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ARCADISMO/SETECENTISMO/
NEOCLASSICISMO(1768 – 1808)
    
O SÉCULO DAS LUZES (Pág.184)
 Descobertas do físico Isaac Newton sobre a gravitação universal e o
  movimento dos corpos – pesquisa científica como forma de
  compreender e explicar o funcionamento da natureza. (Séc. XVIII)
 Explicações racionais para os fenômenos que se observa.
 As ameaças de condenação eterna e a subordinação absoluta ao
  poder divino perdem força. A pesquisa científica ganha impulso.
 O reinado da fé foi substituído pela crença na racionalidade.
  Grandes filósofos como Descartes, Diderot, Voltaire, Rousseau e
  Montesquieu adotam a razão como parâmetro para analisar as
  crenças tradicionais, as organizações sociais (Contrato Social), etc.
 Razão e ciência = “faróis” que guiam o ser humano para longe do
  obscurantismo e da ignorância. Razão = “luz interior”
  (ILUMINISMO= recuperação do espírito experimental, racional,
  que buscava o saber enciclopédico, científico.)
 Enciclopédia = D`Alembert e Diderot (enciclopedistas franceses/1751
  e 1780). Base filosófica da Revolução Francesa.
Natureza: medida de equilíbrio e harmonia
  Três elementos definem a postura ILUMINISTA: razão,
     natureza e verdade.
    A natureza é o único desses conceitos que se manifesta de
     modo concreto para a observação humana, exemplo de
     concretização do BELO, alcançado pela harmonia e
     equilíbrio de seus elementos. Modelo a ser imitado.
    Deus é encarado como uma razão superior, causa primeira, e o
     ser humano torna-se, cada vez mais, senhor do seu próprio
     destino. Cabe a ele estudar e compreender os fenômenos
     naturais à luz da razão, da ciência.
    MOZART = gênio incomparável, cuidado com a harmonia e o
     equilíbrio presentes em todas as formas de arte do século
     XVIII.
    Há crítica da burguesia culta aos demandos do clero e da
     nobreza. A burguesia tem projeção importante nesse século.
O Arcadismo: ordem e convencionalismo
O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou
Neoclacissismo, é o movimento que compreende a produção
literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O nome
faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua
vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e
Calisto).
Região habitada por pastores, um lugar especial, mítico, onde se
associava o trabalho à poesia.
No Séc. XVIII, arcádia          passou     a identificar      as
academias/agremiações de poetas com o objetivo de restaurar o
estilo clássico-renascentista e também combater o
rebuscamento barroco.
Há influência da mitologia greco-romana, deuses e entidades
pagãs, como no Classicismo, que convivem com outros seres do
mundo cristão.
Arcadismo: idealização da vida no campo, calma, simples,
tranquila.
RECRIAÇÃO DO ESPAÇO BUCÓLICO GREGO
 OS CENÁRIOS DOS POEMAS: campos
  verdes, árvores frondosas, ovelhas e gado
  pastando tranquilos, dias ensolarados, regatos
  de água cristalina, aves que cantam (Arcádia).
 Doutrinadores= estudiosos da poética clássica
  que definiam os princípios da produção
  literária artística nas arcádias. Asseguravam à
  literatura neoclássica um caráter convencional.
 Crença na máxima de Boileau: “Só o
  verdadeiro é belo.”
O projeto literário do Arcadismo
 Elementos essenciais do projeto literário do Arcadismo:
  fazer da literatura um instrumento de mudança social.
 Um cenário acolhedor e natural foi a forma encontrada
  pelos autores para divulgar os ideais de uma sociedade
  mais igualitária e justa. Na simplicidade dos pastores, está
  a proposta de uma vida que valoriza menos a pompa e a
  sofisticação, próprias das cortes europeias.
 Dessa forma, o poeta árcade pretende modificar a
  mentalidade das elites, combatendo a futilidade.
 Os poemas do “Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília
  Meireles= intertextualidade com os eventos da
  Inconfidência Mineira.
OS AGENTES DO DISCURSO
Condições de produção semelhantes às do Barroco; isto
  é, os poetas se reúnem em Academias, agora denominadas
  Arcádias, e definem as regras da criação literária, julgando
  a produção uns dos outros.
