ano?

       Para responder a esta pergunta é necessário utilizar uma planilha
       eletrônica ou calculadora financeira. O valor é encontrado
       capitalizando o capital inicial pelo prazo e os aportes iniciais de acordo
       com a época de aplicação.

       O resultado vai ser aproximadamente um patrimônio de R$ 26.909,59.
       Calculado pelo software Microsoft Excel.

        O investidor que deseja se expor menos a estas flutuações de
rentabilidade, deve migrar mais investimentos para categorias que variam
menos a rentabilidade, ou seja, renda fixa.

       O ideal é que o indíviduo faça sempre um planejamento financeiro
para despesas futuras esperadas, como a compra de um carro, casa, viagens e
mesmo bens de maior valor, como TVs e geladeiras.

      Este valor poupado e investido deve ficar reservado, e para os casos de
emergência, usar a poupança feita para casos de emergência.

1.4 Metas e objetivos financeiros
        Os objetivos financeiros são os resultados esperados para os
investimentos quem têm como meta atender aos objetivos dos indivíduos.

        Definir as metas de vida ajuda a definir os objetivos financeiros dos
investimentos. Isso muito porque com metas concretas, fica mais fácil planejar
e executar o plano, enquanto se a meta fosse apenas o patrimônio financeiro.

Metas mais flexíveis podem interferir no nível de risco do investimento, bem
como tempo: em metas de longo prazo o indivíduo pode tentar compor
investimentos de risco maior para aumentar sua rentabilidade esperada.

Exemplo 3

Um indivíduo pretende comprar uma casa de R$ 200 mil em 10 anos. Qual
deve ser o plano de investimento sem capital inicial se ele pretende investir
em produtos que rendem 10% ao ano?

       Para responder a esta pergunta é necessário utilizar uma planilha
       eletrônica ou calculadora financeira. Para este caso tem-se o valor




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       futuro e pretende-se encontrar as parcelas que comporão o
       investimento feito ao longo de 10 anos.

       O resultado vai ser aproximadamente uma parcela mensal de R$
       992,76. Calculado pelo software Microsoft Excel.

       Faça um planejamento baseado em seus sonhos para o futuro, e
organize numa ordem de prioridade que reflita suas reais necessidades
presente. Este é um começo para definir o mapa de suas finanças pessoais.




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Capítulo 2: Montando seu orçamento

2.1 Identificando as receitas
        Para aqueles indivíduos que possuem uma formação mais complexa de
renda, o trabalho em finanças pessoais começa antes, através da identificação
das receitas.

        Para aqueles que possuem empresa, o primeiro passo é separar as
contas da empresa das contas pessoais. É comum para este tipo de indivíduo
misturar as contas, o que pode ser prejudicial para a pessoa e para a empresa:
o indivíduo pode estar utilizando dinheiro da empresa além do esperado para
gastos pessoais e vice-versa.

        Após este passo, algumas pessoas podem ainda ter dificuldade em
lidar com muitas receitas, a exemplo de médicos com consultório, que podem
receber por várias vezes no mês. Neste caso, o indivíduo pode trabalhar as
receitas do seu orçamento na base mensal ou semanal e trabalhar a previsão
de despesas com base nos rendimentos médios mensais dos últimos 12 meses.

        Para aqueles que possuem uma renda pré-determinada, o já bem
conhecido salário, o orçamento mensal passa a ser conseqüência direta deste
valor. Além da renda mensal, a pessoa pode ainda contar com outros
recebimentos eventuais, como o adicional por férias e décimo terceiro salário.

        Para rendimentos com valor desconhecido, porém esperados, como os
planos de PLR, o indivíduo pode trabalhar com a expectativa de valor menor
que o real esperado, apenas como forma de não trabalhar com um rendimento
                                                                                      Participação nos Lucros e
maior que o real.                                                                     Resultados. Muitas empresas
                                                                                      têm dado participação nos
        Eventuais bonificações não esperadas só podem entrar no orçamento             lucros aos seus funcionários.
das receitas após o recebimento, de forma a beneficiar o orçamento, mas o
indivíduo não pode contar com seu recebimento.

2.2 Identificando as despesas
        A identificação e categorização das despesas é fator determinante para
organização das finanças pessoais, uma vez que seu impacto é direto sobre o
resultado do orçamento e consequentemente, no nível de investimento do
indivíduo.

       São duas as grandes categorias de despesas:

   •   Recorrentes: despesas que se repetem na base do orçamento (base
       mensal, por exemplo). São subcategorias:
          o Alimentação: gastos gerais com alimentação, desde que
              apenas para suprir necessidades básicas;
          o Educação: cursos, faculdades, seminários e livros;
          o Habitação: aluguéis, condomínios e financiamentos;



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13



             o    Lazer: bem-estar geral, como viagens, passeios e consumo de
                  bens de entretenimento;
              o Financiamentos gerais de longo prazo: gastos feitos para
                  aquisição adiantada de bens sob forma de parcelamento;
              o Saúde: gasto conhecido com saúde de utilização obrigatória,
                  como dentista e uso periódico de remédios;
              o Transporte: deslocamento essencial, como trajeto ao trabalho.
    •     Não-recorrentes: despesas que são temporárias, eventuais e também
          as imprevistas. São subcategorias:
              o Compra de bens: compra de bens de maior valor financeiro;
              o Impostos anuais: como IPTU, IPVA e IR;
              o Impostos esporádicos: venda de bens e movimentações com
                  investimentos;
              o Lazer: viagens eventuais, eventos como espetáculos;
              o Manutenção em bens: como do imóvel e de veículos;
              o Saúde: gastos com imprevistos de saúde, como remédios e
                  internações;
              o Social: correspondem a necessidades de socialização, como
                  gastos com datas comemorativas e presentes.

          Algumas observações sobre como classificar adequadamente os
gastos.

        O lançamento de gastos com alimentação só pode conter gastos
essenciais de alimentação, como almoço no trabalho e jantar em casa. Gastos
de alimentação em locais não essenciais como restaurantes mais sofisticados e
mesmo uma saída breve com os amigos devem entrar na conta de lazer e/ou
social.

       Nos gastos com Habitação só podem entrar as contas que são de
manutenção da moradia. Reformas e reparos são não recorrentes e entram na
conta de manutenção de bens.

        Gastos correntes de Saúde reúnem gastos com planos de saúde e
gastos essenciais para aqueles que dependem de medicação (exemplo:
diabéticos e hipertensos). Esportes praticados a título de lazer devem entrar na
conta de lazer, e não nas contas de saúde.

        Na conta de Transporte é importante separar os gastos de transporte
associados ao emprego, muito comum em alguns casos: vendedores
autônomos, engenheiros de campo, advogados e corretores são alguns
exemplos de profissões que podem ter gastos grandes com deslocamento.
Nestes casos recomenda-se separar estes gastos ainda na parte das receitas.

       Os gastos com financiamentos devem estar em linha com as
necessidades dos indivíduos e não pode ser uma grande conta do orçamento,
pois podem ser uma fuga de receita que deveria estar alocada em outros
lançamentos. Prefira sempre poupar para comprar ao invés de financiar.

Gastos sociais possuem grande sazonalidade, se acumulam em épocas de
festas (Natal e Dia das Mães, por exemplo), mas possuem uma média mensal.


   RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
14



Quem espera ter algum grande gasto com presentes, por exemplo, deve se
planejar para isso para não estourar o orçamento no mês do gasto.

2.3 Despesas no Brasil
         Um bom ponto de partida para quem quer elaborar um mapa de suas
finanças pessoais é observar o que outras pessoas estão fazendo. Pensando
nisso, neste tópico apresentam-se os dados da POF, Pesquisa de Orçamentos
Familiares, feito em 2008/2009 pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística.

        A partir do POF o leitor pode ter uma idéia de como se compõem os
gastos e rendimentos das famílias brasileiras e, portanto, qual sua situação ao
redor desta média. A seguir será mostrada apenas parte dos dados da
pesquisa.

        Segundo pesquisa do IBGE1, “75% das famílias declararam algum grau
de dificuldade para chegar ao fim do mês com seus rendimentos. Na classe
com rendimentos até R$ 830, cerca de 88% indicaram algum grau de
dificuldade e 31,1%, muita dificuldade. Na classe com mais de R$ 10.375, 28%
tinham algum grau de dificuldade e 2,6%, muita dificuldade”.

        Esse dado deve ser usado como alerta pelo leitor, pois demonstra uma
realidade pouco percebida: o brasileiro, mesmo de alta renda, tem dificuldades
em controlar suas finanças pessoais.

         O gráfico a seguir dá idéia de como se distribuem os gastos das famílias
brasileiras:




Fonte: IBGE

       Na categoria outros poderiam ser alocados gastos como lazer,
imprevistos, viagens, sociais, seguros financiamentos e outros.


    Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008/2009, IBGE, 2010.
1




     RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
15




         Apenas para comparativo com um país mais desenvolvido, o gráfico a
seguri ilustra a mesma divisão de despesas de uma família norte-americana no
mesmo período da pesquisa brasileira:




Fonte: BLS2

        Pode-se notar que não há uma diferença substancial das despesas da
população brasileira em relação à americana. Quanto à participação das
despesas consumo na renda, estas representam 78,06% dos rendimentos
totais médios.

       No Brasil, o consumo representa 81,3% da despesa total para os
rendimentos médios familiares. O gráfico a seguir demonstra esse dado:




Fonte: IBGE




    Bureau of Labor Statistics, 2010, EUA
2




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16



         Uma parcela muito pequena da renda é utilizada para aumento de
ativo, através da aquisição de bens ou investimentos.

        Outro dado importante é a grande variedade de rendimentos das
famílias brasileiras por região. O rendimento médio familiar no sudeste é
quase o dobro do valor do nordeste. O gráfico a seguir exibe este comparativo:




Fonte: IBGE

        Estes gráficos devem ajudar ao leitor a entender a realidade brasileira
e principalmente a balizar suas finanças pessoais sobre o que se tem praticado.
Vale lembrar que este não é um cenário ideal, uma vez que o reflexo desta
realidade é o fato de tal situação gerar desconforto para fechar o orçamento
familiar em boa parcela das famílias brasileiras.

       A sugestão é a de que o leitor deva diminuir proporcionalmente suas
despesas com incremento da parte alocada pra crescer os investimentos,
voltados para aumentar os ativos.

2.4 Definindo as prioridades
        A ordem de importância de cada gasto pesa sobre as preferências do
indivíduo, casal ou família, variando muito de caso para caso.

       Para um indivíduo jovem, por exemplo, pesa muito mais o gasto em
educação do que com lazer. O jovem casal passa a se preocupar mais com
habitação e menos com educação, já para um casal de maior idade, pode pesar
muito o quesito saúde e lazer ao invés de educacional.

        Neste material, ressaltamos, porém que, feita a devida proporção de
valor gasto com cada tipo, a disciplina passa ser o fator fundamental do
controle das finanças pessoais.

        Para organizar as prioridades, recomenda-se ao leitor que defina
objetivos de curto prazo e de longo prazo. O orçamento deve refletir os



  RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
17



desejos e necessidades de curto prazo sem comprometer os planos de longo
prazo, de forma a satisfazer o interesse dos indivíduos ao longo do tempo.

        Uma boa maneira de se executar um orçamento desta maneira é
revisar anualmente o orçamento e sempre repensar nas alterações
necessárias, fruto de aprendizado e de alinhamento de necessidades pessoais
e/ou familiares.

2.5 Definindo o orçamento
        O orçamento conta ainda com mais dois itens além dos apresentados
anteriormente: despesas com segurança financeira e investimentos.

       Por segurança financeira, refere-se à contratação de seguros como,
seguros de vida, seguro de bens (imóveis e veículos), seguro de eletrônicos
(como notebooks e celulares) e até seguro desemprego privado.
                                                                                        Profissionais liberais que não
       A tabela a seguir sugere o formato de um orçamento bem abrangente:               trabalham apoiados na CLT
                                                                                        brasileira, e sim através de
  Tipo                      Nome                           Observação                   contrato de prestação de
 Crédito     Rendimentos brutos                  Salário ou pró-labore                  serviço, podem contratar
 Débito      Gastos com a profissão              Para autônomos                         serviços privados de seguro
                                                                                        desemprego junto aos
 Débito      Impostos sobre rendimentos                                                 bancos.
 Débito      Impostos eventuais a recolher       Nunca atrase seus impostos
  Saldo      Rendimento profissional líquido
 Crédito     Pensões recebidas
 Crédito     Aluguéis recebidos
 Crédito     Gratificações
 Crédito     Reembolsos
 Crédito     Rendimento de investimentos
  Saldo      Rendimento Total Líquido
 Débito      Aluguel / Parcela do imóvel
 Débito      Condomínio
 Débito      Conta de Luz
 Débito      Conta de Água
 Débito      Supermercado do mês
 Débito      Transporte essencial                Combustíveis ou vale-transporte
 Débito      Planos de saúde
 Débito      Gastos diretos com educação         Parcela da faculdade (exemplo)
 Débito      Gastos indiretos com educação       Livros, eventos, seminários...
             Resultado após gastos recorrentes
  Saldo
             e essenciais
  Débito     Conta de Telefonia
  Débito     Conta de TV a cabo
  Débito     Conta de Celular
  Débito     Conta de Internet
  Débito     Academia
             Resultado após gastos recorrentes
  Saldo
             não essenciais
  Débito     Reparo não previsto do carro


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18



  Débito     Reparo não previsto na residência
  Débito     Gastos não previstos de saúde
  Saldo      Resultado após gastos imprevistos
  Débito     Bens de consumo                     Exemplo: roupas
  Débito     Restaurantes
  Débito     Presentes
  Débito     Passeios e viagens
  Débito     Entretenimento
             Resultado após gastos com lazer e
  Saldo
             bem estar
  Débito     Financiamentos
Crédito ou
             Despesas Financeiras                Juros pagos ou rendidos na conta
  Débito
  Débito     Parcela dos seguros
 Crédito     Resgate de investimento
  Débito     Aplicação em investimento
Crédito ou
             Saldo do mês anterior
  Débito
  Saldo      Saldo final do mês na conta


        Experimente incluir seus gastos no modelo proposto. Monte o seu
orçamento e, dependendo do caso, apague os campos não utilizados da
tabela, assim você simplifica seu orçamento.

      Comece como um exercício e logo você terá montado seu próprio
orçamento.




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19



Capítulo 3: Consumo e suas “armadilhas”

3.1 Consumo de bens de baixo valor
       O consumo de bens de baixo valor pode ser definido pelo escopo dos
bens que cabem dentro do orçamento mensal: compreende desde o consumo
de um cafezinho até a aquisição de um pequeno eletrodoméstico.

         Como características dos consumos de bens de baixo valor, podemos
citar:

    •    Baixo impacto nas finanças pessoais: a compra de um bem de baixo
         valor cabe dentro do orçamento doméstico.
    •    Forma de pagamento: normalmente à vista ou financiado pelo cartão
         de crédito;
    •    Alto desvio dos preços: para bens de baixo valor, o intervalo de preços
         entre o comércio que vende mais barato e o comércio que vende mais
         caro varia muito, é bom estar atento aos preços;
    •    Alto nível de consumo: são bens que são consumidos rapidamente,
         poucos duram mais do que o prazo de um orçamento mensal.

         São exemplos de bens que podem ser considerados de baixo valor:

    •    Pequenos bens duráveis: pequenos eletrônicos e pequenos
         eletrodomésticos.
    •    Itens de supermercado: como alimentos e itens de higiene;
    •    Vestuário: roupas e calçados;
    •    Itens de lazer e educação: livros e itens de bem-estar.

       A seguir serão explicados alguns aspectos da decisão de aquisição de
bens de baixo valor.

Efeito escala

         Repare bem que alguns itens no supermercado custam mais barato
quando adquiridos em pacotes maiores. Esse desconto marginal ocorre com
freqüência e é conhecido como efeito escala: quanto mais se compra, menor
fica o custo unitário na aquisição.

      Ao consumir bens de baixo valor, o indivíduo deve preferir consumir
uma quantidade maior de bens por transação, para bens de alto nível de
consumo. Isso normalmente significa um desconto por conta da escala da
compra.

        Ao considerar a compra em grandes quantidades para se aproveitar do
efeito escala, o indivíduo deve evitar a compra por impulso pela quantidade,
evitando assim estourar seu orçamento. Após a compra o indivíduo também
deve se disciplinar em consumir conforme o planejado, caso contrário, o
consumo adiantado anula a economia gerada pelo efeito escala.



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20




Promoções

       As promoções ajudam as finanças pessoais, mas ao se deparar com
uma promoção, avalie bem as suas necessidades para evitar uma compra por
impulso.

        O leitor também pode adiantar uma aquisição através de uma
promoção, contanto que o consumo no ato da promoção não afete seu
orçamento. Ao adiantar uma aquisição, lembre-se de alterar seu plano de
consumo, uma vez que o consumo adiantado em relação ao previsto pode
afetar as finanças pessoais e podendo até prejudicar as suas finanças (ao invés
de ajudar com o desconto da promoção).

        Caso o leitor compre produtos em uma promoção e isso resulte num
consumo exagerado, o resultado será um prejuízo no plano de orçamento do
leitor.

3.2 Consumo de bens de alto valor
        Os bens de alto valor são bens que fogem do escopo do orçamento
doméstico e envolvem, para sua aquisição, um esforço pessoal e empenho de
caixa de vários meses, seja sob forma de poupança para pagamento à vista,
seja para um financiamento.

           Como características dos consumos de bens de alto valor, podemos
citar:

       •   Alto impacto nas finanças pessoais: a compra de um bem de alto valor
           pode mudar drasticamente o panorama das finanças do indivíduo e/ou
           família;
       •   Forma de pagamento: apesar da negociação à vista ser disponível,
           normalmente utilizam-se formas de financiamento como leasing, CDC,
           boleto ou carnê de financiamento3;
       •   Baixo desvio de preços: para bens de alto valor, o intervalo de preços
           entre o comércio que vende mais barato e o comércio que vende mais
           caro varia muito, é bom estar atento aos preços;
       •   Alto desvio das qualidades: apesar do baixo desvio de preços, as
           qualidades dos produtos mudam bastante, bem como os serviços
           agregados como garantia, entrega e suporte técnico relativo ao bem
           adquirido;
       •   Baixo nível de consumo: são bens normalmente de vida útil extensa,
           poucos duram menos que um ou dois anos.

