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Professora Maria Marlene
“Saber ler um texto é saber fazer as
inferências corretas ou plausíveis que
cada trecho do texto propicia.”
(Heronides Moura)
 Uma família inglesa foi passar as férias na Alemanha.
Durante um de seus passeios, os membros da referida
família, gostaram de uma pequena casa de verão que era
alugada para temporadas. Falaram com o proprietário, um
Pastor Protestante pediram-lhe que mostrasse a casa, a qual
muito agradou aos visitantes. Combinaram então, alugá-la
para o verão vindouro. Regressando à Inglaterra, discutiam
os planos para as próximas férias, quando o chefe da família
lembrou-se de não ter visto o banheiro. Confirmando o
sentido prático dos ingleses, escreveu ao Pastor, para obter
pormenores. A carta foi redigida assim:
 "Sou membro da família que há pouco o visitou com a
finalidade de alugar sua propriedade no próximo verão,
mas como esquecemos de um importante detalhe, muito
lhe agradeceríamos se nos informasse onde se encontra o
W.C. Aguardando a sua resposta.
 O Pastor Protestante, não compreendendo o sentido
exato da abreviatura W.C. mas julgando tratar-se da
capelinha inglesa White Chapel, respondeu nos
seguintes termos.
 “Gentil Senhora,
Recebi sua carta e tenho o prazer de comunicar-lhe que o local a
que se refere fica a 12 Km da casa. Isto é muito incômodo, sobretudo
para quem tem o hábito de ir lá diariamente. Neste caso é preferível
levar comida e ficar o dia todo. Alguns vão a pé, outros de bicicleta. Há
lugar para 400 pessoas sentadas e mais 100 em pé. Há ar condicionado
para evitar os inconvenientes da aglomeração. Os assentos são de
veludo.
Recomenda-se chegar cedo para conseguir lugar para sentar. As
crianças sentam-se ao lado dos adultos e todos cantam em coro. Na
entrada é fornecida uma folha de papel a cada pessoa, mas se alguém
chegar depois, pede a do vizinho. Essa folha deve ser usada durante todo
o mês. As crianças não recebem folhas, dado o número limitado das
mesmas. Existem amplificadores de sons, de modo que, quem não
entra, pode acompanhar os trabalhos lá de fora, pois se ouvem os
mínimos sons.
Ali não há qualquer preconceito, pois todos se sentem
irmanados, sem distinção de sexo ou cor. Tudo o que se recolhe lá é para
os pobres da região. Fotógrafos por vezes tiram fotografias para o jornal
da cidade, para que todos possam ver seus semelhantes no
cumprimento do dever humano."
 A leitura de um texto exige do leitor algo mais do que
conhecimento do código linguístico, pois o texto não é
apenas um amontoado de palavras e frases, e sua
interpretação não é produto da decodificação de um
receptor passivo. Isso significa que um texto não
contém o sentido em si, apenas.
Implícitos e interpretação textual
 A ideia de implícito em um texto está naquilo que
está presente pela ausência, ou seja, o conteúdo
implícito pode ser definido como o conteúdo que
fica à margem da discussão porque ele não vem
explicitado no texto.
a) o que não está dito, mas que, de certa forma,
sustenta o que está dito;
b) o que está suposto para que se entenda o que
está dito;
c) aquilo a que o que está dito se opõe;
d) outras maneiras diferentes de se dizer o que se
disse e que significa com nuances distintas etc.
Implícitos e interpretação textual
Pressupostos
 O dicionário Houaiss define pressuposto como
“circunstância ou fato em que se considera um
antecedente necessário do outro.
 Ex.: Maria parou de fumar.
 Obs.: Para ser aceita como verdadeira, essa frase, seu
autor e o leitor precisam concordar como antecedente
a informação verdadeira de que Maria fumava antes.
Marcadores de Pressuposição
 Alguns advérbios ou locuções adverbiais:
Martiniana está bela nesta noite de formatura.
