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Orçamento do Estado para 2010:
 O corolário de 5 anos perdidos.

                                                                                    Miguel Frasquilho
                                                   Economista, Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PSD
                                                              Ex-Secretário de Estado do Tesouro e Finanças




                             Fevereiro 2010

Este documento foi elaborado com informação disponível até Fevereiro 11, 2010
“Está para nascer o Primeiro-Ministro que tenha feito melhor
                         do que eu com o défice.”
         José Sócrates, referindo-se ao défice público de 2007, de 2.6% do PIB, o mais baixo em democracia.

                                                                                               Julho 2009




“Está para nascer o Primeiro-Ministro que tenha feito pior do
                 que José Sócrates com o défice.”
        O que todos os Portugueses podem concluir depois de ter sido conhecido um défice público de 9.3%
                                            do PIB em 2009, o mais elevado na história da nossa democracia.

                                                                                          Fevereiro 2010
¸ndice
    1. Sumário Executivo.                                                                                                                      3
    2. Cenário Macroeconómico.                                                                                                                10
    3. A Crise Internacional e as Contas Públicas.                                                                                            15
    4. Crise Internacional não pode ser alibi...                                                                                              19
    5. Trajectória Orçamental 2004-2010.                                                                                                      21
    6. Contenção da Despesa Pública no OEÊ2010.                                                                                               24
    7. Política Fiscal no OEÊ2010.                                                                                                            27
    8. Parcerias Público-Privadas e Concessões.                                                                                               33
    9. Privatizações no OEÊ2010.                                                                                                              38
    ANEXO – O Fracasso do PRACE.                                                                                                              39

NOTA: Este documento não é uma análise exaustiva do OE’2010. Trata-se, antes, de uma síntese dos pontos considerados mais relevantes, de acordo com a opinião do
autor. Assim, a sua consulta não dispensa a leitura do Relatório do OE’2010, bem como da Proposta de Lei e dos Mapas que acompanham o Orçamento. Quaisquer erros ou
imprecisões na análise que a seguir se apresenta são, evidentemente, da inteira responsabilidade do autor.



                                  Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                              Fevereiro 2010               .2.
1. Sumário Executivo.
O Orçamento do Estado para 2010 (OE’2010) é o corolário de 5 anos de uma política económica em geral,
e orçamental em particular, que foi errada, que empobreceu o País, minou a sua competitividade e
acentuou as desigualdades sociais – e que foi sempre denunciada pelo PSD e à qual o Governo Socialista,
que dispôs de uma maioria absoluta no Parlamento, nunca deu ouvidos.

Foi pena que tal tivesse acontecido. A redução do défice público entre 2005 e 2008 (antes da crise
internacional), de 6.1% para 2.7% do PIB deveu-se (i) à subida da carga fiscal (em 1.5 pontos percentuais,
de 36% para 37.5% do PIB), (ii) à descida do investimento público (em 0.7 pontos percentuais, de 2.9% para
2.2%) e (iii) à contabilização, em 2008, de receitas extraordinárias – irrepetíveis – resultantes da concessão
de barragens e auto-estradas (que ascenderam a 1.1 pontos percentuais do PIB). No total, 3.3 pontos
percentuais em 3.4 pontos que foi a descida do défice público.

Durante esse período, a dívida pública cresceu em todos os anos e, ao mesmo tempo, foram atirados
encargos substanciais para o futuro (pelas responsabilidades que entretanto foram assumidas no âmbito dos
projectos de parcerias público-privadas), o que se traduzirá em despesa pública adicional diferida no tempo e
acarretará pesados constrangimentos orçamentais.

Naturalmente, chegada a crise internacional, tornou-se evidente que a consolidação orçamental estava
por fazer e o défice de 9.3% em 2009 não se pode considerar surpreendente, apesar de constituir um resultado
historicamente elevado (o maior défice em democracia). No ano passado, o Estado endividou-se ao
impressionante ritmo de cerca de EUR 1.75 milhões (isto é, 1 milhão e 750 mil euros) por hora (!)…



                    Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.   Fevereiro 2010       .3.
1. Sumário Executivo.
A este propósito, vale a pena recordar que o défice de 9.3% do PIB em 2009 começou por ser estimado,
inicialmente, em 2.2% (em Outubro de 2008, tomando como base um cenário macroeconómico absolutamente
irrealista, pois já tinha ocorrido a falência do gigante banco norte-americano de investimento Lehman Brothers, que se
sabia iria ter consequências devastadoras para o sistema financeiro e a economia mundial); depois, em Janeiro de
2009, no designado pelo Governo como “Orçamento Suplementar”, passou para 3.9%; em Maio de 2009,
no Relatório de Orientação da Política Orçamental, foi aumentado para 5.9%, tendo esta estimativa sido
mantida até depois das eleições legislativas de Setembro (quando já era possível antever um valor bem mais
elevado); em Novembro último, a projecção da Comissão Europeia de um défice de 8% do PIB em 2009 foi
tida como nova referência pelo Governo. Finalmente, chegou-se agora aos conhecidos 9.3%…

Claro que um exercício de previsão é sempre arriscado – mas a cronologia acima apresentada não deixa
grandes dúvidas sobre a gestão política/eleitoral que foi feita pelo Governo (e, sobretudo, pelo Ministro das
Finanças, que não se comportou, assim, à altura do papel de “último guardião da credibilidade” que deve sempre
assumir) sobre este tema, escondendo o verdadeiro estado das contas públicas ao país. Lamentável, é o
qualificativo mínimo para esta situação.

No OE’2010, obrigado por uma conjuntura internacional adversa, e pela colagem que tem sido feita à situação de
profunda crise orçamental que se vive na Grécia, o Governo Socialista, agora sem dispor de maioria absoluta no
Parlamento, parece finalmente ter “acordado” e apresentou um OE que, pela primeira vez em 5 anos,
contém alguns sinais de contenção na despesa pública. Sinais positivos, embora tímidos, quer na despesa


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1. Sumário Executivo.
corrente, quer no que toca ao investimento (e, nomeadamente, às parcerias público-privadas, ainda que
esclarecimentos adicionais sejam necessários nesta matéria).

Também pela primeira vez em 5 anos, o Governo admitiu que o endividamento externo de Portugal – o maior
da União Europeia (UE-27) – é o maior problema que o nosso país enfrenta, e que resulta da crónica falta
de competitividade da economia portuguesa e da sua baixa produtividade.

Uma das formas que a política orçamental tem para combater o endividamento externo, é inverter a
trajectória de subida do endividamento público (do qual uma parte substancial é externo).

A outra é a promoção da competitividade da nossa economia, para aumentar o potencial de crescimento
económico, sem o que nenhum dos problemas que enfrentamos poderá ser resolvido – a começar pelo problema das
contas públicas.

No que toca à inversão da trajectória de aumento do endividamento público, o défice previsto para 2010 é
reduzido em apenas 1 ponto percentual do PIB (assumindo, ainda assim, o terceiro maior valor desde 1974) –
um primeiro sinal, ainda que tímido, na direcção certa. Contudo, a dinâmica própria do endividamento leva a que a
redução da dívida pública ainda não seja sentida em 2010 (nem, provavelmente, em 2011, ainda que o défice do
próximo ano deva voltar a ser descido, como é necessário e todos desejamos).

Além disso, a descida do défice, de 9.3% em 2009 para 8.3% em 2010, terá (numa base comparável com os
anos anteriores a 2009) um contributo maior da receita (sobe 0.9 pontos percentuais do PIB) do que da


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1. Sumário Executivo.
despesa (que desce apenas 0.1 pontos percentuais), o que, como facilmente se percebe, devia acontecer… ao
contrário. Uma situação que não satisfez, também, as agências de rating, que consideraram insuficientes
as medidas tomadas para reduzir o défice público para menos de 3% do PIB em 2013 (como imposto pela
Comissão Europeia), e já ameaçaram tornar a deteriorar as perspectivas e a notação da dívida pública
portuguesa (aumentando o risco-país).

Quanto à competitividade da economia, as notícias são piores – e é aqui que as diferenças para o caminho
que o PSD seguiria são mais evidentes.

Na verdade, o PSD assentaria as suas opções numa política destinada a promover o investimento e as
exportações – as componentes nas quais deve assentar um crescimento económico que se quer robusto e
sustentável –, e, sobretudo, no apoio às Pequenas e Médias Empresas, pela aplicação, por exemplo, de
medidas como as que foram incluídas no “Plano Anti-Crise” apresentado no Parlamento em Novembro último.

Não se sente que o OE’2010 vá neste sentido, tendo o Governo rejeitado esta orientação e continuado a
ver o investimento público como “motor” da actividade económica – o que, para além de ser um modelo
estafado e não adequado à realidade da economia portuguesa, é limitado pela necessária consolidação
orçamental que é necessário realizar do lado da despesa (e para a qual os mercados e investidores
internacionais estão atentos).




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1. Sumário Executivo.
Para além disso, a política fiscal é, mais uma vez, utilizada através de alterações avulsas e desgarradas, em
vez de existir uma estratégia coerente direccionada para a simplificação do sistema fiscal e para a
promoção da competitividade e equidade da nossa economia.

Tudo somado, apesar das insuficiências detectadas, e levando em linha de conta, também, o inegavelmente difícil
enquadramento externo que Portugal enfrenta, com uma colagem da nossa situação orçamental à profunda crise que
a Grécia vive, não podia ser outra a decisão do PSD senão a viabilização do OE’2010.

Porque, não tenhamos dúvidas: a percepção internacional de que está por realizar a indispensável
consolidação orçamental, associada a uma eventual reprovação do Orçamento, e à situação que se vive
na Grécia, provocaria uma crise de gravíssimas proporções para o nosso país.

É, pois, o interesse nacional que está em jogo. Um interesse que, obviamente, tem que estar acima de
tudo.




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1. Sumário Executivo.
                 Grandes Agregados das Administrações Públicas: Trajectória Orçamental, 2004-2010
               (Łptica da Contabilidade Nacional)                 2004        2005        2006        2007        2008         2009         2010           Diferença
    Valores em % do PIB                                         Execução Execução Execução Execução Execução                Estimativa   Orçamento
                                                                                                                                                           2010-
                                                                                                                                                           2010-2004
                                                                                                                                                        (pontos percentuais)
    Receitas Fiscais                                                22.7         23.4        24.2        24.8        24.5         22.2          22.2           -0.5
                                                                                                                                                                0.5
    Contribuições Sociais                                           12.2         12.5        12.5        12.7        12.9         13.6          13.6            1.1
    Receitas Correntes                                              39.6         40.1        41.2        42.2        42.3         40.6          41.3            1.7
                                                                                                                                                                1.7
    Despesas de Funcionamento *                                     18.1         18.7        17.7        17.0        17.2         18.0          18.4            0.3
                                                                                                                                                                0.3
    Despesa Corrente                                                42.0         43.4        42.9        42.2        43.2         47.0          47.7            5.7
                                                                                                                                                                5.7
    Despesa Corrente Primária                                       39.3         40.8        40.1        39.4        40.3         44.1          44.6            5.3
                                                                                                                                                                5.3
    Investimento Público (Formação Bruta de Capital Fixo)            3.1          2.9         2.4         2.3         2.2          2.6           2.7           -0.4
    Despesa Pública Total                                           46.5         47.7        46.3        45.7        45.9         51.2          51.1            4.6
                                                                                                                                                                4.6
    Saldo das Administrações Públicas                               -3.4         -6.1        -3.9        -2.6        -2.7         -9.3          -8.3           -4.9
    Dívida Pública                                                  58.3         63.6        64.7        63.5        66.3         76.6          85.4           27.1

                                                                              2005        2006        2007        2008         2009         2010
    Variação anual (%)                                                      Execução Execução Execução Execução             Estimativa   Orçamento
    Receitas Fiscais                                                              6.9         7.7         7.4         0.9        -10.4           1.7
    Receitas Correntes                                                            4.9         7.0         7.6         2.2         -4.9           3.3
    Receitas Totais                                                              -0.3         6.2         6.9         2.3         -4.2           3.8
    Despesas de Funcionamento *                                                   6.9        -1.0         0.9         3.1          3.6           2.7
    Despesa Corrente                                                              6.9         3.0         3.4         4.4          7.7           3.2
    Despesa Corrente primária                                                     7.2         2.6         3.2         4.3          8.3           2.6
    Despesa Total                                                                 6.1         1.2         3.7         2.5         10.4           1.4
* Despesas com o Pessoal + Consumos Intermédios.
NOTA: No OE’2009 o Governo introduziu uma alteração metodológica no que diz respeito ao registo das contribuições para a Caixa Geral de Aposentações que, embora não alterando
o valor do défice, afecta o valor das rubricas “despesas com o pessoal” e “contribuições para a Segurança Social”, inviabilizando a comparação não só dos valores de 2009 e 2010
destas rubricas com o passado, mas também dos grandes agregados das receitas e das despesas. Como esta metodologia não foi ainda validada quer pelo INE, quer pelo Eurostat
(nem se sabe se e quando tal irá acontecer), optei por considerar a metodologia antiga, de modo a assegurar a comparabilidade.
Fontes: INE, Relatório do OE’2010, cálculos do autor.



                                    Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                                         Fevereiro 2010                      .8.
1. Sumário Executivo.
                             Portugal: Indicadores Económicos Seleccionados, Evolução 2004 – 2010
                                                                             2004        2005       2006       2007       2008       2009 E        2010 P
                 Rendimento por habitante (UE-27=100) 1                      76.1         75.0      73.5        72.8       72.3       73.2           73.2
                 Crescimento do PIB (%) 2                                     1.5         0.9        1.4        1.9         0.0        -2.6           0.7
                 Inflação (%) 2                                               2.4         2.3        3.1        2.5         2.6        -0.8           0.8           a
                 Défice externo (% do PIB) 3                                  6.1         8.3        9.2        8.1        10.5         8.2           9.8
                 Endividamento da economia (% do PIB) 4                      64.0         70.2      80.9        91.4       97.1       107.5          n.d.
                 Endividamento das famílias (% do PIB) 5                     78.0         84.9      89.8        94.2       96.0        n.d.          n.d.
                 Endividamento das empresas (% do PIB) 5                     99.0        119.6      122.6      129.5      140.3        n.d.          n.d.
                 Taxa de desemprego (% da população activa) 2                 6.7         7.6        7.7        8.0         7.6         9.5           9.8
                 Carga fiscal (% do PIB)* 6
                                          *                                  34.9         36.0      36.7        37.5       37.5       35.7           35.8
                 Esforço fiscal relativo (UE-27=100) * 7                     118.4       117.2      119.0      122.0      124.4       120.3         121.4
                 Despesa pública total (% do PIB)* 2
                                                  *                           46.5        47.7       46.3       45.7       45.9        51.2         51.1
                 Despesa pública corrente (% do PIB)* 2*                      42.0        43.4       42.9       42.2       43.2        47.0         47.7
                 Despesa pública corrente primária (% do PIB)* 2
                                                             *                39.3        40.8       40.1       39.4       40.3        44.1         44.6
                 Investimento público (% do PIB) 2                             3.1        2.9        2.4        2.3         2.2         2.6          2.7
                 Défice público (% do PIB) 2                                   3.4        6.1        3.9        2.6         2.7         9.3          8.3
                 Dívida pública (% do PIB) 2                                  58.7        63.6       64.7       63.6       66.3        76.6         85.4
n.d. – informação não disponível; E – Estimativas; P – Previsões.
1. PIB per capita corrigido pela paridade do poder de compra. Fontes: FMI, cálculos do autor.     2. Fontes: INE, Relatório do OE’2010.      3. Défice da balança corrente +
Défice da balança de capital. Fonte: Banco de Portugal.     4. Conjunto das responsabilidades do país face ao exterior em termos líquidos. O valor para 2009 é uma
estimativa relativa ao terceiro trimestre do ano. Fontes: Banco de Portugal, cálculos do autor.     5. Fonte: Banco de Portugal.      6. Impostos directos + Impostos
indirectos + Contribuições para a Segurança Social. Fontes: INE, Relatório do OE’2010.      7. Carga fiscal / PIB per capita. Fontes: Comissão Europeia, Relatório do
OE’2010, cálculos do autor.      * Os valores de 2009 e 2010 são apresentados numa base comparável com os anos anteriores.