           São exemplos de bens que podem ser considerados de alto valor:

       •   Grandes bens duráveis: grandes eletrodomésticos (como geladeira) e
           eletrônicos de bem-estar na residência (como televisores);

    O Capítulo 5 trata de explicar as modalidades de investimento.
3




     RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
21



    •   Veículos: como carros e motos;
    •   Imóveis: como o residencial e de veraneio;
    •   Bens de capital: equipamentos e aparelhos utilizados por autônomos4.

Descontos

        Bens de alto valor têm um processo de venda demorado, e devido ao
valor mais elevado, uma única negociação faz muita diferença para o resultado
financeiro de qualquer comércio individual. Por este motivo, com bens de
maior valor os vendedores sempre estão dispostos a brigar pelo preço da
venda.

       O leitor pode-se utilizar sempre que possível, do seu poder de
barganha para disputar descontos junto aos vendedores. Pagamento à vista
pode também ser um grande diferencial na hora de conseguir um desconto.

Financiamento

        Cuidado com os valores dos financiamentos ao comprar bens de maior
valor. Sempre questione todos os valores agregados ao financiamento para
obter sempre a taxa real cobrada pelo financiamento.

        O capítulo 5 deste material trata em detalhe sobre as características do
financiamento.

Serviços agregados

        Ao comprar um bem de alto valor é comum a prática (ainda que ilegal)
da tentantiva de venda casada, principalmente de serviços como:

    •   Garantia extendida: equipamentos eletrônicos em geral;
    •   Suporte técnico: principalmente na compra de computadores e
        portáteis;
    •   Planos de dados: para compras de celulares e eletrônicos que utilizam
        dados de internet.
    •   Seguros: para bens de uso externo no geral;

       Avalie antes do momento da compra a necessidade real de serviços
agregados que deverão ser contratados e outros bens que deverão ser
comprados para utilização adequada do bem de alto valor.

        Alguns itens realmente são essenciais e sua falta pode inviabilizar a
aquisição, portanto, devem ser considerados também nas projeções de
orçamento, como manutenção do carro e planos de telefonia móvel.




 Apesar de não ser componentes do orçamento doméstico, por ser parte da decisão
4

de despesa do indivíduo, também entra na nossa análise de consumo.


    RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
22



        Pondere bem as necessidades dos itens dispensáveis, os serviços
agregados podem comprometer uma fatia considerável do planejamento da
aquisição.

3.3 Comportamento no momento da compra
        Um dos momentos mais difíceis para a sustentação de um plano de
finanças pessoais se dá no momento da compra de bens. Afinal, na hora das
compras, nosso ímpeto por consumo pode falar mais alto e quase sempre nos
fazendo comprar além do planejado. Este tópico tem por objetivo ajudar o
leitor a adequar seu comportamento favorecendo ao controle financeiro
pessoal.

        São três os momentos onde diversas atitudes comportamentais devem
ser trabalhadas para ajudar as finanças do leitor:

    •   Antes da compra;
    •   Durante a negociação da compra;
    •   Na pós-compra.

Antes da compra

        Faça uma lista antes de ir às compras. Assim você evita o consumo por
ocasião, geralmente motivado por impulso e pode inclusive economizar tempo
ao ser mais direto nas intenções de compra.

       Verifique se você já não possui os bens que deseja comprar. Isso vale
muito para situação de compras de supermercado e vestuário. Ao saber que
não é necessário comprar (além do que é necessário), o leitor evita as compras
motivadas por impulso de bens que já são possuídos (e inclusive ainda não
foram consumidos).

        Faça uma pesquisa de preços em mais de um lugar. Conforme
abordado no tópico 3.1, os preços dos bens de baixo valor variam muito, e
apesar de individualmente a diferença ter baixo impacto sobre o orçamento,
na somatória do orçamento mensal, essas pequenas diferenças podem ter um
grande impacto. Se por um lado a pesquisa pode demandar um pouco mais de
tempo, por outro lado, o ganho da poupança no longo prazo pode ser
extremamente valioso.

        Para compras de maior valor, faça um plano de consumo: crie uma
poupança para adquirir bens de maior valor. Mesmo quando a intenção de
compra ainda não esteja formada, algumas aquisições são mais ou menos
previsíveis em certos intervalos de tempo. Isso pode ser feito a partir do prazo
médio para troca de alguns bens:

    •   Celular: 2 anos;
    •   Vestuário: 2 anos;
    •   Computador: 3 anos;
    •   Televisão: 5 anos;


   RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
23



    •   Carro: 5 anos;
    •   Geladeira: 10 anos.

       Planeje também os custos de manutenção e serviços agregados.
Muitos bens de maior valor exigem outras despesas agregadas, por exemplo:

    •   Celulares exigem planos de ligação e/ou dados;
    •   Veículos exigem manutenções periódicas, bem como seguros e
        tributos;
    •   Peças de vestuário podem exigir ajustes e tratamento especial de
        lavanderia.

Durante a negociação

       Evite socializar com o vendedor durante a negociação, ou seja, evite
eventual ligação de qualquer natureza com o vendedor. Isso pode ser usado
como uma armadilha emocional que o vendedor pode explorar para forçar o
fechamento do negócio.

        Associação a times de futebol, localidade da residência, local de estudo
frequentado, locais freqüentados da infância, amizades em comum ou até
eventual parentesco de nome são alguns dos itens de socialização mais
explorados pelos vendedores para tornar a hora da negociação menos racional
e mais emocional.

        Por falar em emoção, evitar expor suas emoções com os produtos
ajuda a manter o poder de barganha com o comprador. Mostrar algum vínculo
emocional com o produto (como a sensação de alívio ao encontrar o produto
desejado) permite que o vendedor explore a falha do controle emocional do
comprador.

        Não feche o negócio imediatamente. Quando estiver certo da compra,
espere (mais um dia, por exemplo) antes de fechar o negócio. Isso dará tempo
ao leitor de pensar mais racionalmente sobre a intenção de compra e sobre
sua real necessidade ou mesmo em relação ao comércio atual pretendido para
efetuar a aquisição.

No pós-compra

         Para se precaver de qualquer problema com o bem adquirido, sempre
mantenha um arquivo com os comprovantes das compras efetuadas de bens
ainda em utilização. Guarde também a documentação anexa, como manuais e
certificados de garantia.

        Não esqueça também de guardar acessórios recebidos com o bem
adquirido, como cabos, baterias e capas de proteção. Isso ajuda a conservar o
bem adquirido e valoriza o bem numa possível venda futura.




   RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
24



        Em caso de uma aquisição financiada, sempre pague em dia as
parcelas do financiamento contratado para a aquisição do bem. Isso evita
maiores complicações na parte de restrição ao crédito do seu nome.

       Todos estão sujeitos ao acaso quanto a defeitos nos produtos que
compramos: roupas, celulares, computadores, carros e etc. Para se precaver
destes momentos e evitar assim um prejuízo com a aquisição, sempre tenha a
mãos os dados da garantia do bem adquirido.

       Não esqueça também de pesar a própria qualidade do produto, e a
qualidade dos serviços agregados ao produto, monitore constantemente
reclamações de outros usuários dos produtos que você possui e faça da sua
experiência também um aprendizado para novas aquisições.




  RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
25



Capítulo 4: Imposto de Renda

4.1 Regra geral do imposto de renda
        No Brasil (assim como em outros países) todos os contribuentes devem
prestar contas com a Receita Federal. A Declaração Anual de Ajuste, também
conhecido como Declaração do Imposto de Renda, ou simplesmente Imposto
de Renda, recai tanto pessoas (Pessoas Físicas) como empresas (Pessoas
Jurídicas) e é um imposto cobrado para ajuste de tributos pagos,
transferências de renda e declaração de bens ao fisco.

        O Imposto de Renda é estruturado de forma a tributar as maiores
rendas, isentar quem já pagou outros impostos durante o ano e fiscalizar as
mutações no patrimônio pessoal. Neste capítulo serão abordadas somente as
regras referentes ao Imposto de Renda para Pessoas Físicas.

Obrigatoriedade

           Devem entregar a Declaração de Imposto de Renda:

       •   Nível de renda: quem recebeu rendimentos tributáveis cuja soma foi
           superior a R$ 22.487,255 ou rendimentos isentos, não-tributáveis ou
           tributados exclusivamente na fonte cuja soma foi superior a R$
           40.000,00;
       •   Ganho de capital: quem obteve ganho de capital na venda de bens ou
           direitos, sujeito à incidência de imposto, ou realizou operações em
           bolsa de valores, mercadorias, futuros e similares;
       •   Atividade rural: quem obteve receita bruta superior a R$ 112.436,25
                                                                                       Mesmo que as operações em
           ou pretende compensar em 2010 ou posteriormente, prejuízos                  bolsa tenham sido isentas do
           anteriores ou mesmo de 2010;                                                pagamento de imposto.
       •   Bens e direitos: quem teve posse ou propriedade em 31/12/2010 de
           bens ou direitos de valor total superior a R$ 300.000,00;
       •   Residência: passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês
           e assim se encontrava em 31/12/2010.

        Ficam dispensados os contribuintes fora das condições descritas
anteriormente e aqueles identificados como dependentes em declaração
apresentada por outra pessoa física.

        Podem ser declarados como dependentes6, cônjuge ou companheiro,
filhos e enteados, parentes familiares (irmãos, netos, bisnetos, pais, avós e
bisavós), menor pobre, tutelados e curatelados.

       O contribuinte classificado como isento da Declaração de Imposto de
Renda ainda assim deve enviar a Declaração Anual de Isento a partir de agosto
do ano da entrega.


    Para o ano base 2010.
5

    Para maiores detalhes, confira o website da Receita Federal.
6




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26



Tabela Regressiva

       A tributação do Imposto de Renda segue a metodologia conhecida
como Tabela Progressiva, que aumenta a alíquota de imposto quanto maior a
renda do indivíduo. A tabela atual foi aprovada pela Lei nº 11.482, de
31/05/2007, e alterada pelo artigo primeiro da Medida Provisória nº 528, de
25/03/2011.

         A tabela é construída com base nos rendimentos médios dos
brasileiros. O primeiro intervalo é o de rendimento isento de alíquota, cuja
renda fica livre de qualquer imposto. A partir do segundo intervalo de renda, o
contribuinte deve pagar uma alíquota proporcional à sua renda. Desta alíquota
devida, o contribuinte pode deduzir impostos sobre a renda pagos durante o
ano.

        Quanto maior a renda, maior a alíquota e maior a parcela a deduzir.
Caso o imposto a pagar seja menor que o imposto pago, o contribuinte tem
direito a restituição de imposto de renda e recebe um pagamento da Receita
Federal. Caso o imposto a pagar seja maior que o imposto pago durante o ano,
o contribuinte tem a obrigação de pagar o valor da diferença do imposto de
renda anual.

        Para as declarações de 2012 com base nos rendimentos de 2011, a
tabela tem a seguine estrutura:

       Base de cálculo anual dos                      Parcela a deduzir do
                                       Alíquota
         rendimentos (em R$)                        Imposto de Renda (em R$)
     Até 18.799,32                         -                    -
     De 18.799,33 até 28.174,20         7,50%               1.409,95
     De 28.174,21 até 37.566,12         15,00%              3.523,01
     De 37.566,13 até 46.939,56         22,50%              6.340,47
     Acima de 46.939,56                 27,50%              8.687,45

       Já estão definidas também as tabelas para os anos de 2013, 2014 e
2015. A seguir ilustra-se também a tabela para as declarações de 2013 com
base nos rendimentos de 2012:

       Base de cálculo anual dos                      Parcela a deduzir do
                                       Alíquota
         rendimentos (em R$)                        Imposto de Renda (em R$)
     Até 19.645,32                         -                    -
     De 19.645,33 até 29.442,00         7,50%               1.473,40
     De 29.442,01 até 39.256,56         15,00%              3.681,55
     De 39.256,57 até 49.051,80         22,50%              6.625,79
     Acima de 49.051,80                 27,50%              9.078,38

      O leitor pode buscar outras tabelas previstas para exercícios seguintes
no website da Receita Federal7.

    http://www.receita.fazenda.gov.br/aliquotas/TabProgressiva2012a2015.htm
7




     RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
27




4.2 Preenchendo a declaração
Documentação necessária

       Para elaborar adequadamente sua Declaração de Imposto de Renda,
tenha em mãos (se houver):

    •   Cópia da Declaração do ano anterior;
    •   Informes de rendimentos de salários, pró-labore, lucros, alugéis e etc;
    •   Informes de rendimentos de instituições financeiras;
    •   Informes de outras rendas recebidas, como resgate de FGTS, heranças,
        doações e indenizações;
    •   Comprovantes de pagamento de previdência social e privada;
    •   Comprovantes de compra e venda de bens e direitos;
    •   Comprovante de despesas médicas e odontológicas;
    •   Comprovantes de despesas com educação;
    •   Comprovantes de doações efetuadas;
    •   DARFs8 pagas.

Forma de entrega

        A partir de 2011, a Declaração de Imposto de Renda não pode mais ser
entregue sob forma física9, através de formulários preenchidos manualmente.
A Declaração só pode ser entregue sob forma de arquivo através da internet
ou através de disquete.

        Para efetuar a declaração é preciso ter o software DIRPF da Receita
Federal que pode ser baixado diretamente pelo seu website10. Para entrega
através da internet, baixei também o software Receitanet. Para entrega
através de disquete, grave a declaração e entrege o disquete em agências do
Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal.

Prazo de entrega

       O prazo para entrega da Declaração de Imposto de Renda
normalmente corre de 1º dia útil de março até o último dia útil de abril.
Durante este prazo, o horário para entrega:

    •   Pela internet: durante todo o dia, exceto das 1:00:00 às 5:00:00
        (horário de Brasília). No último dia, o horário de entrega se encerra às
        23:59:59;
    •   Por disquete: no horário das agências bancárias.

      Para o contribuinte que entregar em atraso a Declaração obrigatória, o
pagamento em atraso deve ser efetuado com multa no valor de 1% ao mês-

  Documento de Arrecadação de Receitas Federais
8

  Receita Federal
9

   http://www.receita.fazenda.gov.br
10




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28



calendário pró-rata (proporcional ao prazo) apurado sobre o valor do imposto
devido. O valor mínimo da multa é de R$ 165,74 com valor máximo de 20% do
imposto de renda devido.

Tipos de Declaração

         A Declaração tem duas modalidades para fins de deduções legais:
simplificada e completa.

       Na Declaração Simplificada, o contribuinte não precisa comprovar suas
deduções, já que o valor padrão compreende deduções de valor até R$
13.317,09.

       Na Declaração Completa, os contribuintes com deduções legais
maiores que R$ 13.317,09 podem declarar suas deduções e apresentar seus
comprovantes de pagamento.

        O contribuinte pode escolher: se a restituição for maior no modelo
Simplificado do que na Completa, o investidor entrega a Declaração no modelo
Simplificado; se a restituição for maior no modelo Completo do que na
Simplificado, o investidor entrega a Declaração no modelo Completo. Esta
análise também pode ser aplicada analogamente para o caso do contribuinte
com imposto a pagar.

Orientações gerais

        Algumas orientações gerais para checar antes e enviar sua Declaração
à Receita Federal:

       Não deixe para enviar na última hora, o sistema de recebimento das
       Declarações da Receita Federal pode sofrer lentidões por excesso de
       tráfego, o que pode prejudicar seu envio se for feito apenas no final do
       prazo;
       Guarde todos os comprovantes utilizados na Declaração por pelo
       menos cinco anos após o envio da Declaração;
       Compare no próprio software da Receita qual o melhor modelo de
       Declaração para seu caso: Simplificada ou Completa;
       Compare no próprio software da Receita a melho maneira de declarar
       o cônjuge ou companheiro como dependente;
       Não se esqueça de declarar rendimentos de aplicações financeiras que
       justifiquem a variação patrimonial;
       Informe também as dívidas de financiamento contraídas para
       aquisição de bens de maior valor, o que inclusive justifica a variação
       patrimonial;
       Faça uma checagem passo a passo de todos os itens: verifique os
       valores declarados para deduções como gastos com saúde e educação;
       Registre os bens pelo valor adequado, principalmente em negociações
       com imóveis.

Pagamento e restituição



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29



         Após o cálculo via software da Declaração de Imposto de Renda, caso
haja valor a restituir, a restituição só pode ocorrer em uma conta de
titularidade do cotribuinte declarando. Também pode ser utilizada uma conta
conjunta. A conta para depósito é indicada ainda na Declaração a ser enviada.

        Para o contribuinte que tiver Imposto de Renda a pagar, o próprio
software da Receita Federal gera a DARF que deve ser paga até o último dia
útil do mês de abril.




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30



Capítulo 5: Uso consciente do crédito

5.1 Tipos de crédito
Cartão de crédito

        O cartão de crédito é a modalidade mais popular para operações de
crédito em curto prazo de baixo valor, notadamente mais voltado para
consumo. No cartão de crédito o consumidor paga eletronicamente por uma
transação e após o prazo de um mês, recebendo uma fatura de consumo
devido à operadora do cartão.

        O cartão de crédito é um dos maiores vilões das finanças pessoais, uma
vez que o pagamento das compras com cartão de crédito adianta o prazer do
consumo e posterga seu pagamento. Muitos consumidores acabam perdendo
o controle do consumo levados pelo prazer das compras sem pesar o efeito na
fatura e no orçamento doméstico, uma vez que o débito só virá no vencimento
da fatura.

        Soma-se a isso o fato de os juros do cartão de crédito ser altíssimos em
comparação com outras modalidades de crédito contratadas. Enquanto as
taxas de juros básicas da economia flutuam entre 10% e 15% ao ano, faturas
em atraso no cartão de crédito podem ser oneradas a estes mesmo
percentuais na base mensal (o que para o valor de 10% ao mês, representa um
juros de 213% ao ano).

Cheque especial

        O cheque especial é a operação de crédito ativada automaticamente
quando a conta do correntista no banco se torna zerada. Isso o transforma da
situação de credor depositante (quem tem saldo em conta bancária) para
devedor.

         O cheque especial também é um grande vilão das finanças pessoais,
pois ativa uma operação de crédito de forma automática.

       Esse tipo de operação acaba sendo mais danosa às finanças pessoais
pelo fato dos juros serem contabilizados já no dia seguinte à operação,
enquanto no cartão de crédito os juros passam a ser cobrados no atraso do
pagamento da fatura apenas.

