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Diversidade cultural e o universo
             digital
                        Rafael Evangelista
                   Antropólogo e jornalista
                          Labjor/Unicamp
- Cultura, o que é?

- História do conceito

- Universal e particular

- A contribuição da antropologia

- Multiculturalismo
Cultura?

  Colocar em perspectiva os significados e as
    disputas contidas na ideia de cultura para
elaborarmos estratégias e políticas de inclusão,
  identidade, reconhecimento, comunicação e
      fortalecimento de grupos minoritários
“A humanidade cessa nas fronteiras da tribo”
Segundo Laraia: No final do século XVIII e no
princípio do seguinte, o termo germânico Kultur
era utilizado para simbolizar todos os aspectos
  espirituais de uma comunidade, enquanto a
     palavra francesa Civilization referia-se
 principalmente às realizações materiais de um
 povo. Ambos os termos foram sintetizados por
 Edward Tylor (1832-1917) no vocábulo inglês
                 Culture, que...
"tomado em seu amplo sentido etnográfico é
 este todo complexo que inclui conhecimentos,
crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer
 outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo
 homem como membro de uma sociedade".
 Com esta definição Tylor abrangia em uma só
  palavra todas as possibilidades de realização
humana, além de marcar fortemente o caráter de
 aprendizado da cultura em oposição à ideia de
  aquisição inata, transmitida por mecanismos
                    biológicos.
Debates:

- Iluminismo e contra-iluminismo
      (universal x particular)

      - Natureza x Cultura
Em 1950, quando o mundo se refazia da
   catástrofe e do terror do racismo nazista,
  antropólogos físicos e culturais, geneticistas,
  biólogos e outros especialistas, reunidos em
Paris sob os auspícios da Unesco, redigiram uma
 declaração da qual extraímos dois parágrafos:
- Os dados científicos de que dispomos atualmente não
    confirmam a teoria segundo a qual as diferenças
      genéticas hereditárias constituiriam um fator de
  importância primordial entre as causas das diferenças
   que se manifestam entre as culturas e as obras das
 civilizações dos diversos povos ou grupos étnicos. Eles
  nos informam, pelo contrário, que essas diferenças se
  explicam, antes de tudo, pela história cultural de cada
 grupo. Os fatores que tiveram um papel preponderante
na evolução do homem são a sua faculdade de aprender
e a sua plasticidade. Esta dupla aptidão é o apanágio de
todos os seres humanos. Ela constitui, de fato, uma das
        características específicas do Homo sapiens.
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 foi ainda provada a validade da tese segundo a
qual os grupos humanos diferem uns dos outros
  pelos traços psicologicamente inatos, quer se
     trate de inteligência ou temperamento. As
  pesquisas científicas revelam que o nível das
aptidões mentais é quase o mesmo em todos os
                    grupos étnicos.
“O que é verdadeiro no que respeita ao tempo não o é
menos no que respeita ao espaço, mas deve exprimir-se
  de um modo diferente. A possibilidade que uma cultura
tem de totalizar este conjunto complexo de invenções de
    todas as ordens a que nós chamamos civilização é
 função do número e da diversidade das culturas com as
 quais participa na elaboração - a maior parte das vezes
    involuntária - de uma estratégia comum. Número e
  diversidade, dizemos nós. A comparação entre o Velho
Mundo e o Novo nas vésperas da descoberta ilustra bem
                  esta dupla necessidade.”
“Por outro lado, consideramos a noção de civilização
mundial como uma espécie de conceito limite, ou como
    uma maneira abreviada de designar um processo
 complexo. Porque, se a nossa demonstração é válida,
 não existe nem pode existir uma civilização mundial no
sentido absoluto que damos a este termo, uma vez que
   a civilização implica a coexistência de culturas que
   oferecem entre si a máxima diversidade e consiste
  mesmo nessa coexistência. A civilização mundial só
poderia ser coligação, à escala mundial, de culturas que
      preservassem cada uma a sua originalidade.”
- Dilema do índio bêbado de Geertz:
   Geertz nos apresenta o caso de conflito angustiante entre questões morais dentro de
   uma sociedade: no sudoeste dos EUA, um programa de tratamento de saúde público
com máquinas de hemodiálise organizava uma fila por ordem de gravidade de doenças.
  Ora, o tratamento em tela exigia dieta rigorosa por parte dos pacientes para que fosse
  eficaz de maneira prolongada. Ocorre que um índio alcoólatra recusava-se a parar de
beber para se tratar. Por outro lado, os médicos locais não possuíam argumentos legais
nem éticos para tirar o índio de sua colocação na fila, devido à gravidade de sua doença.
 Nem um nem outro poderiam ir contra suas próprias tendências ou os códigos culturais
    que existiam dentro de si, e não achou-se solução coerente para o conflito. O índio
  permaneceu fazendo seu tratamento, mesmo com as manifestações de contrariedade
    contida dos médicos e morreu pouco tempo depois. Geertz lembra que o índio não
  queria abrir mão de seu vício, necessário para afogar as mágoas, quem sabe, de uma
 repressão preconceituosa à sua etnia nas terras americanas; por outro lado, não queria
acabar com sua própria vida, mas mantê-la o tempo que fosse necessário, apenas para
aproveitar o prazer da bebida. Os médicos, por sua vez, não queriam abrir mão de suas
  condutas e códigos traçados acerca da prioridade de atendimento dos pacientes, mas
   também não poderiam ir contra as regras que eles mesmos criaram. A dificuldade de
  resolver o conflito, diante da necessidade do respeito à cultura e valores alheios, é um
     exemplo clássico da “colagem” que Geertz entende como imagem da sociedade
  contemporânea, onde elementos culturais que se opõem fortemente estão lado a lado.
        Por isso, a necessidade de estudar os conflitos morais dentro das cidades.