                                    Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                                   Fevereiro 2010                 .9.
2. Cenário Macroeconómico.
Perspectiva-se um enquadramento internacional ainda difícil…
                            Enquadramento Internacional: Crescimento do PIB
                                              (taxas de variação real, em %)
                                                      Estrutura
                                                       2008*
                                                       2008*      2007
                                                                  2007        2008
                                                                              2008        2009
                                                                                          2009         2010
                                                                                                       2010
                                                        (%)                               Projecções do FMI

                   Economia Mundial                    100.0       5.0         3.1         -1.1        3.1
                     Economias avançadas               55.1        2.7         0.6         -3.4        1.3
                      das quais:
                        EUA                             20.8       2.0         0.4         -2.7       1.5
                        ˘rea do Euro, da qual:          15.9       2.6        0.6          -4.2       0.3
                           Alemanha                      4.4       2.5         1.3         -5.3       0.3
                           França                        3.5       2.1         0.4         -2.4       0.9
                           Itália                        2.8       1.5        -1.0         -5.1       0.2
                           Espanha                       1.9       3.7         0.9         -3.8       -0.7
                        Reino Unido                      3.2       3.1         0.6         -4.4       0.9
                        Japão                            6.4       2.1        -0.7         -5.4       1.7
                      Outras economias, das quais :
                        China                           11.5       11.8        9.7          8.5        9.0
                        India                           4.8        9.3         6.7         5.4         6.4
                        Rússia                          3.3        7.5         5.6         -7.5        1.5
                        Brasil                          2.9        5.4         5.1         -0.7        3.5
                   Por memória
                      UE-27                             22.3       2.9         0.8         -4.2        0.5
                  Legenda: (*) com base no PIB avaliado em paridade do poder de compra.
                  Fonte: Relatório OE’2010.



                    Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                            Fevereiro 2010   . 10 .
2. Cenário Macroeconómico.
… embora já numa fase de saída da crise financeira e económica – a pior desde a Grande Depressão (isto é, em
cerca de 80 anos) –, que deverá ter atingido o seu ponto máximo em 2009.


                                           Crescimento económico mundial, 2000-2011

                            6

                            5
                                                               4.9           5.1    5.2
                            4     4.8                                 4.5                                       4.3
                            3                           3.6                                               3.9
              Percentagem




                                                 2.9                                       3.0
                            2
                                         2.3
                            1

                            0

                            -1
                                                                                                  -0.8
                            -2
                                  2000   2001   2002   2003    2004   2005   2006   2007   2008   2009   2010   2011

            Nota: Os valores para 2010 e 2011 são previsões.
            Fonte: FMI.



                                 Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.           Fevereiro 2010   . 11 .
2. Cenário Macroeconómico.
Principais hipóteses do enquadramento externo para 2010 não parecem desadequadas, com excepção do
crescimento projectado para a Zona Euro, que parece ter sido “encomendado” para garantir que não há
divergência de Portugal, já que as actuais previsões do FMI e da Comissão Europeia apontam para valores em
redor de 1%...

                                   Enquadramento Externo – Principais Hipóteses

                                                                                                       OEÊ2010
                                                                                        2008      2009       2010
              Taxas de juro de curto prazo (Euribor a 3 meses) (%)                       4.6       1.2         1.2
              Preço spot do petróleo Brent (Dólares por barril)                         96.4      62.5        76.6
              Taxa de câmbio efectiva nominal para Portugal *                            1.5       1.4         1.4
              Taxa de Inflação na área do euro (IHPC, em %)                              3.3       0.3         1.1
              Crescimento real do PIB na área do euro (%)                                0.6       -4.0        0.7
              Crescimento da procura externa (bens)                                      2.5      -14.7        1.7
             * Taxa de variação positiva (negativa) significa apreciação (depreciação) do euro.
             Fonte: Relatório do OE’2010.




                       Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                      Fevereiro 2010   . 12 .
2. Cenário Macroeconómico.
… o que deverá manter a                               PIB per capita* em países europeus seleccionados (UE-27=100)
divergência para o nível de
vida médio da UE-27…                                                                                                Irlanda
                                                      140
… que, com excepção do ano
passado (a crise internacional                        120
não foi tão profunda em                                                                    Espanha                    Grécia
                                                               UE-27

                                   Per ce n ta ge m
Portugal como no resto da                             100
Europa, talvez porque… já                                                                                     Chipre
estivéssemos em crise!),                              80
acontece ininterruptamente                                                     Eslovénia                                                Malta
desde 2000.                                                                                                                          Portugal
                                                      60                      Rep. Checa
                                                                                                       Eslováquia
Nível de vida em Portugal
será, em 2010, o 20º entre                            40
a UE-27 (ultrapassado pela                                  1993       1996   1999         2002      2005      2008           2011       2014
Eslováquia).
                                   * Corrigido pela paridade do poder de compra.
                                   Fontes: FMI, cálculos do autor.
FMI prevê que a divergência
continue até, pelo menos,
2014!...


                     Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                         Fevereiro 2010              . 13 .
2. Cenário Macroeconómico.
Cenário para a economia portuguesa não parece desajustado, com excepção para a taxa de desemprego, que
deverá atingir pela primeira vez um valor médio anual de 2 dígitos em 2010.

O crescimento projectado para o PIB                                         Cenário Macroeconómico
continua a ser anémico, as exportações                                                                                  OEÊ2010
                                                                                                                        OEÊ2010
                                                                                                       2008
                                                                                                       2008       2009 (e)   2010 (p)
não recuperam como seria desejável,
                                                  1. Despesa e PIB (variação em volume, em %)
o investimento manter-se-á em queda                    Consumo Privado                                   1.7         -0.9        1.0
e continuará a ser destruído emprego                   Consumo Público                                   1.1         2.6         -0.9
em termos líquidos.                                    Investimento (FBCF)                              -0.7        -11.8        -1.1
                                                     Procura Interna                                     1.2         -2.9        0.3
Continuam bem presentes as dificuldades                Exportações                                      -0.5        -12.0        3.5
                                                       Importações                                       2.7        -10.7        1.5
estruturais da economia portuguesa,                  PIB                                                 0.0         -2.6        0.7
que não têm sido debeladas como deviam.             PIB (projecções FMI)                                 0.0         -2.7        0.5
                                                  2. Preços (taxas de variação, em %)
Parece ser apropriado perguntar ao                   Deflator do PIB                                    2.1          1.7         0.8
Primeiro-Ministro onde estão os prometidos           Taxa de Inflação (a)                               2.6          -0.8        0.8
                                                  3. Emprego e desemprego
150 mil novos empregos e o crescimento
                                                     Emprego Total (taxa de variação, em %)             0.4          -2.9        -0.1
económico de 3% ao ano (!)…                          Taxa de desemprego (%)                             7.6          9.5         9.8
                                                 Legenda: (a) Medida pela variação média anual do Índice de Preços no Consumidor; (e)
                                                 estimativa; (p) previsão.
                                                 Fontes: Relatório do OE’2010.



                      Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                   Fevereiro 2010            . 14 .
3. A Crise Internacional e as Contas Públicas.
Na sequência da enorme crise financeira internacional, que levou a uma profunda crise económica global, a ajuda
concedida à economia e ao sector financeiro deteriorou as contas públicas um pouco por todo o Mundo.

Na União Europeia esse fenómeno é também visível, quer ao nível do défice público…

                              Saldo Orçamental, UE-27, 2007-2009 (% do PIB)
                                              8
                                              6
                                              4            2008        2007
                                              2
                              Percentagem

     União Europeia                           0
                                             -2
                                             -4
  2007           -0.8%
                                             -6
                                             -8                                       2009
  2008           -2.3%                      -10
                                            -12
  2009           -6.9%                      -14




                                                  República Checa




                                                      Reino Unido
                                                       Dinamarca




                                                            Chipre
                                                          Hungria


                                                          Holanda




                                                         Roménia
                                                          Bulgária

                                                           Suécia
                                                     Luxemburgo
                                                         Finlândia
                                                          Estónia
                                                        Alemanha


                                                           ˘ustria
                                                             Malta

                                                              Itália
                                                           Bélgica
                                                       Eslováquia
                                                        Eslovénia
                                                           Polónia


                                                           França
                                                           Letónia

                                                          Lituânia
                                                         Espanha

                                                           Irlanda
                                                            Grécia
                                                          Portugal
                                 Nota: Ordenação decrescente segundo o ano de 2009.
                                 Fontes: Comissão Europeia, Relatório do OE’2010.


                     Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.          Fevereiro 2010   . 15 .
3. A Crise Internacional e as Contas Públicas.
… quer da dívida pública.


                                        Dívida Pública, UE-27, 2007-2009 (% do PIB)
                                      140
                                      120   2009

                                      100
                        Percentagem


 União Europeia                        80
                                                                            2007
                                       60
2007        58.7%
                                       40                                              2008

2008        61.5%                      20

2009        73.0%                       0
                                                    Portugal
                                                         Itália
                                                      Grécia
                                                     Bélgica
                                                    Hungria

                                                     França
                                                  Alemanha
                                                      ˘ustria
                                                Reino Unido
                                                        Malta
                                                      Irlanda
                                                    Holanda
                                                   Espanha
                                                      Chipre
                                                     Polónia
                                                      Suécia
                                                   Finlândia
                                            República Checa
                                                   Eslovénia
                                                 Eslováquia
                                                 Dinamarca
                                                     Letónia
                                                    Lituânia
                                                   Roménia
                                                    Bulgária
                                               Luxemburgo
                                                     Estónia
                       Nota: Ordenação decrescente segundo o ano de 2009.
                       Fontes: Comissão Europeia, Relatório do OE’2010.




                    Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.    Fevereiro 2010   . 16 .
3. A Crise Internacional e as Contas Públicas.
A crise atingiu particularmente as economias e             Algumas acções das agências de rating em relação a
as contas públicas de países muito expostos                    Espanha, Portugal, Irlanda e Grécia, 2009
ao subprime e com fortes bolhas imobiliárias,              País              Data                           Acção
como Irlanda e Espanha, provocando reacções                                             Standard & PoorÊs reduziu o nível de rating de
                                                                      19 Janeiro 2009
negativas da parte das agências de rating.                                              AAA para AA+
                                                         Espanha
                                                                                        Standard & PoorÊs reduziu o Outlook para
                                                                     12 Dezembro 2009
Ao mesmo tempo, a realização de eleições na                                             Negative
                                                                     3 Setembro 2009 Fitch reduziu o Outlook para Negative
Grécia, em Setembro, provocou, em Novembro, a
                                                          Portugal   29 Outubro 2009 MoodyÊs reduziu o Outlook para Negative
mudança de Governo e a “descoberta” de uma                                           Standard & PoorÊs reduziu o Outlook para
                                                                     7 Dezembro 2009
crise orçamental de enormes proporções,                                                 Negative
                                                                                      Fitch reduziu o nível de rating de AA+ para AA-
que lançou nos mercados internacionais a                  Irlanda    4 Novembro 2009
                                                                                      e o Outlook para Stable
suspeita sobre a possibilidade de uma situação                                        Fitch reduziu o nível de rating de A- para BBB+
                                                                     8 Dezembro 2009
de rotura de pagamentos do Estado                                                     e o Outlook para Negative
                                                                                      Standard & PoorÊs reduziu o nível de rating de
Helénico (incapacidade de fazer face aos                  Grécia     16 Dezembro 2009
                                                                                      A- para BBB+ e o Outlook para Negative
compromissos assumidos).                                                              MoodyÊs reduziu o nível de rating de A1 para A2
                                                                     22 Dezembro 2009
                                                                                      e Outlook para Negative
Obviamente, as agências de rating apressaram-se          Fonte: Bloomberg.
a deteriorar o nível de risco e o outlook da Grécia.

Por contágio, Portugal foi também afectado…



                       Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                 Fevereiro 2010             . 17 .
3. A Crise Internacional e as Contas Públicas.
… mesmo antes de ser conhecida a dimensão            Spreads das taxas de juro da dívida pública a 10 anos face à
do défice e da dívida pública de 2009.                                        Alemanha, 2007-2010* (pontos base)

Toda esta envolvente tem motivado um                               400
                                                                   350                                                        Grécia
alargamento dos spreads das taxas de
                                                                   300                                                                 273.2
juro da dívida pública grega, irlandesa,
                                                                                                                        Irlanda
portuguesa e espanhola face à alemã                                250
                                                                   200




                                                     Pontos Base
(considerada a referência na Europa).                                                                                                  146.0
                                                                   150
                                                                                                                                       118.4
Juros mais elevados significam condições de                        100                                                                  76.0
financiamento mais desfavoráveis para os                            50
                                                                                                               Espanha         Portugal
bancos a nível internacional, com naturais                           0
repercussões (encargos maiores) sobre famílias                      -50
e empresas – ou seja, (ainda) maiores                              -100
dificuldades para toda a economia.                                  Jan. 2007 Jul. 2007 Jan. 2008 Jul. 2008 Jan. 2009 Jul. 2009 Jan. 2010
                                                     * Actualizado à data de Fevereiro 05, 2010.
A situação de Portugal não é encarada,
                                                     Fonte: Bloomberg.
pelo menos para já (e a evolução das taxas
de juro indica isso mesmo), como sendo semelhante à da Grécia – mas o défice de 9.3% em 2009, conhecido
com a apresentação do OE’2010, foi recebido negativamente a nível internacional, tendo as agências de rating
advertido para a possibilidade de novas revisões, para pior, quer do risco-país, quer das perspectivas.


                       Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                        Fevereiro 2010            . 18 .
4. Crise Internacional não pode ser alibi⁄
Com efeitos da crise reconhecidamente menores em Portugal do que no resto da Europa, a deterioração das contas
públicas portuguesas foi superior, confirmando que a responsabilidade de um défice de 9.3% do PIB em 2009
não foi só, nem na sua
                                 Variação do saldo orçamental entre 2007 e 2009 e entre 2008 e 2009 na UE-27
maior parte, uma
                                                                              (pontos percentuais do PIB)
consequência da crise
                                                  2.0
internacional.
                                                  0.0
O défice público                                  -2.0
                            Pontos percentuais


português foi, de entre                           -4.0
os 27, o quarto que                                                        Variação
                                                  -6.0
                                                                          2008-2009
mais se deteriorou
                                                  -8.0
entre 2008 e 2009 (6.6                                                                              Variação 2007-2009
                                                 -10.0
pontos percentuais,
                                                 -12.0
contra 4.6 na UE-27) e o
                                                 -14.0
nono entre 2007 e




                                                              Portugal
                                                                 Malta
                                                               Estónia
                                                              Hungria
                                                             Roménia
                                                                  Itália
                                                              Bulgária
                                                               Polónia
                                                            Alemanha
                                                               ˘ustria
                                                           Eslováquia
                                                                Chipre
                                                            Eslovénia
                                                          Rep. Checa
                                                               Suécia
                                                         Luxemburgo
                                                               Letónia
                                                               Bélgica
                                                               França
                                                                Grécia
                                                               Irlanda
                                                              Holanda
                                                           Dinamarca
                                                              Lituânia

                                                         Reino Unido
                                                             Espanha
                                                             Finlândia
2009 (6.7 pontos
percentuais contra 6.1 na
UE-27).
                                     Nota: Ordenação decrescente em função da variação de 2008 para 2009.
                                     Fonte: Comissão Europeia, Relatório do OE’2010, cálculos do autor.




                      Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                              Fevereiro 2010   . 19 .
4. Crise Internacional não pode ser alibi⁄.
Na dívida pública, a variação foi a 10ª maior entre os 27, quer entre 2007 e 2009, quer entre 2008 e 2009,
tendo-se situado em 13 e 10.3 pontos percentuais do PIB, respectivamente, ligeiramente abaixo da média europeia
(14.4 e 11.5 na UE-27).

Em 2009, o défice público português foi o 6º maior da UE-27 e a dívida pública foi a 4ª maior. Para 2010, o
défice de 8.3% e a dívida de 85.4% serão os 7º e 4ª maiores, respectivamente.

