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TEMA 01: 10 ANOS DO FACEBOOK : O PAPEL DAS REDES SOCIAIS NO MUNDO GLOBALIZADO
O processo de globalização não é recente. Para alguns estudiosos, sua gênese remonta às Grandes
Navegações, período em que as potências europeias dos séculos XIV e XV intensificaram as trocas
comerciais e, ao mesmo tempo, culturais com diversas regiões do globo. Com o impulso tecnológico
ocorrido desde a Guerra Fria, o intercâmbio de informações atingiu um grau de expansão até então nunca
visto. O modo de produzir e consumir sofreu grandes transformações, assim como se ampliaram as
relações sociais ocorridas neste então “mundo menor”, com distâncias reduzidas pela tecnologia.
Vivenciamos, na realidade, a tentativa de um movimento de unificação, que corresponde à própria natureza
do capitalismo, com a predominância de um sistema único tecnicamente falando - base material da
globalização - que passa a emergir como um sistema hegemônico. O geógrafo Milton Santos traduz bem
este “novo mundo”:
”O movimento de racionalização da sociedade que marcou o século das luzes e o início da Revolução
Industrial foi, pouco a pouco, ocupando todos os recantos da vida social e alcança, agora, um novo
patamar, com o que podemos chamar de racionalização do espaço geográfico [...] Essa nova etapa do
processo secular de racionalização é essencialmente devida à emergência de um meio tecnocientífico
informacional, que busca substituir o meio natural e o próprio meio técnico, produz os espaços da
racionalidade e constitui o suporte das principais ações globalizadas.” (SANTOS, 1996, p. 266)
A sensação de contração do espaço-tempo nos deu a impressão de que o mundo se tornou uma
verdadeira aldeia global, em que todos parecem ter os mesmos hábitos e costumes. As técnicas de
produção padronizadas levaram à criação de modelos internacionais que permitiram a distribuição das
etapas produtivas em todo o planeta. A forte conexão estabelecida entre técnica e ciência reforçou o
vínculo com a produção, base tecnocientífica e ideológica em que se conectam o discurso e a prática da
globalização. Tudo isso soa bonito, não fosse pelo fato de que o acesso e a disseminação das tecnologias
ainda se encontram desigualmente distribuídos no planeta. O próprio ambiente corporativo, por meio das
fusões de empresas - que acabam por eliminar a concorrência a partir da criação de grandes monopólios -,
nos mostra que o alcance da globalização é limitado a poucos agentes.
Fica evidente que a marca do nosso sistema atual é a rapidez de difusão (ou seja, a constituição de redes
diversas). Desse panorama fazem parte as redes sociais, dinâmicas por natureza, e que apresentam como
característica o fato de passarem por um fenômeno que é a grande marca do sistema técnico atual - a
obsolescência.
Esses novos circuitos virtuais de comunicação não consideram as fronteiras políticas entre as nações (que
tentam eliminá-las cada vez mais, a partir da criação de blocos econômicos, tais como o Nafta, o Mercosul
e a União Europeia) e acabam conectando culturas heterogêneas, além de criar novas formas de poder e
influência. Assim, estreitam-se as distâncias ao mesmo tempo em que se ampliam as relações
econômicas, políticas e culturais. Por meio das redes sociais, indivíduos com objetivos comuns e ideias
100 DICAS PARA ACERTAR NO ENEM NA PROVA DE
2014.....
TEMAS ESCOLHIDOS PELO PROFESSOR:
MARIO FERNANDO DE MORI
http://geografiaemdia.blogspot.com.br/
http://focosdetensoesinternacionais.blogspot.com.br/
http://profmariodemori.blogspot.com.br/
http://mariodemori.blogspot.com.br/
EM BREVE… AS QUESTÕES TREINAMENTO…AGUARDEM….
semelhantes convergem para um mesmo local, onde as trocas de informações são maximizadas e
otimizadas, promovendo o que chamamos de fluidez.
São diversas as redes sociais existentes, acessadas por milhões de pessoas em todo o mundo.Orkut,
Facebook, Twitter, Messenger, Skype, Youtube, MySpace, Flickr, Blogger, hi5, Linkedin são algumas das
redes sociais mais utilizadas no Brasil. Elas permitem a seus usuários a conexão com amigos, o
compartilhamento de informações e dados (textos, músicas, vídeos, imagens, entre outros), além de
possibilitar a disseminação e a associação de informações pessoais e profissionais.
Nesse mundo globalizado, em que a troca de informações e a capacidade de disseminar conhecimento
propiciam um ambiente altamente competitivo, os indivíduos são colocados em constante prova,
aumentando por sua vez as redes de contatos e, consequentemente, ampliando o volume de informação
trocada entre seus pares. Quanto maior a rede de relacionamentos, maiores serão as chances de êxito
social e profissional. Por outro lado, aqueles que não possuem acesso a essas mudanças ficam às
margens do processo global.
Outra forte característica dessas redes é que elas assumem as mesmas normas e regulações da vida
social não virtual. A falsa sensação de anonimato causada pela ausência do contato direto cria situações
de conflitos legais (os chamados crimes virtuais, tais como fraudes bancárias e casos de pedofilia) e éticos.
Na Alemanha, cogita-se a criação de uma lei que impeça empresas de investigarem o comportamento
social de possíveis contratados a partir de investigações em seu perfil no Facebook.
Não podemos deixar de reconhecer, entretanto, o significativo papel colaborativo desempenhado por essas
teias. Inúmeras comunidades virtuais possuem papel ativo na divulgação política e em causas ambientais.
Organizações (ou indivíduos) repressores e regimes não democráticos podem hoje passar a ter seus atos
divulgados por um cidadão comum que, em um pequeno cyber coffee, escreve um blog sobre o que está
ocorrendo em sua localidade instantaneamente (com as mesmas intencionalidades e riscos aos quais se
submetem os grandes meios de comunicação de massa).
Enfim, a mobilização virtual coletiva é facilitada hoje pela rápida acessibilidade e ampla capacidade de
divulgação, mesmo que ainda esteja longe de um patamar ideal, ou seja, genuinamente globalizada.
Referência
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.
SERÁ QUE O FACEBOOK ESTÁ COM OS DIAS CONTADOS EM SEU 10º ANO DE VIDA ????
O Facebook está morrendo? O alcance dos posts na rede está diminuindo? O que esperar da maior
plataforma social do planeta?
Para entender qual é o papel do Facebook no futuro do marketing digital de empresas e agências, o Ideas,
portal de conteúdo do Scup, ferramenta para monitoramento de redes sociais, coletou a opinião de 209
profissionais, em pesquisa realizada por e-mail.
O objetivo foi investigar o protagonismo atribuído ao site criado por Mark Zuckerberg, bem como as
expectativas em relação aos seus retornos sobre o negócio, a visão dos entrevistados sobre sua
longevidade, entre outros temas.
Algumas conclusões do estudo:
-- 89,5% dos participantes afirmam que o Facebook é a principal rede em sua estratégia de social media
-- 43,5 % pretendem aumentar os investimentos no site nos próximos três meses
-- 46% discordam da afirmação de que “o Facebook está morrendo”, porém 41% acreditam que a rede
perderá força nos próximos 3 anos
-- 80,8% incluem o aumento da visibilidade das suas ações de marketing entre os principais benefícios do
uso do Facebook em suas estratégias
TEMA 02: OS ROLEZINHOS: JOVENS DA ‘NOVA CLASSE MÉDIA’ COLOCAM EM XEQUE MODELO
DE INCLUSÃO SOCIAL
É um costume dos adolescentes se reunirem em shoppings para passear. Mas quando centenas de jovens
de periferia começaram a promover encontros em shopping centers de São Paulo, em dezembro do ano
passado, os chamados “rolezinhos” viraram caso de polícia e ganharam repercussão nacional. Além da
discussão sobre a adequação ou não do local para essas reuniões, os rolezinhos também levantaram outra
questão: a relação entre e inclusão social desses jovens e o consumo. A palavra “rolê” é uma gíria
associada a dar uma volta e se divertir. Os primeiros rolezinhos aconteceram em dezembro de 2013,
organizados por cantores de funk, em resposta à aprovação de um projeto de lei que proibia bailes nas
ruas de São Paulo (proposta que depois foi vetada pelo prefeito Fernando Haddad).
Depois, MC’s passaram a promover encontros ao vivo com suas fãs, seguidos pelos “famosinhos”, pessoas
com milhares de seguidores nas redes sociais, que também entraram na onda e levaram seus fãs do
Facebook aos shoppings. O objetivo era conhecer gente nova, ser visto, paquerar, se divertir e escutar funk
ostentação, gênero musical que mistura batidas de funk a letras sobre consumo e marcas de luxo.
A situação que fugia da rotina habitual desses centros comerciais causou pânico. Um dos primeiros
rolezinhos aconteceu em 7 de dezembro, no shopping Metrô Itaquera, zona leste da capital paulista.
Convocado pelo Facebook, o evento reuniu 6.000 jovens no estacionamento. Por denúncias de furto e
temendo um arrastão, lojistas acionaram a polícia e o shopping fechou as portas mais cedo.
No dia 11 de janeiro, novamente no shopping Itaquera, um grupo de mil pessoas que se reunia para um
rolezinho foi reprimido pela PM, que chegou a usar bombas de gás lacrimogêneo, bala de borracha e spray
de pimenta. Houve correria, pânico e denúncias de furto.
Diante da divulgação de que ocorreria um rolezinho no local, o shopping JK Iguatemi, um dos mais
sofisticados da capital paulista, conseguiu liminar na Justiça proibindo o acesso de menores
desacompanhados e multa para quem promovesse a mobilização. O encontro não chegou a acontecer,
mas a checagem de documentos pelos seguranças para evitar o acesso causou polêmica.
Pela lei, nenhum tipo de estabelecimento comercial pode adotar medidas de discriminação para evitar o
acesso de pessoas. É proibida qualquer seleção de consumidores a partir de critérios como raça, origem
social, idade ou orientação sexual. Caso o local tome esta atitude, pode receber processos judiciais. O
shopping pode adotar medidas de segurança, como limitar o número de pessoas e coibir condutas ilegais
como o uso de drogas e violência.
Durante os rolezinhos de dezembro e início de janeiro, a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping
contabilizou uma queda de 25% no movimento dos estabelecimentos envolvidos. Com medo, muita gente
evitou esses lugares. Já o fechamento das lojas e a seleção nos shoppings despertou um debate nacional
sobre violência e segregação racial e social. Houve até “rolezinhos de universitários”, protestos de
manifestantes com viés político que questionam as atitudes dos shoppings.
Democratização do consumo?
Os encontros e as reações e eles ganharam diferentes interpretações: seriam um pretexto para fazer
baderna e confusão, gerando prejuízos financeiros e de imagem para os centros comerciais; reflexo da
falta de espaços públicos e de convivência segura para os jovens, que veem no shopping sua única saída;
e, ainda, como uma demonstração de desigualdade e elitismo da sociedade brasileira.
Esse incômodo estaria relacionado à democratização do consumo, reflexo da ascensão da classe C no
país. Os espaços tradicionais de consumo, que antes eram exclusivos de uma classe mais abastada, agora
são cada vez mais ocupados por classes emergentes. É a inserção social pelo consumo.
Segundo o Instituto Data Popular, que traçou um retrato dos jovens que participam dos rolezinhos, eles
pertencem fundamentalmente à classe C e têm potencial de consumo (R$ 129 bilhões por mês) maior do
que as classes A, B e D juntas (R$ 99 bilhões por mês).
Quanto ao perfil dos consumidores que frequentam shoppings brasileiros ele pode ser dividido em 22% de
classe A, 41% da B e 37% da C. Segundo o último censo da Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings
Centers), os jovens da classe C são maioria dos consumidores nesses estabelecimentos.
Ir ao shopping é se integrar
“Tudo começou como distração e diversão: se arrumar, sair, se vestir bem. Existe toda uma relação com as
marcas e com o consumo, num processo de afirmação social e apropriação de espaços urbanos. Ir ao
shopping é se integrar, pertencer à sociedade de consumo”, avalia a antropóloga e professora da
Universidade de Oxford, na Inglaterra, Rosana Pinheiro-Machado, ao comentar sobre a relação de inclusão
social que os jovens veem nesse novo poder de compra.
Os números acima também refletem a ascensão de consumo que a classe C teve nos últimos dez anos --
chamada de “nova classe C”. A nomenclatura teve seu marco com a pesquisa intitulada "Nova classe
média", realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e divulgada em agosto de 2008. Essa "nova classe
média", ou "nova classe C", tem uma renda entre R$1.064,00 e R$ 4.561,00 e abriga 52,67% da
população, o equivalente a quase 98 milhões de pessoas.
Houve também aumento do salário mínimo, a diminuição do desemprego, o aumento da linha de crédito
(parcelamento pelo cartão) e a diminuição de impostos de algumas mercadorias pelo Governo. Outras
facetas desse grupo são a facilidade do acesso à internet e aumento da possibilidade de frequentar uma
universidade.
Como resultado, os filhos da chamada “nova classe média brasileira” agora têm acesso a produtos que
antes não podiam comprar e valorizam produtos mais sofisticados.
E o que eles querem consumir?
A maioria dos jovens, segundo o instituto, deseja comprar produtos eletrônicos e a roupas da moda que
geram status e prestígio. A pesquisa revelou que 15% pretendem comprar um notebook, 11% querem
adquirir um smartphone e 11% um tablet. Bonés, roupas e tênis de grife também estão entre os itens
desejados. Os adolescentes da nova classe C chegam a gastar R$ 1.000 em um tênis, e mesmo assim,
algumas marcas não querem sua imagem associada a esse público.
Para os shoppings, a questão dos rolezinhos será resolvida de duas formas. Uns vão fechar as portas em
caso de aglomeração, outros, como o Shopping Itaquera, sinalizaram atitude diferente. Foi acertado que o
shopping será informado sobre os encontros, não para impedir, mas organizar melhor o evento. Já o
Governo Federal promete planejar novas políticas públicas para a juventude, em conjunto com os Estados.
Além disso, está monitorando a internet e prepara forças policiais caso os rolezinhos fujam do controle.
Políticas públicas
No entanto, observadores apontam que o fenômeno dos rolezinhos coloca em xeque outras áreas e
demandas sociais, como educação, saúde e esporte, que não apareceram na pauta das soluções para
evitar a multidão nos shoppings (em 2014, o Brasil deve ganhar mais 40 shoppings).
“A inclusão dos últimos anos foi em boa medida um aumento do poder de compra a crédito. Os pobres
compram mais – o que é ótimo, porque eles tinham e ainda têm acesso limitado a vários bens que
asseguram o conforto. Mas esse foi o eixo mais marcante da inclusão. Embora a educação esteja
melhorando, a dupla do bem – que seria o mix de educação e cultura, e o de saúde e atividade física – não
desperta igual atenção nem gera resultados rápidos”, escreve o filósofo Renato Janine Ribeiro no artigo “A
inclusão social pelo consumo”.
RESUMÃO
Adolescentes sempre se reuniram em shoppings para passear e se encontrar. Mas quando centenas de
jovens de periferia começaram a promover encontros em shopping sentir de São Paulo, em dezembro do
ano passado, os chamados “rolezinhos” viraram caso de polícia e ganharam repercussão nacional. Além
da discussão sobre a adequação ou não do local para estas reuniões, os rolezinhos também apontaram
para a relação entre e inclusão social desses jovens e o consumo.
Para muitos, os encontros não passam de um pretexto para fazer baderna e confusão. Outros defendem
que faltam espaços públicos e de convivência para os jovens, que veem no shopping sua única saída. Por
outro lado, a tentativa de evitar os rolezinhos refletiria um incômodo com a democratização do consumo,
reflexo da ascensão da classe C. Os espaços de consumo, que antes eram exclusivos para a elite, agora
são ocupados por novas classes emergentes.
O Instituto Data Popular traçou um perfil dos jovens que participam dos rolezinhos. Eles pertencem
fundamentalmente à classe C e têm potencial de consumo (R$ 129 bilhões por mês) maior do que as
classes A, B e D juntas (R$ 99 bilhões por mês). Esses números refletem a ascensão de consumo que a
classe C teve nos últimos dez anos.
No caso desses jovens, o consumo parece ser visto por eles como um caminho para a inclusão social.
Esses jovens agora têm a oportunidade de comprar bens que antes eram inacessíveis, e assim, se veem
integrados a um grupo social do qual não pertencem quando o assunto é educação, saúde, emprego e
esporte.
'Rolezinhos'sãorealidadeháanosemshoppingsdosEUA,BBC,BRASIL,16/01/201407h15
Um encontro de adolescentes, convocado pelas redes sociais, realizado dentro de um shopping center - e
que acabou em confusão e confrontos com a polícia. A descrição, que poderia servir para um "rolezinho"
em São Paulo, é na verdade de um "flash mob" ocorrido em 26 de dezembro no Brooklyn, em Nova York.
Assim como no Brasil, esses episódios têm despertado debates sobre o papel dos shopping centers, o
direito de se reunir no local e as motivações desses jovens. No Brooklyn, o Kings Plaza Shopping Center
foi palco de um encontro de ao menos 300 jovens, convocados pelas redes sociais. Testemunhas disseram
à imprensa local que eles gritavam, empurravam transeuntes e roubaram lojas. O shopping acabou
fechando as portas por uma hora, informa o New York Post. No dia seguinte, menores de idade não
acompanhados de adultos foram barrados do local, despertando críticas dos que se sentiram tolhidos pela
medida - e que queriam apenas fazer compras - e elogios dos que temiam novas cenas de confusão.
Dezenas de incidentes parecidos ocorreram em outras cidades americanas nos últimos anos. Em Chicago,
em abril passado, centenas de jovens se juntaram no centro da cidade, convocados pelas redes sociais, e
o episódio acabou em briga; a imprensa americana traz relatos parecidos de "flash mobs" realizados no
mesmo mês no centro da Filadélfia e, em 2012, em uma loja do Walmart em Jacksonville, na Flórida. Em
2011, também na Filadélfia, a prefeitura estabeleceu um toque de recolher para adolescentes, impedidos
de ficar nas ruas após as 20h ou 22h (dependendo da idade dos jovens), na tentativa de evitar os
encontros.Não está claro se esses "flash mobs" em questão foram organizados com fins violentos, mas a
maioria das reuniões - assim como no Brasil - ocorreu pacificamente.
'Formas de se expressar'
Após entrevistar 50 dos adolescentes que participaram do episódio, em 2012, uma das conclusões foi a de
que os jovens "estão buscando formas de se expressar enquanto se conectam com outros (pela internet)" -
e que qualquer ação oficial para lidar com o fenômeno deve levar isso em conta. "Os jovens se envolveram
em 'flash mobs' para se expressar, chamar atenção, serem vistos e lembrados e se expressarem", diz a
pesquisa. Além disso, afirmam os pesquisadores, esses jovens estão "entediados" - e sua interação no
mundo digital, onde os "flash mobs" são organizados, é uma importante forma de diminuir o tédio. Por isso,
toques de recolher como os implementados nos EUA terão pouca eficácia se não forem combinados "com
atividades alternativas, acessíveis e divertidas" e incentivos a "flash mobs do bem", sem atitudes violentas.
Ao mesmo tempo, muitos desses jovens também lidam com limitações econômicas, moram em bairros
violentos ou negligenciados e se queixaram que só foram parar no noticiário quando ocuparam espaços
centrais de Kansas City.
Questões sociais
O debate americano tem se estendido também para questões raciais e sociais. O New York Times
destacou que a maioria dos jovens que participaram de um "flash mob" na Filadélfia em 2010 eram negros,
de bairros pobres, e agiram em bairros predominantemente brancos. Em contrapartida, críticos dizem que a
polícia alvejou sobretudo jovens negros quando agiu para conter distúrbios. A ONG Public Citizens for
Children and Youth, de apoio à juventude da Filadélfia, levantou na época a possibilidade de episódios do
tipo serem uma consequência no corte de verbas a programas sociais que mantinham os jovens ocupados
após as aulas. "Precisamos de mais empregos para os jovens, mas programas pós-aulas, mais apoio dos
pais", disse a ONG ao New York Times. Articulistas também debatem - assim como no Brasil - o papel dos
shopping centers em subúrbios dos EUA, alegando que faltam espaços públicos comunitários, e citam a
desilusão geral dos jovens com outros tipos de engajamento político ou social. "É um grupo de jovens que
sente raiva e impotência, e tenta obter um senso de poder", disse à CNN o psicólogo Jeff Gardere.
TEMA 03: ENTENDA O PIB
Conheça como funcionam os métodos para medir a atividade econômica do Brasil.
O QUE É?
É uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num período, na agropecuária,
indústria e serviços.
Objetivo
Medir a atividade econômica e o nível de
riqueza de uma região. Quanto mais se
produz, mais se está consumindo, investindo
e vendendo
Por pessoa/per capita
O Produto Interno Bruto per capita (ou por
pessoa) mede quanto, do total produzido, 'cabe' a
cada brasileiro se todos tivessem partes iguais
Restrições
O PIB per capita não é um dado 'definitivo'.
Porém, um país com maior PIB per capita tende a
ter maior Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH)
O QUE ENTRA NA CONTA?
Bens e produtos finais
Aqueles vendidos ao consumidor final, do pão ao
carro
Serviços Prestados e remunerados, do banco à
doméstica
Investimentos Os gastos que as empresas fazem
para aumentar a produção no futuro
Gastos do governo
Tudo que for gasto para atender a população, do
salário dos professores à compra de armas para
o Exército
Não entram
Bens intermediários
Aqueles usados para produzir outros bens
Serviços não remunerados
O trabalho da dona de casa, por exemplo
Bens já existentes
A venda de uma casa já construída ou de um
carro usado, por exemplo
As atividades informais e ilegais
Como o trabalhador sem carteira assinada e o
tráfico de drogas
COMO É CALCULADO?
DE ONDE VÊM OS DADOS?
'PIB ALTO', O QUE SIGNIFICA?
O QUE PREJUDICA O CRESCIMENTO?
