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Professor doutor
Fábio do Prado
Reitor do Centro
Universitário da FEI
Caros parceiros,
caros leitores,
caros colaboradores
3ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 3
A última edição de nossa revista Domínio FEI foi habilmente introduzida pelas
palavras do presidente de nossa Fundação Mantenedora – FEI, as quais gostaria de
revisitar ao apresentar esta nova edição, comemorativa aos 10 anos de implantação
do primeiro Programa de Pós-graduação Stricto Sensu da Instituição. Em sua conclu-
são, Padre Theodoro Peters enfatiza: “Partilhando estas convicções, a comunidade
acadêmica do Centro Universitário da FEI reafirma sua vocação inovadora desde a sua
origem, ajudando na formação pessoal e profissional da juventude. (...) Inovadores nos
estudos, nas pesquisas, nos laboratórios, projetos, protótipos e nas atitudes pessoais
e profissionais, desenvolvendo as virtudes de atenção aos outros, consciência reta,
cidadania clarividente, liderança perspicaz. Tornando-se facilitadores para o cami-
nho a ser traçado, a pesquisa a ser implantada, a patente de produtos que só a pessoa
formando-se bem é capaz de criar. Renovar a face da terra, transformar a sociedade,
qualificar a vida é a autêntica Inovação, o projeto divino realizando-se pelas mãos e
mentes humanas. Mãos à obra no atelier da Inovação. Mentes em busca das melhores
opções”.
Estas palavras refletem com precisão, embebidas em alegria e poesia, o espírito da
FEI ao celebrar este importante marco de uma rica história de excelência no ensino, de
valorização da extensão como diálogo imprescindível com a sociedade e da certeza­de
que a pesquisa e a pós-graduação, nesta ordem, são irrenunciáveis para a boa formação
e a geração de um conhecimento capaz de transformar social, econômica e tecnolo-
gicamente o País. Esta última década, celebrada por nossa comunidade, representou
um claro posicionamento institucional em favor da valorização de recursos humanos,
da agregação de competências, da priorização de linhas de pesquisa estratégicas à
sociedade, da publicação dos resultados das pesquisas e da transferência deste conhe­
cimento aos diversos setores sociais.
Colhemos, com as estórias aqui contadas e os resultados aqui apresentados, os
frutos de um projeto de desenvolvimento institucional pautado no valor da geração do
conhecimento como elemento fundamental à qualificação do ensino e, consequente-
mente, como um itinerário eficaz e eficiente de formar inovadores e empreendedores,
mentes em busca das melhores opções e verdadeiros artesãos no atelier da inovação.
Ao celebrar o sucesso do caminho trilhado e partilhá-lo com os nossos parceiros, reite­
ramos nosso compromisso social e nossa compreensão de que o futuro sustentável
se fará por meio de um diálogo franco e frutífero entre todos os agentes econômicos,
políticos e sociais, correspondendo à academia a nobre tarefa de favorecer esta articu-
lação em vista da busca de solução para os reais desafios da sociedade e do indivíduo.
Apreciem mais esse capítulo de nossa história, narrada por seus próprios realizadores,
que aponta para um horizonte real de universidade e de inovação. Boa leitura a todos!
Editorial
Revista Domínio FEI
Publicação do Centro
Universitário da FEI
Centro Universitário da FEI
Campus São Bernardo do Campo
Av. Humberto de Alencar Castelo
Branco, 3972 – Bairro Assunção
São Bernardo do Campo – SP – Brasil
CEP 09850-901 ­– Tel: 55 11 4353-2901
Telefax: 55 11 4109-5994
Campus São Paulo
Rua Tamandaré, 688 – Liberdade
São Paulo – SP – Brasil – CEP 01525-000
Telefax: 55 11 3274-5200
Presidente
Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J.
Reitor
Prof. Dr. Fábio do Prado
Vice-reitor de Ensino e Pesquisa
Prof. Dr. Marcelo Pavanello
Vice-reitora de Extensão e
Atividades Comunitárias
Profª. Drª. Rivana Basso
Fabbri Marino
Conselho Editorial desta edição
Professores doutores Ricardo Belchior Tôrres,
Carlos Eduardo Thomaz e Vagner Barbeta
Coordenação geral
Andressa Fonseca
Comunicação e Marketing da FEI
Produção editorial e projeto gráfico
Companhia de Imprensa
Divisão Publicações
Edição e coordenação de redação
Adenilde Bringel (Mtb 16.649)
Reportagem
Adenilde Bringel, Elessandra Asevedo,
Fabrício F. Bomfim (FEI)
Fotos
Arquivo FEI e Leonardo Britos
Editoração eletrônica
Marcelo Moraes Alvares
Milena Bianchesi
expediente
Centro Universitário da FEI
Instituição associada à ABRUC
Tiragem: 18 mil exemplares
www.fei.edu.br
“Grato pelo envio da edição número 22 (Janei-
ro a Março de 2015) da Domínio FEI. Um pre-
sente e um apelo à inovação. Os reitores, com
sua responsabilidade e incumbência do cargo
(páginas 8-9) e os professores (páginas 10-
11), desde o locus da aprendizagem, abordam
o tema da inovação sob ângulos diversos, mas
complementares. A gestão da universidade, por
um lado, e a didática, núcleo duro da Instituição
(aprendizagem e pesquisa), por outro, clamam
por uma reflexão consequente, eficaz e inadiá-
vel. São conceitos de uma instituição medieval
que requerem revisão orgânica e contínua para
que sejam válidos, hoje, em periodicidade cada
vez mais curta. Daí a necessidade de indicado-
res que ajudem a examinar se estamos sendo a
universidade necessária para hoje e logo mais,
em horizonte sempre renovável. Parabéns pela
coragem de abrir os olhos e encabeçar as an-
tecipações imprescindíveis. Desejo-lhes todo
êxito.”
Antônio Gomes Pereira
Administrador de Empresas
“Gostaria de parabenizar a iniciativa e a quali-
dade do conteúdo das entrevistas e reportagens
da revista Domínio FEI, principalmente as rea-
lizadas com ex-alunos atuando no mercado de
trabalho, que tenho lido com frequência. Nestes
meus anos de experiência profissional até aqui,
incluindo minha atual posição na Boeing, tenho
total certeza e reconheço o valor que o curso do
Centro Universitário da FEI me trouxe, com uma
formação acadêmica sensacional, especialmen-
te nas disciplinas de Resistência dos Materiais.”
Haroldo Chacon
Engenharia Mecânica – Turma 2003
“Considero a revista Domínio FEI um veículo ex-
celente para manter toda a família feiana atua-
lizada sobre as atividades que ocorrem ou são
desenvolvidas no domínio desta Instituição (em
todas as suas especialidades) ou no cenário pro-
fissional (pelos destaques de seus ex-alunos).
Parabéns!”
Estebam Rivero
Engenharia Química – Turma 1966
Fale com a redação
A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões
e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção - S.B.Campo - SP
CEP 09850-901, mande e-mail para redacao@fei.edu.br ou envie fax para o número (11) 4353-2901.
Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. No entanto, nossa equipe agradece
a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação.
As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que citada a fonte.
Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas antecipadamente à redação pelo e-mail
redacao@fei.edu.br.