Ao fim de cinco anos de opções                     Variação da dívida pública entre 2007 e 2009 e entre 2008 e 2009
de política económica errada –                                         na UE-27 (pontos percentuais do PIB)
sempre denunciada pelo PSD – a                          50
                                                             2007-2009
consolidação das contas públicas         Percentagem    40
portuguesas continua por fazer,                         30    2008-2009
apesar dos sacrifícios que foram                        20
pedidos aos portugueses                                 10
(exemplo: aumento de impostos) e                         0
que tanto ajudaram a deteriorar as                     -10




                                                                  Portugal
                                                             Reino Unido
                                                                   Irlanda
                                                                 Espanha
                                                                  Lituânia
                                                                   Letónia
                                                                    Grécia
                                                                Eslovénia
                                                                   Polónia
                                                                  Hungria

                                                                 Roménia
                                                                      Itália
                                                              Rep. Checa
                                                                   França
                                                                   Suécia
                                                                   Bélgica
                                                                Alemanha
                                                                 Finlândia
                                                                   ˘ustria
                                                               Eslováquia
                                                                     Malta
                                                                    Chipre
                                                                   Estónia
                                                                  Holanca
                                                             Luxemburgo
                                                                  Bulgária
condições da economia (baixo
crescimento económico, destruição de
emprego, desemprego a níveis
historicamente elevados).                    Nota: Ordenação decrescente em função da variação de 2008 para 2009.
                                             Fonte: Comissão Europeia, Relatório do OE’2010, cálculos do autor.


                      Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                              Fevereiro 2010   . 20 .
5. Trajectória Orçamental 2004-2010.
Nota: Todos os quadros e valores desta                                     Principais rubricas das Contas Públicas, 2004-2010
secção são apresentados em
Contabilidade Nacional – uma óptica                                                           (Óptica da Contabilidade Nacional)
de compromissos, por oposição à óptica
                                                Valores em EUR milhões
de caixa (Contabilidade Pública) –,                                                                     2004        2005        2006        2007        2008       2009 ***     2010 ***
devido ao facto de ser esta a que conta
para o apuramento do défice público, de
                                                1. Impostos sobre a produção e a importação             20 399.9    22 383.8    23 946.9    24 535.2    24 291.1     21 630.9     22369.5
acordo com os critérios da Comissão             2. Impostos correntes sobre rendimento e património     12 315.9    12 573.8    13 719.4    15 905.3    16 516.5     14 934.4     14832.6
Europeia.                                       3. Contribuições para fundos da Segurança Social        17 573.4    18 696.9    19 360.4    20 717.0    21 551.6     22 343.4    22 732.7
                                                4. Outra receita corrente                                6 750.3     6 183.3     7 020.9     7 752.9     8 060.5      8 048.0      9 222.2
* O saldo das Administrações Públicas
pode não corresponder à diferença                            receitas
                                                5. Total das receitas correntes (1+2+3+4)               57 039.6    59 837.8    64 047.7    68 910.4    70 419.7     66 956.7    69 157.0
entre Receitas e Despesas Públicas, o           6. Total das receitas de capital                         5 124.1     2 148.1     1 769.3     1 461.9     1 558.6      2 024.8     2 412.6
que resulta do tratamento específico            7. Total das receitas (5+6)                             62 163.6    61 985.9    65 817.0    70 372.3    71 978.3        981.5
                                                                                                                                                                     68 981.5    71 569.6
(diferença metodológica) de que são             8. Consumo intermédio                                    5 728.2     6 315.6     6 391.9     6 754.8     7 240.9      7 324.4      7827.7
alvo os fluxos de juros ao abrigo de            9. Despesas com pessoal                                 20 342.0    21 541.4    21 174.4    21 059.3    21 435.8     22 393.1    22 988.6
swaps e de contratos de garantia de             10. Prestações sociais                                  25 438.5    27 515.6    29 180.8    31 333.5    33 163.4     36 008.6    36 756.9
taxas (FRA's) no âmbito do                      11. Juros (PDE*)                                         3 807.2     3 886.7     4 266.7     4 591.6     4 834.5      4 769.9      5 334.7
procedimento dos défices excessivos,
                                                12. Subsídios                                            2 170.4     2 338.7     2 230.7     1 900.9     1 969.5      2 436.4      2 866.0
que difere das exigências do SEC 95. Os
                                                13. Outra despesa corrente                               3 007.5     3 074.6     3 366.2     3 260.0     3 293.3      4 508.3      4 143.9
valores apresentados para os saldos são
                                                          despesa
                                                14. Total despesa corrente (8+9+10+11+12+13)            60 493.8    64 672.6    66 610.8    68 900.2    71 937.4     77 440.7    79 917.8
os que contam para determinar o saldo
das Administrações Públicas.                    15. Formação bruta de capital fixo                       4 524.8     4 374.2     3 695.9     3 761.9     3 622.2      4 349.4      4 481.6
                                                16. Outra despesa de capital                             1 976.4     2 022.0     1 602.2     1 928.3       874.9      2 557.6      1 124.6
** Procedimento dos Défices Excessivos.
                                                17. Total da despesa de capital (15+16)                  6 501.2     6 396.2     5 298.1     5 690.2     4 497.0      6 907.0     5 606.2
*** Dados comparáveis com os dos
                                                                    (PDE**
                                                18. Total despesa (PDE**) (14+17)                       66 995.0    71 068.8    71 908.8    74 590.4    76 434.4     84 347.7   85 524.00
anos anteriores, mas que diferem dos
apresentados no Relatório do OE’2010
                                                19. Saldo das Administrações Públicas (PDE**) (7-18)
                                                                                       (PDE** (7-       -4 831.3    -9 082.9    -6 091.9    -4 218.1    -4 456.0    -15 366.2   -13 954.4
nas rubricas (3), (5), (7), (9), (14), (18)     Por memória
e (20). O valor do défice não é                 20. Despesa corrente primária                           56 686.6    60 785.9    62 344.0    64 308.6    67 102.8    72 670.8     74 583.1
afectado.
                                                21. Dívida Pública                                      84 032.5    94 791.7   100 522.0   103 702.0   110 372.0   126 223.3    142 916.2
Fontes: INE, Relatório do OE’2010,
cálculos do autor.                              22. PIB                                                144 127.7   149 123.5   155 446.3   163 190.1   166 436.9   164 879.6    167 367.1



                                              Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                                       Fevereiro 2010               . 21 .
5. Trajectória Orçamental 2004-2010.
   O OE’2010 é o corolário da                      Principais rubricas das Contas Públicas, 2004-2010
   política orçamental errada que                             (Óptica da Contabilidade Nacional)
   tem sido seguida desde 2005.   Valores em % do PIB
                                                                              2004 2005 2006 2007 2008 2009 ** 2010 **
   Não é, por isso, surpreendente                  1. Impostos sobre a produção e a importação           14.2   15.0   15.4   15.0   14.6    13.1       13.4
                                                   2. Impostos correntes sobre rendimento e património    8.5    8.4    8.8    9.7    9.9     9.1        8.9
   que se tenha chegado a 2010                     3. Contribuições para fundos da Segurança Social      12.2   12.5   12.5   12.7   12.9    13.6       13.6
   numa situação muitíssimo                        4. Outra receita corrente                              4.7    4.1    4.5    4.8    4.8     4.9        5.5
   complicada, pela qual a crise                   5. Total das receitas correntes (1+2+3+4)             39.6   40.1   41.2   42.2   42.3    40.6       41.3
                                                   6. Total das receitas de capital                       3.6    1.4    1.1    0.9    0.9     1.2        1.4
   internacional não é, de todo, a                 7. Total das receitas (5+6)                           43.1   41.6   42.3   43.1   43.2    41.8       42.8
   principal responsável.                          8. Consumo intermédio                                  4.0    4.2    4.1    4.1    4.4     4.4        4.7
                                                   9. Despesas com pessoal                               14.1   14.4   13.6   12.9   12.9    13.6       13.7
   Valores assumidos pelos grandes                 10. Prestações sociais                                17.6   18.5   18.8   19.2   19.9    21.8       22.0
                                                   11. Juros (PDE*)                                       2.6    2.6    2.7    2.8    2.9     2.9        3.2
   agregados da despesa pública                    12. Subsídios                                          1.5    1.6    1.4    1.2    1.2     1.5        1.7
   constituem, pela sua dimensão, e                13. Outra despesa corrente                             2.1    2.1    2.2    2.0    2.0     2.7        2.5
                                                   14. Total despesa corrente (8+9+10+11+12+13)          42.0   43.4   42.9   42.2   43.2    47.0       47.8
   numa base comparável, a maior                   15. Formação bruta de capital fixo                     3.1    2.9    2.4    2.3    2.2     2.6        2.7
   preocupação.                                    16. Outra despesa de capital                           1.4    1.4    1.0    1.2    0.5     1.6        0.7
                                                   17. Total da despesa de capital (15+16)                4.5    4.3    3.4    3.5    2.7     4.2        3.3
* Procedimento dos Défices Excessivos.             18. Total despesa (PDE*) (14+17)                      46.5   47.7   46.3   45.7   45.9    51.2       51.1
** Dados comparáveis com os dos anos anteriores.   19. Saldo das Administrações Públicas (PDE*) (7-18)
                                                                                                 (7-     -3.4   -6.1   -3.9   -2.6   -2.7    -9.3       -8.3
Nota: Os valores dos totais podem não coincidir    Por memória
com a soma/diferença das parcelas devido a
                                                   20. Despesa corrente primária                         39.3   40.8   40.1   39.4   40.3    44.1       44.6
arredondamentos.
Fontes: INE, Relatório do OE’2010, cálculos do     21. Dívida Pública                                    58.3   63.6   64.7   63.5   66.3    76.6       85.4
autor.                                             22. PIB                                               100.0 100.0 100.0 100.0 100.0      100.0      100.0


                                   Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                        Fevereiro 2010             . 22 .
5. Trajectória Orçamental 2004-2010.
     Nas taxas de crescimento anuais                                    Principais rubricas das Contas Públicas, 2004-2010
     deve salientar-se, do lado da                                                     (Óptica da Contabilidade Nacional)
                                                        Taxas de variação anual em %
     despesa, o crescimento pouco                                                                             2005    2006    2007    2008    2009 **   2010 **
     recomendável das rubricas                          1. Impostos sobre a produção e a importação             9.7     7.0     2.5    -1.0     -11.0        3.4
                                                        2. Impostos correntes sobre rendimento e património     2.1     9.1    15.9     3.8      -9.6       -0.7
     consumos intermédios e
                                                        3. Contribuições para fundos da Segurança Social        6.4     3.5     7.0     4.0       3.7        1.7
     formação bruta de capital fixo,                    4. Outra receita corrente                              -8.4    13.5    10.4     4.0      -0.2       14.6
                                                        5. Total das receitas correntes (1+2+3+4)               4.9     7.0     7.6     2.2      -4.9        3.3
     bem como o aumento de 2.5%
                                                        6. Total das receitas de capital                      -58.1   -17.6   -17.4     6.6      29.9       19.2
     da despesa corrente.                               7. Total das receitas (5+6)                            -0.3     6.2     6.9     2.3      -4.2        3.8
                                                        8. Consumo intermédio                                  10.3     1.2     5.7     7.2       1.2        6.9
     Na receita, a previsão de                          9. Despesas com pessoal                                 5.9    -1.7    -0.5     1.8       4.5        2.7
                                                        10. Prestações sociais                                  8.2     6.1     7.4     5.8       8.6        2.1
     crescimento de 3.4% para os                        11. Juros (PDE*)                                        2.1     9.8     7.6     5.3      -1.3       11.8
     impostos indirectos, com uma                       12. Subsídios                                           7.8    -4.6   -14.8     3.6      23.7       17.6
                                                        13. Outra despesa corrente                              2.2     9.5    -3.2     1.0      36.9       -8.1
     previsão de crescimento nominal                    14. Total despesa corrente (8+9+10+11+12+13)            6.9     3.0     3.4     4.4       7.7        3.2
     do PIB de 1.5%, parece muito                       15. Formação bruta de capital fixo                     -3.3   -15.5     1.8    -3.7      20.1        3.0
                                                        16. Outra despesa de capital                            2.3   -20.8    20.4   -54.6     192.3      -56.0
     optimista e, como tal, pouco                       17. Total da despesa de capital (15+16)                -1.6   -17.2     7.4   -21.0      53.6      -18.8
     credível.                                          18. Total despesa (PDE*) (14+17)                        6.1     1.2     3.7     2.5      10.4        1.4
                                                        19. Saldo das Administrações Públicas (PDE*) (7-18)
                                                                                                      (7-      88.0   -32.9   -30.8     5.6     244.8       -9.2
                                                        Por memória
* Procedimento dos Défices Excessivos.                  20. Despesa corrente primária                           7.2     2.6     3.2     4.3       8.3        1.9
** Dados comparáveis com os dos anos anteriores.
                                                        21. Dívida Pública                                     12.8     6.0     3.2     6.4      14.4      13.2
Fontes: INE, Relatório do OE’2010, cálculos do autor.
                                                        22. PIB                                                 3.5     4.2     5.0     2.0      -0.9        1.5


                                    Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                        Fevereiro 2010                . 23 .
6. Contenção da Despesa Pública no OEÊ2010.
Em 2010, numa base comparável com os anos anteriores, a despesa pública total reduzir-se-á para 51.1% do
PIB, isto é, apenas menos 0.1 pontos percentuais do que em 2009.

Apesar de ser um sinal correcto – a consolidação orçamental deve ser feita do lado da despesa –, é claramente
insuficiente para as necessidades do país, o que é patente no facto de (numa base comparável com os dados
anteriores a 2009), a redução do défice em 1 ponto percentual do PIB, para 8.3%, assentar,
esmagadoramente, sobre o aumento da receita (0.9 pontos percentuais do PIB) e, numa parte bem menor
sobre a descida da despesa (0.1 pontos percentuais do PIB).

Pior, todavia, é o facto de a despesa corrente e a despesa corrente primária subirem face ao PIB de 2009
para 2010.

Apesar do congelamento dos salários na função pública, as “despesas com o pessoal” ainda subirão 2.7%
em 2010, e o seu peso no PIB tornará a aumentar (de 13.6% para 13.7%); os “consumos intermédios” (que,
com as “despesas com o pessoal” formam as “despesas de funcionamento”) sobem 6.9% (!), passando o seu peso
no PIB de 4.4% para 4.7%. São sinais de que muito há ainda a fazer em termos de redução da despesa da
chamada “máquina do Estado”.