REPORTAGEM SOBRE O TEMA
A economia brasileira cresceu 2,3% em 2013 em relação ao ano anterior, totalizando R$ 4,84 trilhões
(total de riquezas produzidas pelo país), informa o IBGE.
E, depois de uma retração no terceiro trimestre do ano passado, o crescimento de 0,7% no último trimestre
surpreendeu positivamente e impediu que o Brasil entrasse em recessão técnica (que acontece quando o
país Brasil
E a indústria, apesar de ter crescido 1,3% ao longo do ano, teve um último trimestre ruim - retraiu 0,2%. O
setor que mais cresceu no ano passado foi a agricultura, com expansão de 7%.
O crescimento total do PIB (Produto Interno Bruto) foi maior do que no ano anterior - quando a economia
avançou 1% -, mas a sequência de anos com crescimento mais modesto reflete, segundo analistas, um
momento de esfriamento econômico e de maior instabilidade nos mercados emergentes. Na última
semana, o governo já havia reduzido as perspectivas de crescimento do PIB brasileiro para este ano – de
3,8% para 2,5%.
Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou os resultados divulgados nesta quinta,
defendendo que "o crescimento de 2013 foi de qualidade, puxado, entre outras coisas, pelos
investimentos".
A respeito do resultado pouco expressivo da indústria, o ministro afirmou que o setor "sofreu por falta de
dinamismo do mercado mundial, não apenas do brasileiro. O setor poderá crescer mais, aumentando as
exportações, em razão do câmbio mais favorável".
CENÁRIOS EXTERNO E INTERNO
O cenário externo desfavorável para emergentes inclui da desaceleração do ritmo de crescimento da China
(que diminui sua compra de matérias-primas de países como o Brasil) e a recuperação econômica dos
EUA, que atrai investidores em busca de aplicações mais seguros do que os mercados emergentes.
Mas, para economistas, o Brasil é prejudicado também por questões internas.
O país começou o ano com um déficit histórico nas transações correntes (que inclui saldo entre
importações e exportações e outras operações de entrada e saída de capitais): US$ 11,6 bilhões, maior
"rombo" desde 1947, o início da série.
E alguns analistas criticam também interferências do governo em alguns setores – como o elétrico e o de
combustíveis, para controlar preços – bem como a política fiscal, como manobras feitas para cumprir a
meta de superavit primário (economia para pagamento dos juros da dívida) de 2012.
E há, também, o temor de aumento da inflação, o que vem forçando o Banco Central a elevar a taxa básica
de juros. O último aumento ocorreu na noite de quarta-feira, quando a Selic subiu para 10,75% ao ano.
Para Marcelo Moura, professor de macroeconomia do Insper, esse cenário despertou uma incerteza nos
investidores, que passaram a enxergar o Brasil como uma economia frágil – cenário que agora ameaça
tirar do país o "grau de investimento" (chancela, dada por agências de risco, a países considerados
seguros para investidores).
"O que o Brasil mais precisa é credibilidade. Os fundamentos não mudaram: não perdemos o crescimento
da classe média nem o grande mercado interno", diz à BBC Brasil. "Mas são necessárias reformas –
tributária, previdenciária, e até mesmo que o Estado priorize melhor seus gastos, para não sufocar a
economia com a carga de impostos tão alta."
Orçamento
Por isso, foi bem visto por analistas o anúncio, feito por Mantega, de cortes de R$ 44 bilhões do Orçamento
deste ano do governo – dando indicativos de mais austeridade ao mercado, para controlar a inflação e
evitar o aumento da dívida pública.
O ministro fixou a meta do superavit em 1,9% do PIB, que considerou "realista". Para analistas ouvidos
pela agência Reuters, é uma tentativa de assegurar que ela seja cumprida sem a necessidade de artifícios
contábeis usados previamente.
O gerente de assuntos internacionais do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae), Vinicius Lages, diz que os micro e pequenos empresários ainda estão otimistas para empreender
no Brasil, aproveitando-se do amplo mercado consumidor interno, que continua aquecido e em expansão
em várias partes do país.
Mas também cita a necessidade de resolver "problemas estruturais" – baixo nível educacional, regulação
instável, infraestrutura e burocracia - para melhorar o ambiente de negócios no país. "Isso criaria um
ambiente mais favorável para o setor privado, que precisa investir tanto quanto o público."
Para Mori, da FGV, o desafio é também diminuir o peso do setor público sobre a economia: "É preciso
aumentar sua produtividade, fazendo mais sem gastar mais – ou seja, sem piorar serviços públicos como
saúde e educação".
TEMA 04: 50 ANOS DA DITADURA NO BRASIL
ALEGRIA, ALEGRIA
Autor: Caetano Veloso
Álbum: The Best of Tropicália
Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
Num sol de quase dezembro... eu vou...
O sol se reparte em crimes espaçonaves
Guerrilhas em Cardinales bonitas... eu vou...
Em caras de Presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes pernas bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia.. eu vou..
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores... vãos...
Eu vou.. porque não.. porque não..
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento... eu vou...
Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola... eu vou...
Por entre fotos e nomes sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone no coração do Brasil
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito.. eu vou
Sem lenço e sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo... amor...
Eu vou.. porque não.. porque não..
Porque não.. porque não.. porque não..
Porque não..
PONTEIRO
EDU LOBO
Era um, era dois, era cem
Era o mundo chegando
E ninguém que soubesse que eu sou violeiro
Que me desse amor ou dinheiro
Era um, era dois, era cem
Vieram pra me perguntar
E você: - de onde vai, de onde vem?
Diga logo o que tem pra contar
Parado no meio do mundo
Senti chegar meu momento
Olhei pro mundo e nem via
Nem sombra, nem sol, nem vento
Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar
Era um dia, era claro, quase meio
Era um canto calado, sem ponteio
Violência, viola, violeiro
Era a morte ao redor, mundo inteiro
Era um dia, era claro, quase meio
Tinha um que jurou me quebrar
Mas não lembro de dor nem receio
Só sabia das ondas do mar
Jogaram a viola no mundo
Mas fui lá no fundo buscar
Se tomo a viola, ponteio
Meu canto não posso parar, não
Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar
Era um, era dois, era cem
Era um dia, era claro, quase meio
Encerrar meu cantar, já convém
Prometendo um novo ponteio
Certo dia que sei por inteiro
Eu espero não vá demorar
Esse dia estou certo que vem
Digo logo que vem pra buscar
Correndo no meio do mundo
Não deixo a viola de lado
Vou ver o tempo mudado
E um novo lugar pra cantar
Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar
PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES
GERALDO VANDRÉ
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
OPINIÃO
LARA LEÃO
Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião.
Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não.
Se não tem àgua, eu furo um poço
Se não tem carne, eu compro um osso e ponho na sopa
E deixo andar, deixo andar
Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu
Podem me prender, podem me bater
Podem até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não...
Podem me prender , podem me bater, que eu não mudo de opinião, que eu não mudo de opinião...
CÁLICE
CHICO BUARQUE DE HOLANDA
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
CARCARÁ
JOÃO DO VALE
Carcará
Lá no Sertão
É um bicho que “avoa” que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico “volteado” que nem gavião
Carcará
Quando vê roça queimada
Sai voando e cantando
Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará
Come “inté” cobra queimada
Mas quando chega o tempo da invernada
No Sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os “burrego que nasce” na baixada
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que homem
Carcará
Pega, mata e come
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu Sertão
Os “burrego novinho” num pode andar
Ele puxa o “imbigo” “inté” matar
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que homem
Carcará
Pega, mata e come
ACORDA AMOR
CHICO BUARQUE
Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
minha nossa santa criatura
chame, chame, chame, chame o ladrão
Acorda amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão da escada
fazendo confusão, que aflição
São os homens, e eu aqui parado de pijama
eu não gosto de passar vexame
chame, chame, chame, chame o ladrão
Se eu demorar uns meses convém às vezes você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
ponha roupa de domingo e pode me esquecer
Acorda amor
que o bicho é bravo e não sossega
se você corre o bicho pega
se fica não sei não
Atenção, não demora
dia desses chega sua hora
não discuta à toa, não reclame
chame, clame, clame, chame o ladrão
(Não esqueça a escova, o sabonete e o violão...)
Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora
Sonhei que tinha gente lá fora
Batendo no portão, que aflição
Era a dura, numa muito escura viatura
minha nossa santa criatura
chame, chame, chame, chame o ladrão
Acorda amor
Não é mais pesadelo nada
Tem gente já no vão da escada
fazendo confusão, que aflição
São os homens, e eu aqui parado de pijama
eu não gosto de passar vexame
chame, chame, chame, chame o ladrão
Se eu demorar uns meses convém às vezes você sofrer
Mas depois de um ano eu não vindo
ponha roupa de domingo e pode me esquecer
Acorda amor
que o bicho é bravo e não sossega
se você corre o bicho pega
se fica não sei não
Atenção, não demora
dia desses chega sua hora
não discuta à toa, não reclame
chame, clame, clame, chame o ladrão
(Não esqueça a escova, o sabonete e o violão...)
É PROIBIDO PROIBIR
OS MUTANTES, CHICO BUARQUE
A mãe da virgem diz que não
E o anúncio da televisão
E estava escrito no portão
E o maestro ergueu o dedo
E além da porta há o porteiro, sim
E eu digo não
E eu digo não ao não
Eu digo
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
Me dê um beijo, meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estantes, as estátuas
As vidraças, louças, livros, sim
E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
APESAR DE VOCE
CHICO BUARQUE
Amanhã vai ser outro día x 3
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.
(Coro) Apesar de você
amanhã há de ser outro dia.
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforía?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.
Você que inventou a tristeza
Agora tenha a fineza
de “desinventar”.
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.
(Coro2) Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não quería.
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença.
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa.
Apesar de você
(Coro3)Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia.
Cimo vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Cimo vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente.
Apesar de você
(Coro4)Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal, et coetera a e tal,
La, laiá, la laiá, la laiá……
EU QUERO É BOTAR MEU BARCO NA RUA
SÉRGIO SAMPAIO
Há quem diga que eu dormi de touca
Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga
Que eu caí do galho e que não vi saída
Que eu morri de medo quando o pau quebrou
Há quem diga que eu não sei de nada
Que eu não sou de nada e não peço desculpas
Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira
E que Durango Kid quase me pegou
Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender
Eu, por mim, queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso
É disso que eu preciso ou não é nada disso
Eu quero é todo mundo nesse carnaval...
Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender
QUE AS CRIANÇAS CANTEM LIVRES
TAIGUARA
O tempo passa e atravessa as avenidas
E o fruto cresce, pesa e enverga o velho pé
E o vento forte quebra as telhas e vidraças
E o livro sábio deixa em branco o que não é
Pode não ser essa mulher o que faltava
Pode não ser esse calor o que faz mal
Pode não ser essa gravata o que sufoca
Ou essa falta de dinheiro que é fatal
Vê como um fogo brando funde um ferro duro
Vê como o asfalto é teu jardim se você crê
Que há sol nascente avermelhando o céu escuro
Chamando os homens pro seu tempo de viver
E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem sonho ao que não pode amar sem dor
E que o passado abra os presentes pro futuro
Que não dormiu e preparou o amanhecer...
MOSCA NA SOPA
RAUL SEICHAS
Eu sou a mosca
Que pousou em sua sopa
Eu sou a mosca
Que pintou prá lhe abusar...(3x)
Eu sou a mosca
Que perturba o seu sono
Eu sou a mosca
No seu quarto a zumbizar...(2x)
E não adianta
Vir me detetizar
Pois nem o DDT
Pode assim me exterminar
Porque você mata uma
E vem outra em meu lugar...
Eu sou a mosca
Que pousou em sua sopa
Eu sou a mosca
Que pintou prá lhe abusar...(2x)
-"Atenção, eu sou a mosca
A grande mosca
A mosca que perturba o seu sono
Eu sou a mosca no seu quarto
A zum-zum-zumbizar
Observando e abusando
Olha do outro lado agora
Eu tô sempre junto de você
Água mole em pedra dura
Tanto bate até que fura
Quem, quem é?
A mosca, meu irmão!"
Eu sou a mosca
Que posou em sua sopa
Eu sou a mosca
Que pintou prá lhe abusar...(2x)
E não adianta
Vir me detetizar
Pois nem o DDT
Pode assim me exterminar
Porque você mata uma
E vem outra em meu lugar...
Eu sou a mosca
Que pousou em sua sopa
Eu sou a mosca
Que pintou prá lhe abusar...(2x)
Eu sou a mosca
Que perturba o seu sono
Eu sou a mosca
No seu quarto a zumbizar...(2x)
Mas eu sou a mosca
Que pousou em sua sopa
Eu sou a mosca
Que pintou prá lhe abusar...
CANÇÕES DE PROTESTO
ZIZI POSSE
Porque será
Que fazem sempre tantas
Canções de amor
E ninguém cansa
E todo o mundo canta
Canções de amor
De minha parte
Às vezes não agüento
Noventa e nove e um pouco mais por cento
Das músicas que existem são de amor
E quanto ao resto
Quero cantar só
Canções de protesto
Contra as canções de amor
Odeio "As Time Goes By"
O manifesto
Canções de amor
Muito ciúme, muita queixa, muito "ai"
Muita saudade, muito coração
É o abusar de um
Santo nome em vão
Ou a santificação de uma banalidade
Eu queria o canto justo na verdade
Da liberdade só do canto
Tenra, limpa, lúcida, e no entanto
Sei que só sei querer viver
De amor e música
BÊBADO E O EQUILIBRISTA
ELIS REGINA
Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos
A lua tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel
E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas, que sufoco louco
O bêbado com chapéu coco fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil, meu Brasil
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu num rabo de foguete
Chora a nossa pátria mãe gentil
Choram marias e clarisses no solo do Brasil
Não sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente
A esperança dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha pode se machucar
Ah, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
tem que continuar
10 RAZÕES PARA NÃO TER SAUDADES DA DITADURA
Carlos Madeiro, Do UOL, em Maceió, 22/03/201406h00
1. TORTURA E AUSÊNCIA DE DIREITOS HUMANOS
As torturas e assassinatos foram a marca mais violenta do período da ditadura. Pensar em direitos humanos era
apenas um sonho. Havia até um manual de como os militares deveriam torturar para extrair confissões, com práticas
como choques, afogamentos e sufocamentos.
Os direitos humanos não prosperavam, já que tudo ocorria nos porões das unidades do Exército.
"As restrições às liberdades e à participação política reduziram a capacidade cidadã de atuar na esfera pública e
empobreceram a circulação de ideias no país", diz o diretor-executivo da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque.
Sem os direitos humanos, as torturas contra os opositores ao regime prosperaram. Até hoje a Comissão Nacional de
Verdade busca dados e números exatos de vítimas do regime.
"Os agentes da ditadura perpetraram crimes contra a humanidade --tortura, estupro, assassinato, desaparecimento--
que vitimaram opositores do regime e implantaram um clima de terror que marcou profundamente a geração que
viveu o período mais duro do regime militar", afirma.
Para Roque, o Brasil ainda convive com um legado de "violência e impunidade" deixado pela militarização. "Isso
persiste em algumas esferas do Estado, muito especialmente nos campos da justiça e da segurança pública, onde
tortura e execuções ainda fazem parte dos problemas graves que enfrentamos", complementa.
2. CENSURA E ATAQUE À IMPRENSA
Uma das marcas mais conhecidas da ditadura foi a censura. Ela atingiu a produção artística e controlou com pulso
firme a imprensa.
Os militares criaram o "Conselho Superior de Censura", que fiscalizava e enviava ao Tribunal da Censura os
jornalistas e meios de comunicação que burlassem as regras. Os que não seguissem as regras e ousassem fazer
críticas ao país, sofriam retaliação --cunhou-se até o slogan "Brasil, ame-o ou deixe-o."
Não são raras histórias de jornalistas que viveram problemas no período. "Numa visita do presidente (Ernesto) Geisel
a Alagoas, achamos de colocar as manchetes no jornalismo da TV: 'Geisel chega a Maceió; Ratos invadem a
Pajuçara'. Telefonaram da polícia para o Pedro Collor [então diretor do grupo] e ele nos chamou na sala dele e
tivemos que engolir o afastamento do jornalista Joaquim Alves, que havia feito a matéria dos ratos", conta o jornalista
Iremar Marinho, citando que as redações eram visitadas quase que diariamente por policiais federais.
Para cercear o direito dos jornalistas, foi criada, em 1967, a Lei de Imprensa. Ela previa multas pesadas e até
fechamento de veículos e prisão para os profissionais. A lei só foi revogada pelo STF (Supremo Tribunal
Federal) em 2009.
Muitos jornalistas sofreram processos com base na lei mesmo após a redemocratização. "Fui processado em 1999
porque publiquei declaração de Fulano contra Beltrano. A Lei de Imprensa da Ditadura permitia isso: punir o
mensageiro, que é o jornalista", conta o jornalista e blogueiro do UOL, Mário Magalhães.
3. Amazônia e índios sob risco
No governo militar, teve início um processo amplo de devastação da Amazônia. O general Castelo Branco disse, certa
vez, que era preciso "integrar para não entregar" a Amazônia. A partir dali, começou o desmatamento e muitos dos
que se opuseram morreram.
"Ribeirinhos, índios e quilombolas foram duramente reprimidos tanto ou mais que os moradores das grandes cidades",
diz a jornalista paraense e pesquisadora do tema, Helena Palmquist.
A ideia dos militares era que Amazônia era "terra sem homens", e deveria ser ocupada por "homens sem terra do
Nordeste." Obras como as usinas hidrelétricas de Tucuruí e Balbina também não tiveram impactos ambientais ou
sociais previamente analisados, nem houve compensação aos moradores que deixaram as áreas alagadas. Até hoje,
milhares que saíram para dar lugar às usinas não foram indenizados.
A luta pela terra foi sangrenta. "Os Panarás, conhecidos como índios gigantes, perderam dois terços de sua
população com a construção da BR-163 --que liga Cuiabá a Santarém (PA). Dois mil Waimiri-Atroaris, do Amazonas,
foram assassinados e desaparecidos pelo regime militar para as obras da BR-174. Nove aldeias desse povo
desapareceram e há relatos de que pelo menos uma foi bombardeada com gás letal por homens do Exército", afirma.
4. BAIXA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA E SINDICAL
Um dos primeiros direitos outorgados aos militares na ditadura foi a possibilidade do governo suspender os direitos
políticos do cidadão. Em outubro de 1965, o Ato Institucional número 2 acabou com o multipartidarismo e autorizou a
existência de apenas dois: a Arena, dos governistas, e o MDB, da oposição.
O problema é que existiam diversas siglas, que tiveram de ser aglutinadas em um único bloco, o que fragilizou a
oposição. "Foi uma camisa-de-força que inibiu, proibiu e dificultou a expressão político-partidária. A oposição ficou
muito mal acomodada, e as forças tiveram que conviver com grandes contradições", diz o cientista político da
Universidade Federal de Pernambuco, Michael Zaidan.
As representações sindicais também foram duramente atingidas por serem controladas com pulso forte pelo Ministério
do Trabalho. Isso gerou um enfraquecimento dos sindicatos, especialmente na primeira metade do período de
repressão.
"Existiam as leis trabalhistas, mas para que elas sejam cumpridas, com os reajustes, é absolutamente necessário que
os sindicatos judicializem, intervenham para que os patrões respeitem. Essas liberdades foram reprimidas à época.
Os sindicatos eram compostos mais por agentes do governo que trabalhadores", lembra Zaidan.
5. Saúde pública fragilizada
Se a saúde pública hoje está longe do ideal, ela ainda era mais restrita no regime militar. O Inamps (Instituto Nacional
de Assistência Médica da Previdência Social) era responsável pelo atendimento, com seus hospitais, mas era
exclusivo aos trabalhadores formais.
"A imensa maioria da população não tinha acesso", conta o cardiologista e sindicalista Mário Fernando Lins, que
atuou na época da ditadura. Surgiu então a prestação de serviço pago, com hospitais e clínicas privadas.
"Somente após 1988 é que foi adotado o SUS (Sistema Único de Saúde), que hoje atende a uma parcela de 80% da
população", diz Lins.
Em 1976, quase 98% das internações eram feitas em hospitais privados. Além disso, o modelo hospitalar adotado fez
com a que a assistência primária fosse relegada a um segundo plano. Não existiam planos de saúde, e o saneamento
básico chegava a poucas localidades. "As doenças infectocontagiosas, como tuberculose, eram fonte de constante
preocupação dos médicos", afirma Lins.
Segundo estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), "entre 1965/1970 reduz-se
significativamente a velocidade da queda [da mortalidade infantil], refletindo, por certo, a crise social econômica
vivenciada pelo país".
6. Linha dura na educação
A educação brasileira passou por mudanças intensas na ditadura. "O grande problema foi o controle sobre
informações e ideologia, com o engessamento do currículo e da pressão sobre o cotidiano da sala de aula", sintetiza o
historiador e professor da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Sávio Almeida.
As disciplinas de filosofia e sociologia foram substituídas pela de OSPB (Organização Social e Política Brasileira,
carascterizada pela transmissão da ideologia do regime autoritário, exaltando o nacionalismo e o civismo dos alunos
e, segundo especialistas, privilegiando o ensino de informações factuais em detrimento da reflexão e da análise) e
Educação, Moral e Cívica. Ao mesmo tempo, com o baixo índice de investimento na escola pública, as unidades
privadas prosperaram.
Na área de alfabetização, a grande aposta era o Mobral (Movimento Brasileiro para Alfabetização), uma resposta do
regime militar ao método elaborado pelo educador Paulo Freire, que ajudou a erradicar o analfabetismo no mundo na
mesma época em que foi considerado "subversivo" pelo governo e exilado. Segundo o estudo "Mapa do
Analfabetismo no Brasil", do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do Ministério da
Educação, o Mobral foi um "retumbante fracasso."
