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Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
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Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
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Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
3
Editorial
O
Brasil é apontado pelas principais organizações internacionais como o grande prove-
dor de alimentos, energia e combustíveis renováveis para atender à demanda mundial
futura, mas enquanto o interesse externo pelo nosso País aumenta, o descaso interno
é cada vez mais gritante e as consequências são devastadoras, como a que vêm ocorrendo
com o setor sucroenergético.
Por isso, é com muito orgulho que nossa primeira edição de 2015 traz na capa uma ma-
nifestação em prol da indústria canavieira e de sua recuperação. Mais de 15 mil pessoas
foram para as ruas protestar e reivindicar do Governo Federal medidas para impulsionar o
crescimento e a volta dos empregos. O ato realizado no dia 27 de janeiro, em Sertãozinho-SP,
mobilizou todos os setores ligados à cana-de-açúcar e representantes de diversas cidades da
região e, juntos, numa ação pacífica, deram um grito de basta à crise.
A revista de janeiro mostra também que a região de Ribeirão Preto ganha sua força no
Governo Paulista com a posse de Arnaldo Jardim na Secretaria de Agricultura de São Paulo e
Duarte Nogueira Júnior como secretário de Transportes e Logística. Além disso, tem matéria
sobre as perspectivas da indústria da bioenergia, que tem um futuro promissor.
Entrevistas com Leila Alencar Monteiro de Souza Biocana (Associação de Produtores de
Açúcar, Etanol e Energia) e com Carlos Barros, presidente do GATUA (Grupo das Áreas de
Tecnologia das Usinas de Açúcar, Etanol e Energia) também recheiam a edição 103.
Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves opinam no “Pon-
to de Vista” José Osvaldo Bozzo e AlexandreAndrade Lima. Já a gestora técnica da Canaoes-
te, Alessandra Durigan, e o engenheiro agrônomo da Canaoeste de Ituverava, João Francisco
Maciel, assinam artigo sobre Ferrugens da Cana-de-Açúcar - Doenças que podem compro-
meter a sanidade do seu canavial.
As notícias do Sistema Copercana, como a da Campanha Copercana Premiada, que além
do sorteio de dois carros zero-quilômetro, contemplou 800 clientes através da “seladinha”
premiada, com vales-compra instantâneos. E também notícias da Canaoeste e Sicoob Cocred,
assuntos legais, informações setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também
podem ser conferidas na revista de janeiro.
O grito do setor sucroenergético
Boa leitura!
Conselho Editorial
RC
Expediente:
Conselho Editorial:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson
Editora:
Carla Rossini - MTb 39.788
Projeto gráfico e Diagramação:
Rafael H. Mermejo e Murilo Rocha Sicchieri
Equipe de redação e fotos:
Andréia Vital, Carla Rodrigues, Fernanda
Clariano, Igor Savenhago e Rafael H. Mermejo
Comercial e Publicidade:
Marília F. Palaveri
(16) 3946-3300 - Ramal: 2208
atendimento@revistacanavieiros.com.br
Impressão: São Francisco Gráfica e Editora
Revisão: Lueli Vedovato
Tiragem DESTA EDIçÃO:
21.500 exemplares
ISSN: 1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente
aos cooperados, associados e fornecedores do
Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
As matérias assinadas e informes publicitários
são de responsabilidade de seus autores. A
reprodução parcial desta revista é autorizada,
desde que citada a fonte.
Endereço da Redação:
A/C Revista Canavieiros
Rua Augusto Zanini, 1591
Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550
Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008)
redacao@revistacanavieiros.com.br
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www.facebook.com/RevistaCanavieiros
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
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11 - Ponto de Vista
José Oswaldo Bozzo
Consultor tributarista e
sócio da MJC Consultores.
31 - Destaque
Arnaldo Jardim promete manter atenção no
setor sucroenergético ao assumir Secretaria
de Agricultura de São Paulo
Ano IX - Edição 103 - Janeiro de 2015 - Circulação: Mensal
Índice:
E mais:
Capa - 24
O dia 27 de janeiro de 2015 en-
tra para a história de Sertãozinho-
-SP e de toda a região canavieira
do Centro-Sul do País. Foi nesta
data que representantes de toda a
cadeia produtiva sucroenergética
se uniram.
17 - Notícias Copercana
- Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred inaugura loja de Ferragem
e Magazine em Batatais-SP
- Campanha Copercana Premiada
22 - Notícias Sicoob Cocred
- Balancete Mensal
Pontos de Vista
Alexandre Andrade Lima
.....................página 12
Coluna Caipirinha
.....................página 15
Destaques:
Em busca da eficiência energética
.....................página 35
Indústria da bioenergia tem um
futuro promissor
.....................página 37
RB 867515 será a variedade
mais plantada em 2015
.....................página 43
DATAGRO estima moagem de
642 milhões de toneladas na
safra 2015/16
.....................página 44
Assuntos Legais
.....................página 45
Informações Setoriais
.....................página 46
Acompanhamento da safra
.....................página 51
Classificados
.....................página 54
Agende-se
.....................página 57
Foto:AndréiaVital
48 - Artigos Técnicos
- Ferrugens da Cana-de-Açúcar: Doenças que podem comprometer a sanidade do
seu canavial
- Reúso de água na indústria sucroenergética
05 - Entrevista
Leila Alencar Monteiro de Souza
presidente da Biocana
“Aumento dos custos de produção e falta de regras claras em-
perram desenvolvimento da agroindústria”.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
5
Revista Canavieiros: Qual é a mis-
são da Biocana?
Leila Monteiro: A Biocana (Asso-
ciação de Produtores de Açúcar, Etanol
e Energia) está sediada em Catanduva,
Noroeste de São Paulo e reúne grandes
players da agroindústria canavieira. En-
tre as principais diretrizes da Biocana
está o trabalho voltado à profissiona-
lização, capacitação de pessoas e pro-
postas para resolver entraves jurídicos,
técnicos e de logística, além de ações
efetivas para cumprir a extensa agenda
de responsabilidade socioambiental,
comunicação com a comunidade e for-
talecimento de toda a cadeia produtiva.
Revista Canavieiros: Em 2014, a
Biocana completou 20 anos. Neste
período, quais foram as principais
contribuições que a entidade propor-
cionou ao setor sucroenergético, na
sua opinião?
Leila Monteiro: A Biocana traba-
lha para buscar soluções e promover o
desenvolvimento sustentável do setor
sucroenergético. A associação sempre
figurou entre as mais atuantes enti-
dades de classe do segmento no País,
sendo que nos últimos anos passou por
um realinhamento estratégico.
A associação age estratégica e po-
liticamente em questões que são rele-
vantes para o setor, seja no âmbito mu-
nicipal, estadual ou federal. A Biocana
também promove seminários de atua-
lização técnica com especialistas para
o corpo gerencial das usinas; realiza
cursos e treinamentos de capacitação
para os colaboradores das empresas e
atua visando ao fortalecimento de toda
a cadeia produtiva. Tem um forte viés
de atuação em projetos ambientais, so-
ciais e educacionais, pilares de susten-
tação das atividades desenvolvidas ao
longo destas últimas duas décadas. A
entidade tem como meta a busca por
soluções corporativas através de pro-
gramas que abrangem as comunidades
onde as usinas estão inseridas. Exem-
plo disso é o Programa “Valorizando a
Diversidade”, voltado para a inclusão
social. Realizado em parceria com o
Senai de Itu-SP, o trabalho promove
qualificação para as pessoas com de-
ficiência facilitando o processo de pre-
enchimento de cotas.
ABiocana também incentiva projetos
que formam jovens profissionais para
atuar na agroindústria, em parceria com
outras entidades e prefeituras do Noroes-
te paulista. É o caso do Programa Jovem
Agricultor do Futuro. A iniciativa que
está em seu sétimo ano de realização já
formou mais de 400 jovens com idades
entre 14 e 18 anos (incompletos), filhos
de colaboradores de usinas associadas e
também da comunidade. Muitos deles já
trabalham em usinas.
Outra iniciativa pioneira é o curso
MTA (Master of Technology Adminis-
tration) em Gestão da Produção Indus-
trial Sucroenergética, especialização
ministrada em Catanduva através da
parceria com a Universidade Federal
de São Carlos. No Noroeste paulista,
três turmas já concluíram o MTA e a
quarta está em andamento.
Revista Canavieiros: Como avalia
o ano de 2014 para o setor sucroener-
gético?
Leila Monteiro: O setor sucroe-
nergético tem passado por grandes
transformações, sobretudo nos últimos
anos. Produzir, de forma sustentável,
de forma especial neste ano, tornou-se
um imenso desafio. Entraves como o
aumento de custos de produção, tribu-
tos e falta de políticas públicas, entre
outros, acabam por dificultar a acele-
ração do desenvolvimento da agroin-
dústria canavieira.
Leila Alencar Monteiro de Souza
Aumento dos custos de produção e falta de
regras claras emperram desenvolvimento da
agroindústria, afirma Leila Alencar
“A agroindústria canavieira precisa de políticas públicas e incentivos para retomar seu cresci-
mento de forma estruturada; acesso ao crédito para investimentos em logística, bioeletricidade e
infraestrutura, desenvolvimento de novas tecnologias, entre outras pautas”, afirma Leila Alencar
Monteiro de Souza, diretora-presidente da Biocana (Associação de Produtores de Açúcar, Etanol
e Energia).
Leila foi a primeira mulher a presidir uma entidade representativa da cadeia sucroenergética e já
contabiliza três mandatos na associação, que acaba de completar duas décadas.
Para ela, somente com união de esforços e equilíbrio poderá ser retomado o caminho da com-
petitividade do setor sucroenergético. Confira entrevista completa:
Andréia Vital
Entrevista I
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
6
Entrevista I
O recente cenário econômico ad-
verso ocasionou o fechamento de
dezenas de usinas provocando uma
completa desestruturação da cadeia
produtiva. O empresariado do se-
tor, que tanto desenvolvimento ge-
rou em milhares de municípios, hoje
se vê diante do desgosto de ter que
promover demissões em massa em
razão das dificuldades financeiras en-
frentadas. Reflexos que se estendem
ainda às empresas fornecedoras de
peças, equipamentos e também nos
municípios de diversas regiões que,
na maioria das vezes, têm nas usi-
nas o fomento das atividades. Outra
grande dificuldade que marcou o ano
de 2014 foi a instabilidade climática
com longos períodos de seca; como
consequência, os produtores tiveram
que amargar uma expressiva queda no
rendimento das lavouras.
Não bastasse a falta de chuva, o se-
tor também teve que enfrentar outro
grave problema: a ocorrência de in-
cêndios criminosos e acidentais. Nes-
sas circunstâncias, o fogo se alastrou
rapidamente, devastando grandes pro-
priedades e trazendo prejuízos, tanto
ambientais quanto financeiros, pois
plantas em início da fase de cresci-
mento foram destruídas e áreas inteiras
tiveram que ser recuperadas para novo
plantio. Fato lamentável já que muitas
destas propriedades atingidas são ar-
rendadas por empresas ou mesmo por
pequenos produtores que dependem da
atividade canavieira. Um grande esfor-
ço para conter o problema foi empreen-
dido com o apoio da polícia ambiental,
corpo de bombeiros e dos profissionais
das usinas que se articularam de for-
ma estratégica. As empresas também
fizeram investimentos e aumentaram a
frota de caminhões-pipas, disponíveis
24 horas por dia. Em 2015, o trabalho
terá continuidade.
Revista Canavieiros: Mas teve al-
gum desenvolvimento no segmento?
Leila Monteiro: Em meio ao tur-
bilhão de dificuldades enfrentadas
durante esta safra, 2014 trouxe tam-
bém avanços; destaco aqui a revisão
do Anexo VIII (Vibração) da NR-15
(Insalubridade). Depois de um inten-
so trabalho coordenado inicialmen-
te pela Biocana em parceria com o
GMEC (Grupo de Motomecanização)
e apoio de outras entidades setoriais,
a Portaria com os novos parâmetros
relacionados à exposição à vibração
no corpo humano foi publicada. O
novo texto estabelece os limites de
tolerância e níveis de ação de maneira
clara e a metodologia de medição es-
tabelecida na NHO-09 (corpo inteiro)
e NHO-10 (mão e braço) Norma de
Higiene Ocupacional, da Fundacen-
tro. Em suma, esta alteração signifi-
cou o estabelecimento de parâmetros
claros para medição, adotando a me-
todologia da Fundacentro, NHO, que
se aproxima da Diretiva Europeia,
fixando como níveis de ação 0,5 m/
s² e limite de tolerância 1,1 m/s² para
vibração de corpo inteiro, limites es-
tes compatíveis com a realidade dos
equipamentos; ou seja, máquinas e
veículos novos ou em bom estado de
conservação, com seus equipamentos
originais de fábrica e em operações
usuais, dificilmente ultrapassam o
limite de tolerância. Isto porque os
caminhões, tratores e colhedoras mo-
dernas têm banco com amortecimento
pneumático e são projetados e fabri-
cados para absorver todas as vibra-
ções do equipamento. Uma alteração
significativa que soou como um alen-
to nesta safra.
O setor também teve outros recen-
tes avanços significativos alcançados
através de esforço político e estraté-
gico. Um deles foi a elevação do teto
da mistura de álcool anidro à gasolina
dos atuais 25% para 27,5%, aprova-
da pelo Congresso Nacional e que se
transformou na Lei 13.033, depois de
sanção da Presidência da República.
Em fase de regulamentação pelo go-
verno, o aumento da mistura adicio-
nará ao mercado 1,3 bilhão de litros
de etanol, o que deve provocar um
impacto altamente positivo não ape-
nas no setor sucroenergético, mas
também ao meio ambiente e consumi-
dores. A desoneração do PIS/COFINS
até então incidente sobre a produção
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
7
Entrevista I
da cana-de-açúcar foi outro avanço
importante neste cenário.
Revista Canavieiros: Na sua aná-
lise, o que deve ser feito para que o
cenário melhore para o setor?
Leila Monteiro: É fundamental
a necessidade de um diálogo perma-
nente com os governantes do país
para barrar os entraves que interfe-
rem no crescimento deste setor que
é fundamentalmente essencial para o
Brasil e para o mundo. A agroindús-
tria canavieira precisa de políticas
públicas e incentivos para retomar
seu crescimento de forma estruturada;
acesso ao crédito para investimentos
em logística, bioeletricidade e infra-
estrutura, desenvolvimento de novas
tecnologias, entre outras pautas. É ur-
gente ainda que se faça uma completa
revisão da política tributária, com di-
ferenciação para este setor que produz
energia limpa, renovável, com ganhos
para a economia, meio ambiente, com
responsabilidade socioambiental, ge-
ração de empregos, desenvolvimento
e renda para as comunidades. Somen-
te com união de esforços e equilíbrio
poderá ser retomado o caminho da
competitividade.
Revista Canavieiros: Quais são
suas expectativas para a agroindús-
tria da cana-de-açúcar em 2015?
Leila Monteiro: Um enorme es-
forço tem sido feito pelas empresas
para superar as dificuldades e entra-
ves setoriais. Voltar para o trilho do
crescimento está exigindo um con-
trole excessivo de custos em todas
as áreas e reestruturação orçamentá-
ria e de investimentos. Em 2015, a
cadeia produtiva do etanol aguarda
definições de projetos que tramitam
no Congresso Nacional como a regu-
lamentação do ressarcimento e com-
pensação dos créditos de PIS/Cofins
das indústrias sucroenergéticas; deso-
neração de pagamento, com redução
da alíquota do INSS incidente sobre
a receita da produção de cana, açúcar,
etanol e bioeletricidade, para 1%; es-
tímulos aos ganhos de eficiência téc-
nica no Inovar-Auto; política tributá-
ria para resgatar a competitividade do
etanol; leilões regionalizados ou por
fonte de energia, retomada da CIDE
da gasolina, entre outros.
Certamente, a classe política voltará
o olhar para este setor que é fundamen-
talmente essencial para o Brasil e para
o mundo. E isso precisa ser urgente. A
demanda mundial por fontes de ener-
gia renovável é crescente. De manei-
ra sustentável o setor sucroenergético
pode dar sua expressiva contribuição.
Revista Canavieiros: Há uma per-
cepção de que é necessário melhorar
a comunicação do setor sucroenergé-
tico com a sociedade, visto que a po-
pulação não tem noção das externali-
dades do segmento. O que a senhora
tem a dizer sobre este fato?
Leila Monteiro: Entendo que, se
compararmos com outros períodos,
apesar das dificuldades, o momento
vivido hoje é diferente. Existe uma
preocupação maior das empresas em
se manterem mais próximas da socie-
dade como um todo. O setor passou a
se comunicar melhor com a sociedade
e a demonstrar com transparência os
benefícios proporcionados pela indús-
tria da cana-de-açúcar - geração de
empregos, renda, impostos e investi-
mento constante no desenvolvimento
de pessoas, dentre outros. A inovação
tem sido constante, principalmente na
produção de combustível e geração de
energia. E o Brasil dá exemplo neste
campo com uma produção cada vez
mais limpa, renovável e sustentável o
que abre perspectivas reais para com-
bater o aquecimento global.
É fácil observar as mudanças prin-
cipalmente nos hábitos das pessoas.
Felizmente, muitas estão cientes de
que é preciso preservar nossos recur-
sos naturais, manter as boas práticas,
adotar medidas e métodos para reapro-
veitar, reduzir e reciclar o que é possí-
vel. A indústria sucroenergética, neste
quesito, tem feito sua parte ao conci-
liar produção com sustentabilidade.
Revista Canavieiros: A senhora foi
a primeira mulher a presidir uma en-
tidade representativa de indústrias su-
croenergéticas e já está no seu terceiro
mandato. Qual balanço faz da sua tra-
jetória e quais seus planos até o final
da sua administração?
Leila Monteiro: Tenho um tra-
balho muito dinâmico. Presidir uma
entidade que tem em sua trajetória a
defesa incansável de seus representa-
dos, por si só, remete a um patamar
de grande responsabilidade. Assumi
este desafio com enorme honra e sa-
tisfação. Afinal, tenho a missão de
representar empresários de um dos
setores de grande destaque da eco-
nomia brasileira com presença cres-
cente nas áreas de alimentação, com-
bustíveis e bioenergia, aos quais eu
agradeço o crédito em meu trabalho.
A Biocana tem como base de susten-
tação a defesa dos interesses de seus
associados (empresas do setor sucro-
energético), seja nos campos institu-
cional, social ou ambiental. Ao longo
de sua existência, a entidade jamais
transgrediu com o papel que lhe é
reservado. Consolidou um espaço de
atuação no setor e também junto à
comunidade. Tem trabalhado efetiva-
mente para que as empresas possam
prosperar e gerar oportunidades de
trabalho e renda, receitas e impostos,
de forma a garantir os indicadores
econômicos e sociais. Expandimos
nossos próprios limites e ocupamos
frentes diversificadas.
Então, quando se assume um
compromisso desta magnitude, é
preciso pensar e agir de forma es-
tratégica. Participo de reuniões com
diretores e gestores das usinas, lide-
ranças, empresários de diversos seg-
mentos, autoridades e com a comu-
nidade para me inteirar de cenários
e dar o devido retorno, seja para a
equipe interna, para nossos associa-
dos, parceiros e sociedade de uma
maneira geral. É um trabalho grati-
ficante no qual obtivemos conquis-
tas significativas.
Dentro do planejamento estraté-
gico da associação o trabalho terá
continuidade através de uma nova
dinâmica em função do cenário polí-
tico e macroeconômico. Espero que a
agroindústria canavieira possa passar
esse estágio rapidamente e emergir o
quanto antes. Acredito no potencial
e na visão daqueles que com muito
trabalho e fé ajudam a construir um
futuro sustentável para esta e as futu-
ras gerações.RC
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
8
Revista Canavieiros: Qual a im-
portância da TI hoje e para os pró-
ximos anos no setor sucroenergético?
Carlos Barros: Na abertura do úl-
timo Congresso Anual do GATUA, em
novembro passado, o Sr. Maurílio Bia-
Entrevista II
Carlos Barros (Bill)
“Temos esperança de ver a TI participando das
decisões estratégicas das empresas”
Igor Savenhago
O presidente do GATUA (Grupo das Áreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar, Etanol e Energia),
Carlos Barros, mais conhecido no setor sucroenergético como Bill, é um ferrenho defensor dos in-
vestimentos em Tecnologia da Informação (TI), não só para melhoria dos processos de fabricação
de açúcar, etanol e energia, mas para que este ramo da atividade canavieira participe, ativamente,
das tomadas de decisões no dia a dia das usinas, opinando sobre as práticas com maior aplicabili-
dade no atendimento às demandas.
Nessa entrevista, em que ele faz um breve balanço do último Congresso Anual do GATUA, realiza-
do em novembro, em que, segundo ele, foi possível evidenciar o papel importante que a Tecnologia
da Informação exerce atualmente na cadeia sucroenergética, Barros também opina sobre possíveis
caminhos para que o setor supere o momento difícil que atravessa e retome os investimentos. Entre
eles, soluções desenvolvidas pelo próprio grupo que preside, como o Selo GATUA de Qualidade.
gi Filho disse uma frase que expressa
claramente a importância da TI para
as usinas. Disse ele: “Hoje, uma usi-
na que não investe em TI está parada
no tempo”. Cada vez mais, a TI ocu-
pa importante papel para a melhoria
dos resultados das empresas, seja pela
automação dos diversos processos
operacionais, seja pela qualidade das
informações e controles necessários a
uma perfeita governança corporativa.
O setor sucroenergético atravessa um
período bastante ruim, com o acúmulo
de crises e o advento de inúmeros fato-
res prejudiciais ao seu funcionamento
e que fogem do controle de qualquer
gestão empresarial. O último foi a cri-
se climática que o sudeste brasileiro
experimentou em 2014. Tudo isso co-
labora para que a situação das usinas
piore em todos os aspectos: produtivo,
qualitativo e financeiro. Portanto, tudo
o que puder agregar melhorias opera-
cionais, que signifique mais qualidade
ao menor custo, é sempre bem-vindo.
E a TI representa uma forte contribui-
ção para isso.
Revista Canavieiros: O TI terá,
então, papel fundamental no proces-
so de recuperação e retomada do se-
tor, após anos enfrentando instabili-
dades econômicas?
Barros: Acredito que já ocupa esse
papel. Sabemos que uma usina faz açú-
car, etanol e cogera energia, não faz
sistemas de computador. Porém, os
sistemas e soluções já disponíveis hoje
no mercado permitem um grau de auto-
matização bastante elevado em todos os
processos de uma usina, começando no
campo, com soluções remotas funcio-
nando totalmente on-line, até os siste-
mas de controle e de processos internos
em todas as áreas da usina. Imagine,
por exemplo, um sistema que indique
ações e controles que resultem em uma
economia mensal de 10% no consumo
de diesel da frota total de uma usina.
Todos sabemos que o diesel é um dos
maiores números no “contas a pagar”
de qualquer usina. Portanto, uma eco-
nomia dessa monta representa milhões
de reais em dinheiro, fora a consequen-
te redução nos custos de manutenção
da frota, de mão de obra. Acreditamos,
fortemente, que a TI já ocupa importan-
tes papéis na retomada do setor: o de
instrumento para a melhoria dos con-
troles internos e o de fornecimento de
informações precisas, no auxílio à to-
mada de decisões estratégicas.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
9
Entrevista II
Revista Canavieiros: E o setor tem
entendido a importância do investi-
mento em TI?
Barros: O setor sabe da importân-
cia de se investir em TI. Infelizmente,
o momento é realmente bastante difícil
para muitas empresas. Várias usinas
chegaram a um ponto de inviabilidade
financeira, entrando em processo de re-
cuperação judicial ou até fechando as
portas. As que permanecem ainda com
algum gás têm, sim, investido em pro-
jetos e soluções de automação, como
forma de potencializar os resultados
e agregar valor aos seus produtos. No
último Congresso do GATUA, tivemos
um nível de participação das usinas
bastante baixo, devido principalmente
à crise do setor, porém, e mesmo com
essa presença baixa, sabemos de vários
projetos que foram fechados durante o
evento, em muitas frentes. Isso mostra
que o setor tem ciência da importância
de se investir em TI. Não podemos nun-
ca deixar de mostrar o enorme potencial
da informática como ferramenta funda-
mental para as empresas.
Revista Canavieiros: O que preci-
sa melhorar? Que avanços ainda são
necessários?
