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Costa Valéria Vicente
Janeiro de 2011
Profs. Kiran Giordani Gorki, Renata Muniz, Adely
É importante saber que, desenvolvida a potencialidade
física do (a) bailarino (a), os limites a serem vencidos
não são os articulares, pois estes implicam lesões, por
vezes graves, caso não sejam respeitados, mas sim os da
criatividade e capacidade de expressão. (TELLES,
2003:79)
Oficina Trançados Musculares
Aula 03
Ensino do frevo
Conteúdo abordado:
•História do frevo
•Processo de escolarização do frevo: métodos de ensino do frevo
VICENTE, Ana Valéria. Entre a ponta de pé e o calcanhar: Reflexões sobre como
o frevo encena a nação, o povo e a dança no Recife. Recife: ed. UFPE, Olinda:
Associação Reviva, 2009.
•Princípios pedagógicos
MARQUES, Isabel A. Linguagem da dança: arte e ensino. São Paulo: Digitexto, 2010.
•Diálogo com o Método Nascimento do Passo
MAGILL, R.A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Blücher, 1984.
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História
do frevo
História do frevo
Tradição Mudança
No corpo que dança, as discussões sobre arte e
cultura são atualizadas na prática diária, pela
necessidade de resolver questões que o
movimento impõe a um corpo que não é
folclórico e, sim, constante mudança,
negociação, desejo.
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História do frevo
A folclorização apresenta-se como forma recorrente de controle
das produções artísticas populares. Através do enquadramento
enquanto folclore, todo objetivo social é voltado para preservação
de supostas origens e formatos arbitrariamente codificados.
Mecanismo identificado:
na compreensão da dança frevo no início do século
na consolidação do Balé Popular do Recife, na década de
1980
Manter a Tradição não significa não realizar mudanças. Ao
contrário, para manter uma tradição viva é preciso mantê-la em
conexão com o seu tempo e sua comunidade.
História do frevo
Origem do frevo
Quem dançava o frevo
Como a dança se estruturou
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Escolarização
do frevo
escolarização do frevo
Organização da dança frevo
Nascimento do Passo
Passista de rua
Aprendizado informal
Desenvolvimento para concurso e apresentações
Posterior desenvolvimento para ensino formal
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escolarização do frevo
Organização da dança frevo
Balé Popular do Recife
Atores e produtores
Aprendizado através de pesquisa
Desenvolvimento para criação de uma estética de espetáculos
escolarização do frevo
Como a história do frevo se reflete no nosso trabalho
Como artista:
Estrutura de trabalho
Remuneração
Reconhecimento
Como professor:
Práticas intuitivas
Utilização de cópia do movimento como principal ferramenta de transmissão
Pouco conhecimento sobre como criar uma progressão para o ensino
Falta de estrutura
Ausência de conservatórios
Indefinição das escolas
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escolarização do frevo
Método Nascimento do Passo
• O frevo ensinado por Nascimento do Passo pode ser
considerado como tradução do frevo de rua que existia no
Recife até então.
• Egídio Bezerra, Coruja e, principalmente, Sete Molas, foram
passistas observados por Nascimento do Passo nas décadas de
1950 e 1960.
• O Método Nascimento do Passo de ensino de frevo utiliza o
processo de repetição de movimentos como base principal.
• O aprendizado dos movimentos é baseado no
acompanhamento rítmico do frevo, o que facilita a execução
dos mesmos e, ao final da aula, estimula-se o envolvimento
dos movimentos com as dinâmicas da música, através de
improvisação com os movimentos.
• O aquecimento corporal para as aulas é realizado a partir da
articulação lenta de alguns movimentos do próprio frevo.
• O ensino dos passos segue a lógica de proximidade entre
movimentos, que ele chama de “família de passos”.
escolarização do frevo
Método Nascimento do Passo
Subdivisões do método
Famílias : São movimentos que podem ser ligados a outros, partindo de seu
desenho e buscando uma sequência lógica entre si, abrindo espaços para a geração
de vários outros. Ex:
Cruzados
Ponta de pé – calcanhar
Pontinha de pé
Variantes – Alterações de movimentos já existentes gerando novos passos
Modalidades - São formas de dançar e de se movimentar
•Ginasta no Passo;
• Passo do Mamulengo;
• Passo do Capoeira;
• Passo do Bêbado;
• Passo da Criança;
• Passo da Mulher Pernambucana;
• Passo do Carancolado.
•Cinquentão
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escolarização do frevo
Método Brasílica – Balé Popular do Recife
• Releitura de Nascimento do Passo e do passista Coruja, em 1976
• Espacialidade: Instituiu a relação frontal com o público como eixo
coreográfico, e a disposição do elenco no palco está sempre conectada
à intenção de que todos os bailarinos possam ser vistos de frente.
• Expressão facial: máscara facial de alegria.
• Amplitude: Os movimentos teriam que ser amplos e exagerados.