Espaço do leitor
4 ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
ENTREVISTA
O engenheiro mecânico Luiz
Carlos Cabral fez carreira na
área de ar condicionado e
assumiu, em 2013, a presidência
da unidade da multinacional
japonesa Daikin no Brasil
22
18
DEstaque jovem
•	Ex-aluno de Ciência da Computação é diretor de soluções
	 para Supply Chain na empresa de integração eletrônica Sintel
DEstaques
• Seminatec discute os avanços na área de dispositivos eletrônicos
• Engenharia Elétrica ganha acreditação do sistema ARCU-SUL
• Empresa Júnior FEI comemora 15 anos de existência com festa
• Inova FEI no campus São Paulo premia os melhores trabalhos
• Congresso Brasileiro de Cerâmica reúne especialistas na área
• Portas Abertas apresenta Instituição a estudantes do ensino médio
• Evento discute os caminhos para melhorar a mobilidade urbana
06
16
42
ARTIGO
•	Professor do Centro Universitário da FEI avalia a evolução
	 da pesquisa em robótica, desde o começo dos anos 2000
responsabilidade social
•	Pesquisas desenvolvidas em diferentes cursos de pós-graduação 	
	 stricto sensu da FEI visam atender a diferentes demandas sociais
38
especial
•	Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI) desenvolve 		
	 pesquisas básicas e aplicadas às indústrias desde 1975
40
Pós-graduação
Centro Universitário da FEI
comemora 10 anos de seu
Programa de Pós-graduação
Stricto Sensu com resultados
considerados excelentes
5
Sumário
ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
s avanços alcançados nas aplica-
ções de semicondutores, micro
e nanotecnologias já beneficiam
praticamente todas­as áreas do
conhecimento, além de fa­zerem parte do
cotidiano de todas as pessoas por estarem
presentesnoscelulares,nosautomóveis,na
segurança e na saúde, entre muitos outros
setores. Definida como estratégica pelo
governo federal desde 2005, a área reúne
estudos e projetos com semicondutores,
dispositivos optoeletrônicos, sensores,
micro e nanoestruturas, microssistemas,
dispositivos e circuitos integrados.
Para promover as pesquisas no seg-
mento e permitir a interação entre re­pre­­
sentan­tes de indústria, academia, centros
depesquisaedesenvolvimento,estudantes
e pesquisadores, o Centro Universitário
da FEI sediou, em abril, o X Workshop on
Semi­conductors and Micro & Nano Tech-
nology (Seminatec), encontro realizado
pela segunda vez no campus São Bernardo
do Campo da Instituição. Durante o semi-
nárioforamdiscutidososúltimosavanços
no setor, com apresentações de estudos
que envolvem métodos de fabrica­ção e
aspectos­relacionados a materiais e proje-
tos, por meio de apresentação de pôsteres
e palestras.
Segundo o professor doutor Marcelo
Antonio Pavanello, vice-reitor de Ensino
e Pesquisa da FEI e coordenador geral do
evento, o encontro anual permite que as
instituições apresentem os trabalhos que
estão desenvolvendo e favorece a troca de
experiências,colaborandoparaestimularo
desenvolvimentodeestudosconjuntosem
áreas correlatas. “O Semina­tec possibilita,
ainda, que estudantes que participam em
diversosníveisdepesquisaconsigamassis-
tirapalestrasdepesquisa­doresrenomados
do País e do exterior, o que é muito raro
porque, em geral, estes cientistas só se
reúnememcongressosinternacionais.Isso
demonstra a importância deste encontro
na FEI”, enfatiza.
O Centro Universitário se destaca na
áreapelosdiversosestudosjádesenvolvi­dos
ou em desenvolvimento, que apresen­tam
aperfeiçoamentos e inovações­importan-
tes. Parte desses estudos foi apresentada
em forma de pôster no Semi­na­tec, de um
total de 29 artigos de diferentes institui-
ções. O professor doutor Salvador­Pinillos
Gimenez e o doutoran­do em Enge­nharia
Elétrica Leonardo Navarenho­de Souza
Finoapresentaramoestudo‘OCTOLayout
Variations as an Alternative to Mitigate
TID Effects’, que avalia o estilo de leiaute
octogonal de porta, intitulado­de OCTO,
para a implementa­ção­de transistores de
efeitodecampometal-óxido-­semicondutor
(MOSFET) em circui­tos integrados, tanto
analógicos como digitais, robustos aos
efeitos das radiações io­nizantes. “Este pa-
râmetro elétrico es­tá­­atrelado ao consumo
depotênciadodispositivo,principalmente
nacondiçãodestand-by,resultandonaeco-
nomiadabateriaesuportando,inclusive,a
miniatu­rizaçãodosdispositivoseletrônicos
para aplicação em módulos eletrônicos
automotivos, celulares e, principalmente,
equipamentosmédicos,alémdeaplicações
aeroespaciaisesatélitesartificiais”,explica
Leonardo Fino.
Oartigo‘MOS-BipolarPseudo-resistor
Characterization – Circuit and Extraction
Method’, do professor doutor Renato
Gia­­co­mini e do professor doutorando
Pedro Benko, apresenta um novo método
para realizar a mensuração de resistência
ôhmica de uma determinada topologia
de circuito MOS-Bipolar, denominado
pseudo-resistor, que apresenta valores
ôhmicosextremamenteelevadosparauma
faixaespecíficadetensãoaplicadaentreos
seusterminais.Oobjetivofinaldotrabalho
é a implantação de uma nova proposta de
pré-amplificador para pré-­formatar sinais
biopotenciais, ins­talado diretamente nos
eletrodos-eletróli­tos, com um mínimo de
componentes ex­ter­­nos. “Trata-se de um
estudocomapli­caçãoemâmbitocomercial
e social, pois a utilização em desenvol-
vimentos de novos amplificadores para
biopotenciaisdeveauxiliaremdiagnósticos
médicosemonitoramentosclínicoecirúr-
gico”, acen­tua o pesquisador Pedro Benko.
Para melhorar o desempenho e
agregar­funcionalidades aos equipamen­
tos­­­eletrôni­cos sem aumentar a área
necessária é preciso reduzir as dimensões
dos transistores. No entanto, quando há
miniaturização dos transistores, o dispo-
sitivo deixa de apresentar seu comporta-
mento esperado e surgem diversos efeitos
indesejáveis, denomi­nados short channel
effects. O estudo ‘Short Channel Effects
Comparison between Double and Triple
Gate Junctionless Nanowire­Transistors’,
doprofessordoutorMarceloPavanelloeda
Avanços em dispositivos eletrônicos
Centro Universitário sedia
seminário internacional
que reúne palestras e
pôsteres sobre a área
O
Professor doutor Marcelo Antonio Pavanello, da FEI
ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi6
Destaques
Durante o Seminatec houve um workshop do INCT Namitec, projeto fomentado pelo CNPq, que apresentou o balanço sobre os quase
cinco anos de atividades e conquistas do projeto, que vão desde a melhor integração entre os di­versos grupos de pesquisa até resultados
pontuais. Composto por diversas ins­tituições, entre elas o Centro Universitá­rio da FEI, o INCT Namitec é referência na co­­munidade de micro
e nano­eletrônica na­­cional e congregou o País inteiro em um esforço de sucesso na área. O INCT Namitec tem como objetivo fazer avan­
çar a pesquisa e o desenvolvimento de­sis­temas micro, nanoeletrônicos­e nanoeletromecânicos­in­teligentes para utilização em redes de
sen­sores incorporados e sistemas autoajustados, entre outros, com aplica­ções em diferentes segmentos, como agri­cul­tura de precisão e
telecomunicações. O instituto é composto por 124 pes­qui­sadores, sendo 46 contemplados com recursos do CNPq, e por 25 instituições de
ensino espalhadas por 13 estados. O programa possui, ainda, cursos de cur­ta duração e especialização e é responsável pela formação de
250 mestres, 100 doutores e 250 participações em iniciação científica. “Colaboramos com equipes e empresas nacionais e­inter­nacionais
de pesquisa. A tradição de cooperação internacional com empresas lo­cais demonstra o esforço na transferência de conhecimentos e de
apoio para o desenvolvimento industrial do País”, explica o professor doutor Nilton Morimoto, da USP, um dos representantes do INCT.
mestranda em Engenharia Elétrica Bruna
Cardoso Paz faz uma análise quantitativa
dessesefeitos,comparandoduasarquitetu-
ras diferentes (porta dupla e porta tripla,
ambas tridimensionais) de um tipo de
transistor inovador denominado nanofio.