Barros: Acreditamos que o setor
precisa ainda trabalhar questões in-
ternas culturais. Todos dizem que a
cadeia é desunida, e sabemos que isso
contribui bastante para o seu enfra-
quecimento, principalmente quando
é preciso defender seu espaço peran-
te o governo ou diversas instituições,
como bancos e sindicatos. Muitas
empresas enfrentam crises em função
também de problemas de gestão, prin-
cipalmente os grupos ainda familia-
res, em que o profissionalismo ainda
não obteve espaço. Isso colabora para
uma concentração das usinas, que mi-
gram para as mãos de grandes grupos
econômicos. É um movimento natu-
ral e universal. A globalização aí está,
e devemos olhar esse cenário como
totalmente natural, buscando tirar o
maior proveito possível.
Revista Canavieiros: Como o se-
tor tem trabalhado para que esses
avanços ocorram?
Barros: Temos três caminhos pos-
síveis para as usinas: Elas se afundam
cada vez mais em suas dificuldades
financeiras, com baixo nível de ges-
tão, até fecharem as portas; deixam a
situação com o melhor cenário possí-
vel para serem vendidas para algum
grande player do mercado; adotam as
boas práticas de governança corpora-
tiva, buscando manter o mínimo pos-
sível de saúde financeira/operacio-
nal, conseguindo, assim, atravessar
esse momento difícil do setor. Como
sempre dizia o Sr. Jacyr Costa Filho,
presidente da Tereos Brasil: “Quando
bem gerida, uma usina é sempre a úl-
tima a entrar em um período de crise
mundial e a primeira a sair, pois es-
tamos falando de alimento e energia.
Ninguém deixa de comer, e a energia
é também essencial à vida”.
Revista Canavieiros: Falando es-
pecialmente sobre o GATUA, como o
grupo enxerga esse momento?
Barros: Completaremos em 2015
doze anos de vida. Temos 322 usinas
associadas e atuação em quatro países.
Só no Brasil, estamos presentes em 20
Estados. São números que falam por
si. Temos vários trunfos. Como exem-
plo, o nosso Fórum de Discussões na
Internet. Imagine você, sem sair da
mesa de trabalho, ao enfrentar um
problema qualquer, poder colocar esse
problema para seus pares de outras
usinas e, em minutos, receber ajuda,
dicas, orientações e até a solução do
problema a custo zero, de pessoas que
não querem te vender nada, pois são
usuários como você e que tiveram o
problema que você está tendo. Só isso
justifica participar do GATUA. Isso
não tem preço e significa uma ajuda
maravilhosa para todos, com o me-
lhor e maior custo-benefício possível.
Também atuamos junto ao mercado
fornecedor de produtos, serviços e so-
luções de TI. De que maneira? Lem-
bramos que usina é, por natureza, algo
isolado. Você não vê usina dentro de
cidades. Elas ficam, quase sempre,
em zona rural. Isso leva o profissio-
nal de TI a um perigoso isolamento e
dificulta, sobremaneira, a vida dos for-
necedores, em seus trabalhos de apre-
sentação comercial e prospecção. Por
sua vez, o profissional de TI de usina,
quando precisa tomar uma decisão
sobre comprar ou contratar algo, tem
a enorme necessidade de saber a opi-
nião de quem já é cliente daquilo que
ele está pesquisando. Na apresentação
do vendedor, tudo é, naturalmente,
uma maravilha, mas como saber na
prática? Atendendo a essa aspiração
das áreas de TI das usinas, o GATUA
desenvolveu uma metodologia e insti-
tuiu um programa chamado Programa
SGQ – Selo GATUA de Qualidade,
que visa captar o sentimento de quem
já é cliente de um produto ou serviço e
levá-lo aos interessados em conhecer
esse feedback, assim como retornar às
empresas fornecedoras, com metodo-
logia e riqueza de detalhes, todos os
pontos de desconforto que os clientes
apresentam, para serem melhorados.
A implantação desse programa tem
sido bastante interessante, desde que
a empresa participante se conscientize
dos seus conceitos e propósitos e não
apenas o veja como uma “ação de ma-
rketing”, que vai trazer novos clientes
para ela. Trará novos clientes se ela
evidenciar que tem tomado ações de
melhoria contínua em seus produtos
e serviços. Caso contrário, as usinas
irão procurar opções mais comprome-
tidas com este conceito.
Revista Canavieiros: Quais as
principais expectativas do grupo para
os próximos anos?
Barros: Esperamos, é claro, que
tudo melhore no setor. Mas melhore
com lições aprendidas e com mudan-
ças culturais e nas gestões das em-
presas. Temos uma ótima perspectiva
quanto ao Selo GATUA de Qualidade,
mas é fundamental que todas as usi-
nas também o entendam como talvez
a maior arma que elas possuem para
melhorar e “filtrar” o mercado forne-
cedor de TI. Temos a esperança de ver,
um dia, a TI participando também das
decisões estratégicas das empresas,
não ditando-as, é claro, porém sendo
consultada e opinando sobre o que é
possível, o que é razoável e que possui
aplicabilidade nas demandas geradas
pela alta cúpula organizacional.RC
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
10
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
11
Ponto de Vista I
País abençoado, safra abençoada
Por José Osvaldo Bozzo*
José Osvaldo Bozzo
R
ecorro a uma canção muito popu-
lar para falar um pouco do Brasil.
Afinal, como já disse Jorge Ben
Jor, “moro num País tropical, abençoado
por Deus e bonito por natureza”. É com o
espírito embalado por essas palavras e por
sua musicalidade que passo a analisar a
notícia de que o IBGE (Instituto Brasileiro
deGeografiaeEstatística)prevêpara2015
uma nova safra agrícola recorde.
O órgão estima que serão produzidos
em solo brasileiro 202,9 milhões de to-
neladas de cereais, leguminosas e oleagi-
nosas neste ano, o que representará 5,2%
a mais do que foi colhido em 2014. Vale
lembrar que, apesar de nem todos os da-
dos estarem fechados, no ano passado a
produção agrícola já foi a maior da histó-
ria, 2,4% superior à safra de 2013.
Faço questão de sublinhar que vi-
vemos em um País abençoado porque
ele é capaz de sempre nos surpreender,
apesar de todas as dificuldades que se
impõem a um território tão extenso e
diverso quanto o nosso.
Afinal, como acompanhamos de perto
em 2014 muitas localidades sofreram com
um período de severa estiagem, enquanto
outras foram assoladas por fortes chuvas.
Também o excesso de frio ou de calor cas-
tigou as plantações de algumas regiões.
Isso sem falar da crise internacional, do
recuo na demanda em alguns países, da
queda nos preços das commodities (esse
palavrão que nos ensina que é o mercado
global quem dá as cartas)...
Nem por isso o produtor agrícola bra-
sileiro desistiu ou esmoreceu frente às di-
ficuldades. Pelo contrário: certamente os
desafios o estimularam a trabalhar mais,
mesmo que contra forças da natureza, o
que garantiu mais esta safra recorde.
Muitas vezes fico pensando por que
há tão pouco reconhecimento ao tra-
balho de nossos homens e mulheres
do campo. Somos internacionalmente
lembrados como um dos países onde se
desenvolvem algumas das mais bem-
-sucedidas tecnologias agrícolas de todo
o mundo. Mesmo não dispondo do mes-
mo nível de mecanização na lavoura que
é utilizado por países desenvolvidos,
possuímos taxas de produtividade bas-
tante elevadas, até superiores as de nos-
sos concorrentes em algumas culturas.
Trabalhar com agricultura, e, por
conseguinte, com os chamados agrone-
gócios, é sem dúvida alguma equivalen-
te a exercer uma verdadeira profissão
de fé. Lidar com as intempéries, com as
instabilidades financeiras, com a falta
de vontade de organismos e de entida-
des governamentais é de fato algo des-
tinado exclusivamente aos mais fortes.
Não só aos fisicamente mais fortes, mas,
especialmente, aqueles que têm caráter
mais forte.
Só posso comemorar, saldar e felicitar
o trabalho desses homens e mulheres tão
fortes, que dedicam a vida a garantir que
o alimento e outros insumos estejam à
disposição de milhões e milhões de pes-
soas simplesmente desconhecidas. So-
bram-lhes talento, afinco, dedicação, es-
forço, altruísmo e muito, muito trabalho.
O que lhes falta, na maioria das ve-
zes, é o apoio dedicado e decisivo naqui-
lo que eles e elas próprias não têm como
solucionar. Esses problemas são bem
conhecidos: dificuldades em financiar a
produção, seja pela escassez de crédito,
ou pelo alto custo do dinheiro; o aparen-
temente insolúvel deficit infraestrutural,
que prejudica seriamente o escoamento
da produção; e a falta de incentivos e de
apoio oficial a uma atividade tão essen-
cial e tão cheia de riscos.
Com os avanços tecnológicos, e dian-
te de algumas mudanças que vêm se de-
senhando em nossa sociedade, prevejo,
com muita esperança, uma inversão do
êxodo rural por nós assistido a partir da
segunda metade do século passado.
Os filhos daqueles que se dedicam à
produção agrícola têm hoje mais aces-
so ao conhecimento, e parece que vêm
percebendo o potencial e as oportuni-
dades representadas pelo agronegócio.
Têm a oportunidade de aplicar o conhe-
cimento adquirido em outras paragens
para melhorar as condições produtivas,
principalmente nas pequenas e médias
propriedades.
Caso esse fenômeno de fato se conso-
lide, a tendência é a de que o uso no cam-
po de novas tecnologias e conhecimen-
tos melhore ainda mais as condições da
produção agrícola, estimulando a produ-
tividade e a qualidade produtiva. Novas
gerações de homens e mulheres estão e
estarão ainda mais dispostos a se fixar no
campo, formando grupos mais informa-
dos e preparados para encarar desafios,
sendo, principalmente, mais exigentes e
conhecedores de seus direitos.
Se hoje a riqueza do campo acaba
sendo concentrada, a mudança de para-
digma diante do êxodo rural tende a per-
mitir que mais pessoas tenham acesso
àquilo que nossa terra abençoada pode
oferecer. Temos e teremos não apenas
trabalhadores do campo, mas, sim, mais
e mais empresários do campo, que certa-
mente vão empreender e prosperar junto
com um setor que só faz crescer, como já
apuramos e como seguirá sendo, tal qual
o que bem prevê o IBGE.
*Consultor tributarista e sócio
da MJC Consultores. Formado em
Direito, iniciou carreira na PwC. Foi
também Sócio da BDO e da KPMG e
professor de Planejamento Tributário
na USP – MBA de Ribeirão Preto.
(jbozzo@mjcconsultores.com.br)RC
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
12
Cooperativismo para reabrir usinas
Por Alexandre Andrade Lima *
Alexandre Andrade Lima
A
pesar do cenário de crise gene-
ralizada no setor sucroenergé-
tico no território nacional, em
função da ausência de políticas compe-
tentes do Governo Federal, o que vem
promovendo o maior fechamento de
parques fabris do gênero no País, os ca-
navieiros pernambucanos estão fazendo
o movimento inverso, ou seja, reabrin-
do unidades no Estado. A ação visa tão
somente evitar prejuízo maior aos pro-
dutores de cana, que, a cada ano, ficam
sem usinas para fornecer suas matérias-
-primas, provocando o fim gradual da
referida atividade econômica. Em cinco
anos, nove usinas fecharam em Pernam-
buco. E o cooperativismo entre os ca-
navieiros tem sido a estratégia utilizada
para enfrentar a situação. Eles acabaram
de arrendar e retomar a produção da Usi-
na Pumaty – situada na porção Sul da
Zona Canavieira. A ação ocorreu no mês
de novembro. E os canavieiros planejam
fazer o mesmo com outra unidade fecha-
da, a usina Cruangi – na área Norte.
O cooperativismo vem se configuran-
do entre os canavieiros do Estado como
única forma de manter a atividade secular
da produção de cana por engenhos distri-
buídos em dezenas de cidades pernam-
bucanas. A ação deriva da necessidade
diante da falta de usinas para fornecer a
matéria-prima, obrigando-os a criarem
maneiras de continuarem na lida. Com
elas fechando as portas a cada ano, a cana
tem ficado no campo, provocando um
prejuízo ao produtor, além de inviabilizar
a manutenção da cultura nos anos seguin-
tes. Assim, a Associação dos Fornecedo-
res de Cana de Pernambuco e o Sindicato
dos Cultivadores de Cana do Estado, por
meio de cooperativas ligadas a tais órgãos
de classe, têm estimulado os próprios as-
sociados a se projetarem nesta empreita-
da do arrendamento e gestão das unidades
industriais que fecham no Estado.
A Usina Pumaty, localizada na ci-
dade de Joaquim Nabuco, retomou o
funcionamento após três anos parada.
O arrendamento e administração dela
estão a cargo da Agrocan (Cooperativa
do Agronegócio de Cana-de-Açúcar).
A reabertura contou com aval do Poder
Judiciário, pois ela está em recuperação
judicial. A decisão evitou maiores preju-
ízos para os canavieiros, já que as usi-
nas Pedrosa e Una – localizadas também
na Zona da Mata Sul - interromperam o
funcionamento este ano. Sem a volta da
Pumaty, o excedente de cana seria algo
em torno de 800 mil toneladas na região.
O presidente do Sindicato dos Cultiva-
dores de Cana, Gerson Carneiro Leão,
foi um dos maiores articuladores na re-
ativação da unidade industrial.
Em relação à Usina Cruangi, locali-
zada no município de Timbaúba, já es-
tão em andamento alguns projetos dos
canavieiros, liderados pela Associação
dos Fornecedores de Cana do Estado,
na intenção de arrendar e retomar o seu
funcionamento. Os credores da unida-
de estão de acordo com a referida ação
através da COAF (Cooperativa do Agro-
negócio dos Fornecedores de Cana). A
usina – considerada uma das mais im-
portantes no que tange a quantidade de
processamento – está fechada desde o
ano passado, gerando problemas no es-
coamento da cana do fornecedor. Para a
consolidação do arrendamento da unida-
de, os órgãos de classe aguardam apenas
uma posição favorável do novo gover-
nador de Pernambuco, Paulo Câmara. O
político apoiou o pleito durante o perí-
odo da campanha eleitoral. A previsão
é de que as parcerias necessárias sejam
anunciadas quando o gestor tomar posse,
em 2015. É enorme a expectativa dentro
do setor sucroenergético
.
Contudo, os órgãos de classe têm
ciência de que somente gestões profis-
sionais no comando dessas unidades
industriais arrendadas trarão o progres-
so desejado por suas cooperativas de
produtores. Dentro desse contexto, diri-
gentes das entidades e das cooperativas
foram buscar experiência de quem tem
neste tipo de negócio. Os canavieiros
foram adquirir conhecimento na Usina
Sapucaia, em Campos dos Goytacazes-
-RJ, com os produtores da Coagro (Co-
operativa Agroindustrial do Estado do
Rio de Janeiro). A Coagro tem um exito-
so projeto há 12 anos, de arrendamento
e gestão de usinas no Norte fluminense.
E acabam de investir, este ano, R$ 20
milhões na usina Sapucaia, visando tri-
plicar a produção atual, que estava sendo
realizada na usina São José.
O arrojado modelo de gestão adotado
pela Coagro deixou a comitiva dos produ-
tores pernambucanos entusiasmada. Isso
porque eles observaram que a cooperativa
consegue garantir a necessária viabilida-
de econômica no arrendamento da usina,
mas também tem permitido o incremento
dos negócios.As condições climáticas e a
produtividade da cana por hectare foram
outros elementos bem avaliados. Mesmo
com menores pluviosidade e produtivida-
de em comparação aos canaviais de PE,
a Coagro consegue superação financeira
diante de tais adversidades em função do
modelo de gestão profissional da Sapu-
caia. O cenário observado contribuiu bas-
tante para consolidar o planejamento dos
agricultores pernambucanos no tocante
ao avanço do referido projeto de arrenda-
mento de usinas em solo natal.
*Presidente da Associação dos
Fornecedores de Cana de Pernambuco
(AFCP) e da União Nordestina dos
Produtores de Cana (Unida)
Ponto de Vista II
RC
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
13
Bruno Wanderley de Freitas
Volta da CIDE abre espaço para maior
competitividade ao etanol
Bruno Wanderley de Freitas*
O
Governo oficializou a volta da
CIDE (Contribuição de Inter-
venção no Domínio Econômi-
co) incidente sobre os preços da gaso-
lina e do diesel na refinaria em R$ 0,22/
litro e R$ 0,15/litro, respectivamente.
Como a CIDE só entrará em vigor em
90 dias, as alíquotas do PIS e Cofins
foram reajustadas momentaneamente
até que o tributo regulador retorne de
fato. Dessa forma, os efeitos da volta da
CIDE já serão sentidos a partir do dia 1º
de fevereiro.
Contudo, a Petrobras ainda não deu
sinais de que pretende conter o repas-
se da reintrodução desses encargos ao
consumidor, o que sugere que o preço
na bomba deverá mesmo subir, ao me-
nos por enquanto, abrindo espaço para
maior competitividade ao etanol hidra-
tado. Conforme estimativa da DATA-
GRO, o novo imposto proporcionará
um aumento potencial no preço do hi-
dratado em R$ 0,154/litro ou de 11,9%
sobre o preço atual ao produtor.
Um dia após o Governo anunciar a
nova CIDE para a gasolina, os preços
Ponto de Vista III
do etanol ganharam força na região
Centro-Sul, em especial o hidratado,
cujo preço avançou 2,1% em São Pau-
lo ao ser negociado a R$ 1.324,84/m³
(PVU, s/imposto), de acordo com o
levantamento da DATAGRO. Assim,
embora ainda haja incertezas sobre o
potencial de recuperação dos preços
em função do elevado estoque mundial,
o mercado de açúcar pode receber um
suporte adicional uma vez que a safra
2015/16 tende a ser mais alcooleira.
Entre os dias 1º e 16 de janeiro, o
preço da gasolina no Brasil, base refi-
naria, esteve 54,4% acima do praticado
no mercado internacional, patamar que
torna atrativa a importação do produ-
to. Porém, entende-se que os entraves
logísticos e o risco de diminuição do
número de contratos comerciais com
a Petrobras no futuro devem inibir as
distribuidoras de realizar grandes aqui-
sições no mercado externo.
Aliás, em virtude do maior consumo
de etanol, a importação de gasolina to-
talizou 2,17 bilhões de litros em 2014,
queda de 24,36% sobre o ano ante-
rior. Conforme dados até novembro, o
consumo de etanol hidratado cresceu
19,6% no acumulado do ano para 11,61
bilhões de litros. Cabe notar também
que em 2009, quando em média o valor
da gasolina na refinaria era 27,2% su-
perior ao do mercado externo, o Brasil
importou apenas 22 mil litros de gaso-
lina justamente em resposta ao maior
consumo doméstico de etanol.
*Economista sênior DATAGRORC
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
14
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
15
C
omo está o nosso agro?
O ano de 2014 é realmen-
te para ser apagado na nossa
história. Os indicadores de nossa eco-
nomia se deterioraram fortemente, o
valor da nossa moeda, retorno da infla-
ção, o mar de lama da corrupção, gran-
des decepções no esporte, e o ano onde
nossa população foi enganada a aceitar
mais 4 anos de um Governo que entre-
gou muito aquém das possibilidades.
Neste quadro de derrotas da so-
ciedade brasileira, o agro de 2014
voltou a nos salvar de um colapso,
pois o desempenho das exportações
foi extremamente positivo, trazendo
US$ 96,8 bilhões ao Brasil, mas o
agro também perdeu: este valor foi
3,2% menor que o de 2013. O saldo
foi de US$ 80,1 bilhões na balança
comercial do agro, um valor também
3,3% menor que 2013.
Corroborando a difícil situação da
economia brasileira, os demais pro-
dutos brasileiros fora do agro apre-
sentaram queda de 9,7% nas exporta-
ções de 2014 (US$ 142,1 bi em 2013,
para US$ 128,4 bi em 2014) e, com
esta queda, a participação do agro
nas exportações brasileiras cresceu
quase dois pontos, atingindo incrí-
veis 43% do total.
Como a balança comercial brasi-
leira, após seguidos anos de supera-
vit, fechou 2014 negativa em quase
US$ 4 bilhões, mais um pífio resul-
tado entregue por esta gestão, se não
fosse o agro, o Brasil teria um deficit
de US$ 84 bi, estourando a inflação,
acabando com o real e espalhando
miséria. Mais um em que o agro sal-
vou a economia brasileira, permitin-
do crescimento sustentável e distri-
buição de renda, programas sociais,
inclusão, apesar de continuar sendo
demonizado por parte dos ditos “mo-
vimentos sociais”, que preferem per-
petuar o atraso e a miséria.
Como está nossa cana?
O retorno da CIDE (Contribuição
de Intervenção no Domínio Econô-
mico) e do PIS-Cofins (22 centavos)
à gasolina, como previsto no nosso
texto anterior, trará um aumento de
preços desta e maior chances de me-
lhores preços ao etanol. Isto fará com
que tenhamos uma safra ainda mais
alcooleira, trazendo também impactos
positivos nos preços do açúcar. Até
que enfim. Mas lamento que o impos-
to também tenha sido elevado ao die-
sel, que é um combustível mais iden-
tificado com a produção. Poderia ser
apenas na gasolina. O setor usa muito
diesel, e o impacto aí será negativo.
A redução do ICMS em MG, de
19 para 14% é algo que também pode
contribuir para aumentar o consumo
em MG.
E a declaração do Ministro Levy
é de que a Petrobras é a responsável
pelo estabelecimento de preços, o que
mostra que a empresa terá um pilar
fundamental de sua estratégia, a pre-
cificação de produtos, retomado.
Outra boa notícia é a de que o pe-
tróleo mais barato pode trazer maior
crescimento econômico a grandes
países, e isto se refletir no merca-
do de açúcar. Grandes importadores
de açúcar são também importadores
de petróleo, e preços mais baixos de
combustível significa mais dinheiro
na mão das famílias para consumo de
alimentos, sobremesas e outros.
O USDA, o Departamento de Agri-
cultura dos Estados Unidos, prevê
crescimento de consumo em 2,22%
para 2015, chegando a quase 171 mi-
lhões de toneladas. E a Organização
Internacional de Açúcar prevê deficit
de mais de 2 milhões de toneladas
para 15/16. Ou seja, boas notícias que
podem ainda ser aceleradas com a sa-
fra alcooleira do Brasil.
O novo teto do PLD (preço de li-
quidação de diferenças) na energia
elétrica, de R$ 388 por MWh pode ser
um desestímulo a este que foi o me-
lhor produto do setor em 2014: a co-
geração. Em 2014 produziu-se quase
20% a mais que em 2013, pela moti-
vação dos preços. Para 2015 as variá-
veis importantes de acompanhamento
serão o preço, a oferta de bagaço e pa-
lha e os investimentos em eficiência
energética das usinas (caldeiras).
Outra boa notícia na cogeração
vem da UNICA (União da Indústria
de Cana-de-Açúcar), que terá agora
o programa de certificação da bioele-
tricidade, um passo fundamental para
que tenhamos um valor maior para
esta fonte de energia renovável. Pode-
rá este selo verde inclusive ser usado
como instrumento de diferenciação
por parte de grandes usuários de ener-
gia, tal como varejistas e indústrias.
Vale ressaltar que dezembro de
2014 foi o melhor mês nos últimos 3
anos para a venda de etanol, com a co-
mercialização de mais de 2,25 bilhões
de litros. O etanol teve um aumento de
consumo de 13% em relação a 2013.
A má notícia do mês foi o anúncio
da parada da Usina Bom Retiro. 250
pessoas perdem seus empregos e ou-
tros tantos indiretos.
Coluna Caipirinha
Marcos Fava Neves
Caipirinha
Fatos acontecendo e impactos na cana
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
16
Quem é o homenageado do mês?
A coluna Caipirinha todo mês ho-
menageia uma pessoa. Neste mês a
homenagem vai para a Profa. Dra. He-
loisa Burnquist, da ESALQ. Uma das
nossas mais tradicionais pesquisado-
ras do setor de cana, responsável pela
orientação de diversas teses de mestra-
do e doutorado e muitas publicações
do setor.
Haja Limão: nossas previsões que
teremos muita acidez pela frente vão
se confirmando. O Brasil decreta luto
oficial de três dias pela morte de um
traficante internacional...
Pádua
Goiás com 23 usinas ainda proces-
sando (difícil acontecer em dezem-
bro).
São Paulo produtividade agrícola
12% menor 14/15 para 13/14.
Goiás 6% acima neste ano.
MS – 9,7% a mais.