Os problemas também chegaram às universidades, com o afastamento delas dos centros urbanos e a introdução do
sistema de crédito. "A intenção do regime era evitar aglomeração perto do centro, enquanto o sistema de crédito foi
criado para dispersar os alunos e não criar grupos", diz o historiador e vice-reitor do Fejal (Fundação Educacional
Jayme de Altavila), Douglas Apratto.
Roberto Stuckert/Folha Imagem
7. Corrupção e falta de transparência
No período da ditadura, era praticamente impossível imaginar a sociedade civil organizada atuando para controlar
gastos ou denunciando corrupção. Não havia conselhos fiscalizatórios e, com a dissolução do Congresso Nacional, as
contas públicas não eram analisadas, nem havia publicidade dos gastos públicos, como é hoje obrigatório.
"O maior antídoto da corrupção é a transparência. Durante a ditadura, tivemos o oposto disso. Os desvios foram
muitos, mas acobertados pela força das baionetas", afirma o juiz e um dos autores da Lei da Ficha Limpa, Márlon
Reis.
Reis afirma que, ao contrário dos anos de chumbo, hoje existem órgãos fiscalizatórios, imprensa e oposição livres e
maior publicidade dos casos. "Estamos muito melhor agora, pois podemos reagir", diz.
Outro ponto sempre questionado no período de ditadura foram os recursos investidos em obras de grande porte, cujos
gastos eram mantidos em sigilo.
"Obras faraônicas como Itaipu, Transamazônica e Ferrovia do Aço, por exemplo, foram realizadas sem qualquer
possibilidade de controle. Nunca saberemos o montante desviado", disse Reis. "Durante a ditadura, a corrupção não
foi uma política de governo, mas de Estado, uma vez que seu principal escopo foi a defesa de interesses econômicos
de grupos particulares."
8. Nordeste mais pobre e migração
A consolidação do Nordeste como região mais pobre do país teve grande participação do governo do militares.
"Nenhuma região mudou tanto a economia como o Nordeste", diz o doutor em economia regional Cícero Péricles
Carvalho, professor da Universidade Federal de Alagoas.
Com as políticas adotadas, a região teve um crescimento da pobreza. "Terminada a ditadura, o Nordeste mantinha os
piores indicadores nacionais de índices de esperança de vida ao nascer, mortalidade infantil e alfabetização. Entre
1970 e 1990, o número de pobres no Nordeste aumentou de 19,4 milhões para 23,7 milhões, e sua participação no
total de pobres do país subiu de 43% para 53%", afirma Péricles
O crescimento urbano registrado teve como efeito colateral a migração desregulada. "O modelo urbano-industrial
reduziu as atividades agropecuárias, que eram determinantes na riqueza regional, com 41% do PIB, para apenas 14%
do total em 1990", diz Péricles.
Enquanto o campo era relegado, as atividades urbanas saltaram, na área industrial, de 12% para 28% e, na área do
comércio e serviços, de 47% para 58%.
"A migração gerou mais pobreza nas cidades, sem diminuir a miséria no campo. A população do campo reduziu-se a
um terço entre 1960 e 1990", acrescenta Péricles.
9. Desigualdade: bolo cresceu, mas não foi dividido
"É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo". A frase do então ministro da Fazenda Delfim Netto é, até hoje,
uma das mais lembradas do regime militar. Mas o tempo mostrou que o bolo cresceu, sim, ficou conhecido como
"milagre brasileiro", mas poucos comeram fatias dele.
A distribuição de renda entre os estratos sociais ficou mais polarizada durante o regime: os 10% dos mais ricos que
tinham 38% da renda em 1960 e chegaram a 51% da renda em 1980. Já os mais pobres, que tinham 17% da renda
nacional em 1960, decaíram para 12% duas décadas depois.
Assim, na ditadura houve um aumento das desigualdades sociais. "Isso levou o país ao topo desse ranking mundial",
diz o professor de Economia da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles.
Entre 1968 e 1973, o Brasil cresceu acima de 10% ao ano. Mas, em contrapartida, o salário mínimo --que vinha
recuperando o poder de compra nos anos 1960-- perdeu com o golpe. "Em 1974, em pleno 'milagre', o poder de
compra dele representava a metade do que era em 1960", acrescenta Péricles.
"As altas taxas de crescimento significavam mais oportunidades de lucros altos, renda e crédito para consumo de
bens duráveis; para os mais pobres, assalariados ou informais, restava a manutenção de sua pobreza anterior",
explica o economista.
10. Precarização do trabalho
Apesar de viver o "milagre brasileiro", a ditadura trouxe defasagem aos salários dos trabalhadores. "Nossa última
ditadura cívico-militar foi, em certo ponto, economicamente exitosa porque permitiu a asfixia ao trabalho e, por
consequência, a taxa salarial média", diz o doutor em ciências sociais e blogueiro do UOL, Leonardo Sakamoto.
Na época da ditadura, a lei de greve, criada em 1964, sujeitava as paralisações de trabalhadores à intervenção do
Poder Executivo e do Ministério Público. "Ir à Justiça do Trabalho para reclamar direitos era possível, mas pouco
usual e os pedidos eram minguados", explica Sakamoto.
"Nada é tão atrativo ao capital do que a possibilidade de exercício de um poder monolítico, sem questionamentos", diz
Sakamoto, que cita a asfixia dos sindicatos, a falta de liberdade de imprensa e política foram "tão atraentes a
investidores que isso transformou a ditadura brasileira e o atual regime político e econômico chinês em registros
históricos de como crescimento econômico acelerado e a violência institucional podem caminhar lado a lado".
A COMISSÃO DA VERDADE
A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei nº 12528, de 18 de novembro de 2011, com o objetivo de
"examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos" praticadas durante a ditadura militar no Brasil e os
períodos de exceção. O Brasil foi o último país da América Latina a criar esse mecanismo de resgate da memória
histórica e de Justiça.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
O grupo é formado por sete membros, que, segundo a Lei, devem ser identificados "com a defesa da democracia e da
institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos direitos humanos". E terá prazo até 16 de dezembro
de 2014 para concluir os trabalhos e apresentar um relatório com as circunstâncias e os responsáveis por torturas,
mortes e desaparecimentos de presos políticos no país, além das conclusões e recomendações.
A Comissão da Verdade não tem caráter punitivo, uma vez que a Lei da Anistia, de 1979, impede que julgamentos
por crimes cometidos na época. Em abril de 2010, oSupremo Tribunal Federal decidiu que militares suspeitos de
tortura ou integrantes da luta armada (acusados de atos terroristas) sejam processados.
Período analisado
Os trabalhos abrangem o período de 1946 a 1988. Esse intervalo inclui o fim doEstado Novo e a eleição de Eurico
Gaspar Dutra (PSD), em 1946, que deu início a uma repressão contra movimentos sociais; e a ditadura militar,
iniciada com o Golpe de 1964 e encerrada com a eleição de Tancredo Neves (PMDB) (1985) e a publicação da
Constituição de 1988.
Na cerimônia de posse, a presidente se emocionou e negou o “revanchismo”. Ela mesma foi perseguida durante o
regime militar, é ex-presa política e ex-militante do grupo radical de esquerda Vanguarda Armada Revolucionária
Palmares (VAR-Palmares), cujos integrantes participaram da luta armada contra os governos militares.
Desaparecidos políticos
Um dos focos dos trabalhos serão os desaparecidos políticos. De acordo com o dossiê "Direito à Memória e à
Verdade", publicado em 2007, há 150 casos de registrados no país. Tratam-se de opositores da ditadura que foram
presos ou sequestrados por agentes do Estado, nos anos 1970 e 1980, e que desapareceram ou "foram
desaparecidos".
Há casos famosos como o do deputado Rubens Paiva, pai do escritor Marcelo Rubens Paiva. Ele foi preso em sua
casa, no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1971. O corpo do político nunca foi encontrado pela família.
O relatório final da Comissão será encaminhado a autoridades para que, com base nas informações obtidas, seja
possível localizar e identificar os corpos, entre outras medidas. Para isso, integrantes do órgão têm acesso a arquivos
oficiais e podem convocar para depor – ainda que não em caráter obrigatório – pessoas envolvidas nos episódios
examinados.
Pressão internacional
A Comissão da Verdade foi aprovada no Congresso e instalada pelo governo, em parte, por causa da pressão
internacional. Em 2010 o país foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos
Estados Americanos (OEA) pelo desaparecimento de 62 presos políticos na Guerra do Araguaia (1972-1974). A
ação foi movida por parentes das vítimas.
Houve também pressão dentro do país: nos últimos anos, familiares de mortos e desaparecidos políticos conseguiram
que o Estado reconhecesse que foi responsável pelas mortes, assim como indenizações. Mas os parentes querem
saber as situações das mortes e onde se encontram os restos mortais. Militares que participaram das operações
nunca divulgaram o local em que os corpos foram enterrados.
O debate a respeito da comissão foi marcado pela polêmica. Parte dos familiares e ativistas acreditam que a medida
será inócua, pelo fato de não poder punir os responsáveis por crimes. Já militares temiam a reabertura de casos e
acreditam que os trabalhos serão tendenciosos, em razão da simpatia ideológica dos integrantes da Comissão, em
sua maioria, de esquerda.
Julgamentos
Na América Latina, oficiais das Forças Armadas e até ex-presidentes foram julgados, condenados e presos pelo
desaparecimento de opositores do governo após os trabalhos das Comissões de Verdade, estabelecidas nos anos
1990.
Diferentemente do Brasil, em países como Argentina, Chile, Peru e Uruguai as leis de anistia não impediram a
realização de julgamentos. Isso aconteceu porque as leis foram revogadas ou porque os crimes de desaparecimento
foram interpretados como crimes “em continuidade”, não contemplados pelas anistias.
Na Argentina duas leis de anistia foram anuladas em 2003. No Chile, a nova interpretação da Suprema Corte, em
2004, fez com que mais de 500 pessoas fossem levadas ao tribunal.
A primeira Comissão da Verdade foi instaurada em Uganda, em 1974, durante a ditadura de Idi Amin. Até 2010, de
acordo com a cartilha “A Comissão da Verdade no Brasil”, havia 39 comissões em atividade no mundo.
José Renato Salatiel é jornalista e professor
TEMA 05 : OS RELATÓRIO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS ELABORADOS PELO IPCC –
PAINELINTERGOVERNAMENTAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
A Terra sempre passou por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento, da mesma forma que períodos
de intensa atividade geológica lançaram à superfície quantidades colossais de gases que formaram de
tempos em tempos uma espécie de bolha gasosa sobre o planeta, criando um efeito estufa natural. Ocorre
que, atualmente, a atividade industrial está afetando o clima terrestre na sua variação natural, o que sugere
que a atividade humana é um fator determinante no aquecimento. Desde 1750, nos primórdios da
Revolução Industrial, a concentração atmosférica de carbono – o gás que impede que o calor do Sol se
dissipe nas camadas mais altas da atmosfera e se perca no espaço – aumentou 31%, e mais da metade
desse crescimento ocorreu de cinqüenta anos para cá. Durante os primeiros séculos da Revolução
Industrial de 1760 até 1960, os níveis de concentração de CO2 atmosférico aumentou de uma estimativa
de 277 partes por milhão (ppm) para 317 ppm, um aumento de 40 ppm. Durante as recentes quatro
décadas, de 1960 até 2001, as concentrações de CO2 aumentaram de 317 ppm para 371 ppm, um
acréscimo de 54 ppm. As reconstruções de temperatura durante os últimos 1000 anos indicam que as
mudanças da temperatura global não sejam exclusivamente devido a causas naturais, considerando as
grandes incertezas dos registros paleo-climáticos.
GRÁFICO 01
Quando entramos em contato com os relatórios de avaliação periodicamente lançados pelo IPCC, parece-
nos, à primeira vista, que ele reúne as mais recentes teorias e descobertas sobre as mudanças climáticas
globais, ainda que a partir de uma posição tendenciosa. No entanto, uma observação um pouco mais
cautelosa revelará que os avanços das ciências do clima não são exatamente o foco dessas publicações.
John Christy, cientista cético do aquecimento global, conhecido por suas pesquisas sobre as temperaturas
da baixa troposfera a partir de dados de satélites, afirma que, durante seu trabalho como autor principal na
redação do terceiro relatório do IPCC, vários dos autores principais declararam-lhe que o relatório deveria
fornecer as evidências necessárias à persuasão de governantes para adotar o Protocolo de Kyoto
(CHRISTY, in MICHAELS, 2005, p. 74). Fica bastante clara, então, a função primordialmente política deste
relatório, enquanto que o real estado das pesquisas sobre mudanças climáticas globais é de interesse mais
reduzido. Uma dessas “evidências” para persuasão pela assinatura do acordo de Kyoto envolve o
conhecido gráfico “taco de hóquei”, que “provava” que o clima do século XX pode ser considerado incomum
e, assim, muito provavelmente determinado por influências antropogênicas. Vejamos sob quais
circunstâncias ele foi confeccionado, publicado, divulgado e desmascarado.
O que é o IPCC? O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima é um órgão da ONU criado, em
1988, pela Organização Metorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA). O IPCC reúne cientistas de todo o mundo com o objetivo de produzir periodicamente
relatórios com base no melhor conhecimento cientifico disponível sobre a situação das mudanças
climáticas e das alterações no sistema climático. O IPCC está organizado em três grupos de trabalho: o
Grupo de Trabalho I se concentra no sistema do clima, o Grupo de Trabalho II em impactos e opções de
resposta e o Grupo de Trabalho III nas dimensões econômica e social. O Quarto Relatório de Avaliação
(AR4) do IPCC foi divulgado ao longo de 2007. Mais recentemente, entre 2012,2013 e agora em 2014,
temos os relatórios do (AR5) Quinto Relatório de Avaliação, divulgado epla mídia.
1º RELATÓRIO IPCC
As conclusões do IPCC Segundo Relatório Cientifico SAR (IPCC 1996) sugerem que a análise das
evidências observacionais possui uma influência humana importante na mudança global de clima. Em
comparação, o IPCC TAR (2001 a) sugere que desde a publicação do SAR em 1996, dados adicionais de
novos estudos dos climas do presente e paleoclimas, e melhores técnicas de análises de dados,
detalhados e rigorosos, avaliações da qualidade dos dados, e comparações entre dados de diferentes
fontes permitiram um maior entendimento de mudanças climáticas. Segundo o IPCC TAR, é pouco
provável que o aquecimento observado durante os últimos 100 anos seja conseqüência de variabilidade
natural de clima somente, segundo avaliações de modelos climáticos. As incertezas em outras forçantes ou
processos que não têm sido incluídos nos modelos rodados para o TAR (efeito de aerossóis no clima,
processos de física de nuvens, interação da vegetação com a baixa atmosfera) não atrapalham a
identificação do efeito de gases de efeito estufa antropogênicos durante os últimos 50 anos, e ainda com
algum grau de incerteza pode ser dito que a evidência de influência humana aparece substancialmente
numa série de técnicas de análise e de detecção, e conclui-se que o aquecimento observado durante os
últimos 50 anos deve-se ao aumento na concentração de gases de
efeito estufa na atmosfera devido a atividades humanas.
2º RELATÓRIO IPCC
O II Relatório, divulgado em 1995, foi uma avaliação das informações científicas e sócio-econômicas
disponíveis sobre a mudança climática, e apontou um cenário caótico e devastador sobre os impactos que
o aquecimento global podem causar ao meio ambiente e aos sistemas econômicos mundiais. Mas, o
Relatório não ficou restrito à críticas e previsões, algumas medidas foram sugeridas quanto a mobilização
das diversas nações para resolução dos problemas para evitar a irreversibilidade dos danos. O Brasil, foi
um dos países focados no Relatório, que descreveu os impactos significativos e suas possíveis
conseqüências para as regiões do entorno da floresta amazônica, para a região nordestina,
especificamente o semi-árido e para as regiões litorâneas. (IPCC, 1995; MCT, 2009; WWF, 2007)
A conclusão do II Relatório do IPCC, fundamentada em estudos mais confiáveis e precisos, aponta para
uma certeza maior sobre a influência do ser humano na alteração das dinâmicas do clima. Termos que não
apareceram no I Relatório, surgem no II Relatório como, por exemplo, “parece provável” (“it appears likely”)
quando foram tratadas as informações sobre o aumento da concentração de GEE e como certos efeitos
vem acelerando essa concentração (a absorção de carbono pelas florestas não está acompanhando esse
crescimento), e “melhor suposição” (“best-guess”) quando foi relatado o aumento da temperatura média da
superfície do planeta. Foi previsto alcançar até 3ºC no final do século XXI. Porém, os políticos e diplomatas
que fazem parte do IPCC, pressionaram para que os resultados não fossem tão contundentes e
conclusivos, atendendo às reivindicações de governantes e empresários preocupados com suas
economias. Resultante dessas pressões, o II Relatório também aponta para impactos positivos causados
pelas mudanças no clima, mas os negativos acabam predominado. (LEGGET, 1999; ESPARTA, 2002)
No II Relatório, uma das conclusões apresentadas foi a de que seria ”improvável” que o crescente aumento
de temperatura da superfície da terra, que orbitaram sobre índices de 0,3 a 0,6 ºC, no final do século XIX,
resultassem somente de condições e impactos naturais, ou seja, mesmo num período distante, o Relatório
apontou para ações andrógenas. Na seqüência transcrevemos um trecho do referido Relatório para ilustrar
tal entendimento: “... o balanço das evidências, de mudanças da temperatura média do ar na superfície e
das mudanças geográficas, de estações do ano e de padrões verticais da temperatura da atmosfera,
sugerem uma influência discernível do homem no clima global. Ainda há incertezas com relação a pontos
chave, incluindo a magnitude e padrões de variabilidade de longo prazo. O nível do mar subiu entre 10 e 25
cm nos últimos 100 anos e muito dessa subida pode estar relacionada com o aumento da temperatura
média global.” Finalmente, no último relatório apresentado em 2001 (IPCC-TAR) já se conclui que “há
novas e mais fortes evidências que a maior parte do aquecimento observado nos últimos 50 anos é
atribuível a atividades humanas.” (IPCC, 1995 apud ESPARTA, 2002)
As ações humanas estão provocando sérias mudanças na concentração de GEE na atmosfera. Dentre as
ações destacamos a queima de combustíveis fósseis na indústria e pelas pessoas individualmente, e o
desmatamento desenfreado das florestas remanescentes;
Existem forte evidências de que atividades andrógenas são as causas de grande parte do aquecimento
global dos últimos 50 anos até os dias de hoje;
Em todo mundo ocorre a associação das mudanças climáticas com alterações diversas observadas em
sistemas físicos, ambientais, ecológicos, sócio-econômicos, políticos e administrativos. Apesar de afetarem
uma determinada região, ou área, as mudanças podem afetar outras regiões que tenham dependências
com a região onde aconteceu o fenômeno. Para ilustrar, citamos alguns exemplos: a redução em extensão
e espessura do Mar Ártico durante o verão; introdução não planejada de espécies vegetais e animais em
regiões diferentes da origem; o florescimento antecipado; menor produtividade agrícola na Europa;
migração de pássaros fora de época ou por questões climáticas; clareamento de recifes de corais;
elevação do nível de perdas econômicas causada por eventos climáticos extremos.
O cenário de crescimento das emissões de GEE depende, no futuro, da evolução tecnológica, da
educação da população, das alterações demográficas, dos sistemas econômicos, dos sistemas ambientais,
entre outros;
Vários cenários foram analisados, alguns deles já possuem soluções ecológicas (utilização de
biocombustíveis, técnicas de reflorestamento, uso de fontes renováveis, etc.), mas todos apontam para um
crescimento das concentrações de GEE, que deverão romper o século XXI. As projeções relacionadas aos
diversos cenários seguem discriminadas:
Ocorrerá um aumento da temperatura média no mundo entre 1,4 e 5,8ºC até 2100. As temperaturas
serão maiores para a superfície terrestre e menor para os oceanos;
Aumento nos índices pluviométricos mundiais, com precipitações mais volumosas e com ventos mais
fortes;
Entre 1990 e 2100, a previsão é a de que o nível dos oceanos suba entre 9 e 88 cm (um range muito
grande);
Os eventos climáticos serão mais extremos e resultarão no aumento das secas, das enchentes, dos
ciclones tropicais. As temperaturas altas serão cada vez mais freqüentes e com ela uma maior incidência
de problemas com a saúde populacional. (IPCC, 1995, ESPARTA, 2002)
O Protocolo de Quioto, após sua aprovação e a entrada em vigor, definiu alguns princípios, dentre os
quais:
Princípios da Precaução - mesmo que não haja confiabilidade total na previsão ou que tenha ausência de
precisão, as ações vislumbradas devem ser empregadas para que se evite o agravamento de um efeito
adverso;
Princípio da Responsabilidade Comum – Cada país possui a responsabilidade calculada na medida de
sua participação no total de emissões de GEE, com isso, países mais industrializados respondem pelo
passado histórico, não só pelas emissões do presente, contudo reservada as proporções, a
responsabilidade de uma forma geral, pertence a todos;
Princípio do Poluidor Pagador - O princípio do poluidor pagador obriga quem poluiu a pagar pela poluição
causada ou que pode ser causada.