DIFERENÇA ENTRE ACADEMIAS E ARCÁDIAS:
 Nas academias barrocas, a criação literária era feita
  para surpreender,         espantar por meio do
  rebuscamento. Já nas Arcádias literárias, há o
  combate a esse objetivo. Estas acolhem membros da
  nobreza e da burguesia, criando um ambiente de
  igualdade. Essa é a primeira instituição “oficial” de
  produção cultural que abre as portas para os artistas
  burgueses, sem que eles estejam a serviço de algum
  senhor ou mecenas.
ARCADISMO BRASILEIRO
 As condições    de produção literária no Brasil foram
 bastante afetadas por questões de ordem política. A crise
 da sociedade colonial leva poetas como Cláudio Manoel
 da Costa, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio
 Gonzaga a se envolverem com os acontecimentos
 políticos, que culminaram com a Inconfidência Mineira.
 Muitos dos princípios que defendem aparecem em seus
 versos.
 Durante o Barroco, os poetas escreviam praticamente
 para si mesmos, no entanto, no Arcadismo, a intenção
 era divulgar as ideias em textos acessíveis ao maior
 número de leitores. A poesia deixa de ser um
 divertimento dos salões aristocráticos e começa a circular
 em espaços mais públicos.
O ARCADISMO E O PÚBLICO
 A obra “Marília de Dirceu” (poema lírico), de
  Tomás Antônio Gonzaga, transformou-se no
  primeiro best-seller da literatura brasileira (grande
  número de leitores).
 Tomás, prisioneiro, compunha versos em louvor à
  amada       Maria Doroteia Joaquina de Seixas
  Brandão, sua musa Marília.
 Inicia-se um processo de formação de um público
  leitor brasileiro. Os poetas árcades, principalmente
  Gonzaga, abrem caminho para que, no século XIX,
  os escritores românticos já encontrem um público
  que lê sistematicamente e se interessa por autores
  brasileiros.
O BUCOLISMO
Representação idealizada da Natureza
 como um espaço acolhedor, primaveril,
 alegre. Os poemas apresentam cenários
 em que a vida rural é sinônimo de
 tranquilidade e harmonia. (ver pág. 187/
 poema Lira XXIII (Marília de Dirceu), de
 Tomás Antônio Gonzaga.
BUCOLISMO: faz referência a tudo
 aquilo que é relativo a pastores e seus
 rebanhos, à vida e aos costumes do
 campo (cenários de vida campestre).
O RESGATE DE TEMAS CLÁSSICOS
 Fugere urbem: fuga da cidade, da urbanização; afirmação das
  qualidades da vida no campo;
 Aurea mediocritas: literalmente significa         mediocridade
  áurea (dourada); simboliza a valorização das coisas naturais,
  cotidianas, simples, focalizadas pela razão e pelo bom senso;
 Locus amoenus: caracterização de um lugar ameno, tranquilo,
  agradável, onde os amantes se encontram para desfrutar dos
  prazeres da natureza;
 Inutilia truncat: significa cortar o inútil; eliminação dos
  excessos, evitando-se qualquer uso mais elaborado da
  linguagem.
 Carpe diem: cantar o dia (Horácio). A passagem do tempo é
  que traz a velhice, a fragilidade e a morte, tornando-se
  imperativo aproveitar intensamente o presente.
O PASTORALISMO
Os poetas e suas musas são identificados como
 pastores e pastoras.
A troca dos nomes (pseudônimos) dos membros
 das arcádias era uma forma de eliminar as marcas
 de sua origem nobre ou plebeia. Estabelecia-se
 uma espécie de nobre simplicidade, que eliminava
 qualquer coisa que poderia ser associado à
 artificialidade e à hipocrisia da vida na corte.
Valorizar o saber e a cultura significava encontrar
 meios de “neutralizar” diferenças sociais
 evidentes.
Linguagem: simplicidade acima de tudo
 O Arcadismo adota como missão combater a artificilaidade verbal do
  Barroco. Por isso elege a simplicidade como norma para a criação
  literária.