Existem, contudo, algumas medidas no OE’2010 que vão num sentido correcto do controlo da despesa pública. Destas,
destacam-se as seguintes:

     Congelamento dos salários das Administrações Públicas (não das carreiras, cuja progressão será mantida);


                     Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.     Fevereiro 2010          . 24 .
6. Contenção da Despesa Pública no OEÊ2010.
   Equiparação, em 2010, da penalização do regime de aposentações antecipadas que vigora na Caixa Geral de
   Aposentações ao Regime Geral da Segurança Social (6% por cada ano de antecipação, contra 4.5% na CGA);

   Inscrição da regra “contratação de um funcionário público por cada dois que saiam” na Lei de Enquadramento
   Orçamental;

   Necessidade de assinatura do Ministro das Finanças em matérias como alterações de mapas de pessoal e
   assunção de novos compromissos de despesa em qualquer Ministério;

   Consagração da necessidade de aumentos de despesa de qualquer Ministério que não estejam considerados no
   OE deverem ter contrapartidas noutras rubricas da despesa;

   Compensação da criação de serviços públicos ou outras estruturas pela extinção ou racionalização de serviços ou
   estruturas existentes no âmbito do mesmo ministério, e da qual resulte diminuição de despesa;

   Redução do investimento em sede de PIDDAC, por efeito de uma cativação mais elevada do que anteriormente
   (12.5% contra 7.5%);

   Centralização de todas as parcerias público-privadas numa Unidade de Missão no Ministério das Finanças, em vez
   da dispersão dos ministérios sectoriais, como até agora sucedia;

   Fim dos projectos rodoviários com perfil de auto-estrada (para além dos que já tinham sido anunciados e dos que
   se encontram em fase de concurso);


                   Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.      Fevereiro 2010       . 25 .
6. Contenção da Despesa Pública no OEÊ2010.
   Introdução célere de portagens em SCUT seleccionadas;

   Revisão do modelo de financiamento da empresa Estradas de Portugal (admitido como insustentável);

   Condicionamento dos aumentos de capital nas EPE e nos hospitais-empresa a melhorias de gestão e de
   contenção de gastos (aumento do nível de exigência);

   Introdução da unidose generalizada na política do medicamento;




                   Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.   Fevereiro 2010      . 26 .
7. Política Fiscal no OEÊ2010.
     Em 2009 as receitas correntes deverão crescer 2.5% (numa                                                    Evolução da Receita Fiscal
     base comparável) e as receitas fiscais deverão subir 1.2%.                                    (Valores em EUR milhões, excepto quando indicado)
                                                                                                                                    2009            2010   Variação
     A carga fiscal deverá atingir 35.5%, o que se explica pela                                              Impostos             Estimativa     Orçamento    %
     quebra da receita em 2009, que apenas será
     parcialmente compensada em 2010 (em 2008 a carga fiscal                                                   IRS                 8 949.4          9 046.0        1.1
     atingia 37.5% do PIB, tendo descido para 35.7% em 2009).                                                  IRC                 4 534.5          4 200.0        -7.4
                                                                                                             Outros                  -1.8            67.4            -
     Fica por explicar por que se prevê que o IVA suba 3.6%, o                                          Impostos Directos          13 482.1       13 313.40        -1.3
                                                                                                               ISP                 2 437.0          2 470.0        1.4
     ISV 2.4% e o IRS tenha uma evolução superior a 1%.
                                                                                                               IVA                 10 884.6        11 271.8        3.6
                                                                                                               ISV                  693.3            710.0         2.4
     Tal como em anos anteriores, não existe uma estratégia de
                                                                                                                IT                 1 141.2          1 180.0        3.4
     política fiscal devidamente calendarizada que possa
                                                                                                              IABA                  180.1            185.0         2.7
     aproximar o nosso regime fiscal das maiores tendências
                                                                                                               Selo                1 654.5          1 692.9        2.3
     internacionais.                                                                                        IUC/ IC                 129.3            140.0         8.3
                                                                                                             Outros                  50.3            62.7          24.6
     As alterações fiscais previstas no OE’2010 são desgarradas,                                       Impostos Indirectos         17 170.4        17 712.5        3.2
     avulsas e em nada contribuem para simplificar o nosso
     sistema fiscal, torná-lo mais competitivo e equitativo.                                                Total Geral            30 652.5       31 025.8         1.2
                                                                                                   Fonte: Relatório do OE’2010.


Nota: A inclusão deste capítulo no presente documento resultou da grande importância que normalmente tem o que se passa na área fiscal para os agentes económicos,
sejam eles famílias ou empresas. Daí que se tenha procurado elencar e comentar os principais factos fiscais do OE’2010 – obviamente, numa óptica não exaustiva.



                                    Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                                Fevereiro 2010                  . 27 .
7. Política Fiscal no OEÊ2010.
O OE’2010 não será, portanto, o ponto de partida para a necessária, indispensável mesmo, redução do
esforço fiscal relativo em Portugal – a comparação da carga fiscal com o nível de vida (rendimento per capita).
Depois de ter descido em 2009 devido à queda pronunciada da receita fiscal, tornará a subir, em 2010, situando-se
mais de 21% acima da
média europeia. Em                       Esforço Fiscal Relativo* em países seleccionados da UE-27, 2000-2010
Espanha, por exemplo, o                                                                         (UE-27 = 100)

esforço fiscal relativo, mesmo                        190
com o aumento de impostos
                                                      170                                                                        Polónia
previsto para 2010, situar-se-
á em cerca de 17% abaixo da                           150          Eslováquia
                                       ¸ndice (UE-27=100)

média da União Europeia.
                                                      130         Rep. Checa                                                               Portugal
A economia portuguesa                                 110
                                                                        Grécia      Eslovénia
encontra-se fiscalmente                                                                            Finlândia      Bélgica
sufocada, e enquanto esta                                   90
                                                                    ˘ustria             Espanha
situação não se inverter, o
                                                            70                                  Holanda
nosso crescimento económico                                                                                                              Irlanda
não apresentará o dinamismo                                 50
que todos ambicionamos.                                          2000   2001     2002    2003     2004    2005   2006     2007    2008     2009    2010
                                           * Carga Fiscal / PIB per capita.
                                           Fontes: Comissão Europeia, cálculos do autor.



                       Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                                   Fevereiro 2010             . 28 .
7. Política Fiscal no OEÊ2010.
Entre 1998 e 2008, na UE-27, 16 países reduziram a               Crescimento económico e carga fiscal na UE-27,
carga fiscal; destes, 12 tiveram um crescimento                                   1998-2008
médio do PIB superior à média europeia.                                          Crescimento     Variação da carga
                                                                       Países   médio anual do   fiscal no PIB (pon-
Os primeiros 4 países da tabela foram os que tiveram um                            PIB (%)         tos percentuais)
maior crescimento económico; e de entre os 10 países que          1. Letónia          6.7                -4.8
mais cresceram, 8 reduziram a sua carga fiscal.                   2. Lituânia         6.3                -1.5
                                                                  3. Estónia          6.2                -2.1
Já Portugal registou uma das piores posições no                   4. Irlanda          5.8                -1.7
crescimento económico durante este período (24º                   6. Eslováquia       5.1                -7.9
                                                                  7. Luxemburgo
                                                                     Luxembur         4.9                -3.5
lugar entre os 27), tendo registado uma subida de 4.1
                                                                  8. Eslovénia        4.4                -0.6
pontos percentuais da sua carga fiscal.                           9. Polónia          4.3                -1.4
                                                                 16. Finlândia
                                                                     Finlân           3.4                -3.1
A descida da carga fiscal é um factor fundamental
                                                                 17. Suécia           2.9                -3.8
para aumentar o crescimento económico – o que é                      Holanda
                                                                 19. Holanda          2.6                -0.4
essencial para resolvermos os problemas que nos afligem,         21. ˘ustria          2.5                -1.8
desde o défice público ao endividamento externo passando         22. França           2.2                -1.0
pelo desemprego e pela desigualdade na distribuição do           23. Bélgica          2.2                -1.0
rendimento. Evidentemente, para baixar a carga fiscal é          25. Dinamarca        1.7                -1.2
                                                                 26. Alemanha         1.6                -1.6
preciso reduzir igualmente a despesa pública para níveis
comportáveis – o que não foi feito ao longo dos últimos          União Europeia                    2.3                    -1.0
anos, em que o combate ao défice público se centrou              (27)
                                                                     Portugal
                                                                 24. Portugal                      1.8                    4.1
precisamente (e erradamente) no aumento de impostos.
                                                                Fontes: Comissão Europeia, cálculos do autor.



                     Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                      Fevereiro 2010          . 29 .
7. Política Fiscal no OEÊ2010.
Algumas das medidas fiscais do OE’2010 (a ordem de apresentação é arbitrária):

    Exclusão do ISV da base de incidência do IVA (é apenas uma alteração que será compensada de outra forma
    ainda a definir);

    Isenção do pagamento do imposto de selo em múltiplas operações em que hoje ele é necessário (forma de aliviar
    os custos de contexto do país);

    Revogação do benefício fiscal relativo à aquisição de computadores para uso pessoal;

    Alargamento das deduções em sede de IRS para eficiência energética e energias renováveis;

    Alargamento do prazo de pagamento de dívidas fiscais para empresas em dificuldades (de 60 para 120
    prestações);

    Taxa liberatória única sobre rendimentos de capitais de 20% para residentes ou não residentes;

    Acumulação do incentivo fiscal ao emprego jovem e aos desempregados de longa duração com os incentivos da
    Segurança Social (o que hoje não acontece);

    Tributação dos bónus e remunerações variáveis das empresas em 35% se excederem 25% da remuneração anual
    e EUR 27 500, excepto se o pagamento dessas remunerações for diferido em 3 anos em pelo menos 50% do valor
    e se verifique uma melhoria operacional das mesmas. Esta taxa eleva-se para 50% em 2010 para o sector
    financeiro (a la Brown & Sarkozy);


                     Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.        Fevereiro 2010   . 30 .
7. Política Fiscal no OEÊ2010.
   Benefícios fiscais não poderão resultar num valor de IRC inferior a 75% daquele que se apuraria na ausência
   desses mesmos benefícios (anteriormente o limite era 60%);

   Criação de tribunais fiscais arbitrais;

   Redução da Taxa Social Única (TSU) em 3 pontos percentuais (durante 2010) para Micro e Pequenas Empresas
   que contratem trabalhadores com mais de 45 anos em 2010 (abrange cerca de 200 000 trabalhadores);

   Redução da TSU em 1 ponto percentual para as entidades empregadoras, desde que se trate de trabalhadores
   que auferiram a remuneração mensal mínima em 2009 e de trabalhadores que auferiram salários até EUR 475
   resultantes de negociação colectiva e cujo aumento em 2010 seja de, pelo menos, EUR 25 (abrange cerca de 350
   mil trabalhadores);

   Permissão da repatriação de capitais, desde que devidamente documentada, implicando o pagamento de uma
   taxa de 5%;

   Alargamento aos Estados do Espaço Económico da dispensa de retenção na fonte sobre dividendos distribuídos e
   da exclusão de tributação sobre dividendos recebidos;

   Majoração em 50% dos encargos incorridos em 2010 com a aquisição de viaturas eléctricas;




                     Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.    Fevereiro 2010        . 31 .
7. Política Fiscal no OEÊ2010.
   Contratação de Doutorados com 70% de majoração nos custos até ao máximo de EUR 1.8 milhões;

   Dedução de 20% do investimento de business angels, até ao máximo de 15% da colecta;

   Aquisição de acções de PME em operações de colocação em bolsa (IPO): 25% de dedução no IRS (dedução
   máxima de EUR 500);

   Majoração na dedução à colecta, até 200% (com um limite máximo de EUR 200 mil) para empresas que lancem
   ofertas pública de subscrição (colocações em bolsa).




                    Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.   Fevereiro 2010   . 32 .
8. Parcerias Público-Privadas e Concessões.
Ao contrário do que seria desejável, e do que foi feito               PPP em fase de concurso e de lançamento
em anos anteriores, no relatório do OE’2010, o Governo                                                                       Valor
                                                                            Rodoviárias:
                                                                 Sub.Conc. Rodoviárias:                                   (EUR milhões)
não disponibiliza informação financeira detalhada
                                                                  em concurso
nem pormenorizada sobre as parcerias público-
                                                                   AE Centro                                                    1 100
privadas (PPP) em geral, nomeadamente quanto às PPP               em preparação
que se encontram em fase de concurso e de lançamento, e            Rota Oeste                                                     n.d.
quanto aos encargos futuros calendarizados com PPP.                Ribatejo                                                       n.d.
                                                                   Vouga                                                          n.d.
Diminui-se, assim, a transparência e a disponibilização            Serra da Estrela                                               n.d.
                                                                   Tejo Internacional                                             n.d.
de informação indispensável numa área que tem
                                                                       Saúde:
                                                                 Conc. Saúde:
conhecido um grande dinamismo nos últimos anos e que
                                                                  em concurso
representa um enorme montante de encargos anuais                   Hospital de Vila Franca de Xira                                 73
para os próximos 40 anos. Exactamente o contrário do               Hospital de Lisboa Oriental                                    270
que mandam as boas práticas orçamentais, e do que,                 Hospital Central do Algarve                                    190
portanto, devia acontecer.                                        em preparação
                                                                   Hospital de Vila Nova de Gaia/Espinho                          n.d.
Em relação às PPP em fase de concurso e de                         Hospital da Póvoa do Varzim                                    n.d.
                                                                       Ferroviárias:
                                                                 Conc. Ferroviárias:
lançamento, não são disponibilizados os valores
                                                                   Alta Velocidade Ferroviária - PPP1 (Poceirão-Caia)           1 359
relativos a múltiplas subconcessões rodoviárias e a                Alta Velocidade Ferroviária - PPP2 (Lisboa-Poceirão)         1 890
concessões na área da saúde, o que impede o                      Total                                                          4 882
conhecimento do valor total das novas PPP.                       Fonte: Relatório do OE’2010.




                     Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                 Fevereiro 2010            . 33 .
8. Parcerias Público-Privadas e Concessões.
No OE’2010, e no que toca às concessões e subconcessões rodoviárias, para além da introdução de portagens
em SCUT e da renegociação de vários contratos de concessão, enquadrada no novo modelo de financiamento da
empresa Estradas de Portugal (EP) – o que implicou um maior endividamento da EP no presente (o que terá constituído
um dos motivos pelo qual o défice público de 2009 foi agravado, já que as contas da EP consolida no perímetro das
Administrações Públicas) e menores rendas anuais futuras –, o Governo admite que, a partir do final dos
respectivos contratos, as concessões do Estado revertem para a empresa Estradas de Portugal (EP) e as
subconcessões voltam a ser assumidas pela EP, cabendo a esta a totalidade das respectivas receitas e encargos
futuros até ao termos da concessão geral, a ocorrer em 2082.

Assim, o que sucede, de acordo com o Governo é que, a partir de 2030, inclusive, as concessões e
subconcessões passam a gerar receita líquida (!) e em montantes anuais substanciais (acima de EUR 3 mil
milhões) a partir do final da década de 30.

O problema é que não só não são conhecidos nenhuns pormenores sobre os pressupostos que presidiram à
elaboração dos cálculos sobre estas receitas, como é provável que, até essa altura, estas concessões e
subconcessões voltem a ser concessionadas.

Da forma como esta informação é disponibilizada no OE’2010, é lícito levantar a dúvida sobre se não se trata de
uma forma de tornar pouco claros os encargos futuros totais com as PPP rodoviárias, sem dúvida aquelas
que mais polémica têm levantado, e cujos encargos anuais mais têm sido objecto de revisão em alta.

A comparação do plano de pagamentos que consta no OE’2010 com a informação disponibilizada pela
Direcção-Geral do Tesouro e Finanças em Julho passado (ver páginas seguintes) é elucidativa…


                      Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.    Fevereiro 2010      . 34 .
8. Parcerias Público-Privadas e Concessões.
                Previsão de encargos líquidos globais das PPP e Concessões no OE’2010
                                    Do qual                       Valores em EUR milhões a preços de 2010
            Ano            Total       Conc. + Subconc. Concessões            PPP              Outras
                                         Rodoviárias    Ferroviárias     ˘rea da Saúde       (SIRESP)
        2010-2013                   3 085.3                   1 476.6               224.1                1 218.7                  165.9
        2014-2017                   5 271.4                   3 115.3               536.0                1 487.9                  132.2
        2018-2021                   4 024.7                   2 476.4               463.6                  996.6                   88.1
        2022-2025                   2 103.1                   1 433.1               357.1                  312.9                    0.0
        2026-2029                   1 066.4                     534.3               268.2                  263.9                    0.0
        2030-2033                    -316.1                    -782.0               232.6                  233.2                    0.0
        2034-2038                  -2 851.2                  -3 300.1               205.0                  243.9                    0.0
        2038-2043                  -4 548.8                  -4 789.3               175.6                   64.8                    0.0
        2043-2048                  -4 405.6                  -4 539.8               134.2                    0.0                    0.0
          Total                     3 429.2                  -4 375.4             2 596.5                4 821.9                  386.2
   Nota: O valor dos encargos futuros com Parcerias Público-Privadas e Concessões (PPPC) foi actualizado para 2010, utilizando como
   factor de desconto a taxa média de emissão da dívida pública portuguesa a longo prazo (30 anos, próximo do horizonte médio dos
   encargos com PPP) verificada no mercado secundário. Foi utilizada a taxa média anual de 2009, 4.66%. A consideração desta taxa a 30
   anos resulta do facto de ela traduzir o custo de oportunidade de, em vez da celebração de parcerias com o sector privado, o Estado
   optar pela alternativa da efectivação dos projectos via investimento público tradicional e financiá-la “dentro” do sector público em cada
   ano (o que, com um orçamento deficitário, levaria a que estas despesas adicionais tivessem que ser financiadas recorrendo à emissão
   de dívida pública, que paga uma determinada taxa de juro).
   Fontes: Relatório do OE’2010, cálculos do autor.