Processamos 1,2% a menos em
7,1% a mais de área no Centro-Sul.
Toda a redução se deu em São Paulo.
Etanol e açúcar são resíduos hoje
perante o que vale a bioletricidade.
Deve processar acima de 561 mi ton,
pois algumas continuarão moendo.
Moagem 12% menor, mas alguns
grupos.
8 ou 9 usinas não processarão cana
na próxima safra.
Queda da produção não o afetou o
mercado interno, pois caiu a exporta-
ção de açúcar e exportação de etanol.
15/16
9 unidades deixarão de operar.
Entra 1 que já estava pronta: Santa
Vitória.
Desde 2007 – 68 fecharam.
Safra de mesmo tamanho que o ano
anterior.
Renovação foi de 12% em relação
ao ano passado, mas não foi bom o
plantio.
Equilíbrio: florescimento, geada,
pragas, mecanização, ambiente restri-
tivo (expansão).
Pior: tratos, ampliação de área e do-
enças, renovação e idade.
Melhor: precipitação (mas pode ser
pior).
UNICA – safra entre 541 e 561.
2020 a 2021 600 mi ton Centro-Sul.
Novembro no consumo de combus-
tível foi de 8% em novembro.
Como não teremos cana não tere-
mos o crescimento esperado de açúcar.
UNICA acredita em menor cresci-
mento de hidratado.
Alguma mudança positiva nos pre-
ços relativos de produtos com a mesma
oferta de cana.
Marcos Fava Neves é Professor
Titular da FEA/USP, Campus de
Ribeirão Preto. Em 2013 foi Profes-
sor Visitante Internacional da Purdue
University (EUA)RC
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
17
Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob
Cocred inaugura loja de Ferragem e Magazine
em Batatais-SP
Notícias Copercana
N
o dia 18 de dezembro, a cidade
de Batatais, no interior de São
Paulo, com mais de 60 mil ha-
bitantes, foi palco para a inauguração
de mais uma loja de Ferragem e Ma-
gazine, sendo a décima oitava cidade a
receber uma filial da Copercana.
Na ocasião, estiveram reunidos dire-
tores do sistema Copercana, Canaoeste
e Sicoob Cocred, autoridades locais,
cooperados e associados, agrônomos e
fornecedores, que participaram também
da inauguração do 14º departamento
técnico da Canaoeste, instalado anexo
a loja onde irá oferecer atendimento
agronômico aos associados.
Com 500 metros quadrados e sete fun-
cionários, a loja está pronta para atender
os cooperados, associados e clientes que
irão encontrar produtos necessários para
as atividades rurais como: fertilizantes,
adubos, defensivos, implementos, ferra-
mentas insumos, produtos veterinários,
além de uma completa linha de eletro-
domésticos, artigos para cama, mesa,
banho e presentes.
Fernanda Clariano
“Fizemos um investimento nesta loja
de R$ 3,5 milhões e temos hoje a nossa
sede própria. Tenho certeza que vai ser
muito importante para a Copercana e igual
será para a população e para os cooperados
e associados de Batatais. Esperamos que
essa loja seja um sucesso e que este su-
cesso, nos facilite a melhorar ainda mais a
loja”, disse o presidente da Copercana e da
Sicoob Cocred -Antonio EduardoTonielo.
“Apesar das dificuldades devido a
crise que vem atingindo nossa região,
a Copercana através da sua diretoria e
do trabalho dos seus funcionários que
não para e está de portas abertas. Até
fevereiro temos mais três lojas para
serem inauguradas e vamos continuar
trabalhando e crescendo”, afirmou di-
retor da Copercana Pedro Esrael Bi-
ghetti.
Cooperados, associados e clientes de Batatais-SP e de toda região,
passam a se beneficiar dos serviços oferecidos pelo Sistema
Antonio Eduardo Tonielo,
presidente da Copercana e Sicoob Cocred
Pedro Esrael Bighetti,
diretor da Copercana
Endereço da loja: Av. Dr. Oswaldo Scatena, nº 461 - Centro - Batatais/SP
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
18
“Essa loja é bem ampla, contamos
com 500 metros quadrados onde os
clientes vão encontrar além dos produ-
tos que facilitam o dia a dia no campo,
uma gama de mercadorias no magazi-
ne. E o que a gente puder fazer para
agradar e ajudar um cliente, vamos
fazer”, disse o encarregado da Loja
de Ferragem e Magazine de Batatais,
Gilmar Donizete Cabral.
“Estamos felizes porque este era um
sonho antigo da diretoria de estar em
Batatais para atender os cooperados
da cidade e de toda a região. Além de
implementos e insumos, a loja conta
com uma linha completa em presentes,
cama, mesa e banho”, destacou o ge-
rente comercial da Copercana - Ricar-
do Meloni.
Autoridades e clientes falam sobre
o que o investimento representa para
a cidade.
da e de muita credibilidade e chega a
Batatais num momento onde amplia
a concorrência, as opções, e isso é
muito saudável. A cidade se enrique-
ce com essa inauguração e certamente
irá apoiar o investimento”, destacou o
presidente do Conselho da Jumil, Ru-
bens Morais.
A variedade de produtos, o amplo es-
paço e o atendimento foram destacados
pelo encarregado da loja.
Rubens Morais,
presidente do Conselho da Jumil
Gilmar Donizete Cabral,
encarregado da Loja de Ferragem
e Magazine de Batatais
Ricardo Meloni,
gerente comercial da Copercana
Eduardo Oliveira,
prefeito de Batatais
Marilda Covas,
vereadora de Batatais
Luiz Carlos Tasso Júnior,
superintendente da Canaoeste e
conselheiro fiscal da Copercana
“Estamos contentes em poder trazer
uma filial da Canaoeste para Batatais,
presenteando os associados da cidade e
da região que terão assistência técnica,
jurídica, e ambiental.Além disso, estare-
mos disponibilizando, durante a semana,
dois agrônomos da matriz para sentir-
mos a necessidade do associado e pos-
teriormente contratarmos um agrônomo
de Batatais para cobrir toda a região”,
disse o superintendente da Canaoeste
e conselheiro fiscal da Copercana e Si-
coob Cocred - Luiz Carlos Tasso Júnior.
“A Copercana, assim como a Ca-
naoeste, é muito bem-vinda ao nosso
município. São pessoas sérias que estão
no mercado há mais de 50 anos com a
cooperativa, é uma honra para Batatais
receber gente boa, trabalhadora, que
acredita na cidade, acredita no trabalho
e sustenta o país”, destacou o prefeito
de Batatais, Eduardo Oliveira.
“Fiquei surpresa ao ver uma loja
desse porte sendo instalada na nossa
cidade. Estou encantada com a quali-
dade dos produtos que estão sendo co-
locados à disposição dos agricultores e
da população de Batatais. Desejamos
que essa loja cresça ainda mais e que
seja um sucesso”, salientou a vereado-
ra Marilda Covas.
“Vejo a Copercana com muita ad-
miração. É uma cooperativa respeita-
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
19
Notícias Copercana
Colaboradores de Batatais e Sertãozinho
Diretores e funcionários da Copercana e da Canaoeste com o padre Eloy Pupin (dir.)
Após os pronunciamentos, o padre
emérito de Batatais, Eloy Pupin, deu as
bênçãos nas dependências e em seguida
foram realizados os descerramentos das
placas de inauguração.RC
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
20
Campanha
Copercana Premiada
Fernanda Clariano
P
or mais um ano a Copercana surpre-
ende os cooperados e clientes atra-
vés da Campanha Copercana Pre-
miada. Além de sortear dois carros Ford
KA zero-quilômetro, foram distribuídas
aproximadamente 600 mil “seladinhas”,
premiando 800 clientes com vales-compra
instantâneos. A campanha aconteceu entre
03 de novembro de 2014 a 13 de janeiro de
2015 e contou com um número expressivo
de cupons participantes.
O sorteio dos dois carros aconteceu no
dia 14 de janeiro, na Loja de Ferragem de
Sertãozinho-SP, com a presença do presi-
dente da Copercana e da Sicoob Cocred,
Antonio Eduardo Tonielo, do diretor da
Copercana, Pedro Esrael Bighetti, do di-
retor da Ortovel, Leonildo Peres, do ge-
rente comercial da Copercana, Ricardo
Meloni, do advogado, Gustavo Moro, do
auditor, Moacir Roberti Garcia, do asses-
sor de diretorias, Sérgio Sicchieri, além
de colaboradores e clientes.
Um dos carros sorteados saiu para
Marta Aparecida de Souza Hermínio, de
Sertãozinho, e o outro Ford KA para a
cidade de Serrana, onde o ganhador foi
Rodolfo Uzueli Carvalho.
“Quando recebi a ligação avisando
que eu era ganhadora, cheguei a pensar
que fosse um trote, a gente fica muito
surpresa, eu não acreditava, foi uma sur-
presa muito boa”, afirmou Marta Apare-
cida de Souza Hermínio.
“Comecei 2015 com o pé direito e
agradeço a Copercana por ter me dado
a oportunidade de poder ganhar um prê-
mio maravilhoso que é esse Ford KA”,
disse Rodolfo Uzueli Carvalho.
O presidente da Copercana falou so-
bre o sucesso da campanha. “A cada ano
a Copercana vem melhorando seus espa-
Além do sorteio de dois carros zero-quilômetro, a campanha
contemplou 800 clientes através da “seladinha” premiada,
com vales-compra instantâneos
ços físicos, a qualidade dos seus produ-
tos e suas campanhas e o resultado posi-
tivo que estamos tendo se dá através da
soma de tudo isso. Quero cumprimentar
os dois felizardos que ganharam os car-
ros, eles já começaram o ano com sorte.
O que a diretoria da Copercana espera é
que os nossos cooperados e clientes con-
tinuem confiando na cooperativa para
que possamos fazer cada vez mais e me-
lhor por eles”, salientou o presidente da
Copercana, Antonio Eduardo Tonielo.
“Estamos lisonjeados com essa cam-
panha. Para nós da diretoria é um prazer
ver que vem dando certo e está sendo um
sucesso, contemplando os cooperados e
clientes. Parabenizo todos os ganhadores
e agradeço a confiança mantida na coo-
perativa, que eles continuem nos presti-
giando em 2015”, disse o diretor da Co-
percana, Pedro Esrael Bighetti.
“Essa campanha foi um sucesso,
além dos dois carros zero-quilômetro
sorteados, os clientes também foram
contemplados através das “seladinhas”,
com vales-compra instantâneos. Gosta-
ria de salientar que essa campanha abran-
geu todas as redes de supermercados da
Copercana e se estendeu aos postos de
combustíveis e às lojas pecuárias. Gos-
taríamos de agradecer aos cooperados e
clientes e dizer que logo estaremos ela-
borando a próxima campanha de Natal e
podem aguardar que faremos o possível
pra que também seja um sucesso”, afir-
mou o gerente comercial da Copercana,
Ricardo Meloni.
“É com muita honra que participa-
mos desta campanha junto a Coperca-
na. A Ortovel nasceu em Sertãozinho
e está na cidade há quase 36 anos, e
para nós é muito importante estarmos
juntos. Essa campanha mobilizou um
número bastante significativo de pes-
soas, podemos ver pela quantidade de
cupons participantes. Que esses carros
sorteados possam trazer muitas alegrias
aos ganhadores”, destacou o diretor da
Ortovel, Leonildo Peres.
Participaram do sorteio: Ricardo Meloni, Dr. Gustavo Moro, Leonildo Peres,
Moacir R. Garcia, Antonio Eduardo Tonielo, Pedro Esrael Bighetti,
Frederico Dalmaso, Sérgio Sicchieri e Márcio Zeviani
O presidente e o diretor da Copercana com
os ganhadores Marta Ap. S. Hermínio
e Rodolfo Uzueli Carvalho
RC
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21
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
22
Notícias Sicoob Cocred
Balancete Mensal - (prazos segregados)
Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do
Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados)
- Dezembro/2014 - “valores em milhares de reais”
Sertãozinho/SP, 31 de dezembro de 2014.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
23
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
24
O grito do setor
O
dia 27 de janeiro de 2015 en-
tra para a história de Sertão-
zinho-SP e de toda a região
canavieira do Centro-Sul do País. Foi
nesta data que representantes de toda
a cadeia produtiva sucroenergética se
uniram, em uma mobilização pacífi-
ca, para pedir um basta às políticas do
Governo Federal que priorizam com-
bustíveis fósseis em detrimento do
etanol e de outras alternativas limpas
e renováveis, como a bioeletricidade,
produzida a partir da palha e do bagaço
da cana-de-açúcar, e cobrar a adoção
de medidas imediatas que favoreçam a
retomada dos investimentos e, conse-
quentemente, dos empregos.
Segundo o número oficial divulga-
do pelos organizadores do movimento,
mais de 15 mil pessoas, entre agri-
cultores, empresários, sindicalistas,
políticos, funcionários do comércio e
de metalúrgicas, além de profissionais
O Movimento pela Retomada do Setor Sucroenergético reuniu 15 mil pessoas em
Sertãozinho, no dia 27 de janeiro, para reivindicar do Governo Federal
medidas para reimpulsionar o crescimento e a volta dos empregos
Igor Savenhago
Reportagem de Capa
liberais, não só de Sertãozinho, mas
de vários municípios que baseiam a
economia nas atividades do setor su-
croenergético, participaram da passe-
ata. A Copercana e a Canaoeste, que
compuseram ativamente a organização
do ato, estiveram representadas com
diretores, funcionários, cooperados e
associados das regiões onde mantêm
filiais. O Sicoob Cocred também mar-
cou presença.
A mobilização é resultado do Pac-
to Social pelo Emprego, constituído
no final de 2014 por diversas entida-
des com atuação em Sertãozinho para
aliviar as dificuldades de renda en-
frentadas por trabalhadores demitidos.
Entre as ações, está a adesão de redes
de supermercados, como a Copercana,
que se comprometeram a comerciali-
zar uma cesta básica sem margem de
lucro, por R$ 69,90.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
25
Outros pontos que ficaram acordados
foram a manutenção do valor corporati-
vo do plano de saúde dos trabalhadores
mesmo após eventual perda do emprego,
criação de uma Câmara de Mediação,
para reduzir as pressões causadas pelas
demissões em massa, elaboração, pelo
CEISE Br (Centro Nacional das Indús-
trias do Setor Sucroenergético e Bio-
combustíveis), de um contrato padrão
de negociações, que oriente seus assso-
ciados a buscar o diálogo antes de deci-
dir promover uma demissão em massa,
abertura para a renegociação de dívidas
de empresas e pessoas físicas junto a ins-
tituições bancárias e ampla divulgação
do Programa de Assistência Judiciária
da OAB, já em funcionamento. A prefei-
tura suspendeu, durante 90 dias a partir
do início da vigência do pacto, em 27
de dezembro de 2014, o ajuizamento de
cobranças de débitos posteriores a 2011.
De janeiro a dezembro de 2014,
Sertãozinho teve um saldo negativo
de 2.046 vagas de emprego, o que re-
presenta diminuição de 178% na com-
paração com 2013, quando o resultado
havia sido positivo, de 2.617 postos de
trabalho. Se levada em consideração
apenas a indústria, o resultado foi ain-
da pior, com 2.230 vagas a menos, de
acordo com o Caged (Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados do Mi-
nistério do Trabalho).
O protesto
Para reduzir esse impacto, o grito pela
Retomada do Setor Sucroenergético teve
dois pontos de concentração, a partir
das 7h30. No primeiro, na rotatória do
Distrito Industrial, em frente à empre-
sa Dedini, se reuniram, principalmente,
metalúrgicos, empresários, presidentes e
outros representantes de sindicatos e as-
sociações, como a Força Sindical. Carros
de som chamavam quem chegava para
o expediente de trabalho a se juntar ao
movimento. Perto do local, motoristas
e produtores de cana preparavam trato-
res e caminhões com faixas e bandeiras
pedindo mais atenção à cadeia produti-
va. Camisetas com recados como “Luto
pelo Emprego” e músicas de incentivo
também foram utilizadas.
O produtor associado da Canaoeste
Sérgio Galdiano, de Sertãozinho, capri-
chou na amarração de tecidos em ver-
de e amarelo num trator. Esperançoso,
disse esperar mudanças políticas após a
mobilização. “Hoje vai ser o dia. Vamos
ver o que acontece, porque do jeito que
está não pode ficar. Não sei como ainda
conseguimos produzir”.
Munido de um rádio comunicador
e incansável na orientação aos partici-
pantes, estava o metalúrgico Claudinei
Gonçalves de Oliveira. Foi a partir de
uma atitude dele que, segundo o pre-
feito de Sertãozinho, Zezinho Gimenez
(PSDB), a cidade começou a pensar
no Pacto Social pelo Emprego. Sensi-
bilizado com a situação de um amigo
metalúrgico demitido recentemente,
Oliveira bateu à porta da administração
municipal para pedir um socorro que
possibilitasse melhores condições aos
desempregados. “Essa é
uma luta de todas as enti-
dades que se uniram e de-
ram as mãos na luta contra
o desemprego. Só tenho
a agradecer por este mo-
mento que está acontecen-
do em Sertãozinho”, disse
o metalúrgico.
Os presidentes dos Sindicatos dos
Metalúrgicos de Sertãozinho, Samuel
Márcio Marchetti, de São José do Rio
Preto-SP, Marcos Donizete Souza, e
Piracicaba-SP, José Luiz Ribeiro, anun-
ciavam, com microfones nas mãos, os
motivos do manifesto. “Viemos apoiar
porque em Rio Preto a situação está di-
fícil também. Vamos começar esse ato
por Sertãozinho, mas queremos esten-
der depois para outras cidades”, afir-
mou Souza. “É uma situação caótica.
O Governo Federal destruiu esse setor,
que é tão importante para a economia,
para a geração de emprego e renda. É
uma situação que se estende não só em
Sertãozinho, mas Piracicaba, em todo o
Brasil”, emendou Ribeiro.
Enquanto isso, na Praça Thirso Pelá,
próxima ao Hotel Ibis, na saída para Ri-
beirão Preto, moradores de Sertãozinho
ajudavam a formar mais um grande gru-
po, do qual fizeram parte proprietários e
funcionários do comércio, profissionais
de serviços, outros sindicalistas, repre-
sentantes de associações agrícolas e po-
líticos que militam no setor sucroener-
gético, como o secretário de Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Pau-
lo, Arnaldo Jardim (PPS-SP), deputados
estaduais e federais.
O presidente da Canaoeste e da Or-
plana (Organização dos Plantadores de
Cana da Região Centro-Sul), Manoel Or-
tolan, classificou o movimento como um
momento histórico. “Nunca tivemos algo
parecido, o que diz bem o tamanho do
problema que estamos enfrentando: uma
crise sem precedentes, com fechamento
de mais de 80 unidades industriais, ou-
tras tantas em recuperação judicial e in-
dústrias dispensando sem parar. Enfim,
algo que é, para nós, inexplicável face a
grande contribuição que este setor já deu
para o País e pode continuar dando”.
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
26
Ortolan cobrou um programa para in-
centivar a cadeia produtiva, que posicio-
ne o etanol na matriz energética brasilei-
ra e reconheça os benefícios da energia
elétrica produzida nas usinas de cana.
“Por causa dessa enorme contribuição
do setor ao Brasil, viemos pra rua. Todo
o setor está aqui para dizer ao Governo
Federal que precisamos retomar a eco-
nomia desse País e, sobretudo, a hege-
monia que temos nesse setor”.
O superintendente da Canaoeste Luiz
Carlos Tasso Júnior entende que o ato ga-
nha em importância por unir todos os elos
da cadeia produtiva em torno de uma cau-
sa. “Trabalhadores da indústria e do co-
mércio, produtores de cana, todos juntos
em prol do etanol, da energia e do açúcar,
para acabar com as dificuldades do nosso
setor. Não queremos subsídios, mas polí-
ticas públicas para o setor. Trabalhar nós
sabemos. Só temos que ter oportunidade
e confiança de todo o Brasil”.
	 Já o diretor da Copercana Pe-
dro Esrael Bighetti lembrou que estão
em jogo os milhares de empregos per-
didos por conta das instabilidades eco-
nômicas enfrentadas. “Muitas empresas
estão fechando e isso está doendo no
peito. Por isso, nós estamos nos prepa-
rando para nos movimentar ainda mais,
ir a Brasília”.
De acordo com dados divulgados
pela organização do movimento, a cri-
se fez com que cerca de 80 usinas en-
cerassem as atividades em todo o País,
o que representou a extinção de mais
de 100 mil postos de trabalho diretos e
300 mil indiretos.
Para conter o avanço do desemprego,
a Governança Corporativa da Cadeia
Produtiva Sucroenergética, grupo que
coordena uma série de ações em prol da
cana-de-açúcar, considera o Movimento
pela Retomada do Setor Sucroenergéti-
co, realizado em Sertãozinho, o ponto
de partida de uma grande marcha à capi-
tal federal, prevista para logo depois do
Carnaval. Para isso, foram programadas
reuniões com governadores de Estados
representativos na produção canavieira,
que estão formando um grupo para bus-
car o diálogo com o Governo Federal.
Para o professor da USP (Universi-
dade de São Paulo), em Ribeirão Preto,
Marcos Fava Neves, o movimento atin-
giu o sucesso esperado. “Fazia tempo
que eu não via tanta gente junta assim,
de todos os setores, da cadeia produtiva
inteirinha. Quem sabe, com isso, a gente
volte a gerar valor no Brasil e, com o va-
lor dessas pessoas todas aqui unidas, que
a cegueira do Governo saia. Acho que
foi maravilho, muito acima do que eu
esperava. Estou contente de estar aqui”.
Visão parecida teve o diretor da
Fenasucro Gabriel Godoy. “Nós parti-
cipamos da cadeia produtiva, na parte
comercial, e, se o setor não vai bem,
também sentimos. Por isso, estamos to-
talmente solidários ao ato. Nunca vi um
movimento tão grande como esse. Está
de parabéns o pessoal da organização”.
Paulo Roberto Artioli, diretor agrí-
cola da Tecnocana, empresa fornecedo-
ra de cana com sede em Macatuba-SP,
acredita que a manifestação foi feita em
momento oportuno. “Temos que fazer
alguma coisa para alertar o Governo,
porque, caso contrário, vai ser impos-
sível permanecer naquilo que fazemos
tão bem feito”.
Rodovias bloqueadas
Às 8 horas, meia hora após o início da
concentração, a Polícia Militar já havia
bloqueado parte das rodovias Armando
Salles de Oliveira (SP-322), que atra-
vessa Sertãozinho, e Carlos Tonani (SP-
333) – que dá acesso a Ribeirão Preto,
de um lado, e Barrinha e Jaboticabal, do
outro. A manifestação terminou no en-
troncamento das duas vias, com a leitura
de uma carta elaborada pelas entidades
organizadoras com as reivindicações ao
Governo Federal em prol do setor. Um
congestionamento de 1,5 quilômetro
chegou a ser registrado na Rodovia Má-
rio Donegá (SP-291), para onde o trân-
sito foi desviado. Todos os acessos dos
sertanezinos a Armando Salles também
foram interditados. Nenhum incidente
foi registrado, o que, segundo Carlos
Roberto Liboni, secretário de Indústria
e Comércio de Sertãozinho, que coorde-
nou a organização do ato, demonstrou o
civismo dos participantes.
“A população de Sertãozinho e da
região, que nos atendeu, deu uma mos-
tra de absoluto respeito. O pessoal veio,
caminhou, cantou o Hino Nacional, deu
o recado da sua preocupação, da insa-
tisfação com a forma com que o setor
sucroenergético tem sido tratado pelo
Governo Federal. Eles cobraram, tra-
zendo suas faixas, para que isso chegue
de verdade aos ouvidos e aos olhos de
quem realmente tem que ter cuidado
com esse setor, que é um patrimônio
nacional. Não podemos permitir que ele
seja dilapidado pelas políticas públicas
que estão aí”, afirmou.
Com as pistas livres, o primeiro gru-
po, com as máquinas à frente, saiu em
Manoel Ortolan discursa para o público
Manoel Ortolan e Pedro Esrael Bighetti
O produtor Fernando dos Reis
com Luiz Carlos Tasso Júnior
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
27
Reportagem de Capa
marcha por dois quilômetros, até encon-
trar o segundo pelotão. As duas faixas
da SP-322 foram ocupadas. Conforme
o protesto avançava, mais gente ia se
juntando. Após mais dois quilômetros
percorridos, a Rodovia Carlos Tonani
foi tomada pelos manifestantes. Até as
10h30, horário aproximado do fim do
movimento, o comércio ficou fechado
e as indústrias liberaram seus funcioná-
rios para acompanhar em passeata.