Parcelamento no varejo

        O parcelamento oferecido pelas redes varejistas também é uma forma
de crédito. Algumas redes oferecem o parcelamento com juros e outras o
parcelamento sem juros: em ambos os casos está imbutido o custo do
dinheiro. Isso porque o parcelamento da venda de produtos gera um débito
para o pagamento de fornecedores sem o crédito do recebimento pela venda
(que vai ocorrer de forma financiada). Por este motivo, o pagamento à vista
possui um grande poder de barganha para a negociação de descontos.


   RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
31



       Uma grande vantagem do parcelamento no varejo é a sua praticidade.
O parcelamento no varejo simplifica o processo de compra à prazo, uma vez
que não é preciso contratar um parcelamento bancário para então adquirir um
bem.

        Uma grande desvantagem é o fato de que esta facilidade pode
estimular o consumo não-planejado, uma vez que o pagamento envolve
finanças futuras e dá uma falsa sensação de controle uma vez que “a parcela
cabe no orçamento”. É importante lembrar que, mesmo para financiamentos,
é importante planejar o consumo.

Financiamento bancário

        Para as situações em que o comércio não apresenta uma solução de
parcelamento no momento da compra, o consumidor pode ainda optar pelo
financiamento bancário.

         Dentro da modalidade de financiamento bancário, o consumidor deve
estar atento às taxas de juros, que podem variar bastante de instituição para
instituição. Dar informações sobre o perfil de consumidor ou até sobre o tipo
de bem pode ajudar a baixar a taxa de juros.

        Na hora de contrair um financiamento bancário, verifique também
outros custos agregados à contratação do financiamento, como o IOF (Imposto
sobre Operações Financeiras) e a TAC (Taxa de Abertura de Crédito).
Contabilize os custos adicionais no pagamento e busque calcular o seu impacto
sobre o financiamento como forma de juros: é o que conhecido no mercado
como CET, Custo Efetivo Total.

Financiamento estudantil

       Algumas modalidades de financiamento                 possuem    apoio
governamental, como o financiamento estudantil.

        No Brasil, o FIES, Programa de Financiamento Estudantil, tem
prioridade em financiar a graduação em Ensino Superior a estudantes que não
tem condições de financiar integralmente seus estudos. Além do Ensino
Superior, o FIES também atende a estudantes de Mestrado, Doutorado, Ensino
Técnico e mesmo Ensino Médio.

        O financiamento é concedido junto à Caixa Econômica Federal e a
seleção dos candidatos e das Instituições de Ensino Superior é feita pelo MEC
(Ministério da Educação).

Financiamento de veículo

           Existem duas modalidades para financiamento de veículos: o CDC e o
leasing.

        O leasing é a modalidade de financiamento onde, o banco adquire o
carro e “aluga” para o dono. A parcela serve então como um aluguel do bem.


   RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
32



Após determinado período de aluguel, o banco transfere o bem para o
proprietário.

         O CDC, Crédito Direto ao Consumidor, é a modalidade onde o banco
empresta o dinheiro ao comprador do veículo, com garantia no próprio
veículo.

         Como no leasing o risco é menor (pois o veículo fica em nome do
banco), os juros costumam ser menores. Já a vantagem do CDC é a
possibilidade de quitação adiantada da dívida e a possibilidade de se negociar
o veículo antes do prazo de quitação da dívida, uma vez que o veículo está em
nome do proprietário.

Financiamento imobiliário

        São duas as modalidades de financiamento imobiliário no Brasil:
financiamento bancário e financiamento pelo Sistema Financeiro de Habitação
pela Caixa Econômica Federal.

       Para ambos os casos o consumidor deve consultar antes:

   •   Taxa nominal e taxa efetiva total;
   •   Valor mínimo e máximo do imóvel que pode ser financiado;
   •   Valor mínimo e máximo do montante financiado;
   •   Prazo máximo do financiamento;
   •   Sistema de amortização (assunto do próximo tópico);
   •   Renda mínima e renda máxima;
   •   Modelo de reajuste da parcela (se houver).

5.2 Tipos de financiamento
Os tipos de financiamento que podem ser contratados usando diferentes
modelos de amortização. Os principais sistemas de amortização são:

   •   Sistema americano: pagamento de principal e juros ao final do
       período;
   •   Sistema Price: sistema onde o valor da parcela se mantém constante
       até o final do pagamento;
   •   Sistema SAC: sistema onde o valor da amortização se mantém
       constante até o final do pagamento.

Sistema Price

O sistema Price foi criado de forma a pagar uma dívida com um valor
constante nas parcelas.

A fórmula geral da parcela no sistema Price é dada pela fórmula:




  RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
33




Onde:

PMT = Valor da parcela
VP = Valor presente da dívida
i = taxa de juros
n = número de períodos

Sistema SAC

O Sistema SAC, abreviação para Sistema de Amortização Constante, como
sugere o nome paga um valor constante de amortização da dívida. Os juros
decrescem conforme e amortização avança sobre o principal de forma que a
parcela decresce também, conforme chga-se ao prazo final do financiamento.

A fórmula geral da parcela no sistema SAC é dada pela fórmula:




Onde:

PMT = Valor da parcela
VP = Valor presente da dívida
i = taxa de juros
n = número de períodos
k = número do período analisado

5.3 Usando o crédito corretamente
Usar bem o crédito pode ser extremamente vantajoso para o consumidor,
desde que este uso seja feito com planejamento e disciplina. Algumas
orientações gerais para usar seu crédito corretamente:

        Tenha um controle dos gastos no cartão de crédito além da fatura,
        principalmente para saber seu nível de gasto durante o prazo anterior
        ao recebimento da fatura, isso é essencial para controlar o orçamento;
        Caso vá centralizar os gastos no cartão de crédito, prefira os cartões
        que oferecem bonificações por consumo (contanto que isso não
        resulte em consumo fora de controle);
        Concentre os gastos em um ou dois cartões de crédito, para simplificar
        o controle e ter maior poder de barganha com a operadora de cartão
        de crédito;
        Não faça apenas o pagamento mínimo da fatura, isso implica em
        cobrança de altos juros para os valores com pagamento postergado;




  RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
34



   Escolha uma data de vencimento de fatura do cartão de crédito que
   seja similar aos seus próprios fluxos de caixa, com intervalo de folga
   para pagamento;
   Prefira sempre o financiamento bancário ao invés do cheque especial,
   caso as contas do mês excedam o saldo em conta bancária;
   Cuidado com o parcelamento no cartão de crédito, ela imbute juros
   altos;
   Num financiamento, sempre compare o Custo Efetivo Total entre as
   alternativas;
   Registre cuidadosamente os financiamentos adquiridos e guarde com
   cuidado as parcelas a pagar. Lembre-se de planejar o orçamento
   considerando os financiamentos;
   Prefira pagar à vista sempre que tiver saldo bancário. Se não puder
   pagar totalmente à vista, veja a possibilidade de pagar uma entrada.
   Quanto menos financiamento, melhor para seu orçamento;
   No financiamento imobiliário, sempre considere uma folga financeira
   na renda, principalmente para considerando casos de financiamentos
   com possibilidade de reajuste nas taxas de juros.




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PARTE 2: INVESTIMENTOS
Na parte 2 deste material são apresentados os conceitos sobre teoria e
prática de investimentos.

No capítulo 6, o investidor aprenderá como tomar uma decisão de
investimento baseado em perfil, estratégias de mercado e objetivo de
investimento.

No capítulo 7 serão apresentados os produtos de investimento que surgem
como alternativa ao investidor na composição de uma carteira de
investimento.

No capítulo 8 o investidor aprenderá como gerenciar seus investimentos de
forma a balancear uma carteira de investimento de acordo com as flutuações
de mercado e o comportamento dos investimentos.

O capítulo 9 é essencialmente prático e ensina o investidor a praticar seus
investimentos diretamente no home broker.

Capítulo 6: Produtos de investimentos
Capítulo 7: Decisões em investimentos
Capítulo 8: Gerenciando investimentos
Capítulo 9: Usando o home broker




  RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
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Capítulo 6: Produtos de investimentos

6.1 Tesouro Direto
        O Tesouro Direto é o canal de investimento em títulos públicos
federais. Através do Tesouro Direto o investidor pode comprar e vender títulos
da dívida pública, através de uma corretora de valores.

         Os títulos públicos federais são uma alternativa de investimento em
renda fixa. Negociam-se diariamente títulos com taxas pré-fixados e pós-
fixados.

        Para comprar e vender títulos públicos federais, o investidor obtem
acesso ao site do Tesouro Direto através da conta em uma corretora: com a
conta aberta em uma corretora com a habilitação em Tesouro Direto, o
investidor recebe também uma senha de acesso ao canal do Tesouro Direto.
Após fazer suas compras diretamente no site do Tesouro Direto, a liquidação
financeira ocorre na conta do investidor na corretora.

       São três os tipos de títulos públicos federais emitidos pelo governo:

   •   LTN: Letras do Tesouro Nacional;
   •   LFT: Letras Financeiras do Tesouro;
   •   NTN: Notas do Tesouro Nacional.

       A tabela a seguir ilustra alguns tipos de títulos emitidos pelo Tesouro
Nacional, com valores, vencimento e rentabilidades:

                    Título           Vencimento Taxa(a.a.) Preço Unitário Dia

          Indexados ao IPCA
          NTNB Principal 150515        15/05/2015    6,58%        R$ 1.567,29
          NTNB 150515                  15/05/2015    6,57%        R$ 2.043,10
          NTNB 150517                  15/05/2017    6,42%        R$ 2.042,57
          NTNB 150820                  15/08/2020    6,43%        R$ 1.994,78
          NTNB Principal 150824        15/08/2024    6,12%         R$ 922,72
          NTNB 150824                  15/08/2024    6,20%        R$ 2.019,36
          NTNB Principal 150535        15/05/2035    5,78%         R$ 527,47
          NTNB 150535                  15/05/2035    6,00%        R$ 2.086,80
          NTNB 150545                  15/05/2045    5,81%        R$ 2.143,30
          Prefixados
          LTN 010112                   01/01/2012   12,30%         R$ 922,17
          LTN 010113                   01/01/2013   12,70%         R$ 816,61
          LTN 010114                   01/01/2014   12,80%         R$ 722,51
          LTN 010115                   01/01/2015   12,89%         R$ 638,33
          NTNF 010117                  01/01/2017   12,78%         R$ 924,45
          NTNF 010121                  01/01/2021   12,73%         R$ 886,95
          Indexados à Taxa Selic
          LFT 070315                   07/03/2015    0,00%        R$ 4.645,24
          LFT 070317                   07/03/2017    0,00%        R$ 4.645,24
          Atualizado em: 19/04/2011 17:50:10
          Fonte: Tesouro Nacional



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        O pagamento da compra de títulos públicos federais se dá através de
débito em conta do investidor na corretora de valores. No caso de vencimento
ou venda do título, o crédito também ocorrerá na mesma conta.

6.2 Debêntures
       Debêntures são títulos de dívida emitidos pelas empresas. Através de
uma corretora de valores o investidor pode comprar e vender debêntures,
negociadas na BM&FBOVESPA.

       As debêntures são uma alternativa de investimento em renda fixa.
Negociam-se diariamente títulos com taxas pré-fixados e pós-fixados.

       As compras podem ser feitas em emissões das empresas (mercado
primário) ou através da negociação direta no BOVESPAFIX (mercado
secundário), sistema de negociação de renda fixa da BM&FBOVESPA.

       O pagamento da compra de debêntures se dá através de débito em
conta do investidor na corretora de valores. No caso de vencimento ou venda
da debênture, o crédito também ocorrerá na mesma conta.

6.3 Ações e opções
       Ações são títulos de propriedade emitidos pelas empresas. Através de
uma corretora de valores o investidor pode comprar e vender ações,
negociaçadas na BM&FBOVESPA.

       As ações são a principal alternativa do investimento em renda variável.

       As compras de ações podem ser feitas através de emissões primárias e
secundárias (mercado primário) ou através de negociação direta no segmento
BOVESPA (mercado secundário), sistema de negociação de ações e opções da
BM&FBOVESPA.

        O mercado primário refere-se à colocação inicial do título, onde o
recurso captado junto ao mercado de capitais vai direto para a empresa. Já o
mercado secundário refere-se à transação deste título, onde um titular compra
de outro investidor que deseja desfazer-se do investimento.

       A imagem a seguir ilustra o funcionamento da estrutura de negociação
do mercado secundário:




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38




        A CBLC é a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia e cumpre o
papel de agente de liquidação e custódia. É a empresa responsável pelo
registro de transações e registro de posse e transferências de valores
mobiliários negociados na BM&FBOVESPA.

Estrutura de negociação

        As ações negociadas na bolsa de valores são identificadas por códigos
de negociação, onde cada código identifica o tipo de ativo e suas
características.

      A imagem a seguir ilustra a formação do código de um ativo negociado
na BM&FBOVESPA:




       São os principais números utilizados para identificar os ativos:

   •   3: Ações Ordinárias Nominativas (ON), dão direito a voto e dividendo
       após a PN receber dividendos;
   •   4: Ações Preferenciais Nominativas (PN), não dão direito a voto e dão
       direito prioritário à dividendo;
   •   5: Ações Preferenciais Tipo A, ações com direitos adicionais, conforme
       estatuto da empresa;




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39

                                                                                         Composições     de   ações.
   •   6: Ações Preferenciais Tipo B, ações com direitos adicionais, conforme            Agregados de ações ON e PN
                                                                                         negociadas sob forma de um
       estatuto da empresa;                                                              ativo único.
   •   11: Número livre. Identificam ativos como, as units, os ETFs, os fundos
       imobiliários com cota negociada em bolsa e as BDRs;
   •   1 e 9: direitos de subscrição de ON e recibos de direitos de subscrição
       de ON, respectivamente;
                                                                                         Brazilian Depositary Receipts,
                                                                                         papéis negociados no Brasil
   •   2 e 10: direitos de subscrição de PN e recibos de direitos de subscrição          que representam empresas
                                                                                         que abriram capital fora do
       de PN, respectivamente.                                                           Brasil.

       São as principais letras utilizadas para identificar o tipo de negociação:

   •   Sem código: identifica negociação à vista normal;
   •   F: lote fracionário, quantidade menor que o lote-padrão de negociação
       do ativo;
                                                                                         Normalmente o lote-padrão é
   •   T: operação a termo em Reais (R$);                                                de 100 ações.
   •   D: operação a termo em Dólares (US$);
   •   L: negociação sob forma de leilão especial.

Exemplos de códigos de ativos:

   •   PDGR3: ações ON em lote padrão, negociadas à vista da empresa PDG
       Realty;
   •   LAME4F: ações PN em lote fracionário, negociadas à vista da empresa
       Lojas Americanas;
   •   USIM5: Ações PNA em lote padrão, negociadas à vista da empresa
       Usiminas;
   •   ELET6: Ações PNB em lote padrão, negociadas à vista da empresa
       Eletrobras;
   •   BOVA11: ETFs de Ibovespa em lote padrão, negociadas à vista;
   •   MILK11: BDRs em lote padrão, negociadas à vista da empresa Laep
       Investimentos.

         O processo de liquidação da compra de ações leva três dias úteis, ou
seja, o prazo entre comprar (ou vender) e ter de fato a custódia registrada em
seu nome (ou transferida, no ato da venda), tem o prazo estabelecido em três
dias úteis pela CBLC.

        O pagamento da compra de ações se dá através de débito em conta do
investidor na corretora de valores. No caso da venda das ações, o crédito
também ocorrerá na mesma conta.

Proventos

         Os proventos são as diferentes formas de remuneração que uma
empresa pode pagar aos seus acionistas. As formas de proventos atualmente
existentes são: dividendos, juros sobre capital próprio (abreviado como JSCP),
direitos de subscrição e bonificações.

       O dividendo é uma parcela do lucro da empresa pago em dinheiro
diretamente ao investidor. Como este é calculado contabilmente como uma


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40



parcela do lucro líquido de imposto, o dividendo é pago ao investidor isento de
imposto.

        O juro sobre capital próprio é uma remuneração paga em dinheiro
diretamente ao investidor cujo lançamento contábil para a empresa indica
uma despesa financeira. Isso faz com que o juro sobre capital próprio seja
tributado na conta do investidor, pago diretamente na fonte na alíquota de
15%.

        A bonificação é o provento pago sob forma de ações: o investidor
recebe da empresa mais ações proporcionalmente às ações que já possui. Do
ponto de vista contábil, a distribuição de ações é uma aquisição com valor zero
e no caso da venda, gera um lucro no valor da venda para as ações recebidas
na bonificação.

       O direito de subscrição é o provento distribuído aos acionistas
proporcionalmente às ações que já possui. O direito de subscrição pode ser
negociado ou exercido: neste caso o investidor acaba optando por comprar as
ações nas quais possui direito a um determinado preço. A subscrição só será
vantajosa se o preço de mercado for inferior ao preço de direito de subscrição.

         Os direitos de subscrição negociados geram um lucro no valor da
venda, para fins tributários. Já na venda das ações subscritas, vale o preço na
qual foi feita a subscrição.

Opções

        As opções são um tipo de derivativo onde existe o direito, mas não a
obrigação de comprar determinado ativo a um determinado preço em uma (ou
até) determinada data.

        As opções negociadas na bolsa de valores são identificadas por códigos
de negociação, onde cada código identifica o tipo de ativo objeto e suas
características.

       A imagem a seguir ilustra a formação do código de uma opção
negociada na BM&FBOVESPA:




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     A tabela abaixo ilustra as letras e os vencimentos existentes na
BM&FBOVESPA:

            Mês de vencimento Opções de compra Opções de venda
            Janeiro                  A               M
            Fevereiro                 B               N
            Março                     C               O
            Abril                    D                P
            Maio                      E               Q
            Junho                     F               R
            Julho                    G                S
            Agosto                   H                T
            Setembro                  I               U
            Outubro                   J               V
            Novembro                  K              W
            Dezembro                  L               X

        Os preços de vencimento das séries negociadas nem sempre segue
estritamente o valor indicado no código. Isso significa dizer que, um preço de
exercício (também chamado de strike) pode ser diferente do valor número
negociado. Uma PETRE26 pode ter exercício em 25,12 (como efetivamente
possuiu em 02/05/2011) ao invés dos aparentes 26,00, como indica seu
código. Isso ocorre por ajustes de preços que um ativo pode vir a sofrer no
decurso da vida de uma opção.