                        Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                             Fevereiro 2010              . 35 .
8. Parcerias Público-Privadas e Concessões.
Previsão de encargos líquidos globais das PPP e Concessões pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças em
                                                                  Julho de 2009
                                                    Do qual                                    Valores em EUR milhões a preços de 2010
              Ano                    Total              Conc. + Subconc.           Concessões               PPP                    Outras
                                                          Rodoviárias              Ferroviárias        ˘rea da Saúde             (SIRESP)
           2010-2013                4 996.0                 2 317.0                   994.0               1 519.2                  165.9
           2014-2017                7 295.3                 3 730.1                  1 644.7              1 788.3                  132.2
           2018-2021                5 484.2                 3 150.3                  1 153.1              1 070.7                  110.2
           2022-2025                3 707.9                 2 498.7                   889.5                319.6                    0.0
           2026-2029                2 652.1                 1 683.6                   688.7                279.7                    0.0
           2030-2033                1 677.3                  886.8                    545.2                245.2                    0.0
           2034-2038                1 419.9                  664.4                    493.1
                                                                                      493.1                262.4                    0.0
           2038-2043                 342.1                     0.0                    305.5                 36.6                    0.0
           2043-2048                 143.1                     0.0                    143.1                  0.0                    0.0
             Total                 27 717.8                14 930.9                  6 856.9              5 521.9                  408.2
       Nota: O valor dos encargos futuros com Parcerias Público-Privadas e Concessões (PPPC) foi actualizado para 2010, utilizando como
       factor de desconto a taxa média de emissão da dívida pública portuguesa a longo prazo (30 anos, próximo do horizonte médio dos
       encargos com PPP) verificada no mercado secundário. Foi utilizada a taxa média anual de 2009, 4.66%. A consideração desta taxa a 30
       anos resulta do facto de ela traduzir o custo de oportunidade de, em vez da celebração de parcerias com o sector privado, o Estado
       optar pela alternativa da efectivação dos projectos via investimento público tradicional e financiá-la “dentro” do sector público em cada
       ano (o que, com um orçamento deficitário, levaria a que estas despesas adicionais tivessem que ser financiadas recorrendo à emissão
       de dívida pública, que paga uma determinada taxa de juro).
       Fontes: Parcerias Público-Privadas e Concessões, Relatório de 2009 – Direcção-Geral do Tesouro e Finanças; cálculos do autor.



                           Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.                              Fevereiro 2010              . 36 .
8. Parcerias Público-Privadas e Concessões.
Ainda no domínio das concessões rodoviárias, verifica-se o não lançamento de novos projectos com o perfil de auto-
estrada, encontrando-se apenas previsto o início de concessões de projectos rodoviários que, na sua maioria,
constituem requalificações e modernizações de vias já existentes.

Finalmente, e no que diz respeito às concessões ferroviárias, deve ser referido que apenas existe informação
disponibilizada quanto à linha de alta velocidade Lisboa-Caia.

Relativamente às linhas de alta velocidade Lisboa-Porto e Porto-Vigo, não existe nem informação sobre
estudos, nem sobre calendarização, nem de índole financeira.

Significará isto que o Governo tomou a decisão de adiar estas duas linhas?... É um “mistério” que tem que ser
esclarecido.

Não existe também nenhuma referência, nem informação de nenhum tipo, quanto ao projecto do novo aeroporto
de Lisboa.