 Escrever de modo direto, simples e claro, sem rebuscamento
  linguístico; as inversões sintáticas são mínimas. O poeta deseja dar
  destaque às ideias.
 Lira XIX (pág. 188)
  Enquanto pasta alegre o manso gado,
  Minha bela Marília, nos sentemos
  À sombra deste cedro levantado.
             Um pouco meditemos
             Na regular beleza,
   Que em tudo quanto vive nos descobre
             A sábia Natureza.
             […]                            (Tomás Antônio Gonzaga)
 Exemplo de bucolismo/arcádia.
PORTUGAL: MARQUÊS DE POMBAL REEDUCA O PAÍS.
 Liderava a política e a economia do país como primeiro-
    ministro do rei D. José I, e em 1750, procurou elevar
    Portugal à condição das outras nações europeias.
   Reconstituiu a cidade de Lisboa, depois do terremoto de
    1755, com o ouro de Minas Gerais, plano caracterizado pela
    geometrização dos formatos regulares que revela a
    influência do Iluminismo (racionalização máxima da vida)
    Grande obra de Pombal: laicização do ensino que até
    então era controlado pelos jesuítas.
   Volta para Portugal dos “estrangeirados” (intelectuais que
    fugiram da Inquisição).
   Jacó de Castro= reforma do ensino da Medicina.
   Luís Antônio de Verney= autor do “Verdadeiro método de
    estudar” (1746), que reestruturou a educação portuguesa.
AS MUITAS ARCÁDIAS
 Fundação da Arcádia Lusitana, em 1756, em Portugal
 Estatuto em 20 capítulos. Sala de conferência: Monte
  Ménalo. Seus membros deveriam, em dias de reunião,
  trazer um lírio branco em suas lapelas, para evocar a
  Virgem Maria, considerada a protetora da Arcádia.
 Encerramento em 1774, seguida pela fundação de outras
  Arcádias, destacando-se a Nova Arcádia (1790), da qual
  participou Bocage, com o pseudônimo de Elmano Sadino.
 Convencionalismo extremo e tentativa de submeter a
  expressão individual aos preceitos da razão.
 O poeta de maior destaque, mesmo indo além dos
  limites estabelecidos pelo modelo árcade, foi Manuel
  Maria Barbosa du Bocage.
BOCAGE: POETA DAS MANHÃS CLARAS E DAS
         NOITES TEMPESTUOSAS
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1 arcadismo power meire

  • 2.
  • 3. O SÉCULO DAS LUZES (Pág.184)  Descobertas do físico Isaac Newton sobre a gravitação universal e o movimento dos corpos – pesquisa científica como forma de compreender e explicar o funcionamento da natureza. (Séc. XVIII)  Explicações racionais para os fenômenos que se observa.  As ameaças de condenação eterna e a subordinação absoluta ao poder divino perdem força. A pesquisa científica ganha impulso.  O reinado da fé foi substituído pela crença na racionalidade. Grandes filósofos como Descartes, Diderot, Voltaire, Rousseau e Montesquieu adotam a razão como parâmetro para analisar as crenças tradicionais, as organizações sociais (Contrato Social), etc.  Razão e ciência = “faróis” que guiam o ser humano para longe do obscurantismo e da ignorância. Razão = “luz interior” (ILUMINISMO= recuperação do espírito experimental, racional, que buscava o saber enciclopédico, científico.)  Enciclopédia = D`Alembert e Diderot (enciclopedistas franceses/1751 e 1780). Base filosófica da Revolução Francesa.
  • 4. Natureza: medida de equilíbrio e harmonia  Três elementos definem a postura ILUMINISTA: razão, natureza e verdade.  A natureza é o único desses conceitos que se manifesta de modo concreto para a observação humana, exemplo de concretização do BELO, alcançado pela harmonia e equilíbrio de seus elementos. Modelo a ser imitado.  Deus é encarado como uma razão superior, causa primeira, e o ser humano torna-se, cada vez mais, senhor do seu próprio destino. Cabe a ele estudar e compreender os fenômenos naturais à luz da razão, da ciência.  MOZART = gênio incomparável, cuidado com a harmonia e o equilíbrio presentes em todas as formas de arte do século XVIII.  Há crítica da burguesia culta aos demandos do clero e da nobreza. A burguesia tem projeção importante nesse século.