        As opções seguem ainda a lógica de precificação. Apesar da livre
negociação para definição de preços, como o preço decorre de um ativo
adjacente, existe diversos modelos de precificação que buscam indicar ao
investidor o preço adequado para determinado derivativo, dependendo das
suas características. Atualmente o modelo mais utilizado para precificação de
opções é o modelo Black&Scholes.

6.4 Fundos de Índice negociados em bolsa
        Os fundos de índice negociados em bolsa, também conhecidos pela
sigla ETF (do inglês, Exchanged Traded Fund), são fundos de investimento que
buscam replicar o desempenho de um índice de ações específico, cujas cotas
são adquiridas diretamente nas bolsas de valores.

       Novidade no Brasil, os ETFs já possuem longa data em mercados
estrangeiros. Os ETFs são uma alternativa em renda variável para o investidor
que deseja apostar no desempenho de um índice e, portanto ter um
desempenho passivo em renda variável.

     A tabela a seguir resume os ETFs atualmente negociados na
BM&FBOVESPA:

 Código     Nome                         Descrição
BOVA11 ISHARES BOVA CI ETF de Ibovespa
BRAX11 ISHARES BRAX CI ETF de IBrX-100
CSMO11 ISHARES CSMO CI ETF de ações do setor de consumo


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MILA11 ISHARES MILA CI ETF de ações de médias e grandes empresas
MOBI11 ISHARES MOBI CI ETF de ações do setor imobiliário
SMAL11 ISHARES SMAL CI ETF de ações de pequenas empresas
FIND11 IT NOW IFNC CI ETF de ações do setor financeiro
 PIBB11    PIBB CI     ETF de IBrX-50

       Para facilitar a negociação dos ETFs junto ao pequeno investidor,
atualmente a BM&FBOVESPA determina o lote-padrão em dez ETFs.

6.5 Outros produtos de investimento
        São outros produtos de investimento também acessíveis ao pequeno
investidor:

   •   Clubes de investimento;
   •   Fundos de investimento;
   •   Fundos de investimento imobiliário com cotas na bolsa de valores;
   •   Contratos futuros.

        Clubes de investimento são grupos de investidores reunidos através de
uma conta cujo objetivo de investimento é comum. A gestão de um clube de
investimento geralmente é feita normalmente pelos seus integrantes,
chamados de cotistas.

         Os fundos de investimento são também um grupo de investidores
reunidos com um objetivo comum de investimento, mas dessa vez a gestão é
terceirizada. A gestão de um fundo de investimento sempre é feita por uma
equipe de gestão contratada.

       Os fundos de investimento imobiliário com cotas negociadas na bolsa
de valores são fundos voltados para investimentos em aluguéis de imóveis
comerciais e eventualmente sua negociação.

       Os contratos futuros são derivativos negociados no segmento BM&F
da BM&FBOVESPA. São acessíveis hoje aos investidores, tanto os contratos
pequenos (chamados de “minis”) como os contratos maiores (chamados de
“cheios”).

        Os contratos futuros são uma alternativa de investimento de maior
risco, pois oferecem retorno alavancado. Os contratos futuros não exigem
todo o capital movimentado numa transação, apenas uma margem, e por isso,
podem dar ganhos e prejuízos (em situações de extrema volatilidade) maiores
que o saldo financeiro do investidor.




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43



Capítulo 7: Decisões em investimentos
          :

7.1 Perfil de investidor
       Encontrar seu próprio perfil de investidor é o primeiro passo para
                          prio
quem deseja iniciar qualquer investimento. Pensando nisso, confira ao final do
material o Anexo I, um teste de perfil preparado para o leitor que deseja
começar a investir.

        São basicamente três tipos de perfis de investidor:

    •   Conservador: nãoaceita investimentos de risco;
    •   Moderado: prefere uma carteira equilibrada entre investimentos de
        baixo risco e alto risco;
    •   Arrojado: prefere investimentos de risco.

        São exemplos de composição de uma carteira de inves
                                                      investimento por tipo
de perfil:

    •   Conservador: carteira composta por no mínimo de 75% em renda fixa
        e até 25% en renda variável;
    •   Moderado: carteira composta em média de 50% em renda fixa e de
        50% em renda variável;
    •   Arrojado: carteira composta por no mínimo de 75% em renda variável
        e até 25% em renda fixa.

       A imagem abaixo ilustra uma curva que relaciona o perfil e o risco e
retorno comum relativo esperado para cada perfil:




        Ao definir o perfil de investidor, o investidor pratica um exercício de
reflexão: o perfil de investidor dirá quais investimentos combinam mais com a
             erfil
própria personalidade do investidor.

       Um investidor com perfil conservador pode se sentir extremamente
desconfortável ao investir em ações, mesmo que o retorno seja atrativo, da
mesma forma que um investidor com perfil arrojado pode se sentir insatisfeito
               ue


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44



e frustrado ao investir em fundos de renda fixa, mesmo que seja um bom
fundo de renda fixa.

        Parte do perfil do investidor pode ser definida pelo prazo de
investimento. Prazos mais alongados de investimento em investimentos de
risco podem se tornar investimentos mais tranqüilos, uma vez que ao investir
no longo prazo, exista uma tendência natural a retornos positivos.

       A tabela a seguir ilustra primariamente esta hipótese, com base nos
retornos do Ibovespa nos últimos 15 anos11 (até 2010):
                                                                                      Índice Bovespa, principal
                                  Retornos12 acumulados no período                    indicador do desempenho do
     Ano       IBOV         Anual      Bianual       Trianual    Quadrianual          mecado de ações do Brasil.

     1995       4.299      -1,26%
     1996       7.040     63,76%       61,69%
     1997      10.196     44,83%                     134,2%
     1998       6.784     -33,46%       -3,64%                     55,81%
     1999      17.091     151,93%
     2000      15.259     -10,72%      124,93%        49,7%
     2001      13.577     -11,02%
     2002      11.268     -17,01%      -26,16%                     66,10%
     2003      22.236     97,34%                      45,7%
     2004      26.196     17,81%       132,48%
     2005      33.455     27,71%
     2006      44.473     32,93%       69,77%        100,0%        294,68%
     2007      63.886     43,65%
     2008      37.550     -41,22%      -15,57%
     2009      68.588     82,66%                      54,2%
     2010      69.304      1,04%       84,56%         1,04%        55,83%

Períodos em
                           37,50%          37,50%      0,00%            0,00%
baixa:

        Não foi considerado nesta simulação o efeito da inflação ou o desconto
dos retornos pela taxa de juros livre de risco.

        Apesar de um prazo mais alongado para o resgate favorecer o
investimento de risco, existe um limite dado pela idade do investidor, tanto
pelo fato de a idade limitar o prazo máximo para investimento como pelo risco
de recuperação do patrimônio arriscado (e perdido) numa aposta de risco.

      Mesmo dentro de um perfil, podem existir sutis variações na
composição da carteira de investimento, por motivos como:

       •    Mais conhecimento do investidor sobre um tipo de produto;

     Para avaliar somente durante o plano Real.
11

     Com dados do Economática.
12




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45



    •   Boa oportunidade de rendimento de momento;
    •   Apenas preferência natural.

       Dois investidores podem ser considerados de perfil moderado com
uma carteira metade em renda fixa e metade em renda variável com a
seguinte composição:

    •   Investidor A: 10 mil reais em fundos DI e 10 mil reais em ações;
    •   Investidor B: 10 mil reais em títulos públicos federais e 10 mil reais em
        ETFs.

        Para este caso, conforme as volatilidades dos ativos variem (tanto de
renda fixa como de renda variável) o risco das carteiras podem ter ligeira
diferença, apesar de ambas serem classificadas como moderadas.

7.2 Tipo de estratégia
        Além do perfil de investimento, que definirá a quanto de risco o
investidor deseja se expor, outra decisão de investimento se refere ao tipo de
abordagem que o investidor terá ao efetuar operações, notadamente nas
operações em renda variável.

        São os tipos mais presentes de perfis estratégicos:

    •   Day-trader;
    •   Swing-trader;
    •   Position trader;
    •   Hedger;
    •   Arbitrador.

Day-trader

        Perfil de estratégia voltado para operações de prazo inferior a um dia,
daí o nome day-trader, também traduzido como operador intradiário. O day-
trader pode operar uma única vez ou várias vezes durante o dia com um ativo
ou mais.

        O day-trader busca pequenas variações de preços observando uma
tendência de preços para o dia em determinado ativo. Normalmente
desprende um acompanhamento intensivo das cotações de mercado e para
atuar adequadamente, precisa de forte preparo psicológico.

Swing trader

        O swing trader é o operador de curto prazo. Normalmente atua em
situações de sobrerreação nos preços, comprando papeis com forte expansão
em alta ou após incomuns sequências de quedas. O raciocínio também é válido
analogamente para uma situação de queda. Utilizam diversas ferramentas de




  RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
46



análise diferentes ao mesmo tempo, como notícias, fundamentos, gráficos e
relações quantitativas13.

        O swing trader aposta em grandes variações de preços (contra ou a
favor da tendência principal) em curtos intervalos de tempo, aproveitando
oportunidades eventuais nos ativos: o swing trader pode tanto atuar
intensivamente em uma semana como ficar várias aguardando novas
oportunidades. Utilizam principalmente o modelo de análise técnica.

Position trader

        O position trader é o operador de longo prazo. Recebe este nome por
dizer-se que é o investidor que se “posiciona” em determinado ativo por um
longo período de tempo, meses ou anos.

         Atuam normalmente em oportunidades de investimento através da
análise da estratégia de longo prazo da empresa e por isso é muito comum
utilizar-se da análise fundamentalista.

Hedger

        A estratégia hedger busca posições em ativos de forma que o risco
geral da carteira seja muito baixo em comparação ao risco médio do mercado
em que atua.

        O hedger utiliza-se essencialmente de análise quantitativa para
executar suas operações. Muito das operações de hedge utiliza-se de
derivativos ou da relação entre ativos correlacionados.

Arbitrador

         O arbitrador busca aproveitar-se de distorções de preços que possam
existir no preço de um ativo em dois mercados distintos. O arbitrador também
pode se utilizar de operações sintéticas, operações estruturadas que simulam a
condição de comportamento de outro ativo, para se aproveitar das mesmas
oportunidades de arbitragem.

        O arbitrador utiliza-se de vários modelos de análise e é fundamental
para seu sucesso uma rápida capacidade de execução em mercados com alta
liquidez com baixo custo operacional.




  Modelo de análise que busca relações estatísticas e/ou matemáticas eventualmente
13

presentes nos ativos.


     RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
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7.3 Análise fundamentalista
       A análise fundamentalista é o modelo de análise de ativos que decide
os momentos de compra e venda baseada nas projeções de fluxo de caixa
esperados para o negócio da empresa.

         A análise fundamentalista define modelos para projetar valores de
receita, margens financeiras e operacionais, analisar o setor no qual a
companhia está inserida e aspectos macroeconômicos, nível de risco da
economia e da empresa, tudo para definir se o atual valor da companhia
reflete ou não adequadamente o futuro do negócio.

         A análise fundamentalista se divide basicamente em três partes:

   •     Análise econômica;
   •     Análise gerencial;
   •     Análise financeira e contábil.

Análise econômica

        A análise econômica consiste em avaliar o macroambiente econômico
(macroeconomia) e o ambiente econômico particular da empresa
(micreconomia). Este item avalia a relação das variáveis globais e seu impacto
sobre o universo da empresa.

        A análise macroeconômica observa as relações entre os indicadores
econômicos como inflação, taxa de câmbio, taxas de juros, nível de emprego,
indicadores de atividade industrial entre outros.

        O primeiro grande direcionador da economia é o crescimento do PIB.
O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma em valor de mercado de todos os bens
e serviços produzidos em determinada região em determinado intervalo de
tempo. O PIB é um medidor universal de crescimento econômico, pois
incorpora todas as particularidades gerais e serve para comparar, por exemplo,
um mesmo país em épocas diferentes ou mesmo países diferentes na mesma
época.

         A tabela a seguir ilustra os valores de PIB das principais economias do
mundo:

                   País          Valor (Em US$)     % PIB Mundial
            Estados Unidos         14.657.800          23,30%
            China                   5.878.257           9,34%
            Japão                   5.458.872           8,68%
            Alemanha                3.315.643           5,27%
            França                  2.582.527           4,11%
            Reino Unido             2.247.455           3,57%
            Brasil                  2.090.314           3,32%
            Itália                  2.055.114           3,27%


  RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
48



           Canadá                   1.574.051              2,50%
           Índia                    1.537.966              2,44%

           Fonte: FMI, 2010

       O crescimento do PIB serve então de direcionador geral do
crescimento médio das empresas em um ou mais países em que a empresa
atua.

        A taxa de inflação é o aumento generalizado dos preços de bens e
serviços numa economia, é outro importante indicador econômico. A taxa de
inflação serve como um medidor de saúde da economia em termos relativos:
uma inflação muito alta corroi muito rapidamente o poder de compra e eleva
as taxas de juros; uma inflação muito baixa indica estagnação econômica.

        O gráfico a seguir ilustra a taxa de inflação no Brasil desde 2000:




  Fonte: IPCA calculado pelo IBGE

        São os principais índices de inflação no Brasil:

    •   IPCA: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, calculado pelo
        IBGE;
    •   IGP-M: Índice Geral de Preços do Mercado, calculado pela FGV;
                                                                                        Instituto Brasileiro de
    •   IPC-Fipe: Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de               Geografia e Estatística,
        Pesquisas Econômicas, da Universidade de São Paulo.                             instituição de administração
                                                                                        pública federal.
        As taxas de juros dão o custo do dinheiro com base no risco oferecido
e são capazes de definir o ritmo da economia: taxas de juros mais baixas
estimulam o investimento e o consumo e fazem com que a inflação cresça,
uma taxa de juros mais alta tem o efeito contrário. No Brasil, são três as taxas        Comitê de Política Monetária:
de juros direcionadoras da economia:                                                    órgão federal responsável por
                                                                                        decisões de âmbito
                                                                                        econômico.
    •   Taxa definida pelo COPOM: define a meta da taxa de juros através de
        políticas monetárias;



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Aprenda finanças pessoais e investimentos na prática