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Diversidade cultural e o universo digital

  • 1. Diversidade cultural e o universo digital Rafael Evangelista Antropólogo e jornalista Labjor/Unicamp
  • 2. - Cultura, o que é? - História do conceito - Universal e particular - A contribuição da antropologia - Multiculturalismo
  • 3. Cultura? Colocar em perspectiva os significados e as disputas contidas na ideia de cultura para elaborarmos estratégias e políticas de inclusão, identidade, reconhecimento, comunicação e fortalecimento de grupos minoritários
  • 4. “A humanidade cessa nas fronteiras da tribo”
  • 5. Segundo Laraia: No final do século XVIII e no princípio do seguinte, o termo germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo. Ambos os termos foram sintetizados por Edward Tylor (1832-1917) no vocábulo inglês Culture, que...
  • 6. "tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade". Com esta definição Tylor abrangia em uma só palavra todas as possibilidades de realização humana, além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da cultura em oposição à ideia de aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos.
  • 7. Debates: - Iluminismo e contra-iluminismo (universal x particular) - Natureza x Cultura
  • 8.
  • 9.
  • 10.
  • 11. Em 1950, quando o mundo se refazia da catástrofe e do terror do racismo nazista, antropólogos físicos e culturais, geneticistas, biólogos e outros especialistas, reunidos em Paris sob os auspícios da Unesco, redigiram uma declaração da qual extraímos dois parágrafos:
  • 12. - Os dados científicos de que dispomos atualmente não confirmam a teoria segundo a qual as diferenças genéticas hereditárias constituiriam um fator de importância primordial entre as causas das diferenças que se manifestam entre as culturas e as obras das civilizações dos diversos povos ou grupos étnicos. Eles nos informam, pelo contrário, que essas diferenças se explicam, antes de tudo, pela história cultural de cada grupo. Os fatores que tiveram um papel preponderante na evolução do homem são a sua faculdade de aprender e a sua plasticidade. Esta dupla aptidão é o apanágio de todos os seres humanos. Ela constitui, de fato, uma das características específicas do Homo sapiens.
  • 13. - No estado atual de nossos conhecimentos, não foi ainda provada a validade da tese segundo a qual os grupos humanos diferem uns dos outros pelos traços psicologicamente inatos, quer se trate de inteligência ou temperamento. As pesquisas científicas revelam que o nível das aptidões mentais é quase o mesmo em todos os grupos étnicos.
  • 14. “O que é verdadeiro no que respeita ao tempo não o é menos no que respeita ao espaço, mas deve exprimir-se de um modo diferente. A possibilidade que uma cultura tem de totalizar este conjunto complexo de invenções de todas as ordens a que nós chamamos civilização é função do número e da diversidade das culturas com as quais participa na elaboração - a maior parte das vezes involuntária - de uma estratégia comum. Número e diversidade, dizemos nós. A comparação entre o Velho Mundo e o Novo nas vésperas da descoberta ilustra bem esta dupla necessidade.”
  • 15. “Por outro lado, consideramos a noção de civilização mundial como uma espécie de conceito limite, ou como uma maneira abreviada de designar um processo complexo. Porque, se a nossa demonstração é válida, não existe nem pode existir uma civilização mundial no sentido absoluto que damos a este termo, uma vez que a civilização implica a coexistência de culturas que oferecem entre si a máxima diversidade e consiste mesmo nessa coexistência. A civilização mundial só poderia ser coligação, à escala mundial, de culturas que preservassem cada uma a sua originalidade.”
  • 16.
  • 17. - Dilema do índio bêbado de Geertz: Geertz nos apresenta o caso de conflito angustiante entre questões morais dentro de uma sociedade: no sudoeste dos EUA, um programa de tratamento de saúde público com máquinas de hemodiálise organizava uma fila por ordem de gravidade de doenças. Ora, o tratamento em tela exigia dieta rigorosa por parte dos pacientes para que fosse eficaz de maneira prolongada. Ocorre que um índio alcoólatra recusava-se a parar de beber para se tratar. Por outro lado, os médicos locais não possuíam argumentos legais nem éticos para tirar o índio de sua colocação na fila, devido à gravidade de sua doença. Nem um nem outro poderiam ir contra suas próprias tendências ou os códigos culturais que existiam dentro de si, e não achou-se solução coerente para o conflito. O índio permaneceu fazendo seu tratamento, mesmo com as manifestações de contrariedade contida dos médicos e morreu pouco tempo depois. Geertz lembra que o índio não queria abrir mão de seu vício, necessário para afogar as mágoas, quem sabe, de uma repressão preconceituosa à sua etnia nas terras americanas; por outro lado, não queria acabar com sua própria vida, mas mantê-la o tempo que fosse necessário, apenas para aproveitar o prazer da bebida. Os médicos, por sua vez, não queriam abrir mão de suas condutas e códigos traçados acerca da prioridade de atendimento dos pacientes, mas também não poderiam ir contra as regras que eles mesmos criaram. A dificuldade de resolver o conflito, diante da necessidade do respeito à cultura e valores alheios, é um exemplo clássico da “colagem” que Geertz entende como imagem da sociedade contemporânea, onde elementos culturais que se opõem fortemente estão lado a lado. Por isso, a necessidade de estudar os conflitos morais dentro das cidades.