Evento: 1º Congresso Nacional de Design Desenhando o Futuro: ”Habitat, Cultura e Design” (Bento Gonçalves - RS, de 1° A 6 de agosto de 2011)
Paper: Uma relação inusitada: o (mal) uso de objetos constrói metáforas e amplia as capacidades de projeto.
Autor: Patricia Hartmann Hindrichson
Uma relação inusitada o (mal) uso de objetos constrói metáforas e amplia as capacidades de projeto
1. PAPER: UMA RELAÇÃO INUSITADA - O (MAL) USO
DE OBJETOS CONSTRÓI METÁFORAS E AMPLIA AS
CAPACIDADES DE PROJETO.
Patricia Hartmann Hindrichson
www.redesdeprojeto.com
UMA RELAÇÃO INUSITADA: O (MAL) USO DE OBJETOS CONSTRÓI METÁFORAS E AMPLIA AS CAPACIDADES DE PROJETO – 1
Patricia Hartmann Hindrichson
2. Evento: 1º Congresso Nacional de Design Desenhando o Futuro: ”Habitat,
Cultura e Design” (Bento Gonçalves - RS, de 1° A 6 de agosto de 2011)
Paper: Uma relação inusitada: o (mal) uso de objetos constrói metáforas e
amplia as capacidades de projeto.
Autor: Patricia Hartmann Hindrichson
Resumo: Os domínios do projeto de design vêm sendo ampliados nos
últimos anos e suas fronteiras parecem não ser mais tão definidas. Esse
artigo busca explorar esses limites a partir da observação das relações
incomuns entre pessoas e objetos. O deslocamento semântico entre as
intenções dos designers e as interpretações dos usuários pode ser uma
fonte de pesquisa para os designers através da construção de metáforas sob
um modo de pensar não-linear (lateral). Dessa forma, o objetivo do projeto se
amplia ao investigar novas questões entre design e uso.
Palavras Chave: design; uso impróprio; metáforas.
Disponível em: http://wp.me/p1DKEo-3q
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3. O DESLOCAMENTO SEMÂNTICO COMO FONTE DE PESQUISA
Os domínios do projeto de design vêm sendo ampliados nos últimos anos e
suas fronteiras parecem não ser mais tão definidas. Esse artigo busca
explorar esses limites a partir da observação das relações incomuns entre
pessoas e objetos.
O deslocamento semântico entre as intenções dos designers e as
interpretações dos usuários pode ser uma fonte de pesquisa para os
designers através da construção de metáforas sob um modo de pensar não-
linear (lateral). Dessa forma, o objetivo do projeto se amplia ao investigar
novas questões entre design e uso.
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4. RELACIONAMENTO ENTRE PESSOAS E PRODUTOS
De acordo com CROSS (1999), a pesquisa em design vem aumentando e
ganhando importância, haja vista o crescimento de periódicos sobre o
assunto. Para o desenvolvimento de uma cultura de pesquisa em design, o
autor indica três fontes de conhecimento: pessoas, processos e produtos.
Sob essa perspectiva, de que formas o relacionamento entre pessoas e
produtos pode contribuir para o desenvolvimento dos processos de projeto
em design?
CROSS, N. Design Research: A disciplined conversation. In: Design Issues.
Volume 15, n° 2, Cambridge: MIT Press Journals, Páginas 5-10, 1999.
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5. DESIGN & INDÚSTRIA: A DESMATERIALIZAÇÃO DAS RESTRIÇÕES DÁ VIDA
AO USUÁRIO.
O diálogo sobre a produção de novos artefatos ocorre somente em duas
esferas: no design e na indústria. Nesse modelo, o projetista individualiza
uma necessidade e uma correspondente proposta de solução capaz de
estimular o produtor a investir seus recursos para transformar essa ideia em
mercadoria.
O relacionamento entre pessoas e objetos (produtos ou serviços) assume o
foco na economia baseada na mercantilização de praticamente todas as
funções cotidianas, disponibilizando algo novo para o consumidor pós-
industrial: a possibilidade de exercer escolhas de consumo.