                       Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos.      Fevereiro 2010      . 37 .
9. Privatizações no OEÊ2010.
O OE’2010 prevê, tal como acontecia no OE’2009 e no          Programa de privatizações para o biénio 2006-2007
OE’2008, aplicar EUR 960 milhões provenientes de
operações de privatização na amortização do stock da                               Empresas                         Ano
dívida pública.
                                                             Alienação integral da participação do Estado
Desde 2006 que os Governos do Partido Socialista,                 Portucel Tejo                                     2006
com o Programa de privatizações para o biénio de 2006-            Portucel                                          2006
2007, têm revelado a intenção de colocar em                       INAPA                                           2006-2007
prática um ambicioso programa de privatizações
que, no entanto, à excepção da Portucel e,                   Alienação parcial da participação do Estado
parcialmente, da Galp, REN e EDP, tem ficado na                   Galp                                              2006
“gaveta”.                                                         EDP                                             2006-2007
                                                                  REN                                             2006-2007
Em 2010, para além do processo de reprivatização da               TAP                                               2007
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parte do plano de desinvestimento do Estado quase todas                                definir
                                                             Alienação ou concessão a definir em função do
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                                                             Lisboa
Não foi assim, maximizada, nos últimos 5 anos, a                  ANA                                               2007
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  • 1. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Miguel Frasquilho Economista, Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PSD Ex-Secretário de Estado do Tesouro e Finanças Fevereiro 2010 Este documento foi elaborado com informação disponível até Fevereiro 11, 2010
  • 2. “Está para nascer o Primeiro-Ministro que tenha feito melhor do que eu com o défice.” José Sócrates, referindo-se ao défice público de 2007, de 2.6% do PIB, o mais baixo em democracia. Julho 2009 “Está para nascer o Primeiro-Ministro que tenha feito pior do que José Sócrates com o défice.” O que todos os Portugueses podem concluir depois de ter sido conhecido um défice público de 9.3% do PIB em 2009, o mais elevado na história da nossa democracia. Fevereiro 2010
  • 3. ¸ndice 1. Sumário Executivo. 3 2. Cenário Macroeconómico. 10 3. A Crise Internacional e as Contas Públicas. 15 4. Crise Internacional não pode ser alibi... 19 5. Trajectória Orçamental 2004-2010. 21 6. Contenção da Despesa Pública no OEÊ2010. 24 7. Política Fiscal no OEÊ2010. 27 8. Parcerias Público-Privadas e Concessões. 33 9. Privatizações no OEÊ2010. 38 ANEXO – O Fracasso do PRACE. 39 NOTA: Este documento não é uma análise exaustiva do OE’2010. Trata-se, antes, de uma síntese dos pontos considerados mais relevantes, de acordo com a opinião do autor. Assim, a sua consulta não dispensa a leitura do Relatório do OE’2010, bem como da Proposta de Lei e dos Mapas que acompanham o Orçamento. Quaisquer erros ou imprecisões na análise que a seguir se apresenta são, evidentemente, da inteira responsabilidade do autor. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 .2.
  • 4. 1. Sumário Executivo. O Orçamento do Estado para 2010 (OE’2010) é o corolário de 5 anos de uma política económica em geral, e orçamental em particular, que foi errada, que empobreceu o País, minou a sua competitividade e acentuou as desigualdades sociais – e que foi sempre denunciada pelo PSD e à qual o Governo Socialista, que dispôs de uma maioria absoluta no Parlamento, nunca deu ouvidos. Foi pena que tal tivesse acontecido. A redução do défice público entre 2005 e 2008 (antes da crise internacional), de 6.1% para 2.7% do PIB deveu-se (i) à subida da carga fiscal (em 1.5 pontos percentuais, de 36% para 37.5% do PIB), (ii) à descida do investimento público (em 0.7 pontos percentuais, de 2.9% para 2.2%) e (iii) à contabilização, em 2008, de receitas extraordinárias – irrepetíveis – resultantes da concessão de barragens e auto-estradas (que ascenderam a 1.1 pontos percentuais do PIB). No total, 3.3 pontos percentuais em 3.4 pontos que foi a descida do défice público. Durante esse período, a dívida pública cresceu em todos os anos e, ao mesmo tempo, foram atirados encargos substanciais para o futuro (pelas responsabilidades que entretanto foram assumidas no âmbito dos projectos de parcerias público-privadas), o que se traduzirá em despesa pública adicional diferida no tempo e acarretará pesados constrangimentos orçamentais. Naturalmente, chegada a crise internacional, tornou-se evidente que a consolidação orçamental estava por fazer e o défice de 9.3% em 2009 não se pode considerar surpreendente, apesar de constituir um resultado historicamente elevado (o maior défice em democracia). No ano passado, o Estado endividou-se ao impressionante ritmo de cerca de EUR 1.75 milhões (isto é, 1 milhão e 750 mil euros) por hora (!)… Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 .3.
  • 5. 1. Sumário Executivo. A este propósito, vale a pena recordar que o défice de 9.3% do PIB em 2009 começou por ser estimado, inicialmente, em 2.2% (em Outubro de 2008, tomando como base um cenário macroeconómico absolutamente irrealista, pois já tinha ocorrido a falência do gigante banco norte-americano de investimento Lehman Brothers, que se sabia iria ter consequências devastadoras para o sistema financeiro e a economia mundial); depois, em Janeiro de 2009, no designado pelo Governo como “Orçamento Suplementar”, passou para 3.9%; em Maio de 2009, no Relatório de Orientação da Política Orçamental, foi aumentado para 5.9%, tendo esta estimativa sido mantida até depois das eleições legislativas de Setembro (quando já era possível antever um valor bem mais elevado); em Novembro último, a projecção da Comissão Europeia de um défice de 8% do PIB em 2009 foi tida como nova referência pelo Governo. Finalmente, chegou-se agora aos conhecidos 9.3%… Claro que um exercício de previsão é sempre arriscado – mas a cronologia acima apresentada não deixa grandes dúvidas sobre a gestão política/eleitoral que foi feita pelo Governo (e, sobretudo, pelo Ministro das Finanças, que não se comportou, assim, à altura do papel de “último guardião da credibilidade” que deve sempre assumir) sobre este tema, escondendo o verdadeiro estado das contas públicas ao país. Lamentável, é o qualificativo mínimo para esta situação. No OE’2010, obrigado por uma conjuntura internacional adversa, e pela colagem que tem sido feita à situação de profunda crise orçamental que se vive na Grécia, o Governo Socialista, agora sem dispor de maioria absoluta no Parlamento, parece finalmente ter “acordado” e apresentou um OE que, pela primeira vez em 5 anos, contém alguns sinais de contenção na despesa pública. Sinais positivos, embora tímidos, quer na despesa Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 .4.
  • 6. 1. Sumário Executivo. corrente, quer no que toca ao investimento (e, nomeadamente, às parcerias público-privadas, ainda que esclarecimentos adicionais sejam necessários nesta matéria). Também pela primeira vez em 5 anos, o Governo admitiu que o endividamento externo de Portugal – o maior da União Europeia (UE-27) – é o maior problema que o nosso país enfrenta, e que resulta da crónica falta de competitividade da economia portuguesa e da sua baixa produtividade. Uma das formas que a política orçamental tem para combater o endividamento externo, é inverter a trajectória de subida do endividamento público (do qual uma parte substancial é externo). A outra é a promoção da competitividade da nossa economia, para aumentar o potencial de crescimento económico, sem o que nenhum dos problemas que enfrentamos poderá ser resolvido – a começar pelo problema das contas públicas. No que toca à inversão da trajectória de aumento do endividamento público, o défice previsto para 2010 é reduzido em apenas 1 ponto percentual do PIB (assumindo, ainda assim, o terceiro maior valor desde 1974) – um primeiro sinal, ainda que tímido, na direcção certa. Contudo, a dinâmica própria do endividamento leva a que a redução da dívida pública ainda não seja sentida em 2010 (nem, provavelmente, em 2011, ainda que o défice do próximo ano deva voltar a ser descido, como é necessário e todos desejamos). Além disso, a descida do défice, de 9.3% em 2009 para 8.3% em 2010, terá (numa base comparável com os anos anteriores a 2009) um contributo maior da receita (sobe 0.9 pontos percentuais do PIB) do que da Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 .5.
  • 7. 1. Sumário Executivo. despesa (que desce apenas 0.1 pontos percentuais), o que, como facilmente se percebe, devia acontecer… ao contrário. Uma situação que não satisfez, também, as agências de rating, que consideraram insuficientes as medidas tomadas para reduzir o défice público para menos de 3% do PIB em 2013 (como imposto pela Comissão Europeia), e já ameaçaram tornar a deteriorar as perspectivas e a notação da dívida pública portuguesa (aumentando o risco-país). Quanto à competitividade da economia, as notícias são piores – e é aqui que as diferenças para o caminho que o PSD seguiria são mais evidentes. Na verdade, o PSD assentaria as suas opções numa política destinada a promover o investimento e as exportações – as componentes nas quais deve assentar um crescimento económico que se quer robusto e sustentável –, e, sobretudo, no apoio às Pequenas e Médias Empresas, pela aplicação, por exemplo, de medidas como as que foram incluídas no “Plano Anti-Crise” apresentado no Parlamento em Novembro último. Não se sente que o OE’2010 vá neste sentido, tendo o Governo rejeitado esta orientação e continuado a ver o investimento público como “motor” da actividade económica – o que, para além de ser um modelo estafado e não adequado à realidade da economia portuguesa, é limitado pela necessária consolidação orçamental que é necessário realizar do lado da despesa (e para a qual os mercados e investidores internacionais estão atentos). Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 .6.
  • 8. 1. Sumário Executivo. Para além disso, a política fiscal é, mais uma vez, utilizada através de alterações avulsas e desgarradas, em vez de existir uma estratégia coerente direccionada para a simplificação do sistema fiscal e para a promoção da competitividade e equidade da nossa economia. Tudo somado, apesar das insuficiências detectadas, e levando em linha de conta, também, o inegavelmente difícil enquadramento externo que Portugal enfrenta, com uma colagem da nossa situação orçamental à profunda crise que a Grécia vive, não podia ser outra a decisão do PSD senão a viabilização do OE’2010. Porque, não tenhamos dúvidas: a percepção internacional de que está por realizar a indispensável consolidação orçamental, associada a uma eventual reprovação do Orçamento, e à situação que se vive na Grécia, provocaria uma crise de gravíssimas proporções para o nosso país. É, pois, o interesse nacional que está em jogo. Um interesse que, obviamente, tem que estar acima de tudo. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 .7.
  • 9. 1. Sumário Executivo. Grandes Agregados das Administrações Públicas: Trajectória Orçamental, 2004-2010 (Łptica da Contabilidade Nacional) 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Diferença Valores em % do PIB Execução Execução Execução Execução Execução Estimativa Orçamento 2010- 2010-2004 (pontos percentuais) Receitas Fiscais 22.7 23.4 24.2 24.8 24.5 22.2 22.2 -0.5 0.5 Contribuições Sociais 12.2 12.5 12.5 12.7 12.9 13.6 13.6 1.1 Receitas Correntes 39.6 40.1 41.2 42.2 42.3 40.6 41.3 1.7 1.7 Despesas de Funcionamento * 18.1 18.7 17.7 17.0 17.2 18.0 18.4 0.3 0.3 Despesa Corrente 42.0 43.4 42.9 42.2 43.2 47.0 47.7 5.7 5.7 Despesa Corrente Primária 39.3 40.8 40.1 39.4 40.3 44.1 44.6 5.3 5.3 Investimento Público (Formação Bruta de Capital Fixo) 3.1 2.9 2.4 2.3 2.2 2.6 2.7 -0.4 Despesa Pública Total 46.5 47.7 46.3 45.7 45.9 51.2 51.1 4.6 4.6 Saldo das Administrações Públicas -3.4 -6.1 -3.9 -2.6 -2.7 -9.3 -8.3 -4.9 Dívida Pública 58.3 63.6 64.7 63.5 66.3 76.6 85.4 27.1 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Variação anual (%) Execução Execução Execução Execução Estimativa Orçamento Receitas Fiscais 6.9 7.7 7.4 0.9 -10.4 1.7 Receitas Correntes 4.9 7.0 7.6 2.2 -4.9 3.3 Receitas Totais -0.3 6.2 6.9 2.3 -4.2 3.8 Despesas de Funcionamento * 6.9 -1.0 0.9 3.1 3.6 2.7 Despesa Corrente 6.9 3.0 3.4 4.4 7.7 3.2 Despesa Corrente primária 7.2 2.6 3.2 4.3 8.3 2.6 Despesa Total 6.1 1.2 3.7 2.5 10.4 1.4 * Despesas com o Pessoal + Consumos Intermédios. NOTA: No OE’2009 o Governo introduziu uma alteração metodológica no que diz respeito ao registo das contribuições para a Caixa Geral de Aposentações que, embora não alterando o valor do défice, afecta o valor das rubricas “despesas com o pessoal” e “contribuições para a Segurança Social”, inviabilizando a comparação não só dos valores de 2009 e 2010 destas rubricas com o passado, mas também dos grandes agregados das receitas e das despesas. Como esta metodologia não foi ainda validada quer pelo INE, quer pelo Eurostat (nem se sabe se e quando tal irá acontecer), optei por considerar a metodologia antiga, de modo a assegurar a comparabilidade. Fontes: INE, Relatório do OE’2010, cálculos do autor. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 .8.
  • 10. 1. Sumário Executivo. Portugal: Indicadores Económicos Seleccionados, Evolução 2004 – 2010 2004 2005 2006 2007 2008 2009 E 2010 P Rendimento por habitante (UE-27=100) 1 76.1 75.0 73.5 72.8 72.3 73.2 73.2 Crescimento do PIB (%) 2 1.5 0.9 1.4 1.9 0.0 -2.6 0.7 Inflação (%) 2 2.4 2.3 3.1 2.5 2.6 -0.8 0.8 a Défice externo (% do PIB) 3 6.1 8.3 9.2 8.1 10.5 8.2 9.8 Endividamento da economia (% do PIB) 4 64.0 70.2 80.9 91.4 97.1 107.5 n.d. Endividamento das famílias (% do PIB) 5 78.0 84.9 89.8 94.2 96.0 n.d. n.d. Endividamento das empresas (% do PIB) 5 99.0 119.6 122.6 129.5 140.3 n.d. n.d. Taxa de desemprego (% da população activa) 2 6.7 7.6 7.7 8.0 7.6 9.5 9.8 Carga fiscal (% do PIB)* 6 * 34.9 36.0 36.7 37.5 37.5 35.7 35.8 Esforço fiscal relativo (UE-27=100) * 7 118.4 117.2 119.0 122.0 124.4 120.3 121.4 Despesa pública total (% do PIB)* 2 * 46.5 47.7 46.3 45.7 45.9 51.2 51.1 Despesa pública corrente (% do PIB)* 2* 42.0 43.4 42.9 42.2 43.2 47.0 47.7 Despesa pública corrente primária (% do PIB)* 2 * 39.3 40.8 40.1 39.4 40.3 44.1 44.6 Investimento público (% do PIB) 2 3.1 2.9 2.4 2.3 2.2 2.6 2.7 Défice público (% do PIB) 2 3.4 6.1 3.9 2.6 2.7 9.3 8.3 Dívida pública (% do PIB) 2 58.7 63.6 64.7 63.6 66.3 76.6 85.4 n.d. – informação não disponível; E – Estimativas; P – Previsões. 1. PIB per capita corrigido pela paridade do poder de compra. Fontes: FMI, cálculos do autor. 2. Fontes: INE, Relatório do OE’2010. 3. Défice da balança corrente + Défice da balança de capital. Fonte: Banco de Portugal. 4. Conjunto das responsabilidades do país face ao exterior em termos líquidos. O valor para 2009 é uma estimativa relativa ao terceiro trimestre do ano. Fontes: Banco de Portugal, cálculos do autor. 5. Fonte: Banco de Portugal. 6. Impostos directos + Impostos indirectos + Contribuições para a Segurança Social. Fontes: INE, Relatório do OE’2010. 7. Carga fiscal / PIB per capita. Fontes: Comissão Europeia, Relatório do OE’2010, cálculos do autor. * Os valores de 2009 e 2010 são apresentados numa base comparável com os anos anteriores. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 .9.
  • 11. 2. Cenário Macroeconómico. Perspectiva-se um enquadramento internacional ainda difícil… Enquadramento Internacional: Crescimento do PIB (taxas de variação real, em %) Estrutura 2008* 2008* 2007 2007 2008 2008 2009 2009 2010 2010 (%) Projecções do FMI Economia Mundial 100.0 5.0 3.1 -1.1 3.1 Economias avançadas 55.1 2.7 0.6 -3.4 1.3 das quais: EUA 20.8 2.0 0.4 -2.7 1.5 ˘rea do Euro, da qual: 15.9 2.6 0.6 -4.2 0.3 Alemanha 4.4 2.5 1.3 -5.3 0.3 França 3.5 2.1 0.4 -2.4 0.9 Itália 2.8 1.5 -1.0 -5.1 0.2 Espanha 1.9 3.7 0.9 -3.8 -0.7 Reino Unido 3.2 3.1 0.6 -4.4 0.9 Japão 6.4 2.1 -0.7 -5.4 1.7 Outras economias, das quais : China 11.5 11.8 9.7 8.5 9.0 India 4.8 9.3 6.7 5.4 6.4 Rússia 3.3 7.5 5.6 -7.5 1.5 Brasil 2.9 5.4 5.1 -0.7 3.5 Por memória UE-27 22.3 2.9 0.8 -4.2 0.5 Legenda: (*) com base no PIB avaliado em paridade do poder de compra. Fonte: Relatório OE’2010. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 10 .
  • 12. 2. Cenário Macroeconómico. … embora já numa fase de saída da crise financeira e económica – a pior desde a Grande Depressão (isto é, em cerca de 80 anos) –, que deverá ter atingido o seu ponto máximo em 2009. Crescimento económico mundial, 2000-2011 6 5 4.9 5.1 5.2 4 4.8 4.5 4.3 3 3.6 3.9 Percentagem 2.9 3.0 2 2.3 1 0 -1 -0.8 -2 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Nota: Os valores para 2010 e 2011 são previsões. Fonte: FMI. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 11 .
  • 13. 2. Cenário Macroeconómico. Principais hipóteses do enquadramento externo para 2010 não parecem desadequadas, com excepção do crescimento projectado para a Zona Euro, que parece ter sido “encomendado” para garantir que não há divergência de Portugal, já que as actuais previsões do FMI e da Comissão Europeia apontam para valores em redor de 1%... Enquadramento Externo – Principais Hipóteses OEÊ2010 2008 2009 2010 Taxas de juro de curto prazo (Euribor a 3 meses) (%) 4.6 1.2 1.2 Preço spot do petróleo Brent (Dólares por barril) 96.4 62.5 76.6 Taxa de câmbio efectiva nominal para Portugal * 1.5 1.4 1.4 Taxa de Inflação na área do euro (IHPC, em %) 3.3 0.3 1.1 Crescimento real do PIB na área do euro (%) 0.6 -4.0 0.7 Crescimento da procura externa (bens) 2.5 -14.7 1.7 * Taxa de variação positiva (negativa) significa apreciação (depreciação) do euro. Fonte: Relatório do OE’2010. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 12 .