  • 1. 2011 Renascença DTVM Equipe Renatrader [APRENDA FINANÇAS PESSOAIS E INVESTIMENTOS NA PRÁTICA] Conceitos fundamentais em finanças pessoais e em investimentos para investidores iniciantes.
  • 2. 1 Prefácio Parabéns, você chegou onde muitos gostariam de estar, no caminho para um futuro melhor, pensando em cuidar de suas finanças pessoais e cultivar investimentos para seu futuro. Neste material serão abordardos em duas partes os conceitos fundamentais em finanças pessoais e em investimentos. Estruturar adequadamente as finanças pessoais é o ponto de partida de qualquer pessoa que deseja se tornar o investidor: é preciso ter as contas em dia para poupar e começar a investir. Uma vez com as finanças pessoais organizadas, muitas alternativas de investimento surgem para o investidor. Não existe o melhor investimento, existe apenas o melhor ou pior investimento para cada perfil de investimento, para cada tipo de estratégia. Na segunda parte desta apostila são apresentados os conceitos sobre investimentos. O investidor que souber lidar com estes dois grandes assuntos, finanças pessoais e investimentos, estará bem inserido no contexto de investimento e sem dúvida pronta para investir de forma consciente. Desejamos a você leitor, uma leitura tranqüila direta e esclarecedora. Atenciosamente, Márcio Rodrigues, professor Renatrader RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 3. 2 Índice Página PARTE 1: FINANÇAS PESSOAIS 4 Capítulo 1: Conceitos de finanças pessoais 5 1.1 Valor presente e valor futuro 5 1.2 Autoconhecimento 7 1.3 Planejando o futuro 9 1.4 Metas e objetivos financeiros 10 Capítulo 2: Montando seu orçamento 9 2.1 Identificando as receitas 12 2.2 Identificando as despesas 12 2.3 Despesas no Brasil 13 2.4 Definindo as prioridades 13 2.5 Definindo o orçamento 15 Capítulo 3: Consumo e suas “armadilhas” 19 3.1 Consumo de bens de baixo valor 19 3.2 Consumo de bens de alto valor 20 3.3 Comportamento no momento da compra 22 Capítulo 4: Imposto de Renda 25 4.1 Regra geral do imposto de renda 25 4.2 Preenchendo a declaração 27 Capítulo 5: Uso consciente do crédito 30 5.1 Tipos de crédito 30 5.2 Tipos de financiamento 32 5.3 Usando o crédito corretamente 33 PARTE 2: INVESTIMENTOS 35 Capítulo 6: Produtos de investimentos 36 6.1 Tesouro Direto 36 6.2 Debêntures 37 6.3 Ações e opções 37 6.4 Fundos de Índice negociados em bolsa 41 6.5 Outros produtos de investimento 42 Capítulo 7: Decisões em investimentos 43 7.1 Perfil de investidor 43 7.2 Tipo de estratégia 45 7.3 Análise fundamentalista 47 7.4 Análise técnica 51 Capítulo 8: Gerenciando investimentos 58 8.1 O conceito da diversificação 58 RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 4. 3 8.2 Usando stops 59 8.3 Trocando de investimento 61 8.4 Plano de investimento 62 8.5 Tributação 63 Capítulo 9: Usando o home broker 65 9.1 Função do Renatrader 65 9.2 Abrindo a conta 65 9.3 Operando Tesouro Direto 67 9.4 Operando na BM&FBOVESPA 68 9.5 Acompanhando a conta 69 9.6 Lendo um relatório 71 9.7 Usando um gráfico 72 Anexos 73 I Teste de Perfil de Investidor 73 Bibliografia 75 RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 5. 4 PARTE 1: FINANÇAS PESSOAIS Na parte 1 deste material são apresentados os conceitos mais importantes para entender as finanças pessoais com objetivo de ajudar o investidor a organizar-se financeiramente. Nos três primeiros capítulos são apresentados os conceitos essenciais para organizar as finanças pessoais e controlar as contas do dia a dia, tanto receitas como despesas. No quarto capítulo o investidor será apresentado às regras de imposto de renda, parte importante do controle das finanças pessoais. Usar conscientemente o crédito está relacionado ao tratamento das finanças pessoais e é assunto do quinto capítulo. Capítulo 1: Conceitos de finanças pessoais Capítulo 2: Montando seu orçamento Capítulo 3: Consumo e suas “armadilhas” Capítulo 4: Imposto de Renda Capítulo 5: Uso consciente do crédito RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 6. 5 Capítulo 1: Conceitos de finanças pessoais 1.1 Valor presente e valor futuro A necessidade de se preocupar com as finanças pessoais surge da necessidade temporal do dinheiro, ou seja, de poupar um determinado valor hoje para usar este valor no futuro. Esta necessidade pode surgir por vários motivos, como: • Formação de patrimônio particular/familiar; • Preocupação em preservar o poder de consumo; • Preocupação em melhorar o padrão de vida; • Ter uma reserva para maior segurança financeira; • Pagar à vista a aquisição de um bem. Como é racionalmente preferível sempre utilizar um recurso financeiro hoje ao invés de utilizar no futuro, o esforço de poupança só faz sentido para alguém se houver uma remuneração pelo tempo que a poupança fique depositada, de forma a compensar essa abstinência. Por outro lado, alguma outra pessoa pode pensar de maneira diferente e preferir adiantar um gasto futuro ao estar disposto a pagar para isto. Esta pessoa pode querer investir em um negócio rentável ou simplesmente deseja utilizar um bem agora ao invés de preferir poupar para consumir. Estas duas pessoas, ao se encontrarem, podem fazer uma troca: a pessoa com poupança empresta ao devedor o valor desejado em troca de uma remuneração pelo tempo do empréstimo. A essa remuneração chamamos juros, e o valor será tanto maior quanto maior for o risco de o devedor não honrar o compromisso com o credor. Quanto maior o prazo, maior o peso dos juros, em proporção ao tempo. Os juros são, portanto, o elo entre o valor presente (o quanto vale agora determinada aplicação ou dívida) e o valor futuro (o quanto valerá determinada aplicação ou dívida). Os juros podem ser imputados de forma simples ou composta. Juros Simples Os juros simples são cobrados por período sempre sobre o valor presente (ou podemos neste caso chamar de montante), de acordo com a seguinte relação: Onde: RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 7. 6 VF = Valor Futuro VP = Valor presente n = Períodos i = taxa de juros Juros Compostos Os juros compostos são cobrados de forma escalonada, ou seja, após cada período, o valor devido de juros passado passa a ser incorporado ao ada montante, novos juros para novos períodos são então cobrados sobre o valor original e sobre os juros incorporados, cobrando assim, juros sobre juros: cobrando-se Onde: VF = Valor Futuro VP = Valor presente n = Períodos i = taxa de juros No Brasil, prevalece o padrão de remuneração e cobrança de juros sob forma composta. O padrão de capitalização Comparativos varia de país para país. O gráfico a seguir ilustra o comparativo entre as duas formas de capitalização em função do tempo: Para a construção do gráfico foi utilizado um capital inicial de 100,00 aplicado a uma taxa de 300% ao período, por 1,5 períodos. Para comparar as taxas, o intervalo adotado para cada ponto do gráfico é de 0,1 períodos. do Nota-se que ao capitalizar em períodos menores que o da taxa de juros se é mais rentável utilizar a capitalização por juros simples. Capitalizar em períodos maiores que o da taxa de juros é mais rentável nos j juros compostos. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 8. 7 Em outras palavras, podemos dizer que aplicar em algo que rende 10% ao ano por 6 meses é mais rentável em regime de capitalização simples. Aplicar em algo que rende 10% ao ano por 2 anos é mais rentável em regime de capitalização composta. Invertendo-se a ordem da fórmula, é possível obter ainda o valor presente a partir das mesmas fórmulas: Para capitalização composta: Para capitalização simples: Esta inversão pode ser particularmente útil para casos onde se deseja, por exemplo, calcular o valor presente de uma dívida ou estimar o valor de uma poupança hoje para atingir um objetivo financeiro. 1.2 Autoconhecimento O autoconhecimento é a etapa de definir algumas características pessoais que influenciam as decisões em finanças pessoais. Responda às perguntas abaixo para conhecer um pouco mais sobre como efetuar seu planejamento financeiro: a. Qual o valor dos meus rendimentos? b. Qual o valor dos meus gastos? c. Com qual idade pretendo me aposentar? d. Qual a minha idade atual? e. Quão estável é minha renda? f. Quantas pessoas dependem da minha renda? g. Qual a rentabilidade dos meus investimentos? Ao responder à pergunta A e B, a diferença entre os valores dá a priori o valor de saldo mensal livre para investimentos. Sobre a diferença A menos B: • Para quem apresentar esta diferença como um valor negativo em suas próprias finanças, alerta máximo: é preciso rever os gastos imediatamente; • Para quem apresentar esta diferença com o valor zero (ou muito próximo disso), um aviso: apesar de a situação ser confortável no curto prazo, é importante notar que no longo prazo não se forma patrimônio sem investimento; • Para quem apresentar esta diferença com um valor positivo, é preciso ainda assim verificar se a velocidade da poupança atende às expectativas. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 9. 8 Ao responder à pergunta C e D, a diferença entre os valores dá o tempo que o indivíduo tem para atingir sua meta para aposentadoria ou independência financeira. Quanto maior o valor da diferença, mais flexível pode ser o plano para aposentadoria, exigindo menores esforços financeiros no presente. Para quem deseja encontrar um ponto de equilíbrio desse nível de investimento em relação à renda, recomenda-se geralmente o intervalo de 10% a 30% do valor da renda média para investimento. A proporção do valor em investimento vai depender diretamente dos objetivos financeiros do indivíduo. O conceito de estabilidade da renda é um tanto quanto vasto. De modo geral pode-se dizer que profissionais autônomos têm menor estabilidade da renda, enquanto profissionais da iniciativa privada e pública tem maior estabilidade. Ainda comparando profissionais da iniciativa privada com os da iniciativa pública, o segundo tem normalmente uma carreira estável com renda estável. De modo geral pode-se dizer que, quanto mais instável a renda, maior deve ser a folga da diferença entre A e B, como forma de compensar a instabilidade da renda. Para uma situação de renda instável, como no caso de autônomos (como advogados, dentistas, médicos e outros), free-lancers, micro- empresários, vendedores, prestadores de serviço, recomenda-se utilizar a Profissionais que prestam média de rendimento mensal obtido através da base anual. serviço por unidade de demanda. Exemplo: Para uma situação de renda mais estável, como no caso de tradutores de livros. funcionários de empresas privadas, o indivíduo precisa estimar todos os rendimentos do ano, inclusive receitas eventuais como o décimo terceiro e eventuais bonificações. Para profissionais com profissão mais rotativa como professores, programadores ou mesmo de difícil recolocação profissional, é importante reforçar a parte de reservas financeiras. Nem todos os profissionais da iniciativa pública possuem estabilidade de emprego. Por isso, também precisam montar uma reserva, ainda que menor que profissionais expostos a risco maior de empregabilidade e os autônomos. Um valor entre seis a doze vezes o gasto médio mensal é algo normalmente suficiente para cobrir boa parte do risco de renda da maior parte das pessoas. Note como ainda assim esta é uma conta imprecisa, uma vez ser impossível mensurar todos os riscos reais. Como alternativa, as pessoas podem ainda contratar seguros para mitigar o risco de situações específicas, como veremos mais adiante. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 10. 9 Exemplo 1 Um indivíduo, vendedor autônomo da indústria, com renda média de R$ 3.000,00 e gasto médio mensal de R$ 2.800,00, tem 45 anos e pretende se aposentar aos 65 anos. Responda: a) Qual valor de poupança para imprevistos recomendado para este indíviduo? Tendo como base ser um indíviduo exposto a uma profissão mais arriscada (vendedor autônomo), neste caso recomenda- se 12 x 2800 = R$ 33.600,00 aplicados em investimentos de alta liquidez, como a poupança. b) Sem contar o rendimento, qual valor estimado de poupança com base na sobra de renda mensal? A sobra de renda mensal está no valor médio de R$ 200,00. Faltam 20 anos para ele se aposentar. Com base nisso, a poupança estimada é de 20 x 12 x 200 = R$ 48.000,00. c) Qual o valor recomendado de investimento para este indivíduo? No momento este indíviduo consegue poupar apenas 6,66% do valor da renda. Recomenda-se um valor maior de poupança, cerca de 25% para este indíviduo. Observação: neste exemplo não foram analisadas as necessidades de investimento do investimento do indivíduo. 1.3 Planejando o futuro O nível de investimentos e suas rentabilidades vão definidir como será o futuro financeiro do um indivíduo. Planejar o futuro envolve então o planejamento financeiro dos investimentos. Além da estratégia em si de investimento (que será apresentada em capítulo posterior), planejar os investimentos significa definir como será o fluxo de investimentos e suas proporções: uma vertente diferente da gestão dos investimentos. O planejamento envolve a decisão sobre quatro variáveis: • Capital inicial; • Aportes parciais; • Rentabilidade esperada; • Tempo. Estas variáveis se relacionam através da fórmula de capitalização composta, e a partir dela, pode-se estimar o patrimônio que será formado pelo indivíduo. A variável “Rentabilidade esperada” é a única que foge do controle do indivíduo, por ser dada pelo mercado. Isso significa dizer que, ainda que o planejamento seja bem executado, o retorno pode ser diferente do esperado RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 11. 10 (para mais ou para menos) devido à flutuação na rentabilidade dos investimentos. Exemplo 2 Qual o patrimônio esperado para um indivíduo que tem um capital inicial de R$ 5.000,00 e pretende fazer aportes de R$ 500,00 ao mês por 3 anos cuja rentabilidade esperada é de 10% ao ano? Para responder a esta pergunta é necessário utilizar uma planilha eletrônica ou calculadora financeira. O valor é encontrado capitalizando o capital inicial pelo prazo e os aportes iniciais de acordo com a época de aplicação. O resultado vai ser aproximadamente um patrimônio de R$ 26.909,59. Calculado pelo software Microsoft Excel. O investidor que deseja se expor menos a estas flutuações de rentabilidade, deve migrar mais investimentos para categorias que variam menos a rentabilidade, ou seja, renda fixa. O ideal é que o indíviduo faça sempre um planejamento financeiro para despesas futuras esperadas, como a compra de um carro, casa, viagens e mesmo bens de maior valor, como TVs e geladeiras. Este valor poupado e investido deve ficar reservado, e para os casos de emergência, usar a poupança feita para casos de emergência. 1.4 Metas e objetivos financeiros Os objetivos financeiros são os resultados esperados para os investimentos quem têm como meta atender aos objetivos dos indivíduos. Definir as metas de vida ajuda a definir os objetivos financeiros dos investimentos. Isso muito porque com metas concretas, fica mais fácil planejar e executar o plano, enquanto se a meta fosse apenas o patrimônio financeiro. Metas mais flexíveis podem interferir no nível de risco do investimento, bem como tempo: em metas de longo prazo o indivíduo pode tentar compor investimentos de risco maior para aumentar sua rentabilidade esperada. Exemplo 3 Um indivíduo pretende comprar uma casa de R$ 200 mil em 10 anos. Qual deve ser o plano de investimento sem capital inicial se ele pretende investir em produtos que rendem 10% ao ano? Para responder a esta pergunta é necessário utilizar uma planilha eletrônica ou calculadora financeira. Para este caso tem-se o valor RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 12. 11 futuro e pretende-se encontrar as parcelas que comporão o investimento feito ao longo de 10 anos. O resultado vai ser aproximadamente uma parcela mensal de R$ 992,76. Calculado pelo software Microsoft Excel. Faça um planejamento baseado em seus sonhos para o futuro, e organize numa ordem de prioridade que reflita suas reais necessidades presente. Este é um começo para definir o mapa de suas finanças pessoais. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 13. 12 Capítulo 2: Montando seu orçamento 2.1 Identificando as receitas Para aqueles indivíduos que possuem uma formação mais complexa de renda, o trabalho em finanças pessoais começa antes, através da identificação das receitas. Para aqueles que possuem empresa, o primeiro passo é separar as contas da empresa das contas pessoais. É comum para este tipo de indivíduo misturar as contas, o que pode ser prejudicial para a pessoa e para a empresa: o indivíduo pode estar utilizando dinheiro da empresa além do esperado para gastos pessoais e vice-versa. Após este passo, algumas pessoas podem ainda ter dificuldade em lidar com muitas receitas, a exemplo de médicos com consultório, que podem receber por várias vezes no mês. Neste caso, o indivíduo pode trabalhar as receitas do seu orçamento na base mensal ou semanal e trabalhar a previsão de despesas com base nos rendimentos médios mensais dos últimos 12 meses. Para aqueles que possuem uma renda pré-determinada, o já bem conhecido salário, o orçamento mensal passa a ser conseqüência direta deste valor. Além da renda mensal, a pessoa pode ainda contar com outros recebimentos eventuais, como o adicional por férias e décimo terceiro salário. Para rendimentos com valor desconhecido, porém esperados, como os planos de PLR, o indivíduo pode trabalhar com a expectativa de valor menor que o real esperado, apenas como forma de não trabalhar com um rendimento Participação nos Lucros e maior que o real. Resultados. Muitas empresas têm dado participação nos Eventuais bonificações não esperadas só podem entrar no orçamento lucros aos seus funcionários. das receitas após o recebimento, de forma a beneficiar o orçamento, mas o indivíduo não pode contar com seu recebimento. 2.2 Identificando as despesas A identificação e categorização das despesas é fator determinante para organização das finanças pessoais, uma vez que seu impacto é direto sobre o resultado do orçamento e consequentemente, no nível de investimento do indivíduo. São duas as grandes categorias de despesas: • Recorrentes: despesas que se repetem na base do orçamento (base mensal, por exemplo). São subcategorias: o Alimentação: gastos gerais com alimentação, desde que apenas para suprir necessidades básicas; o Educação: cursos, faculdades, seminários e livros; o Habitação: aluguéis, condomínios e financiamentos; RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 14. 13 o Lazer: bem-estar geral, como viagens, passeios e consumo de bens de entretenimento; o Financiamentos gerais de longo prazo: gastos feitos para aquisição adiantada de bens sob forma de parcelamento; o Saúde: gasto conhecido com saúde de utilização obrigatória, como dentista e uso periódico de remédios; o Transporte: deslocamento essencial, como trajeto ao trabalho. • Não-recorrentes: despesas que são temporárias, eventuais e também as imprevistas. São subcategorias: o Compra de bens: compra de bens de maior valor financeiro; o Impostos anuais: como IPTU, IPVA e IR; o Impostos esporádicos: venda de bens e movimentações com investimentos; o Lazer: viagens eventuais, eventos como espetáculos; o Manutenção em bens: como do imóvel e de veículos; o Saúde: gastos com imprevistos de saúde, como remédios e internações; o Social: correspondem a necessidades de socialização, como gastos com datas comemorativas e presentes. Algumas observações sobre como classificar adequadamente os gastos. O lançamento de gastos com alimentação só pode conter gastos essenciais de alimentação, como almoço no trabalho e jantar em casa. Gastos de alimentação em locais não essenciais como restaurantes mais sofisticados e mesmo uma saída breve com os amigos devem entrar na conta de lazer e/ou social. Nos gastos com Habitação só podem entrar as contas que são de manutenção da moradia. Reformas e reparos são não recorrentes e entram na conta de manutenção de bens. Gastos correntes de Saúde reúnem gastos com planos de saúde e gastos essenciais para aqueles que dependem de medicação (exemplo: diabéticos e hipertensos). Esportes praticados a título de lazer devem entrar na conta de lazer, e não nas contas de saúde. Na conta de Transporte é importante separar os gastos de transporte associados ao emprego, muito comum em alguns casos: vendedores autônomos, engenheiros de campo, advogados e corretores são alguns exemplos de profissões que podem ter gastos grandes com deslocamento. Nestes casos recomenda-se separar estes gastos ainda na parte das receitas. Os gastos com financiamentos devem estar em linha com as necessidades dos indivíduos e não pode ser uma grande conta do orçamento, pois podem ser uma fuga de receita que deveria estar alocada em outros lançamentos. Prefira sempre poupar para comprar ao invés de financiar. Gastos sociais possuem grande sazonalidade, se acumulam em épocas de festas (Natal e Dia das Mães, por exemplo), mas possuem uma média mensal. