1. cÉxàt hÜutÇÉ.
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Salomão (O anjo das asas de aço).
Eu vi um anjo, e ele estava armado.
Despencou do céu com suas asas de
aço. Cantou a rebeldia no paraíso, por
isso foi enviado. Eu vi um anjo, e ele
estava armado. E nas noites escuras e
frias sobrevoa a periferia e com seu
canto rebelde e seu olhar triste, semeia
o ódio contra a burguesia e enquanto
houver tirania, para o céu não vai mais
E-Book
voltar. Eu vi um anjo e ele estava
armado.
Meio Terno, meio demolidor.
Primeira Edição: Março de 2012. Eu não sou a parte do povo que cala.
Não comercial. Eu sou a fala da parte calada do povo.
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Poeta Urbano.
ot.com.br/
2. Poesia pra justificar o injustificável
Pensei que tinha direito à beleza
beleza,
arranquei a flor
rranquei
e levei para casa
casa.
Quis só pra mim o seu perfume
E ela não suportou
suportou.
Não resistiu ao jarro
No qual eu quis mantê
mantê-la,
apesar de todos os cuidados
pesar
e dedicação de um jardineiro
leal e atencioso.
Hoje a vejo perfumando
outras mãos e olfatos
utras olfatos,
e sofro.
Mas, não ouso mais
cometer o mesmo erro
ometer erro.
Agora, sempre desvio de jardins
e renuncio a beleza das flores
flores.
já que do meu ato
só me ficaram espinhos.
ó
Poeta Urbano.
É poesia, teu jeito de ser!
Tua beleza e doçura
emprestam humanidade
e ternura aos meus dias
já meio embrutecidos.
E quase me convencem
de que pétalas de rosa
e cânticos de homenagem à vida
podem conviver harmoniosamente
com o criptar de metralhadoras insurgentes.
E vou dormir "muito mais gente" do que a horas atrás.
Um salve carinhoso,
Poeta Urbano.
1
3. "Oxigenação" do sonho
Acredito que é possível mudar as coisas,
sacudir o mofo e despojar os cadáveres
da teoria clássica. Rendendo homenagens
a seus feitos e contribuições e rompendo com
a “religiosidade” das intenções.
Cheira a naftalina a retórica ortodoxa do “esquerdista doente”
e do neoliberal facínora.
E penso com a cabeça comprometida com o estômago de meu povo
e com o sonho socialista de um mundo novo: “É quase uma vida,
cem por cento no jogo.”
Não vejo caminhões carregados de armas
ou munição “encostando” nos escritórios
e comitês dos partidos e grupos autoproclamados
mestres da radicalidade e da verdade absolutizada,
com suas “Bíblias - Manifesto” nas mãos agitadas
que se movem espalmadas em reuniões fechadas
da cúpula “de coisa alguma” que dirige o processo “do nada”
que ora se instala em seu coração militante.
E chego a questionar se estou do lado da razão?
Então o iluminismo me assombra e me faz afastar da mente
a soberba convicção.
Palavras-de-ordem desconexas dos anseios e desejos
populares a mim parecem “espinhar” a memória de Lênin
e nos lançar no fundamentalismo cego.
Reviro a biblioteca em busca de qualquer base,
qualquer fonte que “desanuvie” o pensamento e explique tanta panaceia.
E só Guy Debord me parece exato.
Gramsci atualiza o roteiro. E o cenário se ilumina
em muitos atos sem intervalo ou cortinas.
Enquanto em mesas de bares, a “Frente Etílica Pseudo Revolucionária”
entre copos e análises torpes da conjuntura mundial globalizada,
mancha seu paredão imaginário com meu sangue e minha história.
Penso na Rússia stalinista e nos “rios de sangue”
de sinceros comunistas, derramados por sobre o sonho
em nome do sectarismo e da expropriação do poder ao povo.
Revisito Marx desde seu tempo. Bebo na fonte: A dialética.
E até em Hegel eu tento me apegar.
Olho de novo as bandeiras ao vento
e me convenço que se faz urgente
Uma Nova cultura de Movimento.
Poeta Urbano.
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4. Bate-Bola
Extorsão Realização
Contra a vida real Tombar no front
E o sentimento sincero. de armas nas mãos.
Distorção Emoção
Do que penso que preciso Mais o choro
ou do que mais quero. que o riso,
mais lamentos
Maldição que comemoração.