• Uníssono: A constante presença de muitos dançarinos em cena, e o
uso de coreografias em uníssono
• Dinâmica: Emendam um movimento no outro, sem ginga ou muganga,
• As evoluções em conjunto se relacionam em geral com a marcação
rítmica (binária) da música
• Postura: os movimentos agachados passaram a ser executados com as
pernas fechadas e houve ênfase no centro de leveza (tórax) ao invés do
centro de gravidade (quadris).
• Saltitar: Ao contrário do frevo de Nascimento do Passo, que utiliza os
pés deslizando no chão, BPR realiza os movimentos de frevo de forma
saltitante.
escolarização do frevo
Na década de 1990, os experimentos dos artistas
reorganizaram formas diferentes de dançar frevo que
permitem ver a evolução técnica, a exemplo do domínio da
transferência de peso, das possibilidades de variação do uso do
peso do corpo, decorrente desse trabalho. Essas
transformações não ficam restritas aos espetáculos de dança e
adentram as interpretações individuais do frevo nos carnavais
e grupos de dança da periferia.
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Princípios
pedagógicos
Princípios pedagógicos
"O grande desafio da Didática atual é justamente repensar, pesquisa e
propor formas de ensino para danças “tradicionais” que sejam
condizentes com as propostas contemporâneas de educação."
(Marques, 2010:191)
"Acreditar somente na intuição, na continuidade reprodutora da
tradição, no histórico de experiências corporais pessoais para ensinar
dança/arte já são, por si sós, escolhas de cunho metodológico que
implicam conseqüências que há anos vêm sendo estudadas pela
Pedagogia. As trajetórias dos artistas não bastam por si sós para
formar e educar intérpretes, coreógrafos, apreciadores, pesquisadores
e público de dança – essa idéia transita entre ingenuidade e ação
perigosa." (Marques, 2010:53)
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Princípios pedagógicos
Definições – Isabel Marques, 2010.
A didática - estudo dos objetivos, dos conteúdos, das metodologias, dos processos de
avaliação, das relações professor-alunos nos processos de ensino- aprendizagem.
Muitas vezes não nos damos conta de que, ao “comprarmos” saberes da dança estamos
também comprando formas de ensinar – compramos o pacote completo de quem nos
ensinou: seus procedimentos, estilos de ensino, conceitos, proposta metodológica e não
somente seus saberes específicos sobre técnicas, repertórios, atividades de improvisação.
Metodologia - estrada
A metodologia de ensino é uma das subdivisões da didática e corresponde ao “como” um
professor organiza seus caminhos para ensinar. ( inclui perspectivas, intenções e
princípios)
Método - caminho
Métodos são atalhos, meios, formas estabelecidas de caminhar, de direcionar ações, de
olhar adiante rumo a objetos palpáveis prédefinidos.
Objetivos e fins são múltiplos e mutávies, mas na maioria das vezes, métodos se tornam
dificilmente mutáveis.
Estilo de ensino – modo de dirigir
O estilo pessoal de cada professor – seus temperos lúdicos, cômicos, sérios, criteriosos ou
emocionais – não determina escolhas de metodologias em si, mas é extremamente
determinante na construção de relações e relacionamentos entre professores e alunos em
sala de aula.
Princípios pedagógicos
Elementos definidores da metodologia de ensino:
•conceito de corpo
•conceito de dança
•conceito de educação e ensino
•função do professor-aluno
•conceito de mundo
•conceito de mundo
conceito de corpo
"Frequentemente o ensino tradicional de dança ignora as relações
existentes entre o intérprete e o seu corpo. O corpo é muitas vezes
visto como um instrumento, um veículo da dança, assim como um
violino é instrumento do músico: basta afiná-lo para que toque bem.
Corpos, desse ponto de vista, devem estar prontos para copiar,
reproduzir, seguir sequências mesmo que elas não seja
compreendidas ."(Marques, 2010:205)
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Princípios pedagógicos
Elementos definidores da metodologia de ensino:
Conceito de dança
Ao contrário do que reza o senso comum, repertórios – que chamo
aqui também de processos interpretativos – não são fixos, estáticos,
imóveis, cristalizados: repertórios também são passíveis de constante
transformação, são processuais. O que diferencia os processos dos
repertórios é seu caráter interpretativo e não criativo em si.
Repertórios não são fixos ou rígidos. Embora sejam “ resultados” ou
“coreografias com acabamento” ( finalizadas), eles estão também em
constante transição e mudança. Mediados pelas leituras dos
dançantes, do diretor, do próprio coreógrafo, dos apreciadores, os
repertórios de dança/arte também se tornam fluidos, em movimento,
rearranjados e relidos a cada apresentação, a cada espaço de tempo, a
cada lugar que são dançados e vistos. 157
conceito de educação e ensino
Qual o papel social do professor de dança em seu contexto
Princípios pedagógicos
Elementos definidores da metodologia de ensino:
função do professor-aluno
O mero executar de uma dança não nos leva a compreensão consciente de
seus subtextos coreológicos, embora só possamos conhecer os subtextos
efetivamente dançando. Precisamos pensar processo de ensino e
aprendizagem da dança que sejam concomitantes e entrelaçados: à medida
que dançamos, vamos conhecendo os signos, os componentes e
subcomponentes da dança (seus subtextos coreológicos); ao mesmo tempo, à
medida que vamos conhecendo esses elementos, expandimos, aprofundamos,
compreendemos conscientemente o dançar das danças. Dançando/pensando
os textos coreográficos, temos também a possibilidade de expandir nossas
leituras da dança/arte. 104
conceito de mundo
Tudo que poderia ser criado já existe?