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6. MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS NO RELACIONAMENTO OBJETO-
CONSUMIDOR
(...) o papel do usuário (e de suas necessidades) sofre uma reestruturação:
passa de uma total indiferença a uma necessidade de especulação de quais
são as suas necessidades e desejos, a uma simulação de seu papel na
sociedade, e finalmente à inclusão do usuário no processo de design
(FREIRE, 2009).
FREIRE, K. Reflexões sobre o conceito de design de experiências. In: Strategic
Design Research Journal. Volume 2, n° 1, Unisinos, Páginas 37-44, Janeiro-
Junho, 2009.
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7. JUICY SALIF | PHILIPPE STARCK (ALESSI, 1990)
!
Juicy Salif – Philippe Starck. Fonte: Catálogo Alessi, . Disponível em: http://www.awhiteroom.com/alessi/alessi-juicy-salif-citrus-squeezer.asp
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8. INTENÇÕES & INTERPRETAÇÕES: A AÇÃO USUÁRIO (RE)SIGNIFICANDO OS
OBJETOS.
A intenção inicial do designer de projetar um objeto para espremer frutas
encontra uma representação formal a partir da criatividade pessoal do
designer (...) e ao mesmo tempo das ideias presentes no inconsciente
coletivo da sociedade na época (algum tipo de zeitgeist ou contexto
ecológico) conforme sugerido por FORTY (2007).
FORTY, A. Objetos de desejo – design e sociedade desde 1950. São Paulo:
Cosac Naify, 2007.
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9. A INTERPRETAÇÃO DO USUÁRIO
Todavia, a função inicialmente proposta para este objeto não podia ser
desempenhada de modo eficaz (...) Se a função prescrita pelo designer não
se cumpre, os usuários então interpretam diversos modos de consumo e
utilização do objeto cuja representação formal lhes agrada ou identifica.
! !
Ambientação do Produto Juicy Salif para Alessi (fonte: Catálogo Alessi)
Ambientação do Produto Juicy Salif para Casa & Jardim (fonte: Casa & Jardim)
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10. OBSERVAR AS HISTÓRIAS
De acordo com LLOYD e SNELDERS (2003), ao invés de procurar fatores
ideológicos como condições suficientes para o sucesso de um objeto de
design é melhor observar as histórias sobre o uso e o “mal” uso dos
objetos.
Uma vez que o consumidor vive e interage com os objetos surgem histórias
sobre o uso idiossincrático, o uso “incorreto” (sistemático ou não) e o uso
múltiplo de um objeto (LLOYD e SNELDERS, 2003).
Neste artigo, a exploração do “mal” uso dos objetos não implica em uma
conotação negativa da palavra e sim no uso alternativo ou criativo de objetos
destinados para uma certa meta cumprindo outra função em outro contexto.
LLOYD, P.; SNELDERS, D. What was Philippe Starck thinking of? In: Design
Studies. Volume 24, n° 3, Kidlington: Elsevier, p. 237-253, 2003.
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11. RE-DESIGN DO COTIDIANO (FUNIL)
! !
BRANDES, U.; ERLHOFF, M. Non Intentional Design. Editora DAAB. Eslovênia, 2006.
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12. TRANSFORMAÇÕES COMBINADAS A INVENÇÃO DE NOVAS FUNÇÕES
(...) o NID proporciona aos objetos aparentemente claros e definidos uma
nova multifuncionalidade, fruto de transformações combinadas com a
invenção de novas funções (reversíveis ou destinando-se definitivamente à
sua nova finalidade). (BRANDES e ERLHOFF, 2006)
Para BOUFLEUR (2006) a apropriação desse conceito na cultura brasileira
pode ser denominada de gambiarra: um fenômeno que parte da estrita
relação entre usuário e objeto, sendo uma forma alternativa de produzir
artefatos a partir da improvisação.