(MEIRA FILHO, 1997; SOUZA, 2003)
3º RELATÓRIO IPCC
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (International Panel on Climate Change IPCC)
conclui no seu Terceiro Relatório de Avaliação TAR (IPCC 2001 a) que a temperatura média do ar tem
aumentado em 0.6ºC + 0.2ºC durante o Século XX. Os modelos globais do IPCC têm mostrado que entre
1900 e 2100 a temperatura global pode aquecer entre 1.4 e 5.8oC, o que representa um aquecimento mais
rápido do que aquele detectado no Século XX e que aparentemente não tem precedentes durante ao
menos os últimos 10.000 anos. O aquecimento global recente tem impactos ambientais intensos (como o
derretimento das geleiras e calotas polares) assim como em processos biológicos como as datas de
floração. Por exemplo, a Europa está esquentando mais rápido que a média do planeta e, só no ano de
2003, 10% das geleiras dos Alpes derreteram, afirma um relatório publicado ontem pela agência ambiental
da União Européia. O clima úmido e quente provocado pelo aquecimento global poderia aumentar a
incidência de casos de peste bubônica, a epidemia que matou milhões de pessoas ao longo da história e
exterminou um terço da população da Europa no século XIV, assim como de doenças tropicais como
malaria, dengue e doenças do estômago. Seja por causa da piora nas condições de saúde devido à
disseminação de doenças como a malária ou por causa da diminuição do suprimento de água, os países
da África sub-saariana, da Ásia e da América do Sul são os mais vulneráveis às conseqüências do
aquecimento da Terra. Muitas das principais doenças que atingem os países pobres, da malária à diarréia,
passando pela subnutrição, são extremamente sensíveis às condições climáticas. Também existem
evidências (IPCC 2001b) de que eventos extremos como
secas, enchentes, ondas de calor e de frio, furações e tempestades têm afetado diferentes partes do
planeta e têm produzido enormes perdas econômicas e de vidas. Como exemplos podemos citar a onda de
calor em Europa 2003, os furacões Katrina, Wilma e Rita no Atlântico Norte em 2005, o inverno extremo da
Europa e Ásia em 2006, e no Brasil podemos mencionar o furacão Catarina em março 2004 e a recente
seca da Amazônia em 2005 e as secas já observadas no Sul do Brasil em 2005 e 2006. Há ainda impactos
relacionados como alterações na biodiversidade, aumento no nível do mar, e impactos na saúde, na
agricultura e na geração de energia hidrelétrica que já podem estar afetando o Brasil assim como o
restante do planeta. O verão de 2003 na Europa, por exemplo, foi o mais quente dos últimos 500 anos e
matou entre 22 mil e 45 mil pessoas. Em todas as grandes cidades, o aquecimento também deve
exacerbar o problema das ilhas de calor, no qual prédios e asfalto retêm muito mais radiação térmica que
áreas não urbanas.
§ Efeitos adversos da mudança do clima
o Diminuição da disponibilidade de água em regiões carentes do insumo, em especial em terras áridas e
semi-áridas em regiões sub-tropicais.
o Redução da produtividade agrícola: (a) nos trópicos e sub-trópicos para quase qualquer aquecimento, e
(b) nas latitudes médias para aquecimento maior que alguns poucos graus.
o Mudanças na produtividade e composição de sistemas ecológicos, com florestas e recifes de corais
sendo os mais vulneráveis.
o Aumento do risco de inundações, deslocamento/mudança de milhões de pessoas devido ao aumento do
nível do mar e a eventos de chuvas fortes, especialmente em pequenos estados insulares e em deltas de
rios de baixa altitude
o Aumento, em especial nas regiões tropicais e sub-tropicais, da incidência da mortalidade por “stress
gerado pelo calor” (“heat stress”) e do número de pessoas expostas a doenças transmissíveis por vetores,
como malária e dengue, e pela água, como cólera.
§ Conseqüências benéficas da mudança do clima
o Aumento da produtividade agrícola em algumas regiões de latitude média no caso do aumento de alguns
graus na temperatura média
o Aumento da disponibilidade de água em algumas regiões carentes do insumo, por exemplo, em partes do
sudoeste da Ásia.
o Diminuição da mortalidade no inverno em regiões de média e alta latitudes.
o Potencial aumento do suprimento global de madeira advindo de florestas manejadas.
4º RELATÓRIO IPCC
As milhões de pessoas afetadas pela mudança climática rapidamente se converterão em centenas de
milhões, sem uma grande redução de emissões. Existe um alto risco de que ecossistemas únicos entrem
em colapso. elevação dos GEE e de aerossol, as mudanças da radiação solar e das propriedades da
superfície da terra causam um desequilíbrio energético do sistema climático. A concentração de dióxido de
carbono, de gás metano e de óxido nitroso na atmosfera global vem aumentado devido à ação humana
desde 1750, e seus principais ofensores são o uso de combustível fóssil e a mudança no uso do solo.
(RAMOS, 2006; IPCC, 2007);
O aquecimento global da atmosfera e dos oceanos, aliados à perda da massa de gelo, reforçou a
conclusão de que é “extremamente improvável” que as mudanças do clima ocorridas nos últimos 50 anos
possam ter sido causadas naturalmente sem qualquer outro tipo de interferência. (EEROLA, 2003; IPCC,
2007);
O padrão de aquecimento da troposfera e do esfriamento da estratosfera, muito provavelmente ocorreram
devido a uma combinação de influências do aumento de GEE e da redução do ozônio na estratosfera, e
estas denotaram uma significativa participação antropogênica. É “muito provável” que as forças
antropogênicas tenham, também, contribuído para mudanças no padrão do vento, provocando mudanças
na trajetória das tempestades extra tropicais e o nos padrões de temperatura nos dois hemisférios. Os
extremos dos índices de aferição de temperaturas nos dias mais quentes, nas noites mais frias e nos dias
mais frios “muito provável” aumentaram devido à força antropogênica. (IPCC, 2007; VIEIRA, 2008; UNEP,
2008);
As principais conclusões foram que:
-O aquecimento do sistema climático é inequívoco.
-A maioria dos aumentos observados na temperatura média global desde meados do século XX são muito
semelhantes aos aumentos observados nas concentrações de gases do efeito estufa
antropogênico. Há 90% de certeza de que o homem é a causa desta alteração, face aos 61% de
probabilidade do relatório anterior, divulgado em 2001.
-No fim do século XXI, as temperaturas aumentarão entre 1,8 e 4 graus com relação a 1980-1999, ainda
que estas sejam as previsões mais otimistas numa escala que vai até 6,4 graus.
-Os estudos realizados desde 1961 mostram que a temperatura média do oceano aumentou até uma
profundidade de 3.000 metros e que o oceano absorve mais de 80% do calor acrescentado ao sistema
climático.
-O aquecimento da água do mar provoca sua dilatação, por isso, o nível do oceano poderá subir de 18 a 59
centímetros até o fim do século, com relação aos níveis de 1980-1999.
-Há um nível de confiança maior que 90% de que haverá mais derretimento glacial, ondas de
calor e chuvas torrenciais.
-Tanto a emissão passada como a futura de dióxido de carbono antropogênico continuarão a contribuir
para o aquecimento e o aumento do nível dos oceanos por mais de mil anos.
O IV Relatório do IPCC concluiu quatro boletins, lançados em 2007.
5º RELATÓRIO IPCC
O IPCC começou a publicar seu 5º Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas Globais. A
primeira das quatro partes do relatório foi lançada em 27/09, em Estocolmo, e trata da ciência do clima, ou
seja, do que esta acontecendo com o clima global, quais as causas das mudanças e quais os cenários
futuros para estas mudanças.
Em um resumo super sintético, o relatório diz: O aquecimento global sem precedentes é um fato e
as emissões de gases de efeito estufa (GEE) são a principal causa. Asmudanças
climáticas provocadas por este aquecimento afetam o nível do mar, a temperatura e a acidez dos
oceanos, extensão e espessura do gelo nos polos edisponibilidade de água no planeta. Para estancar
este processo é preciso reduzir drasticamente as emissões de GEE sob pena de chegarmos ao final deste
século com aumento médio de temperatura do planeta em até 5,8 graus C.
O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – denominado
“Mudanças Climáticas 2014: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade” – afirmou que os efeitos das
mudanças climáticas, em sua maior parte, ocorrem pela mal preparação para seus riscos.
O documento alertou que, embora ações possam ser tomadas, a gestão de impactos do fenômeno será
difícil em meio a um planeta aquecendo rapidamente.
O IPCC, que foi divulgado nesta segunda-feira (31) em Yokohama, no Japão, detalha os impactos das
mudanças climáticas até agora, os riscos futuros e as oportunidades para medidas eficazes de reduzir dos
riscos. Conclui que a resposta às mudanças climáticas envolvem fazer escolhas sobre os riscos em um
mundo mudando constantemente.
O relatório identifica as pessoas, indústrias e ecossistemas vulneráveis por todo o mundo e descobre que o
risco de uma mudança climática vem da vulnerabilidade (falta de preparação) e exposição (pessoas ou
bens em perigo) sobreposta aos riscos (acontecimentos ou tendências climáticas).
Parabenizando as conclusões do IPCC, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o relatório
confirma que os efeitos das mudanças climáticas causadas pelo homem já estão generalizadas e
consequentes, afetando a agricultura, a saúde humana, os ecossistemas, o abastecimento de água e
algumas indústrias.
“Para diminuir esses riscos, a redução substancial das emissões globais de gases de efeito estufa deve ser
feita juntamente com estratégias e ações para melhorar a preparação contra os desastres, bem como para
reduzir a exposição a eventos causados pelas alterações climáticas inteligentes”, disse Ban, em um
comunicado divulgado por seu porta-voz em Nova York.
O secretário-geral da ONU estimulou todos os países a agir com rapidez e ousadia em todos os níveis,
para trazer anúncios e ações ambiciosas para a cúpula do clima, no dia 23 de setembro, e fazer todos os
esforços necessários para chegar a um acordo climático jurídico global até 2015.
O presidente do IPCC, Rajendra K. Pachauri, considera que os impactos apresentados no relatório e
aqueles que estão sendo projetados para o futuro só confirmam que ninguém ficará imune à mudança
climática.
O encolhimento de geleiras, migração de espécies, diminuição da produtividade das culturas, aumento de
doenças transmitidas por vetores e aumento de eventos extremos são alguns dos fatores citados por
Pachauri como evidência da necessidade que a comunidade internacional tem de fazer escolhas para
melhor adaptação e diminuição dos efeitos negativos.
“O mundo tem que levar a sério este relatório, porque há implicações com a segurança do abastecimento
de alimentos, os impactos de eventos extremos na morbidade e mortalidade, impactos graves e
irreversíveis sobre espécies e um risco de cruzar vários pontos de ruptura por causa do aumento da
temperatura”, disse Pachauri, explicando que esses impactos também afetam a segurança humana,
podendo provocar deslocamento da população em massa ou aumento de conflitos.
Um total de 309 pessoas, entre eles coordenadores, autores e editores de revisão de 70 países, foram
selecionados para produzir o relatório. Eles pediram a ajuda de 436 autores e de um total de 1.729
especialistas e colaboradores governamentais.
“Vivemos em uma era artificial de mudança climática”, disse Vicente Barros, co-presidente do Grupo de
Trabalho II. “Em muitos casos, não estamos preparados para os riscos relacionados com o clima que já
enfrentamos. Os investimentos em uma melhor preparação podem ter dividendos, tanto para o presente
quanto para o futuro.”
Segundo o relatório, as pessoas que são socialmente, economicamente, culturalmente, politicamente,
institucionalmente ou de alguma outra forma marginalizadas são especialmente vulneráveis às alterações
climáticas e também para algumas respostas de adaptação e diminuição de risco.
A característica marcante dos impactos observados é que eles estão acontecendo dos trópicos para os
pólos, de pequenas ilhas a grandes continentes, e dos países mais ricos aos mais pobres.
“A adaptação pode desempenhar um papel fundamental na redução desses riscos”, afirma Barros. “Ela é
muito importante. O mundo enfrenta uma série de riscos de mudanças climáticas já contidos no sistema
climático, devido às emissões passadas e infraestrutura existente”.
O IPCC foi estabelecido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a
Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 para fornecer ao mundo uma visão científica clara
sobre a mudança do clima e seus potenciais impactos ambientais e socioeconómicos. Hoje, possui 195
Estados-membros.
Com o grande avanço dos modelos climáticos foi possível gerar mapas e análises específicas para as
grandes regiões do planeta e as notícias para o Brasil não são alentadoras como já havia sido adiantado
pelo Relatório de Avaliação Nacional sobre Mudanças Climáticas publicado recentemente pelo Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas. No Brasil, o aumento de temperatura em 2100 poderia chegar a 7oºC
no cenário mais crítico e a redução da precipitação pode chegar a 30% entre as regiões norte e nordeste.
Os impactos destes cenários serão objeto da segunda parte do relatório, a ser lançado em março de 2014,
e as ações necessárias para mitigar as emissões e evitar os piores cenários serão objetivo da terceira
parte do relatório a ser publicada em abril de 2014.
As conclusões desta que é a mais extensa, completa e profunda revisão do estado da ciência do clima já
produzido deve ser peça fundamental para informar e dar subsídios para que os tomadores de decisão no
setor público e privado estabeleçam ações para mitigar as emissões e adaptar as nossas atividades,
negócios, infraestrutura e todos os aspectos de nossa vidas para as mudanças climáticas já “contratadas”
para as próximas décadas.
Abaixo estão as 19 principais mensagens do relatório do IPCC publicado hoje.
Sobre as mudanças observadas no sistema climático:
1. O aquecimento do sistema climático é inequívoco e muitas das mudanças observadas, desde os
anos 1950, não têm precedentes, ao longo de décadas a milênios. A atmosfera e o oceano se aquecem, as
quantidades de neve e gelo têm diminuído, o nível do mar subiu e as concentrações de gases de efeito
estufa aumentaram.
2. Desde 1850, cada uma das três últimas décadas tem sido sucessivamente mais quente na superfície
da Terra do que qualquer década anterior. No Hemisfério Norte , 1983-2012 foi o período de 30 anos mais
quente dos últimos 1400 anos.
3. O aquecimento dos oceanos domina o aumento da energia armazenada no sistema climático, o que
representa mais de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010 e, por isso, o oceano superior (0-700 m)
aqueceu.
4. Ao longo das duas últimas décadas, as camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida têm perdido
massa, geleiras continuaram a encolher em quase todo o mundo, e o gelo do mar Ártico e a cobertura de
gelo na primavera do hemisfério norte continuaram a diminuir em extensão.
5. A taxa de aumento do nível do mar desde meados do século 19 tem sido maior do que a taxa média
durante os dois milênios anteriores. Durante o período de 1901-2010, o nível mundial do mar médio subiu
0,19 metros.
6. As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O)
aumentaram para níveis sem precedentes, pelo menos nos últimos 800 mil anos. Concentrações de
CO2 aumentaram em 40% desde os tempos pré-industriais, principalmente a partir de emissões de
combustíveis fósseis e, secundariamente, de emissões de mudança líquidas de uso da terra. O oceano
absorveu cerca de 30% do dióxido de carbono antropogênico emitido, causando a acidificação do oceano.
Sobre as causas das mudanças observadas e o entendimento do sistema climático:
7. O forçamento radioativo é positivo, e levou a uma absorção de energia pelo sistema climático. A maior
contribuição para a radiativa total de forçamento é causada pelo aumento da concentração atmosférica de
CO2 desde 1750.
8. Influência humana sobre o sistema climático é clara. Isto é evidente a partir das crescentes
concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, a forçante radiativa positiva, o aquecimento
observado e a compreensão do sistema climático.
9. Os modelos climáticos melhoraram desde que o IV relatório (AR4 – 2007). Os modelos reproduzem em
escala continental os padrões de temperatura de superfície e as tendências observadas ao longo de muitas
décadas, incluindo o aquecimento mais rápido desde meados do século 20 e o esfriamento imediatamente
após grandes erupções vulcânicas.
10. Estudos observacionais e modelo de mudança de temperatura, reações climáticas e mudanças no
balanço energético da Terra, juntos, oferecem confiança na magnitude do aquecimento global em
resposta ao forçamento do passado e do futuro.
11. Influência humana foi detectada no aquecimento da atmosfera e do oceano, em mudanças no ciclo
hidrológico global, em reduções em neve e gelo, na média global o aumento do nível do mar, e em
mudanças em alguns eventos climáticos extremos. Esta evidência de influência humana tem crescido
desde o AR4 (relatório anterior do IPCC).
Sobre os cenários futuros das mudanças climáticas:
12. Manutenção das emissões de gases de efeito estufa provocará maior aquecimento e mudanças em
todos os componentes do sistema climático. Para restringir ou limitar as alterações climáticas serão
necessárias reduções substanciais e sustentadas de emissões de gases de efeito estufa.
13. Mudança de temperatura da superfície global para o final do século 21 é provavelmente superior a
1,5 ° C em relação a 1850-1900 para todos os cenários RCP(cenários representativos de
caminhos/tendências), exceto RCP2.6 . O aquecimento vai continuar para além de 2100 em todos os
cenários RCP , exceto RCP2.6. O aquecimento continuará a apresentar variabilidade interanual ou
interdécadas e não será uniforme regionalmente.
14. Mudanças no ciclo global da água em resposta ao aquecimento ao longo do século 21 não será
uniforme. O contraste da precipitação entre as regiões úmidas e secas e entre as estações chuvosa e
seca vai aumentar, embora possam acontecer exceções regionais.
15. O oceano global vai continuar a aquecer durante o século 21. O calor vai penetrar desde a superfície
até o fundo do oceano e afetar a circulação oceânica.
16. É muito provável que a cobertura de gelo do mar Ártico continue a encolher e afinar e que na
primavera do hemisfério norte a cobertura de neve vai diminuir durante o século 21 com o aumento da
temperatura média da superfície global . O volume global das geleiras vai diminuir ainda mais.
17. Nível médio do mar global vai continuar a subir durante o século 21. Em todos os cenários RCP, a
taxa de aumento do nível do mar, muito provavelmente, será superior à observada durante 1971-2010,
devido ao aumento do aquecimento dos oceanos e o aumento da perda de massa das geleiras e
camadas de gelo.
18. A mudança climática afetará os processos do ciclo de carbono de uma maneira que irá agravar o
aumento de CO2 na atmosfera. Além disso, a absorção de carbono pelo oceano deve aumentar a
acidificação do oceano.
19. Emissões cumulativas de CO2 em grande parte determinam o aquecimento superficial médio global até
o final do século 21 e além. A maioria dos aspectos das alterações climáticas vai persistir por muitos
séculos, mesmo que as emissões de CO2 cessem completamente. Isso representa um comprometimento
multisecular substancial das mudanças climáticas criado pelas emissões passadas, presentes e futuras de
CO2.
Qual a credibilidade do IPCC?
IPCC reconheceu erro em inclusão de previsão sobre fim das geleiras do Himalaia até 2035
A escala global do envolvimento científico com o IPCC dá uma ideia do peso dado ao painel.
Dividido em três grupos de trabalho que analisam a ciência física, os impactos e as opções para limitar as
mudanças climáticas, o painel envolve milhares de cientistas de todo o mundo.
O relatório a ser apresentado em Estocolmo tem 209 autores coordenadores e 50 revisões de editores de
39 países diferentes.
O documento é baseado em cerca de 9.000 estudos científicos e 50 mil comentários de especialistas.
Mas em meio a esse conjunto enorme de dados, as coisas podem não sair como o esperado.
No último relatório, publicado em 2007, houve um punhado de erros que ganharam grande projeção, entre
eles a afirmação de que as geleiras do Himalaia desapareceriam até 2035. Também houve erro na
projeção da porcentagem do território da Holanda que ficaria sob o nível do mar.
O IPCC admitiu os erros e explicou que em um relatório de 3 mil páginas é sempre possível que haja
alguns pequenos erros. A afirmação sobre o Himalaia veio da inclusão de uma entrevista que havia sido
publicada pela revista New Scientist.
Em 2009, uma revisão da forma como o IPCC analisa as informações sugeriu que o painel seja mais claro
no futuro sobre as fontes de informação usadas. O painel também teve a reputação manchada pela
associação com o escândalo provocado pelo vazamento de e-mails trocados entre cientistas que
trabalhavam para o IPCC, em 2009. As mensagens pareciam mostrar algum grau de conluio entre os
pesquisadores para fazer com que os dados climáticos se encaixassem mais claramente na teoria das
mudanças climáticas induzidas pelo homem. Porém ao menos três pesquisas não encontraram evidências
para apoiar essa conclusão. Mas o efeito final desses eventos sobre o painel foi o de torná-lo mais
cauteloso. Apesar de o novo relatório possivelmente enfatizar uma certeza maior entre os cientistas de que
as atividades humanas estão provocando o aquecimento climático, em termos de escala, níveis e impactos
a palavra "incerteza" deverá aparecer com bastante frequência.
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100 DICAS PARA ACERTAR NO ENEM

  • 1. TEMA 01: 10 ANOS DO FACEBOOK : O PAPEL DAS REDES SOCIAIS NO MUNDO GLOBALIZADO O processo de globalização não é recente. Para alguns estudiosos, sua gênese remonta às Grandes Navegações, período em que as potências europeias dos séculos XIV e XV intensificaram as trocas comerciais e, ao mesmo tempo, culturais com diversas regiões do globo. Com o impulso tecnológico ocorrido desde a Guerra Fria, o intercâmbio de informações atingiu um grau de expansão até então nunca visto. O modo de produzir e consumir sofreu grandes transformações, assim como se ampliaram as relações sociais ocorridas neste então “mundo menor”, com distâncias reduzidas pela tecnologia. Vivenciamos, na realidade, a tentativa de um movimento de unificação, que corresponde à própria natureza do capitalismo, com a predominância de um sistema único tecnicamente falando - base material da globalização - que passa a emergir como um sistema hegemônico. O geógrafo Milton Santos traduz bem este “novo mundo”: ”O movimento de racionalização da sociedade que marcou o século das luzes e o início da Revolução Industrial foi, pouco a pouco, ocupando todos os recantos da vida social e alcança, agora, um novo patamar, com o que podemos chamar de racionalização do espaço geográfico [...] Essa nova etapa do processo secular de racionalização é essencialmente devida à emergência de um meio tecnocientífico informacional, que busca substituir o meio natural e o próprio meio técnico, produz os espaços da racionalidade e constitui o suporte das principais ações globalizadas.” (SANTOS, 1996, p. 266) A sensação de contração do espaço-tempo nos deu a impressão de que o mundo se tornou uma verdadeira aldeia global, em que todos parecem ter os mesmos hábitos e costumes. As técnicas de produção padronizadas levaram à criação de modelos internacionais que permitiram a distribuição das etapas produtivas em todo o planeta. A forte conexão estabelecida entre técnica e ciência reforçou o vínculo com a produção, base tecnocientífica e ideológica em que se conectam o discurso e a prática da globalização. Tudo isso soa bonito, não fosse pelo fato de que o acesso e a disseminação das tecnologias ainda se encontram desigualmente distribuídos no planeta. O próprio ambiente corporativo, por meio das fusões de empresas - que acabam por eliminar a concorrência a partir da criação de grandes monopólios -, nos mostra que o alcance da globalização é limitado a poucos agentes. Fica evidente que a marca do nosso sistema atual é a rapidez de difusão (ou seja, a constituição de redes diversas). Desse panorama fazem parte as redes sociais, dinâmicas por natureza, e que apresentam como característica o fato de passarem por um fenômeno que é a grande marca do sistema técnico atual - a obsolescência. Esses novos circuitos virtuais de comunicação não consideram as fronteiras políticas entre as nações (que tentam eliminá-las cada vez mais, a partir da criação de blocos econômicos, tais como o Nafta, o Mercosul e a União Europeia) e acabam conectando culturas heterogêneas, além de criar novas formas de poder e influência. Assim, estreitam-se as distâncias ao mesmo tempo em que se ampliam as relações econômicas, políticas e culturais. Por meio das redes sociais, indivíduos com objetivos comuns e ideias 100 DICAS PARA ACERTAR NO ENEM NA PROVA DE 2014..... TEMAS ESCOLHIDOS PELO PROFESSOR: MARIO FERNANDO DE MORI http://geografiaemdia.blogspot.com.br/ http://focosdetensoesinternacionais.blogspot.com.br/ http://profmariodemori.blogspot.com.br/ http://mariodemori.blogspot.com.br/ EM BREVE… AS QUESTÕES TREINAMENTO…AGUARDEM….