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 15. 14 Quem espera ter algum grande gasto com presentes, por exemplo, deve se planejar para isso para não estourar o orçamento no mês do gasto. 2.3 Despesas no Brasil Um bom ponto de partida para quem quer elaborar um mapa de suas finanças pessoais é observar o que outras pessoas estão fazendo. Pensando nisso, neste tópico apresentam-se os dados da POF, Pesquisa de Orçamentos Familiares, feito em 2008/2009 pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A partir do POF o leitor pode ter uma idéia de como se compõem os gastos e rendimentos das famílias brasileiras e, portanto, qual sua situação ao redor desta média. A seguir será mostrada apenas parte dos dados da pesquisa. Segundo pesquisa do IBGE1, “75% das famílias declararam algum grau de dificuldade para chegar ao fim do mês com seus rendimentos. Na classe com rendimentos até R$ 830, cerca de 88% indicaram algum grau de dificuldade e 31,1%, muita dificuldade. Na classe com mais de R$ 10.375, 28% tinham algum grau de dificuldade e 2,6%, muita dificuldade”. Esse dado deve ser usado como alerta pelo leitor, pois demonstra uma realidade pouco percebida: o brasileiro, mesmo de alta renda, tem dificuldades em controlar suas finanças pessoais. O gráfico a seguir dá idéia de como se distribuem os gastos das famílias brasileiras: Fonte: IBGE Na categoria outros poderiam ser alocados gastos como lazer, imprevistos, viagens, sociais, seguros financiamentos e outros. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008/2009, IBGE, 2010. 1 RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 16. 15 Apenas para comparativo com um país mais desenvolvido, o gráfico a seguri ilustra a mesma divisão de despesas de uma família norte-americana no mesmo período da pesquisa brasileira: Fonte: BLS2 Pode-se notar que não há uma diferença substancial das despesas da população brasileira em relação à americana. Quanto à participação das despesas consumo na renda, estas representam 78,06% dos rendimentos totais médios. No Brasil, o consumo representa 81,3% da despesa total para os rendimentos médios familiares. O gráfico a seguir demonstra esse dado: Fonte: IBGE Bureau of Labor Statistics, 2010, EUA 2 RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 17. 16 Uma parcela muito pequena da renda é utilizada para aumento de ativo, através da aquisição de bens ou investimentos. Outro dado importante é a grande variedade de rendimentos das famílias brasileiras por região. O rendimento médio familiar no sudeste é quase o dobro do valor do nordeste. O gráfico a seguir exibe este comparativo: Fonte: IBGE Estes gráficos devem ajudar ao leitor a entender a realidade brasileira e principalmente a balizar suas finanças pessoais sobre o que se tem praticado. Vale lembrar que este não é um cenário ideal, uma vez que o reflexo desta realidade é o fato de tal situação gerar desconforto para fechar o orçamento familiar em boa parcela das famílias brasileiras. A sugestão é a de que o leitor deva diminuir proporcionalmente suas despesas com incremento da parte alocada pra crescer os investimentos, voltados para aumentar os ativos. 2.4 Definindo as prioridades A ordem de importância de cada gasto pesa sobre as preferências do indivíduo, casal ou família, variando muito de caso para caso. Para um indivíduo jovem, por exemplo, pesa muito mais o gasto em educação do que com lazer. O jovem casal passa a se preocupar mais com habitação e menos com educação, já para um casal de maior idade, pode pesar muito o quesito saúde e lazer ao invés de educacional. Neste material, ressaltamos, porém que, feita a devida proporção de valor gasto com cada tipo, a disciplina passa ser o fator fundamental do controle das finanças pessoais. Para organizar as prioridades, recomenda-se ao leitor que defina objetivos de curto prazo e de longo prazo. O orçamento deve refletir os RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 18. 17 desejos e necessidades de curto prazo sem comprometer os planos de longo prazo, de forma a satisfazer o interesse dos indivíduos ao longo do tempo. Uma boa maneira de se executar um orçamento desta maneira é revisar anualmente o orçamento e sempre repensar nas alterações necessárias, fruto de aprendizado e de alinhamento de necessidades pessoais e/ou familiares. 2.5 Definindo o orçamento O orçamento conta ainda com mais dois itens além dos apresentados anteriormente: despesas com segurança financeira e investimentos. Por segurança financeira, refere-se à contratação de seguros como, seguros de vida, seguro de bens (imóveis e veículos), seguro de eletrônicos (como notebooks e celulares) e até seguro desemprego privado. Profissionais liberais que não A tabela a seguir sugere o formato de um orçamento bem abrangente: trabalham apoiados na CLT brasileira, e sim através de Tipo Nome Observação contrato de prestação de Crédito Rendimentos brutos Salário ou pró-labore serviço, podem contratar Débito Gastos com a profissão Para autônomos serviços privados de seguro desemprego junto aos Débito Impostos sobre rendimentos bancos. Débito Impostos eventuais a recolher Nunca atrase seus impostos Saldo Rendimento profissional líquido Crédito Pensões recebidas Crédito Aluguéis recebidos Crédito Gratificações Crédito Reembolsos Crédito Rendimento de investimentos Saldo Rendimento Total Líquido Débito Aluguel / Parcela do imóvel Débito Condomínio Débito Conta de Luz Débito Conta de Água Débito Supermercado do mês Débito Transporte essencial Combustíveis ou vale-transporte Débito Planos de saúde Débito Gastos diretos com educação Parcela da faculdade (exemplo) Débito Gastos indiretos com educação Livros, eventos, seminários... Resultado após gastos recorrentes Saldo e essenciais Débito Conta de Telefonia Débito Conta de TV a cabo Débito Conta de Celular Débito Conta de Internet Débito Academia Resultado após gastos recorrentes Saldo não essenciais Débito Reparo não previsto do carro RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 19. 18 Débito Reparo não previsto na residência Débito Gastos não previstos de saúde Saldo Resultado após gastos imprevistos Débito Bens de consumo Exemplo: roupas Débito Restaurantes Débito Presentes Débito Passeios e viagens Débito Entretenimento Resultado após gastos com lazer e Saldo bem estar Débito Financiamentos Crédito ou Despesas Financeiras Juros pagos ou rendidos na conta Débito Débito Parcela dos seguros Crédito Resgate de investimento Débito Aplicação em investimento Crédito ou Saldo do mês anterior Débito Saldo Saldo final do mês na conta Experimente incluir seus gastos no modelo proposto. Monte o seu orçamento e, dependendo do caso, apague os campos não utilizados da tabela, assim você simplifica seu orçamento. Comece como um exercício e logo você terá montado seu próprio orçamento. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 20. 19 Capítulo 3: Consumo e suas “armadilhas” 3.1 Consumo de bens de baixo valor O consumo de bens de baixo valor pode ser definido pelo escopo dos bens que cabem dentro do orçamento mensal: compreende desde o consumo de um cafezinho até a aquisição de um pequeno eletrodoméstico. Como características dos consumos de bens de baixo valor, podemos citar: • Baixo impacto nas finanças pessoais: a compra de um bem de baixo valor cabe dentro do orçamento doméstico. • Forma de pagamento: normalmente à vista ou financiado pelo cartão de crédito; • Alto desvio dos preços: para bens de baixo valor, o intervalo de preços entre o comércio que vende mais barato e o comércio que vende mais caro varia muito, é bom estar atento aos preços; • Alto nível de consumo: são bens que são consumidos rapidamente, poucos duram mais do que o prazo de um orçamento mensal. São exemplos de bens que podem ser considerados de baixo valor: • Pequenos bens duráveis: pequenos eletrônicos e pequenos eletrodomésticos. • Itens de supermercado: como alimentos e itens de higiene; • Vestuário: roupas e calçados; • Itens de lazer e educação: livros e itens de bem-estar. A seguir serão explicados alguns aspectos da decisão de aquisição de bens de baixo valor. Efeito escala Repare bem que alguns itens no supermercado custam mais barato quando adquiridos em pacotes maiores. Esse desconto marginal ocorre com freqüência e é conhecido como efeito escala: quanto mais se compra, menor fica o custo unitário na aquisição. Ao consumir bens de baixo valor, o indivíduo deve preferir consumir uma quantidade maior de bens por transação, para bens de alto nível de consumo. Isso normalmente significa um desconto por conta da escala da compra. Ao considerar a compra em grandes quantidades para se aproveitar do efeito escala, o indivíduo deve evitar a compra por impulso pela quantidade, evitando assim estourar seu orçamento. Após a compra o indivíduo também deve se disciplinar em consumir conforme o planejado, caso contrário, o consumo adiantado anula a economia gerada pelo efeito escala. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 21. 20 Promoções As promoções ajudam as finanças pessoais, mas ao se deparar com uma promoção, avalie bem as suas necessidades para evitar uma compra por impulso. O leitor também pode adiantar uma aquisição através de uma promoção, contanto que o consumo no ato da promoção não afete seu orçamento. Ao adiantar uma aquisição, lembre-se de alterar seu plano de consumo, uma vez que o consumo adiantado em relação ao previsto pode afetar as finanças pessoais e podendo até prejudicar as suas finanças (ao invés de ajudar com o desconto da promoção). Caso o leitor compre produtos em uma promoção e isso resulte num consumo exagerado, o resultado será um prejuízo no plano de orçamento do leitor. 3.2 Consumo de bens de alto valor Os bens de alto valor são bens que fogem do escopo do orçamento doméstico e envolvem, para sua aquisição, um esforço pessoal e empenho de caixa de vários meses, seja sob forma de poupança para pagamento à vista, seja para um financiamento. Como características dos consumos de bens de alto valor, podemos citar: • Alto impacto nas finanças pessoais: a compra de um bem de alto valor pode mudar drasticamente o panorama das finanças do indivíduo e/ou família; • Forma de pagamento: apesar da negociação à vista ser disponível, normalmente utilizam-se formas de financiamento como leasing, CDC, boleto ou carnê de financiamento3; • Baixo desvio de preços: para bens de alto valor, o intervalo de preços entre o comércio que vende mais barato e o comércio que vende mais caro varia muito, é bom estar atento aos preços; • Alto desvio das qualidades: apesar do baixo desvio de preços, as qualidades dos produtos mudam bastante, bem como os serviços agregados como garantia, entrega e suporte técnico relativo ao bem adquirido; • Baixo nível de consumo: são bens normalmente de vida útil extensa, poucos duram menos que um ou dois anos. São exemplos de bens que podem ser considerados de alto valor: • Grandes bens duráveis: grandes eletrodomésticos (como geladeira) e eletrônicos de bem-estar na residência (como televisores); O Capítulo 5 trata de explicar as modalidades de investimento. 3 RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 22. 21 • Veículos: como carros e motos; • Imóveis: como o residencial e de veraneio; • Bens de capital: equipamentos e aparelhos utilizados por autônomos4. Descontos Bens de alto valor têm um processo de venda demorado, e devido ao valor mais elevado, uma única negociação faz muita diferença para o resultado financeiro de qualquer comércio individual. Por este motivo, com bens de maior valor os vendedores sempre estão dispostos a brigar pelo preço da venda. O leitor pode-se utilizar sempre que possível, do seu poder de barganha para disputar descontos junto aos vendedores. Pagamento à vista pode também ser um grande diferencial na hora de conseguir um desconto. Financiamento Cuidado com os valores dos financiamentos ao comprar bens de maior valor. Sempre questione todos os valores agregados ao financiamento para obter sempre a taxa real cobrada pelo financiamento. O capítulo 5 deste material trata em detalhe sobre as características do financiamento. Serviços agregados Ao comprar um bem de alto valor é comum a prática (ainda que ilegal) da tentantiva de venda casada, principalmente de serviços como: • Garantia extendida: equipamentos eletrônicos em geral; • Suporte técnico: principalmente na compra de computadores e portáteis; • Planos de dados: para compras de celulares e eletrônicos que utilizam dados de internet. • Seguros: para bens de uso externo no geral; Avalie antes do momento da compra a necessidade real de serviços agregados que deverão ser contratados e outros bens que deverão ser comprados para utilização adequada do bem de alto valor. Alguns itens realmente são essenciais e sua falta pode inviabilizar a aquisição, portanto, devem ser considerados também nas projeções de orçamento, como manutenção do carro e planos de telefonia móvel. Apesar de não ser componentes do orçamento doméstico, por ser parte da decisão 4 de despesa do indivíduo, também entra na nossa análise de consumo. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 23. 22 Pondere bem as necessidades dos itens dispensáveis, os serviços agregados podem comprometer uma fatia considerável do planejamento da aquisição. 3.3 Comportamento no momento da compra Um dos momentos mais difíceis para a sustentação de um plano de finanças pessoais se dá no momento da compra de bens. Afinal, na hora das compras, nosso ímpeto por consumo pode falar mais alto e quase sempre nos fazendo comprar além do planejado. Este tópico tem por objetivo ajudar o leitor a adequar seu comportamento favorecendo ao controle financeiro pessoal. São três os momentos onde diversas atitudes comportamentais devem ser trabalhadas para ajudar as finanças do leitor: • Antes da compra; • Durante a negociação da compra; • Na pós-compra. Antes da compra Faça uma lista antes de ir às compras. Assim você evita o consumo por ocasião, geralmente motivado por impulso e pode inclusive economizar tempo ao ser mais direto nas intenções de compra. Verifique se você já não possui os bens que deseja comprar. Isso vale muito para situação de compras de supermercado e vestuário. Ao saber que não é necessário comprar (além do que é necessário), o leitor evita as compras motivadas por impulso de bens que já são possuídos (e inclusive ainda não foram consumidos). Faça uma pesquisa de preços em mais de um lugar. Conforme abordado no tópico 3.1, os preços dos bens de baixo valor variam muito, e apesar de individualmente a diferença ter baixo impacto sobre o orçamento, na somatória do orçamento mensal, essas pequenas diferenças podem ter um grande impacto. Se por um lado a pesquisa pode demandar um pouco mais de tempo, por outro lado, o ganho da poupança no longo prazo pode ser extremamente valioso. Para compras de maior valor, faça um plano de consumo: crie uma poupança para adquirir bens de maior valor. Mesmo quando a intenção de compra ainda não esteja formada, algumas aquisições são mais ou menos previsíveis em certos intervalos de tempo. Isso pode ser feito a partir do prazo médio para troca de alguns bens: • Celular: 2 anos; • Vestuário: 2 anos; • Computador: 3 anos; • Televisão: 5 anos; RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 24. 23 • Carro: 5 anos; • Geladeira: 10 anos. Planeje também os custos de manutenção e serviços agregados. Muitos bens de maior valor exigem outras despesas agregadas, por exemplo: • Celulares exigem planos de ligação e/ou dados; • Veículos exigem manutenções periódicas, bem como seguros e tributos; • Peças de vestuário podem exigir ajustes e tratamento especial de lavanderia. Durante a negociação Evite socializar com o vendedor durante a negociação, ou seja, evite eventual ligação de qualquer natureza com o vendedor. Isso pode ser usado como uma armadilha emocional que o vendedor pode explorar para forçar o fechamento do negócio. Associação a times de futebol, localidade da residência, local de estudo frequentado, locais freqüentados da infância, amizades em comum ou até eventual parentesco de nome são alguns dos itens de socialização mais explorados pelos vendedores para tornar a hora da negociação menos racional e mais emocional. Por falar em emoção, evitar expor suas emoções com os produtos ajuda a manter o poder de barganha com o comprador. Mostrar algum vínculo emocional com o produto (como a sensação de alívio ao encontrar o produto desejado) permite que o vendedor explore a falha do controle emocional do comprador. Não feche o negócio imediatamente. Quando estiver certo da compra, espere (mais um dia, por exemplo) antes de fechar o negócio. Isso dará tempo ao leitor de pensar mais racionalmente sobre a intenção de compra e sobre sua real necessidade ou mesmo em relação ao comércio atual pretendido para efetuar a aquisição. No pós-compra Para se precaver de qualquer problema com o bem adquirido, sempre mantenha um arquivo com os comprovantes das compras efetuadas de bens ainda em utilização. Guarde também a documentação anexa, como manuais e certificados de garantia. Não esqueça também de guardar acessórios recebidos com o bem adquirido, como cabos, baterias e capas de proteção. Isso ajuda a conservar o bem adquirido e valoriza o bem numa possível venda futura. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 25. 24 Em caso de uma aquisição financiada, sempre pague em dia as parcelas do financiamento contratado para a aquisição do bem. Isso evita maiores complicações na parte de restrição ao crédito do seu nome. Todos estão sujeitos ao acaso quanto a defeitos nos produtos que compramos: roupas, celulares, computadores, carros e etc. Para se precaver destes momentos e evitar assim um prejuízo com a aquisição, sempre tenha a mãos os dados da garantia do bem adquirido. Não esqueça também de pesar a própria qualidade do produto, e a qualidade dos serviços agregados ao produto, monitore constantemente reclamações de outros usuários dos produtos que você possui e faça da sua experiência também um aprendizado para novas aquisições. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 26. 25 Capítulo 4: Imposto de Renda 4.1 Regra geral do imposto de renda No Brasil (assim como em outros países) todos os contribuentes devem prestar contas com a Receita Federal. A Declaração Anual de Ajuste, também conhecido como Declaração do Imposto de Renda, ou simplesmente Imposto de Renda, recai tanto pessoas (Pessoas Físicas) como empresas (Pessoas Jurídicas) e é um imposto cobrado para ajuste de tributos pagos, transferências de renda e declaração de bens ao fisco. O Imposto de Renda é estruturado de forma a tributar as maiores rendas, isentar quem já pagou outros impostos durante o ano e fiscalizar as mutações no patrimônio pessoal. Neste capítulo serão abordadas somente as regras referentes ao Imposto de Renda para Pessoas Físicas. Obrigatoriedade Devem entregar a Declaração de Imposto de Renda: • Nível de renda: quem recebeu rendimentos tributáveis cuja soma foi superior a R$ 22.487,255 ou rendimentos isentos, não-tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte cuja soma foi superior a R$ 40.000,00; • Ganho de capital: quem obteve ganho de capital na venda de bens ou direitos, sujeito à incidência de imposto, ou realizou operações em bolsa de valores, mercadorias, futuros e similares; • Atividade rural: quem obteve receita bruta superior a R$ 112.436,25 Mesmo que as operações em ou pretende compensar em 2010 ou posteriormente, prejuízos bolsa tenham sido isentas do anteriores ou mesmo de 2010; pagamento de imposto. • Bens e direitos: quem teve posse ou propriedade em 31/12/2010 de bens ou direitos de valor total superior a R$ 300.000,00; • Residência: passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês e assim se encontrava em 31/12/2010. Ficam dispensados os contribuintes fora das condições descritas anteriormente e aqueles identificados como dependentes em declaração apresentada por outra pessoa física. Podem ser declarados como dependentes6, cônjuge ou companheiro, filhos e enteados, parentes familiares (irmãos, netos, bisnetos, pais, avós e bisavós), menor pobre, tutelados e curatelados. O contribuinte classificado como isento da Declaração de Imposto de Renda ainda assim deve enviar a Declaração Anual de Isento a partir de agosto do ano da entrega. Para o ano base 2010. 