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Bom para cada um, mau para
           todos…
       O problema do livre acesso
                          José Lima Santos




Rotas matemáticas da UTL
Rota 3
ISA, 29 de fevereiro de 2012
Resumo:
Um ensaio célebre em economia dos recursos naturais
– The Tragedy of the Commons – analisa as
consequências do livre acesso aos recursos naturais: a
sua degradação e esgotamento.
O colapso dos recursos pesqueiros, a desflorestação, e
as emissões de gases com efeito de estufa são todos
exemplos de uma mesma história, em que cada um,
agindo no seu interesse pessoal, nos leva à desgraça de
todos.
Como procurar, na matemática, a expressão do
interesse pessoal, do bem comum e das soluções para
o livre acesso?
O ponto de partida: a mão
             invisível
“… he intends only his own gain, and he is in
 this, as in many other cases, led by an
 invisible hand to promote an end which was
 no part of his intention….By pursuing his
 own interest he frequently promotes that of
 society more effectually than when he really
 intends to promote it.”


   Adam Smith, “The Wealth of Nations”, 1776, p.
                                           572.
Um problema: às vezes a mão
     invisível avaria...
Um exemplo:

Na ilha de Pago-Pago há dois lagos e 20
pescadores.
No lago X, o número total de peixes pescados
(Px) é dado por:

Px = 10.Lx – 0,5.Lx2

Em que Lx é o nº de pescadores no lago X.

No lago Y, pescam-se Py peixes:

Py = 5.Ly
Em que Ly = 20 – Lx é o nº de pescadores no
lago Y.
Pescado total no lago x (Px)

                        50




                        40
Nº de peixes pescados




                        30




                        20




                        10




                        0
                             0   1   2       3     4     5     6        7   8   9   10

                                           Nº pescadores no lago x (Lx)
Pescado total no lago Y (Py)

                        100


                        90


                        80
Nº de peixes pescados



                        70


                        60


                        50


                        40


                        30


                        20


                        10


                         0
                              0   2   4     6    8     10   12       14   16   18   20

                                          Nº pescadores no lago Y (Ly)
Como podemos exprimir a resposta do nº de
  peixes pescados ao número de pescadores num
  lago?

  Duas opções: Produtividade marginal (PMg) e
  Produtividade média (PMed)

Por exemplo no lago X:

PMgx = dPx/dLx = ∆Px/∆Lx = tg(α)

PMedx = Px/Lx = tg (β)

Como interpretar a PMg e a PMed?
Pescado total no lago x (Px)

                        50




                        40

                                                                                ∆Px
Nº de peixes pescados




                        30
                                                       α
                        20
                                                           ∆Lx

                                                                 Px
                        10



                                     β        Lx
                        0
                             0   1       2       3     4     5        6     7    8    9   10

                                               Nº pescadores no lago x (Lx)
Produtividades média e marginal no lago X

                         10

                         9


                         8
Nº peixes por pescador



                         7

                         6

                                                                              PMgx
                         5
                                                                              PMedx
                         4

                         3

                         2


                         1

                         0
                              0      2         4        6          8     10

                                         Nº pescadores no lago X
Produtividades média e marginal no lago Y

                         10,0

                          9,0

                          8,0
Nº peixes por pescador




                          7,0

                          6,0

                          5,0
                                                                                PMedy, PMgy
                          4,0

                          3,0

                          2,0

                          1,0

                          0,0
                                0    5             10              15      20
                                         Nº pescadores no lago Y
a) Quantos pescadores devem pescar no lago X
   de modo a maximizar a produção total da
   ilha? Quantos peixes se pescam nesse
   máximo?

max Px + Py
s.a.: Lx + Ly = 20

Ou seja, escolher Lx que maximiza:
Px + Py = 10.Lx – 0,5.Lx2 + 5.(20 – Lx) =
10.Lx – 0,5.Lx2 + 100 – 5.Lx =
5.Lx – 0,5.Lx2 + 100
Produção total da ilha (Px+Py)

                              120
                                                d(Px+Py)/dLx=0

                              100
Nº total de peixes pescados




                               80



                               60                                                                    Px+Py


                               40



                               20



                                0
                                    0   1   2   3     4    5   6   7   8    9   10    11   12   13
                                                    Nº pescadores no lago X (Lx)
Derivando a função a maximizar e igualando a
  zero, dá:

  d(Px + Py)/dLx = 5 – Lx = 0,

  Ou seja:

Lx = 5
Ly = 20 – 5 = 15
Px + Py = 5x5 – 0,5x52 + 100 = 112,5 peixes

Isto dá o óptimo da ilha (o melhor para todos).
Outro modo de resolver o problema é
determinar a produtividade marginal no lago X:

