3. Definição
O EDITORIAL é um gênero discursivo
que tem a finalidade de manifestar
a opinião de um jornal (ou algum
órgão de imprensa) sobre
acontecimento importante no
cenário nacional ou internacional.
Não é assinado, porque não deve
ser associado a um ponto de vista
individual.
4. Deve ser enfático, equilibrado e
informativo.
Deve apresentar os argumentos
que sustentem a posição assumida
pelo jornal.
Costuma também resumir opiniões
contrárias, para refutá-las.
5. Contexto de circulação
Os jornais diários são o espaço de circulação
dos editoriais, que têm neles uma seção fixa.
Geralmente essa seção aparece logo nas
primeiras páginas, próxima às colunas de opinião
que abordam temas da vida política nacional e
internacional.
6. Público
Buscam os editoriais os leitores que não se
contentam com as informações sobre os principais
acontecimentos nacionais e internacionais, e que
desejam ver tais acontecimentos analisados,
considerados a partir do contexto maior em que se
inserem.
7. Esses leitores são pessoas que procuram analisar os
fatos e, por isso, procuram textos analíticos e
argumentativos nos jornais que leem. Esperam
encontrar não só a opinião do jornal, mas também
uma confirmação da posição que elas mesmas
têm a respeito dos acontecimentos analisados.
8. Estrutura
A estrutura básica de um editorial deve trazer uma
introdução que contextualize a questão a ser
analisada; um desenvolvimento no qual são
apresentados argumentos que sustentem a análise
(e, se for o caso, refutados os argumentos
contrários); e uma conclusão que decorra da
argumentação feita.
9. A diferença básica entre um editorial e um artigo
de opinião, que são gêneros argumentativos, é,
por um lado, a extensão: enquanto os artigos são
mais longos, editoriais devem ser curtos, porém
mais enfáticos, tratando a questão central de
modo resumido e objetivo.
10. Por outro lado, diferenciam-se quanto à
perspectiva adotada para a análise: os editoriais
não são assinados, e não podem ser associados a
uma perspectiva subjetiva, já que têm como
função expressar o ponto de vista do periódico
em que são publicados.
11. Linguagem
O editorial é um texto explicitamente formal.
Representa o periódico no qual circula e, por esse
motivo, deve garantir que a imagem que dele
fazem os leitores seja a melhor possível. No caso
da linguagem, isso significa adotar como
referência o padrão culto da língua escrita.
Marcas de pessoalidade (1ª pessoa) não devem
aparecer nos editoriais.
12. EXEMPLO
Censura em rede
A maior ameaça à liberdade de expressão no
Brasil, hoje, parte do Judiciário. Se alguém alimentava
dúvida sobre essa situação espantosa, a detenção do
diretor de um serviço de publicação de vídeos na
rede mundial de computadores, por determinação
da Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul, se
encarregou de desfazê-la.
Questão polêmica
contextualização
13. O juiz eleitoral Flávio Saad Peron determinara a
prisão porque não havia sido retirada do ar uma peça
com ataques a um candidato a prefeito, exigência
que se repete em dezenas de ações similares em 21
Estados. Como toda decisão judicial, era obrigatório
cumpri-la, ainda que fosse imediatamente seguida de
recurso à própria Justiça contra seu caráter abusivo.
No Amapá, a Justiça Eleitoral obrigou a
empresa que edita o jornal "O Estado de S. Paulo" a
suprimir comentário de blogueiro sobre um
candidato local. Detalhe: sua nota informava que o
postulante responde a várias ações penais.
14. E não é só na esfera eleitoral que o vezo
censório se manifesta. Um juiz de São Paulo
determinou que a mesma organização retire da
rede em todo o Brasil o filmete que satiriza Maomé e
provocou reações violentas em países muçulmanos.
Há outros episódios semelhantes, além de
vetos quase sistemáticos à divulgação de pesquisas
eleitorais que contrariem os interesses de algum
candidato. E, já que se fala de Judiciário e censura,
é oportuno lembrar que, devido a recorrentes
proibições, biografias se tornaram um gênero
literário ameaçado de extinção no país.
15. Admita-se: nem sempre é simples sopesar
princípios constitucionais em choque e chegar a
conclusões sobre casos concretos, missão mesma do
Poder Judiciário. A julgar por uma série de decisões
recentes, porém, muitos juízes parecem esquecidos
Argumentos
de que a regra geral é a liberdade, e não o
contrário.
É verdade que o problema não está só na
Justiça, que adere a um movimento maior de
intolerância e moralismo. Num lance quase
humorístico, o deputado Protógenes Queiroz (PC do
B-SP) queria elevar para 18 anos a classificação de
um filme porque um urso de pelúcia aparece nele
fumando maconha.
16. Até a Academia Brasileira de Letras, que
deveria ser um bastião da liberdade de opinião,
censurou há pouco a transmissão de uma palestra
sobre história da arte e sexo.
É claro que a ABL, instituição privada, é livre
para escolher o que vai exibir e parlamentares,
para fazer de tudo a fim de aparecer, mas seria
mais útil se usassem sua liberdade e seu poder para
aprovar o Marco Civil da Internet, de maneira a
clarificar de vez a questão da responsabilidade de
veiculadores e autores nesse meio de difusão.
17. Quanto à Justiça, não pode haver dúvida: é
imprescindível que magistrados, como guardiões da
Constituição, adotem uma interpretação consistente
das garantias da Carta para as liberdades de
pensamento, expressão e imprensa e se abstenham
definitivamente de qualquer forma de censura.
http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/1160538-editorial-censura-em-rede.shtml