A consciência que fustiga a razão
e me tira o acesso a todos os ópios Lição
E fugas. Não adianta desesperar
e nem chamar pela razão.
Solidão Ou esperar compaixão
Em ruas cheias, do opressor.
cidades agitadas O correto é ir pra frente
e almas vazias. e pra cima.
Para o combate. Sempre!
Reação
Proporcional à dor que sinto Tensão
e as razões pelas quais É o solvente
eu minto. da minha vida
e a companhia
Compaixão em toda ação.
Pelas criaturas
geradas pela desatenção Frustração
e pela libido incontrolada. Não conseguir
comunicar
Decepção para quem eu gostaria
Com o pouco tempo que entendesse,
que a história nos reserva. o que faço,
e por qual razão.
Perdão
Por ter vindo aqui Um sim
e não mudado quase nada. Pra tudo que vivi e vivo.
Paixão E um não
Pela luta até o fim. Pra condição mediana
que limita meu intelecto.
PoetaUrbano.
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5. Justiça Sertaneja
Cheira a pólvora
o ar quente que invade a sombra.
A água clara da cacimba é fria.
O Caxitoré de areias brancas
conta a lenda do caboclo bravo.
E quando vem a noite,
violas e repente fazem a trilha
para o balé de estrelas cadentes.
Hoje distante e por entre as grades,
sobre a pedra da cela suja,
ele observa o vulto tosco
do movimento lento da lua.
Ficou no tempo, longe e esquecida,
a felicidade, a terra sua.
O sangue de um desgraçado
estuprador e assassino
lhe custou a liberdade,
lhe mudou todo o destino.
Era a dor contra o dinheiro,
e se fez defunto,
o filho do fazendeiro.
Fez-se viúvo,
o cabra guerreiro.
Se fez lembrança a sua amada,
se fez tristeza a caminhada,
se fez frangalhos da sua vida.
Fez-se poesia, a sua saga.
Faço registro da sua história
enquanto o sistema e a “justiça”
como a tantas,
a ignora.
Poeta Urbano.
1
6. Lamentos de um Urbanoide
Quando ganham brilho as luzes de mercúrio
e as ofusca o colorido do neon.
rido
Olho para os carros e para os prédios
lho
e me sinto infeliz.
Não sou mais menino, quase não brinco.
Já não tenho paciência para os problemas normais
ara
e para as coisas comuns.
Sinto muita falta da minha alma
e das minhas ilusões.
Eu queria muito recuperar o calor
e não perder de vez a humanidade.
Porém, o projétil perfura a pele e rasga a carne.
E o noticiário comove e anestesia a cidade.
A poesia é o que sobra para desintoxicar.
É tão urbana a minha vida que estrelas e lua clara
parecem efeitos especiais.
É tão gótico o meu estado que momentos alegres
são como o trailer de um filme bom
que nunca entra em cartaz.
Do cano reforçado parte o tiro que assegura
a vinda de dias ruins.
E começa a fazer sentido para mim
o submundo e as grades.
Eu queria ouvir de ti que antes é que eu estava certo:
“Todo ser humano é essencialmente bom”.
umano
Mas desconfio que assim não pensam
ou sentem, os outros animais.
E o exame de parafina,
bem melhor do que a poesia, ,
tem definido o que é humanidade.
Tal qual o neon
que tem iluminado bem mais amantes
amantes,
do que a lua e as estrelas têm sido capazes.
E quando ganham brilho as luzes de mercúrio
mercúrio,
olho para o que restou da minha humanidade
e me sinto infeliz.
Poeta Urbano.
2
7. Esperanças
Eles correm perigo até se nos deixarem sonhar!
E sei que muitos dirão: São só esperanças.
Mas do que mais precisamos para forjar vitórias,
se tudo que conquistamos, fizemos desta matéria-
prima?
cÉxàt hÜutÇÉ.
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8. Titularização indevida
Se eu
realmente
fosse um poeta.
Talvez
conseguisse descrever
a tristeza
e a solidão
que estou sentindo.
Poeta Urbano.
Pra cima!
Não me peça resignação.
A vida não me deu esse
dom!!
Poeta Urbano.
4
9. Só arcanjos podem sentir o medo que se exala pelos poros
Eu sinto o teu medo
Eu sinto o teu medo percorrer
os corredores sintéticos
do poder.
Vejo na tua face
que sabes o que está por vir.
