3. • Desenvolvimento e técnicas de criação e roteiro: literatura vasta e
material online idem. Forneço abaixo alguns títulos e links, para
quem se interessar:
• "The Art of Dramatic Writing" - Lajos Egri
• "Story" - Robert McKee (um compêndio sobre inúmeras questões
de estrutura, personagem, trama, gênero, etc)
• "A Jornada do Escritor" , Christopher Vogler (é quase um livro de
função sintática dramaturgia)
• "O Herói de Mil Faces" - Joseph Campbell (talvez o livro mais
interessante sobre mitos e histórias)
• site Storylogue: várias aulas curtas. Uma parte gratuita, outra
apenas com assinatura paga.
• site do Save The Cat
4. Aula abordará a concepção, a formatação e a
apresentação de projetos de séries, e o dia a dia no
mercado que compra essas séries, no Brasil. O corpo
a corpo com os canais, o estágio de desenvolvimento
desse mercado, como fazer para criar visibilidade e
aumentar as chances de êxito de um projeto.
6. a) Antes da Lei da Cota:
Comecei a criar e produzir séries, bem antes da Lei da
Cota.
Quais os desafios ali?
Criar demanda quando ela ainda não existia;
vencer a barreira do baixo orçamento: o que se produzia com
Art.39 era, via de regra, factuais ou projetos de lifestyle muito
baratos e de simples elaboração/produção.
canais operavam como escritórios de venda de publicidade - e
não como polos de produção local.
7. b) Lei da Cota: prós e contras.
Prós:
(1) aumento da demanda:
(2) gera ciclo positivo, efervescência, excitação
(3) oportunidade para formar indústria;
(4) público querendo se ver na tela, finalmente se vê na TV paga;
(5) dramaturgia é o gênero de maior aceitação no país, graças ao fato
da telenovela ter se tornado o produto de maior sucesso da
indústria cultural no Brasil.
(6) a quantidade deve, em tese, gerar qualidade. Até pela curva de
aprendizagem.
8. Contras:
(1) o estágio de pouca maturidade do mercado produtor;
(2) a pouca capacitação dos profissionais versus a alta exigência nas
entregas para os canais;
(3) a escassez de recursos técnicos x demanda (parque instalado,
estúdios, locadoras de equipamentos, etc).
(4) o ainda baixo contingente de profissionais alocados nos canais
para avaliar, processar e coproduzir. Case: "Mad Men" a HBO USA
deixou passar...
(5) "curto-prazismo", como comportamento do produtor. Falta de
planejamento, vamos raspar o butim até o fim.
(6) euforia de carnaval: sem planejamento, o cenário rumará para uma
"quarta-feira cinzas", com a ressaca que advém da oportunidade
perdida. Com planejamento, pode virar algo mais sólido, que
prescindirá da lei: demanda de mercado.
9. A resultante dos prós e contras:
(1) muitos projetos, pouca efetividade para os canais e
seus executivos.
(2) executivos escaldados e canais buscando separar
desenvolvimento de produção.
(3) grande oportunidade, já que este ainda é um
"unsettled market".
11. (1) Paixão
a) Eleja uma história pela qual você tenha paixão.
b) Não tente fazer ou vender um projeto que você mesmo não
acredite muito. Ninguém vai acreditar. E se acreditar, você
terá um problema para tocar, e não um sonho ou realização.
c) Se você tiver paixão, se houver entusiasmo por ele, serão
grandes as chances de você contagiar teu interlocutor, seja
ele um executivo de canal, um produtor, um ator ou um
diretor que você queira muito engajar no projeto.
d) Importante lembrar: criar e desenvolver um projeto de
dramaturgia é um processo tão longo, tão complexo e tão
intenso, que só se justifica se você estiver uma forte ligação
afetiva com ele.
12. (2) Você deve conhecer PROFUNDAMENTE o tema do teu projeto.
Quando se desconhece o tema e o universo = projetos cheios de
clichés, estereótipos, cenas, situações, falas e motivações artificiais ou
frívolas. Vira uma tentativa de emular coisas que vc já viu na TV ou no
cinema. Nada na tela é pior do que isso.
a) Tema pertence à experiência de vida do criador:
John Le Carre: livros sobre espionagem, conspiração, etc. Ele foi
espião, da inteligência britânica. Ou a Liz Devine, roteirista do C.S.I.,
que fora perita criminal e formada em ciência forense.
b) Tema NÃO pertence à experiência de vida do criador:
Pesquisa, pesquisa, pesquisa: demanda tempo, persistência, às vezes
acesso, entrevistas, etc. Pense em outras atividades e os insumos ou
gastos delas: pesquisa é relativamente barato, se comparada a outras
profissões ou atividades.
13. Minha relação com esse tópico:
a) Mothern: tinha filhos recentemente, olhava minha mulher de perto.
b) Descolados: distante no tempo para mim e Rodrigo (co-criador).
Muita muita pesquisa, entrevistas, leituras, focus groups, etc.
Frase Luiz Bolognesi, roteirista, que para mim define bem a atitude
correta em relação a este tópico: "Melhor você não conhecer NADA
sobre um assunto, do que conhecer um pouco. Se você conhece
um pouco, jogue fora esse pouco e vá sem preconceitos e sem
prévias ideias buscar o conhecer o máximo possível daquele
assunto".
14. (3) VOZ / GÊNERO
Normalmente, quem cria e escreve comédia identifica nesse
determinado gênero a sua voz. Drama, idem. Importante identificar a
sua voz, sua pegada, e em que gênero ela se manifesta mais
naturalmente.