Relevância
Opro­­fessordou­torGustavoDalpian,da
Uni­ver­­sidade Fe­deral do ABC, ministrou a­
palestra ‘Theory of­resistive switching in
memristors’; e o pro­fes­sor doutor Ed­val­
San­tos, da Universi­dade Federal de Per­­
nam­­buco, o estudo ‘Smart sensor techno-
logy for niche applications’. O professor
doutorAntonioPetraglia,daUniversidade
Federal do Rio de Janeiro, abordou o tra-
balho ‘On-­chip­capacitance ratio measure­
ment­usingaswitched-­capacitorfilter’,eo
profes­sor doutor Gilson Inácio Wirth, da
Universi­da­deFe­­deraldoRioGrandedoSul,
o­es­tudo ‘Reliability of MOS Devices and
Cir­cuits’.­ O professor doutor Ed­­­mundo
Gutiérrez Domínguez, do Ins­ti­­­tuto Na-
cional de Astrofísica, Óptica y Elec­trónica,
do México, ministrou a palestra ‘Thermo­
magneticeffectsinnanoscaledFET’s:cha-
racterization, modelling and simulation’.
Tambémforamapresentadostrabalhosda
UniversidadedeSãoPauloedaUniversida-
e semicondutores
O professor doutor Edmundo Gutiérrez, do Ins­ti­­­tuto Nacional de Astrofísica, Óptica y Elec­trónica, do México, ministrou palestra durante o evento
INCT Namitec
de Estadual de Campinas, instituições que
fizeram parte da organização. Na palestra
daTektronix,empresaqueoferecesoluções
de teste e me­dição, os destaques foram
os desafios e as dificulda­des que os pes-
quisadores enfren­tam ao fazer medições
em baixa escala, como alto ampere, e as
interferências­como ruído, temperatura,
cabeamento e am­biente. Também foram
apresentadosequipamentosetécnicaspara
medições. “Como a FEI possui um centro
depesquisacomequipamentosdemedição,
é importante mostrar as aplicações e solu-
ções”, explica Raphael Motta, engenheiro
de aplicação da empresa.
7ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
Entre os melhores do Mercosul
Engenharia Elétrica é o
terceiro curso do Centro
Universitário certificado
pelo Sistema ARCU-SUL
O
Sistema ARCU-SUL tem por
objetivoestabelecerparâ­metros
regionais de qualidade para
cursos de ensino superior, a
fim de garantir a melhoria contínua na
formação universitária por meio da pro-
moção do desenvolvimento educacional,
econômico, social, político e cultural dos
países que integram o Mercado Comum
doSul(Mercosul).Ocursode Engenharia
ElétricacomênfaseemTelecomunicações
do Centro Univer­sitário da FEI é o mais
recente da Instituição a conquistar o selo
do Sistema de Acreditação Regional de
Cursos Superiores dos Estados do Merco-
sul e Estados Associados (Sistema ARCU-­
SUL). Em 2014, os cursos de Engenharia
Mecânica e Engenharia Têxtil já haviam
recebido a certificação, que atesta a qua-
lidade acadêmica também na Argentina,
Bolívia, Colômbia, Venezuela, no Chile,
Paraguai e Uruguai.
O reconhecimento é um parâmetro
importante para a cooperação interna-
cional com outras instituições de ensino
superior, fomentando atividades cola-
borativas e de mobilidade acadêmica de
alunoseprofessorescomosdemaiscursos
acreditadosnocontinente.“Acertificação
será um atrativo para estudantes das
nações do Mercosul que desejam cursar
a graduação no Centro Universitário da
FEI. Além disso, representa o reconhe­
cimento do governo brasileiro quanto à
formação oferecida pelo curso de Enge-
nharia Elétrica da Instituição”, afirma o
professordoutorRenatoGiacomini,chefe
doDepartamentodeEngenhariaElétrica,
ao informar que há interesse de expandir
aobtençãodeacreditaçõesinternacionais
de qualidade para países como Canadá e
Estados Unidos.
Implantado em 2008, o Sistema
ARCU-SUL outorga uma declaração de
qualidade para a formação oferecida pe-
las institui­ções de ensino superior, como
recursoparareconhecimentoecredencia-
mento das mesmas. Em 2009, o Sistema
ARCU-SUL iniciou o primeiro ciclo para
a acreditação dos cursos de Engenharia
ministrados por universidades brasilei-
ras. De adesão voluntária, a proposta
permite a participação de instituições
com, ao mínimo, 10 anos de existência,
que desenvolvem atividades de ensino,
pesquisa e extensão e participam do Sis-
tema Nacional de Avaliação de Educação
Superior (Sinaes), com conceito igual ou
superior a 4.
Oprocessodeacreditaçãocomeçacom
a consideração de bons resultados alcan-
çadosnoExameNacionaldeDesempenho
de Estudantes (ENADE). Depois, o curso
passa por uma avaliação rigorosa que
inclui entrevistas com alunos, ex-alunos,
corpo docente e pessoal técnico-admi-
nistrativo. Além disso, uma comissão do
InstitutoNacionaldeEstudosePesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP), en-
tidade reguladora desse processo no País,
verifica junto a executivos do setor se as
competênciasapresentadaspelosegressos
estavamdeacordocomasnecessidadesdo
mercado de trabalho.
Destaques
o ano 2000, quatro alunos da
FEI tiveram a iniciativa de im-
plantar uma empresa júnior no
Centro Universitário, inspira-
dos por outras instituições de ensino
superior, motivados pela falta de uma
interação maior com empresas durante
a graduação e com objetivo de ter possi-
bilidades de vivência empresarial. A ideia
deu certo e, 15 anos depois, a Júnior FEI
se orgulha de seu crescimento e por ter se
tornado um potencializador de carreiras
que contribui para que jovens universi-
tários adquiram experiência corporativa
antes mesmo de se candidatarem à pri-
meira vagadeemprego.Paracelebraressa
e outras conquistas, membros da atual
Júnior FEI e ex-alunos que fizeram parte
dahistóriadaempresasereuniramnodia
20 de março, no campus São Bernardo do
Campo, para celebrar.
Júnior FEI comemora 15 anos
Celebração de aniversário
envolve retrospectiva, festa
e planejamento para a
nova gestão da empresa
A comemoração também foi marcada
pela cerimônia de troca de gestão, quan-
doosmembrosqueassumiramaempresa
neste ano apresentaram as expectativas
e metas para o biênio 2015/2016. Na
celebração, os 15 anos de história da
Júnior FEI foram contados por diversos
membros e ex-alunos que fizeram parte
da empresa, como o engenheiro civil
Felipe Sigollo, primeiro presidente da
empresa júnior – hoje secretário adjunto
do governo do Estado de São Paulo – que
ficou admirado com a evolução e com os
resultados apresentados ao longo dos
últimos anos. “Os números são impres-
sionantes. Os alunos estão de parabéns
e a FEI, que apoiou esse crescimento,
também. Depois de 15 anos, ver esse
pessoal entusiasmado, cheio de energia e
motivação é muito gratificante”, destaca.
O aluno do 10º ciclo de Engenharia de
Produção,MarcelloDanelli,diretordeRe-
cursos Humanos da Júnior FEI em 2012,
contou como a experiência na empresa
júnior foi determinante para entrar no
mercado de trabalho. O engenheiro lem-
braqueparticipoudeumprocessoseletivo
em que apenas membros de empresas
juniores poderiam se inscrever. “Acredito
que o diferencial tenha sido todos os en-
sinamentos que a Júnior FEI me propor-
cionou ao longo dos dois anos e meio em
que passei na empresa. Pude relatar não
sóuma,masváriasexperiênciasedesafios
profissionaisquevivencieiaquinaJúnior
FEI, o que com certeza me ajudou a con-
seguir a vaga”, acentua.