  • 2. semelhantes convergem para um mesmo local, onde as trocas de informações são maximizadas e otimizadas, promovendo o que chamamos de fluidez. São diversas as redes sociais existentes, acessadas por milhões de pessoas em todo o mundo.Orkut, Facebook, Twitter, Messenger, Skype, Youtube, MySpace, Flickr, Blogger, hi5, Linkedin são algumas das redes sociais mais utilizadas no Brasil. Elas permitem a seus usuários a conexão com amigos, o compartilhamento de informações e dados (textos, músicas, vídeos, imagens, entre outros), além de possibilitar a disseminação e a associação de informações pessoais e profissionais. Nesse mundo globalizado, em que a troca de informações e a capacidade de disseminar conhecimento propiciam um ambiente altamente competitivo, os indivíduos são colocados em constante prova, aumentando por sua vez as redes de contatos e, consequentemente, ampliando o volume de informação trocada entre seus pares. Quanto maior a rede de relacionamentos, maiores serão as chances de êxito social e profissional. Por outro lado, aqueles que não possuem acesso a essas mudanças ficam às margens do processo global. Outra forte característica dessas redes é que elas assumem as mesmas normas e regulações da vida social não virtual. A falsa sensação de anonimato causada pela ausência do contato direto cria situações de conflitos legais (os chamados crimes virtuais, tais como fraudes bancárias e casos de pedofilia) e éticos. Na Alemanha, cogita-se a criação de uma lei que impeça empresas de investigarem o comportamento social de possíveis contratados a partir de investigações em seu perfil no Facebook. Não podemos deixar de reconhecer, entretanto, o significativo papel colaborativo desempenhado por essas teias. Inúmeras comunidades virtuais possuem papel ativo na divulgação política e em causas ambientais. Organizações (ou indivíduos) repressores e regimes não democráticos podem hoje passar a ter seus atos divulgados por um cidadão comum que, em um pequeno cyber coffee, escreve um blog sobre o que está ocorrendo em sua localidade instantaneamente (com as mesmas intencionalidades e riscos aos quais se submetem os grandes meios de comunicação de massa). Enfim, a mobilização virtual coletiva é facilitada hoje pela rápida acessibilidade e ampla capacidade de divulgação, mesmo que ainda esteja longe de um patamar ideal, ou seja, genuinamente globalizada. Referência SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996. SERÁ QUE O FACEBOOK ESTÁ COM OS DIAS CONTADOS EM SEU 10º ANO DE VIDA ???? O Facebook está morrendo? O alcance dos posts na rede está diminuindo? O que esperar da maior plataforma social do planeta? Para entender qual é o papel do Facebook no futuro do marketing digital de empresas e agências, o Ideas, portal de conteúdo do Scup, ferramenta para monitoramento de redes sociais, coletou a opinião de 209 profissionais, em pesquisa realizada por e-mail. O objetivo foi investigar o protagonismo atribuído ao site criado por Mark Zuckerberg, bem como as expectativas em relação aos seus retornos sobre o negócio, a visão dos entrevistados sobre sua longevidade, entre outros temas. Algumas conclusões do estudo: -- 89,5% dos participantes afirmam que o Facebook é a principal rede em sua estratégia de social media -- 43,5 % pretendem aumentar os investimentos no site nos próximos três meses -- 46% discordam da afirmação de que “o Facebook está morrendo”, porém 41% acreditam que a rede perderá força nos próximos 3 anos -- 80,8% incluem o aumento da visibilidade das suas ações de marketing entre os principais benefícios do uso do Facebook em suas estratégias TEMA 02: OS ROLEZINHOS: JOVENS DA ‘NOVA CLASSE MÉDIA’ COLOCAM EM XEQUE MODELO DE INCLUSÃO SOCIAL É um costume dos adolescentes se reunirem em shoppings para passear. Mas quando centenas de jovens de periferia começaram a promover encontros em shopping centers de São Paulo, em dezembro do ano passado, os chamados “rolezinhos” viraram caso de polícia e ganharam repercussão nacional. Além da discussão sobre a adequação ou não do local para essas reuniões, os rolezinhos também levantaram outra questão: a relação entre e inclusão social desses jovens e o consumo. A palavra “rolê” é uma gíria associada a dar uma volta e se divertir. Os primeiros rolezinhos aconteceram em dezembro de 2013, organizados por cantores de funk, em resposta à aprovação de um projeto de lei que proibia bailes nas ruas de São Paulo (proposta que depois foi vetada pelo prefeito Fernando Haddad). Depois, MC’s passaram a promover encontros ao vivo com suas fãs, seguidos pelos “famosinhos”, pessoas com milhares de seguidores nas redes sociais, que também entraram na onda e levaram seus fãs do Facebook aos shoppings. O objetivo era conhecer gente nova, ser visto, paquerar, se divertir e escutar funk ostentação, gênero musical que mistura batidas de funk a letras sobre consumo e marcas de luxo. A situação que fugia da rotina habitual desses centros comerciais causou pânico. Um dos primeiros rolezinhos aconteceu em 7 de dezembro, no shopping Metrô Itaquera, zona leste da capital paulista. Convocado pelo Facebook, o evento reuniu 6.000 jovens no estacionamento. Por denúncias de furto e temendo um arrastão, lojistas acionaram a polícia e o shopping fechou as portas mais cedo. No dia 11 de janeiro, novamente no shopping Itaquera, um grupo de mil pessoas que se reunia para um rolezinho foi reprimido pela PM, que chegou a usar bombas de gás lacrimogêneo, bala de borracha e spray de pimenta. Houve correria, pânico e denúncias de furto. Diante da divulgação de que ocorreria um rolezinho no local, o shopping JK Iguatemi, um dos mais sofisticados da capital paulista, conseguiu liminar na Justiça proibindo o acesso de menores
  • 3. desacompanhados e multa para quem promovesse a mobilização. O encontro não chegou a acontecer, mas a checagem de documentos pelos seguranças para evitar o acesso causou polêmica. Pela lei, nenhum tipo de estabelecimento comercial pode adotar medidas de discriminação para evitar o acesso de pessoas. É proibida qualquer seleção de consumidores a partir de critérios como raça, origem social, idade ou orientação sexual. Caso o local tome esta atitude, pode receber processos judiciais. O shopping pode adotar medidas de segurança, como limitar o número de pessoas e coibir condutas ilegais como o uso de drogas e violência. Durante os rolezinhos de dezembro e início de janeiro, a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping contabilizou uma queda de 25% no movimento dos estabelecimentos envolvidos. Com medo, muita gente evitou esses lugares. Já o fechamento das lojas e a seleção nos shoppings despertou um debate nacional sobre violência e segregação racial e social. Houve até “rolezinhos de universitários”, protestos de manifestantes com viés político que questionam as atitudes dos shoppings. Democratização do consumo? Os encontros e as reações e eles ganharam diferentes interpretações: seriam um pretexto para fazer baderna e confusão, gerando prejuízos financeiros e de imagem para os centros comerciais; reflexo da falta de espaços públicos e de convivência segura para os jovens, que veem no shopping sua única saída; e, ainda, como uma demonstração de desigualdade e elitismo da sociedade brasileira. Esse incômodo estaria relacionado à democratização do consumo, reflexo da ascensão da classe C no país. Os espaços tradicionais de consumo, que antes eram exclusivos de uma classe mais abastada, agora são cada vez mais ocupados por classes emergentes. É a inserção social pelo consumo. Segundo o Instituto Data Popular, que traçou um retrato dos jovens que participam dos rolezinhos, eles pertencem fundamentalmente à classe C e têm potencial de consumo (R$ 129 bilhões por mês) maior do que as classes A, B e D juntas (R$ 99 bilhões por mês). Quanto ao perfil dos consumidores que frequentam shoppings brasileiros ele pode ser dividido em 22% de classe A, 41% da B e 37% da C. Segundo o último censo da Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings Centers), os jovens da classe C são maioria dos consumidores nesses estabelecimentos. Ir ao shopping é se integrar “Tudo começou como distração e diversão: se arrumar, sair, se vestir bem. Existe toda uma relação com as marcas e com o consumo, num processo de afirmação social e apropriação de espaços urbanos. Ir ao shopping é se integrar, pertencer à sociedade de consumo”, avalia a antropóloga e professora da Universidade de Oxford, na Inglaterra, Rosana Pinheiro-Machado, ao comentar sobre a relação de inclusão social que os jovens veem nesse novo poder de compra. Os números acima também refletem a ascensão de consumo que a classe C teve nos últimos dez anos -- chamada de “nova classe C”. A nomenclatura teve seu marco com a pesquisa intitulada "Nova classe média", realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e divulgada em agosto de 2008. Essa "nova classe média", ou "nova classe C", tem uma renda entre R$1.064,00 e R$ 4.561,00 e abriga 52,67% da população, o equivalente a quase 98 milhões de pessoas. Houve também aumento do salário mínimo, a diminuição do desemprego, o aumento da linha de crédito (parcelamento pelo cartão) e a diminuição de impostos de algumas mercadorias pelo Governo. Outras facetas desse grupo são a facilidade do acesso à internet e aumento da possibilidade de frequentar uma universidade. Como resultado, os filhos da chamada “nova classe média brasileira” agora têm acesso a produtos que antes não podiam comprar e valorizam produtos mais sofisticados. E o que eles querem consumir? A maioria dos jovens, segundo o instituto, deseja comprar produtos eletrônicos e a roupas da moda que geram status e prestígio. A pesquisa revelou que 15% pretendem comprar um notebook, 11% querem adquirir um smartphone e 11% um tablet. Bonés, roupas e tênis de grife também estão entre os itens desejados. Os adolescentes da nova classe C chegam a gastar R$ 1.000 em um tênis, e mesmo assim, algumas marcas não querem sua imagem associada a esse público. Para os shoppings, a questão dos rolezinhos será resolvida de duas formas. Uns vão fechar as portas em caso de aglomeração, outros, como o Shopping Itaquera, sinalizaram atitude diferente. Foi acertado que o shopping será informado sobre os encontros, não para impedir, mas organizar melhor o evento. Já o Governo Federal promete planejar novas políticas públicas para a juventude, em conjunto com os Estados. Além disso, está monitorando a internet e prepara forças policiais caso os rolezinhos fujam do controle. Políticas públicas No entanto, observadores apontam que o fenômeno dos rolezinhos coloca em xeque outras áreas e demandas sociais, como educação, saúde e esporte, que não apareceram na pauta das soluções para evitar a multidão nos shoppings (em 2014, o Brasil deve ganhar mais 40 shoppings). “A inclusão dos últimos anos foi em boa medida um aumento do poder de compra a crédito. Os pobres compram mais – o que é ótimo, porque eles tinham e ainda têm acesso limitado a vários bens que asseguram o conforto. Mas esse foi o eixo mais marcante da inclusão. Embora a educação esteja melhorando, a dupla do bem – que seria o mix de educação e cultura, e o de saúde e atividade física – não desperta igual atenção nem gera resultados rápidos”, escreve o filósofo Renato Janine Ribeiro no artigo “A inclusão social pelo consumo”. RESUMÃO Adolescentes sempre se reuniram em shoppings para passear e se encontrar. Mas quando centenas de jovens de periferia começaram a promover encontros em shopping sentir de São Paulo, em dezembro do ano passado, os chamados “rolezinhos” viraram caso de polícia e ganharam repercussão nacional. Além da discussão sobre a adequação ou não do local para estas reuniões, os rolezinhos também apontaram para a relação entre e inclusão social desses jovens e o consumo.
  • 4. Para muitos, os encontros não passam de um pretexto para fazer baderna e confusão. Outros defendem que faltam espaços públicos e de convivência para os jovens, que veem no shopping sua única saída. Por outro lado, a tentativa de evitar os rolezinhos refletiria um incômodo com a democratização do consumo, reflexo da ascensão da classe C. Os espaços de consumo, que antes eram exclusivos para a elite, agora são ocupados por novas classes emergentes. O Instituto Data Popular traçou um perfil dos jovens que participam dos rolezinhos. Eles pertencem fundamentalmente à classe C e têm potencial de consumo (R$ 129 bilhões por mês) maior do que as classes A, B e D juntas (R$ 99 bilhões por mês). Esses números refletem a ascensão de consumo que a classe C teve nos últimos dez anos. No caso desses jovens, o consumo parece ser visto por eles como um caminho para a inclusão social. Esses jovens agora têm a oportunidade de comprar bens que antes eram inacessíveis, e assim, se veem integrados a um grupo social do qual não pertencem quando o assunto é educação, saúde, emprego e esporte. 'Rolezinhos'sãorealidadeháanosemshoppingsdosEUA,BBC,BRASIL,16/01/201407h15 Um encontro de adolescentes, convocado pelas redes sociais, realizado dentro de um shopping center - e que acabou em confusão e confrontos com a polícia. A descrição, que poderia servir para um "rolezinho" em São Paulo, é na verdade de um "flash mob" ocorrido em 26 de dezembro no Brooklyn, em Nova York. Assim como no Brasil, esses episódios têm despertado debates sobre o papel dos shopping centers, o direito de se reunir no local e as motivações desses jovens. No Brooklyn, o Kings Plaza Shopping Center foi palco de um encontro de ao menos 300 jovens, convocados pelas redes sociais. Testemunhas disseram à imprensa local que eles gritavam, empurravam transeuntes e roubaram lojas. O shopping acabou fechando as portas por uma hora, informa o New York Post. No dia seguinte, menores de idade não acompanhados de adultos foram barrados do local, despertando críticas dos que se sentiram tolhidos pela medida - e que queriam apenas fazer compras - e elogios dos que temiam novas cenas de confusão. Dezenas de incidentes parecidos ocorreram em outras cidades americanas nos últimos anos. Em Chicago, em abril passado, centenas de jovens se juntaram no centro da cidade, convocados pelas redes sociais, e o episódio acabou em briga; a imprensa americana traz relatos parecidos de "flash mobs" realizados no mesmo mês no centro da Filadélfia e, em 2012, em uma loja do Walmart em Jacksonville, na Flórida. Em 2011, também na Filadélfia, a prefeitura estabeleceu um toque de recolher para adolescentes, impedidos de ficar nas ruas após as 20h ou 22h (dependendo da idade dos jovens), na tentativa de evitar os encontros.Não está claro se esses "flash mobs" em questão foram organizados com fins violentos, mas a maioria das reuniões - assim como no Brasil - ocorreu pacificamente. 'Formas de se expressar' Após entrevistar 50 dos adolescentes que participaram do episódio, em 2012, uma das conclusões foi a de que os jovens "estão buscando formas de se expressar enquanto se conectam com outros (pela internet)" - e que qualquer ação oficial para lidar com o fenômeno deve levar isso em conta. "Os jovens se envolveram em 'flash mobs' para se expressar, chamar atenção, serem vistos e lembrados e se expressarem", diz a pesquisa. Além disso, afirmam os pesquisadores, esses jovens estão "entediados" - e sua interação no mundo digital, onde os "flash mobs" são organizados, é uma importante forma de diminuir o tédio. Por isso, toques de recolher como os implementados nos EUA terão pouca eficácia se não forem combinados "com atividades alternativas, acessíveis e divertidas" e incentivos a "flash mobs do bem", sem atitudes violentas. Ao mesmo tempo, muitos desses jovens também lidam com limitações econômicas, moram em bairros violentos ou negligenciados e se queixaram que só foram parar no noticiário quando ocuparam espaços centrais de Kansas City. Questões sociais O debate americano tem se estendido também para questões raciais e sociais. O New York Times destacou que a maioria dos jovens que participaram de um "flash mob" na Filadélfia em 2010 eram negros, de bairros pobres, e agiram em bairros predominantemente brancos. Em contrapartida, críticos dizem que a polícia alvejou sobretudo jovens negros quando agiu para conter distúrbios. A ONG Public Citizens for Children and Youth, de apoio à juventude da Filadélfia, levantou na época a possibilidade de episódios do tipo serem uma consequência no corte de verbas a programas sociais que mantinham os jovens ocupados após as aulas. "Precisamos de mais empregos para os jovens, mas programas pós-aulas, mais apoio dos pais", disse a ONG ao New York Times. Articulistas também debatem - assim como no Brasil - o papel dos shopping centers em subúrbios dos EUA, alegando que faltam espaços públicos comunitários, e citam a desilusão geral dos jovens com outros tipos de engajamento político ou social. "É um grupo de jovens que sente raiva e impotência, e tenta obter um senso de poder", disse à CNN o psicólogo Jeff Gardere. TEMA 03: ENTENDA O PIB Conheça como funcionam os métodos para medir a atividade econômica do Brasil. O QUE É? É uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num período, na agropecuária, indústria e serviços. Objetivo Medir a atividade econômica e o nível de riqueza de uma região. Quanto mais se produz, mais se está consumindo, investindo e vendendo
  • 5. Por pessoa/per capita O Produto Interno Bruto per capita (ou por pessoa) mede quanto, do total produzido, 'cabe' a cada brasileiro se todos tivessem partes iguais Restrições O PIB per capita não é um dado 'definitivo'. Porém, um país com maior PIB per capita tende a ter maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) O QUE ENTRA NA CONTA? Bens e produtos finais Aqueles vendidos ao consumidor final, do pão ao carro Serviços Prestados e remunerados, do banco à doméstica Investimentos Os gastos que as empresas fazem para aumentar a produção no futuro Gastos do governo Tudo que for gasto para atender a população, do salário dos professores à compra de armas para o Exército Não entram Bens intermediários Aqueles usados para produzir outros bens Serviços não remunerados O trabalho da dona de casa, por exemplo Bens já existentes A venda de uma casa já construída ou de um carro usado, por exemplo As atividades informais e ilegais Como o trabalhador sem carteira assinada e o tráfico de drogas COMO É CALCULADO?
  • 6. DE ONDE VÊM OS DADOS? 'PIB ALTO', O QUE SIGNIFICA?
  • 7. O QUE PREJUDICA O CRESCIMENTO?
  • 8. REPORTAGEM SOBRE O TEMA A economia brasileira cresceu 2,3% em 2013 em relação ao ano anterior, totalizando R$ 4,84 trilhões (total de riquezas produzidas pelo país), informa o IBGE. E, depois de uma retração no terceiro trimestre do ano passado, o crescimento de 0,7% no último trimestre surpreendeu positivamente e impediu que o Brasil entrasse em recessão técnica (que acontece quando o país Brasil E a indústria, apesar de ter crescido 1,3% ao longo do ano, teve um último trimestre ruim - retraiu 0,2%. O setor que mais cresceu no ano passado foi a agricultura, com expansão de 7%. O crescimento total do PIB (Produto Interno Bruto) foi maior do que no ano anterior - quando a economia avançou 1% -, mas a sequência de anos com crescimento mais modesto reflete, segundo analistas, um momento de esfriamento econômico e de maior instabilidade nos mercados emergentes. Na última semana, o governo já havia reduzido as perspectivas de crescimento do PIB brasileiro para este ano – de 3,8% para 2,5%.