5 Para maiores detalhes, confira o website da Receita Federal. 6 RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 27. 26 Tabela Regressiva A tributação do Imposto de Renda segue a metodologia conhecida como Tabela Progressiva, que aumenta a alíquota de imposto quanto maior a renda do indivíduo. A tabela atual foi aprovada pela Lei nº 11.482, de 31/05/2007, e alterada pelo artigo primeiro da Medida Provisória nº 528, de 25/03/2011. A tabela é construída com base nos rendimentos médios dos brasileiros. O primeiro intervalo é o de rendimento isento de alíquota, cuja renda fica livre de qualquer imposto. A partir do segundo intervalo de renda, o contribuinte deve pagar uma alíquota proporcional à sua renda. Desta alíquota devida, o contribuinte pode deduzir impostos sobre a renda pagos durante o ano. Quanto maior a renda, maior a alíquota e maior a parcela a deduzir. Caso o imposto a pagar seja menor que o imposto pago, o contribuinte tem direito a restituição de imposto de renda e recebe um pagamento da Receita Federal. Caso o imposto a pagar seja maior que o imposto pago durante o ano, o contribuinte tem a obrigação de pagar o valor da diferença do imposto de renda anual. Para as declarações de 2012 com base nos rendimentos de 2011, a tabela tem a seguine estrutura: Base de cálculo anual dos Parcela a deduzir do Alíquota rendimentos (em R$) Imposto de Renda (em R$) Até 18.799,32 - - De 18.799,33 até 28.174,20 7,50% 1.409,95 De 28.174,21 até 37.566,12 15,00% 3.523,01 De 37.566,13 até 46.939,56 22,50% 6.340,47 Acima de 46.939,56 27,50% 8.687,45 Já estão definidas também as tabelas para os anos de 2013, 2014 e 2015. A seguir ilustra-se também a tabela para as declarações de 2013 com base nos rendimentos de 2012: Base de cálculo anual dos Parcela a deduzir do Alíquota rendimentos (em R$) Imposto de Renda (em R$) Até 19.645,32 - - De 19.645,33 até 29.442,00 7,50% 1.473,40 De 29.442,01 até 39.256,56 15,00% 3.681,55 De 39.256,57 até 49.051,80 22,50% 6.625,79 Acima de 49.051,80 27,50% 9.078,38 O leitor pode buscar outras tabelas previstas para exercícios seguintes no website da Receita Federal7. http://www.receita.fazenda.gov.br/aliquotas/TabProgressiva2012a2015.htm 7 RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 28. 27 4.2 Preenchendo a declaração Documentação necessária Para elaborar adequadamente sua Declaração de Imposto de Renda, tenha em mãos (se houver): • Cópia da Declaração do ano anterior; • Informes de rendimentos de salários, pró-labore, lucros, alugéis e etc; • Informes de rendimentos de instituições financeiras; • Informes de outras rendas recebidas, como resgate de FGTS, heranças, doações e indenizações; • Comprovantes de pagamento de previdência social e privada; • Comprovantes de compra e venda de bens e direitos; • Comprovante de despesas médicas e odontológicas; • Comprovantes de despesas com educação; • Comprovantes de doações efetuadas; • DARFs8 pagas. Forma de entrega A partir de 2011, a Declaração de Imposto de Renda não pode mais ser entregue sob forma física9, através de formulários preenchidos manualmente. A Declaração só pode ser entregue sob forma de arquivo através da internet ou através de disquete. Para efetuar a declaração é preciso ter o software DIRPF da Receita Federal que pode ser baixado diretamente pelo seu website10. Para entrega através da internet, baixei também o software Receitanet. Para entrega através de disquete, grave a declaração e entrege o disquete em agências do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica Federal. Prazo de entrega O prazo para entrega da Declaração de Imposto de Renda normalmente corre de 1º dia útil de março até o último dia útil de abril. Durante este prazo, o horário para entrega: • Pela internet: durante todo o dia, exceto das 1:00:00 às 5:00:00 (horário de Brasília). No último dia, o horário de entrega se encerra às 23:59:59; • Por disquete: no horário das agências bancárias. Para o contribuinte que entregar em atraso a Declaração obrigatória, o pagamento em atraso deve ser efetuado com multa no valor de 1% ao mês- Documento de Arrecadação de Receitas Federais 8 Receita Federal 9 http://www.receita.fazenda.gov.br 10 RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 29. 28 calendário pró-rata (proporcional ao prazo) apurado sobre o valor do imposto devido. O valor mínimo da multa é de R$ 165,74 com valor máximo de 20% do imposto de renda devido. Tipos de Declaração A Declaração tem duas modalidades para fins de deduções legais: simplificada e completa. Na Declaração Simplificada, o contribuinte não precisa comprovar suas deduções, já que o valor padrão compreende deduções de valor até R$ 13.317,09. Na Declaração Completa, os contribuintes com deduções legais maiores que R$ 13.317,09 podem declarar suas deduções e apresentar seus comprovantes de pagamento. O contribuinte pode escolher: se a restituição for maior no modelo Simplificado do que na Completa, o investidor entrega a Declaração no modelo Simplificado; se a restituição for maior no modelo Completo do que na Simplificado, o investidor entrega a Declaração no modelo Completo. Esta análise também pode ser aplicada analogamente para o caso do contribuinte com imposto a pagar. Orientações gerais Algumas orientações gerais para checar antes e enviar sua Declaração à Receita Federal: Não deixe para enviar na última hora, o sistema de recebimento das Declarações da Receita Federal pode sofrer lentidões por excesso de tráfego, o que pode prejudicar seu envio se for feito apenas no final do prazo; Guarde todos os comprovantes utilizados na Declaração por pelo menos cinco anos após o envio da Declaração; Compare no próprio software da Receita qual o melhor modelo de Declaração para seu caso: Simplificada ou Completa; Compare no próprio software da Receita a melho maneira de declarar o cônjuge ou companheiro como dependente; Não se esqueça de declarar rendimentos de aplicações financeiras que justifiquem a variação patrimonial; Informe também as dívidas de financiamento contraídas para aquisição de bens de maior valor, o que inclusive justifica a variação patrimonial; Faça uma checagem passo a passo de todos os itens: verifique os valores declarados para deduções como gastos com saúde e educação; Registre os bens pelo valor adequado, principalmente em negociações com imóveis. Pagamento e restituição RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 30. 29 Após o cálculo via software da Declaração de Imposto de Renda, caso haja valor a restituir, a restituição só pode ocorrer em uma conta de titularidade do cotribuinte declarando. Também pode ser utilizada uma conta conjunta. A conta para depósito é indicada ainda na Declaração a ser enviada. Para o contribuinte que tiver Imposto de Renda a pagar, o próprio software da Receita Federal gera a DARF que deve ser paga até o último dia útil do mês de abril. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 31. 30 Capítulo 5: Uso consciente do crédito 5.1 Tipos de crédito Cartão de crédito O cartão de crédito é a modalidade mais popular para operações de crédito em curto prazo de baixo valor, notadamente mais voltado para consumo. No cartão de crédito o consumidor paga eletronicamente por uma transação e após o prazo de um mês, recebendo uma fatura de consumo devido à operadora do cartão. O cartão de crédito é um dos maiores vilões das finanças pessoais, uma vez que o pagamento das compras com cartão de crédito adianta o prazer do consumo e posterga seu pagamento. Muitos consumidores acabam perdendo o controle do consumo levados pelo prazer das compras sem pesar o efeito na fatura e no orçamento doméstico, uma vez que o débito só virá no vencimento da fatura. Soma-se a isso o fato de os juros do cartão de crédito ser altíssimos em comparação com outras modalidades de crédito contratadas. Enquanto as taxas de juros básicas da economia flutuam entre 10% e 15% ao ano, faturas em atraso no cartão de crédito podem ser oneradas a estes mesmo percentuais na base mensal (o que para o valor de 10% ao mês, representa um juros de 213% ao ano). Cheque especial O cheque especial é a operação de crédito ativada automaticamente quando a conta do correntista no banco se torna zerada. Isso o transforma da situação de credor depositante (quem tem saldo em conta bancária) para devedor. O cheque especial também é um grande vilão das finanças pessoais, pois ativa uma operação de crédito de forma automática. Esse tipo de operação acaba sendo mais danosa às finanças pessoais pelo fato dos juros serem contabilizados já no dia seguinte à operação, enquanto no cartão de crédito os juros passam a ser cobrados no atraso do pagamento da fatura apenas. Parcelamento no varejo O parcelamento oferecido pelas redes varejistas também é uma forma de crédito. Algumas redes oferecem o parcelamento com juros e outras o parcelamento sem juros: em ambos os casos está imbutido o custo do dinheiro. Isso porque o parcelamento da venda de produtos gera um débito para o pagamento de fornecedores sem o crédito do recebimento pela venda (que vai ocorrer de forma financiada). Por este motivo, o pagamento à vista possui um grande poder de barganha para a negociação de descontos. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 32. 31 Uma grande vantagem do parcelamento no varejo é a sua praticidade. O parcelamento no varejo simplifica o processo de compra à prazo, uma vez que não é preciso contratar um parcelamento bancário para então adquirir um bem. Uma grande desvantagem é o fato de que esta facilidade pode estimular o consumo não-planejado, uma vez que o pagamento envolve finanças futuras e dá uma falsa sensação de controle uma vez que “a parcela cabe no orçamento”. É importante lembrar que, mesmo para financiamentos, é importante planejar o consumo. Financiamento bancário Para as situações em que o comércio não apresenta uma solução de parcelamento no momento da compra, o consumidor pode ainda optar pelo financiamento bancário. Dentro da modalidade de financiamento bancário, o consumidor deve estar atento às taxas de juros, que podem variar bastante de instituição para instituição. Dar informações sobre o perfil de consumidor ou até sobre o tipo de bem pode ajudar a baixar a taxa de juros. Na hora de contrair um financiamento bancário, verifique também outros custos agregados à contratação do financiamento, como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a TAC (Taxa de Abertura de Crédito). Contabilize os custos adicionais no pagamento e busque calcular o seu impacto sobre o financiamento como forma de juros: é o que conhecido no mercado como CET, Custo Efetivo Total. Financiamento estudantil Algumas modalidades de financiamento possuem apoio governamental, como o financiamento estudantil. No Brasil, o FIES, Programa de Financiamento Estudantil, tem prioridade em financiar a graduação em Ensino Superior a estudantes que não tem condições de financiar integralmente seus estudos. Além do Ensino Superior, o FIES também atende a estudantes de Mestrado, Doutorado, Ensino Técnico e mesmo Ensino Médio. O financiamento é concedido junto à Caixa Econômica Federal e a seleção dos candidatos e das Instituições de Ensino Superior é feita pelo MEC (Ministério da Educação). Financiamento de veículo Existem duas modalidades para financiamento de veículos: o CDC e o leasing. O leasing é a modalidade de financiamento onde, o banco adquire o carro e “aluga” para o dono. A parcela serve então como um aluguel do bem. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 33. 32 Após determinado período de aluguel, o banco transfere o bem para o proprietário. O CDC, Crédito Direto ao Consumidor, é a modalidade onde o banco empresta o dinheiro ao comprador do veículo, com garantia no próprio veículo. Como no leasing o risco é menor (pois o veículo fica em nome do banco), os juros costumam ser menores. Já a vantagem do CDC é a possibilidade de quitação adiantada da dívida e a possibilidade de se negociar o veículo antes do prazo de quitação da dívida, uma vez que o veículo está em nome do proprietário. Financiamento imobiliário São duas as modalidades de financiamento imobiliário no Brasil: financiamento bancário e financiamento pelo Sistema Financeiro de Habitação pela Caixa Econômica Federal. Para ambos os casos o consumidor deve consultar antes: • Taxa nominal e taxa efetiva total; • Valor mínimo e máximo do imóvel que pode ser financiado; • Valor mínimo e máximo do montante financiado; • Prazo máximo do financiamento; • Sistema de amortização (assunto do próximo tópico); • Renda mínima e renda máxima; • Modelo de reajuste da parcela (se houver). 5.2 Tipos de financiamento Os tipos de financiamento que podem ser contratados usando diferentes modelos de amortização. Os principais sistemas de amortização são: • Sistema americano: pagamento de principal e juros ao final do período; • Sistema Price: sistema onde o valor da parcela se mantém constante até o final do pagamento; • Sistema SAC: sistema onde o valor da amortização se mantém constante até o final do pagamento. Sistema Price O sistema Price foi criado de forma a pagar uma dívida com um valor constante nas parcelas. A fórmula geral da parcela no sistema Price é dada pela fórmula: RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 34. 33 Onde: PMT = Valor da parcela VP = Valor presente da dívida i = taxa de juros n = número de períodos Sistema SAC O Sistema SAC, abreviação para Sistema de Amortização Constante, como sugere o nome paga um valor constante de amortização da dívida. Os juros decrescem conforme e amortização avança sobre o principal de forma que a parcela decresce também, conforme chga-se ao prazo final do financiamento. A fórmula geral da parcela no sistema SAC é dada pela fórmula: Onde: PMT = Valor da parcela VP = Valor presente da dívida i = taxa de juros n = número de períodos k = número do período analisado 5.3 Usando o crédito corretamente Usar bem o crédito pode ser extremamente vantajoso para o consumidor, desde que este uso seja feito com planejamento e disciplina. Algumas orientações gerais para usar seu crédito corretamente: Tenha um controle dos gastos no cartão de crédito além da fatura, principalmente para saber seu nível de gasto durante o prazo anterior ao recebimento da fatura, isso é essencial para controlar o orçamento; Caso vá centralizar os gastos no cartão de crédito, prefira os cartões que oferecem bonificações por consumo (contanto que isso não resulte em consumo fora de controle); Concentre os gastos em um ou dois cartões de crédito, para simplificar o controle e ter maior poder de barganha com a operadora de cartão de crédito; Não faça apenas o pagamento mínimo da fatura, isso implica em cobrança de altos juros para os valores com pagamento postergado; RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 35. 34 Escolha uma data de vencimento de fatura do cartão de crédito que seja similar aos seus próprios fluxos de caixa, com intervalo de folga para pagamento; Prefira sempre o financiamento bancário ao invés do cheque especial, caso as contas do mês excedam o saldo em conta bancária; Cuidado com o parcelamento no cartão de crédito, ela imbute juros altos; Num financiamento, sempre compare o Custo Efetivo Total entre as alternativas; Registre cuidadosamente os financiamentos adquiridos e guarde com cuidado as parcelas a pagar. Lembre-se de planejar o orçamento considerando os financiamentos; Prefira pagar à vista sempre que tiver saldo bancário. Se não puder pagar totalmente à vista, veja a possibilidade de pagar uma entrada. Quanto menos financiamento, melhor para seu orçamento; No financiamento imobiliário, sempre considere uma folga financeira na renda, principalmente para considerando casos de financiamentos com possibilidade de reajuste nas taxas de juros. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 36. 35 PARTE 2: INVESTIMENTOS Na parte 2 deste material são apresentados os conceitos sobre teoria e prática de investimentos. No capítulo 6, o investidor aprenderá como tomar uma decisão de investimento baseado em perfil, estratégias de mercado e objetivo de investimento. No capítulo 7 serão apresentados os produtos de investimento que surgem como alternativa ao investidor na composição de uma carteira de investimento. No capítulo 8 o investidor aprenderá como gerenciar seus investimentos de forma a balancear uma carteira de investimento de acordo com as flutuações de mercado e o comportamento dos investimentos. O capítulo 9 é essencialmente prático e ensina o investidor a praticar seus investimentos diretamente no home broker. Capítulo 6: Produtos de investimentos Capítulo 7: Decisões em investimentos Capítulo 8: Gerenciando investimentos Capítulo 9: Usando o home broker RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 37. 36 Capítulo 6: Produtos de investimentos 6.1 Tesouro Direto O Tesouro Direto é o canal de investimento em títulos públicos federais. Através do Tesouro Direto o investidor pode comprar e vender títulos da dívida pública, através de uma corretora de valores. Os títulos públicos federais são uma alternativa de investimento em renda fixa. Negociam-se diariamente títulos com taxas pré-fixados e pós- fixados. Para comprar e vender títulos públicos federais, o investidor obtem acesso ao site do Tesouro Direto através da conta em uma corretora: com a conta aberta em uma corretora com a habilitação em Tesouro Direto, o investidor recebe também uma senha de acesso ao canal do Tesouro Direto. Após fazer suas compras diretamente no site do Tesouro Direto, a liquidação financeira ocorre na conta do investidor na corretora. São três os tipos de títulos públicos federais emitidos pelo governo: • LTN: Letras do Tesouro Nacional; • LFT: Letras Financeiras do Tesouro; • NTN: Notas do Tesouro Nacional. A tabela a seguir ilustra alguns tipos de títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, com valores, vencimento e rentabilidades: Título Vencimento Taxa(a.a.) Preço Unitário Dia Indexados ao IPCA NTNB Principal 150515 15/05/2015 6,58% R$ 1.567,29 NTNB 150515 15/05/2015 6,57% R$ 2.043,10 NTNB 150517 15/05/2017 6,42% R$ 2.042,57 NTNB 150820 15/08/2020 6,43% R$ 1.994,78 NTNB Principal 150824 15/08/2024 6,12% R$ 922,72 NTNB 150824 15/08/2024 6,20% R$ 2.019,36 NTNB Principal 150535 15/05/2035 5,78% R$ 527,47 NTNB 150535 15/05/2035 6,00% R$ 2.086,80 NTNB 150545 15/05/2045 5,81% R$ 2.143,30 Prefixados LTN 010112 01/01/2012 12,30% R$ 922,17 LTN 010113 01/01/2013 12,70% R$ 816,61 LTN 010114 01/01/2014 12,80% R$ 722,51 LTN 010115 01/01/2015 12,89% R$ 638,33 NTNF 010117 01/01/2017 12,78% R$ 924,45 NTNF 010121 01/01/2021 12,73% R$ 886,95 Indexados à Taxa Selic LFT 070315 07/03/2015 0,00% R$ 4.645,24 LFT 070317 07/03/2017 0,00% R$ 4.645,24 Atualizado em: 19/04/2011 17:50:10 Fonte: Tesouro Nacional RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 38. 37 O pagamento da compra de títulos públicos federais se dá através de débito em conta do investidor na corretora de valores. No caso de vencimento ou venda do título, o crédito também ocorrerá na mesma conta. 6.2 Debêntures Debêntures são títulos de dívida emitidos pelas empresas. Através de uma corretora de valores o investidor pode comprar e vender debêntures, negociadas na BM&FBOVESPA. As debêntures são uma alternativa de investimento em renda fixa. Negociam-se diariamente títulos com taxas pré-fixados e pós-fixados. As compras podem ser feitas em emissões das empresas (mercado primário) ou através da negociação direta no BOVESPAFIX (mercado secundário), sistema de negociação de renda fixa da BM&FBOVESPA. O pagamento da compra de debêntures se dá através de débito em conta do investidor na corretora de valores. No caso de vencimento ou venda da debênture, o crédito também ocorrerá na mesma conta. 