Presidente da Júnior FEI em 2013 e
2014, Matheus Martin Garcia destacou,
entre as conquistas de sua gestão, o re-
conhecimento e o apoio que a FEI tem
dado à Junior FEI e a seus projetos. “A
confiança que a Instituição deposita em
nós é muito importante. Só o fato de
ceder o nome FEI, que é muito reconhe-
cido, é um diferencial incrível que essa
gestão conseguiu trabalhar bem e que
contribuiu para o sucesso dos nossos
projetos”, enfatiza, ao passar o bastão
ao novo presidente, Luis Felipe Ulian,
que assumiu a função. O jovem lembra
que, independentemente do cargo que
se assume, participar de uma empresa
júnior é um diferencial no currículo,
principalmente pelo fato de que os par-
ticipantes aprendem e se desenvolvem
dentro do perfil empreendedor que as
empresas buscam.
N
9ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
m uma ação inédita no Brasil, o
Centro Universitário da FEI e o
Centro Paula Souza, que pertence
aogovernodoEstadodeSãoPaulo,
se uniram para premiar ideias inovadoras
deprofessoresdeEscolasTécnicas(ETECs)
quetinhamcomofocoainovaçãonaeduca­
ção.DivididonascategoriasEmpreendedo­
rismo, Sustentabilidade e Inovação, o
prê­mio faz parte de um projeto com duas
etapasposteriores,queenvolvemacriação
de plataforma online que reunirá as ideias
maisinovadoraseumcursodecapacitação
para professores pré-selecionados.
A cerimônia de premiação da primeira
etapa do projeto, que é o reconhecimento
pelas ideias inovadoras, foi realizada em
23 de abril no campus São Paulo da FEI. O
reitor do Centro Universitário, professor
doutorFábiodoPrado,destacaaimportân­
cia do prêmio como um divisor de águas
FEI e Centro Paula Souza premiam
Professores de escolas
técnicas foram destaques
em três categorias
E
em termos de parcerias por uma educação
cada vez mais qualificada, que beneficia
nãosóosagentesdaeducação,mas,princi­
palmente, os alunos. “Desejamos que essa
iniciativa seja a primeira de muitas outras
parcerias,equeoprêmiosirvadeestímulo
para muitos outros professores que quei-
ram aplicar inovações no ensino”, afirma.
OpresidentedaFundaçãoEducacional­
Inaciana Padre Sabóia de Medeiros, man-
tenedora do Centro Universitário da FEI,
Padre Theodoro Peters, enfatiza que a
parceria é uma celebração da inteligência
humana,poissãoinstituiçõesquepossuem
uma sinergia inovadora nos estudos, nas
pesquisas, nos laboratórios, projetos e nas
atitudes pessoais e profissionais. “Todos
queremosdaronossotalentoparaajuven-
tude,renovarafacedaterra,transformara
sociedade,qualificaravida–queéaautên-
ticainovação–,eessaparceriaéoprimeiro
passo para essas realizações”, declara.
Um dos idealizadores do prêmio, o
professor doutor Edson Sadao, do Depar-
tamentodeAdministraçãodaFEI–campus
SãoPaulo,acrescentaqueainiciativaésem
igual no País e deverá colaborar para a me-
A ideia de utilizar o Quick Response – QR Code (Código de Res­
posta Rápida) em sala de aula foi o projeto idealizado pelo professor
Alison da Rocha Alves, da ETEC zona sul – Extensão CEU (bairro Vila
Rubi/SP), premiado com o primeiro lugar na categoria Inovação. No
projeto ‘Ensinando com QR CODE’, o código de barras QR Code é
disponibilizado pelo professor para que os alunos, usando aplicativos
gratuitos, escaneiem o código através de aparelhos celulares e tablets.
Após a decodificação, o código é direcionado a um conteúdo (textos,
imagens, vídeos) cadastrado pelo docente. A tecnologia, que come­
çou a ser usada em 2014, proporciona um melhor aproveitamento
do tempo do professor com o aluno, assim como mais interação no
aprendizado.
O idealizador lembra que essa iniciativa vem ressaltar e valorizar
a relevância do papel e do trabalho do professor nos dias atuais, nem
semprevalorizadocomodeveria,emumaépocademuitasmudanças,
rápidas e constantes, e desafios novos, o que exige cada vez mais pes­
soaspreparadas,habilitadasecompetentes.“Essaspessoassetornam
lhoria do ensino técnico no Estado de São
Paulo,pormeiodoreconhecimentoedaca-
pacitaçãodosprofessores.“Precisamoster
professores preparados para dar o melhor
em sala de aula. Este prêmio é apenas um
catalizador para conhecer professores que
já estão aplicando inovação na educação.
Projetos vencedores envolvem diferentes ações
preparadas, habilitadas e competentes com a colaboração de várias
outras ao longo da vida, como familiares e, principalmente, professores.
Agradeço e parabenizo a FEI e o Centro Paula Souza por essa parceria e
iniciativa que valoriza e incentiva os professores a continuarem a fazer a
diferençanavidadeseusalunos,plantandoasementedoconhecimento
para amanhã florir mudança”, enfatiza.
Na categoria Empreendedorismo, o vencedor foi o projeto do pro­
fessor do curso técnico em Administração da ETEC Gildo Marçal Bezerra
Brandão (Perus/SP), Silvio Rodrigo dos Reis Prestar. Em seu projeto inti­
tulado ‘Criação, implantação e administração de empresa júnior’, alunos
doensinomédioprestamserviçosdeconsultoriaadministrativa,contábil
e logística a microempresas da região de Perus, bairro da zona norte de
São Paulo, por meio de uma empresa júnior. “O projeto visa aprimorar
a capacidade e habilidade gerencial, oratória e escrita dos alunos, e pro­
porcionar uma compreensão da vivência profissional, além de melhorar
a gestão interna das empresas e o desenvolvimento econômico do bair­
ro”, explica o docente.
10 ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
Destaques
projetos inovadores
Parabenizamosessesdocentesedesejamos
queesteprêmiosejaoprimeirodemuitos”,
reforçaocoordenadordoInovaPaulaSou­
za,OswaldoMassambani.Oeducadordes-
taca que um dos pontos mais importantes
para o desenvolvimento de um país é o
investimento no capital humano. Por isso,
quando se trata de educação, quanto mais
se investe em professores melhores serão
os alunos. Para a superintendente do Cen-
troPauloSouza,LauraLaganá,ainiciativa
provocada pela FEI é muito importante,
principalmente por estimular os profes-
sores a inovar, além de contribuir para a
formação técnica e a inserção dos alunos
no mercado de trabalho. “Agradecemos à
FEI por essa parceria. Desejamos que esse
projeto seja um estímulo para outras ins-
tituições e professores que acreditam que
a educação é o melhor caminho para uma
sociedade ética”, acentua.
Na categoria Sustentabilidade, o projeto da professora Silvia Helena
Ferreira Pagliarini Zen Gorayeb, da ETEC José Martimiano da Silva, de Ri­
beirãoPreto,interiordeSãoPaulo,foiovencedor.“Aideiaébuscarapar­
ticipação solidária dos alunos na comunidade com a execução de tarefas
deacordocomaáreadeestudo,pormeiodeumacampanhaparaajudar
entidades assistenciais”, explica. Os estudantes do curso de Edificação,
por exemplo, sugerem melhorias físicas, acessibilidade, orientações para
economia de água e energia e plantio de árvores, enquanto os alunos do
curso de Saúde Bucal ficam encarregados de desenvolver palestras para
crianças, adolescentes e idosos.
Os vencedores foram indicados por uma banca examinadora for­
mada por profissionais reconhecidos nas áreas de educação, empreen­
dedorismo, sustentabilidade e inovação: Camila Cheibub Figueiredo,
assessora da presidência da Fundação Educar DPascoal; José Carlos
Barbieri, professor da Escola de Administração de Empresas de São Pau­
lo, mantida pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV); Juliano Seabra,
presidente executivo da empresa Endeavor; Marcus Alexandre Y. Salus­
se, empresário e doutorando em Empreendedorismo na EAESP-FGV;
Maria Amélia Lopes Sampaio, assessora da presidência do Instituto
de Cidadania Empresarial (ICE); Ricardo Voltolini, presidente da em­
presa Ideia Sustentável; e Celso Fonseca, coordenador executivo do
Observatório de Inovação da Universidade de São Paulo (USP).