Exemplos:
Chuck Lorre: sitcoms (Two & a Half Men, The Big Bang Theory, etc);
Aaron Sorkin: "dramas com steadicam", constelação de personagens
se movendo em um determinado ambiente (West Wing, Studio 60, etc)
Os irmãos Slavich: segunda temporada de S.O.S Sexo Y Otros
Secretos (Televisa). Pegam um melodrama convencional e, na
temporada que eles assumem, imprimem a sua voz, a despeito do que
foi executado antes. Eles não traem a sua natureza.
15. (4) FÔLEGO
Essa história tem quilometragem para várias temporadas?
O que poderia segurar a temporada 1?
O que poderia ser o caminho de uma segunda temporada?
Decisão dos canais envolve fortemente o tópico fôlego. O investimento
em produção vem acompanhado de investimentos em marketing,
promos, publicidade, assessoria de imprensa, etc. Isso não é
amortizado em uma temporada única. Tampouco é simples para
executivos justificar o porquê de um investimento em uma série que só
rendeu uma temporada.
16. (5) MODALIDADE: SEQUENCIAL, EPSÓDICO OU ANTOLOGIA?
curva dramática pronunciada?
curva muito sutil, tendendo para um procedural ou sitcom? C.S.I.?
Friends? Two&Half?
episódios totalmente independentes? Twilight Zone? Destino: São
Paulo? Black Mirror?
18. PESQUISAR SOBRE O CANAL PARA O QUAL IRÁ PROPOR O PROJETO
(1) entenda os conglomerados e canais associados.
(2) assista tv: conheça a programação, os hits do canal, o que irá estrear, etc.
(3) quais os pilares da programação?
(4) qual o target do canal? Perfil do público?
(5) a ideia e o formato da obra tem o perfil para aquele canal?
(6) por que esse canal gostaria do seu projeto?
(7) pesquisar as apostas já feitas no Brasil e na região: foco de conteúdo.
(8) pesquisar o que os executivos vocalizaram recentemente sobre o canal: novo
posicionamento, novos projetos, etc: buscar em sites, revistas, vídeos com debates do
RCM, Forum Brasil, etc.
(9) veja se não há algo semelhante ao teu projeto já sendo desenvolvido ou produzido.
(10) Tenha certeza que o canal que vc está mirando é o outlet adequado para o teu
projeto.
19. MODALIDADES DE CASAMENTO PROJETO + CANAL
(1) CRIAÇÃO E POSTERIOR ADEQUAÇÃO AO CANAL: case
"Descolados".
(2) CRIAÇÃO A PARTIR DE BRIEFING: case "Brilhante Futebol
Clube".
(3) CRIAÇAO A PARTIR DE OPORTUNIDADE DETECTADA: case
"Mothern".
21. Formatação:
• projeto, como algo a ser desfrutado por quem o avalia; texto deve
entreter, divertir, ser saboroso o suficiente a ponto do leitor
esquecer que está avaliando algo. Aquela meia hora deve ser
prazerosa.
• formato tradicional por tópicos = textos que provocam leitura
intermitente e esquemática. Sugestão: formato com texto corrido =
induz o leitor a embarcar em uma jornada, um filme, uma atmosfera
na qual ele mergulha: relação emocional com o que lê.
• Descrição de Personagens = todo e qualquer personagem soa falso
numa lista de atributos. Mais parece uma coleção de
caracterizações. Sugestão: apresente os personagens no texto
corrido. Faz toda a diferença para o leitor conhecer os personagens
em movimento, sob pressão, em marcha.
22. • epígrafes, no lugar de premissa ou conceito: menos literal, mais
conceitual. As epígrafes, quando bem escolhidas, auxiliam a
orientar a leitura a seguir, cria um frame of mind para o leitor: como
resultado, joga luz naquilo que o criador acredita ser o ponto forte
da sua premissa, o que de mais original seu projeto carrega.
• seja conciso, texto enxuto. Quão mais conciso for, maior a chance
de seu projeto ser apreciado com atenção e foco. Projetos
extensos, repetitivos e esquemáticos induzem o leitor a perder a
concentração e passar a ler na diagonal.
23. IMPORTANTE SABER:
Os canais buscam segurança jurídica e empresarial, qualidade
artística e capacidade de gerenciamento do orçamento.
A relação com o canal é de parceria. Não acaba na entrega da
matriz digital. O sucesso ou fracasso de uma produção vai
depender do quanto ela será apreciada pelos espectadores, e
isso será resultado do trabalho em conjunto.
Alguns canais/conglomerados que possuem uma plataforma
online para apresentação de projetos e seu passo a passo:
Discovery : www.producers.discovery.com
Viacom: http://www.viacompitchbox.com.br/
Channel 4(UK): www.producers.channel4.com
Turner: http://www.projetosturner.com
25. (1) Equipe:
composição e cargos numa equipe de desenvolvimento;
habilidades de cada componente;
complementaridade: utilização de não roteiristas e roteiristas para
cobrir todas as
necessidades de um projeto.
(2) Forma de Trabalho:
personages e arcos;
sinopses, escaletas e roteiros (as variações dentro desse
desenvolvimento e das
entregas).
26. Sites com informações e dicas da indústria e do ofício:
SAVE THE CAT
http://www.savethecat.com/
STORYLOGUE
http://www.storylogue.com/
ALTERNATIVAS AO STORYLOGUE, CASO VC NAO QUEIRA FAZER A
ASSINATURA:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLYpCC-hK59rHg1Q7alB2cySLG2XFkfjo0
http://mckeestory.wordpress.com/
MY BLANK PAGE
http://scriptcat.wordpress.com/
L.A. SCREENWRITER
http://la-screenwriter.com/