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KANT
O ESclarecimento/Iluminismo e a Revolução
         Copernicana na Filosofia
InfluÊncias


Pietismo: protestantismo luterano de tendência mística e
pessimista (o homem necessita constantemente da
regeneração perante o pecado)

Racionalismo/ Esclarecimento: Leibnitz - otimismo
perante o poder da razão.

Hume e Rousseau
O problema do mal

O mal não é ausência de bondade, e sim o resultado
positivo de uma liberdade usada de forma malfazeja.

O homem, se deixado a seus próprios instintos, agirá de
forma egoísta. Não devemos confiar nos nossos
impulsos.

A razão deve ser aquilo que guia o comportamento
humano, moderando ou até controlando as paixões.
Ética em kant

A ética do exemplo

A ética é um sistema de regras absolutas.

O valor das ações provém das intenções com que são
praticadas: uma ação boa, feita por motivos errados ou
inconfessos, não é ética.

As regras devem ser respeitadas independentemente
das consequências, pois são leis que a razão estabelece
para todos os seres racionais.
ética em kant

Imperativo hipotético X imperativo categórico

Agir moralmente significa respeitar direitos.

Só somos realmente livres se formos nós próprios a
definir as leis a que o nosso comportamento deverá
obedecer.

Uma obrigação (ou imperativo) é hipotética quando
existe apenas em certas condições, mas não noutras.
ética em kant
Agir certo é uma obrigação hipotética?

Se assim fosse, só teríamos, por exemplo, a obrigação
de ajudar os outros em certas condições, não em
todas.

Mas temos o dever de ajudar quem precisa em todas as
circunstâncias, quaisquer que sejam os nossos desejos.

A obrigação de ajudar os outros não deixa de existir
porque deixamos, por exemplo, de querer agradar a
quem ajudamos. Continua a existir mesmo nesse caso.
ética em kant
Imperativo categórico (uma ordem a si mesmo e sem
possibilidade de a negarmos)

Age apenas segundo máximas que queiras ver
transformadas em leis universais.

A máxima do meu agir deve ser por mim entendida como uma lei
universal, para que todos a sigam

Age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa
como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim ao mesmo
tempo e nunca apenas como um meio
o conhecimento

A Crítica: um estudo sobre os limites do conhecimento.
Análise reflexiva.

O que realmente pode ser conhecido?

Conhecimento sensível e inteligível (não “mundo”, e sim
conhecimento)

A partir da análise do conhecimento sobre as coisas,
remontar e buscar aquilo que as torna legítimas.
o conhecimento

Crítica transcendental: a solução da questão Empirismo
X Racionalismo

O conhecimento começa com a experiência, mas nem
todo conhecimento se origina da experiência.

Não conhecemos as coisas em si, mas sim como elas se
mostram - como as compreendemos ou as vemos
localizadas no Espaço e no Tempo. Duas pessoas
podem ter visões levemente diferentes de um objeto ao
mesmo tempo.
O conhecimento

Juízos a priori: independem da experiência, são
necessários e universais.

São também juízos analiíticos: quando o predicado está
contido no sujeito.

Exemplo: um triângulo tem três ângulos.

Basta ver um que se sabe disso, está no nome: três
ângulos.
O conhecimento

Juízos a posteriori: dependem da experiência.

São também juízos sintéticos: no qual o predicado
enriquece o sujeito.

Exemplo: a régua é verde.

Sei disso porque a vi, mas nem toda régua é verde e ser
verde não é fundamental para ser uma régua.
o conhecimento

Seria possível existirem juízos sintéticos a priori (ou seja,
que independessem da experiência e ainda
enriquecessem a compreensão do objeto)?

Exemplo: a soma dos ângulos de um triângulo qualquer
equivale sempre a dois ângulos retos.

Eu não preciso ver isso na prática, está demonstrado por
teorias e eu sei que funciona.
o conhecimento

Resposta: pois os dados da experiência surgem a
posteriori para quem a faz, mas são dados a priori - isto
é, podem ser assumidos como válidos ou ponto de
partida - pelos que repetem a experiência ou por outros
cientistas que investigam o assunto.

Ou seja, o conhecimento que surge a partir do empirismo
se transforma em conhecimento racional para os que o
utilizarão ou aprenderão mais tarde.
o conhecimento


O que devemos estudar é o PROCESSO do
conhecimento.

Razão sem experiência e intuição sensível é vazia;
experiênca /intuição sensível, sem a razão, é cega.

Pretender que a Razão tem intuições que remetam a um
mundo além desse que nós vivemos é pura especulação.
razão pura

A vocação da razão é organizar e unificar o mundo em
sistemas.

No caso do mundo prático, isso até pode funcionar, mas
não funciona ao tentarmos pensar o terreno da
metafísica.

A razão precisa ter algum ponto de apoio no real. A
razão pura, descolada do mundo, se perde em
antinomias e delírios, pois passa a não estar ligada a
nada.
razão pura

Exemplo: organizamos mentalmente a ideia de uma
“alma-substância” pois isso unificaria todos os meus
estados de alma (triste, alegre, chateado, maravilhado,
prático, irado, etc.) em uma única natureza, no tempo e
no espaço.

Buscamos a ideia de um Criador para organizarmos os
processos do universo no espaço e no tempo, um
fundamento do mundo que unifique tudo que se passa
nesse mundo.
Razão pura

Mas sem referência à experiência, a razão acaba por
ficar louca, provando tanto a tese como a antítese:

Exemplo: o universo tem um começo?

Sim, pois o infinito para trás é impossível.