Próximos passos
Em uma segunda etapa será criada uma plataforma online com
os projetos premiados, que poderão ser compartilhados entre todos
os professores da rede de ETECs em São Paulo. Na terceira etapa se­
rão ministrados cursos de capacitação para 40 professores da Grande
São Paulo, inscritos no projeto e selecionados pelo Centro Universitá­
rio da FEI e pelo Centro Paula Souza, que participarão de 60 horas de
apresentações e discussão das melhores práticas, seminários e work­
shops. “Os professores serão convidados a apresentar, ao final do
curso,projetosdemelhoriaparaseuscolégios,eostrêsmelhoresvão
receber prêmios em dinheiro”, completa o professor Edson Sadao.
Da esq.: Os professores
premiados Alison da
Rocha Alves,Silvia
Helena Ferreira
Pagliarini Zen
Gorayeb (de rosa) e
Silvio Rodrigo dos
Reis Prestar (mais
alto) com o presidente
da FEI, Padre
Theodoro Peters, a
superintendente do
Centro Paula Souza,
Laura Laganá, o reitor
do Centro Universitário
da FEI, professor doutor
Fábio do Prado, e a
vice-reitora Rivana
Basso Fabbri Marino
11ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
CongressoBrasileirodeCerâmi-
ca é o mais antigo e importante
evento do setor no Brasil e reú-
ne representantes de diversos
segmentos, como instituições de ensino
e pesquisa, fabricantes de produtos cerâ-
micosefornecedoresdematérias-primas,
equipamentos e insumos. O encontro
também é destinado à discussão dos úl-
timos avanços na área e visa promover a
interação dos diversos setores cerâmicos
no Brasil. O Centro Universitário da FEI
participadetodasasediçõesdocongresso
com trabalhos de iniciação científica e
dissertações de mestrado e, neste ano,
foi copatrocinador do encontro, o que dá
ainda mais visibilidade para a Instituição
peranteacomunidadeceramistanacional
e internacional.
A59ªediçãofoirealizadaemmaio,em
Sergipe, e abordou temas relacionados
aos diversos segmentos da área, como
cerâmica vermelha e de revestimento,
vidros, refratários, cerâmica técnica,
biocerâmica, nanotecnologia e novos
materiais, entre outros. Também foram
discutidos temas de interesse geral,
entre os quais energia, meio ambiente,
recursos minerais, inovação tecnológica,
qualidade, ensino, recursos humanos e
panoramas setoriais. O encontro reuniu
pesquisadores de todo o Brasil e de vários
países, como Suíça, Espanha, Portugal
e Japão, que participaram de palestras,
sessões orais e apresentação de pôsteres.
Cerca de 50 trabalhos orais e 500 na for-
ma de pôster foram apresentados, assim
comopainéissobreasoportunidadespara
osetorcerâmiconaáreadedefesaesobre
mineração e matérias-primas cerâmicas.
Cerâmica é foco de evento
Centro Universitário participa
como copatrocinador e
apresenta quatro estudos
O
Também foram oferecidos três mini-
cursos e realizadas duas plenárias, que
abordaramostemas‘Biologicallyinspired
compositesandceramicseBiocompatible
and Antibacterial Phosphate Free Glass­
Ceramics for Medical Applications’. A
FEI apresentou os trabalhos ‘Obtenção e
caracterização de SnO2
dopado com Sr2+
via mistura de óxidos’, ‘Determinação do
limite de resistência a flexão e módulo de
Young da cerâmica composta por SnO2
dopado com 0,2% e 0,5% em mol de
manganês’, ‘Avaliação da transformação
mecanoquímica e hidrotérmica em um
pó de alumina moído a úmido por análise
térmicaemicroscopiaeletrônicadetrans-
missão’ e ‘Conformação por gelcasting de
blocosporososemonolíticosdebeta-TCP
sintetizadoporprecipitaçãoviaúmida’,os
dois últimos em parceria com a Universi-
dade Federal do ABC (UFABC).
Os professores doutores do Departa­
mento de Engenharia de Materiais do
Centro Universitário da FEI, Fernando
dosSantosOrtegaeGilbertoJoséPereira,
que atuam diretamente na área de cerâ-
mica, fizeram parte da comissão organi-
zadora.“ComoaEngenhariadeMateriais
é multidisciplinar, envolvendo uma forte
interação com outras áreas, temos coo-
peração de outros departamentos, como
a Engenharia Mecânica e a Química, e
tambémcomoutrasinstituições”,explica
o professor Fernando dos Santos Ortega,
que foi chair do congresso. O docente
destaca que a FEI tem uma excelente
infraestrutura na área de processamento
demateriaiscerâmicosedecaracterização
de propriedades e, naturalmente, essas
característicasacabamresultandoemum
forte trabalho de pesquisa com materiais
cerâmicos.
O professor doutor Fernando dos Santos Ortega foi chair do congresso
Arquivopessoal
12 ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
Destaques
relação da FEI com seus ex-alunos é marcada por orgu­
lho e saudosismo, adjetivos que compõem a história
da Instituição e dos seus mais de 60 mil profissionais
formados. E foi essa relação afetuosa que motivou mais
de50ex-alunosavisitaremoscampiSãoBernardodoCampoeSão
Paulo durante o FEI Portas Abertas, evento realizado anualmente
com objetivo de apresentar o Centro Universitário e seus cursos e
ofereceraopúblicoexternoaoportunidadedeconhecerainfraes-
truturadoscampi,osprojetos,aspesquisaseainovação.Duranteo
FEIPortasAbertas,osmaisde2milvisitantesquecircularampelos
campiconheceramainfraestruturadelaboratóriosesalasdeaula,
eparticiparamdasmaisde80atividadeseexperiênciasnoscursos
deAdministração,CiênciadaComputaçãoeEngenharia.OPortas
Abertas no campus São Bernardo do Campo, que está na sétima
edição, recebeu estudantes do ensino médio de escolas públicas e
particulares, cursinhos e escolas técnicas, muitos acompanhados
dos pais, no dia 16 de maio.
Um dos ex-alunos presentes era Vinícius Bianchi Soares,
formado em Engenharia Química em 2011 e atual coordenador
e professor do ensino médio e técnico da ETEC de Cubatão. O en-
genheiro fez questão de compartilhar com seus alunos um pouco
de tudo o que viveu na Instituição. Além de apresentar o universo
acadêmico,ViníciusSoarestambémreencontrouprofessorescom
quem teve aulas e conferiu as mudanças no campus. “Assim que
fiquei sabendo do evento inscrevi a escola, porque gostaria muito
que os alunos vivenciassem a experiência do dia a dia de uma fa-
culdadee,principalmente,daFEI,quefoiaInstituiçãoresponsável
pela minha formação profissional. É muito bom retornar a essa
casaquetantomeensinou,reverprofessores,comoLuizNovazzie
MaristhelaMarin,evercomoainfraestruturadaFEItemcrescido
com novos laboratórios e prédios reformados”, destaca.
Amauri Sid Vargas também viu no Portas Abertas a oportuni-
dade de voltar à FEI, 21 anos depois de formado, e compartilhar
comosfilhoseaesposaumpoucodessaexperiência.Formadoem
O bom filho a casa torna
Ex-alunos da FEI aproveitam o Portas Abertas
para reviver bons momentos na Instituição
A
EngenhariaMecânicaAutomobilísticaem1994,oengenheirorela-
ta que, ao andar pelo campus, flashes de memória foram surgindo
e fazendo com que as boas lembranças – como o convívio com os
colegaseprofessores–semisturassemcomasnãotãoboas–como
as temidas P1, P2 e P3. “É interessante ver as mudanças na FEI.