Para o presidente do CEISE Br, An-
tonio Eduardo Tonielo Filho, a partici-
pação de todas as categorias envolvidas
com o setor é fundamental para pressio-
nar o Governo Federal visando à retoma-
da do crescimento. “Os governos, infe-
lizmente, não agem. Eles reagem. Então,
nós temos que mostrar que estamos so-
frendo, que o trabalhador está sofrendo.
Esse movimento é um grande começo
para que possamos chegar a Brasília”.
A adesão em peso também foi des-
tacada pelo secretário estadual de Agri-
cultura, Arnaldo Jardim. Segundo ele,
as manifestações não são uma novida-
de, mas a de Sertãozinho apresentou
duas diferenças fundamentais. “Toda
a cadeia produtiva está representada,
mostrando a dimensão do movimento.
Além disso, é um momento de decisão,
importante para o setor. Portanto, essa
mobilização faz bem ao nosso setor
produtivo, à população e ao Estado de
São Paulo”.
Organização e participação
O Movimento pela Retomada do Se-
tor Sucroenergético foi uma realização
da Prefeitura e da Câmara de Sertãozi-
nho, do CEISE Br, dos Sindicatos dos
Metalúrgicos, do Comércio (Sincomér-
cio) e dos Comerciários (Sincomerciá-
rios) de Sertãozinho, da Força Sindical,
da Copercana e da Canaoeste, da ACIS
(Associação Comercial e Industrial de
Sertãozinho), do Sindinap (Sindicato Na-
cional dos Aposentados e Pensionistas),
da OAB (Ordem dos Advogados do Bra-
sil) e da Amasert (Amigos Associados
de Sertãozinho). E contou com o apoio
da UNICA (União da Indústria da Cana-
-de-Açúcar), da Governança Corporativa
da Cadeia Produtiva Sucroenergética, da
Coplacana (Cooperativa dos Plantado-
res de Cana do Estado de São Paulo), da
Coopercitrus (Cooperativa de Produtores
Rurais) e do Sindicato dos Trabalhadores
na Indústria de Alimentos.
Um dia antes do movimento, repre-
sentes de várias dessas entidades ocupa-
ram a tribuna da Câmara para convocar
a população de Sertãozinho e região a
participar. Durante a sessão extraordi-
nária, foi instalada, conforme projeto
apresentado pelo vereador Nilton César
Teixeira (PPS), o Niltinho, uma Co-
missão Parlamentar para a discussão de
assuntos relevantes envolvendo o setor
sucroenergético. Uma proposta que, na
opinião do presidente da Casa de Leis,
Silvio Blancacco (PSDB), se justifica,
tendo em vista a situação delicada atra-
vessada pelos municípios que dependem
da cana-de-açúcar. Ele disse que não se
pode esquecer que a cadeia sucroenergé-
tica brasileira emprega 2,5 milhões de
trabalhadores e responde pela produção
de US$ 43 bilhões em riquezas por ano.
“A crise que atinge o setor afeta a indús-
tria, o comércio e a própria arrecadação
municipal, fazendo com que os muníci-
pes sofram com o desemprego”.
Só nos últimos dois anos, a Prefeitu-
ra de Sertãozinho deixou de arrecadar
cerca de R$ 30 milhões em tributos mu-
nicipais. Há uma década, a cidade, que
já ocupou o quarto lugar em qualidade
de vida no índice de desenvolvimento
da Firjan (Federação das Indústrias do
Rio de Janeiro), aparecia entre os 100
maiores PIBs brasileiros. Atualmente,
está entre as que menos empregam no
Estado de São Paulo.
Insatisfação
O grito de alerta iniciado na Câmara
continuou sobre o trio elétrico que con-
duziu a multidão durante o ato. O presi-
dente da OAB em Sertãozinho, Joanílson
Barbosa dos Santos, declarou que “o go-
verno só acorda quando o povo levanta”.
Os representantes das entidades or-
ganizadoras se juntaram a parlamen-
tares que defendem o setor sucroener-
gético. O deputado estadual Welson
Gasparini (PSDB), um dos coordenado-
O secretário
Arnaldo Jardim foi
acompanhado por
Claudia Tonielo
Sessão da Câmara
instaurou comissão
em prol do setor
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
28
Já foram muitas as tentativas rea-
lizadas pelas diversas entidades re-
presentativas do Setor Sucroenergé-
tico, para sensibilizar o Governo das
dificuldades de sobrevivência dian-
te das políticas macroeconômicas
implementadas nos últimos anos.
Mesmo diante da importância estra-
tégica das reivindicações do setor,
e dos esforços das autoridades em
atendê-las, nenhuma dessas inicia-
tivas impediu que essa crise inédita
nos alcançasse.
MOVIMENTO PELA RETOMADA DO SETOR
SUCROENERGÉTICO
Ato público realizado em 27 de janeiro de 2015, na cidade de Sertãozinho (SP),
em caminhada pelas rodovias Armando de Salles Oliveira e Carlos Tonani.
Entendemos, por exaustão, que a
solução para buscarmos o respeito
que o setor precisa para sobreviver é
colocar estas reivindicações, através
dos trabalhadores, que mais sofrem
esses impactos.
Este setor, que representa 2,5 mi-
lhões de empregos e envolve mais de
10 milhões de brasileiros, distribu-
ídos em mais de 1.000 municípios,
conta com mais de 80 mil fornece-
dores de cana e 4 mil indústrias de
base, está vivendo momentos de
grande risco.
Por isso, este movimento, promovido
no coração da cadeia produtiva, tem o
objetivo de denunciar que já são mais de
80 usinas fechadas, além do prejuízo da
produção de combustíveis e energia, o
que significa, também, o estrangulamen-
to de centenas de indústrias de equipa-
mentos, serviços e comércio, que sobre-
vivem desta cadeia produtiva, e que já
provocaram mais de 300 mil demissões.
res da Frente em defesa da cana na As-
sembleia Legislativa, espera que o pro-
testo tenha deixado um recado para que
a Presidente Dilma Rousseff se sensibi-
lize. “Esse movimento, que parou Ser-
tãozinho e repercute em toda a região,
vai repercutir muito mais em Brasília. E
que, com isso, o Governo Federal possa
dar, imediatamente, apoio ao setor”.
Já o deputado federal Mendes Tha-
me (PSDB) afirmou que o setor não
aguenta mais esperar medidas eficazes.
“Não é o momento para discutir o que
fazer. É um momento em que já se sabe
o que fazer. O setor sabe, o Governo
sabe, os trabalhadores sabem. O que
nós precisamos é de decisão”.
O deputado federal Paulo Pereira da
Silva (Partido Solidariedade), o Pau-
linho da Força, considera um crime o
cenário em que se encontra o setor. “É
hora de juntar trabalhadores, empresá-
rios, políticos da região, enfim, todos
aqueles que querem o bem do Brasil, e
transformar o setor da cana no que era
antes. Um setor que se desenvolvia, ti-
nha empregos, servia de exemplo para
o mundo”.
Após os discursos, foi feita a lei-
tura da carta com as reivindicações
(veja abaixo). O secretário estadual de
Agricultura, Arnaldo Jardim, prome-
teu entregá-la ao governador Geraldo
Alckmin (PSDB), para entusiasmo do
presidente da Feplana (Federação dos
Plantadores de Cana do Brasil), Paulo
Leal. “Esse movimento vai surtir efeito
com toda certeza, porque agora temos,
no Governo do Estado de São Paulo, o
deputado Arnaldo Jardim como secre-
tário da Agricultura. Ele vai receber a
carta de reivindicações do setor e, com
certeza, o Estado vai assumir essa ban-
deira para o Brasil”.
Zezinho Gimenez, prefeito de Ser-
tãozinho, considera o movimento como
o mais importante dos já realizados em
prol do setor sucroenergético. “Estamos
cansados de ver a Petrobras todos os
dias na televisão com escândalos. Em
todos os lugares, a gente vê escândalos.
E o nosso setor, que produz, está sendo
encostado, jogado no lixo por não ter
políticas públicas bem definidas”.Arnaldo Jardim com o prefeito de Sertãozinho, Zezinho Gimenez, durante a leitura da carta
Divulgação/Prefeitura de Sertãozinho
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
29
É necessário que as autoridades ouçam o que temos
a dizer e tomem ações indispensáveis:
1. Medidas que garantam a justa remuneração do
etanol aos seus produtores, via políticas transparentes de
preços públicos, que recuperem o equilíbrio econômico-
financeiro de sua industrialização;
2. Medidas que possibilitem a recuperação da oferta
agrícola de açúcar, com preços justos aos seus fornecedores,
e que permitam resgatar a produtividade dos canaviais,
prejudicados pela falta de investimento, além das enormes
perdas com o rigor climático das últimas quatro safras;
3. A valorização das externalidades do etanol na
montagem da matriz energética brasileira e nas
regulações do mercado de combustíveis, com uma
expectativa clara e transparente da produção do álcool
carburante que o Brasil necessita;
4. A priorização da cogeração de energia elétrica a
partir das usinas, no interesse energético nacional, com
leilões específicos por região e fonte, contribuindo, assim,
a minimizar os apagões fósseis e hídricos;
5. Investimento em tecnologia por parte da indústria
automotiva, que aumente a eficiência do etanol nos
motores flex;
6. Investimentos públicos na retomada do crescimento,
buscando recuperar a participação percentual do setor
sucroenergético no PIB nacional;
7. Projetos socioeconômicos de qualificação e
requalificação, para recuperação de 300 mil postos de
trabalho fechados ao longo dos últimos anos.
Sertãozinho, 27 de janeiro de 2015
Prefeitura de Sertãozinho, Sindicato dos Metalúrgicos, Força Sindical, CEISE Br, ACIS, SINCOMÉRCIO,
Canaoeste, Câmara Municipal, SINDINAP, OAB, AMASERT, SINCOMERCIÁRIOS, Copercana, UNICA,
Coopercitrus, Coplacana e Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentos de Sertãozinho.RC
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
30
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
31
Destaque I
Arnaldo Jardim promete manter atenção no
setor sucroenergético ao assumir Secretaria de
Agricultura de São Paulo
C
om novo comandante des-
de o dia 8 de janeiro, a SAA
(Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo)
pretende fortalecer os institutos e coorde-
nadorias ligados à pasta e dar prioridade
a setores em dificuldades, como o sucro-
energético. Foi isso o que garantiu o novo
secretário,Arnaldo Jardim (PPS-SP). Ele
assumiu o cargo em substituição a Mô-
nika Bergamaschi, que ficou à frente da
secretaria durante três anos e sete meses.
Em solenidade que lotou o salão no-
bre da SAA, no centro de São Paulo-SP,
e durou mais de duas horas, foi lançado,
também, o relatório de sustentabilidade
da agricultura paulista, desenvolvido du-
rante a gestão de Mônika. Um trabalho
elogiado durante o discurso de posse por
Jardim, que prometeu, ainda, um grande
esforço para oferecer segurança jurídica
aos agricultores paulistas.
Para ele, que se licenciou do man-
dato de deputado federal, para o qual
havia sido eleito pela terceira vez, com
155.278 votos, e, com isso, da Frente
Parlamentar pela Valorização do Setor
Sucroenergético no Congresso Nacio-
nal, a gestão da antecessora foi extre-
mamente importante, mas houve o en-
tendimento, no Governo Estadual, de
que o cargo deveria ser ocupado, a partir
de 2015, por alguém que transite entre
questões técnicas e políticas.
“Tínhamos a percepção de que se
poderia integrar mais os institutos, de
Região de Ribeirão Preto amplia força no Governo Paulista com Duarte Nogueira Júnior, que
tomou posse como secretário de Transportes e Logística
Igor Savenhago
você fazer com que eles estejam mais
vinculados à produção, e que o secretá-
rio da Agricultura possa se pronunciar
sobre fatos nacionais que influenciam
São Paulo e o país. Foi uma decisão do
governador de fazer com que a secreta-
ria passasse a ter tal delegação. E isso
me encheu de entusiasmo”, afirmou o
novo secretário.
A posse foi acompanhada por par-
lamentares estaduais e federais, de di-
ferentes partidos, outros secretários do
Governo Paulista e produtores rurais
de várias regiões do Estado. Entre eles
o presidente da Copercana e da Sicoob
Cocred, Antônio Eduardo Tonielo, que
desejou sorte a Jardim na condução das
demandas agrícolas. “Ele é um homem
muito ativo, preocupado com tudo o que
acontece dentro do agronegócio. Com
isso, quem ganha é sempre o produtor”,
declarou Tonielo.
A troca de Mônika, que havia coman-
dado a ABAG-RP (Associação Brasileira
do Agronegócio em Ribeirão Preto-SP)
durante uma década, por Jardim, que é
de Altinópolis-SP, mantém a região que
mais produz cana, açúcar e etanol no pla-
neta em destaque. E também porque ela
ganha mais um representante no Executi-
vo Paulista. Um dia antes da cerimônia na
Agricultura, tomou posse o novo secretá-
rio de Transportes e Logística do Estado,
Duarte Nogueira Júnior (PSDB-SP), que
também é de Ribeirão Preto-SP.
DESAFIOS
Entre os principais desafios de Ar-
naldo Jardim está uma integração com a
Secretaria de Meio Ambiente para a im-
plantação do PRA (Programa de Regu-
larização Ambiental), recém-aprovado
pela Assembleia Legislativa do Estado.
Após muita discussão, que durou cerca
de oito meses entre deputados da base
aliada e da oposição, o programa foi
aprovado no dia 10 de dezembro, após
acordo que definiu as questões de maior
embate. O PRA, que parte agora para
regulamentação, deverá ampliar de 17%
para 24% a cobertura vegetal do Estado,
com acréscimo de 1,7 milhão de árvores.
A crise hídrica enfrentada em todo
o território paulista também está, se-
Arnaldo Jardim prometeu fortalecer institutos
e coordenadorias da secretaria
Corredor que dá acesso ao salão nobre
também ficou tomado
Fotos: Divulgação/Secretaria de Agricultura
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
32
O novo secretário disse que irá cobrar do Governo
Federal medidas para o setor sucroenergético
gundo Jardim, na pauta de urgências e
irá integrar estratégias conjuntas de três
secretarias: além de Agricultura e Meio
Ambiente, a de Recursos Hídricos. O
novo secretário reconhece que a situa-
ção é “muito séria”, o que na visão dele
confirma as previsões de que o mundo
enfrentaria dificuldades climáticas de-
correntes do aquecimento global. Esse
cenário, segundo ele, aumenta a impor-
tância de produtos limpos e renováveis,
como o etanol. “A defesa do nosso eta-
nol faz parte de um novo padrão de ener-
gia e transportes, que vai ao encontro da
necessidade de encerrarmos o ciclo da
agricultura fóssil, da energia de base fós-
sil. Então, o etanol veio para ficar”.
Por este fator, a região de Ribeirão
Preto terá uma “relevância imensa” du-
rante a gestão, já que é a maior produtora
agrícola do Estado. Além de desenvol-
ver ações para beneficiar as áreas cana-
vieiras, Jardim afirmou que continuará
acompanhando as ações da Frente Parla-
mentar Federal que presidia. “Eu fiquei
muito dividido. Eu tive dúvidas. E mui-
tas pessoas tiveram dúvidas. Eu recebi
abraços de cumprimentos e recebi, tam-
bém, confesso, abraços de lamentação.
Disseram “puxa, Arnaldo, você fez um
bom trabalho, a Frente precisa estar mais
atuante do que nunca”. Acho que isso
vai ser compensado pela minha posição
como secretário da Agricultura”. Nesse
sentido, um dos objetivos é dinamizar a
atuação da Frente Parlamentar Estadual,
que defende o setor sucroenergético na
Assembleia Legislativa.
Sobre as cobranças feitas ao Gover-
no Paulista de que poderia haver uma
antecipação na reservação de água, o
que evitaria a falta do recurso, Jardim
afirmou que isso não encontraria respal-
do. “Pessoas diriam que outras questões
seriam mais urgentes e mais imediatas.
Então, prefiro olhar pra frente. Acho que
toda essa crise hídrica que estamos vi-
vendo impõe uma necessidade de rever-
mos a política com relação às fontes e
aos mananciais, termos uma política de
cuidados com relação ao assoreamento,
aprofundarmos a atenção às matas ci-
liares e termos uma disciplina maior no
que diz respeito ao uso de recursos para
irrigação e para outros fins”.
O novo secretário saudou a nova mi-
nistra da Agricultura, Kátia Abreu, e dis-
se que irá continuar tentando dialogar
com o Governo Federal para a tomada de
medidas que reimpulsionem o agronegó-
cio, cobrando prioridade para setores em
dificuldades, especialmente o sucroener-
gético. “Vamos ser solidários, mas tam-
bém críticos quando sentirmos que ela
[Kátia] perde força no Governo, quando
não consegue fazer prevalecer os inte-
resses do setor da cana, para mencionar
um deles. Nesse caso, não vamos pedir o
empenho dela. Se não houver empenho,
vamos pressionar para que isso ocorra”.
Histórico no setor
Arnaldo Jardim é engenheiro civil
formado pela Escola Politécnica da USP
(Universidade de São Paulo) e tem um
histórico de atuação nos setores de agri-
cultura, energia, meio ambiente e desen-
volvimento. O início na política foi em
1982, com 27 anos, quando participou
da campanha que elegeu Franco Monto-
ro como governador de São Paulo.
Quatro anos mais tarde, foi eleito
deputado estadual, cargo para o qual
foi reconduzido em 1991, como líder
do Governo na Assembleia Legislativa.
No ano seguinte, assumiu a Secretaria
de Estado da Habitação, onde ficou até
1993. Em 1999, foi novamente eleito de-
putado estadual.
Em 2001 e 2002, foi presidente esta-
dual do PPS (Partido Popular Socialis-
ta), ao qual é filiado e do qual é membro
da Executiva Nacional e do Diretório
Estadual. Em Brasília, como deputado
federal, foi titular da Comissão de Mi-
nas e Energia e integrou as comissões
de Ciência e Tecnologia, Desenvolvi-
mento Urbano, Viação e Transportes e
a Comissão Mista do Orçamento. Desde
2013, presidia a Frente Parlamentar pela
Valorização do Setor Sucroenergético.
A experiência adquirida na cadeia
produtiva canavieira esteve em evidên-
cia durante a posse como secretário da
Agricultura.Jardimclassificouasituação
dos produtores, empresários e de todos
os que dependem de empregos no setor,
como “dramática”. “Mais de 60 usinas
fechadas e outras quase 70 em recupera-
ção judicial, colocando em risco um pa-
trimônio importante do povo brasileiro.
Nós, da secretaria, esperamos continuar
contando com a parceria sistemática da
bancada federal, pela forma com que
tem se conduzido no Congresso Nacio-
nal. E, com certeza, juntamente com de-
putados estaduais, iremos à Assembleia
de São Paulo pedir mais recursos para a
Agricultura. E vamos trabalhar também
para que os nossos institutos sejam for-
talecidos e dinamizados”.
Ele ainda destacou que a agricultura
de São Paulo se confunde com a histó-
ria agrícola do país e, por isso, setores
como o sucroenergético não podem ficar
esquecidos. Nesse aspecto, lembrou dos
parques industriais de Sertãozinho-SP e
Piracicaba-SP, que sofrem os efeitos das
instabilidades econômicas. “Quem de nós
olha para o setor canavieiro e não sabe do
orgulho que foi a Dedini, a Zanini? Do
orgulho que temos com a TGM, de Ser-
tãozinho-SP, como entidades vinculadas
e que hoje enfrentam grandes desafios?”.
Presenças
A solenidade de posse lotou o salão
nobre da Secretaria de Agricultura, no
centro de São Paulo. Entre os presentes,
estiveram o vice-governador do Estado,
Márcio França, que representou o go-
vernador Geraldo Alckmin, deputados
estaduais e federais, outros secretários
estaduais, prefeitos de vários municípios
e dirigentes de entidades representativas
do agronegócio paulista.Além de França
e de Jardim, ocuparam a tribuna o pre-
feito de Campinas, Jonas Donizete; Alex
Manente, deputado federal pelo PPS;
o presidente nacional do PPS, Rober-
to Freire; além de Roberto Rodrigues,
presidente do Conselho Deliberativo da
UNICA (União da Indústria da Cana-de-
-Açúcar) e ex-ministro da Agricultura, e
de Mônika Bergamaschi.
Jardim recebeu os cumprimentos de
autoridades que prestigiaram a solenidade
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
33
Rodrigues defendeu duas questões: a
primeira foi o direito à propriedade, que
ele considera fundamental para o bem da
nação. “Não existe progresso, desenvol-
vimento, crescimento sem confiança que
permita investir no País, em qualquer
setor. Ninguém vai comprar uma fábri-
ca, uma farmácia, uma indústria, um su-
permercado se correr o risco de ter isso
tomado sem qualquer razão. Por isso, o
direito de propriedade, que é garantido
pela Constituição Federal, não pode ser
relativizado. É essencial”. O segundo
ponto abordado foi a função social da
terra. “O que isso significa? Que a terra
tem que ser produtiva”.
O ex-ministro parabenizou o trabalho
desenvolvido por Mônika Bergamaschi
e desejou boas-vindas a Jardim. “Isso
aqui é uma festa da democracia, que im-
plica em alternância de poder. Democra-
cia e alternância podem trazer alegrias e
tristezas. Mônika foi a melhor aluna que
eu tive em mais de três décadas de ma-
gistério na Unesp de Jaboticabal. Uma
grande patriota, tecnicamente bem infor-
mada e uma lutadora defendendo o setor
rural. Mas, também, vem esse craque
que é o Arnaldo Jardim, outro brasileiro
fantástico, que nunca deixou de traba-
lhar com a verdade, com a honestidade
em defesa do setor”.
Davi Zaia, deputado estadual pelo
PPS, esteve presente e conversou com
a reportagem da Canavieiros. Ele afirma
que vê a situação do setor sucroenergé-
tico com preocupação, ainda mais por-
que o Governo Federal tem demorado
para tomar as medidas que permitam
uma mudança no cenário. Para Zaia, a
indicação de Jardim para a Secretaria
de Agricultura é importante por causa
da capacidade de articulação política do
novo secretário. “Acho que é um mo-
mento de comemorar, pela experiência
e pelo conhecimento que ele tem. Isso,
sem sombra de dúvidas, é um alento para
todos nós que temos lutado em defesa do
setor sucroenergético”.
O diretor-executivo da ABAG-RP,
Marcos Matos, lembrou da atuação de
Jardim na Frente Parlamentar Federal
pela Valorização do Setor Sucroener-
gético e disse que o prestígio da cadeia
canavieira pode crescer com a indicação
do novo secretário. “Ele entende quais
foram as variáveis que impactaram ne-
gativamente em todo o setor e como
pode trabalhar não só em âmbito esta-
dual, mas nacional. E nós ficamos muito
confortáveis com essa liderança”.
Matos acredita que a nomeação de
dois secretários da região de Ribeirão
Preto irá facilitar o desenvolvimento de
projetos integrados. “Nós sabemos que
o secretário da Agricultura, em contato
com o novo secretário da Logística e
Transportes, o deputado Duarte Noguei-
ra, vai poder pensar em melhorias não só
para o agronegócio, mas para o Estado
como um todo”.
Após os discursos, foi feito o descer-
ramento da placa com a foto de Môni-
ka Bergamaschi, incluída na galeria dos
que ocuparam o cargo máximo da Agri-
cultura no Estado.
Mônika
A Secretaria de Agricultura e Abas-
tecimento de São Paulo completa, em
2015, 123 anos de existência. Atualmen-
te, de acordo com dados informados por
Mônika durante o discurso de transmis-
são do cargo, são cerca de cinco mil fun-
cionários, que mantêm 1420 linhas de
pesquisa em andamento. Ainda segundo
ela, em todo o território paulista, que
ocupa 3% da área total do país, existem
325 mil propriedades rurais, com média
inferior a 60 hectares cada. Números
que fazem de São Paulo responsável por
20% das exportações do agronegócio
brasileiro e líder nacional na produção
de cana, açúcar, etanol, bioeletricidade,
laranja, suco de laranja, borracha natu-
ral, flores, ovos e cogumelos.