  PMgx = dPx/dLx = 10 – Lx,

  que é o acréscimo de peixe que resulta de pôr
  mais um pescador a pescar no lago Lx.
Vale a pena pôr mais pescadores a pescar no
 lago X até que esta produtividade marginal seja
 ainda superior ao custo marginal (CMgx), isto é:
 PMgx > CMgx

 Quanto custa pôr mais um pescador no lago X?
 Custa os 5 peixes que esse pescador deixa de
 pescar no lago Y. Ou seja: CMgx = 5 peixes

 Assim o óptimo atinge-se quando:

PMgx = 10 – Lx = 5 => Lx = 5
Produtividade marginal e custo marginal

                            11

                            10

                            9
Nº de peixes por pescador



                            8

                            7

                            6                                                       PMgx
                                                                                    PMedx
                            5
                                                                                    PMedy
                            4

                            3

                            2
                                          óptimo
                            1

                            0
                                 0   1     2   3    4    5   6    7    8   9   10

                                           Nº pescadores no lago x (Lx)
b) E agora quantos pescadores vão pescar no
   lago X se houver livre acesso a este lago?
   Quantos peixes se pescam nesse equilíbrio de
   livre acesso?

   Vejamos qual a produtividade média do
   pescador no lago X:

   PMedx = Px/Lx = 10 – 0,5.Lx

   Mais pescadores entram no lago X até que a
   sua produtividade média seja superior aos 5
   peixes que poderiam pescar em Y, ou seja até
   que:

   Px/Lx = 10 – 0,5.Lx > 5 peixes
Assim, só quando:

Px/Lx = 10 – 0,5.Lx = 5 peixes/pescador

  é que cessa a entrada de mais pescadores no
  lago X (equilíbrio de livre acesso). Isto vai
  acontecer com:

Lx = 10 pescadores, o que implica:

Px + Py = 10x5 – 0,5x102 + 100 = 100 peixes, o
  que fica bem abaixo do nível óptimo de
  produção da ilha
Produtividades média e marginal

                            11

                            10

                            9
Nº de peixes por pescador



                            8

                            7

                            6                                                        PMgx
                                                                                     PMedx
                            5
                                                                                     PMedy
                            4

                            3                                Livre acesso
                            2

                            1                óptimo
                            0
                                 0   1   2      3   4    5    6   7   8     9   10

                                         Nº pescadores no lago x (Lx)
Assim, neste caso, a mão invisível não
está a conduzir cada um, prosseguindo o
seu interesse individual, no sentido do que
é melhor para o colectivo.

Porquê?
Lx   PMg   PMed    PMed-PMg
 0    10    10,0      0,0
 1     9    9,5       0,5
 2     8    9,0       1,0
 3     7    8,5       1,5
 4     6    8,0       2,0
 5     5    7,5       2,5
 6     4    7,0       3,0
 7     3    6,5       3,5
 8     2    6,0       4,0
 9     1    5,5       4,5
10     0    5,0       5,0
11    -1    4,5       5,5
12    -2    4,0       6,0
13    -3    3,5       6,5

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À Descoberta das Rotas Matemáticas da UTL - Bom para cada um, mau para todos...