Prédiosreformados,laboratóriosque,naépocaemqueeuestuda-
va, já eram condizentes e que, hoje, são infinitamente melhores.
É um orgulho e uma alegria retornar a esta Instituição”, ressalta.
São Paulo
No dia 9 de maio, foi o campus São Paulo que abriu as portas
para receber aproximadamente 200 visitantes, que participaram
de diversas atividades focadas no curso de Administração. Os
estudantes também visitaram a 17ª Feira de Empreendedorismo,
que tem como objetivo desenvolver o espírito empreendedor e
estimular a prática de negócios pelos alunos de Administração.
Durante o evento, mais de 15 projetos foram apresentados.
O engenheiro Amauri Sid Vargas trouxe a família para conhecer a FEI
13ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 13
PinkBadger/istockphoto.com
Mobilidade com foco nas bicicletas
A inserção de ciclovias é
um tema novo no País
e ainda gera diferentes
opiniões e pontos de vista
O
do consumidor com o comércio de rua. No
entanto, para que a bicicleta seja aceita é
preciso educar a sociedade para o compar-
tilhamentodoespaçoeaconvivênciaentre
ciclistas,pedestresemotoristas”,enfatiza.
São Paulo possui um plano cicloviário
que tem como meta implantar 465 km de
ciclovias até dezembro de 2016 e, em 15
anos,disporde1500km.Hoje,omunicípio
tem282,2km,masbuscaatransformação
paraqueoprogramaalcanceseusobjetivos.
Muitas travessias de rios, como pontes e
viadutos, não foram construídas para pe-
destres e ciclistas, havendo a necessidade
deadequação,porisso,cincojáforamalte-
radas e, até o próximo ano, serão mais 13.
Para áreas que não comportam alteração
serão construídas ciclopassarelas, sendo
quatroaté2016e12até2030.“Oconceito
principal da implantação é a sustentabili-
dade,alémdeatenderademandaexistente
de redução de ruído e poluentes”, explica
Ronaldo Tonobohn, superintendente de
planejamentodaCompanhiadeEngenha-
ria de Tráfego (CET) de São Paulo.
Na esfera da educação, o arquiteto e
urbanista Ricardo Corrêa, sócio fundador
da empresa de planejamento urbano TC
UrbesecriadordamarcaUrbanaBicicletas,
acreditaquesejanecessárioumtrabalhona
mudança da cultura em relação à bicicleta
no Brasil, que demanda um processo de
aprendizado e transformação. Um dos
pontospositivosdestacadoséqueaPolítica
Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU)
agora também tem como foco o ciclista e,
trânsitoéumdosmaioresproble-
mas enfrentados pelas grandes
cidades,quebuscamalternativas
para facilitar o direito de ir e vir
da população. No entanto, por falta de
planejamentoeinvestimentonosmeiosde
transporte público, como trens, metrôs e
ônibus,boapartedosmoradoreséobrigada
a se deslocar de moto e carro que, muitas
vezes,transportamapenasumpassageiro.
Em busca de soluções para essa questão,
algumas metrópoles passaram a enxergar
nabicicletaumaalternativaparadesafogar
o trânsito, a exemplo de São Paulo, que
investiu R$ 29 milhões para a implanta-
ção de 142 km de ciclovias em 2014. Para
debaterarelaçãodousodasbicicletascom
a economia e a saúde, além da cultura do
compartilhamento,oCentroUniversitário
daFEIorganizou,emmaio, nocampusSão
Paulo, o encontro Mobilidade Urbana em
SP: ciclovias em debate.
Oeventoabordouumaquestão­polêmi-
ca e com grande resistência na sociedade,
pois implica alterações e entendimento
sobreaspolíticaspúblicasquepromovem
a inclusão. Para o professor doutor Jac-
quesDema­jorovic,doDepartamentode
Administração da FEI, que organizou
o de­bate, as ciclovias e a bicicleta
não são a solução para a mobilida-
de, mas não é possível melhorar
a mobilidade em São Paulo sem
incluí-las. “Trata-se de um meio
de transporte que, além de tirar
o carro da rua, amplia a relação
A poluição e os acidentes são os fatores que mais interferem na decisão de mui­
tos que resolvem usar a bicicleta como meio de transporte. Por isso, a professora
doutora Thais Mauad, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (FMUSP), avaliou vantagens e desvantagens do
uso da bicicleta para a saúde. Os acidentes com bicicletas costumam ocorrer
mais frequentemente nas grandes cidades e nos fins de semana, sendo os ho­
mens e idosos as maiores vítimas. O trauma craniano corresponde a 40% das
consequências e, em 2014, foram registrados 47 casos fatais na cidade de São
Paulo. Em relação à poluição, como o ciclista respira mais vezes por minuto
Benefícios comprovados para a saúde
Destaques
Ronaldo Tonobohn, José Roberto de Toledo, Ricardo Corrêa, Thais Mauad e Jacques Demajorovic
com isso, a bicicleta passou a ser relevan-
te nos planos dos governos que querem
acesso aos recursos federais.
Segundooarquiteto,uma‘cidadeci­clá­
vel’ permite ao ciclista ir para todos os lu-
garescomconfortoesegurança.Assim,no
plano cicloviário é necessário ter um pla-
nejamentodeinfraestrutura,deeducação
e informação, orçamentário e de gestão.
“Fatores como clima, relevo, arbo­ri­zação,
história, perfil socioeconômico,­sistema
viárioedensidadedemográficadevemser
levados em consideração. Não existe um
padrão universal e cada espaço precisa de
umcritérioparaaimplantação”,acentua.
O aumento das ciclovias também reflete
em novas oportunidades no mercado de
bicicletas,comoomodelochamadoe-bike,
uma bicicleta elétrica que pode chegar a
25km/h na rua. Com apenas 25 quilos, a
bicicleta suporta até três vezes seu peso
e tem menor geração de carbono do que
qualquer outro veículo de transporte.
Adeptodae-bike,ojornalistaJoséRoberto
deToledo,doportalEstadão,asseguraque
custabemmenosqueumcarro–cercade
U$S500–,tembaixamanutenção,éisen-
tadeIPVAenãonecessitadecombustível,
pois funciona com bateria. “Pelo fato de
ser elétrica, o esforço do ciclista é bem
menor e é possível andar em locais com
ladeiras.Hoje,existem200milhõesdessas
bicicletas na China e o mercado passou a
enxergá-las como uma fonte de renda,
tanto que fabricantes de bicicletas, auto-
peças e automóveis já demonstraram o
interesseeminvestirnonegócio”,afirma.
Novidades
Após o debate, a empresa Base Bike
Storeofereceuumaoficinasobrecuidados
comabicicleta,manutençãopreventivae
importânciadeacessórioseequipamentos
de segurança. Os participantes também
conheceram o aplicativo desenvolvido
porquatroalunosdo3ºciclodeAdminis­
tração, chamado Bora de Bike, que visa
otimizar o uso das ciclovias por meio de
informaçõessobrerotas,grupos,oficinas,
clima,lojasespecializadas,estacionamen-
tos e locais para aluguel. Um ex-aluno de
Administração,apresentouoequipamen-
to es.charger, que aproveita o movimento
das pedaladas para gerar energia para
carregarocelular(ouqualquer­dispositivo
USB)emanterluzesdesegurançaacesas.­
que o motorista, a exposição aos poluentes é maior. No entanto, o risco de mortalidade atri­
buída à poluição para aqueles que pedalam entre 30 e 60 minutos por dia é de apenas 0,05%.
Em contrapartida, o grande benefício do uso constante da bicicleta é a atividade física,
uma vez que pedalar 30 minutos por dia atinge a meta estipulada de exercícios para manter
a qualidade de vida e diminuir os riscos de diabetes, obesidade, osteoporose e depressão.