BRANDES, U.; ERLHOFF, M. Non Intentional Design. Editora DAAB. Eslovênia,
2006.
BOUFLEUR, R. A Questão da Gambiarra: Formas Alternativas de Produzir
Artefatos e sua Relação com o Design de Produtos. São Paulo, 2006.
Dissertação (Mestrado), Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de
São Paulo.
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13. RESTRIÇÕES X METÁFORAS: A AMPLIAÇÃO DA CAPACIDADE DE
INTERPRETAÇÃO.
Em ambos os casos de ressignificação de objetos por parte do usuário
apresentados, as restrições iniciais de uso dos artefatos foram rompidas. A
criação de usos criativos, alternativos ou “incorretos” constrói um novo
conhecimento (significado) a partir de um processo de deslocamento
semântico idêntico aos casos extremos de raciocínio por analogia – as
metáforas.
• Começa com o agrupamento dos conceitos em padrões já
convencionados e passa pela comparação desses conceitos (uns relativos
aos outros) de modo a permitir a descrição de relações e o
estabelecimento de uma base para a verificação de consistências internas
(BECCARI e SMYTHE, 2010).
BECCARI, M.; SMYTHE, K. As Dimensões Sintáticas, Semânticas e a Poética da Metáfora
Cartográfica. In: 9° Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Anais
do 9° Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. AEND-Brasil |
Associação de Ensino e Pesquisa de Nível Superior de Design do Brasil. São Paulo, 13 a 16
de outubro, 2010. Disponível em: http://blogs.anhembi.br/congressodesign/anais/
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14. PROCESSOS DE RESSIGNIFICAÇÃO DE OBJETOS
As metáforas constituem uma justaposição incomum entre o familiar e o
inusitado, capaz de induzir a descoberta de associações inovadoras
ampliando a capacidade humana de interpretação. (CASAKIN, 2007)
O pensamento lateral ocupa-se da reestruturação dos padrões existentes
(insights) com o objetivo de construir novos padrões (criatividade). (BONO,
2010).
CASAKIN, H. P. Metaphors in Design Problem Solving: Implications for Creativity.
In: International Journal of Design, Volume 1, n° 2.p. 23-35, 2007.
BONO, E. de. Lateral Thinking: A Textbook Of Creativity. Editora PENGUIN UK,
Inglaterra, 2010.
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15. UMA INUSITADA CAIXA DE FERRAMENTAS
Para CELASCHI (2007), o comportamento do consumidor contém infinitos
estímulos para gerar inovação. (...) Os protótipos ou modelos de um novo
artefato poderiam ser disponibilizados a um certo número de consumidores
sem as respectivas “normas” de utilização, informadas hoje através dos mais
diversos meios de comunicação.
A observação de tais metáforas por parte dos designers, portanto, pode ser
entendida como uma inusitada “caixa de ferramentas” a ser utilizada durante
processo de projeto.
CELASCHI, F. Dentro al progetto: appunti di merceologia contenporanea. In:
CELASCHI, F; DESERTI, A. Design e innovazione: strumenti e pratiche per la
ricerca applicata. Carocci, Roma, 2007.
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16. UMA INUSITADA CAIXA DE FERRAMENTAS
A criação de metáforas definitivas (não reversíveis) possa representar um
certo esvaziamento da funções e dos significados inicialmente atribuídos aos
objetos, de modo que, para que possam continuar a ter valor na existência de
determinada pessoa, os objetos precisem ser “(re) significados” – ou ter uma
nova “vida” atribuída à sua forma.
Estender o processo de projeto para além do que é tradicionalmente
entendido, incorporando as definições de “uso através do uso” e
estimulando assim as capacidades dos designers para projetar produtos e
serviços “não terminados” ou abertos.” (REDSTRÖM, 2008).
REDSTRÖM, J. RE:Definitions of use. In: Design Studies, Volume 29, n° 4,
Kidlington: Elsevier, Páginas 410-423, Julho 2008.
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