  • 5. O Arcadismo: ordem e convencionalismo O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou Neoclacissismo, é o movimento que compreende a produção literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O nome faz referência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto). Região habitada por pastores, um lugar especial, mítico, onde se associava o trabalho à poesia. No Séc. XVIII, arcádia passou a identificar as academias/agremiações de poetas com o objetivo de restaurar o estilo clássico-renascentista e também combater o rebuscamento barroco. Há influência da mitologia greco-romana, deuses e entidades pagãs, como no Classicismo, que convivem com outros seres do mundo cristão. Arcadismo: idealização da vida no campo, calma, simples, tranquila.
  • 6. RECRIAÇÃO DO ESPAÇO BUCÓLICO GREGO  OS CENÁRIOS DOS POEMAS: campos verdes, árvores frondosas, ovelhas e gado pastando tranquilos, dias ensolarados, regatos de água cristalina, aves que cantam (Arcádia).  Doutrinadores= estudiosos da poética clássica que definiam os princípios da produção literária artística nas arcádias. Asseguravam à literatura neoclássica um caráter convencional.  Crença na máxima de Boileau: “Só o verdadeiro é belo.”
  • 7. O projeto literário do Arcadismo  Elementos essenciais do projeto literário do Arcadismo: fazer da literatura um instrumento de mudança social.  Um cenário acolhedor e natural foi a forma encontrada pelos autores para divulgar os ideais de uma sociedade mais igualitária e justa. Na simplicidade dos pastores, está a proposta de uma vida que valoriza menos a pompa e a sofisticação, próprias das cortes europeias.  Dessa forma, o poeta árcade pretende modificar a mentalidade das elites, combatendo a futilidade.  Os poemas do “Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles= intertextualidade com os eventos da Inconfidência Mineira.
  • 8. OS AGENTES DO DISCURSO Condições de produção semelhantes às do Barroco; isto é, os poetas se reúnem em Academias, agora denominadas Arcádias, e definem as regras da criação literária, julgando a produção uns dos outros. DIFERENÇA ENTRE ACADEMIAS E ARCÁDIAS:  Nas academias barrocas, a criação literária era feita para surpreender, espantar por meio do rebuscamento. Já nas Arcádias literárias, há o combate a esse objetivo. Estas acolhem membros da nobreza e da burguesia, criando um ambiente de igualdade. Essa é a primeira instituição “oficial” de produção cultural que abre as portas para os artistas burgueses, sem que eles estejam a serviço de algum senhor ou mecenas.
  • 9. ARCADISMO BRASILEIRO  As condições de produção literária no Brasil foram bastante afetadas por questões de ordem política. A crise da sociedade colonial leva poetas como Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga a se envolverem com os acontecimentos políticos, que culminaram com a Inconfidência Mineira. Muitos dos princípios que defendem aparecem em seus versos.  Durante o Barroco, os poetas escreviam praticamente para si mesmos, no entanto, no Arcadismo, a intenção era divulgar as ideias em textos acessíveis ao maior número de leitores. A poesia deixa de ser um divertimento dos salões aristocráticos e começa a circular em espaços mais públicos.
  • 10. O ARCADISMO E O PÚBLICO  A obra “Marília de Dirceu” (poema lírico), de Tomás Antônio Gonzaga, transformou-se no primeiro best-seller da literatura brasileira (grande número de leitores).  Tomás, prisioneiro, compunha versos em louvor à amada Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, sua musa Marília.  Inicia-se um processo de formação de um público leitor brasileiro. Os poetas árcades, principalmente Gonzaga, abrem caminho para que, no século XIX, os escritores românticos já encontrem um público que lê sistematicamente e se interessa por autores brasileiros.
  • 11. O BUCOLISMO Representação idealizada da Natureza como um espaço acolhedor, primaveril, alegre. Os poemas apresentam cenários em que a vida rural é sinônimo de tranquilidade e harmonia. (ver pág. 187/ poema Lira XXIII (Marília de Dirceu), de Tomás Antônio Gonzaga. BUCOLISMO: faz referência a tudo aquilo que é relativo a pastores e seus rebanhos, à vida e aos costumes do campo (cenários de vida campestre).