  • 1. Bom para cada um, mau para todos… O problema do livre acesso José Lima Santos Rotas matemáticas da UTL Rota 3 ISA, 29 de fevereiro de 2012
  • 2. Resumo: Um ensaio célebre em economia dos recursos naturais – The Tragedy of the Commons – analisa as consequências do livre acesso aos recursos naturais: a sua degradação e esgotamento. O colapso dos recursos pesqueiros, a desflorestação, e as emissões de gases com efeito de estufa são todos exemplos de uma mesma história, em que cada um, agindo no seu interesse pessoal, nos leva à desgraça de todos. Como procurar, na matemática, a expressão do interesse pessoal, do bem comum e das soluções para o livre acesso?
  • 3. O ponto de partida: a mão invisível “… he intends only his own gain, and he is in this, as in many other cases, led by an invisible hand to promote an end which was no part of his intention….By pursuing his own interest he frequently promotes that of society more effectually than when he really intends to promote it.” Adam Smith, “The Wealth of Nations”, 1776, p. 572.
  • 4. Um problema: às vezes a mão invisível avaria...
  • 5. Um exemplo: Na ilha de Pago-Pago há dois lagos e 20 pescadores.
  • 6. No lago X, o número total de peixes pescados (Px) é dado por: Px = 10.Lx – 0,5.Lx2 Em que Lx é o nº de pescadores no lago X. No lago Y, pescam-se Py peixes: Py = 5.Ly Em que Ly = 20 – Lx é o nº de pescadores no lago Y.
  • 7. Pescado total no lago x (Px) 50 40 Nº de peixes pescados 30 20 10 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Nº pescadores no lago x (Lx)
  • 8. Pescado total no lago Y (Py) 100 90 80 Nº de peixes pescados 70 60 50 40 30 20 10 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Nº pescadores no lago Y (Ly)
  • 9. Como podemos exprimir a resposta do nº de peixes pescados ao número de pescadores num lago? Duas opções: Produtividade marginal (PMg) e Produtividade média (PMed) Por exemplo no lago X: PMgx = dPx/dLx = ∆Px/∆Lx = tg(α) PMedx = Px/Lx = tg (β) Como interpretar a PMg e a PMed?
  • 10. Pescado total no lago x (Px) 50 40 ∆Px Nº de peixes pescados 30 α 20 ∆Lx Px 10 β Lx 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Nº pescadores no lago x (Lx)
  • 11. Produtividades média e marginal no lago X 10 9 8 Nº peixes por pescador 7 6 PMgx 5 PMedx 4 3 2 1 0 0 2 4 6 8 10 Nº pescadores no lago X
  • 12. Produtividades média e marginal no lago Y 10,0 9,0 8,0 Nº peixes por pescador 7,0 6,0 5,0 PMedy, PMgy 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 0 5 10 15 20 Nº pescadores no lago Y
  • 13. a) Quantos pescadores devem pescar no lago X de modo a maximizar a produção total da ilha? Quantos peixes se pescam nesse máximo? max Px + Py s.a.: Lx + Ly = 20 Ou seja, escolher Lx que maximiza: Px + Py = 10.Lx – 0,5.Lx2 + 5.(20 – Lx) = 10.Lx – 0,5.Lx2 + 100 – 5.Lx = 5.Lx – 0,5.Lx2 + 100
  • 14. Produção total da ilha (Px+Py) 120 d(Px+Py)/dLx=0 100 Nº total de peixes pescados 80 60 Px+Py 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Nº pescadores no lago X (Lx)
  • 15. Derivando a função a maximizar e igualando a zero, dá: d(Px + Py)/dLx = 5 – Lx = 0, Ou seja: Lx = 5 Ly = 20 – 5 = 15 Px + Py = 5x5 – 0,5x52 + 100 = 112,5 peixes Isto dá o óptimo da ilha (o melhor para todos).
  • 16. Outro modo de resolver o problema é determinar a produtividade marginal no lago X: PMgx = dPx/dLx = 10 – Lx, que é o acréscimo de peixe que resulta de pôr mais um pescador a pescar no lago Lx.
  • 17. Vale a pena pôr mais pescadores a pescar no lago X até que esta produtividade marginal seja ainda superior ao custo marginal (CMgx), isto é: PMgx > CMgx Quanto custa pôr mais um pescador no lago X? Custa os 5 peixes que esse pescador deixa de pescar no lago Y. Ou seja: CMgx = 5 peixes Assim o óptimo atinge-se quando: PMgx = 10 – Lx = 5 => Lx = 5
  • 18. Produtividade marginal e custo marginal 11 10 9 Nº de peixes por pescador 8 7 6 PMgx PMedx 5 PMedy 4 3 2 óptimo 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Nº pescadores no lago x (Lx)
  • 19. b) E agora quantos pescadores vão pescar no lago X se houver livre acesso a este lago? Quantos peixes se pescam nesse equilíbrio de livre acesso? Vejamos qual a produtividade média do pescador no lago X: PMedx = Px/Lx = 10 – 0,5.Lx Mais pescadores entram no lago X até que a sua produtividade média seja superior aos 5 peixes que poderiam pescar em Y, ou seja até que: Px/Lx = 10 – 0,5.Lx > 5 peixes
  • 20. Assim, só quando: Px/Lx = 10 – 0,5.Lx = 5 peixes/pescador é que cessa a entrada de mais pescadores no lago X (equilíbrio de livre acesso). Isto vai acontecer com: Lx = 10 pescadores, o que implica: Px + Py = 10x5 – 0,5x102 + 100 = 100 peixes, o que fica bem abaixo do nível óptimo de produção da ilha
  • 21. Produtividades média e marginal 11 10 9 Nº de peixes por pescador 8 7 6 PMgx PMedx 5 PMedy 4 3 Livre acesso 2 1 óptimo 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Nº pescadores no lago x (Lx)
  • 22. Assim, neste caso, a mão invisível não está a conduzir cada um, prosseguindo o seu interesse individual, no sentido do que é melhor para o colectivo. Porquê?
  • 23. Lx PMg PMed PMed-PMg 0 10 10,0 0,0 1 9 9,5 0,5 2 8 9,0 1,0 3 7 8,5 1,5 4 6 8,0 2,0 5 5 7,5 2,5 6 4 7,0 3,0 7 3 6,5 3,5 8 2 6,0 4,0 9 1 5,5 4,5 10 0 5,0 5,0 11 -1 4,5 5,5 12 -2 4,0 6,0 13 -3 3,5 6,5