 Pronomes adjetivos:
Cartinélio foi meu primeiro namorado na capital de mês estado.
 Verbos que indicam mudança ou permanência de estado:
O presidente americano converteu-se ao catolicismo romano.
Marcadores de Pressuposição
 Determinadas conjunções:
Casei-me com uma menina bem alta, mas sou feliz.
 Orações Adjetivas
 Os americanos, que se consideram os guardiões da
democracia, estão animados com seu novo presidente.
SUBENTENDIDO
 SUBENTENDER: perceber ou compreender o que não
está bem claro ou explicado, apenas sugerido.
 Em Para Entender o Texto, os autores definem os
subentendidos,, como: “[…] são as insinuações
escondidas por trás de uma afirmação” (PLATÃO;
FIORIN, 2000, p. 244); em Lições de Texto, “São
insinuações, não marcadas linguisticamente, contidas
numa frase ou num conjunto de frases” (PLATÃO;
FIORIN, 1997, p. 310).
 O subentendido difere do pressuposto num
aspecto importante: o pressuposto é um dado
posto como indiscutível para o falante e par o
ouvinte, não é para ser contestado; o
subentendido é de responsabilidade do ouvinte,
pois o falante, ao subentender, esconde-se por
trás do sentido literal das palavras e pode dizer
que não estava querendo dizer o que o ouvinte
depreendeu. (PLATÃO; FIORIN, 2000, p. 244)
Texto 01
 Flu se reapresenta nesta terça e deve ter mudanças.
Texto 02
 Globo muda programação para atender a nova classe C.
Texto 03
 França acha mais partes do Airbus que caiu na costa do
Brasil.
 Assim, no texto 01, temos:
 Posto: Flu se reapresenta nesta terça e deve
ter mudanças.
 Pressuposto: O time do Fluminense volta a se
apresentar na terça.
 Subentendido: O time do Fluminense já havia
se apresentado.
 Vejamos o texto 02:
 Posto: Globo muda programação para atender
a nova classe C.
 Pressuposto 1: A TV Globo mudou a
programação que não atendia a nova classe C.
 Pressuposto 2: Há uma nova classe C.
 Subentendido 1: A programação anterior não
atendia a nova classe C.
 Subentendido 2: Já existia uma classe C que
não era contemplada pela programação da Rede
Globo.
 Subentendido 3: A classe C passou a ser alvo
da programação da Rede Globo.
 Vamos ao texto 03:
 Posto: França acha mais partes do Airbus que
caiu na costa do Brasil.
 Pressuposto: Outras partes do avião Airbus que
caiu foram encontradas.
 Subentendido 1: Partes do avião já haviam sido
encontradas.
 Subentendido 2: Houve um acidente envolvendo
um Airbus que caiu na costa do Brasil.
Ambiguidade
Ambiguidade
 A ambiguidade é a estratégia de o escritor ou falante
elaborar mais de um sentido a um mesmo enunciado
ou discurso em um mesmo contexto.
 Tudo isso seria resolvido se seu João pagasse logo a
galinha de sua mãe.
 Foi ai que o americano disse ao brasileiro que estava
impossível viver no seu país.
Ambiguidade decorrente da
polissemia
 Ocorre quando uma palavra propõe múltiplo sentidos,
em determinado contexto e situação de uso.
Ambiguidade causada por anáforas
 A anáfora é o processo pelo qual um termo, geralmente
um pronome, retoma uma palavra usada
anteriormente na mesma frase.
Ambiguidade por segmentação
 Esse tipo de ambiguidade ocorre quando palavras
juntas sugerem uma terceira na fala. Por exemplo,
referindo-se ao Hino Nacional Brasileiro, alguém diz:
“Nosso hino é um dos mais poéticos do mundo”. A
expressão Nosso hino sugere a palavra suíno. Na
escrita, porém, a visualização das palavras esclarece a
ambiguidade.