  • 14. 2. Cenário Macroeconómico. … o que deverá manter a PIB per capita* em países europeus seleccionados (UE-27=100) divergência para o nível de vida médio da UE-27… Irlanda 140 … que, com excepção do ano passado (a crise internacional 120 não foi tão profunda em Espanha Grécia UE-27 Per ce n ta ge m Portugal como no resto da 100 Europa, talvez porque… já Chipre estivéssemos em crise!), 80 acontece ininterruptamente Eslovénia Malta desde 2000. Portugal 60 Rep. Checa Eslováquia Nível de vida em Portugal será, em 2010, o 20º entre 40 a UE-27 (ultrapassado pela 1993 1996 1999 2002 2005 2008 2011 2014 Eslováquia). * Corrigido pela paridade do poder de compra. Fontes: FMI, cálculos do autor. FMI prevê que a divergência continue até, pelo menos, 2014!... Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 13 .
  • 15. 2. Cenário Macroeconómico. Cenário para a economia portuguesa não parece desajustado, com excepção para a taxa de desemprego, que deverá atingir pela primeira vez um valor médio anual de 2 dígitos em 2010. O crescimento projectado para o PIB Cenário Macroeconómico continua a ser anémico, as exportações OEÊ2010 OEÊ2010 2008 2008 2009 (e) 2010 (p) não recuperam como seria desejável, 1. Despesa e PIB (variação em volume, em %) o investimento manter-se-á em queda Consumo Privado 1.7 -0.9 1.0 e continuará a ser destruído emprego Consumo Público 1.1 2.6 -0.9 em termos líquidos. Investimento (FBCF) -0.7 -11.8 -1.1 Procura Interna 1.2 -2.9 0.3 Continuam bem presentes as dificuldades Exportações -0.5 -12.0 3.5 Importações 2.7 -10.7 1.5 estruturais da economia portuguesa, PIB 0.0 -2.6 0.7 que não têm sido debeladas como deviam. PIB (projecções FMI) 0.0 -2.7 0.5 2. Preços (taxas de variação, em %) Parece ser apropriado perguntar ao Deflator do PIB 2.1 1.7 0.8 Primeiro-Ministro onde estão os prometidos Taxa de Inflação (a) 2.6 -0.8 0.8 3. Emprego e desemprego 150 mil novos empregos e o crescimento Emprego Total (taxa de variação, em %) 0.4 -2.9 -0.1 económico de 3% ao ano (!)… Taxa de desemprego (%) 7.6 9.5 9.8 Legenda: (a) Medida pela variação média anual do Índice de Preços no Consumidor; (e) estimativa; (p) previsão. Fontes: Relatório do OE’2010. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 14 .
  • 16. 3. A Crise Internacional e as Contas Públicas. Na sequência da enorme crise financeira internacional, que levou a uma profunda crise económica global, a ajuda concedida à economia e ao sector financeiro deteriorou as contas públicas um pouco por todo o Mundo. Na União Europeia esse fenómeno é também visível, quer ao nível do défice público… Saldo Orçamental, UE-27, 2007-2009 (% do PIB) 8 6 4 2008 2007 2 Percentagem União Europeia 0 -2 -4 2007 -0.8% -6 -8 2009 2008 -2.3% -10 -12 2009 -6.9% -14 República Checa Reino Unido Dinamarca Chipre Hungria Holanda Roménia Bulgária Suécia Luxemburgo Finlândia Estónia Alemanha ˘ustria Malta Itália Bélgica Eslováquia Eslovénia Polónia França Letónia Lituânia Espanha Irlanda Grécia Portugal Nota: Ordenação decrescente segundo o ano de 2009. Fontes: Comissão Europeia, Relatório do OE’2010. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 15 .
  • 17. 3. A Crise Internacional e as Contas Públicas. … quer da dívida pública. Dívida Pública, UE-27, 2007-2009 (% do PIB) 140 120 2009 100 Percentagem União Europeia 80 2007 60 2007 58.7% 40 2008 2008 61.5% 20 2009 73.0% 0 Portugal Itália Grécia Bélgica Hungria França Alemanha ˘ustria Reino Unido Malta Irlanda Holanda Espanha Chipre Polónia Suécia Finlândia República Checa Eslovénia Eslováquia Dinamarca Letónia Lituânia Roménia Bulgária Luxemburgo Estónia Nota: Ordenação decrescente segundo o ano de 2009. Fontes: Comissão Europeia, Relatório do OE’2010. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 16 .
  • 18. 3. A Crise Internacional e as Contas Públicas. A crise atingiu particularmente as economias e Algumas acções das agências de rating em relação a as contas públicas de países muito expostos Espanha, Portugal, Irlanda e Grécia, 2009 ao subprime e com fortes bolhas imobiliárias, País Data Acção como Irlanda e Espanha, provocando reacções Standard & PoorÊs reduziu o nível de rating de 19 Janeiro 2009 negativas da parte das agências de rating. AAA para AA+ Espanha Standard & PoorÊs reduziu o Outlook para 12 Dezembro 2009 Ao mesmo tempo, a realização de eleições na Negative 3 Setembro 2009 Fitch reduziu o Outlook para Negative Grécia, em Setembro, provocou, em Novembro, a Portugal 29 Outubro 2009 MoodyÊs reduziu o Outlook para Negative mudança de Governo e a “descoberta” de uma Standard & PoorÊs reduziu o Outlook para 7 Dezembro 2009 crise orçamental de enormes proporções, Negative Fitch reduziu o nível de rating de AA+ para AA- que lançou nos mercados internacionais a Irlanda 4 Novembro 2009 e o Outlook para Stable suspeita sobre a possibilidade de uma situação Fitch reduziu o nível de rating de A- para BBB+ 8 Dezembro 2009 de rotura de pagamentos do Estado e o Outlook para Negative Standard & PoorÊs reduziu o nível de rating de Helénico (incapacidade de fazer face aos Grécia 16 Dezembro 2009 A- para BBB+ e o Outlook para Negative compromissos assumidos). MoodyÊs reduziu o nível de rating de A1 para A2 22 Dezembro 2009 e Outlook para Negative Obviamente, as agências de rating apressaram-se Fonte: Bloomberg. a deteriorar o nível de risco e o outlook da Grécia. Por contágio, Portugal foi também afectado… Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 17 .
  • 19. 3. A Crise Internacional e as Contas Públicas. … mesmo antes de ser conhecida a dimensão Spreads das taxas de juro da dívida pública a 10 anos face à do défice e da dívida pública de 2009. Alemanha, 2007-2010* (pontos base) Toda esta envolvente tem motivado um 400 350 Grécia alargamento dos spreads das taxas de 300 273.2 juro da dívida pública grega, irlandesa, Irlanda portuguesa e espanhola face à alemã 250 200 Pontos Base (considerada a referência na Europa). 146.0 150 118.4 Juros mais elevados significam condições de 100 76.0 financiamento mais desfavoráveis para os 50 Espanha Portugal bancos a nível internacional, com naturais 0 repercussões (encargos maiores) sobre famílias -50 e empresas – ou seja, (ainda) maiores -100 dificuldades para toda a economia. Jan. 2007 Jul. 2007 Jan. 2008 Jul. 2008 Jan. 2009 Jul. 2009 Jan. 2010 * Actualizado à data de Fevereiro 05, 2010. A situação de Portugal não é encarada, Fonte: Bloomberg. pelo menos para já (e a evolução das taxas de juro indica isso mesmo), como sendo semelhante à da Grécia – mas o défice de 9.3% em 2009, conhecido com a apresentação do OE’2010, foi recebido negativamente a nível internacional, tendo as agências de rating advertido para a possibilidade de novas revisões, para pior, quer do risco-país, quer das perspectivas. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 18 .
  • 20. 4. Crise Internacional não pode ser alibi⁄ Com efeitos da crise reconhecidamente menores em Portugal do que no resto da Europa, a deterioração das contas públicas portuguesas foi superior, confirmando que a responsabilidade de um défice de 9.3% do PIB em 2009 não foi só, nem na sua Variação do saldo orçamental entre 2007 e 2009 e entre 2008 e 2009 na UE-27 maior parte, uma (pontos percentuais do PIB) consequência da crise 2.0 internacional. 0.0 O défice público -2.0 Pontos percentuais português foi, de entre -4.0 os 27, o quarto que Variação -6.0 2008-2009 mais se deteriorou -8.0 entre 2008 e 2009 (6.6 Variação 2007-2009 -10.0 pontos percentuais, -12.0 contra 4.6 na UE-27) e o -14.0 nono entre 2007 e Portugal Malta Estónia Hungria Roménia Itália Bulgária Polónia Alemanha ˘ustria Eslováquia Chipre Eslovénia Rep. Checa Suécia Luxemburgo Letónia Bélgica França Grécia Irlanda Holanda Dinamarca Lituânia Reino Unido Espanha Finlândia 2009 (6.7 pontos percentuais contra 6.1 na UE-27). Nota: Ordenação decrescente em função da variação de 2008 para 2009. Fonte: Comissão Europeia, Relatório do OE’2010, cálculos do autor. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 19 .
  • 21. 4. Crise Internacional não pode ser alibi⁄. Na dívida pública, a variação foi a 10ª maior entre os 27, quer entre 2007 e 2009, quer entre 2008 e 2009, tendo-se situado em 13 e 10.3 pontos percentuais do PIB, respectivamente, ligeiramente abaixo da média europeia (14.4 e 11.5 na UE-27). Em 2009, o défice público português foi o 6º maior da UE-27 e a dívida pública foi a 4ª maior. Para 2010, o défice de 8.3% e a dívida de 85.4% serão os 7º e 4ª maiores, respectivamente. Ao fim de cinco anos de opções Variação da dívida pública entre 2007 e 2009 e entre 2008 e 2009 de política económica errada – na UE-27 (pontos percentuais do PIB) sempre denunciada pelo PSD – a 50 2007-2009 consolidação das contas públicas Percentagem 40 portuguesas continua por fazer, 30 2008-2009 apesar dos sacrifícios que foram 20 pedidos aos portugueses 10 (exemplo: aumento de impostos) e 0 que tanto ajudaram a deteriorar as -10 Portugal Reino Unido Irlanda Espanha Lituânia Letónia Grécia Eslovénia Polónia Hungria Roménia Itália Rep. Checa França Suécia Bélgica Alemanha Finlândia ˘ustria Eslováquia Malta Chipre Estónia Holanca Luxemburgo Bulgária condições da economia (baixo crescimento económico, destruição de emprego, desemprego a níveis historicamente elevados). Nota: Ordenação decrescente em função da variação de 2008 para 2009. Fonte: Comissão Europeia, Relatório do OE’2010, cálculos do autor. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 20 .
  • 22. 5. Trajectória Orçamental 2004-2010. Nota: Todos os quadros e valores desta Principais rubricas das Contas Públicas, 2004-2010 secção são apresentados em Contabilidade Nacional – uma óptica (Óptica da Contabilidade Nacional) de compromissos, por oposição à óptica Valores em EUR milhões de caixa (Contabilidade Pública) –, 2004 2005 2006 2007 2008 2009 *** 2010 *** devido ao facto de ser esta a que conta para o apuramento do défice público, de 1. Impostos sobre a produção e a importação 20 399.9 22 383.8 23 946.9 24 535.2 24 291.1 21 630.9 22369.5 acordo com os critérios da Comissão 2. Impostos correntes sobre rendimento e património 12 315.9 12 573.8 13 719.4 15 905.3 16 516.5 14 934.4 14832.6 Europeia. 3. Contribuições para fundos da Segurança Social 17 573.4 18 696.9 19 360.4 20 717.0 21 551.6 22 343.4 22 732.7 4. Outra receita corrente 6 750.3 6 183.3 7 020.9 7 752.9 8 060.5 8 048.0 9 222.2 * O saldo das Administrações Públicas pode não corresponder à diferença receitas 5. Total das receitas correntes (1+2+3+4) 57 039.6 59 837.8 64 047.7 68 910.4 70 419.7 66 956.7 69 157.0 entre Receitas e Despesas Públicas, o 6. Total das receitas de capital 5 124.1 2 148.1 1 769.3 1 461.9 1 558.6 2 024.8 2 412.6 que resulta do tratamento específico 7. Total das receitas (5+6) 62 163.6 61 985.9 65 817.0 70 372.3 71 978.3 981.5 68 981.5 71 569.6 (diferença metodológica) de que são 8. Consumo intermédio 5 728.2 6 315.6 6 391.9 6 754.8 7 240.9 7 324.4 7827.7 alvo os fluxos de juros ao abrigo de 9. Despesas com pessoal 20 342.0 21 541.4 21 174.4 21 059.3 21 435.8 22 393.1 22 988.6 swaps e de contratos de garantia de 10. Prestações sociais 25 438.5 27 515.6 29 180.8 31 333.5 33 163.4 36 008.6 36 756.9 taxas (FRA's) no âmbito do 11. Juros (PDE*) 3 807.2 3 886.7 4 266.7 4 591.6 4 834.5 4 769.9 5 334.7 procedimento dos défices excessivos, 12. Subsídios 2 170.4 2 338.7 2 230.7 1 900.9 1 969.5 2 436.4 2 866.0 que difere das exigências do SEC 95. Os 13. Outra despesa corrente 3 007.5 3 074.6 3 366.2 3 260.0 3 293.3 4 508.3 4 143.9 valores apresentados para os saldos são despesa 14. Total despesa corrente (8+9+10+11+12+13) 60 493.8 64 672.6 66 610.8 68 900.2 71 937.4 77 440.7 79 917.8 os que contam para determinar o saldo das Administrações Públicas. 15. Formação bruta de capital fixo 4 524.8 4 374.2 3 695.9 3 761.9 3 622.2 4 349.4 4 481.6 16. Outra despesa de capital 1 976.4 2 022.0 1 602.2 1 928.3 874.9 2 557.6 1 124.6 ** Procedimento dos Défices Excessivos. 17. Total da despesa de capital (15+16) 6 501.2 6 396.2 5 298.1 5 690.2 4 497.0 6 907.0 5 606.2 *** Dados comparáveis com os dos (PDE** 18. Total despesa (PDE**) (14+17) 66 995.0 71 068.8 71 908.8 74 590.4 76 434.4 84 347.7 85 524.00 anos anteriores, mas que diferem dos apresentados no Relatório do OE’2010 19. Saldo das Administrações Públicas (PDE**) (7-18) (PDE** (7- -4 831.3 -9 082.9 -6 091.9 -4 218.1 -4 456.0 -15 366.2 -13 954.4 nas rubricas (3), (5), (7), (9), (14), (18) Por memória e (20). O valor do défice não é 20. Despesa corrente primária 56 686.6 60 785.9 62 344.0 64 308.6 67 102.8 72 670.8 74 583.1 afectado. 21. Dívida Pública 84 032.5 94 791.7 100 522.0 103 702.0 110 372.0 126 223.3 142 916.2 Fontes: INE, Relatório do OE’2010, cálculos do autor. 22. PIB 144 127.7 149 123.5 155 446.3 163 190.1 166 436.9 164 879.6 167 367.1 Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 21 .
  • 23. 5. Trajectória Orçamental 2004-2010. O OE’2010 é o corolário da Principais rubricas das Contas Públicas, 2004-2010 política orçamental errada que (Óptica da Contabilidade Nacional) tem sido seguida desde 2005. Valores em % do PIB 2004 2005 2006 2007 2008 2009 ** 2010 ** Não é, por isso, surpreendente 1. Impostos sobre a produção e a importação 14.2 15.0 15.4 15.0 14.6 13.1 13.4 2. Impostos correntes sobre rendimento e património 8.5 8.4 8.8 9.7 9.9 9.1 8.9 que se tenha chegado a 2010 3. Contribuições para fundos da Segurança Social 12.2 12.5 12.5 12.7 12.9 13.6 13.6 numa situação muitíssimo 4. Outra receita corrente 4.7 4.1 4.5 4.8 4.8 4.9 5.5 complicada, pela qual a crise 5. Total das receitas correntes (1+2+3+4) 39.6 40.1 41.2 42.2 42.3 40.6 41.3 6. Total das receitas de capital 3.6 1.4 1.1 0.9 0.9 1.2 1.4 internacional não é, de todo, a 7. Total das receitas (5+6) 43.1 41.6 42.3 43.1 43.2 41.8 42.8 principal responsável. 8. Consumo intermédio 4.0 4.2 4.1 4.1 4.4 4.4 4.7 9. Despesas com pessoal 14.1 14.4 13.6 12.9 12.9 13.6 13.7 Valores assumidos pelos grandes 10. Prestações sociais 17.6 18.5 18.8 19.2 19.9 21.8 22.0 11. Juros (PDE*) 2.6 2.6 2.7 2.8 2.9 2.9 3.2 agregados da despesa pública 12. Subsídios 1.5 1.6 1.4 1.2 1.2 1.5 1.7 constituem, pela sua dimensão, e 13. Outra despesa corrente 2.1 2.1 2.2 2.0 2.0 2.7 2.5 14. Total despesa corrente (8+9+10+11+12+13) 42.0 43.4 42.9 42.2 43.2 47.0 47.8 numa base comparável, a maior 15. Formação bruta de capital fixo 3.1 2.9 2.4 2.3 2.2 2.6 2.7 preocupação. 16. Outra despesa de capital 1.4 1.4 1.0 1.2 0.5 1.6 0.7 17. Total da despesa de capital (15+16) 4.5 4.3 3.4 3.5 2.7 4.2 3.3 * Procedimento dos Défices Excessivos. 18. Total despesa (PDE*) (14+17) 46.5 47.7 46.3 45.7 45.9 51.2 51.1 ** Dados comparáveis com os dos anos anteriores. 19. Saldo das Administrações Públicas (PDE*) (7-18) (7- -3.4 -6.1 -3.9 -2.6 -2.7 -9.3 -8.3 Nota: Os valores dos totais podem não coincidir Por memória com a soma/diferença das parcelas devido a 20. Despesa corrente primária 39.3 40.8 40.1 39.4 40.3 44.1 44.6 arredondamentos. Fontes: INE, Relatório do OE’2010, cálculos do 21. Dívida Pública 58.3 63.6 64.7 63.5 66.3 76.6 85.4 autor. 22. PIB 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 22 .
  • 24. 5. Trajectória Orçamental 2004-2010. Nas taxas de crescimento anuais Principais rubricas das Contas Públicas, 2004-2010 deve salientar-se, do lado da (Óptica da Contabilidade Nacional) Taxas de variação anual em % despesa, o crescimento pouco 2005 2006 2007 2008 2009 ** 2010 ** recomendável das rubricas 1. Impostos sobre a produção e a importação 9.7 7.0 2.5 -1.0 -11.0 3.4 2. Impostos correntes sobre rendimento e património 2.1 9.1 15.9 3.8 -9.6 -0.7 consumos intermédios e 3. Contribuições para fundos da Segurança Social 6.4 3.5 7.0 4.0 3.7 1.7 formação bruta de capital fixo, 4. Outra receita corrente -8.4 13.5 10.4 4.0 -0.2 14.6 5. Total das receitas correntes (1+2+3+4) 4.9 7.0 7.6 2.2 -4.9 3.3 bem como o aumento de 2.5% 6. Total das receitas de capital -58.1 -17.6 -17.4 6.6 29.9 19.2 da despesa corrente. 7. Total das receitas (5+6) -0.3 6.2 6.9 2.3 -4.2 3.8 8. Consumo intermédio 10.3 1.2 5.7 7.2 1.2 6.9 Na receita, a previsão de 9. Despesas com pessoal 5.9 -1.7 -0.5 1.8 4.5 2.7 10. Prestações sociais 8.2 6.1 7.4 5.8 8.6 2.1 crescimento de 3.4% para os 11. Juros (PDE*) 2.1 9.8 7.6 5.3 -1.3 11.8 impostos indirectos, com uma 12. Subsídios 7.8 -4.6 -14.8 3.6 23.7 17.6 13. Outra despesa corrente 2.2 9.5 -3.2 1.0 36.9 -8.1 previsão de crescimento nominal 14. Total despesa corrente (8+9+10+11+12+13) 6.9 3.0 3.4 4.4 7.7 3.2 do PIB de 1.5%, parece muito 15. Formação bruta de capital fixo -3.3 -15.5 1.8 -3.7 20.1 3.0 16. Outra despesa de capital 2.3 -20.8 20.4 -54.6 192.3 -56.0 optimista e, como tal, pouco 17. Total da despesa de capital (15+16) -1.6 -17.2 7.4 -21.0 53.6 -18.8 credível. 18. Total despesa (PDE*) (14+17) 6.1 1.2 3.7 2.5 10.4 1.4 19. Saldo das Administrações Públicas (PDE*) (7-18) (7- 88.0 -32.9 -30.8 5.6 244.8 -9.2 Por memória * Procedimento dos Défices Excessivos. 20. Despesa corrente primária 7.2 2.6 3.2 4.3 8.3 1.9 ** Dados comparáveis com os dos anos anteriores. 21. Dívida Pública 12.8 6.0 3.2 6.4 14.4 13.2 Fontes: INE, Relatório do OE’2010, cálculos do autor. 22. PIB 3.5 4.2 5.0 2.0 -0.9 1.5 Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 23 .
  • 25. 6. Contenção da Despesa Pública no OEÊ2010. Em 2010, numa base comparável com os anos anteriores, a despesa pública total reduzir-se-á para 51.1% do PIB, isto é, apenas menos 0.1 pontos percentuais do que em 2009. Apesar de ser um sinal correcto – a consolidação orçamental deve ser feita do lado da despesa –, é claramente insuficiente para as necessidades do país, o que é patente no facto de (numa base comparável com os dados anteriores a 2009), a redução do défice em 1 ponto percentual do PIB, para 8.3%, assentar, esmagadoramente, sobre o aumento da receita (0.9 pontos percentuais do PIB) e, numa parte bem menor sobre a descida da despesa (0.1 pontos percentuais do PIB). Pior, todavia, é o facto de a despesa corrente e a despesa corrente primária subirem face ao PIB de 2009 para 2010. Apesar do congelamento dos salários na função pública, as “despesas com o pessoal” ainda subirão 2.7% em 2010, e o seu peso no PIB tornará a aumentar (de 13.6% para 13.7%); os “consumos intermédios” (que, com as “despesas com o pessoal” formam as “despesas de funcionamento”) sobem 6.9% (!), passando o seu peso no PIB de 4.4% para 4.7%. São sinais de que muito há ainda a fazer em termos de redução da despesa da chamada “máquina do Estado”. Existem, contudo, algumas medidas no OE’2010 que vão num sentido correcto do controlo da despesa pública. Destas, destacam-se as seguintes: Congelamento dos salários das Administrações Públicas (não das carreiras, cuja progressão será mantida); Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 24 .