Após um trabalho de três anos e sete
meses à frente da Secretaria, Mônika
disse que a dimensão do setor agrícola
foi um dos motivos que a estimularam a
assumir o desafio. “O outro foi o amor à
agricultura”. Ela se emocionou ao falar
do apoio que recebeu da família e dedi-
cou “cada minuto dessa longa jornada”
aos agricultores. Lamentou não ter con-
seguido impedir os efeitos da maior crise
hídrica da história paulista e nem os pro-
blemas enfrentados pelas cadeias produ-
tivas da laranja e da cana-de-açúcar.
Antes de entregar o cargo, fez o lan-
çamento do Relatório de Sustentabili-
dade 2011-2014, um trabalho inédito
desenvolvido pela Secretaria da Agri-
cultura e que seguiu as diretrizes da GRI
(Global Initiative Report), instituição in-
dependente e sem fins lucrativos com es-
trutura para medir, em âmbito mundial,
o desempenho econômico, ambiental e
social de empresas, órgãos públicos e or-
ganizações não-governamentais.
O relatório aponta, detalhadamente, as
ações desenvolvidas nos últimos quatro
Descerramento da placa com a foto
de Mônika Bergamaschi na galeria de
secretário da Agricultura
Durante o discurso, Mônika fez
o lançamento do relatório de
sustentabilidade do agronegócio paulista
O ex-ministro da Agricultura, Roberto
Rodrigues, falou do direito à propriedade
Mônika recebeu os cumprimentos de
Jardim pelo trabalho conduzido
à frente da secretaria
Revista Canavieiros - Janeiro de 2015
34
anos e os investimentos feitos visando
melhorar o desempenho do agronegócio
no Estado. “A secretaria faz o importante
exercício da comunicação, ao medir, di-
vulgar com transparência e prestar contas
do seu desempenho, voltado para a oferta
de soluções enquadradas nas dimensões
que alicerçam o conceito de sustentabili-
dade”, declarou Mônika.
Duarte Nogueira
Em 7 de janeiro, um dia antes da pos-
se de Arnaldo Jardim, o deputado federal
Duarte Nogueira Júnior, outro contumaz
defensor do setor sucroenergético, tomou
posse como secretário estadual de Trans-
portes e Logística. Entre as medidas des-
tacadas por ele, para serem implantadas
no Estado e que podem beneficiar a pro-
dução de cana de-açúcar e subprodutos,
estão obras viárias e a implantação do ter-
minal internacional de cargas no aeropor-
to Leite Lopes, em Ribeirão Preto.
Além da remodelação no trevo Wal-
do Adalberto da Silveira, conhecido
como Trevão, em Ribeirão Preto-SP,
entregue recentemente, o secretário faz
referência a obras de duplicação, reca-
peamento e pavimentação em andamen-
to nas Rodovias Abrão Assed (SP-333),
Cândido Portinari (SP-334) e Prefeito
Fábio Talarico (SP-345), além de cons-
trução de uma ponte sobre o Rio Pardo
na Rodovia Dona Genoveva Lima de
Carvalho Dias (SP-373).
No aeroporto Leite Lopes, a implan-
tação do terminal de cargas está sendo
operacionalizada pela empresa Tead.
Será o primeiro da rede administrada
pelo DAESP (Departamento Aeroviário
do Estado de São Paulo) a oferecer o
segmento internacional de cargas aéreas,
hoje operado pela Infraero.
No mesmo aeroporto, está previsto um
pacote estimado em R$ 443 milhões, que
deverá ser executado conjuntamente por
Governo Federal, Estadual e Prefeitura
de Ribeirão Preto e que prevê ampliação
do terminal de passageiros, construção de
novo pátio para aeronaves, deslocamento
da pista, implantação de passagem infe-
rior na Avenida Thomaz Alberto Whately
e adequação do sistema viário.
A nomeação de Nogueira para a se-
cretaria abriu vaga para que o suplente
Mendes Thame (PSDB-SP), que tam-
bém representa o setor sucroenergético,
assuma como deputado federal.
Um dia antes da posse de Jardim, Duarte Nogueira
assumiu a Secretaria de Transportes e Logística
Nogueira destaca as obras em andamento
nas rodovias e melhorias previstas para o
aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto-SP RC
Fotos: Divulgação/Secretaria de Transportes
Edição 103   janeiro 2015 - o grito do setor
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Edição 103 janeiro 2015 - o grito do setor

  • 1. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 1
  • 2. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 2
  • 3. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 3 Editorial O Brasil é apontado pelas principais organizações internacionais como o grande prove- dor de alimentos, energia e combustíveis renováveis para atender à demanda mundial futura, mas enquanto o interesse externo pelo nosso País aumenta, o descaso interno é cada vez mais gritante e as consequências são devastadoras, como a que vêm ocorrendo com o setor sucroenergético. Por isso, é com muito orgulho que nossa primeira edição de 2015 traz na capa uma ma- nifestação em prol da indústria canavieira e de sua recuperação. Mais de 15 mil pessoas foram para as ruas protestar e reivindicar do Governo Federal medidas para impulsionar o crescimento e a volta dos empregos. O ato realizado no dia 27 de janeiro, em Sertãozinho-SP, mobilizou todos os setores ligados à cana-de-açúcar e representantes de diversas cidades da região e, juntos, numa ação pacífica, deram um grito de basta à crise. A revista de janeiro mostra também que a região de Ribeirão Preto ganha sua força no Governo Paulista com a posse de Arnaldo Jardim na Secretaria de Agricultura de São Paulo e Duarte Nogueira Júnior como secretário de Transportes e Logística. Além disso, tem matéria sobre as perspectivas da indústria da bioenergia, que tem um futuro promissor. Entrevistas com Leila Alencar Monteiro de Souza Biocana (Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Energia) e com Carlos Barros, presidente do GATUA (Grupo das Áreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar, Etanol e Energia) também recheiam a edição 103. Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves opinam no “Pon- to de Vista” José Osvaldo Bozzo e AlexandreAndrade Lima. Já a gestora técnica da Canaoes- te, Alessandra Durigan, e o engenheiro agrônomo da Canaoeste de Ituverava, João Francisco Maciel, assinam artigo sobre Ferrugens da Cana-de-Açúcar - Doenças que podem compro- meter a sanidade do seu canavial. As notícias do Sistema Copercana, como a da Campanha Copercana Premiada, que além do sorteio de dois carros zero-quilômetro, contemplou 800 clientes através da “seladinha” premiada, com vales-compra instantâneos. E também notícias da Canaoeste e Sicoob Cocred, assuntos legais, informações setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidas na revista de janeiro. O grito do setor sucroenergético Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo e Murilo Rocha Sicchieri Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Carla Rodrigues, Fernanda Clariano, Igor Savenhago e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 atendimento@revistacanavieiros.com.br Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 21.500 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) redacao@revistacanavieiros.com.br www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros
  • 4. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 4 11 - Ponto de Vista José Oswaldo Bozzo Consultor tributarista e sócio da MJC Consultores. 31 - Destaque Arnaldo Jardim promete manter atenção no setor sucroenergético ao assumir Secretaria de Agricultura de São Paulo Ano IX - Edição 103 - Janeiro de 2015 - Circulação: Mensal Índice: E mais: Capa - 24 O dia 27 de janeiro de 2015 en- tra para a história de Sertãozinho- -SP e de toda a região canavieira do Centro-Sul do País. Foi nesta data que representantes de toda a cadeia produtiva sucroenergética se uniram. 17 - Notícias Copercana - Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred inaugura loja de Ferragem e Magazine em Batatais-SP - Campanha Copercana Premiada 22 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal Pontos de Vista Alexandre Andrade Lima .....................página 12 Coluna Caipirinha .....................página 15 Destaques: Em busca da eficiência energética .....................página 35 Indústria da bioenergia tem um futuro promissor .....................página 37 RB 867515 será a variedade mais plantada em 2015 .....................página 43 DATAGRO estima moagem de 642 milhões de toneladas na safra 2015/16 .....................página 44 Assuntos Legais .....................página 45 Informações Setoriais .....................página 46 Acompanhamento da safra .....................página 51 Classificados .....................página 54 Agende-se .....................página 57 Foto:AndréiaVital 48 - Artigos Técnicos - Ferrugens da Cana-de-Açúcar: Doenças que podem comprometer a sanidade do seu canavial - Reúso de água na indústria sucroenergética 05 - Entrevista Leila Alencar Monteiro de Souza presidente da Biocana “Aumento dos custos de produção e falta de regras claras em- perram desenvolvimento da agroindústria”.
  • 5. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 5 Revista Canavieiros: Qual é a mis- são da Biocana? Leila Monteiro: A Biocana (Asso- ciação de Produtores de Açúcar, Etanol e Energia) está sediada em Catanduva, Noroeste de São Paulo e reúne grandes players da agroindústria canavieira. En- tre as principais diretrizes da Biocana está o trabalho voltado à profissiona- lização, capacitação de pessoas e pro- postas para resolver entraves jurídicos, técnicos e de logística, além de ações efetivas para cumprir a extensa agenda de responsabilidade socioambiental, comunicação com a comunidade e for- talecimento de toda a cadeia produtiva. Revista Canavieiros: Em 2014, a Biocana completou 20 anos. Neste período, quais foram as principais contribuições que a entidade propor- cionou ao setor sucroenergético, na sua opinião? Leila Monteiro: A Biocana traba- lha para buscar soluções e promover o desenvolvimento sustentável do setor sucroenergético. A associação sempre figurou entre as mais atuantes enti- dades de classe do segmento no País, sendo que nos últimos anos passou por um realinhamento estratégico. A associação age estratégica e po- liticamente em questões que são rele- vantes para o setor, seja no âmbito mu- nicipal, estadual ou federal. A Biocana também promove seminários de atua- lização técnica com especialistas para o corpo gerencial das usinas; realiza cursos e treinamentos de capacitação para os colaboradores das empresas e atua visando ao fortalecimento de toda a cadeia produtiva. Tem um forte viés de atuação em projetos ambientais, so- ciais e educacionais, pilares de susten- tação das atividades desenvolvidas ao longo destas últimas duas décadas. A entidade tem como meta a busca por soluções corporativas através de pro- gramas que abrangem as comunidades onde as usinas estão inseridas. Exem- plo disso é o Programa “Valorizando a Diversidade”, voltado para a inclusão social. Realizado em parceria com o Senai de Itu-SP, o trabalho promove qualificação para as pessoas com de- ficiência facilitando o processo de pre- enchimento de cotas. ABiocana também incentiva projetos que formam jovens profissionais para atuar na agroindústria, em parceria com outras entidades e prefeituras do Noroes- te paulista. É o caso do Programa Jovem Agricultor do Futuro. A iniciativa que está em seu sétimo ano de realização já formou mais de 400 jovens com idades entre 14 e 18 anos (incompletos), filhos de colaboradores de usinas associadas e também da comunidade. Muitos deles já trabalham em usinas. Outra iniciativa pioneira é o curso MTA (Master of Technology Adminis- tration) em Gestão da Produção Indus- trial Sucroenergética, especialização ministrada em Catanduva através da parceria com a Universidade Federal de São Carlos. No Noroeste paulista, três turmas já concluíram o MTA e a quarta está em andamento. Revista Canavieiros: Como avalia o ano de 2014 para o setor sucroener- gético? Leila Monteiro: O setor sucroe- nergético tem passado por grandes transformações, sobretudo nos últimos anos. Produzir, de forma sustentável, de forma especial neste ano, tornou-se um imenso desafio. Entraves como o aumento de custos de produção, tribu- tos e falta de políticas públicas, entre outros, acabam por dificultar a acele- ração do desenvolvimento da agroin- dústria canavieira. Leila Alencar Monteiro de Souza Aumento dos custos de produção e falta de regras claras emperram desenvolvimento da agroindústria, afirma Leila Alencar “A agroindústria canavieira precisa de políticas públicas e incentivos para retomar seu cresci- mento de forma estruturada; acesso ao crédito para investimentos em logística, bioeletricidade e infraestrutura, desenvolvimento de novas tecnologias, entre outras pautas”, afirma Leila Alencar Monteiro de Souza, diretora-presidente da Biocana (Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Energia). Leila foi a primeira mulher a presidir uma entidade representativa da cadeia sucroenergética e já contabiliza três mandatos na associação, que acaba de completar duas décadas. Para ela, somente com união de esforços e equilíbrio poderá ser retomado o caminho da com- petitividade do setor sucroenergético. Confira entrevista completa: Andréia Vital Entrevista I
  • 6. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 6 Entrevista I O recente cenário econômico ad- verso ocasionou o fechamento de dezenas de usinas provocando uma completa desestruturação da cadeia produtiva. O empresariado do se- tor, que tanto desenvolvimento ge- rou em milhares de municípios, hoje se vê diante do desgosto de ter que promover demissões em massa em razão das dificuldades financeiras en- frentadas. Reflexos que se estendem ainda às empresas fornecedoras de peças, equipamentos e também nos municípios de diversas regiões que, na maioria das vezes, têm nas usi- nas o fomento das atividades. Outra grande dificuldade que marcou o ano de 2014 foi a instabilidade climática com longos períodos de seca; como consequência, os produtores tiveram que amargar uma expressiva queda no rendimento das lavouras. Não bastasse a falta de chuva, o se- tor também teve que enfrentar outro grave problema: a ocorrência de in- cêndios criminosos e acidentais. Nes- sas circunstâncias, o fogo se alastrou rapidamente, devastando grandes pro- priedades e trazendo prejuízos, tanto ambientais quanto financeiros, pois plantas em início da fase de cresci- mento foram destruídas e áreas inteiras tiveram que ser recuperadas para novo plantio. Fato lamentável já que muitas destas propriedades atingidas são ar- rendadas por empresas ou mesmo por pequenos produtores que dependem da atividade canavieira. Um grande esfor- ço para conter o problema foi empreen- dido com o apoio da polícia ambiental, corpo de bombeiros e dos profissionais das usinas que se articularam de for- ma estratégica. As empresas também fizeram investimentos e aumentaram a frota de caminhões-pipas, disponíveis 24 horas por dia. Em 2015, o trabalho terá continuidade. Revista Canavieiros: Mas teve al- gum desenvolvimento no segmento? Leila Monteiro: Em meio ao tur- bilhão de dificuldades enfrentadas durante esta safra, 2014 trouxe tam- bém avanços; destaco aqui a revisão do Anexo VIII (Vibração) da NR-15 (Insalubridade). Depois de um inten- so trabalho coordenado inicialmen- te pela Biocana em parceria com o GMEC (Grupo de Motomecanização) e apoio de outras entidades setoriais, a Portaria com os novos parâmetros relacionados à exposição à vibração no corpo humano foi publicada. O novo texto estabelece os limites de tolerância e níveis de ação de maneira clara e a metodologia de medição es- tabelecida na NHO-09 (corpo inteiro) e NHO-10 (mão e braço) Norma de Higiene Ocupacional, da Fundacen- tro. Em suma, esta alteração signifi- cou o estabelecimento de parâmetros claros para medição, adotando a me- todologia da Fundacentro, NHO, que se aproxima da Diretiva Europeia, fixando como níveis de ação 0,5 m/ s² e limite de tolerância 1,1 m/s² para vibração de corpo inteiro, limites es- tes compatíveis com a realidade dos equipamentos; ou seja, máquinas e veículos novos ou em bom estado de conservação, com seus equipamentos originais de fábrica e em operações usuais, dificilmente ultrapassam o limite de tolerância. Isto porque os caminhões, tratores e colhedoras mo- dernas têm banco com amortecimento pneumático e são projetados e fabri- cados para absorver todas as vibra- ções do equipamento. Uma alteração significativa que soou como um alen- to nesta safra. O setor também teve outros recen- tes avanços significativos alcançados através de esforço político e estraté- gico. Um deles foi a elevação do teto da mistura de álcool anidro à gasolina dos atuais 25% para 27,5%, aprova- da pelo Congresso Nacional e que se transformou na Lei 13.033, depois de sanção da Presidência da República. Em fase de regulamentação pelo go- verno, o aumento da mistura adicio- nará ao mercado 1,3 bilhão de litros de etanol, o que deve provocar um impacto altamente positivo não ape- nas no setor sucroenergético, mas também ao meio ambiente e consumi- dores. A desoneração do PIS/COFINS até então incidente sobre a produção
  • 7. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 7 Entrevista I da cana-de-açúcar foi outro avanço importante neste cenário. Revista Canavieiros: Na sua aná- lise, o que deve ser feito para que o cenário melhore para o setor? Leila Monteiro: É fundamental a necessidade de um diálogo perma- nente com os governantes do país para barrar os entraves que interfe- rem no crescimento deste setor que é fundamentalmente essencial para o Brasil e para o mundo. A agroindús- tria canavieira precisa de políticas públicas e incentivos para retomar seu crescimento de forma estruturada; acesso ao crédito para investimentos em logística, bioeletricidade e infra- estrutura, desenvolvimento de novas tecnologias, entre outras pautas. É ur- gente ainda que se faça uma completa revisão da política tributária, com di- ferenciação para este setor que produz energia limpa, renovável, com ganhos para a economia, meio ambiente, com responsabilidade socioambiental, ge- ração de empregos, desenvolvimento e renda para as comunidades. Somen- te com união de esforços e equilíbrio poderá ser retomado o caminho da competitividade. Revista Canavieiros: Quais são suas expectativas para a agroindús- tria da cana-de-açúcar em 2015? Leila Monteiro: Um enorme es- forço tem sido feito pelas empresas para superar as dificuldades e entra- ves setoriais. Voltar para o trilho do crescimento está exigindo um con- trole excessivo de custos em todas as áreas e reestruturação orçamentá- ria e de investimentos. Em 2015, a cadeia produtiva do etanol aguarda definições de projetos que tramitam no Congresso Nacional como a regu- lamentação do ressarcimento e com- pensação dos créditos de PIS/Cofins das indústrias sucroenergéticas; deso- neração de pagamento, com redução da alíquota do INSS incidente sobre a receita da produção de cana, açúcar, etanol e bioeletricidade, para 1%; es- tímulos aos ganhos de eficiência téc- nica no Inovar-Auto; política tributá- ria para resgatar a competitividade do etanol; leilões regionalizados ou por fonte de energia, retomada da CIDE da gasolina, entre outros. Certamente, a classe política voltará o olhar para este setor que é fundamen- talmente essencial para o Brasil e para o mundo. E isso precisa ser urgente. A demanda mundial por fontes de ener- gia renovável é crescente. De manei- ra sustentável o setor sucroenergético pode dar sua expressiva contribuição. Revista Canavieiros: Há uma per- cepção de que é necessário melhorar a comunicação do setor sucroenergé- tico com a sociedade, visto que a po- pulação não tem noção das externali- dades do segmento. O que a senhora tem a dizer sobre este fato? Leila Monteiro: Entendo que, se compararmos com outros períodos, apesar das dificuldades, o momento vivido hoje é diferente. Existe uma preocupação maior das empresas em se manterem mais próximas da socie- dade como um todo. O setor passou a se comunicar melhor com a sociedade e a demonstrar com transparência os benefícios proporcionados pela indús- tria da cana-de-açúcar - geração de empregos, renda, impostos e investi- mento constante no desenvolvimento de pessoas, dentre outros. A inovação tem sido constante, principalmente na produção de combustível e geração de energia. E o Brasil dá exemplo neste campo com uma produção cada vez mais limpa, renovável e sustentável o que abre perspectivas reais para com- bater o aquecimento global. É fácil observar as mudanças prin- cipalmente nos hábitos das pessoas. Felizmente, muitas estão cientes de que é preciso preservar nossos recur- sos naturais, manter as boas práticas, adotar medidas e métodos para reapro- veitar, reduzir e reciclar o que é possí- vel. A indústria sucroenergética, neste quesito, tem feito sua parte ao conci- liar produção com sustentabilidade. Revista Canavieiros: A senhora foi a primeira mulher a presidir uma en- tidade representativa de indústrias su- croenergéticas e já está no seu terceiro mandato. Qual balanço faz da sua tra- jetória e quais seus planos até o final da sua administração? Leila Monteiro: Tenho um tra- balho muito dinâmico. Presidir uma entidade que tem em sua trajetória a defesa incansável de seus representa- dos, por si só, remete a um patamar de grande responsabilidade. Assumi este desafio com enorme honra e sa- tisfação. Afinal, tenho a missão de representar empresários de um dos setores de grande destaque da eco- nomia brasileira com presença cres- cente nas áreas de alimentação, com- bustíveis e bioenergia, aos quais eu agradeço o crédito em meu trabalho. A Biocana tem como base de susten- tação a defesa dos interesses de seus associados (empresas do setor sucro- energético), seja nos campos institu- cional, social ou ambiental. Ao longo de sua existência, a entidade jamais transgrediu com o papel que lhe é reservado. Consolidou um espaço de atuação no setor e também junto à comunidade. Tem trabalhado efetiva- mente para que as empresas possam prosperar e gerar oportunidades de trabalho e renda, receitas e impostos, de forma a garantir os indicadores econômicos e sociais. Expandimos nossos próprios limites e ocupamos frentes diversificadas. Então, quando se assume um compromisso desta magnitude, é preciso pensar e agir de forma es- tratégica. Participo de reuniões com diretores e gestores das usinas, lide- ranças, empresários de diversos seg- mentos, autoridades e com a comu- nidade para me inteirar de cenários e dar o devido retorno, seja para a equipe interna, para nossos associa- dos, parceiros e sociedade de uma maneira geral. É um trabalho grati- ficante no qual obtivemos conquis- tas significativas. Dentro do planejamento estraté- gico da associação o trabalho terá continuidade através de uma nova dinâmica em função do cenário polí- tico e macroeconômico. Espero que a agroindústria canavieira possa passar esse estágio rapidamente e emergir o quanto antes. Acredito no potencial e na visão daqueles que com muito trabalho e fé ajudam a construir um futuro sustentável para esta e as futu- ras gerações.RC
  • 8. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 8 Revista Canavieiros: Qual a im- portância da TI hoje e para os pró- ximos anos no setor sucroenergético? Carlos Barros: Na abertura do úl- timo Congresso Anual do GATUA, em novembro passado, o Sr. Maurílio Bia- Entrevista II Carlos Barros (Bill) “Temos esperança de ver a TI participando das decisões estratégicas das empresas” Igor Savenhago O presidente do GATUA (Grupo das Áreas de Tecnologia das Usinas de Açúcar, Etanol e Energia), Carlos Barros, mais conhecido no setor sucroenergético como Bill, é um ferrenho defensor dos in- vestimentos em Tecnologia da Informação (TI), não só para melhoria dos processos de fabricação de açúcar, etanol e energia, mas para que este ramo da atividade canavieira participe, ativamente, das tomadas de decisões no dia a dia das usinas, opinando sobre as práticas com maior aplicabili- dade no atendimento às demandas. Nessa entrevista, em que ele faz um breve balanço do último Congresso Anual do GATUA, realiza- do em novembro, em que, segundo ele, foi possível evidenciar o papel importante que a Tecnologia da Informação exerce atualmente na cadeia sucroenergética, Barros também opina sobre possíveis caminhos para que o setor supere o momento difícil que atravessa e retome os investimentos. Entre eles, soluções desenvolvidas pelo próprio grupo que preside, como o Selo GATUA de Qualidade. gi Filho disse uma frase que expressa claramente a importância da TI para as usinas. Disse ele: “Hoje, uma usi- na que não investe em TI está parada no tempo”. Cada vez mais, a TI ocu- pa importante papel para a melhoria dos resultados das empresas, seja pela automação dos diversos processos operacionais, seja pela qualidade das informações e controles necessários a uma perfeita governança corporativa. O setor sucroenergético atravessa um período bastante ruim, com o acúmulo de crises e o advento de inúmeros fato- res prejudiciais ao seu funcionamento e que fogem do controle de qualquer gestão empresarial. O último foi a cri- se climática que o sudeste brasileiro experimentou em 2014. Tudo isso co- labora para que a situação das usinas piore em todos os aspectos: produtivo, qualitativo e financeiro. Portanto, tudo o que puder agregar melhorias opera- cionais, que signifique mais qualidade ao menor custo, é sempre bem-vindo. E a TI representa uma forte contribui- ção para isso. Revista Canavieiros: O TI terá, então, papel fundamental no proces- so de recuperação e retomada do se- tor, após anos enfrentando instabili- dades econômicas? Barros: Acredito que já ocupa esse papel. Sabemos que uma usina faz açú- car, etanol e cogera energia, não faz sistemas de computador. Porém, os sistemas e soluções já disponíveis hoje no mercado permitem um grau de auto- matização bastante elevado em todos os processos de uma usina, começando no campo, com soluções remotas funcio- nando totalmente on-line, até os siste- mas de controle e de processos internos em todas as áreas da usina. Imagine, por exemplo, um sistema que indique ações e controles que resultem em uma economia mensal de 10% no consumo de diesel da frota total de uma usina. Todos sabemos que o diesel é um dos maiores números no “contas a pagar” de qualquer usina. Portanto, uma eco- nomia dessa monta representa milhões de reais em dinheiro, fora a consequen- te redução nos custos de manutenção da frota, de mão de obra. Acreditamos, fortemente, que a TI já ocupa importan- tes papéis na retomada do setor: o de instrumento para a melhoria dos con- troles internos e o de fornecimento de informações precisas, no auxílio à to- mada de decisões estratégicas.