Denotação e conotação
 A conotação, mais do que a denotação, está associada
às informações implícitas. Quando uma palavra, ou
conjunto de palavras, sai de seu uso corriqueiro
estabilizado, propondo significações ambíguas, ela
passa para o nível da conotação.
Atividades
 1) Responda as perguntas a seguir com base na
tirinha da Mafalda abaixo.
 a) Que implícito se pode retirar da fala de Mafalda, no
último quadro?
 b) Trata-se de um pressuposto ou subentendido?
 c) De que maneira esse conteúdo implícito é
necessário para a compreensão do texto?
 2) Leia a tira abaixo e diga qual o subentendido em que
se fundamenta toda a historinha. Explique a importância
da recuperação desse subentendido para a criação do
humor, no texto.
 3) Leia a charge abaixo e responda às questões
que seguem
a) Que pressuposto é ativado pela palavra agora?
b) É possível perceber certa ironia no posicionamento do
chargista e com qual finalidade?
4) Qual o pressuposto e o subentendido no slogan
da propaganda?
 5. (UFMG 2009)
Leia este texto:
Pressupostos são conteúdos implícitos que decorrem de uma palavra ou
expressão presente no ato de fala produzido. O pressuposto é
indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois decorre,
necessariamente, de um marcador linguístico, diferentemente de
outros implícitos (os subentendidos), que dependem do contexto, da
situação de comunicação.
FIORIN, J. L. O dito pelo não dito. In: Língua Portuguesa, ano I, n. 6, 2006. p. 36-37. (Adaptado)
Observe este exemplo: “João parou de fumar”. Nesse enunciado, é a
presença da expressão “parar de” que instaura o pressuposto de que
João fumava antes.
 Leia, agora, estas manchetes:
1. Petrobrás é vítima de novos furtos.
(O tempo, Belo Horizonte, 8 mar. 2008.)
 2. Dengue vira risco de epidemia em BH
(Estado de Minas, Belo Horizonte, 9 abr. 2008.)
 Com base nas informações dadas acima e considerando
essas duas manchetes de jornal, indique:
a) quais são os pressupostos que delas se depreendem.
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Implicitos pressupostos-subentendidos-ambiguidade

  • 2. “Saber ler um texto é saber fazer as inferências corretas ou plausíveis que cada trecho do texto propicia.” (Heronides Moura)
  • 3.  Uma família inglesa foi passar as férias na Alemanha. Durante um de seus passeios, os membros da referida família, gostaram de uma pequena casa de verão que era alugada para temporadas. Falaram com o proprietário, um Pastor Protestante pediram-lhe que mostrasse a casa, a qual muito agradou aos visitantes. Combinaram então, alugá-la para o verão vindouro. Regressando à Inglaterra, discutiam os planos para as próximas férias, quando o chefe da família lembrou-se de não ter visto o banheiro. Confirmando o sentido prático dos ingleses, escreveu ao Pastor, para obter pormenores. A carta foi redigida assim:  "Sou membro da família que há pouco o visitou com a finalidade de alugar sua propriedade no próximo verão, mas como esquecemos de um importante detalhe, muito lhe agradeceríamos se nos informasse onde se encontra o W.C. Aguardando a sua resposta.
  • 4.  O Pastor Protestante, não compreendendo o sentido exato da abreviatura W.C. mas julgando tratar-se da capelinha inglesa White Chapel, respondeu nos seguintes termos.
