O documento discute a interdisciplinaridade versus a pluridisciplinaridade no currículo escolar. O autor argumenta que a interdisciplinaridade tem tido pouco progresso devido à dificuldade de fundir disciplinas e à natureza fragmentada do conhecimento. Embora a pluridisciplinaridade não resolva todos os problemas, pode facilitar o diálogo entre diferentes saberes e ensinar estudantes a conviver com pluralismo.
1. FICHA RESUMO DO TEXTO
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência- UFPel
Área: Subprojeto das Ciências Sociais
Nome do Bolsista: Aline Rodrigues Dobke
Referência Bibliográfica: VEIGA-NETO, Alfredo José. Currículo, disciplina e
interdisciplinaridade.
Titulo do texto: Currículo, disciplina e interdisciplinaridade.
O autor fala sobre como se tenta implantar a interdisciplinaridade nas praticas
de sala de aula e no currículo, apontando o pouco progresso dos professores
no chamado movimento interdisciplinar. Uma das causas apontadas para tal é a
falta de professores que pensem de forma interdisciplinar. Veiga-Neto diz que o
errado dos currículos clássicos é a delimitação entre as disciplinas, em que
cada um sabia o que e como ensinar na sua respectiva disciplina, e isso separa
os saberes entre si. O movimento interdisciplinar pretendia corrigir isso com a
desfragmentação dos saberes através da mudança nos currículos. Japiassu nos
anos 70 trouxe para o Brasil algumas ideias europeias sobre a questão
disciplinar, ele identificava quatro níveis de progresso para acabar com essa
desfragmentação: multidisciplinaridade (as disciplinas estão isoladas),
pluridisciplinaridade (as disciplinas trocam conhecimentos, experiências,
metodologias, mas não criam um novo conhecimento), interdisciplinaridade (as
disciplinas integram-se bem mais, estabelecendo outro nível de conhecimento),
transdisciplinaridade (as disciplinas fundem-se, elas não são mais delimitadas).
Estes dois últimos são como a antítese do saber especializado e fragmentado.
Sobre o movimento interdisciplinar, Veiga-Neto, percebe que são raras as
campanhas em prol da interdisciplinaridade e que muitos cansaram de tentar
construir e colocar em pratica currículos holísticos, abandonando a área ou a
deslocando. O autor resume cinco linhas argumentativas para explicar a
impossibilidade de execução de um currículo inter ou transdisciplinar:
1 – O conhecimento disciplinar organizou o conhecimento e o próprio mundo
contemporâneo, tornando-se profundamente enraizado em nós, mas não é uma
maneira de pensar definitiva.
2 – Tentar fundir todo o conhecimento num imenso conhecimento
transdisciplinar não garante por si só a cura para as doenças do mundo
2. moderno.
3 – É impossível estabelecer um campo epistemológico único, pois cada
paradigma tem sua própria especificidade, e é por isso que quando se tenta
fundir duas ou mais disciplinas elas no máximo conversam entre si ou parte
delas se fundem gerando uma nova disciplina que não tem representação
nenhuma da parte de onde saíram como, por exemplo, a ecologia.
4 – A escola reproduz os arranjos sociais e a possibilidade de mudança é
limitada. As escolhas curriculares são o resultado de complicados processos
culturais e sociais. Aquilo que se ensina na escola é uma forma muito peculiar
de conhecimento denominado saber escolar, originado do saber acadêmico que
foi transformado para ser ensinado.
5 – O papel da escola é mais do que ensinar conteúdos, valores e praticas,
numa perspectiva foucaultiana a escola é um lócus em que se põem em
funcionamento as bases do que ele chamou de razão de Estado.
O autor diz também que além das segregações sociais mais amplas a escola
moderna executou a divisão/separação das crianças por idade, ritmo de
aprendizagem, interesse, etc, e houve uma topologização do conhecimento que
está entranhado na organização dos currículos escolares. A disciplinaridade é
constitutiva da escola moderna, assim sendo, é a própria modernidade. Porem,
apesar do pouco progresso do movimento interdisciplinar, há vários projetos
interdisciplinares que obtiveram sucessos variados, mas o máximo alcançado
foi o estabelecimento de currículos e/ou praticas pedagógicas pluridisciplinares,
pois, mesmo que se diga o contrario, este é o horizonte do movimento
interdisciplinar. Na maioria das vezes o foco do movimento interdisciplinar é a
busca pelo resgate de uma dimensão humana via praticas pedagógicas.
Salienta-se que o convívio disciplinar não precisa e não deve se apoiar numa
promessa messiânica ou redentora de cunho epistemológico e a busca por
currículos escolares mais pluridisciplinarizados pode ser vista como a busca de
uma pratica do dialogo entre as diferenças. Sendo assim a pluridisciplinaridade
contribuirá para que professores e alunos aprendam a conviver com o
pluralismo em todas as suas esferas.
Análise crítica do texto:
Após ler algumas vezes o texto obtive uma nova perspectiva sobre o interdisciplinar e percebi
que talvez a interdisciplinaridade possa dar lugar para a pluridisciplinaridade, pois esta ultima
3. apresenta vantagens (ditas acima) e acredito ser mais fácil criar a harmonia entre as disciplinas
através dela. O autor ressaltou no texto que é difícil encontrar professores que pensem de forma
interdisciplinar e que muitos cansaram de tentar introduzir essa pratica pedagógica, penso que
os professores realmente estão cansados de tentar fazer dar certo, pois são muito
desvalorizados pelo governo que não disponibiliza maiores recursos para as escolas e não paga
um salario decente, e mais desvalorizados ainda pelos alunos que não respeitam os
professores e não se importam com a sua própria educação tanto acadêmica quanto moral e
ética. Concluo que tensões e conflitos nos currículos e na escola em geral sempre existirão,
mas para superar estas barreiras e tentar amenizar os conflitos é preciso comunicação entre os
professores e disposição para efetuar mudanças nas ações e praticas pedagógicas.