  • 9. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 9 Entrevista II Revista Canavieiros: E o setor tem entendido a importância do investi- mento em TI? Barros: O setor sabe da importân- cia de se investir em TI. Infelizmente, o momento é realmente bastante difícil para muitas empresas. Várias usinas chegaram a um ponto de inviabilidade financeira, entrando em processo de re- cuperação judicial ou até fechando as portas. As que permanecem ainda com algum gás têm, sim, investido em pro- jetos e soluções de automação, como forma de potencializar os resultados e agregar valor aos seus produtos. No último Congresso do GATUA, tivemos um nível de participação das usinas bastante baixo, devido principalmente à crise do setor, porém, e mesmo com essa presença baixa, sabemos de vários projetos que foram fechados durante o evento, em muitas frentes. Isso mostra que o setor tem ciência da importância de se investir em TI. Não podemos nun- ca deixar de mostrar o enorme potencial da informática como ferramenta funda- mental para as empresas. Revista Canavieiros: O que preci- sa melhorar? Que avanços ainda são necessários? Barros: Acreditamos que o setor precisa ainda trabalhar questões in- ternas culturais. Todos dizem que a cadeia é desunida, e sabemos que isso contribui bastante para o seu enfra- quecimento, principalmente quando é preciso defender seu espaço peran- te o governo ou diversas instituições, como bancos e sindicatos. Muitas empresas enfrentam crises em função também de problemas de gestão, prin- cipalmente os grupos ainda familia- res, em que o profissionalismo ainda não obteve espaço. Isso colabora para uma concentração das usinas, que mi- gram para as mãos de grandes grupos econômicos. É um movimento natu- ral e universal. A globalização aí está, e devemos olhar esse cenário como totalmente natural, buscando tirar o maior proveito possível. Revista Canavieiros: Como o se- tor tem trabalhado para que esses avanços ocorram? Barros: Temos três caminhos pos- síveis para as usinas: Elas se afundam cada vez mais em suas dificuldades financeiras, com baixo nível de ges- tão, até fecharem as portas; deixam a situação com o melhor cenário possí- vel para serem vendidas para algum grande player do mercado; adotam as boas práticas de governança corpora- tiva, buscando manter o mínimo pos- sível de saúde financeira/operacio- nal, conseguindo, assim, atravessar esse momento difícil do setor. Como sempre dizia o Sr. Jacyr Costa Filho, presidente da Tereos Brasil: “Quando bem gerida, uma usina é sempre a úl- tima a entrar em um período de crise mundial e a primeira a sair, pois es- tamos falando de alimento e energia. Ninguém deixa de comer, e a energia é também essencial à vida”. Revista Canavieiros: Falando es- pecialmente sobre o GATUA, como o grupo enxerga esse momento? Barros: Completaremos em 2015 doze anos de vida. Temos 322 usinas associadas e atuação em quatro países. Só no Brasil, estamos presentes em 20 Estados. São números que falam por si. Temos vários trunfos. Como exem- plo, o nosso Fórum de Discussões na Internet. Imagine você, sem sair da mesa de trabalho, ao enfrentar um problema qualquer, poder colocar esse problema para seus pares de outras usinas e, em minutos, receber ajuda, dicas, orientações e até a solução do problema a custo zero, de pessoas que não querem te vender nada, pois são usuários como você e que tiveram o problema que você está tendo. Só isso justifica participar do GATUA. Isso não tem preço e significa uma ajuda maravilhosa para todos, com o me- lhor e maior custo-benefício possível. Também atuamos junto ao mercado fornecedor de produtos, serviços e so- luções de TI. De que maneira? Lem- bramos que usina é, por natureza, algo isolado. Você não vê usina dentro de cidades. Elas ficam, quase sempre, em zona rural. Isso leva o profissio- nal de TI a um perigoso isolamento e dificulta, sobremaneira, a vida dos for- necedores, em seus trabalhos de apre- sentação comercial e prospecção. Por sua vez, o profissional de TI de usina, quando precisa tomar uma decisão sobre comprar ou contratar algo, tem a enorme necessidade de saber a opi- nião de quem já é cliente daquilo que ele está pesquisando. Na apresentação do vendedor, tudo é, naturalmente, uma maravilha, mas como saber na prática? Atendendo a essa aspiração das áreas de TI das usinas, o GATUA desenvolveu uma metodologia e insti- tuiu um programa chamado Programa SGQ – Selo GATUA de Qualidade, que visa captar o sentimento de quem já é cliente de um produto ou serviço e levá-lo aos interessados em conhecer esse feedback, assim como retornar às empresas fornecedoras, com metodo- logia e riqueza de detalhes, todos os pontos de desconforto que os clientes apresentam, para serem melhorados. A implantação desse programa tem sido bastante interessante, desde que a empresa participante se conscientize dos seus conceitos e propósitos e não apenas o veja como uma “ação de ma- rketing”, que vai trazer novos clientes para ela. Trará novos clientes se ela evidenciar que tem tomado ações de melhoria contínua em seus produtos e serviços. Caso contrário, as usinas irão procurar opções mais comprome- tidas com este conceito. Revista Canavieiros: Quais as principais expectativas do grupo para os próximos anos? Barros: Esperamos, é claro, que tudo melhore no setor. Mas melhore com lições aprendidas e com mudan- ças culturais e nas gestões das em- presas. Temos uma ótima perspectiva quanto ao Selo GATUA de Qualidade, mas é fundamental que todas as usi- nas também o entendam como talvez a maior arma que elas possuem para melhorar e “filtrar” o mercado forne- cedor de TI. Temos a esperança de ver, um dia, a TI participando também das decisões estratégicas das empresas, não ditando-as, é claro, porém sendo consultada e opinando sobre o que é possível, o que é razoável e que possui aplicabilidade nas demandas geradas pela alta cúpula organizacional.RC
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  • 11. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 11 Ponto de Vista I País abençoado, safra abençoada Por José Osvaldo Bozzo* José Osvaldo Bozzo R ecorro a uma canção muito popu- lar para falar um pouco do Brasil. Afinal, como já disse Jorge Ben Jor, “moro num País tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. É com o espírito embalado por essas palavras e por sua musicalidade que passo a analisar a notícia de que o IBGE (Instituto Brasileiro deGeografiaeEstatística)prevêpara2015 uma nova safra agrícola recorde. O órgão estima que serão produzidos em solo brasileiro 202,9 milhões de to- neladas de cereais, leguminosas e oleagi- nosas neste ano, o que representará 5,2% a mais do que foi colhido em 2014. Vale lembrar que, apesar de nem todos os da- dos estarem fechados, no ano passado a produção agrícola já foi a maior da histó- ria, 2,4% superior à safra de 2013. Faço questão de sublinhar que vi- vemos em um País abençoado porque ele é capaz de sempre nos surpreender, apesar de todas as dificuldades que se impõem a um território tão extenso e diverso quanto o nosso. Afinal, como acompanhamos de perto em 2014 muitas localidades sofreram com um período de severa estiagem, enquanto outras foram assoladas por fortes chuvas. Também o excesso de frio ou de calor cas- tigou as plantações de algumas regiões. Isso sem falar da crise internacional, do recuo na demanda em alguns países, da queda nos preços das commodities (esse palavrão que nos ensina que é o mercado global quem dá as cartas)... Nem por isso o produtor agrícola bra- sileiro desistiu ou esmoreceu frente às di- ficuldades. Pelo contrário: certamente os desafios o estimularam a trabalhar mais, mesmo que contra forças da natureza, o que garantiu mais esta safra recorde. Muitas vezes fico pensando por que há tão pouco reconhecimento ao tra- balho de nossos homens e mulheres do campo. Somos internacionalmente lembrados como um dos países onde se desenvolvem algumas das mais bem- -sucedidas tecnologias agrícolas de todo o mundo. Mesmo não dispondo do mes- mo nível de mecanização na lavoura que é utilizado por países desenvolvidos, possuímos taxas de produtividade bas- tante elevadas, até superiores as de nos- sos concorrentes em algumas culturas. Trabalhar com agricultura, e, por conseguinte, com os chamados agrone- gócios, é sem dúvida alguma equivalen- te a exercer uma verdadeira profissão de fé. Lidar com as intempéries, com as instabilidades financeiras, com a falta de vontade de organismos e de entida- des governamentais é de fato algo des- tinado exclusivamente aos mais fortes. Não só aos fisicamente mais fortes, mas, especialmente, aqueles que têm caráter mais forte. Só posso comemorar, saldar e felicitar o trabalho desses homens e mulheres tão fortes, que dedicam a vida a garantir que o alimento e outros insumos estejam à disposição de milhões e milhões de pes- soas simplesmente desconhecidas. So- bram-lhes talento, afinco, dedicação, es- forço, altruísmo e muito, muito trabalho. O que lhes falta, na maioria das ve- zes, é o apoio dedicado e decisivo naqui- lo que eles e elas próprias não têm como solucionar. Esses problemas são bem conhecidos: dificuldades em financiar a produção, seja pela escassez de crédito, ou pelo alto custo do dinheiro; o aparen- temente insolúvel deficit infraestrutural, que prejudica seriamente o escoamento da produção; e a falta de incentivos e de apoio oficial a uma atividade tão essen- cial e tão cheia de riscos. Com os avanços tecnológicos, e dian- te de algumas mudanças que vêm se de- senhando em nossa sociedade, prevejo, com muita esperança, uma inversão do êxodo rural por nós assistido a partir da segunda metade do século passado. Os filhos daqueles que se dedicam à produção agrícola têm hoje mais aces- so ao conhecimento, e parece que vêm percebendo o potencial e as oportuni- dades representadas pelo agronegócio. Têm a oportunidade de aplicar o conhe- cimento adquirido em outras paragens para melhorar as condições produtivas, principalmente nas pequenas e médias propriedades. Caso esse fenômeno de fato se conso- lide, a tendência é a de que o uso no cam- po de novas tecnologias e conhecimen- tos melhore ainda mais as condições da produção agrícola, estimulando a produ- tividade e a qualidade produtiva. Novas gerações de homens e mulheres estão e estarão ainda mais dispostos a se fixar no campo, formando grupos mais informa- dos e preparados para encarar desafios, sendo, principalmente, mais exigentes e conhecedores de seus direitos. Se hoje a riqueza do campo acaba sendo concentrada, a mudança de para- digma diante do êxodo rural tende a per- mitir que mais pessoas tenham acesso àquilo que nossa terra abençoada pode oferecer. Temos e teremos não apenas trabalhadores do campo, mas, sim, mais e mais empresários do campo, que certa- mente vão empreender e prosperar junto com um setor que só faz crescer, como já apuramos e como seguirá sendo, tal qual o que bem prevê o IBGE. *Consultor tributarista e sócio da MJC Consultores. Formado em Direito, iniciou carreira na PwC. Foi também Sócio da BDO e da KPMG e professor de Planejamento Tributário na USP – MBA de Ribeirão Preto. (jbozzo@mjcconsultores.com.br)RC
  • 12. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 12 Cooperativismo para reabrir usinas Por Alexandre Andrade Lima * Alexandre Andrade Lima A pesar do cenário de crise gene- ralizada no setor sucroenergé- tico no território nacional, em função da ausência de políticas compe- tentes do Governo Federal, o que vem promovendo o maior fechamento de parques fabris do gênero no País, os ca- navieiros pernambucanos estão fazendo o movimento inverso, ou seja, reabrin- do unidades no Estado. A ação visa tão somente evitar prejuízo maior aos pro- dutores de cana, que, a cada ano, ficam sem usinas para fornecer suas matérias- -primas, provocando o fim gradual da referida atividade econômica. Em cinco anos, nove usinas fecharam em Pernam- buco. E o cooperativismo entre os ca- navieiros tem sido a estratégia utilizada para enfrentar a situação. Eles acabaram de arrendar e retomar a produção da Usi- na Pumaty – situada na porção Sul da Zona Canavieira. A ação ocorreu no mês de novembro. E os canavieiros planejam fazer o mesmo com outra unidade fecha- da, a usina Cruangi – na área Norte. O cooperativismo vem se configuran- do entre os canavieiros do Estado como única forma de manter a atividade secular da produção de cana por engenhos distri- buídos em dezenas de cidades pernam- bucanas. A ação deriva da necessidade diante da falta de usinas para fornecer a matéria-prima, obrigando-os a criarem maneiras de continuarem na lida. Com elas fechando as portas a cada ano, a cana tem ficado no campo, provocando um prejuízo ao produtor, além de inviabilizar a manutenção da cultura nos anos seguin- tes. Assim, a Associação dos Fornecedo- res de Cana de Pernambuco e o Sindicato dos Cultivadores de Cana do Estado, por meio de cooperativas ligadas a tais órgãos de classe, têm estimulado os próprios as- sociados a se projetarem nesta empreita- da do arrendamento e gestão das unidades industriais que fecham no Estado. A Usina Pumaty, localizada na ci- dade de Joaquim Nabuco, retomou o funcionamento após três anos parada. O arrendamento e administração dela estão a cargo da Agrocan (Cooperativa do Agronegócio de Cana-de-Açúcar). A reabertura contou com aval do Poder Judiciário, pois ela está em recuperação judicial. A decisão evitou maiores preju- ízos para os canavieiros, já que as usi- nas Pedrosa e Una – localizadas também na Zona da Mata Sul - interromperam o funcionamento este ano. Sem a volta da Pumaty, o excedente de cana seria algo em torno de 800 mil toneladas na região. O presidente do Sindicato dos Cultiva- dores de Cana, Gerson Carneiro Leão, foi um dos maiores articuladores na re- ativação da unidade industrial. Em relação à Usina Cruangi, locali- zada no município de Timbaúba, já es- tão em andamento alguns projetos dos canavieiros, liderados pela Associação dos Fornecedores de Cana do Estado, na intenção de arrendar e retomar o seu funcionamento. Os credores da unida- de estão de acordo com a referida ação através da COAF (Cooperativa do Agro- negócio dos Fornecedores de Cana). A usina – considerada uma das mais im- portantes no que tange a quantidade de processamento – está fechada desde o ano passado, gerando problemas no es- coamento da cana do fornecedor. Para a consolidação do arrendamento da unida- de, os órgãos de classe aguardam apenas uma posição favorável do novo gover- nador de Pernambuco, Paulo Câmara. O político apoiou o pleito durante o perí- odo da campanha eleitoral. A previsão é de que as parcerias necessárias sejam anunciadas quando o gestor tomar posse, em 2015. É enorme a expectativa dentro do setor sucroenergético . Contudo, os órgãos de classe têm ciência de que somente gestões profis- sionais no comando dessas unidades industriais arrendadas trarão o progres- so desejado por suas cooperativas de produtores. Dentro desse contexto, diri- gentes das entidades e das cooperativas foram buscar experiência de quem tem neste tipo de negócio. Os canavieiros foram adquirir conhecimento na Usina Sapucaia, em Campos dos Goytacazes- -RJ, com os produtores da Coagro (Co- operativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro). A Coagro tem um exito- so projeto há 12 anos, de arrendamento e gestão de usinas no Norte fluminense. E acabam de investir, este ano, R$ 20 milhões na usina Sapucaia, visando tri- plicar a produção atual, que estava sendo realizada na usina São José. O arrojado modelo de gestão adotado pela Coagro deixou a comitiva dos produ- tores pernambucanos entusiasmada. Isso porque eles observaram que a cooperativa consegue garantir a necessária viabilida- de econômica no arrendamento da usina, mas também tem permitido o incremento dos negócios.As condições climáticas e a produtividade da cana por hectare foram outros elementos bem avaliados. Mesmo com menores pluviosidade e produtivida- de em comparação aos canaviais de PE, a Coagro consegue superação financeira diante de tais adversidades em função do modelo de gestão profissional da Sapu- caia. O cenário observado contribuiu bas- tante para consolidar o planejamento dos agricultores pernambucanos no tocante ao avanço do referido projeto de arrenda- mento de usinas em solo natal. *Presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP) e da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) Ponto de Vista II RC
  • 13. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 13 Bruno Wanderley de Freitas Volta da CIDE abre espaço para maior competitividade ao etanol Bruno Wanderley de Freitas* O Governo oficializou a volta da CIDE (Contribuição de Inter- venção no Domínio Econômi- co) incidente sobre os preços da gaso- lina e do diesel na refinaria em R$ 0,22/ litro e R$ 0,15/litro, respectivamente. Como a CIDE só entrará em vigor em 90 dias, as alíquotas do PIS e Cofins foram reajustadas momentaneamente até que o tributo regulador retorne de fato. Dessa forma, os efeitos da volta da CIDE já serão sentidos a partir do dia 1º de fevereiro. Contudo, a Petrobras ainda não deu sinais de que pretende conter o repas- se da reintrodução desses encargos ao consumidor, o que sugere que o preço na bomba deverá mesmo subir, ao me- nos por enquanto, abrindo espaço para maior competitividade ao etanol hidra- tado. Conforme estimativa da DATA- GRO, o novo imposto proporcionará um aumento potencial no preço do hi- dratado em R$ 0,154/litro ou de 11,9% sobre o preço atual ao produtor. Um dia após o Governo anunciar a nova CIDE para a gasolina, os preços Ponto de Vista III do etanol ganharam força na região Centro-Sul, em especial o hidratado, cujo preço avançou 2,1% em São Pau- lo ao ser negociado a R$ 1.324,84/m³ (PVU, s/imposto), de acordo com o levantamento da DATAGRO. Assim, embora ainda haja incertezas sobre o potencial de recuperação dos preços em função do elevado estoque mundial, o mercado de açúcar pode receber um suporte adicional uma vez que a safra 2015/16 tende a ser mais alcooleira. Entre os dias 1º e 16 de janeiro, o preço da gasolina no Brasil, base refi- naria, esteve 54,4% acima do praticado no mercado internacional, patamar que torna atrativa a importação do produ- to. Porém, entende-se que os entraves logísticos e o risco de diminuição do número de contratos comerciais com a Petrobras no futuro devem inibir as distribuidoras de realizar grandes aqui- sições no mercado externo. Aliás, em virtude do maior consumo de etanol, a importação de gasolina to- talizou 2,17 bilhões de litros em 2014, queda de 24,36% sobre o ano ante- rior. Conforme dados até novembro, o consumo de etanol hidratado cresceu 19,6% no acumulado do ano para 11,61 bilhões de litros. Cabe notar também que em 2009, quando em média o valor da gasolina na refinaria era 27,2% su- perior ao do mercado externo, o Brasil importou apenas 22 mil litros de gaso- lina justamente em resposta ao maior consumo doméstico de etanol. *Economista sênior DATAGRORC