“Um estudo mostrou que, embora o risco relacionado à poluição tire 21 dias de vida e os aci­
dentes fatais subtraiam sete dias, a atividade física proporcionada pelas pedaladas aumenta
em oito meses a expectativa de vida. Na balança, o uso da bicicleta tem um ganho maior”,
complementa a professora.
O professor do Departamento de Fí­
si­­ca, Arthemio Aurélio Pompeo Ferrara,
começou a dar aulas na antiga Faculdade de
Engenharia Industrial (FEI), em 1º de agosto
de 1964 e, desde então, tem se dedicado
à arte de ensinar. O professor coordenou o
Departamento de Física desde a sua criação,
em 1968, até 1997, quando foi indicado
para coordenar a disciplina Mecânica Geral
II. Desde 2002, coordena a disciplina Dinâ­
mica do Corpo Rígido. Para homenagear
toda a dedicação e o empenho do docente,
o Centro Universitário da FEI concedeu,
em cerimônia no dia 6 de maio, o título de
Professor Emérito, pelos 50 anos de serviços
prestados ao ensino, à pesquisa e à extensão
universitária.
“Em todas as disciplinas, o professor
Arthe­­mio contribuiu para criar o padrão FEI
de excelência, além de ter tido um papel
importante na consolidação dos laborató­
rios de Física como elementos essenciais na
formação em Engenharia”, destaca o coorde­
nador do Departamento de Física, professor
doutor Roberto Baginski. Admirado pelos
alunos e pelos colegas, o professor Arthemio
Ferrara é autor de sete livros, que cobrem
todas as áreas clássicas da Física e foram,
por muitos anos, a bibliografia básica das
disciplinas de Física da FEI.
“A contribuição do professor Arthemio
ajudou no crescimento de qualidade de nos­
sos estudantes, professores, pesquisadores,
bem como dos antigos alunos, hoje profis­
sionais atuando em suas especialidades”,
ressalta o presidente da FEI, Padre Theodoro
Peters S.J. O reitor do Centro Universitário,
professor doutor Fábio do Prado, lembra
que a homenagem atesta o lastro de realiza­
ções em sua carreira de magistério, a larga
contribuição ao Departamento de Física e à
formação de engenheiros.
Dedicação há 51 anos
A
visãomultidisciplinarquesem-
preacompanhouoprofissi­onal
de Ciência da Computação
Wanderlei Renato Rosa foi um
dos requisitos fundamentais para que
chegasse, aos 33 anos de idade, a diretor
de soluções para Supply Chain na Sintel,
maior empresa de integração eletrônica
do setor automotivo na América do Sul.
A organização oferece sistemas e ser-
viços para gerenciar a relação entre as
montadoras de automóveis e as cadeias
produtivas, tem 175 colaboradores e
mais de 600 clientes do setor automotivo
global, atendidos por seus escritórios no
Brasil, nos Estados Unidos, na Argentina
e Bélgica.
Formado em 2003 pelo Centro Uni-
versitáriodaFEI,aamplaatuaçãonaárea
e a abertura para novos conhecimentos e
atribuições foram essenciais para que o
profissional de Ciência da Computação
pudesse acompanhar o desenvolvimento
da empresa e se deslocasse da área tecno-
lógica para a de negócios, ocupando um
cargo de destaque. Em 2001, no começo
do terceiro ciclo do curso de Ciência da
Computação, Wanderlei Rosa enviou
um currículo datilografado, por carta, à
Sintel, após ver um anúncio de estágio
emumjornal.“Foiaúnicaempresaparaa
qualenvieiocurrículoejásepassaram14
anos desde então. Neste período, adquiri
diferentes competências e consegui me
manter constantemente atualizado com
o mercado automotivo local e global”,
explica o executivo.
Profissional de Ciência
da Computação formado
em 2003 acompanha o
crescimento da empresa
De estagiário a diretor
O primeiro cargo ocupado na compa-
nhia foi de estagiário de desenvolvimen-
to de software. Na época, a empresa era
focadanacriaçãodesistemasparaosetor
automotivo e tinha por volta de 35 cola-
boradores. Já no primeiro ano, o então
estudante conseguiu colocar em prática
o que aprendia na FEI e, com base nos es-
tudos, propôs um modelo diferente para
o desenvolvimento de software, agregan-
do inovação à empresa. Esta iniciativa
foi um grande diferencial para o jovem
estagiário e, no ano seguinte, Wanderlei
Rosa foi efetivado como programador
de sistemas. Em 2004, já graduado,
tornou-se analista de sistemas e, em
2007,assumiuocargodecoordenadorde
desenvolvimento
de software. Em
busca da excelên-
cia, fez pós-gra-
duação em Gestão
de Projetos de Tec-
nologia da Infor-
mação e avançou
nos estudos do
segundo idioma,
imprescindível para seu crescimento
profissional.
Neste meio tempo, a empresa come-
çou a adquirir competências voltadas
para consultoria, serviços e operação, e
o profissional de Ciência da Computação
trabalhou para se adaptar e migrar do
desenvolvimento de software para o re-
lacionamentocomocliente,usandomais
o software pela funcionalidade do que
pelo desenvolvimento. Em 2008, a Sintel
iniciou o processo de internacionaliza-
ção para conquistar mercados além das
fronteiras brasileiras, e foi neste período
que Wanderlei Rosa assumiu a posição
de analista de negócios. Em 2012, foi
convidado pela presidência da empresa
para criar uma ‘vertical de negócios’
voltada ao Supply Chain automotivo e,
assim, tornou-se diretor de soluções para
o segmento.
A partir daí, já com foco no desen-
volvimento de negócios, Wanderlei Rosa
passou a trabalhar no desenvolvimento
de novas soluções para o mercado, com
especial atenção para a operação dos
clientes. “Passamos a compreender me-
lhor o ambiente e o desafio de nossos
clientes e vimos que poderíamos ir além
seconectássemosossistemasaosproces-
sos das empresas. Para isso, fizemos um
forte movimento interno para criar esta
nova capacitação à empresa, o que envol-
veu muito estudo e dedicação de todos”,
explica. Ainda na esfera de realizações,
o executivo destaca a
importante conquista
do primeiro cliente
nos Estados Unidos,
em 2012, e na Europa,
em 2013.
Ao longo do tem-
po, a Sintel foi adqui-
rindo mais clientes
e fatias de mercado,
influenciada pelo crescimento do setor
nos últimos anos e, assim como a em-
presa, a carreira do ex-aluno da FEI foi se
deslocando mais para a área de negócios.
“Meu atual cargo é um desafio, pois exige
conexão constante com o mercado auto-
motivo global e capacidade de interlocu-
ção com executivos de diversas partes
do mundo. O grande papel da vertical
de Supply Chain é trabalhar sempre na
criação de valor, levando eficiência ope-
racional para os clientes”, acrescenta.
Por ter a carreira voltada para negócios
globais, o executivo está constantemente
participandodecursoseeventosdeespe-
cialização em Supply Chain Management
enocontextodomercadoautomotivo,no
Brasil e no exterior.
“O ex-aluno
começou na
empresa em 2001”
Destaque Jovem
16 Domínio fEi ABRIL a junho DE 2015
na Sintel
Destaque desde a graduação
Ainda na faculdade, Wanderlei Rosa já buscava
a inovação, tanto que, para a elaboração do traba-
lho de conclusão de curso (TCC), desenvolveu com
seus colegas Claudio Silva, Daniel Sonego e Dou-
glas Navarro um sistema para auxiliar o ingresso
dos portadores de deficiência visual e auditiva no
mundo digital. Por meio da conversão de texto em
voz e voz em texto, o usuário conseguia interagir
enviando comandos e recebendo informações do
computador e, com isso, passava a compartilhar
conhecimentos e informações virtuais. Wanderlei
Rosa destaca a satisfação no desenvolvimento
do projeto, não apenas pelo desafio tecnológico
envolvido, mas sobretudo pela oportunidade que
tiveram de interagir com os deficientes e com-
preender a real importância do projeto. “Fizemos
pesquisas, testes e demonstrações em campo e
pudemos sentir na prática o que é fazer algo com
significado”, acentua.