6.3 Ações e opções Ações são títulos de propriedade emitidos pelas empresas. Através de uma corretora de valores o investidor pode comprar e vender ações, negociaçadas na BM&FBOVESPA. As ações são a principal alternativa do investimento em renda variável. As compras de ações podem ser feitas através de emissões primárias e secundárias (mercado primário) ou através de negociação direta no segmento BOVESPA (mercado secundário), sistema de negociação de ações e opções da BM&FBOVESPA. O mercado primário refere-se à colocação inicial do título, onde o recurso captado junto ao mercado de capitais vai direto para a empresa. Já o mercado secundário refere-se à transação deste título, onde um titular compra de outro investidor que deseja desfazer-se do investimento. A imagem a seguir ilustra o funcionamento da estrutura de negociação do mercado secundário: RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 39. 38 A CBLC é a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia e cumpre o papel de agente de liquidação e custódia. É a empresa responsável pelo registro de transações e registro de posse e transferências de valores mobiliários negociados na BM&FBOVESPA. Estrutura de negociação As ações negociadas na bolsa de valores são identificadas por códigos de negociação, onde cada código identifica o tipo de ativo e suas características. A imagem a seguir ilustra a formação do código de um ativo negociado na BM&FBOVESPA: São os principais números utilizados para identificar os ativos: • 3: Ações Ordinárias Nominativas (ON), dão direito a voto e dividendo após a PN receber dividendos; • 4: Ações Preferenciais Nominativas (PN), não dão direito a voto e dão direito prioritário à dividendo; • 5: Ações Preferenciais Tipo A, ações com direitos adicionais, conforme estatuto da empresa; RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 40. 39 Composições de ações. • 6: Ações Preferenciais Tipo B, ações com direitos adicionais, conforme Agregados de ações ON e PN negociadas sob forma de um estatuto da empresa; ativo único. • 11: Número livre. Identificam ativos como, as units, os ETFs, os fundos imobiliários com cota negociada em bolsa e as BDRs; • 1 e 9: direitos de subscrição de ON e recibos de direitos de subscrição de ON, respectivamente; Brazilian Depositary Receipts, papéis negociados no Brasil • 2 e 10: direitos de subscrição de PN e recibos de direitos de subscrição que representam empresas que abriram capital fora do de PN, respectivamente. Brasil. São as principais letras utilizadas para identificar o tipo de negociação: • Sem código: identifica negociação à vista normal; • F: lote fracionário, quantidade menor que o lote-padrão de negociação do ativo; Normalmente o lote-padrão é • T: operação a termo em Reais (R$); de 100 ações. • D: operação a termo em Dólares (US$); • L: negociação sob forma de leilão especial. Exemplos de códigos de ativos: • PDGR3: ações ON em lote padrão, negociadas à vista da empresa PDG Realty; • LAME4F: ações PN em lote fracionário, negociadas à vista da empresa Lojas Americanas; • USIM5: Ações PNA em lote padrão, negociadas à vista da empresa Usiminas; • ELET6: Ações PNB em lote padrão, negociadas à vista da empresa Eletrobras; • BOVA11: ETFs de Ibovespa em lote padrão, negociadas à vista; • MILK11: BDRs em lote padrão, negociadas à vista da empresa Laep Investimentos. O processo de liquidação da compra de ações leva três dias úteis, ou seja, o prazo entre comprar (ou vender) e ter de fato a custódia registrada em seu nome (ou transferida, no ato da venda), tem o prazo estabelecido em três dias úteis pela CBLC. O pagamento da compra de ações se dá através de débito em conta do investidor na corretora de valores. No caso da venda das ações, o crédito também ocorrerá na mesma conta. Proventos Os proventos são as diferentes formas de remuneração que uma empresa pode pagar aos seus acionistas. As formas de proventos atualmente existentes são: dividendos, juros sobre capital próprio (abreviado como JSCP), direitos de subscrição e bonificações. O dividendo é uma parcela do lucro da empresa pago em dinheiro diretamente ao investidor. Como este é calculado contabilmente como uma RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 41. 40 parcela do lucro líquido de imposto, o dividendo é pago ao investidor isento de imposto. O juro sobre capital próprio é uma remuneração paga em dinheiro diretamente ao investidor cujo lançamento contábil para a empresa indica uma despesa financeira. Isso faz com que o juro sobre capital próprio seja tributado na conta do investidor, pago diretamente na fonte na alíquota de 15%. A bonificação é o provento pago sob forma de ações: o investidor recebe da empresa mais ações proporcionalmente às ações que já possui. Do ponto de vista contábil, a distribuição de ações é uma aquisição com valor zero e no caso da venda, gera um lucro no valor da venda para as ações recebidas na bonificação. O direito de subscrição é o provento distribuído aos acionistas proporcionalmente às ações que já possui. O direito de subscrição pode ser negociado ou exercido: neste caso o investidor acaba optando por comprar as ações nas quais possui direito a um determinado preço. A subscrição só será vantajosa se o preço de mercado for inferior ao preço de direito de subscrição. Os direitos de subscrição negociados geram um lucro no valor da venda, para fins tributários. Já na venda das ações subscritas, vale o preço na qual foi feita a subscrição. Opções As opções são um tipo de derivativo onde existe o direito, mas não a obrigação de comprar determinado ativo a um determinado preço em uma (ou até) determinada data. As opções negociadas na bolsa de valores são identificadas por códigos de negociação, onde cada código identifica o tipo de ativo objeto e suas características. A imagem a seguir ilustra a formação do código de uma opção negociada na BM&FBOVESPA: RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 42. 41 A tabela abaixo ilustra as letras e os vencimentos existentes na BM&FBOVESPA: Mês de vencimento Opções de compra Opções de venda Janeiro A M Fevereiro B N Março C O Abril D P Maio E Q Junho F R Julho G S Agosto H T Setembro I U Outubro J V Novembro K W Dezembro L X Os preços de vencimento das séries negociadas nem sempre segue estritamente o valor indicado no código. Isso significa dizer que, um preço de exercício (também chamado de strike) pode ser diferente do valor número negociado. Uma PETRE26 pode ter exercício em 25,12 (como efetivamente possuiu em 02/05/2011) ao invés dos aparentes 26,00, como indica seu código. Isso ocorre por ajustes de preços que um ativo pode vir a sofrer no decurso da vida de uma opção. As opções seguem ainda a lógica de precificação. Apesar da livre negociação para definição de preços, como o preço decorre de um ativo adjacente, existe diversos modelos de precificação que buscam indicar ao investidor o preço adequado para determinado derivativo, dependendo das suas características. Atualmente o modelo mais utilizado para precificação de opções é o modelo Black&Scholes. 6.4 Fundos de Índice negociados em bolsa Os fundos de índice negociados em bolsa, também conhecidos pela sigla ETF (do inglês, Exchanged Traded Fund), são fundos de investimento que buscam replicar o desempenho de um índice de ações específico, cujas cotas são adquiridas diretamente nas bolsas de valores. Novidade no Brasil, os ETFs já possuem longa data em mercados estrangeiros. Os ETFs são uma alternativa em renda variável para o investidor que deseja apostar no desempenho de um índice e, portanto ter um desempenho passivo em renda variável. A tabela a seguir resume os ETFs atualmente negociados na BM&FBOVESPA: Código Nome Descrição BOVA11 ISHARES BOVA CI ETF de Ibovespa BRAX11 ISHARES BRAX CI ETF de IBrX-100 CSMO11 ISHARES CSMO CI ETF de ações do setor de consumo RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 43. 42 MILA11 ISHARES MILA CI ETF de ações de médias e grandes empresas MOBI11 ISHARES MOBI CI ETF de ações do setor imobiliário SMAL11 ISHARES SMAL CI ETF de ações de pequenas empresas FIND11 IT NOW IFNC CI ETF de ações do setor financeiro PIBB11 PIBB CI ETF de IBrX-50 Para facilitar a negociação dos ETFs junto ao pequeno investidor, atualmente a BM&FBOVESPA determina o lote-padrão em dez ETFs. 6.5 Outros produtos de investimento São outros produtos de investimento também acessíveis ao pequeno investidor: • Clubes de investimento; • Fundos de investimento; • Fundos de investimento imobiliário com cotas na bolsa de valores; • Contratos futuros. Clubes de investimento são grupos de investidores reunidos através de uma conta cujo objetivo de investimento é comum. A gestão de um clube de investimento geralmente é feita normalmente pelos seus integrantes, chamados de cotistas. Os fundos de investimento são também um grupo de investidores reunidos com um objetivo comum de investimento, mas dessa vez a gestão é terceirizada. A gestão de um fundo de investimento sempre é feita por uma equipe de gestão contratada. Os fundos de investimento imobiliário com cotas negociadas na bolsa de valores são fundos voltados para investimentos em aluguéis de imóveis comerciais e eventualmente sua negociação. Os contratos futuros são derivativos negociados no segmento BM&F da BM&FBOVESPA. São acessíveis hoje aos investidores, tanto os contratos pequenos (chamados de “minis”) como os contratos maiores (chamados de “cheios”). Os contratos futuros são uma alternativa de investimento de maior risco, pois oferecem retorno alavancado. Os contratos futuros não exigem todo o capital movimentado numa transação, apenas uma margem, e por isso, podem dar ganhos e prejuízos (em situações de extrema volatilidade) maiores que o saldo financeiro do investidor. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 44. 43 Capítulo 7: Decisões em investimentos : 7.1 Perfil de investidor Encontrar seu próprio perfil de investidor é o primeiro passo para prio quem deseja iniciar qualquer investimento. Pensando nisso, confira ao final do material o Anexo I, um teste de perfil preparado para o leitor que deseja começar a investir. São basicamente três tipos de perfis de investidor: • Conservador: nãoaceita investimentos de risco; • Moderado: prefere uma carteira equilibrada entre investimentos de baixo risco e alto risco; • Arrojado: prefere investimentos de risco. São exemplos de composição de uma carteira de inves investimento por tipo de perfil: • Conservador: carteira composta por no mínimo de 75% em renda fixa e até 25% en renda variável; • Moderado: carteira composta em média de 50% em renda fixa e de 50% em renda variável; • Arrojado: carteira composta por no mínimo de 75% em renda variável e até 25% em renda fixa. A imagem abaixo ilustra uma curva que relaciona o perfil e o risco e retorno comum relativo esperado para cada perfil: Ao definir o perfil de investidor, o investidor pratica um exercício de reflexão: o perfil de investidor dirá quais investimentos combinam mais com a erfil própria personalidade do investidor. Um investidor com perfil conservador pode se sentir extremamente desconfortável ao investir em ações, mesmo que o retorno seja atrativo, da mesma forma que um investidor com perfil arrojado pode se sentir insatisfeito ue RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 45. 44 e frustrado ao investir em fundos de renda fixa, mesmo que seja um bom fundo de renda fixa. Parte do perfil do investidor pode ser definida pelo prazo de investimento. Prazos mais alongados de investimento em investimentos de risco podem se tornar investimentos mais tranqüilos, uma vez que ao investir no longo prazo, exista uma tendência natural a retornos positivos. A tabela a seguir ilustra primariamente esta hipótese, com base nos retornos do Ibovespa nos últimos 15 anos11 (até 2010): Índice Bovespa, principal Retornos12 acumulados no período indicador do desempenho do Ano IBOV Anual Bianual Trianual Quadrianual mecado de ações do Brasil. 1995 4.299 -1,26% 1996 7.040 63,76% 61,69% 1997 10.196 44,83% 134,2% 1998 6.784 -33,46% -3,64% 55,81% 1999 17.091 151,93% 2000 15.259 -10,72% 124,93% 49,7% 2001 13.577 -11,02% 2002 11.268 -17,01% -26,16% 66,10% 2003 22.236 97,34% 45,7% 2004 26.196 17,81% 132,48% 2005 33.455 27,71% 2006 44.473 32,93% 69,77% 100,0% 294,68% 2007 63.886 43,65% 2008 37.550 -41,22% -15,57% 2009 68.588 82,66% 54,2% 2010 69.304 1,04% 84,56% 1,04% 55,83% Períodos em 37,50% 37,50% 0,00% 0,00% baixa: Não foi considerado nesta simulação o efeito da inflação ou o desconto dos retornos pela taxa de juros livre de risco. Apesar de um prazo mais alongado para o resgate favorecer o investimento de risco, existe um limite dado pela idade do investidor, tanto pelo fato de a idade limitar o prazo máximo para investimento como pelo risco de recuperação do patrimônio arriscado (e perdido) numa aposta de risco. Mesmo dentro de um perfil, podem existir sutis variações na composição da carteira de investimento, por motivos como: • Mais conhecimento do investidor sobre um tipo de produto; Para avaliar somente durante o plano Real. 11 Com dados do Economática. 12 RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 46. 45 • Boa oportunidade de rendimento de momento; • Apenas preferência natural. Dois investidores podem ser considerados de perfil moderado com uma carteira metade em renda fixa e metade em renda variável com a seguinte composição: • Investidor A: 10 mil reais em fundos DI e 10 mil reais em ações; • Investidor B: 10 mil reais em títulos públicos federais e 10 mil reais em ETFs. Para este caso, conforme as volatilidades dos ativos variem (tanto de renda fixa como de renda variável) o risco das carteiras podem ter ligeira diferença, apesar de ambas serem classificadas como moderadas. 7.2 Tipo de estratégia Além do perfil de investimento, que definirá a quanto de risco o investidor deseja se expor, outra decisão de investimento se refere ao tipo de abordagem que o investidor terá ao efetuar operações, notadamente nas operações em renda variável. São os tipos mais presentes de perfis estratégicos: • Day-trader; • Swing-trader; • Position trader; • Hedger; • Arbitrador. Day-trader Perfil de estratégia voltado para operações de prazo inferior a um dia, daí o nome day-trader, também traduzido como operador intradiário. O day- trader pode operar uma única vez ou várias vezes durante o dia com um ativo ou mais. O day-trader busca pequenas variações de preços observando uma tendência de preços para o dia em determinado ativo. Normalmente desprende um acompanhamento intensivo das cotações de mercado e para atuar adequadamente, precisa de forte preparo psicológico. Swing trader O swing trader é o operador de curto prazo. Normalmente atua em situações de sobrerreação nos preços, comprando papeis com forte expansão em alta ou após incomuns sequências de quedas. O raciocínio também é válido analogamente para uma situação de queda. Utilizam diversas ferramentas de RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 47. 46 análise diferentes ao mesmo tempo, como notícias, fundamentos, gráficos e relações quantitativas13. O swing trader aposta em grandes variações de preços (contra ou a favor da tendência principal) em curtos intervalos de tempo, aproveitando oportunidades eventuais nos ativos: o swing trader pode tanto atuar intensivamente em uma semana como ficar várias aguardando novas oportunidades. Utilizam principalmente o modelo de análise técnica. Position trader O position trader é o operador de longo prazo. Recebe este nome por dizer-se que é o investidor que se “posiciona” em determinado ativo por um longo período de tempo, meses ou anos. Atuam normalmente em oportunidades de investimento através da análise da estratégia de longo prazo da empresa e por isso é muito comum utilizar-se da análise fundamentalista. Hedger A estratégia hedger busca posições em ativos de forma que o risco geral da carteira seja muito baixo em comparação ao risco médio do mercado em que atua. O hedger utiliza-se essencialmente de análise quantitativa para executar suas operações. Muito das operações de hedge utiliza-se de derivativos ou da relação entre ativos correlacionados. Arbitrador O arbitrador busca aproveitar-se de distorções de preços que possam existir no preço de um ativo em dois mercados distintos. O arbitrador também pode se utilizar de operações sintéticas, operações estruturadas que simulam a condição de comportamento de outro ativo, para se aproveitar das mesmas oportunidades de arbitragem. O arbitrador utiliza-se de vários modelos de análise e é fundamental para seu sucesso uma rápida capacidade de execução em mercados com alta liquidez com baixo custo operacional. Modelo de análise que busca relações estatísticas e/ou matemáticas eventualmente 13 presentes nos ativos. RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 48. 47 7.3 Análise fundamentalista A análise fundamentalista é o modelo de análise de ativos que decide os momentos de compra e venda baseada nas projeções de fluxo de caixa esperados para o negócio da empresa. A análise fundamentalista define modelos para projetar valores de receita, margens financeiras e operacionais, analisar o setor no qual a companhia está inserida e aspectos macroeconômicos, nível de risco da economia e da empresa, tudo para definir se o atual valor da companhia reflete ou não adequadamente o futuro do negócio. A análise fundamentalista se divide basicamente em três partes: • Análise econômica; • Análise gerencial; • Análise financeira e contábil. Análise econômica A análise econômica consiste em avaliar o macroambiente econômico (macroeconomia) e o ambiente econômico particular da empresa (micreconomia). Este item avalia a relação das variáveis globais e seu impacto sobre o universo da empresa. A análise macroeconômica observa as relações entre os indicadores econômicos como inflação, taxa de câmbio, taxas de juros, nível de emprego, indicadores de atividade industrial entre outros. O primeiro grande direcionador da economia é o crescimento do PIB. O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma em valor de mercado de todos os bens e serviços produzidos em determinada região em determinado intervalo de tempo. O PIB é um medidor universal de crescimento econômico, pois incorpora todas as particularidades gerais e serve para comparar, por exemplo, um mesmo país em épocas diferentes ou mesmo países diferentes na mesma época. A tabela a seguir ilustra os valores de PIB das principais economias do mundo: País Valor (Em US$) % PIB Mundial Estados Unidos 14.657.800 23,30% China 5.878.257 9,34% Japão 5.458.872 8,68% Alemanha 3.315.643 5,27% França 2.582.527 4,11% Reino Unido 2.247.455 3,57% Brasil 2.090.314 3,32% Itália 2.055.114 3,27% RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES
  • 49. 48 Canadá 1.574.051 2,50% Índia 1.537.966 2,44% Fonte: FMI, 2010 O crescimento do PIB serve então de direcionador geral do crescimento médio das empresas em um ou mais países em que a empresa atua. A taxa de inflação é o aumento generalizado dos preços de bens e serviços numa economia, é outro importante indicador econômico. A taxa de inflação serve como um medidor de saúde da economia em termos relativos: uma inflação muito alta corroi muito rapidamente o poder de compra e eleva as taxas de juros; uma inflação muito baixa indica estagnação econômica. O gráfico a seguir ilustra a taxa de inflação no Brasil desde 2000: Fonte: IPCA calculado pelo IBGE São os principais índices de inflação no Brasil: • IPCA: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, calculado pelo IBGE; • IGP-M: Índice Geral de Preços do Mercado, calculado pela FGV; Instituto Brasileiro de • IPC-Fipe: Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Geografia e Estatística, Pesquisas Econômicas, da Universidade de São Paulo. instituição de administração pública federal. As taxas de juros dão o custo do dinheiro com base no risco oferecido e são capazes de definir o ritmo da economia: taxas de juros mais baixas estimulam o investimento e o consumo e fazem com que a inflação cresça, uma taxa de juros mais alta tem o efeito contrário. No Brasil, são três as taxas Comitê de Política Monetária: de juros direcionadoras da economia: órgão federal responsável por decisões de âmbito econômico. • Taxa definida pelo COPOM: define a meta da taxa de juros através de políticas monetárias; RENATRADER: A SUA PORTA DE ENTRADA NA BOLSA DE VALORES