  • 5.  “Gentil Senhora, Recebi sua carta e tenho o prazer de comunicar-lhe que o local a que se refere fica a 12 Km da casa. Isto é muito incômodo, sobretudo para quem tem o hábito de ir lá diariamente. Neste caso é preferível levar comida e ficar o dia todo. Alguns vão a pé, outros de bicicleta. Há lugar para 400 pessoas sentadas e mais 100 em pé. Há ar condicionado para evitar os inconvenientes da aglomeração. Os assentos são de veludo. Recomenda-se chegar cedo para conseguir lugar para sentar. As crianças sentam-se ao lado dos adultos e todos cantam em coro. Na entrada é fornecida uma folha de papel a cada pessoa, mas se alguém chegar depois, pede a do vizinho. Essa folha deve ser usada durante todo o mês. As crianças não recebem folhas, dado o número limitado das mesmas. Existem amplificadores de sons, de modo que, quem não entra, pode acompanhar os trabalhos lá de fora, pois se ouvem os mínimos sons. Ali não há qualquer preconceito, pois todos se sentem irmanados, sem distinção de sexo ou cor. Tudo o que se recolhe lá é para os pobres da região. Fotógrafos por vezes tiram fotografias para o jornal da cidade, para que todos possam ver seus semelhantes no cumprimento do dever humano."
  • 6.  A leitura de um texto exige do leitor algo mais do que conhecimento do código linguístico, pois o texto não é apenas um amontoado de palavras e frases, e sua interpretação não é produto da decodificação de um receptor passivo. Isso significa que um texto não contém o sentido em si, apenas.
  • 7. Implícitos e interpretação textual  A ideia de implícito em um texto está naquilo que está presente pela ausência, ou seja, o conteúdo implícito pode ser definido como o conteúdo que fica à margem da discussão porque ele não vem explicitado no texto.
  • 8. a) o que não está dito, mas que, de certa forma, sustenta o que está dito; b) o que está suposto para que se entenda o que está dito; c) aquilo a que o que está dito se opõe; d) outras maneiras diferentes de se dizer o que se disse e que significa com nuances distintas etc. Implícitos e interpretação textual
  • 9.
  • 10. Pressupostos  O dicionário Houaiss define pressuposto como “circunstância ou fato em que se considera um antecedente necessário do outro.  Ex.: Maria parou de fumar.  Obs.: Para ser aceita como verdadeira, essa frase, seu autor e o leitor precisam concordar como antecedente a informação verdadeira de que Maria fumava antes.
  • 11. Marcadores de Pressuposição  Alguns advérbios ou locuções adverbiais: Martiniana está bela nesta noite de formatura.  Pronomes adjetivos: Cartinélio foi meu primeiro namorado na capital de mês estado.  Verbos que indicam mudança ou permanência de estado: O presidente americano converteu-se ao catolicismo romano.
  • 12. Marcadores de Pressuposição  Determinadas conjunções: Casei-me com uma menina bem alta, mas sou feliz.  Orações Adjetivas  Os americanos, que se consideram os guardiões da democracia, estão animados com seu novo presidente.
  • 13. SUBENTENDIDO  SUBENTENDER: perceber ou compreender o que não está bem claro ou explicado, apenas sugerido.
  • 14.  Em Para Entender o Texto, os autores definem os subentendidos,, como: “[…] são as insinuações escondidas por trás de uma afirmação” (PLATÃO; FIORIN, 2000, p. 244); em Lições de Texto, “São insinuações, não marcadas linguisticamente, contidas numa frase ou num conjunto de frases” (PLATÃO; FIORIN, 1997, p. 310).
  • 15.  O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: o pressuposto é um dado posto como indiscutível para o falante e par o ouvinte, não é para ser contestado; o subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o ouvinte depreendeu. (PLATÃO; FIORIN, 2000, p. 244)
  • 16. Texto 01  Flu se reapresenta nesta terça e deve ter mudanças. Texto 02  Globo muda programação para atender a nova classe C. Texto 03  França acha mais partes do Airbus que caiu na costa do Brasil.
  • 17.  Assim, no texto 01, temos:  Posto: Flu se reapresenta nesta terça e deve ter mudanças.  Pressuposto: O time do Fluminense volta a se apresentar na terça.  Subentendido: O time do Fluminense já havia se apresentado.