  • 9. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou os resultados divulgados nesta quinta, defendendo que "o crescimento de 2013 foi de qualidade, puxado, entre outras coisas, pelos investimentos". A respeito do resultado pouco expressivo da indústria, o ministro afirmou que o setor "sofreu por falta de dinamismo do mercado mundial, não apenas do brasileiro. O setor poderá crescer mais, aumentando as exportações, em razão do câmbio mais favorável". CENÁRIOS EXTERNO E INTERNO O cenário externo desfavorável para emergentes inclui da desaceleração do ritmo de crescimento da China (que diminui sua compra de matérias-primas de países como o Brasil) e a recuperação econômica dos EUA, que atrai investidores em busca de aplicações mais seguros do que os mercados emergentes. Mas, para economistas, o Brasil é prejudicado também por questões internas. O país começou o ano com um déficit histórico nas transações correntes (que inclui saldo entre importações e exportações e outras operações de entrada e saída de capitais): US$ 11,6 bilhões, maior "rombo" desde 1947, o início da série. E alguns analistas criticam também interferências do governo em alguns setores – como o elétrico e o de combustíveis, para controlar preços – bem como a política fiscal, como manobras feitas para cumprir a meta de superavit primário (economia para pagamento dos juros da dívida) de 2012. E há, também, o temor de aumento da inflação, o que vem forçando o Banco Central a elevar a taxa básica de juros. O último aumento ocorreu na noite de quarta-feira, quando a Selic subiu para 10,75% ao ano. Para Marcelo Moura, professor de macroeconomia do Insper, esse cenário despertou uma incerteza nos investidores, que passaram a enxergar o Brasil como uma economia frágil – cenário que agora ameaça tirar do país o "grau de investimento" (chancela, dada por agências de risco, a países considerados seguros para investidores). "O que o Brasil mais precisa é credibilidade. Os fundamentos não mudaram: não perdemos o crescimento da classe média nem o grande mercado interno", diz à BBC Brasil. "Mas são necessárias reformas – tributária, previdenciária, e até mesmo que o Estado priorize melhor seus gastos, para não sufocar a economia com a carga de impostos tão alta." Orçamento Por isso, foi bem visto por analistas o anúncio, feito por Mantega, de cortes de R$ 44 bilhões do Orçamento deste ano do governo – dando indicativos de mais austeridade ao mercado, para controlar a inflação e evitar o aumento da dívida pública. O ministro fixou a meta do superavit em 1,9% do PIB, que considerou "realista". Para analistas ouvidos pela agência Reuters, é uma tentativa de assegurar que ela seja cumprida sem a necessidade de artifícios contábeis usados previamente. O gerente de assuntos internacionais do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Vinicius Lages, diz que os micro e pequenos empresários ainda estão otimistas para empreender no Brasil, aproveitando-se do amplo mercado consumidor interno, que continua aquecido e em expansão em várias partes do país. Mas também cita a necessidade de resolver "problemas estruturais" – baixo nível educacional, regulação instável, infraestrutura e burocracia - para melhorar o ambiente de negócios no país. "Isso criaria um ambiente mais favorável para o setor privado, que precisa investir tanto quanto o público." Para Mori, da FGV, o desafio é também diminuir o peso do setor público sobre a economia: "É preciso aumentar sua produtividade, fazendo mais sem gastar mais – ou seja, sem piorar serviços públicos como saúde e educação". TEMA 04: 50 ANOS DA DITADURA NO BRASIL ALEGRIA, ALEGRIA Autor: Caetano Veloso Álbum: The Best of Tropicália Caminhando contra o vento Sem lenço e sem documento Num sol de quase dezembro... eu vou... O sol se reparte em crimes espaçonaves Guerrilhas em Cardinales bonitas... eu vou... Em caras de Presidentes Em grandes beijos de amor Em dentes pernas bandeiras Bomba e Brigitte Bardot O sol nas bancas de revista Me enche de alegria e preguiça Quem lê tanta notícia.. eu vou.. Por entre fotos e nomes Os olhos cheios de cores O peito cheio de amores... vãos... Eu vou.. porque não.. porque não.. Ela pensa em casamento E eu nunca mais fui à escola Sem lenço e sem documento... eu vou...
  • 10. Eu tomo uma coca-cola Ela pensa em casamento E uma canção me consola... eu vou... Por entre fotos e nomes sem livros e sem fuzil Sem fome sem telefone no coração do Brasil Ela nem sabe até pensei Em cantar na televisão O sol é tão bonito.. eu vou Sem lenço e sem documento Nada no bolso ou nas mãos Eu quero seguir vivendo... amor... Eu vou.. porque não.. porque não.. Porque não.. porque não.. porque não.. Porque não.. PONTEIRO EDU LOBO Era um, era dois, era cem Era o mundo chegando E ninguém que soubesse que eu sou violeiro Que me desse amor ou dinheiro Era um, era dois, era cem Vieram pra me perguntar E você: - de onde vai, de onde vem? Diga logo o que tem pra contar Parado no meio do mundo Senti chegar meu momento Olhei pro mundo e nem via Nem sombra, nem sol, nem vento Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar Era um dia, era claro, quase meio Era um canto calado, sem ponteio Violência, viola, violeiro Era a morte ao redor, mundo inteiro Era um dia, era claro, quase meio Tinha um que jurou me quebrar Mas não lembro de dor nem receio Só sabia das ondas do mar Jogaram a viola no mundo Mas fui lá no fundo buscar Se tomo a viola, ponteio Meu canto não posso parar, não Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar Era um, era dois, era cem Era um dia, era claro, quase meio Encerrar meu cantar, já convém Prometendo um novo ponteio Certo dia que sei por inteiro Eu espero não vá demorar Esse dia estou certo que vem Digo logo que vem pra buscar Correndo no meio do mundo Não deixo a viola de lado Vou ver o tempo mudado E um novo lugar pra cantar Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES GERALDO VANDRÉ Caminhando e cantando E seguindo a canção Somos todos iguais Braços dados ou não Nas escolas, nas ruas Campos, construções Caminhando e cantando E seguindo a canção
  • 11. Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Pelos campos há fome Em grandes plantações Pelas ruas marchando Indecisos cordões Ainda fazem da flor Seu mais forte refrão E acreditam nas flores Vencendo o canhão Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Há soldados armados Amados ou não Quase todos perdidos De armas na mão Nos quartéis lhes ensinam Uma antiga lição De morrer pela pátria E viver sem razão Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Nas escolas, nas ruas Campos, construções Somos todos soldados Armados ou não Caminhando e cantando E seguindo a canção Somos todos iguais Braços dados ou não Os amores na mente As flores no chão A certeza na frente A história na mão Caminhando e cantando E seguindo a canção Aprendendo e ensinando Uma nova lição Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer Vem, vamos embora Que esperar não é saber Quem sabe faz a hora Não espera acontecer OPINIÃO LARA LEÃO Podem me prender, podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião. Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não.
  • 12. Se não tem àgua, eu furo um poço Se não tem carne, eu compro um osso e ponho na sopa E deixo andar, deixo andar Fale de mim quem quiser falar Aqui eu não pago aluguel Se eu morrer amanhã, seu doutor Estou pertinho do céu Podem me prender, podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião Daqui do morro eu não saio não, daqui do morro eu não saio não... Podem me prender , podem me bater, que eu não mudo de opinião, que eu não mudo de opinião... CÁLICE CHICO BUARQUE DE HOLANDA Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue Como beber dessa bebida amarga Tragar a dor, engolir a labuta Mesmo calada a boca, resta o peito Silêncio na cidade não se escuta De que me vale ser filho da santa Melhor seria ser filho da outra Outra realidade menos morta Tanta mentira, tanta força bruta Como é difícil acordar calado Se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano Que é uma maneira de ser escutado Esse silêncio todo me atordoa Atordoado eu permaneço atento Na arquibancada pra a qualquer momento Ver emergir o monstro da lagoa De muito gorda a porca já não anda De muito usada a faca já não corta Como é difícil, pai, abrir a porta Essa palavra presa na garganta Esse pileque homérico no mundo De que adianta ter boa vontade Mesmo calado o peito, resta a cuca Dos bêbados do centro da cidade Talvez o mundo não seja pequeno Nem seja a vida um fato consumado Quero inventar o meu próprio pecado Quero morrer do meu próprio veneno Quero perder de vez tua cabeça Minha cabeça perder teu juízo Quero cheirar fumaça de óleo diesel Me embriagar até que alguém me esqueça Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue Como beber dessa bebida amarga Tragar a dor, engolir a labuta Mesmo calada a boca, resta o peito Silêncio na cidade não se escuta De que me vale ser filho da santa Melhor seria ser filho da outra Outra realidade menos morta Tanta mentira, tanta força bruta Como é difícil acordar calado Se na calada da noite eu me dano Quero lançar um grito desumano Que é uma maneira de ser escutado
  • 13. Esse silêncio todo me atordoa Atordoado eu permaneço atento Na arquibancada pra a qualquer momento Ver emergir o monstro da lagoa De muito gorda a porca já não anda De muito usada a faca já não corta Como é difícil, pai, abrir a porta Essa palavra presa na garganta Esse pileque homérico no mundo De que adianta ter boa vontade Mesmo calado o peito, resta a cuca Dos bêbados do centro da cidade Talvez o mundo não seja pequeno Nem seja a vida um fato consumado Quero inventar o meu próprio pecado Quero morrer do meu próprio veneno Quero perder de vez tua cabeça Minha cabeça perder teu juízo Quero cheirar fumaça de óleo diesel Me embriagar até que alguém me esqueça CARCARÁ JOÃO DO VALE Carcará Lá no Sertão É um bicho que “avoa” que nem avião É um pássaro malvado Tem o bico “volteado” que nem gavião Carcará Quando vê roça queimada Sai voando e cantando Carcará Vai fazer sua caçada Carcará Come “inté” cobra queimada Mas quando chega o tempo da invernada No Sertão não tem mais roça queimada Carcará mesmo assim num passa fome Os “burrego que nasce” na baixada Carcará Pega, mata e come Carcará Num vai morrer de fome Carcará Mais coragem do que homem Carcará Pega, mata e come Carcará é malvado, é valentão É a águia de lá do meu Sertão Os “burrego novinho” num pode andar Ele puxa o “imbigo” “inté” matar Carcará Pega, mata e come Carcará Num vai morrer de fome Carcará Mais coragem do que homem Carcará Pega, mata e come ACORDA AMOR CHICO BUARQUE Acorda amor Eu tive um pesadelo agora Sonhei que tinha gente lá fora Batendo no portão, que aflição Era a dura, numa muito escura viatura minha nossa santa criatura chame, chame, chame, chame o ladrão Acorda amor Não é mais pesadelo nada Tem gente já no vão da escada fazendo confusão, que aflição São os homens, e eu aqui parado de pijama eu não gosto de passar vexame chame, chame, chame, chame o ladrão Se eu demorar uns meses convém às vezes você sofrer
  • 14. Mas depois de um ano eu não vindo ponha roupa de domingo e pode me esquecer Acorda amor que o bicho é bravo e não sossega se você corre o bicho pega se fica não sei não Atenção, não demora dia desses chega sua hora não discuta à toa, não reclame chame, clame, clame, chame o ladrão (Não esqueça a escova, o sabonete e o violão...) Acorda amor Eu tive um pesadelo agora Sonhei que tinha gente lá fora Batendo no portão, que aflição Era a dura, numa muito escura viatura minha nossa santa criatura chame, chame, chame, chame o ladrão Acorda amor Não é mais pesadelo nada Tem gente já no vão da escada fazendo confusão, que aflição São os homens, e eu aqui parado de pijama eu não gosto de passar vexame chame, chame, chame, chame o ladrão Se eu demorar uns meses convém às vezes você sofrer Mas depois de um ano eu não vindo ponha roupa de domingo e pode me esquecer Acorda amor que o bicho é bravo e não sossega se você corre o bicho pega se fica não sei não Atenção, não demora dia desses chega sua hora não discuta à toa, não reclame chame, clame, clame, chame o ladrão (Não esqueça a escova, o sabonete e o violão...) É PROIBIDO PROIBIR OS MUTANTES, CHICO BUARQUE A mãe da virgem diz que não E o anúncio da televisão E estava escrito no portão E o maestro ergueu o dedo E além da porta há o porteiro, sim E eu digo não E eu digo não ao não Eu digo É proibido proibir É proibido proibir É proibido proibir É proibido proibir Me dê um beijo, meu amor Eles estão nos esperando Os automóveis ardem em chamas Derrubar as prateleiras As estantes, as estátuas As vidraças, louças, livros, sim E eu digo sim E eu digo não ao não E eu digo É proibido proibir É proibido proibir É proibido proibir É proibido proibir APESAR DE VOCE CHICO BUARQUE Amanhã vai ser outro día x 3 Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão, não. A minha gente hoje anda
  • 15. Falando de lado e olhando pro chão. Viu? Você que inventou esse Estado Inventou de inventar Toda escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar o perdão. (Coro) Apesar de você amanhã há de ser outro dia. Eu pergunto a você onde vai se esconder Da enorme euforía? Como vai proibir Quando o galo insistir em cantar? Água nova brotando E a gente se amando sem parar. Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou cobrar com juros, juro! Todo esse amor reprimido, Esse grito contido, Esse samba no escuro. Você que inventou a tristeza Agora tenha a fineza de “desinventar”. Você vai pagar, e é dobrado, Cada lágrima rolada Nesse meu penar. (Coro2) Apesar de você Amanhã há de ser outro dia. Ainda pago pra ver O jardim florescer Qual você não quería. Você vai se amargar Vendo o dia raiar Sem lhe pedir licença. E eu vou morrer de rir E esse dia há de vir antes do que você pensa. Apesar de você (Coro3)Apesar de você Amanhã há de ser outro dia. Você vai ter que ver A manhã renascer E esbanjar poesia. Cimo vai se explicar Vendo o céu clarear, de repente, Impunemente? Cimo vai abafar Nosso coro a cantar Na sua frente. Apesar de você (Coro4)Apesar de você Amanhã há de ser outro dia. Você vai se dar mal, et coetera a e tal, La, laiá, la laiá, la laiá…… EU QUERO É BOTAR MEU BARCO NA RUA SÉRGIO SAMPAIO Há quem diga que eu dormi de touca Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga Que eu caí do galho e que não vi saída Que eu morri de medo quando o pau quebrou Há quem diga que eu não sei de nada Que eu não sou de nada e não peço desculpas Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira E que Durango Kid quase me pegou Eu quero é botar meu bloco na rua Brincar, botar pra gemer Eu quero é botar meu bloco na rua Gingar, pra dar e vender
  • 16. Eu, por mim, queria isso e aquilo Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso É disso que eu preciso ou não é nada disso Eu quero é todo mundo nesse carnaval... Eu quero é botar meu bloco na rua Brincar, botar pra gemer Eu quero é botar meu bloco na rua Gingar, pra dar e vender QUE AS CRIANÇAS CANTEM LIVRES TAIGUARA O tempo passa e atravessa as avenidas E o fruto cresce, pesa e enverga o velho pé E o vento forte quebra as telhas e vidraças E o livro sábio deixa em branco o que não é Pode não ser essa mulher o que faltava Pode não ser esse calor o que faz mal Pode não ser essa gravata o que sufoca Ou essa falta de dinheiro que é fatal Vê como um fogo brando funde um ferro duro Vê como o asfalto é teu jardim se você crê Que há sol nascente avermelhando o céu escuro Chamando os homens pro seu tempo de viver E que as crianças cantem livres sobre os muros E ensinem sonho ao que não pode amar sem dor E que o passado abra os presentes pro futuro Que não dormiu e preparou o amanhecer... MOSCA NA SOPA RAUL SEICHAS Eu sou a mosca Que pousou em sua sopa Eu sou a mosca Que pintou prá lhe abusar...(3x) Eu sou a mosca Que perturba o seu sono Eu sou a mosca No seu quarto a zumbizar...(2x) E não adianta Vir me detetizar Pois nem o DDT Pode assim me exterminar Porque você mata uma E vem outra em meu lugar... Eu sou a mosca Que pousou em sua sopa Eu sou a mosca Que pintou prá lhe abusar...(2x) -"Atenção, eu sou a mosca A grande mosca A mosca que perturba o seu sono Eu sou a mosca no seu quarto A zum-zum-zumbizar Observando e abusando Olha do outro lado agora Eu tô sempre junto de você Água mole em pedra dura Tanto bate até que fura Quem, quem é? A mosca, meu irmão!" Eu sou a mosca Que posou em sua sopa Eu sou a mosca Que pintou prá lhe abusar...(2x) E não adianta Vir me detetizar Pois nem o DDT Pode assim me exterminar
  • 17. Porque você mata uma E vem outra em meu lugar... Eu sou a mosca Que pousou em sua sopa Eu sou a mosca Que pintou prá lhe abusar...(2x) Eu sou a mosca Que perturba o seu sono Eu sou a mosca No seu quarto a zumbizar...(2x) Mas eu sou a mosca Que pousou em sua sopa Eu sou a mosca Que pintou prá lhe abusar... CANÇÕES DE PROTESTO ZIZI POSSE Porque será Que fazem sempre tantas Canções de amor E ninguém cansa E todo o mundo canta Canções de amor De minha parte Às vezes não agüento Noventa e nove e um pouco mais por cento Das músicas que existem são de amor E quanto ao resto Quero cantar só Canções de protesto Contra as canções de amor Odeio "As Time Goes By" O manifesto Canções de amor Muito ciúme, muita queixa, muito "ai" Muita saudade, muito coração É o abusar de um Santo nome em vão Ou a santificação de uma banalidade Eu queria o canto justo na verdade Da liberdade só do canto Tenra, limpa, lúcida, e no entanto Sei que só sei querer viver De amor e música BÊBADO E O EQUILIBRISTA ELIS REGINA Caía a tarde feito um viaduto E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos A lua tal qual a dona do bordel Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel E nuvens lá no mata-borrão do céu Chupavam manchas torturadas, que sufoco louco O bêbado com chapéu coco fazia irreverências mil Prá noite do Brasil, meu Brasil Que sonha com a volta do irmão do Henfil Com tanta gente que partiu num rabo de foguete Chora a nossa pátria mãe gentil Choram marias e clarisses no solo do Brasil Não sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente A esperança dança na corda bamba de sombrinha E em cada passo dessa linha pode se machucar Ah, a esperança equilibrista Sabe que o show de todo artista tem que continuar 10 RAZÕES PARA NÃO TER SAUDADES DA DITADURA Carlos Madeiro, Do UOL, em Maceió, 22/03/201406h00 1. TORTURA E AUSÊNCIA DE DIREITOS HUMANOS
  • 18. As torturas e assassinatos foram a marca mais violenta do período da ditadura. Pensar em direitos humanos era apenas um sonho. Havia até um manual de como os militares deveriam torturar para extrair confissões, com práticas como choques, afogamentos e sufocamentos. Os direitos humanos não prosperavam, já que tudo ocorria nos porões das unidades do Exército. "As restrições às liberdades e à participação política reduziram a capacidade cidadã de atuar na esfera pública e empobreceram a circulação de ideias no país", diz o diretor-executivo da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque. Sem os direitos humanos, as torturas contra os opositores ao regime prosperaram. Até hoje a Comissão Nacional de Verdade busca dados e números exatos de vítimas do regime. "Os agentes da ditadura perpetraram crimes contra a humanidade --tortura, estupro, assassinato, desaparecimento-- que vitimaram opositores do regime e implantaram um clima de terror que marcou profundamente a geração que viveu o período mais duro do regime militar", afirma. Para Roque, o Brasil ainda convive com um legado de "violência e impunidade" deixado pela militarização. "Isso persiste em algumas esferas do Estado, muito especialmente nos campos da justiça e da segurança pública, onde tortura e execuções ainda fazem parte dos problemas graves que enfrentamos", complementa. 2. CENSURA E ATAQUE À IMPRENSA Uma das marcas mais conhecidas da ditadura foi a censura. Ela atingiu a produção artística e controlou com pulso firme a imprensa. Os militares criaram o "Conselho Superior de Censura", que fiscalizava e enviava ao Tribunal da Censura os jornalistas e meios de comunicação que burlassem as regras. Os que não seguissem as regras e ousassem fazer críticas ao país, sofriam retaliação --cunhou-se até o slogan "Brasil, ame-o ou deixe-o." Não são raras histórias de jornalistas que viveram problemas no período. "Numa visita do presidente (Ernesto) Geisel a Alagoas, achamos de colocar as manchetes no jornalismo da TV: 'Geisel chega a Maceió; Ratos invadem a Pajuçara'. Telefonaram da polícia para o Pedro Collor [então diretor do grupo] e ele nos chamou na sala dele e tivemos que engolir o afastamento do jornalista Joaquim Alves, que havia feito a matéria dos ratos", conta o jornalista Iremar Marinho, citando que as redações eram visitadas quase que diariamente por policiais federais. Para cercear o direito dos jornalistas, foi criada, em 1967, a Lei de Imprensa. Ela previa multas pesadas e até fechamento de veículos e prisão para os profissionais. A lei só foi revogada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2009. Muitos jornalistas sofreram processos com base na lei mesmo após a redemocratização. "Fui processado em 1999 porque publiquei declaração de Fulano contra Beltrano. A Lei de Imprensa da Ditadura permitia isso: punir o mensageiro, que é o jornalista", conta o jornalista e blogueiro do UOL, Mário Magalhães. 3. Amazônia e índios sob risco No governo militar, teve início um processo amplo de devastação da Amazônia. O general Castelo Branco disse, certa vez, que era preciso "integrar para não entregar" a Amazônia. A partir dali, começou o desmatamento e muitos dos que se opuseram morreram. "Ribeirinhos, índios e quilombolas foram duramente reprimidos tanto ou mais que os moradores das grandes cidades", diz a jornalista paraense e pesquisadora do tema, Helena Palmquist. A ideia dos militares era que Amazônia era "terra sem homens", e deveria ser ocupada por "homens sem terra do Nordeste." Obras como as usinas hidrelétricas de Tucuruí e Balbina também não tiveram impactos ambientais ou sociais previamente analisados, nem houve compensação aos moradores que deixaram as áreas alagadas. Até hoje, milhares que saíram para dar lugar às usinas não foram indenizados. A luta pela terra foi sangrenta. "Os Panarás, conhecidos como índios gigantes, perderam dois terços de sua população com a construção da BR-163 --que liga Cuiabá a Santarém (PA). Dois mil Waimiri-Atroaris, do Amazonas, foram assassinados e desaparecidos pelo regime militar para as obras da BR-174. Nove aldeias desse povo desapareceram e há relatos de que pelo menos uma foi bombardeada com gás letal por homens do Exército", afirma. 4. BAIXA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA E SINDICAL Um dos primeiros direitos outorgados aos militares na ditadura foi a possibilidade do governo suspender os direitos políticos do cidadão. Em outubro de 1965, o Ato Institucional número 2 acabou com o multipartidarismo e autorizou a existência de apenas dois: a Arena, dos governistas, e o MDB, da oposição. O problema é que existiam diversas siglas, que tiveram de ser aglutinadas em um único bloco, o que fragilizou a oposição. "Foi uma camisa-de-força que inibiu, proibiu e dificultou a expressão político-partidária. A oposição ficou muito mal acomodada, e as forças tiveram que conviver com grandes contradições", diz o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco, Michael Zaidan. As representações sindicais também foram duramente atingidas por serem controladas com pulso forte pelo Ministério do Trabalho. Isso gerou um enfraquecimento dos sindicatos, especialmente na primeira metade do período de repressão. "Existiam as leis trabalhistas, mas para que elas sejam cumpridas, com os reajustes, é absolutamente necessário que os sindicatos judicializem, intervenham para que os patrões respeitem. Essas liberdades foram reprimidas à época. Os sindicatos eram compostos mais por agentes do governo que trabalhadores", lembra Zaidan. 5. Saúde pública fragilizada Se a saúde pública hoje está longe do ideal, ela ainda era mais restrita no regime militar. O Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) era responsável pelo atendimento, com seus hospitais, mas era exclusivo aos trabalhadores formais. "A imensa maioria da população não tinha acesso", conta o cardiologista e sindicalista Mário Fernando Lins, que atuou na época da ditadura. Surgiu então a prestação de serviço pago, com hospitais e clínicas privadas. "Somente após 1988 é que foi adotado o SUS (Sistema Único de Saúde), que hoje atende a uma parcela de 80% da população", diz Lins. Em 1976, quase 98% das internações eram feitas em hospitais privados. Além disso, o modelo hospitalar adotado fez com a que a assistência primária fosse relegada a um segundo plano. Não existiam planos de saúde, e o saneamento básico chegava a poucas localidades. "As doenças infectocontagiosas, como tuberculose, eram fonte de constante preocupação dos médicos", afirma Lins. Segundo estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), "entre 1965/1970 reduz-se significativamente a velocidade da queda [da mortalidade infantil], refletindo, por certo, a crise social econômica vivenciada pelo país".