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  • 15. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 15 C omo está o nosso agro? O ano de 2014 é realmen- te para ser apagado na nossa história. Os indicadores de nossa eco- nomia se deterioraram fortemente, o valor da nossa moeda, retorno da infla- ção, o mar de lama da corrupção, gran- des decepções no esporte, e o ano onde nossa população foi enganada a aceitar mais 4 anos de um Governo que entre- gou muito aquém das possibilidades. Neste quadro de derrotas da so- ciedade brasileira, o agro de 2014 voltou a nos salvar de um colapso, pois o desempenho das exportações foi extremamente positivo, trazendo US$ 96,8 bilhões ao Brasil, mas o agro também perdeu: este valor foi 3,2% menor que o de 2013. O saldo foi de US$ 80,1 bilhões na balança comercial do agro, um valor também 3,3% menor que 2013. Corroborando a difícil situação da economia brasileira, os demais pro- dutos brasileiros fora do agro apre- sentaram queda de 9,7% nas exporta- ções de 2014 (US$ 142,1 bi em 2013, para US$ 128,4 bi em 2014) e, com esta queda, a participação do agro nas exportações brasileiras cresceu quase dois pontos, atingindo incrí- veis 43% do total. Como a balança comercial brasi- leira, após seguidos anos de supera- vit, fechou 2014 negativa em quase US$ 4 bilhões, mais um pífio resul- tado entregue por esta gestão, se não fosse o agro, o Brasil teria um deficit de US$ 84 bi, estourando a inflação, acabando com o real e espalhando miséria. Mais um em que o agro sal- vou a economia brasileira, permitin- do crescimento sustentável e distri- buição de renda, programas sociais, inclusão, apesar de continuar sendo demonizado por parte dos ditos “mo- vimentos sociais”, que preferem per- petuar o atraso e a miséria. Como está nossa cana? O retorno da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econô- mico) e do PIS-Cofins (22 centavos) à gasolina, como previsto no nosso texto anterior, trará um aumento de preços desta e maior chances de me- lhores preços ao etanol. Isto fará com que tenhamos uma safra ainda mais alcooleira, trazendo também impactos positivos nos preços do açúcar. Até que enfim. Mas lamento que o impos- to também tenha sido elevado ao die- sel, que é um combustível mais iden- tificado com a produção. Poderia ser apenas na gasolina. O setor usa muito diesel, e o impacto aí será negativo. A redução do ICMS em MG, de 19 para 14% é algo que também pode contribuir para aumentar o consumo em MG. E a declaração do Ministro Levy é de que a Petrobras é a responsável pelo estabelecimento de preços, o que mostra que a empresa terá um pilar fundamental de sua estratégia, a pre- cificação de produtos, retomado. Outra boa notícia é a de que o pe- tróleo mais barato pode trazer maior crescimento econômico a grandes países, e isto se refletir no merca- do de açúcar. Grandes importadores de açúcar são também importadores de petróleo, e preços mais baixos de combustível significa mais dinheiro na mão das famílias para consumo de alimentos, sobremesas e outros. O USDA, o Departamento de Agri- cultura dos Estados Unidos, prevê crescimento de consumo em 2,22% para 2015, chegando a quase 171 mi- lhões de toneladas. E a Organização Internacional de Açúcar prevê deficit de mais de 2 milhões de toneladas para 15/16. Ou seja, boas notícias que podem ainda ser aceleradas com a sa- fra alcooleira do Brasil. O novo teto do PLD (preço de li- quidação de diferenças) na energia elétrica, de R$ 388 por MWh pode ser um desestímulo a este que foi o me- lhor produto do setor em 2014: a co- geração. Em 2014 produziu-se quase 20% a mais que em 2013, pela moti- vação dos preços. Para 2015 as variá- veis importantes de acompanhamento serão o preço, a oferta de bagaço e pa- lha e os investimentos em eficiência energética das usinas (caldeiras). Outra boa notícia na cogeração vem da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que terá agora o programa de certificação da bioele- tricidade, um passo fundamental para que tenhamos um valor maior para esta fonte de energia renovável. Pode- rá este selo verde inclusive ser usado como instrumento de diferenciação por parte de grandes usuários de ener- gia, tal como varejistas e indústrias. Vale ressaltar que dezembro de 2014 foi o melhor mês nos últimos 3 anos para a venda de etanol, com a co- mercialização de mais de 2,25 bilhões de litros. O etanol teve um aumento de consumo de 13% em relação a 2013. A má notícia do mês foi o anúncio da parada da Usina Bom Retiro. 250 pessoas perdem seus empregos e ou- tros tantos indiretos. Coluna Caipirinha Marcos Fava Neves Caipirinha Fatos acontecendo e impactos na cana
  • 16. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 16 Quem é o homenageado do mês? A coluna Caipirinha todo mês ho- menageia uma pessoa. Neste mês a homenagem vai para a Profa. Dra. He- loisa Burnquist, da ESALQ. Uma das nossas mais tradicionais pesquisado- ras do setor de cana, responsável pela orientação de diversas teses de mestra- do e doutorado e muitas publicações do setor. Haja Limão: nossas previsões que teremos muita acidez pela frente vão se confirmando. O Brasil decreta luto oficial de três dias pela morte de um traficante internacional... Pádua Goiás com 23 usinas ainda proces- sando (difícil acontecer em dezem- bro). São Paulo produtividade agrícola 12% menor 14/15 para 13/14. Goiás 6% acima neste ano. MS – 9,7% a mais. Processamos 1,2% a menos em 7,1% a mais de área no Centro-Sul. Toda a redução se deu em São Paulo. Etanol e açúcar são resíduos hoje perante o que vale a bioletricidade. Deve processar acima de 561 mi ton, pois algumas continuarão moendo. Moagem 12% menor, mas alguns grupos. 8 ou 9 usinas não processarão cana na próxima safra. Queda da produção não o afetou o mercado interno, pois caiu a exporta- ção de açúcar e exportação de etanol. 15/16 9 unidades deixarão de operar. Entra 1 que já estava pronta: Santa Vitória. Desde 2007 – 68 fecharam. Safra de mesmo tamanho que o ano anterior. Renovação foi de 12% em relação ao ano passado, mas não foi bom o plantio. Equilíbrio: florescimento, geada, pragas, mecanização, ambiente restri- tivo (expansão). Pior: tratos, ampliação de área e do- enças, renovação e idade. Melhor: precipitação (mas pode ser pior). UNICA – safra entre 541 e 561. 2020 a 2021 600 mi ton Centro-Sul. Novembro no consumo de combus- tível foi de 8% em novembro. Como não teremos cana não tere- mos o crescimento esperado de açúcar. UNICA acredita em menor cresci- mento de hidratado. Alguma mudança positiva nos pre- ços relativos de produtos com a mesma oferta de cana. Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Profes- sor Visitante Internacional da Purdue University (EUA)RC
  • 17. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 17 Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred inaugura loja de Ferragem e Magazine em Batatais-SP Notícias Copercana N o dia 18 de dezembro, a cidade de Batatais, no interior de São Paulo, com mais de 60 mil ha- bitantes, foi palco para a inauguração de mais uma loja de Ferragem e Ma- gazine, sendo a décima oitava cidade a receber uma filial da Copercana. Na ocasião, estiveram reunidos dire- tores do sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, autoridades locais, cooperados e associados, agrônomos e fornecedores, que participaram também da inauguração do 14º departamento técnico da Canaoeste, instalado anexo a loja onde irá oferecer atendimento agronômico aos associados. Com 500 metros quadrados e sete fun- cionários, a loja está pronta para atender os cooperados, associados e clientes que irão encontrar produtos necessários para as atividades rurais como: fertilizantes, adubos, defensivos, implementos, ferra- mentas insumos, produtos veterinários, além de uma completa linha de eletro- domésticos, artigos para cama, mesa, banho e presentes. Fernanda Clariano “Fizemos um investimento nesta loja de R$ 3,5 milhões e temos hoje a nossa sede própria. Tenho certeza que vai ser muito importante para a Copercana e igual será para a população e para os cooperados e associados de Batatais. Esperamos que essa loja seja um sucesso e que este su- cesso, nos facilite a melhorar ainda mais a loja”, disse o presidente da Copercana e da Sicoob Cocred -Antonio EduardoTonielo. “Apesar das dificuldades devido a crise que vem atingindo nossa região, a Copercana através da sua diretoria e do trabalho dos seus funcionários que não para e está de portas abertas. Até fevereiro temos mais três lojas para serem inauguradas e vamos continuar trabalhando e crescendo”, afirmou di- retor da Copercana Pedro Esrael Bi- ghetti. Cooperados, associados e clientes de Batatais-SP e de toda região, passam a se beneficiar dos serviços oferecidos pelo Sistema Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e Sicoob Cocred Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana Endereço da loja: Av. Dr. Oswaldo Scatena, nº 461 - Centro - Batatais/SP
  • 18. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 18 “Essa loja é bem ampla, contamos com 500 metros quadrados onde os clientes vão encontrar além dos produ- tos que facilitam o dia a dia no campo, uma gama de mercadorias no magazi- ne. E o que a gente puder fazer para agradar e ajudar um cliente, vamos fazer”, disse o encarregado da Loja de Ferragem e Magazine de Batatais, Gilmar Donizete Cabral. “Estamos felizes porque este era um sonho antigo da diretoria de estar em Batatais para atender os cooperados da cidade e de toda a região. Além de implementos e insumos, a loja conta com uma linha completa em presentes, cama, mesa e banho”, destacou o ge- rente comercial da Copercana - Ricar- do Meloni. Autoridades e clientes falam sobre o que o investimento representa para a cidade. da e de muita credibilidade e chega a Batatais num momento onde amplia a concorrência, as opções, e isso é muito saudável. A cidade se enrique- ce com essa inauguração e certamente irá apoiar o investimento”, destacou o presidente do Conselho da Jumil, Ru- bens Morais. A variedade de produtos, o amplo es- paço e o atendimento foram destacados pelo encarregado da loja. Rubens Morais, presidente do Conselho da Jumil Gilmar Donizete Cabral, encarregado da Loja de Ferragem e Magazine de Batatais Ricardo Meloni, gerente comercial da Copercana Eduardo Oliveira, prefeito de Batatais Marilda Covas, vereadora de Batatais Luiz Carlos Tasso Júnior, superintendente da Canaoeste e conselheiro fiscal da Copercana “Estamos contentes em poder trazer uma filial da Canaoeste para Batatais, presenteando os associados da cidade e da região que terão assistência técnica, jurídica, e ambiental.Além disso, estare- mos disponibilizando, durante a semana, dois agrônomos da matriz para sentir- mos a necessidade do associado e pos- teriormente contratarmos um agrônomo de Batatais para cobrir toda a região”, disse o superintendente da Canaoeste e conselheiro fiscal da Copercana e Si- coob Cocred - Luiz Carlos Tasso Júnior. “A Copercana, assim como a Ca- naoeste, é muito bem-vinda ao nosso município. São pessoas sérias que estão no mercado há mais de 50 anos com a cooperativa, é uma honra para Batatais receber gente boa, trabalhadora, que acredita na cidade, acredita no trabalho e sustenta o país”, destacou o prefeito de Batatais, Eduardo Oliveira. “Fiquei surpresa ao ver uma loja desse porte sendo instalada na nossa cidade. Estou encantada com a quali- dade dos produtos que estão sendo co- locados à disposição dos agricultores e da população de Batatais. Desejamos que essa loja cresça ainda mais e que seja um sucesso”, salientou a vereado- ra Marilda Covas. “Vejo a Copercana com muita ad- miração. É uma cooperativa respeita-
  • 19. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 19 Notícias Copercana Colaboradores de Batatais e Sertãozinho Diretores e funcionários da Copercana e da Canaoeste com o padre Eloy Pupin (dir.) Após os pronunciamentos, o padre emérito de Batatais, Eloy Pupin, deu as bênçãos nas dependências e em seguida foram realizados os descerramentos das placas de inauguração.RC
  • 20. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 20 Campanha Copercana Premiada Fernanda Clariano P or mais um ano a Copercana surpre- ende os cooperados e clientes atra- vés da Campanha Copercana Pre- miada. Além de sortear dois carros Ford KA zero-quilômetro, foram distribuídas aproximadamente 600 mil “seladinhas”, premiando 800 clientes com vales-compra instantâneos. A campanha aconteceu entre 03 de novembro de 2014 a 13 de janeiro de 2015 e contou com um número expressivo de cupons participantes. O sorteio dos dois carros aconteceu no dia 14 de janeiro, na Loja de Ferragem de Sertãozinho-SP, com a presença do presi- dente da Copercana e da Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, do diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, do di- retor da Ortovel, Leonildo Peres, do ge- rente comercial da Copercana, Ricardo Meloni, do advogado, Gustavo Moro, do auditor, Moacir Roberti Garcia, do asses- sor de diretorias, Sérgio Sicchieri, além de colaboradores e clientes. Um dos carros sorteados saiu para Marta Aparecida de Souza Hermínio, de Sertãozinho, e o outro Ford KA para a cidade de Serrana, onde o ganhador foi Rodolfo Uzueli Carvalho. “Quando recebi a ligação avisando que eu era ganhadora, cheguei a pensar que fosse um trote, a gente fica muito surpresa, eu não acreditava, foi uma sur- presa muito boa”, afirmou Marta Apare- cida de Souza Hermínio. “Comecei 2015 com o pé direito e agradeço a Copercana por ter me dado a oportunidade de poder ganhar um prê- mio maravilhoso que é esse Ford KA”, disse Rodolfo Uzueli Carvalho. O presidente da Copercana falou so- bre o sucesso da campanha. “A cada ano a Copercana vem melhorando seus espa- Além do sorteio de dois carros zero-quilômetro, a campanha contemplou 800 clientes através da “seladinha” premiada, com vales-compra instantâneos ços físicos, a qualidade dos seus produ- tos e suas campanhas e o resultado posi- tivo que estamos tendo se dá através da soma de tudo isso. Quero cumprimentar os dois felizardos que ganharam os car- ros, eles já começaram o ano com sorte. O que a diretoria da Copercana espera é que os nossos cooperados e clientes con- tinuem confiando na cooperativa para que possamos fazer cada vez mais e me- lhor por eles”, salientou o presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo. “Estamos lisonjeados com essa cam- panha. Para nós da diretoria é um prazer ver que vem dando certo e está sendo um sucesso, contemplando os cooperados e clientes. Parabenizo todos os ganhadores e agradeço a confiança mantida na coo- perativa, que eles continuem nos presti- giando em 2015”, disse o diretor da Co- percana, Pedro Esrael Bighetti. “Essa campanha foi um sucesso, além dos dois carros zero-quilômetro sorteados, os clientes também foram contemplados através das “seladinhas”, com vales-compra instantâneos. Gosta- ria de salientar que essa campanha abran- geu todas as redes de supermercados da Copercana e se estendeu aos postos de combustíveis e às lojas pecuárias. Gos- taríamos de agradecer aos cooperados e clientes e dizer que logo estaremos ela- borando a próxima campanha de Natal e podem aguardar que faremos o possível pra que também seja um sucesso”, afir- mou o gerente comercial da Copercana, Ricardo Meloni. “É com muita honra que participa- mos desta campanha junto a Coperca- na. A Ortovel nasceu em Sertãozinho e está na cidade há quase 36 anos, e para nós é muito importante estarmos juntos. Essa campanha mobilizou um número bastante significativo de pes- soas, podemos ver pela quantidade de cupons participantes. Que esses carros sorteados possam trazer muitas alegrias aos ganhadores”, destacou o diretor da Ortovel, Leonildo Peres. Participaram do sorteio: Ricardo Meloni, Dr. Gustavo Moro, Leonildo Peres, Moacir R. Garcia, Antonio Eduardo Tonielo, Pedro Esrael Bighetti, Frederico Dalmaso, Sérgio Sicchieri e Márcio Zeviani O presidente e o diretor da Copercana com os ganhadores Marta Ap. S. Hermínio e Rodolfo Uzueli Carvalho RC
  • 21. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 21
  • 22. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 22 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Dezembro/2014 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 31 de dezembro de 2014.
  • 23. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 23
  • 24. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 24 O grito do setor O dia 27 de janeiro de 2015 en- tra para a história de Sertão- zinho-SP e de toda a região canavieira do Centro-Sul do País. Foi nesta data que representantes de toda a cadeia produtiva sucroenergética se uniram, em uma mobilização pacífi- ca, para pedir um basta às políticas do Governo Federal que priorizam com- bustíveis fósseis em detrimento do etanol e de outras alternativas limpas e renováveis, como a bioeletricidade, produzida a partir da palha e do bagaço da cana-de-açúcar, e cobrar a adoção de medidas imediatas que favoreçam a retomada dos investimentos e, conse- quentemente, dos empregos. Segundo o número oficial divulga- do pelos organizadores do movimento, mais de 15 mil pessoas, entre agri- cultores, empresários, sindicalistas, políticos, funcionários do comércio e de metalúrgicas, além de profissionais O Movimento pela Retomada do Setor Sucroenergético reuniu 15 mil pessoas em Sertãozinho, no dia 27 de janeiro, para reivindicar do Governo Federal medidas para reimpulsionar o crescimento e a volta dos empregos Igor Savenhago Reportagem de Capa liberais, não só de Sertãozinho, mas de vários municípios que baseiam a economia nas atividades do setor su- croenergético, participaram da passe- ata. A Copercana e a Canaoeste, que compuseram ativamente a organização do ato, estiveram representadas com diretores, funcionários, cooperados e associados das regiões onde mantêm filiais. O Sicoob Cocred também mar- cou presença. A mobilização é resultado do Pac- to Social pelo Emprego, constituído no final de 2014 por diversas entida- des com atuação em Sertãozinho para aliviar as dificuldades de renda en- frentadas por trabalhadores demitidos. Entre as ações, está a adesão de redes de supermercados, como a Copercana, que se comprometeram a comerciali- zar uma cesta básica sem margem de lucro, por R$ 69,90.
  • 25. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 25 Outros pontos que ficaram acordados foram a manutenção do valor corporati- vo do plano de saúde dos trabalhadores mesmo após eventual perda do emprego, criação de uma Câmara de Mediação, para reduzir as pressões causadas pelas demissões em massa, elaboração, pelo CEISE Br (Centro Nacional das Indús- trias do Setor Sucroenergético e Bio- combustíveis), de um contrato padrão de negociações, que oriente seus assso- ciados a buscar o diálogo antes de deci- dir promover uma demissão em massa, abertura para a renegociação de dívidas de empresas e pessoas físicas junto a ins- tituições bancárias e ampla divulgação do Programa de Assistência Judiciária da OAB, já em funcionamento. A prefei- tura suspendeu, durante 90 dias a partir do início da vigência do pacto, em 27 de dezembro de 2014, o ajuizamento de cobranças de débitos posteriores a 2011. De janeiro a dezembro de 2014, Sertãozinho teve um saldo negativo de 2.046 vagas de emprego, o que re- presenta diminuição de 178% na com- paração com 2013, quando o resultado havia sido positivo, de 2.617 postos de trabalho. Se levada em consideração apenas a indústria, o resultado foi ain- da pior, com 2.230 vagas a menos, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Mi- nistério do Trabalho). O protesto Para reduzir esse impacto, o grito pela Retomada do Setor Sucroenergético teve dois pontos de concentração, a partir das 7h30. No primeiro, na rotatória do Distrito Industrial, em frente à empre- sa Dedini, se reuniram, principalmente, metalúrgicos, empresários, presidentes e outros representantes de sindicatos e as- sociações, como a Força Sindical. Carros de som chamavam quem chegava para o expediente de trabalho a se juntar ao movimento. Perto do local, motoristas e produtores de cana preparavam trato- res e caminhões com faixas e bandeiras pedindo mais atenção à cadeia produti- va. Camisetas com recados como “Luto pelo Emprego” e músicas de incentivo também foram utilizadas. O produtor associado da Canaoeste Sérgio Galdiano, de Sertãozinho, capri- chou na amarração de tecidos em ver- de e amarelo num trator. Esperançoso, disse esperar mudanças políticas após a mobilização. “Hoje vai ser o dia. Vamos ver o que acontece, porque do jeito que está não pode ficar. Não sei como ainda conseguimos produzir”. Munido de um rádio comunicador e incansável na orientação aos partici- pantes, estava o metalúrgico Claudinei Gonçalves de Oliveira. Foi a partir de uma atitude dele que, segundo o pre- feito de Sertãozinho, Zezinho Gimenez (PSDB), a cidade começou a pensar no Pacto Social pelo Emprego. Sensi- bilizado com a situação de um amigo metalúrgico demitido recentemente, Oliveira bateu à porta da administração municipal para pedir um socorro que possibilitasse melhores condições aos desempregados. “Essa é uma luta de todas as enti- dades que se uniram e de- ram as mãos na luta contra o desemprego. Só tenho a agradecer por este mo- mento que está acontecen- do em Sertãozinho”, disse o metalúrgico. Os presidentes dos Sindicatos dos Metalúrgicos de Sertãozinho, Samuel Márcio Marchetti, de São José do Rio Preto-SP, Marcos Donizete Souza, e Piracicaba-SP, José Luiz Ribeiro, anun- ciavam, com microfones nas mãos, os motivos do manifesto. “Viemos apoiar porque em Rio Preto a situação está di- fícil também. Vamos começar esse ato por Sertãozinho, mas queremos esten- der depois para outras cidades”, afir- mou Souza. “É uma situação caótica. O Governo Federal destruiu esse setor, que é tão importante para a economia, para a geração de emprego e renda. É uma situação que se estende não só em Sertãozinho, mas Piracicaba, em todo o Brasil”, emendou Ribeiro. Enquanto isso, na Praça Thirso Pelá, próxima ao Hotel Ibis, na saída para Ri- beirão Preto, moradores de Sertãozinho ajudavam a formar mais um grande gru- po, do qual fizeram parte proprietários e funcionários do comércio, profissionais de serviços, outros sindicalistas, repre- sentantes de associações agrícolas e po- líticos que militam no setor sucroener- gético, como o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Pau- lo, Arnaldo Jardim (PPS-SP), deputados estaduais e federais. O presidente da Canaoeste e da Or- plana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul), Manoel Or- tolan, classificou o movimento como um momento histórico. “Nunca tivemos algo parecido, o que diz bem o tamanho do problema que estamos enfrentando: uma crise sem precedentes, com fechamento de mais de 80 unidades industriais, ou- tras tantas em recuperação judicial e in- dústrias dispensando sem parar. Enfim, algo que é, para nós, inexplicável face a grande contribuição que este setor já deu para o País e pode continuar dando”.