  • 26. 6. Contenção da Despesa Pública no OEÊ2010. Equiparação, em 2010, da penalização do regime de aposentações antecipadas que vigora na Caixa Geral de Aposentações ao Regime Geral da Segurança Social (6% por cada ano de antecipação, contra 4.5% na CGA); Inscrição da regra “contratação de um funcionário público por cada dois que saiam” na Lei de Enquadramento Orçamental; Necessidade de assinatura do Ministro das Finanças em matérias como alterações de mapas de pessoal e assunção de novos compromissos de despesa em qualquer Ministério; Consagração da necessidade de aumentos de despesa de qualquer Ministério que não estejam considerados no OE deverem ter contrapartidas noutras rubricas da despesa; Compensação da criação de serviços públicos ou outras estruturas pela extinção ou racionalização de serviços ou estruturas existentes no âmbito do mesmo ministério, e da qual resulte diminuição de despesa; Redução do investimento em sede de PIDDAC, por efeito de uma cativação mais elevada do que anteriormente (12.5% contra 7.5%); Centralização de todas as parcerias público-privadas numa Unidade de Missão no Ministério das Finanças, em vez da dispersão dos ministérios sectoriais, como até agora sucedia; Fim dos projectos rodoviários com perfil de auto-estrada (para além dos que já tinham sido anunciados e dos que se encontram em fase de concurso); Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 25 .
  • 27. 6. Contenção da Despesa Pública no OEÊ2010. Introdução célere de portagens em SCUT seleccionadas; Revisão do modelo de financiamento da empresa Estradas de Portugal (admitido como insustentável); Condicionamento dos aumentos de capital nas EPE e nos hospitais-empresa a melhorias de gestão e de contenção de gastos (aumento do nível de exigência); Introdução da unidose generalizada na política do medicamento; Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 26 .
  • 28. 7. Política Fiscal no OEÊ2010. Em 2009 as receitas correntes deverão crescer 2.5% (numa Evolução da Receita Fiscal base comparável) e as receitas fiscais deverão subir 1.2%. (Valores em EUR milhões, excepto quando indicado) 2009 2010 Variação A carga fiscal deverá atingir 35.5%, o que se explica pela Impostos Estimativa Orçamento % quebra da receita em 2009, que apenas será parcialmente compensada em 2010 (em 2008 a carga fiscal IRS 8 949.4 9 046.0 1.1 atingia 37.5% do PIB, tendo descido para 35.7% em 2009). IRC 4 534.5 4 200.0 -7.4 Outros -1.8 67.4 - Fica por explicar por que se prevê que o IVA suba 3.6%, o Impostos Directos 13 482.1 13 313.40 -1.3 ISP 2 437.0 2 470.0 1.4 ISV 2.4% e o IRS tenha uma evolução superior a 1%. IVA 10 884.6 11 271.8 3.6 ISV 693.3 710.0 2.4 Tal como em anos anteriores, não existe uma estratégia de IT 1 141.2 1 180.0 3.4 política fiscal devidamente calendarizada que possa IABA 180.1 185.0 2.7 aproximar o nosso regime fiscal das maiores tendências Selo 1 654.5 1 692.9 2.3 internacionais. IUC/ IC 129.3 140.0 8.3 Outros 50.3 62.7 24.6 As alterações fiscais previstas no OE’2010 são desgarradas, Impostos Indirectos 17 170.4 17 712.5 3.2 avulsas e em nada contribuem para simplificar o nosso sistema fiscal, torná-lo mais competitivo e equitativo. Total Geral 30 652.5 31 025.8 1.2 Fonte: Relatório do OE’2010. Nota: A inclusão deste capítulo no presente documento resultou da grande importância que normalmente tem o que se passa na área fiscal para os agentes económicos, sejam eles famílias ou empresas. Daí que se tenha procurado elencar e comentar os principais factos fiscais do OE’2010 – obviamente, numa óptica não exaustiva. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 27 .
  • 29. 7. Política Fiscal no OEÊ2010. O OE’2010 não será, portanto, o ponto de partida para a necessária, indispensável mesmo, redução do esforço fiscal relativo em Portugal – a comparação da carga fiscal com o nível de vida (rendimento per capita). Depois de ter descido em 2009 devido à queda pronunciada da receita fiscal, tornará a subir, em 2010, situando-se mais de 21% acima da média europeia. Em Esforço Fiscal Relativo* em países seleccionados da UE-27, 2000-2010 Espanha, por exemplo, o (UE-27 = 100) esforço fiscal relativo, mesmo 190 com o aumento de impostos 170 Polónia previsto para 2010, situar-se- á em cerca de 17% abaixo da 150 Eslováquia ¸ndice (UE-27=100) média da União Europeia. 130 Rep. Checa Portugal A economia portuguesa 110 Grécia Eslovénia encontra-se fiscalmente Finlândia Bélgica sufocada, e enquanto esta 90 ˘ustria Espanha situação não se inverter, o 70 Holanda nosso crescimento económico Irlanda não apresentará o dinamismo 50 que todos ambicionamos. 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 * Carga Fiscal / PIB per capita. Fontes: Comissão Europeia, cálculos do autor. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 28 .
  • 30. 7. Política Fiscal no OEÊ2010. Entre 1998 e 2008, na UE-27, 16 países reduziram a Crescimento económico e carga fiscal na UE-27, carga fiscal; destes, 12 tiveram um crescimento 1998-2008 médio do PIB superior à média europeia. Crescimento Variação da carga Países médio anual do fiscal no PIB (pon- Os primeiros 4 países da tabela foram os que tiveram um PIB (%) tos percentuais) maior crescimento económico; e de entre os 10 países que 1. Letónia 6.7 -4.8 mais cresceram, 8 reduziram a sua carga fiscal. 2. Lituânia 6.3 -1.5 3. Estónia 6.2 -2.1 Já Portugal registou uma das piores posições no 4. Irlanda 5.8 -1.7 crescimento económico durante este período (24º 6. Eslováquia 5.1 -7.9 7. Luxemburgo Luxembur 4.9 -3.5 lugar entre os 27), tendo registado uma subida de 4.1 8. Eslovénia 4.4 -0.6 pontos percentuais da sua carga fiscal. 9. Polónia 4.3 -1.4 16. Finlândia Finlân 3.4 -3.1 A descida da carga fiscal é um factor fundamental 17. Suécia 2.9 -3.8 para aumentar o crescimento económico – o que é Holanda 19. Holanda 2.6 -0.4 essencial para resolvermos os problemas que nos afligem, 21. ˘ustria 2.5 -1.8 desde o défice público ao endividamento externo passando 22. França 2.2 -1.0 pelo desemprego e pela desigualdade na distribuição do 23. Bélgica 2.2 -1.0 rendimento. Evidentemente, para baixar a carga fiscal é 25. Dinamarca 1.7 -1.2 26. Alemanha 1.6 -1.6 preciso reduzir igualmente a despesa pública para níveis comportáveis – o que não foi feito ao longo dos últimos União Europeia 2.3 -1.0 anos, em que o combate ao défice público se centrou (27) Portugal 24. Portugal 1.8 4.1 precisamente (e erradamente) no aumento de impostos. Fontes: Comissão Europeia, cálculos do autor. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 29 .
  • 31. 7. Política Fiscal no OEÊ2010. Algumas das medidas fiscais do OE’2010 (a ordem de apresentação é arbitrária): Exclusão do ISV da base de incidência do IVA (é apenas uma alteração que será compensada de outra forma ainda a definir); Isenção do pagamento do imposto de selo em múltiplas operações em que hoje ele é necessário (forma de aliviar os custos de contexto do país); Revogação do benefício fiscal relativo à aquisição de computadores para uso pessoal; Alargamento das deduções em sede de IRS para eficiência energética e energias renováveis; Alargamento do prazo de pagamento de dívidas fiscais para empresas em dificuldades (de 60 para 120 prestações); Taxa liberatória única sobre rendimentos de capitais de 20% para residentes ou não residentes; Acumulação do incentivo fiscal ao emprego jovem e aos desempregados de longa duração com os incentivos da Segurança Social (o que hoje não acontece); Tributação dos bónus e remunerações variáveis das empresas em 35% se excederem 25% da remuneração anual e EUR 27 500, excepto se o pagamento dessas remunerações for diferido em 3 anos em pelo menos 50% do valor e se verifique uma melhoria operacional das mesmas. Esta taxa eleva-se para 50% em 2010 para o sector financeiro (a la Brown & Sarkozy); Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 30 .
  • 32. 7. Política Fiscal no OEÊ2010. Benefícios fiscais não poderão resultar num valor de IRC inferior a 75% daquele que se apuraria na ausência desses mesmos benefícios (anteriormente o limite era 60%); Criação de tribunais fiscais arbitrais; Redução da Taxa Social Única (TSU) em 3 pontos percentuais (durante 2010) para Micro e Pequenas Empresas que contratem trabalhadores com mais de 45 anos em 2010 (abrange cerca de 200 000 trabalhadores); Redução da TSU em 1 ponto percentual para as entidades empregadoras, desde que se trate de trabalhadores que auferiram a remuneração mensal mínima em 2009 e de trabalhadores que auferiram salários até EUR 475 resultantes de negociação colectiva e cujo aumento em 2010 seja de, pelo menos, EUR 25 (abrange cerca de 350 mil trabalhadores); Permissão da repatriação de capitais, desde que devidamente documentada, implicando o pagamento de uma taxa de 5%; Alargamento aos Estados do Espaço Económico da dispensa de retenção na fonte sobre dividendos distribuídos e da exclusão de tributação sobre dividendos recebidos; Majoração em 50% dos encargos incorridos em 2010 com a aquisição de viaturas eléctricas; Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 31 .
  • 33. 7. Política Fiscal no OEÊ2010. Contratação de Doutorados com 70% de majoração nos custos até ao máximo de EUR 1.8 milhões; Dedução de 20% do investimento de business angels, até ao máximo de 15% da colecta; Aquisição de acções de PME em operações de colocação em bolsa (IPO): 25% de dedução no IRS (dedução máxima de EUR 500); Majoração na dedução à colecta, até 200% (com um limite máximo de EUR 200 mil) para empresas que lancem ofertas pública de subscrição (colocações em bolsa). Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 32 .
  • 34. 8. Parcerias Público-Privadas e Concessões. Ao contrário do que seria desejável, e do que foi feito PPP em fase de concurso e de lançamento em anos anteriores, no relatório do OE’2010, o Governo Valor Rodoviárias: Sub.Conc. Rodoviárias: (EUR milhões) não disponibiliza informação financeira detalhada em concurso nem pormenorizada sobre as parcerias público- AE Centro 1 100 privadas (PPP) em geral, nomeadamente quanto às PPP em preparação que se encontram em fase de concurso e de lançamento, e Rota Oeste n.d. quanto aos encargos futuros calendarizados com PPP. Ribatejo n.d. Vouga n.d. Diminui-se, assim, a transparência e a disponibilização Serra da Estrela n.d. Tejo Internacional n.d. de informação indispensável numa área que tem Saúde: Conc. Saúde: conhecido um grande dinamismo nos últimos anos e que em concurso representa um enorme montante de encargos anuais Hospital de Vila Franca de Xira 73 para os próximos 40 anos. Exactamente o contrário do Hospital de Lisboa Oriental 270 que mandam as boas práticas orçamentais, e do que, Hospital Central do Algarve 190 portanto, devia acontecer. em preparação Hospital de Vila Nova de Gaia/Espinho n.d. Em relação às PPP em fase de concurso e de Hospital da Póvoa do Varzim n.d. Ferroviárias: Conc. Ferroviárias: lançamento, não são disponibilizados os valores Alta Velocidade Ferroviária - PPP1 (Poceirão-Caia) 1 359 relativos a múltiplas subconcessões rodoviárias e a Alta Velocidade Ferroviária - PPP2 (Lisboa-Poceirão) 1 890 concessões na área da saúde, o que impede o Total 4 882 conhecimento do valor total das novas PPP. Fonte: Relatório do OE’2010. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 33 .
  • 35. 8. Parcerias Público-Privadas e Concessões. No OE’2010, e no que toca às concessões e subconcessões rodoviárias, para além da introdução de portagens em SCUT e da renegociação de vários contratos de concessão, enquadrada no novo modelo de financiamento da empresa Estradas de Portugal (EP) – o que implicou um maior endividamento da EP no presente (o que terá constituído um dos motivos pelo qual o défice público de 2009 foi agravado, já que as contas da EP consolida no perímetro das Administrações Públicas) e menores rendas anuais futuras –, o Governo admite que, a partir do final dos respectivos contratos, as concessões do Estado revertem para a empresa Estradas de Portugal (EP) e as subconcessões voltam a ser assumidas pela EP, cabendo a esta a totalidade das respectivas receitas e encargos futuros até ao termos da concessão geral, a ocorrer em 2082. Assim, o que sucede, de acordo com o Governo é que, a partir de 2030, inclusive, as concessões e subconcessões passam a gerar receita líquida (!) e em montantes anuais substanciais (acima de EUR 3 mil milhões) a partir do final da década de 30. O problema é que não só não são conhecidos nenhuns pormenores sobre os pressupostos que presidiram à elaboração dos cálculos sobre estas receitas, como é provável que, até essa altura, estas concessões e subconcessões voltem a ser concessionadas. Da forma como esta informação é disponibilizada no OE’2010, é lícito levantar a dúvida sobre se não se trata de uma forma de tornar pouco claros os encargos futuros totais com as PPP rodoviárias, sem dúvida aquelas que mais polémica têm levantado, e cujos encargos anuais mais têm sido objecto de revisão em alta. A comparação do plano de pagamentos que consta no OE’2010 com a informação disponibilizada pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças em Julho passado (ver páginas seguintes) é elucidativa… Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 34 .
  • 36. 8. Parcerias Público-Privadas e Concessões. Previsão de encargos líquidos globais das PPP e Concessões no OE’2010 Do qual Valores em EUR milhões a preços de 2010 Ano Total Conc. + Subconc. Concessões PPP Outras Rodoviárias Ferroviárias ˘rea da Saúde (SIRESP) 2010-2013 3 085.3 1 476.6 224.1 1 218.7 165.9 2014-2017 5 271.4 3 115.3 536.0 1 487.9 132.2 2018-2021 4 024.7 2 476.4 463.6 996.6 88.1 2022-2025 2 103.1 1 433.1 357.1 312.9 0.0 2026-2029 1 066.4 534.3 268.2 263.9 0.0 2030-2033 -316.1 -782.0 232.6 233.2 0.0 2034-2038 -2 851.2 -3 300.1 205.0 243.9 0.0 2038-2043 -4 548.8 -4 789.3 175.6 64.8 0.0 2043-2048 -4 405.6 -4 539.8 134.2 0.0 0.0 Total 3 429.2 -4 375.4 2 596.5 4 821.9 386.2 Nota: O valor dos encargos futuros com Parcerias Público-Privadas e Concessões (PPPC) foi actualizado para 2010, utilizando como factor de desconto a taxa média de emissão da dívida pública portuguesa a longo prazo (30 anos, próximo do horizonte médio dos encargos com PPP) verificada no mercado secundário. Foi utilizada a taxa média anual de 2009, 4.66%. A consideração desta taxa a 30 anos resulta do facto de ela traduzir o custo de oportunidade de, em vez da celebração de parcerias com o sector privado, o Estado optar pela alternativa da efectivação dos projectos via investimento público tradicional e financiá-la “dentro” do sector público em cada ano (o que, com um orçamento deficitário, levaria a que estas despesas adicionais tivessem que ser financiadas recorrendo à emissão de dívida pública, que paga uma determinada taxa de juro). Fontes: Relatório do OE’2010, cálculos do autor. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 35 .
  • 37. 8. Parcerias Público-Privadas e Concessões. Previsão de encargos líquidos globais das PPP e Concessões pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças em Julho de 2009 Do qual Valores em EUR milhões a preços de 2010 Ano Total Conc. + Subconc. Concessões PPP Outras Rodoviárias Ferroviárias ˘rea da Saúde (SIRESP) 2010-2013 4 996.0 2 317.0 994.0 1 519.2 165.9 2014-2017 7 295.3 3 730.1 1 644.7 1 788.3 132.2 2018-2021 5 484.2 3 150.3 1 153.1 1 070.7 110.2 2022-2025 3 707.9 2 498.7 889.5 319.6 0.0 2026-2029 2 652.1 1 683.6 688.7 279.7 0.0 2030-2033 1 677.3 886.8 545.2 245.2 0.0 2034-2038 1 419.9 664.4 493.1 493.1 262.4 0.0 2038-2043 342.1 0.0 305.5 36.6 0.0 2043-2048 143.1 0.0 143.1 0.0 0.0 Total 27 717.8 14 930.9 6 856.9 5 521.9 408.2 Nota: O valor dos encargos futuros com Parcerias Público-Privadas e Concessões (PPPC) foi actualizado para 2010, utilizando como factor de desconto a taxa média de emissão da dívida pública portuguesa a longo prazo (30 anos, próximo do horizonte médio dos encargos com PPP) verificada no mercado secundário. Foi utilizada a taxa média anual de 2009, 4.66%. A consideração desta taxa a 30 anos resulta do facto de ela traduzir o custo de oportunidade de, em vez da celebração de parcerias com o sector privado, o Estado optar pela alternativa da efectivação dos projectos via investimento público tradicional e financiá-la “dentro” do sector público em cada ano (o que, com um orçamento deficitário, levaria a que estas despesas adicionais tivessem que ser financiadas recorrendo à emissão de dívida pública, que paga uma determinada taxa de juro). Fontes: Parcerias Público-Privadas e Concessões, Relatório de 2009 – Direcção-Geral do Tesouro e Finanças; cálculos do autor. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 36 .
  • 38. 8. Parcerias Público-Privadas e Concessões. Ainda no domínio das concessões rodoviárias, verifica-se o não lançamento de novos projectos com o perfil de auto- estrada, encontrando-se apenas previsto o início de concessões de projectos rodoviários que, na sua maioria, constituem requalificações e modernizações de vias já existentes. Finalmente, e no que diz respeito às concessões ferroviárias, deve ser referido que apenas existe informação disponibilizada quanto à linha de alta velocidade Lisboa-Caia. Relativamente às linhas de alta velocidade Lisboa-Porto e Porto-Vigo, não existe nem informação sobre estudos, nem sobre calendarização, nem de índole financeira. Significará isto que o Governo tomou a decisão de adiar estas duas linhas?... É um “mistério” que tem que ser esclarecido. Não existe também nenhuma referência, nem informação de nenhum tipo, quanto ao projecto do novo aeroporto de Lisboa. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 37 .
  • 39. 9. Privatizações no OEÊ2010. O OE’2010 prevê, tal como acontecia no OE’2009 e no Programa de privatizações para o biénio 2006-2007 OE’2008, aplicar EUR 960 milhões provenientes de operações de privatização na amortização do stock da Empresas Ano dívida pública. Alienação integral da participação do Estado Desde 2006 que os Governos do Partido Socialista, Portucel Tejo 2006 com o Programa de privatizações para o biénio de 2006- Portucel 2006 2007, têm revelado a intenção de colocar em INAPA 2006-2007 prática um ambicioso programa de privatizações que, no entanto, à excepção da Portucel e, Alienação parcial da participação do Estado parcialmente, da Galp, REN e EDP, tem ficado na Galp 2006 “gaveta”. EDP 2006-2007 REN 2006-2007 Em 2010, para além do processo de reprivatização da TAP 2007 totalidade do capital social do BPN, continuam a fazer parte do plano de desinvestimento do Estado quase todas definir Alienação ou concessão a definir em função do as empresas incluídas nesse programa de privatizações. modelo de contratualização do novo aeroporto de Lisboa Não foi assim, maximizada, nos últimos 5 anos, a ANA 2007 oportunidade de reduzir o peso do Estado na Fontes: Relatório do OE’2010. economia e de baixar o stock de dívida pública. Orçamento do Estado para 2010: O corolário de 5 anos perdidos. Fevereiro 2010 . 38 .