  • 19. 6. Linha dura na educação A educação brasileira passou por mudanças intensas na ditadura. "O grande problema foi o controle sobre informações e ideologia, com o engessamento do currículo e da pressão sobre o cotidiano da sala de aula", sintetiza o historiador e professor da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Sávio Almeida. As disciplinas de filosofia e sociologia foram substituídas pela de OSPB (Organização Social e Política Brasileira, carascterizada pela transmissão da ideologia do regime autoritário, exaltando o nacionalismo e o civismo dos alunos e, segundo especialistas, privilegiando o ensino de informações factuais em detrimento da reflexão e da análise) e Educação, Moral e Cívica. Ao mesmo tempo, com o baixo índice de investimento na escola pública, as unidades privadas prosperaram. Na área de alfabetização, a grande aposta era o Mobral (Movimento Brasileiro para Alfabetização), uma resposta do regime militar ao método elaborado pelo educador Paulo Freire, que ajudou a erradicar o analfabetismo no mundo na mesma época em que foi considerado "subversivo" pelo governo e exilado. Segundo o estudo "Mapa do Analfabetismo no Brasil", do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do Ministério da Educação, o Mobral foi um "retumbante fracasso." Os problemas também chegaram às universidades, com o afastamento delas dos centros urbanos e a introdução do sistema de crédito. "A intenção do regime era evitar aglomeração perto do centro, enquanto o sistema de crédito foi criado para dispersar os alunos e não criar grupos", diz o historiador e vice-reitor do Fejal (Fundação Educacional Jayme de Altavila), Douglas Apratto. Roberto Stuckert/Folha Imagem 7. Corrupção e falta de transparência No período da ditadura, era praticamente impossível imaginar a sociedade civil organizada atuando para controlar gastos ou denunciando corrupção. Não havia conselhos fiscalizatórios e, com a dissolução do Congresso Nacional, as contas públicas não eram analisadas, nem havia publicidade dos gastos públicos, como é hoje obrigatório. "O maior antídoto da corrupção é a transparência. Durante a ditadura, tivemos o oposto disso. Os desvios foram muitos, mas acobertados pela força das baionetas", afirma o juiz e um dos autores da Lei da Ficha Limpa, Márlon Reis. Reis afirma que, ao contrário dos anos de chumbo, hoje existem órgãos fiscalizatórios, imprensa e oposição livres e maior publicidade dos casos. "Estamos muito melhor agora, pois podemos reagir", diz. Outro ponto sempre questionado no período de ditadura foram os recursos investidos em obras de grande porte, cujos gastos eram mantidos em sigilo. "Obras faraônicas como Itaipu, Transamazônica e Ferrovia do Aço, por exemplo, foram realizadas sem qualquer possibilidade de controle. Nunca saberemos o montante desviado", disse Reis. "Durante a ditadura, a corrupção não foi uma política de governo, mas de Estado, uma vez que seu principal escopo foi a defesa de interesses econômicos de grupos particulares." 8. Nordeste mais pobre e migração A consolidação do Nordeste como região mais pobre do país teve grande participação do governo do militares. "Nenhuma região mudou tanto a economia como o Nordeste", diz o doutor em economia regional Cícero Péricles Carvalho, professor da Universidade Federal de Alagoas. Com as políticas adotadas, a região teve um crescimento da pobreza. "Terminada a ditadura, o Nordeste mantinha os piores indicadores nacionais de índices de esperança de vida ao nascer, mortalidade infantil e alfabetização. Entre 1970 e 1990, o número de pobres no Nordeste aumentou de 19,4 milhões para 23,7 milhões, e sua participação no total de pobres do país subiu de 43% para 53%", afirma Péricles O crescimento urbano registrado teve como efeito colateral a migração desregulada. "O modelo urbano-industrial reduziu as atividades agropecuárias, que eram determinantes na riqueza regional, com 41% do PIB, para apenas 14% do total em 1990", diz Péricles. Enquanto o campo era relegado, as atividades urbanas saltaram, na área industrial, de 12% para 28% e, na área do comércio e serviços, de 47% para 58%. "A migração gerou mais pobreza nas cidades, sem diminuir a miséria no campo. A população do campo reduziu-se a um terço entre 1960 e 1990", acrescenta Péricles. 9. Desigualdade: bolo cresceu, mas não foi dividido "É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo". A frase do então ministro da Fazenda Delfim Netto é, até hoje, uma das mais lembradas do regime militar. Mas o tempo mostrou que o bolo cresceu, sim, ficou conhecido como "milagre brasileiro", mas poucos comeram fatias dele. A distribuição de renda entre os estratos sociais ficou mais polarizada durante o regime: os 10% dos mais ricos que tinham 38% da renda em 1960 e chegaram a 51% da renda em 1980. Já os mais pobres, que tinham 17% da renda nacional em 1960, decaíram para 12% duas décadas depois. Assim, na ditadura houve um aumento das desigualdades sociais. "Isso levou o país ao topo desse ranking mundial", diz o professor de Economia da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles. Entre 1968 e 1973, o Brasil cresceu acima de 10% ao ano. Mas, em contrapartida, o salário mínimo --que vinha recuperando o poder de compra nos anos 1960-- perdeu com o golpe. "Em 1974, em pleno 'milagre', o poder de compra dele representava a metade do que era em 1960", acrescenta Péricles. "As altas taxas de crescimento significavam mais oportunidades de lucros altos, renda e crédito para consumo de bens duráveis; para os mais pobres, assalariados ou informais, restava a manutenção de sua pobreza anterior", explica o economista. 10. Precarização do trabalho Apesar de viver o "milagre brasileiro", a ditadura trouxe defasagem aos salários dos trabalhadores. "Nossa última ditadura cívico-militar foi, em certo ponto, economicamente exitosa porque permitiu a asfixia ao trabalho e, por consequência, a taxa salarial média", diz o doutor em ciências sociais e blogueiro do UOL, Leonardo Sakamoto. Na época da ditadura, a lei de greve, criada em 1964, sujeitava as paralisações de trabalhadores à intervenção do Poder Executivo e do Ministério Público. "Ir à Justiça do Trabalho para reclamar direitos era possível, mas pouco usual e os pedidos eram minguados", explica Sakamoto.
  • 20. "Nada é tão atrativo ao capital do que a possibilidade de exercício de um poder monolítico, sem questionamentos", diz Sakamoto, que cita a asfixia dos sindicatos, a falta de liberdade de imprensa e política foram "tão atraentes a investidores que isso transformou a ditadura brasileira e o atual regime político e econômico chinês em registros históricos de como crescimento econômico acelerado e a violência institucional podem caminhar lado a lado". A COMISSÃO DA VERDADE A Comissão Nacional da Verdade foi criada pela Lei nº 12528, de 18 de novembro de 2011, com o objetivo de "examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos" praticadas durante a ditadura militar no Brasil e os períodos de exceção. O Brasil foi o último país da América Latina a criar esse mecanismo de resgate da memória histórica e de Justiça. Direto ao ponto: Ficha-resumo O grupo é formado por sete membros, que, segundo a Lei, devem ser identificados "com a defesa da democracia e da institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos direitos humanos". E terá prazo até 16 de dezembro de 2014 para concluir os trabalhos e apresentar um relatório com as circunstâncias e os responsáveis por torturas, mortes e desaparecimentos de presos políticos no país, além das conclusões e recomendações. A Comissão da Verdade não tem caráter punitivo, uma vez que a Lei da Anistia, de 1979, impede que julgamentos por crimes cometidos na época. Em abril de 2010, oSupremo Tribunal Federal decidiu que militares suspeitos de tortura ou integrantes da luta armada (acusados de atos terroristas) sejam processados. Período analisado Os trabalhos abrangem o período de 1946 a 1988. Esse intervalo inclui o fim doEstado Novo e a eleição de Eurico Gaspar Dutra (PSD), em 1946, que deu início a uma repressão contra movimentos sociais; e a ditadura militar, iniciada com o Golpe de 1964 e encerrada com a eleição de Tancredo Neves (PMDB) (1985) e a publicação da Constituição de 1988. Na cerimônia de posse, a presidente se emocionou e negou o “revanchismo”. Ela mesma foi perseguida durante o regime militar, é ex-presa política e ex-militante do grupo radical de esquerda Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), cujos integrantes participaram da luta armada contra os governos militares. Desaparecidos políticos Um dos focos dos trabalhos serão os desaparecidos políticos. De acordo com o dossiê "Direito à Memória e à Verdade", publicado em 2007, há 150 casos de registrados no país. Tratam-se de opositores da ditadura que foram presos ou sequestrados por agentes do Estado, nos anos 1970 e 1980, e que desapareceram ou "foram desaparecidos". Há casos famosos como o do deputado Rubens Paiva, pai do escritor Marcelo Rubens Paiva. Ele foi preso em sua casa, no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1971. O corpo do político nunca foi encontrado pela família. O relatório final da Comissão será encaminhado a autoridades para que, com base nas informações obtidas, seja possível localizar e identificar os corpos, entre outras medidas. Para isso, integrantes do órgão têm acesso a arquivos oficiais e podem convocar para depor – ainda que não em caráter obrigatório – pessoas envolvidas nos episódios examinados. Pressão internacional A Comissão da Verdade foi aprovada no Congresso e instalada pelo governo, em parte, por causa da pressão internacional. Em 2010 o país foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) pelo desaparecimento de 62 presos políticos na Guerra do Araguaia (1972-1974). A ação foi movida por parentes das vítimas. Houve também pressão dentro do país: nos últimos anos, familiares de mortos e desaparecidos políticos conseguiram que o Estado reconhecesse que foi responsável pelas mortes, assim como indenizações. Mas os parentes querem saber as situações das mortes e onde se encontram os restos mortais. Militares que participaram das operações nunca divulgaram o local em que os corpos foram enterrados. O debate a respeito da comissão foi marcado pela polêmica. Parte dos familiares e ativistas acreditam que a medida será inócua, pelo fato de não poder punir os responsáveis por crimes. Já militares temiam a reabertura de casos e acreditam que os trabalhos serão tendenciosos, em razão da simpatia ideológica dos integrantes da Comissão, em sua maioria, de esquerda. Julgamentos Na América Latina, oficiais das Forças Armadas e até ex-presidentes foram julgados, condenados e presos pelo desaparecimento de opositores do governo após os trabalhos das Comissões de Verdade, estabelecidas nos anos 1990. Diferentemente do Brasil, em países como Argentina, Chile, Peru e Uruguai as leis de anistia não impediram a realização de julgamentos. Isso aconteceu porque as leis foram revogadas ou porque os crimes de desaparecimento foram interpretados como crimes “em continuidade”, não contemplados pelas anistias. Na Argentina duas leis de anistia foram anuladas em 2003. No Chile, a nova interpretação da Suprema Corte, em 2004, fez com que mais de 500 pessoas fossem levadas ao tribunal. A primeira Comissão da Verdade foi instaurada em Uganda, em 1974, durante a ditadura de Idi Amin. Até 2010, de acordo com a cartilha “A Comissão da Verdade no Brasil”, havia 39 comissões em atividade no mundo. José Renato Salatiel é jornalista e professor TEMA 05 : OS RELATÓRIO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS ELABORADOS PELO IPCC – PAINELINTERGOVERNAMENTAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS A Terra sempre passou por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento, da mesma forma que períodos de intensa atividade geológica lançaram à superfície quantidades colossais de gases que formaram de tempos em tempos uma espécie de bolha gasosa sobre o planeta, criando um efeito estufa natural. Ocorre que, atualmente, a atividade industrial está afetando o clima terrestre na sua variação natural, o que sugere que a atividade humana é um fator determinante no aquecimento. Desde 1750, nos primórdios da Revolução Industrial, a concentração atmosférica de carbono – o gás que impede que o calor do Sol se dissipe nas camadas mais altas da atmosfera e se perca no espaço – aumentou 31%, e mais da metade
  • 21. desse crescimento ocorreu de cinqüenta anos para cá. Durante os primeiros séculos da Revolução Industrial de 1760 até 1960, os níveis de concentração de CO2 atmosférico aumentou de uma estimativa de 277 partes por milhão (ppm) para 317 ppm, um aumento de 40 ppm. Durante as recentes quatro décadas, de 1960 até 2001, as concentrações de CO2 aumentaram de 317 ppm para 371 ppm, um acréscimo de 54 ppm. As reconstruções de temperatura durante os últimos 1000 anos indicam que as mudanças da temperatura global não sejam exclusivamente devido a causas naturais, considerando as grandes incertezas dos registros paleo-climáticos. GRÁFICO 01 Quando entramos em contato com os relatórios de avaliação periodicamente lançados pelo IPCC, parece- nos, à primeira vista, que ele reúne as mais recentes teorias e descobertas sobre as mudanças climáticas globais, ainda que a partir de uma posição tendenciosa. No entanto, uma observação um pouco mais cautelosa revelará que os avanços das ciências do clima não são exatamente o foco dessas publicações. John Christy, cientista cético do aquecimento global, conhecido por suas pesquisas sobre as temperaturas da baixa troposfera a partir de dados de satélites, afirma que, durante seu trabalho como autor principal na redação do terceiro relatório do IPCC, vários dos autores principais declararam-lhe que o relatório deveria fornecer as evidências necessárias à persuasão de governantes para adotar o Protocolo de Kyoto (CHRISTY, in MICHAELS, 2005, p. 74). Fica bastante clara, então, a função primordialmente política deste relatório, enquanto que o real estado das pesquisas sobre mudanças climáticas globais é de interesse mais reduzido. Uma dessas “evidências” para persuasão pela assinatura do acordo de Kyoto envolve o conhecido gráfico “taco de hóquei”, que “provava” que o clima do século XX pode ser considerado incomum e, assim, muito provavelmente determinado por influências antropogênicas. Vejamos sob quais circunstâncias ele foi confeccionado, publicado, divulgado e desmascarado. O que é o IPCC? O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima é um órgão da ONU criado, em 1988, pela Organização Metorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O IPCC reúne cientistas de todo o mundo com o objetivo de produzir periodicamente relatórios com base no melhor conhecimento cientifico disponível sobre a situação das mudanças climáticas e das alterações no sistema climático. O IPCC está organizado em três grupos de trabalho: o Grupo de Trabalho I se concentra no sistema do clima, o Grupo de Trabalho II em impactos e opções de resposta e o Grupo de Trabalho III nas dimensões econômica e social. O Quarto Relatório de Avaliação (AR4) do IPCC foi divulgado ao longo de 2007. Mais recentemente, entre 2012,2013 e agora em 2014, temos os relatórios do (AR5) Quinto Relatório de Avaliação, divulgado epla mídia. 1º RELATÓRIO IPCC As conclusões do IPCC Segundo Relatório Cientifico SAR (IPCC 1996) sugerem que a análise das evidências observacionais possui uma influência humana importante na mudança global de clima. Em comparação, o IPCC TAR (2001 a) sugere que desde a publicação do SAR em 1996, dados adicionais de novos estudos dos climas do presente e paleoclimas, e melhores técnicas de análises de dados, detalhados e rigorosos, avaliações da qualidade dos dados, e comparações entre dados de diferentes fontes permitiram um maior entendimento de mudanças climáticas. Segundo o IPCC TAR, é pouco provável que o aquecimento observado durante os últimos 100 anos seja conseqüência de variabilidade
  • 22. natural de clima somente, segundo avaliações de modelos climáticos. As incertezas em outras forçantes ou processos que não têm sido incluídos nos modelos rodados para o TAR (efeito de aerossóis no clima, processos de física de nuvens, interação da vegetação com a baixa atmosfera) não atrapalham a identificação do efeito de gases de efeito estufa antropogênicos durante os últimos 50 anos, e ainda com algum grau de incerteza pode ser dito que a evidência de influência humana aparece substancialmente numa série de técnicas de análise e de detecção, e conclui-se que o aquecimento observado durante os últimos 50 anos deve-se ao aumento na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera devido a atividades humanas. 2º RELATÓRIO IPCC O II Relatório, divulgado em 1995, foi uma avaliação das informações científicas e sócio-econômicas disponíveis sobre a mudança climática, e apontou um cenário caótico e devastador sobre os impactos que o aquecimento global podem causar ao meio ambiente e aos sistemas econômicos mundiais. Mas, o Relatório não ficou restrito à críticas e previsões, algumas medidas foram sugeridas quanto a mobilização das diversas nações para resolução dos problemas para evitar a irreversibilidade dos danos. O Brasil, foi um dos países focados no Relatório, que descreveu os impactos significativos e suas possíveis conseqüências para as regiões do entorno da floresta amazônica, para a região nordestina, especificamente o semi-árido e para as regiões litorâneas. (IPCC, 1995; MCT, 2009; WWF, 2007) A conclusão do II Relatório do IPCC, fundamentada em estudos mais confiáveis e precisos, aponta para uma certeza maior sobre a influência do ser humano na alteração das dinâmicas do clima. Termos que não apareceram no I Relatório, surgem no II Relatório como, por exemplo, “parece provável” (“it appears likely”) quando foram tratadas as informações sobre o aumento da concentração de GEE e como certos efeitos vem acelerando essa concentração (a absorção de carbono pelas florestas não está acompanhando esse crescimento), e “melhor suposição” (“best-guess”) quando foi relatado o aumento da temperatura média da superfície do planeta. Foi previsto alcançar até 3ºC no final do século XXI. Porém, os políticos e diplomatas que fazem parte do IPCC, pressionaram para que os resultados não fossem tão contundentes e conclusivos, atendendo às reivindicações de governantes e empresários preocupados com suas economias. Resultante dessas pressões, o II Relatório também aponta para impactos positivos causados pelas mudanças no clima, mas os negativos acabam predominado. (LEGGET, 1999; ESPARTA, 2002) No II Relatório, uma das conclusões apresentadas foi a de que seria ”improvável” que o crescente aumento de temperatura da superfície da terra, que orbitaram sobre índices de 0,3 a 0,6 ºC, no final do século XIX, resultassem somente de condições e impactos naturais, ou seja, mesmo num período distante, o Relatório apontou para ações andrógenas. Na seqüência transcrevemos um trecho do referido Relatório para ilustrar tal entendimento: “... o balanço das evidências, de mudanças da temperatura média do ar na superfície e das mudanças geográficas, de estações do ano e de padrões verticais da temperatura da atmosfera, sugerem uma influência discernível do homem no clima global. Ainda há incertezas com relação a pontos chave, incluindo a magnitude e padrões de variabilidade de longo prazo. O nível do mar subiu entre 10 e 25 cm nos últimos 100 anos e muito dessa subida pode estar relacionada com o aumento da temperatura média global.” Finalmente, no último relatório apresentado em 2001 (IPCC-TAR) já se conclui que “há novas e mais fortes evidências que a maior parte do aquecimento observado nos últimos 50 anos é atribuível a atividades humanas.” (IPCC, 1995 apud ESPARTA, 2002) As ações humanas estão provocando sérias mudanças na concentração de GEE na atmosfera. Dentre as ações destacamos a queima de combustíveis fósseis na indústria e pelas pessoas individualmente, e o desmatamento desenfreado das florestas remanescentes; Existem forte evidências de que atividades andrógenas são as causas de grande parte do aquecimento global dos últimos 50 anos até os dias de hoje; Em todo mundo ocorre a associação das mudanças climáticas com alterações diversas observadas em sistemas físicos, ambientais, ecológicos, sócio-econômicos, políticos e administrativos. Apesar de afetarem uma determinada região, ou área, as mudanças podem afetar outras regiões que tenham dependências com a região onde aconteceu o fenômeno. Para ilustrar, citamos alguns exemplos: a redução em extensão e espessura do Mar Ártico durante o verão; introdução não planejada de espécies vegetais e animais em regiões diferentes da origem; o florescimento antecipado; menor produtividade agrícola na Europa; migração de pássaros fora de época ou por questões climáticas; clareamento de recifes de corais; elevação do nível de perdas econômicas causada por eventos climáticos extremos. O cenário de crescimento das emissões de GEE depende, no futuro, da evolução tecnológica, da educação da população, das alterações demográficas, dos sistemas econômicos, dos sistemas ambientais, entre outros; Vários cenários foram analisados, alguns deles já possuem soluções ecológicas (utilização de biocombustíveis, técnicas de reflorestamento, uso de fontes renováveis, etc.), mas todos apontam para um crescimento das concentrações de GEE, que deverão romper o século XXI. As projeções relacionadas aos diversos cenários seguem discriminadas: Ocorrerá um aumento da temperatura média no mundo entre 1,4 e 5,8ºC até 2100. As temperaturas serão maiores para a superfície terrestre e menor para os oceanos; Aumento nos índices pluviométricos mundiais, com precipitações mais volumosas e com ventos mais fortes; Entre 1990 e 2100, a previsão é a de que o nível dos oceanos suba entre 9 e 88 cm (um range muito grande); Os eventos climáticos serão mais extremos e resultarão no aumento das secas, das enchentes, dos ciclones tropicais. As temperaturas altas serão cada vez mais freqüentes e com ela uma maior incidência de problemas com a saúde populacional. (IPCC, 1995, ESPARTA, 2002)
  • 23. O Protocolo de Quioto, após sua aprovação e a entrada em vigor, definiu alguns princípios, dentre os quais: Princípios da Precaução - mesmo que não haja confiabilidade total na previsão ou que tenha ausência de precisão, as ações vislumbradas devem ser empregadas para que se evite o agravamento de um efeito adverso; Princípio da Responsabilidade Comum – Cada país possui a responsabilidade calculada na medida de sua participação no total de emissões de GEE, com isso, países mais industrializados respondem pelo passado histórico, não só pelas emissões do presente, contudo reservada as proporções, a responsabilidade de uma forma geral, pertence a todos; Princípio do Poluidor Pagador - O princípio do poluidor pagador obriga quem poluiu a pagar pela poluição causada ou que pode ser causada. (MEIRA FILHO, 1997; SOUZA, 2003) 3º RELATÓRIO IPCC O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (International Panel on Climate Change IPCC) conclui no seu Terceiro Relatório de Avaliação TAR (IPCC 2001 a) que a temperatura média do ar tem aumentado em 0.6ºC + 0.2ºC durante o Século XX. Os modelos globais do IPCC têm mostrado que entre 1900 e 2100 a temperatura global pode aquecer entre 1.4 e 5.8oC, o que representa um aquecimento mais rápido do que aquele detectado no Século XX e que aparentemente não tem precedentes durante ao menos os últimos 10.000 anos. O aquecimento global recente tem impactos ambientais intensos (como o derretimento das geleiras e calotas polares) assim como em processos biológicos como as datas de floração. Por exemplo, a Europa está esquentando mais rápido que a média do planeta e, só no ano de 2003, 10% das geleiras dos Alpes derreteram, afirma um relatório publicado ontem pela agência ambiental da União Européia. O clima úmido e quente provocado pelo aquecimento global poderia aumentar a incidência de casos de peste bubônica, a epidemia que matou milhões de pessoas ao longo da história e exterminou um terço da população da Europa no século XIV, assim como de doenças tropicais como malaria, dengue e doenças do estômago. Seja por causa da piora nas condições de saúde devido à disseminação de doenças como a malária ou por causa da diminuição do suprimento de água, os países da África sub-saariana, da Ásia e da América do Sul são os mais vulneráveis às conseqüências do aquecimento da Terra. Muitas das principais doenças que atingem os países pobres, da malária à diarréia, passando pela subnutrição, são extremamente sensíveis às condições climáticas. Também existem evidências (IPCC 2001b) de que eventos extremos como secas, enchentes, ondas de calor e de frio, furações e tempestades têm afetado diferentes partes do planeta e têm produzido enormes perdas econômicas e de vidas. Como exemplos podemos citar a onda de calor em Europa 2003, os furacões Katrina, Wilma e Rita no Atlântico Norte em 2005, o inverno extremo da Europa e Ásia em 2006, e no Brasil podemos mencionar o furacão Catarina em março 2004 e a recente seca da Amazônia em 2005 e as secas já observadas no Sul do Brasil em 2005 e 2006. Há ainda impactos relacionados como alterações na biodiversidade, aumento no nível do mar, e impactos na saúde, na agricultura e na geração de energia hidrelétrica que já podem estar afetando o Brasil assim como o restante do planeta. O verão de 2003 na Europa, por exemplo, foi o mais quente dos últimos 500 anos e matou entre 22 mil e 45 mil pessoas. Em todas as grandes cidades, o aquecimento também deve exacerbar o problema das ilhas de calor, no qual prédios e asfalto retêm muito mais radiação térmica que áreas não urbanas. § Efeitos adversos da mudança do clima o Diminuição da disponibilidade de água em regiões carentes do insumo, em especial em terras áridas e semi-áridas em regiões sub-tropicais. o Redução da produtividade agrícola: (a) nos trópicos e sub-trópicos para quase qualquer aquecimento, e (b) nas latitudes médias para aquecimento maior que alguns poucos graus.