  • 26. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 26 Ortolan cobrou um programa para in- centivar a cadeia produtiva, que posicio- ne o etanol na matriz energética brasilei- ra e reconheça os benefícios da energia elétrica produzida nas usinas de cana. “Por causa dessa enorme contribuição do setor ao Brasil, viemos pra rua. Todo o setor está aqui para dizer ao Governo Federal que precisamos retomar a eco- nomia desse País e, sobretudo, a hege- monia que temos nesse setor”. O superintendente da Canaoeste Luiz Carlos Tasso Júnior entende que o ato ga- nha em importância por unir todos os elos da cadeia produtiva em torno de uma cau- sa. “Trabalhadores da indústria e do co- mércio, produtores de cana, todos juntos em prol do etanol, da energia e do açúcar, para acabar com as dificuldades do nosso setor. Não queremos subsídios, mas polí- ticas públicas para o setor. Trabalhar nós sabemos. Só temos que ter oportunidade e confiança de todo o Brasil”. Já o diretor da Copercana Pe- dro Esrael Bighetti lembrou que estão em jogo os milhares de empregos per- didos por conta das instabilidades eco- nômicas enfrentadas. “Muitas empresas estão fechando e isso está doendo no peito. Por isso, nós estamos nos prepa- rando para nos movimentar ainda mais, ir a Brasília”. De acordo com dados divulgados pela organização do movimento, a cri- se fez com que cerca de 80 usinas en- cerassem as atividades em todo o País, o que representou a extinção de mais de 100 mil postos de trabalho diretos e 300 mil indiretos. Para conter o avanço do desemprego, a Governança Corporativa da Cadeia Produtiva Sucroenergética, grupo que coordena uma série de ações em prol da cana-de-açúcar, considera o Movimento pela Retomada do Setor Sucroenergéti- co, realizado em Sertãozinho, o ponto de partida de uma grande marcha à capi- tal federal, prevista para logo depois do Carnaval. Para isso, foram programadas reuniões com governadores de Estados representativos na produção canavieira, que estão formando um grupo para bus- car o diálogo com o Governo Federal. Para o professor da USP (Universi- dade de São Paulo), em Ribeirão Preto, Marcos Fava Neves, o movimento atin- giu o sucesso esperado. “Fazia tempo que eu não via tanta gente junta assim, de todos os setores, da cadeia produtiva inteirinha. Quem sabe, com isso, a gente volte a gerar valor no Brasil e, com o va- lor dessas pessoas todas aqui unidas, que a cegueira do Governo saia. Acho que foi maravilho, muito acima do que eu esperava. Estou contente de estar aqui”. Visão parecida teve o diretor da Fenasucro Gabriel Godoy. “Nós parti- cipamos da cadeia produtiva, na parte comercial, e, se o setor não vai bem, também sentimos. Por isso, estamos to- talmente solidários ao ato. Nunca vi um movimento tão grande como esse. Está de parabéns o pessoal da organização”. Paulo Roberto Artioli, diretor agrí- cola da Tecnocana, empresa fornecedo- ra de cana com sede em Macatuba-SP, acredita que a manifestação foi feita em momento oportuno. “Temos que fazer alguma coisa para alertar o Governo, porque, caso contrário, vai ser impos- sível permanecer naquilo que fazemos tão bem feito”. Rodovias bloqueadas Às 8 horas, meia hora após o início da concentração, a Polícia Militar já havia bloqueado parte das rodovias Armando Salles de Oliveira (SP-322), que atra- vessa Sertãozinho, e Carlos Tonani (SP- 333) – que dá acesso a Ribeirão Preto, de um lado, e Barrinha e Jaboticabal, do outro. A manifestação terminou no en- troncamento das duas vias, com a leitura de uma carta elaborada pelas entidades organizadoras com as reivindicações ao Governo Federal em prol do setor. Um congestionamento de 1,5 quilômetro chegou a ser registrado na Rodovia Má- rio Donegá (SP-291), para onde o trân- sito foi desviado. Todos os acessos dos sertanezinos a Armando Salles também foram interditados. Nenhum incidente foi registrado, o que, segundo Carlos Roberto Liboni, secretário de Indústria e Comércio de Sertãozinho, que coorde- nou a organização do ato, demonstrou o civismo dos participantes. “A população de Sertãozinho e da região, que nos atendeu, deu uma mos- tra de absoluto respeito. O pessoal veio, caminhou, cantou o Hino Nacional, deu o recado da sua preocupação, da insa- tisfação com a forma com que o setor sucroenergético tem sido tratado pelo Governo Federal. Eles cobraram, tra- zendo suas faixas, para que isso chegue de verdade aos ouvidos e aos olhos de quem realmente tem que ter cuidado com esse setor, que é um patrimônio nacional. Não podemos permitir que ele seja dilapidado pelas políticas públicas que estão aí”, afirmou. Com as pistas livres, o primeiro gru- po, com as máquinas à frente, saiu em Manoel Ortolan discursa para o público Manoel Ortolan e Pedro Esrael Bighetti O produtor Fernando dos Reis com Luiz Carlos Tasso Júnior
  • 27. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 27 Reportagem de Capa marcha por dois quilômetros, até encon- trar o segundo pelotão. As duas faixas da SP-322 foram ocupadas. Conforme o protesto avançava, mais gente ia se juntando. Após mais dois quilômetros percorridos, a Rodovia Carlos Tonani foi tomada pelos manifestantes. Até as 10h30, horário aproximado do fim do movimento, o comércio ficou fechado e as indústrias liberaram seus funcioná- rios para acompanhar em passeata. Para o presidente do CEISE Br, An- tonio Eduardo Tonielo Filho, a partici- pação de todas as categorias envolvidas com o setor é fundamental para pressio- nar o Governo Federal visando à retoma- da do crescimento. “Os governos, infe- lizmente, não agem. Eles reagem. Então, nós temos que mostrar que estamos so- frendo, que o trabalhador está sofrendo. Esse movimento é um grande começo para que possamos chegar a Brasília”. A adesão em peso também foi des- tacada pelo secretário estadual de Agri- cultura, Arnaldo Jardim. Segundo ele, as manifestações não são uma novida- de, mas a de Sertãozinho apresentou duas diferenças fundamentais. “Toda a cadeia produtiva está representada, mostrando a dimensão do movimento. Além disso, é um momento de decisão, importante para o setor. Portanto, essa mobilização faz bem ao nosso setor produtivo, à população e ao Estado de São Paulo”. Organização e participação O Movimento pela Retomada do Se- tor Sucroenergético foi uma realização da Prefeitura e da Câmara de Sertãozi- nho, do CEISE Br, dos Sindicatos dos Metalúrgicos, do Comércio (Sincomér- cio) e dos Comerciários (Sincomerciá- rios) de Sertãozinho, da Força Sindical, da Copercana e da Canaoeste, da ACIS (Associação Comercial e Industrial de Sertãozinho), do Sindinap (Sindicato Na- cional dos Aposentados e Pensionistas), da OAB (Ordem dos Advogados do Bra- sil) e da Amasert (Amigos Associados de Sertãozinho). E contou com o apoio da UNICA (União da Indústria da Cana- -de-Açúcar), da Governança Corporativa da Cadeia Produtiva Sucroenergética, da Coplacana (Cooperativa dos Plantado- res de Cana do Estado de São Paulo), da Coopercitrus (Cooperativa de Produtores Rurais) e do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentos. Um dia antes do movimento, repre- sentes de várias dessas entidades ocupa- ram a tribuna da Câmara para convocar a população de Sertãozinho e região a participar. Durante a sessão extraordi- nária, foi instalada, conforme projeto apresentado pelo vereador Nilton César Teixeira (PPS), o Niltinho, uma Co- missão Parlamentar para a discussão de assuntos relevantes envolvendo o setor sucroenergético. Uma proposta que, na opinião do presidente da Casa de Leis, Silvio Blancacco (PSDB), se justifica, tendo em vista a situação delicada atra- vessada pelos municípios que dependem da cana-de-açúcar. Ele disse que não se pode esquecer que a cadeia sucroenergé- tica brasileira emprega 2,5 milhões de trabalhadores e responde pela produção de US$ 43 bilhões em riquezas por ano. “A crise que atinge o setor afeta a indús- tria, o comércio e a própria arrecadação municipal, fazendo com que os muníci- pes sofram com o desemprego”. Só nos últimos dois anos, a Prefeitu- ra de Sertãozinho deixou de arrecadar cerca de R$ 30 milhões em tributos mu- nicipais. Há uma década, a cidade, que já ocupou o quarto lugar em qualidade de vida no índice de desenvolvimento da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), aparecia entre os 100 maiores PIBs brasileiros. Atualmente, está entre as que menos empregam no Estado de São Paulo. Insatisfação O grito de alerta iniciado na Câmara continuou sobre o trio elétrico que con- duziu a multidão durante o ato. O presi- dente da OAB em Sertãozinho, Joanílson Barbosa dos Santos, declarou que “o go- verno só acorda quando o povo levanta”. Os representantes das entidades or- ganizadoras se juntaram a parlamen- tares que defendem o setor sucroener- gético. O deputado estadual Welson Gasparini (PSDB), um dos coordenado- O secretário Arnaldo Jardim foi acompanhado por Claudia Tonielo Sessão da Câmara instaurou comissão em prol do setor
  • 28. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 28 Já foram muitas as tentativas rea- lizadas pelas diversas entidades re- presentativas do Setor Sucroenergé- tico, para sensibilizar o Governo das dificuldades de sobrevivência dian- te das políticas macroeconômicas implementadas nos últimos anos. Mesmo diante da importância estra- tégica das reivindicações do setor, e dos esforços das autoridades em atendê-las, nenhuma dessas inicia- tivas impediu que essa crise inédita nos alcançasse. MOVIMENTO PELA RETOMADA DO SETOR SUCROENERGÉTICO Ato público realizado em 27 de janeiro de 2015, na cidade de Sertãozinho (SP), em caminhada pelas rodovias Armando de Salles Oliveira e Carlos Tonani. Entendemos, por exaustão, que a solução para buscarmos o respeito que o setor precisa para sobreviver é colocar estas reivindicações, através dos trabalhadores, que mais sofrem esses impactos. Este setor, que representa 2,5 mi- lhões de empregos e envolve mais de 10 milhões de brasileiros, distribu- ídos em mais de 1.000 municípios, conta com mais de 80 mil fornece- dores de cana e 4 mil indústrias de base, está vivendo momentos de grande risco. Por isso, este movimento, promovido no coração da cadeia produtiva, tem o objetivo de denunciar que já são mais de 80 usinas fechadas, além do prejuízo da produção de combustíveis e energia, o que significa, também, o estrangulamen- to de centenas de indústrias de equipa- mentos, serviços e comércio, que sobre- vivem desta cadeia produtiva, e que já provocaram mais de 300 mil demissões. res da Frente em defesa da cana na As- sembleia Legislativa, espera que o pro- testo tenha deixado um recado para que a Presidente Dilma Rousseff se sensibi- lize. “Esse movimento, que parou Ser- tãozinho e repercute em toda a região, vai repercutir muito mais em Brasília. E que, com isso, o Governo Federal possa dar, imediatamente, apoio ao setor”. Já o deputado federal Mendes Tha- me (PSDB) afirmou que o setor não aguenta mais esperar medidas eficazes. “Não é o momento para discutir o que fazer. É um momento em que já se sabe o que fazer. O setor sabe, o Governo sabe, os trabalhadores sabem. O que nós precisamos é de decisão”. O deputado federal Paulo Pereira da Silva (Partido Solidariedade), o Pau- linho da Força, considera um crime o cenário em que se encontra o setor. “É hora de juntar trabalhadores, empresá- rios, políticos da região, enfim, todos aqueles que querem o bem do Brasil, e transformar o setor da cana no que era antes. Um setor que se desenvolvia, ti- nha empregos, servia de exemplo para o mundo”. Após os discursos, foi feita a lei- tura da carta com as reivindicações (veja abaixo). O secretário estadual de Agricultura, Arnaldo Jardim, prome- teu entregá-la ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), para entusiasmo do presidente da Feplana (Federação dos Plantadores de Cana do Brasil), Paulo Leal. “Esse movimento vai surtir efeito com toda certeza, porque agora temos, no Governo do Estado de São Paulo, o deputado Arnaldo Jardim como secre- tário da Agricultura. Ele vai receber a carta de reivindicações do setor e, com certeza, o Estado vai assumir essa ban- deira para o Brasil”. Zezinho Gimenez, prefeito de Ser- tãozinho, considera o movimento como o mais importante dos já realizados em prol do setor sucroenergético. “Estamos cansados de ver a Petrobras todos os dias na televisão com escândalos. Em todos os lugares, a gente vê escândalos. E o nosso setor, que produz, está sendo encostado, jogado no lixo por não ter políticas públicas bem definidas”.Arnaldo Jardim com o prefeito de Sertãozinho, Zezinho Gimenez, durante a leitura da carta Divulgação/Prefeitura de Sertãozinho
  • 29. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 29 É necessário que as autoridades ouçam o que temos a dizer e tomem ações indispensáveis: 1. Medidas que garantam a justa remuneração do etanol aos seus produtores, via políticas transparentes de preços públicos, que recuperem o equilíbrio econômico- financeiro de sua industrialização; 2. Medidas que possibilitem a recuperação da oferta agrícola de açúcar, com preços justos aos seus fornecedores, e que permitam resgatar a produtividade dos canaviais, prejudicados pela falta de investimento, além das enormes perdas com o rigor climático das últimas quatro safras; 3. A valorização das externalidades do etanol na montagem da matriz energética brasileira e nas regulações do mercado de combustíveis, com uma expectativa clara e transparente da produção do álcool carburante que o Brasil necessita; 4. A priorização da cogeração de energia elétrica a partir das usinas, no interesse energético nacional, com leilões específicos por região e fonte, contribuindo, assim, a minimizar os apagões fósseis e hídricos; 5. Investimento em tecnologia por parte da indústria automotiva, que aumente a eficiência do etanol nos motores flex; 6. Investimentos públicos na retomada do crescimento, buscando recuperar a participação percentual do setor sucroenergético no PIB nacional; 7. Projetos socioeconômicos de qualificação e requalificação, para recuperação de 300 mil postos de trabalho fechados ao longo dos últimos anos. Sertãozinho, 27 de janeiro de 2015 Prefeitura de Sertãozinho, Sindicato dos Metalúrgicos, Força Sindical, CEISE Br, ACIS, SINCOMÉRCIO, Canaoeste, Câmara Municipal, SINDINAP, OAB, AMASERT, SINCOMERCIÁRIOS, Copercana, UNICA, Coopercitrus, Coplacana e Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentos de Sertãozinho.RC
  • 30. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 30
  • 31. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 31 Destaque I Arnaldo Jardim promete manter atenção no setor sucroenergético ao assumir Secretaria de Agricultura de São Paulo C om novo comandante des- de o dia 8 de janeiro, a SAA (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo) pretende fortalecer os institutos e coorde- nadorias ligados à pasta e dar prioridade a setores em dificuldades, como o sucro- energético. Foi isso o que garantiu o novo secretário,Arnaldo Jardim (PPS-SP). Ele assumiu o cargo em substituição a Mô- nika Bergamaschi, que ficou à frente da secretaria durante três anos e sete meses. Em solenidade que lotou o salão no- bre da SAA, no centro de São Paulo-SP, e durou mais de duas horas, foi lançado, também, o relatório de sustentabilidade da agricultura paulista, desenvolvido du- rante a gestão de Mônika. Um trabalho elogiado durante o discurso de posse por Jardim, que prometeu, ainda, um grande esforço para oferecer segurança jurídica aos agricultores paulistas. Para ele, que se licenciou do man- dato de deputado federal, para o qual havia sido eleito pela terceira vez, com 155.278 votos, e, com isso, da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético no Congresso Nacio- nal, a gestão da antecessora foi extre- mamente importante, mas houve o en- tendimento, no Governo Estadual, de que o cargo deveria ser ocupado, a partir de 2015, por alguém que transite entre questões técnicas e políticas. “Tínhamos a percepção de que se poderia integrar mais os institutos, de Região de Ribeirão Preto amplia força no Governo Paulista com Duarte Nogueira Júnior, que tomou posse como secretário de Transportes e Logística Igor Savenhago você fazer com que eles estejam mais vinculados à produção, e que o secretá- rio da Agricultura possa se pronunciar sobre fatos nacionais que influenciam São Paulo e o país. Foi uma decisão do governador de fazer com que a secreta- ria passasse a ter tal delegação. E isso me encheu de entusiasmo”, afirmou o novo secretário. A posse foi acompanhada por par- lamentares estaduais e federais, de di- ferentes partidos, outros secretários do Governo Paulista e produtores rurais de várias regiões do Estado. Entre eles o presidente da Copercana e da Sicoob Cocred, Antônio Eduardo Tonielo, que desejou sorte a Jardim na condução das demandas agrícolas. “Ele é um homem muito ativo, preocupado com tudo o que acontece dentro do agronegócio. Com isso, quem ganha é sempre o produtor”, declarou Tonielo. A troca de Mônika, que havia coman- dado a ABAG-RP (Associação Brasileira do Agronegócio em Ribeirão Preto-SP) durante uma década, por Jardim, que é de Altinópolis-SP, mantém a região que mais produz cana, açúcar e etanol no pla- neta em destaque. E também porque ela ganha mais um representante no Executi- vo Paulista. Um dia antes da cerimônia na Agricultura, tomou posse o novo secretá- rio de Transportes e Logística do Estado, Duarte Nogueira Júnior (PSDB-SP), que também é de Ribeirão Preto-SP. DESAFIOS Entre os principais desafios de Ar- naldo Jardim está uma integração com a Secretaria de Meio Ambiente para a im- plantação do PRA (Programa de Regu- larização Ambiental), recém-aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado. Após muita discussão, que durou cerca de oito meses entre deputados da base aliada e da oposição, o programa foi aprovado no dia 10 de dezembro, após acordo que definiu as questões de maior embate. O PRA, que parte agora para regulamentação, deverá ampliar de 17% para 24% a cobertura vegetal do Estado, com acréscimo de 1,7 milhão de árvores. A crise hídrica enfrentada em todo o território paulista também está, se- Arnaldo Jardim prometeu fortalecer institutos e coordenadorias da secretaria Corredor que dá acesso ao salão nobre também ficou tomado Fotos: Divulgação/Secretaria de Agricultura
  • 32. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 32 O novo secretário disse que irá cobrar do Governo Federal medidas para o setor sucroenergético gundo Jardim, na pauta de urgências e irá integrar estratégias conjuntas de três secretarias: além de Agricultura e Meio Ambiente, a de Recursos Hídricos. O novo secretário reconhece que a situa- ção é “muito séria”, o que na visão dele confirma as previsões de que o mundo enfrentaria dificuldades climáticas de- correntes do aquecimento global. Esse cenário, segundo ele, aumenta a impor- tância de produtos limpos e renováveis, como o etanol. “A defesa do nosso eta- nol faz parte de um novo padrão de ener- gia e transportes, que vai ao encontro da necessidade de encerrarmos o ciclo da agricultura fóssil, da energia de base fós- sil. Então, o etanol veio para ficar”. Por este fator, a região de Ribeirão Preto terá uma “relevância imensa” du- rante a gestão, já que é a maior produtora agrícola do Estado. Além de desenvol- ver ações para beneficiar as áreas cana- vieiras, Jardim afirmou que continuará acompanhando as ações da Frente Parla- mentar Federal que presidia. “Eu fiquei muito dividido. Eu tive dúvidas. E mui- tas pessoas tiveram dúvidas. Eu recebi abraços de cumprimentos e recebi, tam- bém, confesso, abraços de lamentação. Disseram “puxa, Arnaldo, você fez um bom trabalho, a Frente precisa estar mais atuante do que nunca”. Acho que isso vai ser compensado pela minha posição como secretário da Agricultura”. Nesse sentido, um dos objetivos é dinamizar a atuação da Frente Parlamentar Estadual, que defende o setor sucroenergético na Assembleia Legislativa. Sobre as cobranças feitas ao Gover- no Paulista de que poderia haver uma antecipação na reservação de água, o que evitaria a falta do recurso, Jardim afirmou que isso não encontraria respal- do. “Pessoas diriam que outras questões seriam mais urgentes e mais imediatas. Então, prefiro olhar pra frente. Acho que toda essa crise hídrica que estamos vi- vendo impõe uma necessidade de rever- mos a política com relação às fontes e aos mananciais, termos uma política de cuidados com relação ao assoreamento, aprofundarmos a atenção às matas ci- liares e termos uma disciplina maior no que diz respeito ao uso de recursos para irrigação e para outros fins”. O novo secretário saudou a nova mi- nistra da Agricultura, Kátia Abreu, e dis- se que irá continuar tentando dialogar com o Governo Federal para a tomada de medidas que reimpulsionem o agronegó- cio, cobrando prioridade para setores em dificuldades, especialmente o sucroener- gético. “Vamos ser solidários, mas tam- bém críticos quando sentirmos que ela [Kátia] perde força no Governo, quando não consegue fazer prevalecer os inte- resses do setor da cana, para mencionar um deles. Nesse caso, não vamos pedir o empenho dela. Se não houver empenho, vamos pressionar para que isso ocorra”. Histórico no setor Arnaldo Jardim é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e tem um histórico de atuação nos setores de agri- cultura, energia, meio ambiente e desen- volvimento. O início na política foi em 1982, com 27 anos, quando participou da campanha que elegeu Franco Monto- ro como governador de São Paulo. Quatro anos mais tarde, foi eleito deputado estadual, cargo para o qual foi reconduzido em 1991, como líder do Governo na Assembleia Legislativa. No ano seguinte, assumiu a Secretaria de Estado da Habitação, onde ficou até 1993. Em 1999, foi novamente eleito de- putado estadual. Em 2001 e 2002, foi presidente esta- dual do PPS (Partido Popular Socialis- ta), ao qual é filiado e do qual é membro da Executiva Nacional e do Diretório Estadual. Em Brasília, como deputado federal, foi titular da Comissão de Mi- nas e Energia e integrou as comissões de Ciência e Tecnologia, Desenvolvi- mento Urbano, Viação e Transportes e a Comissão Mista do Orçamento. Desde 2013, presidia a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético. A experiência adquirida na cadeia produtiva canavieira esteve em evidên- cia durante a posse como secretário da Agricultura.Jardimclassificouasituação dos produtores, empresários e de todos os que dependem de empregos no setor, como “dramática”. “Mais de 60 usinas fechadas e outras quase 70 em recupera- ção judicial, colocando em risco um pa- trimônio importante do povo brasileiro. Nós, da secretaria, esperamos continuar contando com a parceria sistemática da bancada federal, pela forma com que tem se conduzido no Congresso Nacio- nal. E, com certeza, juntamente com de- putados estaduais, iremos à Assembleia de São Paulo pedir mais recursos para a Agricultura. E vamos trabalhar também para que os nossos institutos sejam for- talecidos e dinamizados”. Ele ainda destacou que a agricultura de São Paulo se confunde com a histó- ria agrícola do país e, por isso, setores como o sucroenergético não podem ficar esquecidos. Nesse aspecto, lembrou dos parques industriais de Sertãozinho-SP e Piracicaba-SP, que sofrem os efeitos das instabilidades econômicas. “Quem de nós olha para o setor canavieiro e não sabe do orgulho que foi a Dedini, a Zanini? Do orgulho que temos com a TGM, de Ser- tãozinho-SP, como entidades vinculadas e que hoje enfrentam grandes desafios?”. Presenças A solenidade de posse lotou o salão nobre da Secretaria de Agricultura, no centro de São Paulo. Entre os presentes, estiveram o vice-governador do Estado, Márcio França, que representou o go- vernador Geraldo Alckmin, deputados estaduais e federais, outros secretários estaduais, prefeitos de vários municípios e dirigentes de entidades representativas do agronegócio paulista.Além de França e de Jardim, ocuparam a tribuna o pre- feito de Campinas, Jonas Donizete; Alex Manente, deputado federal pelo PPS; o presidente nacional do PPS, Rober- to Freire; além de Roberto Rodrigues, presidente do Conselho Deliberativo da UNICA (União da Indústria da Cana-de- -Açúcar) e ex-ministro da Agricultura, e de Mônika Bergamaschi. Jardim recebeu os cumprimentos de autoridades que prestigiaram a solenidade
  • 33. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 33 Rodrigues defendeu duas questões: a primeira foi o direito à propriedade, que ele considera fundamental para o bem da nação. “Não existe progresso, desenvol- vimento, crescimento sem confiança que permita investir no País, em qualquer setor. Ninguém vai comprar uma fábri- ca, uma farmácia, uma indústria, um su- permercado se correr o risco de ter isso tomado sem qualquer razão. Por isso, o direito de propriedade, que é garantido pela Constituição Federal, não pode ser relativizado. É essencial”. O segundo ponto abordado foi a função social da terra. “O que isso significa? Que a terra tem que ser produtiva”. O ex-ministro parabenizou o trabalho desenvolvido por Mônika Bergamaschi e desejou boas-vindas a Jardim. “Isso aqui é uma festa da democracia, que im- plica em alternância de poder. Democra- cia e alternância podem trazer alegrias e tristezas. Mônika foi a melhor aluna que eu tive em mais de três décadas de ma- gistério na Unesp de Jaboticabal. Uma grande patriota, tecnicamente bem infor- mada e uma lutadora defendendo o setor rural. Mas, também, vem esse craque que é o Arnaldo Jardim, outro brasileiro fantástico, que nunca deixou de traba- lhar com a verdade, com a honestidade em defesa do setor”. Davi Zaia, deputado estadual pelo PPS, esteve presente e conversou com a reportagem da Canavieiros. Ele afirma que vê a situação do setor sucroenergé- tico com preocupação, ainda mais por- que o Governo Federal tem demorado para tomar as medidas que permitam uma mudança no cenário. Para Zaia, a indicação de Jardim para a Secretaria de Agricultura é importante por causa da capacidade de articulação política do novo secretário. “Acho que é um mo- mento de comemorar, pela experiência e pelo conhecimento que ele tem. Isso, sem sombra de dúvidas, é um alento para todos nós que temos lutado em defesa do setor sucroenergético”. O diretor-executivo da ABAG-RP, Marcos Matos, lembrou da atuação de Jardim na Frente Parlamentar Federal pela Valorização do Setor Sucroener- gético e disse que o prestígio da cadeia canavieira pode crescer com a indicação do novo secretário. “Ele entende quais foram as variáveis que impactaram ne- gativamente em todo o setor e como pode trabalhar não só em âmbito esta- dual, mas nacional. E nós ficamos muito confortáveis com essa liderança”. Matos acredita que a nomeação de dois secretários da região de Ribeirão Preto irá facilitar o desenvolvimento de projetos integrados. “Nós sabemos que o secretário da Agricultura, em contato com o novo secretário da Logística e Transportes, o deputado Duarte Noguei- ra, vai poder pensar em melhorias não só para o agronegócio, mas para o Estado como um todo”. Após os discursos, foi feito o descer- ramento da placa com a foto de Môni- ka Bergamaschi, incluída na galeria dos que ocuparam o cargo máximo da Agri- cultura no Estado. Mônika A Secretaria de Agricultura e Abas- tecimento de São Paulo completa, em 2015, 123 anos de existência. Atualmen- te, de acordo com dados informados por Mônika durante o discurso de transmis- são do cargo, são cerca de cinco mil fun- cionários, que mantêm 1420 linhas de pesquisa em andamento. Ainda segundo ela, em todo o território paulista, que ocupa 3% da área total do país, existem 325 mil propriedades rurais, com média inferior a 60 hectares cada. Números que fazem de São Paulo responsável por 20% das exportações do agronegócio brasileiro e líder nacional na produção de cana, açúcar, etanol, bioeletricidade, laranja, suco de laranja, borracha natu- ral, flores, ovos e cogumelos. Após um trabalho de três anos e sete meses à frente da Secretaria, Mônika disse que a dimensão do setor agrícola foi um dos motivos que a estimularam a assumir o desafio. “O outro foi o amor à agricultura”. Ela se emocionou ao falar do apoio que recebeu da família e dedi- cou “cada minuto dessa longa jornada” aos agricultores. Lamentou não ter con- seguido impedir os efeitos da maior crise hídrica da história paulista e nem os pro- blemas enfrentados pelas cadeias produ- tivas da laranja e da cana-de-açúcar. Antes de entregar o cargo, fez o lan- çamento do Relatório de Sustentabili- dade 2011-2014, um trabalho inédito desenvolvido pela Secretaria da Agri- cultura e que seguiu as diretrizes da GRI (Global Initiative Report), instituição in- dependente e sem fins lucrativos com es- trutura para medir, em âmbito mundial, o desempenho econômico, ambiental e social de empresas, órgãos públicos e or- ganizações não-governamentais. O relatório aponta, detalhadamente, as ações desenvolvidas nos últimos quatro Descerramento da placa com a foto de Mônika Bergamaschi na galeria de secretário da Agricultura Durante o discurso, Mônika fez o lançamento do relatório de sustentabilidade do agronegócio paulista O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, falou do direito à propriedade Mônika recebeu os cumprimentos de Jardim pelo trabalho conduzido à frente da secretaria
  • 34. Revista Canavieiros - Janeiro de 2015 34 anos e os investimentos feitos visando melhorar o desempenho do agronegócio no Estado. “A secretaria faz o importante exercício da comunicação, ao medir, di- vulgar com transparência e prestar contas do seu desempenho, voltado para a oferta de soluções enquadradas nas dimensões que alicerçam o conceito de sustentabili- dade”, declarou Mônika. Duarte Nogueira Em 7 de janeiro, um dia antes da pos- se de Arnaldo Jardim, o deputado federal Duarte Nogueira Júnior, outro contumaz defensor do setor sucroenergético, tomou posse como secretário estadual de Trans- portes e Logística. Entre as medidas des- tacadas por ele, para serem implantadas no Estado e que podem beneficiar a pro- dução de cana de-açúcar e subprodutos, estão obras viárias e a implantação do ter- minal internacional de cargas no aeropor- to Leite Lopes, em Ribeirão Preto. Além da remodelação no trevo Wal- do Adalberto da Silveira, conhecido como Trevão, em Ribeirão Preto-SP, entregue recentemente, o secretário faz referência a obras de duplicação, reca- peamento e pavimentação em andamen- to nas Rodovias Abrão Assed (SP-333), Cândido Portinari (SP-334) e Prefeito Fábio Talarico (SP-345), além de cons- trução de uma ponte sobre o Rio Pardo na Rodovia Dona Genoveva Lima de Carvalho Dias (SP-373). No aeroporto Leite Lopes, a implan- tação do terminal de cargas está sendo operacionalizada pela empresa Tead. Será o primeiro da rede administrada pelo DAESP (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) a oferecer o segmento internacional de cargas aéreas, hoje operado pela Infraero. No mesmo aeroporto, está previsto um pacote estimado em R$ 443 milhões, que deverá ser executado conjuntamente por Governo Federal, Estadual e Prefeitura de Ribeirão Preto e que prevê ampliação do terminal de passageiros, construção de novo pátio para aeronaves, deslocamento da pista, implantação de passagem infe- rior na Avenida Thomaz Alberto Whately e adequação do sistema viário. A nomeação de Nogueira para a se- cretaria abriu vaga para que o suplente Mendes Thame (PSDB-SP), que tam- bém representa o setor sucroenergético, assuma como deputado federal. Um dia antes da posse de Jardim, Duarte Nogueira assumiu a Secretaria de Transportes e Logística Nogueira destaca as obras em andamento nas rodovias e melhorias previstas para o aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto-SP RC Fotos: Divulgação/Secretaria de Transportes