Sei que sentes
a onda se formando
e me pego sorrindo
sozinho pelas ruas de mais uma capital.
Tão distante, tão tarde, tão frio, tão eu.
Os dias se amontoam.
O outono é o que mais
se apropriado meu sorriso triste,
do meu momento cinza, da minha alma de pedra.
São janelas se abrindo no alto dos prédios
o que mais se aproxima da atenção
que a cidade presta a minha atividade
quase clandestina.
E por detrás da mesa do gabinete nervoso
nervoso,
você acha que é consumado o fato: “Já era” o filho do mundo.
Mas novamente está enganado. A sombra não me assombra.
Não é só meu o caminhar.
E de novo “não deu teto”,
não vou mais voar.
Audiências, conchavos, planos mesquinhos.
E mesmo assim é somente o frio
o que faz gelar meu corpo.
Teu veneno não vem,
não consegue me alcançar.
E leio outro livro olhando para o lago.
E novamente compareço sozinho
em frente ao altar.
Poeta Urbano.
5
10. Contato
Conte nada, me fale não.
Nenhuma mensagem.
Sem contatos, nenhum ruído ou chamamento.
Só o pensamento e o som do mar.
Não sei se chamo, te mando um bilhete?
Não sei se tento contactar.
Nesse instante me sopra o vento
e a saudade em minha mente vai te buscar.
Não sei se envio uma mensagem, não sei se calo,
me distancio, não sei se vou te procurar.
Poeta Urbano
rbano.
Poeta Urbano.
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11. Na trilha de Bertold Brecht
Entre “o rio violento e as margens opressoras”, eu fico com o direito a
autodefesa do rio!
Vi farrapos humanos,
Andrajos.
Eu vi pessoas que nada tinham a perder.
Senti sua dor e tremi ante o peso profundo
de seu olhar.
Os vi armados e me assustei. Os compreendi violentos, não condenei.
Vi excluídos, eu vi mendigos se rebelarem.
Eu vi fortunas, e milionários se esconderem por trás de grades de
condomínios, se encarcerarem.
Eu vi a vida em tons de cinza. Vi multidões se levantarem.
Eu vi um mundo bem dividido. Eu vi miséria, eu quis chorar.
Mas me encantei com todo o brilho de cada olhar.
E vi certezas acomodadas se desmanchando
em pleno ar.
Poeta Urbano.
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12. Num caso específico...
Não é estranho que a leveza também possa ferir,
cortando a carne desavisada que a quebrou?
E não é justo que sua energia interior ao vazar possa
queimar e até matar?
Não há justiça poética no colateral?
Não há Poesia na Justiça?
E não é justo, degustar o efeito poético da dor?
to,
Poeta Urbano.
Do norte, viria a besta?
As máquinas cospem ogivas,
,
nos rios serpenteiam línguas de fogo
fogo.
Os corpos se desmontam e sangram com suas dores.
É guerra!
E a besta brada aos quatro ventos os seus rancores.
Estrelas e listras cobrem de choro e medo parcos valores.
E a liberdade envergonhada empunha a tocha e olha pro nada.
Sabe-se vítima dos ilegítimos donos do império, seus detratores.
Poeta Urbano.
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13. O Artista
Te compreendas em meio ao ferro e ao níquel
níquel.
Por sobre o aço e o bronze Em meio a pétalas e pólens.
bre bronze.
Ante a arte e a vida.
Se puder,
então serás indubitavelmente, um artista.
Poeta Urbano.
A arte
Entre o olho e o objeto, reside o olhar, que empresta
que
significado e magia à cultura, elevando-a a categoria de
a
arte. Poeta Urbano.
A Poesia
“A poesia oferece frestas
para observar o
mundo.”Poeta Urbano.
9
14. O Monstro
Parecia uma fornalha, uma fogueira de São João.
A “reis” em pele e osso, morta como a plantação.
E do meio da caatinga na poeira do sertão,
Se levantava um monstro,
Uma “visagem”, assombração.
Feita de cimento, ferro e vidro.
E com uma estranha produção:
Sapato, ao invés de milho.
Jeans, ao invés de feijão.
E o monstro alimentado
de incentivo e isenção
anunciava o assassinato da agricultura
Pela tal INDUSTRIALIZAÇÃO.
O campo vira cidade.
O camponês vira operário.
E a favela, se abastece de sertão.
Poeta nem tão Urbano assim
assim.
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