  • 24. o Mudanças na produtividade e composição de sistemas ecológicos, com florestas e recifes de corais sendo os mais vulneráveis. o Aumento do risco de inundações, deslocamento/mudança de milhões de pessoas devido ao aumento do nível do mar e a eventos de chuvas fortes, especialmente em pequenos estados insulares e em deltas de rios de baixa altitude o Aumento, em especial nas regiões tropicais e sub-tropicais, da incidência da mortalidade por “stress gerado pelo calor” (“heat stress”) e do número de pessoas expostas a doenças transmissíveis por vetores, como malária e dengue, e pela água, como cólera. § Conseqüências benéficas da mudança do clima o Aumento da produtividade agrícola em algumas regiões de latitude média no caso do aumento de alguns graus na temperatura média o Aumento da disponibilidade de água em algumas regiões carentes do insumo, por exemplo, em partes do sudoeste da Ásia. o Diminuição da mortalidade no inverno em regiões de média e alta latitudes. o Potencial aumento do suprimento global de madeira advindo de florestas manejadas. 4º RELATÓRIO IPCC As milhões de pessoas afetadas pela mudança climática rapidamente se converterão em centenas de milhões, sem uma grande redução de emissões. Existe um alto risco de que ecossistemas únicos entrem em colapso. elevação dos GEE e de aerossol, as mudanças da radiação solar e das propriedades da superfície da terra causam um desequilíbrio energético do sistema climático. A concentração de dióxido de carbono, de gás metano e de óxido nitroso na atmosfera global vem aumentado devido à ação humana desde 1750, e seus principais ofensores são o uso de combustível fóssil e a mudança no uso do solo. (RAMOS, 2006; IPCC, 2007); O aquecimento global da atmosfera e dos oceanos, aliados à perda da massa de gelo, reforçou a conclusão de que é “extremamente improvável” que as mudanças do clima ocorridas nos últimos 50 anos possam ter sido causadas naturalmente sem qualquer outro tipo de interferência. (EEROLA, 2003; IPCC, 2007); O padrão de aquecimento da troposfera e do esfriamento da estratosfera, muito provavelmente ocorreram devido a uma combinação de influências do aumento de GEE e da redução do ozônio na estratosfera, e estas denotaram uma significativa participação antropogênica. É “muito provável” que as forças antropogênicas tenham, também, contribuído para mudanças no padrão do vento, provocando mudanças na trajetória das tempestades extra tropicais e o nos padrões de temperatura nos dois hemisférios. Os extremos dos índices de aferição de temperaturas nos dias mais quentes, nas noites mais frias e nos dias mais frios “muito provável” aumentaram devido à força antropogênica. (IPCC, 2007; VIEIRA, 2008; UNEP, 2008); As principais conclusões foram que: -O aquecimento do sistema climático é inequívoco. -A maioria dos aumentos observados na temperatura média global desde meados do século XX são muito semelhantes aos aumentos observados nas concentrações de gases do efeito estufa antropogênico. Há 90% de certeza de que o homem é a causa desta alteração, face aos 61% de probabilidade do relatório anterior, divulgado em 2001. -No fim do século XXI, as temperaturas aumentarão entre 1,8 e 4 graus com relação a 1980-1999, ainda que estas sejam as previsões mais otimistas numa escala que vai até 6,4 graus. -Os estudos realizados desde 1961 mostram que a temperatura média do oceano aumentou até uma profundidade de 3.000 metros e que o oceano absorve mais de 80% do calor acrescentado ao sistema climático. -O aquecimento da água do mar provoca sua dilatação, por isso, o nível do oceano poderá subir de 18 a 59 centímetros até o fim do século, com relação aos níveis de 1980-1999. -Há um nível de confiança maior que 90% de que haverá mais derretimento glacial, ondas de calor e chuvas torrenciais. -Tanto a emissão passada como a futura de dióxido de carbono antropogênico continuarão a contribuir para o aquecimento e o aumento do nível dos oceanos por mais de mil anos.
  • 25. O IV Relatório do IPCC concluiu quatro boletins, lançados em 2007. 5º RELATÓRIO IPCC
  • 26. O IPCC começou a publicar seu 5º Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas Globais. A primeira das quatro partes do relatório foi lançada em 27/09, em Estocolmo, e trata da ciência do clima, ou seja, do que esta acontecendo com o clima global, quais as causas das mudanças e quais os cenários futuros para estas mudanças. Em um resumo super sintético, o relatório diz: O aquecimento global sem precedentes é um fato e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) são a principal causa. Asmudanças climáticas provocadas por este aquecimento afetam o nível do mar, a temperatura e a acidez dos oceanos, extensão e espessura do gelo nos polos edisponibilidade de água no planeta. Para estancar este processo é preciso reduzir drasticamente as emissões de GEE sob pena de chegarmos ao final deste século com aumento médio de temperatura do planeta em até 5,8 graus C. O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) – denominado “Mudanças Climáticas 2014: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade” – afirmou que os efeitos das mudanças climáticas, em sua maior parte, ocorrem pela mal preparação para seus riscos. O documento alertou que, embora ações possam ser tomadas, a gestão de impactos do fenômeno será difícil em meio a um planeta aquecendo rapidamente. O IPCC, que foi divulgado nesta segunda-feira (31) em Yokohama, no Japão, detalha os impactos das mudanças climáticas até agora, os riscos futuros e as oportunidades para medidas eficazes de reduzir dos riscos. Conclui que a resposta às mudanças climáticas envolvem fazer escolhas sobre os riscos em um mundo mudando constantemente. O relatório identifica as pessoas, indústrias e ecossistemas vulneráveis por todo o mundo e descobre que o risco de uma mudança climática vem da vulnerabilidade (falta de preparação) e exposição (pessoas ou bens em perigo) sobreposta aos riscos (acontecimentos ou tendências climáticas). Parabenizando as conclusões do IPCC, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o relatório confirma que os efeitos das mudanças climáticas causadas pelo homem já estão generalizadas e consequentes, afetando a agricultura, a saúde humana, os ecossistemas, o abastecimento de água e algumas indústrias. “Para diminuir esses riscos, a redução substancial das emissões globais de gases de efeito estufa deve ser feita juntamente com estratégias e ações para melhorar a preparação contra os desastres, bem como para reduzir a exposição a eventos causados pelas alterações climáticas inteligentes”, disse Ban, em um comunicado divulgado por seu porta-voz em Nova York. O secretário-geral da ONU estimulou todos os países a agir com rapidez e ousadia em todos os níveis, para trazer anúncios e ações ambiciosas para a cúpula do clima, no dia 23 de setembro, e fazer todos os esforços necessários para chegar a um acordo climático jurídico global até 2015. O presidente do IPCC, Rajendra K. Pachauri, considera que os impactos apresentados no relatório e aqueles que estão sendo projetados para o futuro só confirmam que ninguém ficará imune à mudança climática. O encolhimento de geleiras, migração de espécies, diminuição da produtividade das culturas, aumento de doenças transmitidas por vetores e aumento de eventos extremos são alguns dos fatores citados por Pachauri como evidência da necessidade que a comunidade internacional tem de fazer escolhas para melhor adaptação e diminuição dos efeitos negativos. “O mundo tem que levar a sério este relatório, porque há implicações com a segurança do abastecimento de alimentos, os impactos de eventos extremos na morbidade e mortalidade, impactos graves e irreversíveis sobre espécies e um risco de cruzar vários pontos de ruptura por causa do aumento da temperatura”, disse Pachauri, explicando que esses impactos também afetam a segurança humana, podendo provocar deslocamento da população em massa ou aumento de conflitos. Um total de 309 pessoas, entre eles coordenadores, autores e editores de revisão de 70 países, foram
  • 27. selecionados para produzir o relatório. Eles pediram a ajuda de 436 autores e de um total de 1.729 especialistas e colaboradores governamentais. “Vivemos em uma era artificial de mudança climática”, disse Vicente Barros, co-presidente do Grupo de Trabalho II. “Em muitos casos, não estamos preparados para os riscos relacionados com o clima que já enfrentamos. Os investimentos em uma melhor preparação podem ter dividendos, tanto para o presente quanto para o futuro.” Segundo o relatório, as pessoas que são socialmente, economicamente, culturalmente, politicamente, institucionalmente ou de alguma outra forma marginalizadas são especialmente vulneráveis às alterações climáticas e também para algumas respostas de adaptação e diminuição de risco. A característica marcante dos impactos observados é que eles estão acontecendo dos trópicos para os pólos, de pequenas ilhas a grandes continentes, e dos países mais ricos aos mais pobres. “A adaptação pode desempenhar um papel fundamental na redução desses riscos”, afirma Barros. “Ela é muito importante. O mundo enfrenta uma série de riscos de mudanças climáticas já contidos no sistema climático, devido às emissões passadas e infraestrutura existente”. O IPCC foi estabelecido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 para fornecer ao mundo uma visão científica clara sobre a mudança do clima e seus potenciais impactos ambientais e socioeconómicos. Hoje, possui 195 Estados-membros. Com o grande avanço dos modelos climáticos foi possível gerar mapas e análises específicas para as grandes regiões do planeta e as notícias para o Brasil não são alentadoras como já havia sido adiantado pelo Relatório de Avaliação Nacional sobre Mudanças Climáticas publicado recentemente pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. No Brasil, o aumento de temperatura em 2100 poderia chegar a 7oºC no cenário mais crítico e a redução da precipitação pode chegar a 30% entre as regiões norte e nordeste. Os impactos destes cenários serão objeto da segunda parte do relatório, a ser lançado em março de 2014, e as ações necessárias para mitigar as emissões e evitar os piores cenários serão objetivo da terceira parte do relatório a ser publicada em abril de 2014. As conclusões desta que é a mais extensa, completa e profunda revisão do estado da ciência do clima já produzido deve ser peça fundamental para informar e dar subsídios para que os tomadores de decisão no setor público e privado estabeleçam ações para mitigar as emissões e adaptar as nossas atividades, negócios, infraestrutura e todos os aspectos de nossa vidas para as mudanças climáticas já “contratadas” para as próximas décadas. Abaixo estão as 19 principais mensagens do relatório do IPCC publicado hoje. Sobre as mudanças observadas no sistema climático: 1. O aquecimento do sistema climático é inequívoco e muitas das mudanças observadas, desde os anos 1950, não têm precedentes, ao longo de décadas a milênios. A atmosfera e o oceano se aquecem, as quantidades de neve e gelo têm diminuído, o nível do mar subiu e as concentrações de gases de efeito estufa aumentaram. 2. Desde 1850, cada uma das três últimas décadas tem sido sucessivamente mais quente na superfície da Terra do que qualquer década anterior. No Hemisfério Norte , 1983-2012 foi o período de 30 anos mais quente dos últimos 1400 anos. 3. O aquecimento dos oceanos domina o aumento da energia armazenada no sistema climático, o que representa mais de 90% da energia acumulada entre 1971 e 2010 e, por isso, o oceano superior (0-700 m) aqueceu. 4. Ao longo das duas últimas décadas, as camadas de gelo da Groenlândia e da Antártida têm perdido massa, geleiras continuaram a encolher em quase todo o mundo, e o gelo do mar Ártico e a cobertura de gelo na primavera do hemisfério norte continuaram a diminuir em extensão. 5. A taxa de aumento do nível do mar desde meados do século 19 tem sido maior do que a taxa média durante os dois milênios anteriores. Durante o período de 1901-2010, o nível mundial do mar médio subiu 0,19 metros. 6. As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) aumentaram para níveis sem precedentes, pelo menos nos últimos 800 mil anos. Concentrações de CO2 aumentaram em 40% desde os tempos pré-industriais, principalmente a partir de emissões de combustíveis fósseis e, secundariamente, de emissões de mudança líquidas de uso da terra. O oceano absorveu cerca de 30% do dióxido de carbono antropogênico emitido, causando a acidificação do oceano. Sobre as causas das mudanças observadas e o entendimento do sistema climático: 7. O forçamento radioativo é positivo, e levou a uma absorção de energia pelo sistema climático. A maior contribuição para a radiativa total de forçamento é causada pelo aumento da concentração atmosférica de CO2 desde 1750. 8. Influência humana sobre o sistema climático é clara. Isto é evidente a partir das crescentes concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, a forçante radiativa positiva, o aquecimento observado e a compreensão do sistema climático. 9. Os modelos climáticos melhoraram desde que o IV relatório (AR4 – 2007). Os modelos reproduzem em escala continental os padrões de temperatura de superfície e as tendências observadas ao longo de muitas décadas, incluindo o aquecimento mais rápido desde meados do século 20 e o esfriamento imediatamente após grandes erupções vulcânicas.
  • 28. 10. Estudos observacionais e modelo de mudança de temperatura, reações climáticas e mudanças no balanço energético da Terra, juntos, oferecem confiança na magnitude do aquecimento global em resposta ao forçamento do passado e do futuro. 11. Influência humana foi detectada no aquecimento da atmosfera e do oceano, em mudanças no ciclo hidrológico global, em reduções em neve e gelo, na média global o aumento do nível do mar, e em mudanças em alguns eventos climáticos extremos. Esta evidência de influência humana tem crescido desde o AR4 (relatório anterior do IPCC). Sobre os cenários futuros das mudanças climáticas: 12. Manutenção das emissões de gases de efeito estufa provocará maior aquecimento e mudanças em todos os componentes do sistema climático. Para restringir ou limitar as alterações climáticas serão necessárias reduções substanciais e sustentadas de emissões de gases de efeito estufa. 13. Mudança de temperatura da superfície global para o final do século 21 é provavelmente superior a 1,5 ° C em relação a 1850-1900 para todos os cenários RCP(cenários representativos de caminhos/tendências), exceto RCP2.6 . O aquecimento vai continuar para além de 2100 em todos os cenários RCP , exceto RCP2.6. O aquecimento continuará a apresentar variabilidade interanual ou interdécadas e não será uniforme regionalmente. 14. Mudanças no ciclo global da água em resposta ao aquecimento ao longo do século 21 não será uniforme. O contraste da precipitação entre as regiões úmidas e secas e entre as estações chuvosa e seca vai aumentar, embora possam acontecer exceções regionais. 15. O oceano global vai continuar a aquecer durante o século 21. O calor vai penetrar desde a superfície até o fundo do oceano e afetar a circulação oceânica. 16. É muito provável que a cobertura de gelo do mar Ártico continue a encolher e afinar e que na primavera do hemisfério norte a cobertura de neve vai diminuir durante o século 21 com o aumento da temperatura média da superfície global . O volume global das geleiras vai diminuir ainda mais. 17. Nível médio do mar global vai continuar a subir durante o século 21. Em todos os cenários RCP, a taxa de aumento do nível do mar, muito provavelmente, será superior à observada durante 1971-2010, devido ao aumento do aquecimento dos oceanos e o aumento da perda de massa das geleiras e camadas de gelo. 18. A mudança climática afetará os processos do ciclo de carbono de uma maneira que irá agravar o aumento de CO2 na atmosfera. Além disso, a absorção de carbono pelo oceano deve aumentar a acidificação do oceano. 19. Emissões cumulativas de CO2 em grande parte determinam o aquecimento superficial médio global até o final do século 21 e além. A maioria dos aspectos das alterações climáticas vai persistir por muitos séculos, mesmo que as emissões de CO2 cessem completamente. Isso representa um comprometimento multisecular substancial das mudanças climáticas criado pelas emissões passadas, presentes e futuras de CO2. Qual a credibilidade do IPCC? IPCC reconheceu erro em inclusão de previsão sobre fim das geleiras do Himalaia até 2035 A escala global do envolvimento científico com o IPCC dá uma ideia do peso dado ao painel. Dividido em três grupos de trabalho que analisam a ciência física, os impactos e as opções para limitar as mudanças climáticas, o painel envolve milhares de cientistas de todo o mundo. O relatório a ser apresentado em Estocolmo tem 209 autores coordenadores e 50 revisões de editores de 39 países diferentes. O documento é baseado em cerca de 9.000 estudos científicos e 50 mil comentários de especialistas. Mas em meio a esse conjunto enorme de dados, as coisas podem não sair como o esperado. No último relatório, publicado em 2007, houve um punhado de erros que ganharam grande projeção, entre eles a afirmação de que as geleiras do Himalaia desapareceriam até 2035. Também houve erro na projeção da porcentagem do território da Holanda que ficaria sob o nível do mar. O IPCC admitiu os erros e explicou que em um relatório de 3 mil páginas é sempre possível que haja alguns pequenos erros. A afirmação sobre o Himalaia veio da inclusão de uma entrevista que havia sido publicada pela revista New Scientist. Em 2009, uma revisão da forma como o IPCC analisa as informações sugeriu que o painel seja mais claro no futuro sobre as fontes de informação usadas. O painel também teve a reputação manchada pela associação com o escândalo provocado pelo vazamento de e-mails trocados entre cientistas que trabalhavam para o IPCC, em 2009. As mensagens pareciam mostrar algum grau de conluio entre os pesquisadores para fazer com que os dados climáticos se encaixassem mais claramente na teoria das mudanças climáticas induzidas pelo homem. Porém ao menos três pesquisas não encontraram evidências para apoiar essa conclusão. Mas o efeito final desses eventos sobre o painel foi o de torná-lo mais cauteloso. Apesar de o novo relatório possivelmente enfatizar uma certeza maior entre os cientistas de que as atividades humanas estão provocando o aquecimento climático, em termos de escala, níveis e impactos a palavra "incerteza" deverá aparecer com bastante frequência. TEMA 06: UMA NOVA GUERRA FRIA ? AS DIFERENÇAS E DIVERGÊNCIAS ENTRE EUA E RUSSIA EM RELAÇÃO À EUROPA DO LESTE E OUTROS A GUERRA FRIA NUNCA TERMINOU