Não, pois eu sempre posso me perguntar “o que havia
antes do início”

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O ESclarecimento e a Filosofia Crítica de Kant

  • 1. KANT O ESclarecimento/Iluminismo e a Revolução Copernicana na Filosofia
  • 2. InfluÊncias Pietismo: protestantismo luterano de tendência mística e pessimista (o homem necessita constantemente da regeneração perante o pecado) Racionalismo/ Esclarecimento: Leibnitz - otimismo perante o poder da razão. Hume e Rousseau
  • 3. O problema do mal O mal não é ausência de bondade, e sim o resultado positivo de uma liberdade usada de forma malfazeja. O homem, se deixado a seus próprios instintos, agirá de forma egoísta. Não devemos confiar nos nossos impulsos. A razão deve ser aquilo que guia o comportamento humano, moderando ou até controlando as paixões.
  • 4. Ética em kant A ética do exemplo A ética é um sistema de regras absolutas. O valor das ações provém das intenções com que são praticadas: uma ação boa, feita por motivos errados ou inconfessos, não é ética. As regras devem ser respeitadas independentemente das consequências, pois são leis que a razão estabelece para todos os seres racionais.
  • 5. ética em kant Imperativo hipotético X imperativo categórico Agir moralmente significa respeitar direitos. Só somos realmente livres se formos nós próprios a definir as leis a que o nosso comportamento deverá obedecer. Uma obrigação (ou imperativo) é hipotética quando existe apenas em certas condições, mas não noutras.
  • 6. ética em kant Agir certo é uma obrigação hipotética? Se assim fosse, só teríamos, por exemplo, a obrigação de ajudar os outros em certas condições, não em todas. Mas temos o dever de ajudar quem precisa em todas as circunstâncias, quaisquer que sejam os nossos desejos. A obrigação de ajudar os outros não deixa de existir porque deixamos, por exemplo, de querer agradar a quem ajudamos. Continua a existir mesmo nesse caso.
  • 7. ética em kant Imperativo categórico (uma ordem a si mesmo e sem possibilidade de a negarmos) Age apenas segundo máximas que queiras ver transformadas em leis universais. A máxima do meu agir deve ser por mim entendida como uma lei universal, para que todos a sigam Age de tal modo que possas usar a humanidade, tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre como um fim ao mesmo tempo e nunca apenas como um meio
  • 8. o conhecimento A Crítica: um estudo sobre os limites do conhecimento. Análise reflexiva. O que realmente pode ser conhecido? Conhecimento sensível e inteligível (não “mundo”, e sim conhecimento) A partir da análise do conhecimento sobre as coisas, remontar e buscar aquilo que as torna legítimas.
  • 9. o conhecimento Crítica transcendental: a solução da questão Empirismo X Racionalismo O conhecimento começa com a experiência, mas nem todo conhecimento se origina da experiência. Não conhecemos as coisas em si, mas sim como elas se mostram - como as compreendemos ou as vemos localizadas no Espaço e no Tempo. Duas pessoas podem ter visões levemente diferentes de um objeto ao mesmo tempo.
  • 10. O conhecimento Juízos a priori: independem da experiência, são necessários e universais. São também juízos analiíticos: quando o predicado está contido no sujeito. Exemplo: um triângulo tem três ângulos. Basta ver um que se sabe disso, está no nome: três ângulos.
  • 11. O conhecimento Juízos a posteriori: dependem da experiência. São também juízos sintéticos: no qual o predicado enriquece o sujeito. Exemplo: a régua é verde. Sei disso porque a vi, mas nem toda régua é verde e ser verde não é fundamental para ser uma régua.
  • 12. o conhecimento Seria possível existirem juízos sintéticos a priori (ou seja, que independessem da experiência e ainda enriquecessem a compreensão do objeto)? Exemplo: a soma dos ângulos de um triângulo qualquer equivale sempre a dois ângulos retos. Eu não preciso ver isso na prática, está demonstrado por teorias e eu sei que funciona.
  • 13. o conhecimento Resposta: pois os dados da experiência surgem a posteriori para quem a faz, mas são dados a priori - isto é, podem ser assumidos como válidos ou ponto de partida - pelos que repetem a experiência ou por outros cientistas que investigam o assunto. Ou seja, o conhecimento que surge a partir do empirismo se transforma em conhecimento racional para os que o utilizarão ou aprenderão mais tarde.
  • 14. o conhecimento O que devemos estudar é o PROCESSO do conhecimento. Razão sem experiência e intuição sensível é vazia; experiênca /intuição sensível, sem a razão, é cega. Pretender que a Razão tem intuições que remetam a um mundo além desse que nós vivemos é pura especulação.
  • 15. razão pura A vocação da razão é organizar e unificar o mundo em sistemas. No caso do mundo prático, isso até pode funcionar, mas não funciona ao tentarmos pensar o terreno da metafísica. A razão precisa ter algum ponto de apoio no real. A razão pura, descolada do mundo, se perde em antinomias e delírios, pois passa a não estar ligada a nada.
  • 16. razão pura Exemplo: organizamos mentalmente a ideia de uma “alma-substância” pois isso unificaria todos os meus estados de alma (triste, alegre, chateado, maravilhado, prático, irado, etc.) em uma única natureza, no tempo e no espaço. Buscamos a ideia de um Criador para organizarmos os processos do universo no espaço e no tempo, um fundamento do mundo que unifique tudo que se passa nesse mundo.
  • 17. Razão pura Mas sem referência à experiência, a razão acaba por ficar louca, provando tanto a tese como a antítese: Exemplo: o universo tem um começo? Sim, pois o infinito para trás é impossível. Não, pois eu sempre posso me perguntar “o que havia antes do início”