O indivíduo pode intervir na configuração do mundo?
Eu crio meu mundo?
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Diálogo com
Método Nascimento
do Passo
Diálogo com o método Nascimento
do Passo
•Metodologia (perspectivas, intenções e princípios)
Salvaguarda do frevo, formação de passistas e
ativistas, criação de uma visão positiva do frevo,
sistematização da dança, ampliação do espaço do
frevo, ampliação dos passos de frevo, utilização
exclusiva do frevo com ferramenta de ensino e
preparação.
•Método
Repetição de movimentos, utilização da marcação
binária para ensino dos passos; incentivo à
improvisão e estilo pessoal;
•Estilo de ensino
Exigência física
Utilização de linguagem ríspida
Relação Mestre – aluno
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Diálogo com o método Nascimento
do Passo
Transferência de aprendizagem (Magill, 2000):
“influência da aprendizagem anterior no desempenho de uma
habilidade num novo contexto ou na aprendizagem de uma nova
habilidade” (p. 167)
Como podemos utilizar o princípio de transferência de aprendizagem nos
métodos de instrução (prof. Caroline de Oliveira Martins, material
didático) :
Praticar exercícios no seco ao ensinar remada do surfe,
Praticar habilidade parcialmente antes de praticá-la no todo,
Simplificar atividade antes da mesma ser praticada no contexto real;
Diálogo com o método Nascimento
do Passo
Qualidades utilizadas para definção de nossa proposta:
Máxima utilização dos movimentos do frevo para organização da aula
Rascunhos, criação de exercícios de alongamento dinâmico e
fortalecimento muscular. Porém não exclusivo (transferência de
habilidade)
Incentivo ao papel criativo do intérprete:
Famílias - Procura por lógicas que auxiliem a conexão entre os
movimentos (transferência de habilidade)
Investe na improvisação como elemento individualizador
Propõe diálogo mais complexo com a música
Rascunhos e roda
Complementos:
Incentivo ao diálogo corporal entre alunos
Inclusão de atividades para apropriação progressiva da técnica -
educativos
Ampliação da visão do ensino
Acréscimos à estrutura da aula devido a informações sobre a saúde
corporal
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13. 23/1/2011
Diálogo com o método Nascimento
do Passo
Ensinando para transferência (Ellis, apud Magill, 1984):
Maximize a semelhança entre o ensino e a situação final dos
testes;
Proporcione uma experiência adequada com a tarefa original;
Disponibilize uma variedade de exemplos ao ensinar conceitos e
princípios;
Nomeie ou identifique os aspectos importantes da tarefa;
Certifique-se de que os princípios gerais foram assimilados antes
de esperar muita transferência.
Diálogo com o Método
Nascimento do Passo
De volta à tradição
Incentivar o aluno a vivenciar o frevo em suas variadas
formas
Dialogar com nossa sociedade
Exigir respeito à História e aos dançarinos de frevo
Viver o frevo para além das salas de aula e de espetáculos.
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Referências Bibliográficas
GALDINO, Cristianne Silva. Balé Popular do Recife: a escrita de uma dança. Recife: Bagaço, 2008.
MAGILL, R.A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. São Paulo: Edgard Blücher, 1984.
MARQUES, Isabel A. Linguagem da dança: arte e ensino. São Paulo: Digitexto, 2010.
OLIVEIRA, Maria Goretti Rocha de. Danças populares como espetáculo público no Recife, de 1979 a
1988. Recife: [s.n.], 1993.
OLIVEIRA, Valdemar de. Frevo capoeira e passo. Recife, Companhia editora de Pernambuco, 1985.
QUEIROZ, Lucélia Albuquerque de. Guerreiros do passo: multiplicar para resistir. Recife, 2009.
Monografia de especialização, FAFIRE.
TELLES, Fernando da Silva. Educação: transmissão de conhecimento. IN: CALAZANS, Julieta, CASTILHO,
Jacyan, GOMES, Simone (org). Dança e educação em movimento. São Paulo: editora Cortez, 2003. 78-
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VICENTE, Ana Valéria Ramos. Entre a Ponta de pé e o calcanhar: Reflexões sobre como o frevo encena
o povo, a nação e a dança no Recife. Recife: Ed.Universitária da UFPE, Olinda:Ed. Associação Reviva,
2009.
__________. Ensaiando o Passo: A dança do frevo pelo olhar de uma dançarina. Revista Continente
Documento. Recife, n. 54, fev. 2007.
_________. Revista do Movimento.
Ensino do frevo
Ok.
Vamos dançar!
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