  • 18.  Vejamos o texto 02:  Posto: Globo muda programação para atender a nova classe C.  Pressuposto 1: A TV Globo mudou a programação que não atendia a nova classe C.  Pressuposto 2: Há uma nova classe C.  Subentendido 1: A programação anterior não atendia a nova classe C.  Subentendido 2: Já existia uma classe C que não era contemplada pela programação da Rede Globo.  Subentendido 3: A classe C passou a ser alvo da programação da Rede Globo.
  • 19.  Vamos ao texto 03:  Posto: França acha mais partes do Airbus que caiu na costa do Brasil.  Pressuposto: Outras partes do avião Airbus que caiu foram encontradas.  Subentendido 1: Partes do avião já haviam sido encontradas.  Subentendido 2: Houve um acidente envolvendo um Airbus que caiu na costa do Brasil.
  • 21.
  • 22. Ambiguidade  A ambiguidade é a estratégia de o escritor ou falante elaborar mais de um sentido a um mesmo enunciado ou discurso em um mesmo contexto.  Tudo isso seria resolvido se seu João pagasse logo a galinha de sua mãe.  Foi ai que o americano disse ao brasileiro que estava impossível viver no seu país.
  • 23. Ambiguidade decorrente da polissemia  Ocorre quando uma palavra propõe múltiplo sentidos, em determinado contexto e situação de uso.
  • 24. Ambiguidade causada por anáforas  A anáfora é o processo pelo qual um termo, geralmente um pronome, retoma uma palavra usada anteriormente na mesma frase.
  • 25. Ambiguidade por segmentação  Esse tipo de ambiguidade ocorre quando palavras juntas sugerem uma terceira na fala. Por exemplo, referindo-se ao Hino Nacional Brasileiro, alguém diz: “Nosso hino é um dos mais poéticos do mundo”. A expressão Nosso hino sugere a palavra suíno. Na escrita, porém, a visualização das palavras esclarece a ambiguidade.
  • 26. Denotação e conotação  A conotação, mais do que a denotação, está associada às informações implícitas. Quando uma palavra, ou conjunto de palavras, sai de seu uso corriqueiro estabilizado, propondo significações ambíguas, ela passa para o nível da conotação.
  • 27. Atividades  1) Responda as perguntas a seguir com base na tirinha da Mafalda abaixo.  a) Que implícito se pode retirar da fala de Mafalda, no último quadro?
  • 28.  b) Trata-se de um pressuposto ou subentendido?  c) De que maneira esse conteúdo implícito é necessário para a compreensão do texto?  2) Leia a tira abaixo e diga qual o subentendido em que se fundamenta toda a historinha. Explique a importância da recuperação desse subentendido para a criação do humor, no texto.
  • 29.  3) Leia a charge abaixo e responda às questões que seguem
  • 30. a) Que pressuposto é ativado pela palavra agora? b) É possível perceber certa ironia no posicionamento do chargista e com qual finalidade? 4) Qual o pressuposto e o subentendido no slogan da propaganda?
  • 31.  5. (UFMG 2009) Leia este texto: Pressupostos são conteúdos implícitos que decorrem de uma palavra ou expressão presente no ato de fala produzido. O pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois decorre, necessariamente, de um marcador linguístico, diferentemente de outros implícitos (os subentendidos), que dependem do contexto, da situação de comunicação. FIORIN, J. L. O dito pelo não dito. In: Língua Portuguesa, ano I, n. 6, 2006. p. 36-37. (Adaptado) Observe este exemplo: “João parou de fumar”. Nesse enunciado, é a presença da expressão “parar de” que instaura o pressuposto de que João fumava antes.
  • 32.  Leia, agora, estas manchetes: 1. Petrobrás é vítima de novos furtos. (O tempo, Belo Horizonte, 8 mar. 2008.)  2. Dengue vira risco de epidemia em BH (Estado de Minas, Belo Horizonte, 9 abr. 2008.)  Com base nas informações dadas acima e considerando essas duas manchetes de jornal, indique: a) quais são os pressupostos que delas se depreendem.  b) os marcadores linguísticos responsáveis pela instauração desses conteúdos implícitos.