  • 12. O RESGATE DE TEMAS CLÁSSICOS  Fugere urbem: fuga da cidade, da urbanização; afirmação das qualidades da vida no campo;  Aurea mediocritas: literalmente significa mediocridade áurea (dourada); simboliza a valorização das coisas naturais, cotidianas, simples, focalizadas pela razão e pelo bom senso;  Locus amoenus: caracterização de um lugar ameno, tranquilo, agradável, onde os amantes se encontram para desfrutar dos prazeres da natureza;  Inutilia truncat: significa cortar o inútil; eliminação dos excessos, evitando-se qualquer uso mais elaborado da linguagem.  Carpe diem: cantar o dia (Horácio). A passagem do tempo é que traz a velhice, a fragilidade e a morte, tornando-se imperativo aproveitar intensamente o presente.
  • 13. O PASTORALISMO Os poetas e suas musas são identificados como pastores e pastoras. A troca dos nomes (pseudônimos) dos membros das arcádias era uma forma de eliminar as marcas de sua origem nobre ou plebeia. Estabelecia-se uma espécie de nobre simplicidade, que eliminava qualquer coisa que poderia ser associado à artificialidade e à hipocrisia da vida na corte. Valorizar o saber e a cultura significava encontrar meios de “neutralizar” diferenças sociais evidentes.
  • 14. Linguagem: simplicidade acima de tudo  O Arcadismo adota como missão combater a artificilaidade verbal do Barroco. Por isso elege a simplicidade como norma para a criação literária.  Escrever de modo direto, simples e claro, sem rebuscamento linguístico; as inversões sintáticas são mínimas. O poeta deseja dar destaque às ideias.  Lira XIX (pág. 188) Enquanto pasta alegre o manso gado, Minha bela Marília, nos sentemos À sombra deste cedro levantado. Um pouco meditemos Na regular beleza, Que em tudo quanto vive nos descobre A sábia Natureza. […] (Tomás Antônio Gonzaga)
  • 15.
  • 16.
  • 17.
  • 18.
  • 19.
  • 20.
  • 21.
  • 22.
  • 23.
  • 24.
  • 25.
  • 26.  Exemplo de bucolismo/arcádia.
  • 27.
  • 28.
  • 29.
  • 30.
  • 31.
  • 32.
  • 33.
  • 34.
  • 35.
  • 36.
  • 37.
  • 38.
  • 39. PORTUGAL: MARQUÊS DE POMBAL REEDUCA O PAÍS.  Liderava a política e a economia do país como primeiro- ministro do rei D. José I, e em 1750, procurou elevar Portugal à condição das outras nações europeias.  Reconstituiu a cidade de Lisboa, depois do terremoto de 1755, com o ouro de Minas Gerais, plano caracterizado pela geometrização dos formatos regulares que revela a influência do Iluminismo (racionalização máxima da vida)  Grande obra de Pombal: laicização do ensino que até então era controlado pelos jesuítas.  Volta para Portugal dos “estrangeirados” (intelectuais que fugiram da Inquisição).  Jacó de Castro= reforma do ensino da Medicina.  Luís Antônio de Verney= autor do “Verdadeiro método de estudar” (1746), que reestruturou a educação portuguesa.
  • 40. AS MUITAS ARCÁDIAS  Fundação da Arcádia Lusitana, em 1756, em Portugal  Estatuto em 20 capítulos. Sala de conferência: Monte Ménalo. Seus membros deveriam, em dias de reunião, trazer um lírio branco em suas lapelas, para evocar a Virgem Maria, considerada a protetora da Arcádia.  Encerramento em 1774, seguida pela fundação de outras Arcádias, destacando-se a Nova Arcádia (1790), da qual participou Bocage, com o pseudônimo de Elmano Sadino.  Convencionalismo extremo e tentativa de submeter a expressão individual aos preceitos da razão.  O poeta de maior destaque, mesmo indo além dos limites estabelecidos pelo modelo árcade, foi Manuel Maria Barbosa du Bocage.
  • 41. BOCAGE: POETA DAS MANHÃS CLARAS E DAS NOITES TEMPESTUOSAS