Por tratar-se de uma tecnologia inovadora fo-
cada em ajudar pessoas e com forte cunho social,
o projeto teve grande repercussão dentro da FEI,
tornando-se referência. O trabalho também foi
eleito o sexto melhor dentre os 18 projetos globais
selecionados na feira International­Consumer
Electronics Show (CES), realizada em Las Vegas,
nosEstadosUnidos,emjaneirode2004.ParaWan-
derlei Rosa, o resultado do projeto de conclusão de
curso demonstra quanto o ensino na FEI vai além
da questão técnica, uma vez que qualifica os alunos
para o mercado de trabalho.
“Por ser uma Instituição que mostra a im-
portância do foco nos estudos e na disciplina, os
alunos têm de conduzir o curso com seriedade
e, em geral, carregam esse princípio para a vida
profissional. A postura dos estudantes é um dos
grandes diferenciais”, enfatiza, ao contar que já
contratou alunos da FEI e é possível notar o foco,
o comprometimento e o profissionalismo que
possuem. O executivo lembra que a escolha pela
Instituição aconteceu porque a FEI era uma refe-
rência na área de Engenharia e, portanto, teria o
mesmo padrão de qualidade no curso de Ciência
da Computação, que era novo na época.
17ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
Entrevista – Luiz Carlos Cabral
mais eficientes. Assim, a Daikin tomou a
decisão de vir para cá em 2011, muito em
funçãodeoBrasilterestadoemevidência
nos últimos anos, devido à Copa do Mun-
do, às Olimpíadas de 2016 e até mesmo
às obras do PAC.
Os acionistas japoneses continuam
acreditando no Brasil?
Sim, acreditam. Na verdade, a Daikin
estava muito consolidada no Japão, onde
é líder isolada com a maioria esmaga-
dora de market share, além de ser líder
na Europa e em todos os países em que
se estabelece. A empresa só não estava
ainda nas Américas do Sul e do Norte. A
Daikin adquiriu a McQuay e a Goodman
e se estabeleceu nos Estados Unidos e,
daí, decidiu vir para o Brasil e entrar em
outros países emergentes, como Índia,
Turquia, Chile e Argentina. Essa estra-
tégia começou de uns cinco anos para cá.
Comofoiqueumengenheirobrasilei-
ro assumiu a presidência apenas dois
anos depois que a empresa japonesa
chegou ao Brasil?
Eu também não sei. O que posso dizer
é que tenho uma experiência de mercado
dearcondicionadomuitogrande.Comecei
minha carreira em 1989 na Carrier, que
hojeéalídernoBrasilemarcondicionado,
efiqueipor22anosnaempresa,ondetive
umacarreiradesucesso.Conheçobastan-
teomercadodearcondicionadoe,quando
a Daikin decidiu se estabelecer no Brasil,
o então presidente, que era um japonês,
meprocurouparaserovice-presidentede
distribuição, o que incluía vendas e mar-
keting. E por que eu? Bem, os japoneses
são bastante minuciosos nesse aspecto
e, antes de entrar aqui, fizeram uma pes-
quisa, visitaram instaladores, usuários
de ar condicionado, enfim, uma série de
pessoas relacionadas ao mercado. Como
engenheiro mecânico Luiz Car-
los Cabral, formado pela Facul-
dade de Engenharia Industrial
(hoje Centro Universitário da
FEI) em 1989, construiu praticamente
toda a carreira em uma única empresa de
ar condicionado. Mas, em 2011, aceitou
um convite para sair da zona de conforto
e assumir a vice-presidência de distribui-
ção da filial brasileira da multinacional
japonesa Daikin, líder no setor na Ásia e
na Europa, e que começava um processo
de expansão de seus negócios para as
Américas do Sul e do Norte. Há dois anos,
o executivo encarou um novo desafio
ao assumir a presidência da subsidiária
japonesa no Brasil. Aos 49 anos de idade,
o engenheiro trabalha para atender as
expectativas dos acionistas japoneses e
buscar a liderança no segmento, baseada
naofertadeprodutoscomaltatecnologia
e eficiência energética.
A Daikin existe desde 1924, mas che-
gouaoBrasilapenasem2011.Porque
a demora em instalar-se por aqui?
A Daikin é líder mundial em ar con-
dicionado, mas é uma empresa japonesa
e, tradicionalmente, por muito tempo o
Japãoestevemuitofechadoesócomeçou
aseabrirdeuns10anosparacá.ADaikin
também era muito focada no mercado
asiático: Japão, China, Tailândia e outros
países, e na Europa, por algumas razões.
Umadelaséserumaempresadeprodutos
de alta tecnologia e muito mais eficientes
e, por isso, o preço é mais alto se compa-
rado com produtos que não usam esse
tipo de tecnologia. Como o Brasil é um
país emergente, esse tipo de produto, um
pouco mais caro por ter mais tecnologia
agregada, não tinha espaço por aqui. Mas
isso está mudando bastante nos últimos
anos, por conta da crise hídrica e da crise
energética, que demandam produtos
O
tenho uma boa reputação nesse mercado
e meu nome sempre vinha à tona – fiquei
sabendo disso depois – eles resolveram
me convidar para assumir o cargo. Fui
contratado como vice-presidente, ligado
aopresidente.Aprincípionãotinhamuito
interesse, mas acabei me interessando
por ser a Daikin, uma empresa muito
respeitada no mundo. Acho que fiz um
bom trabalho de 2011 a 2013 como
vice-presidente, construí o time, porque
opresidentequeestavaaquinãoconhecia
o nosso mercado, e acabei sendo indicado
para ser presidente.
Sua expectativa era alcançar a pre-
sidência da subsidiária brasileira?
Quandofuicontratadoapromessaera
essa, mas eu não acreditei. Na verdade,
pensei que até poderia acontecer, mas em
um futuro meio distante! E, para mim,
foi uma surpresa, porque confiaram em
mim em pouco tempo. Tenho orgulho de
dizer que toda a estrutura foi construída
por mim e pela equipe que eu criei aqui e
achoqueissosooubemparaosjaponeses,
acho que eles começaram a ver que, de
fato, eu tenho um conhecimento muito
grande de mercado. O time que coloquei
aqui é muito respeitado também. Fico
bastante feliz, honrado e admito que não
é comum ter um presidente brasileiro em
uma empresa japonesa. Mas estou aqui
realizando o meu trabalho.
Esse é mais um dos seus desafios à
frente da presidência dos negócios
no Brasil?
Eu diria que não ser japonês é mais
desafiador ainda, sem dúvida. É inegável
que a forma de pensar do japonês é com-
pletamente diferente do brasileiro. Não
estou aqui para dizer quem está certo ou
errado, mas é diferente. Confesso que so-
fri bastante, e ainda sofro para aprender
comomecomunicar.Equandoeufaloem
Em busca da liderança
18 Domínio fEi ABRIL a junho DE 201518
comunicação não estou falando de lin-
guagem, mas na forma de fazer com que
entendamoqueestáacontecendoaqui.O
japonês é bem particular, está envolvido
em tudo e quer saber de tudo, até por
ser bastante nova essa expansão. Hoje, a
Daikin é uma empresa japonesa que tem
uma filial no Brasil, porque ainda não
virou uma empresa de fato internacional.
Estou aprendendo bastante com eles em
como me comunicar e isso é um dos meus
maioresdesafios;comomefazerentender,
como fazer com que eles confiem naquilo
que estamos fazendo, isso é essencial.
Acho que estamos conseguindo.
O Brasil vive um momento de crise
hídrica, crise energética, crise eco-
nômica. A Daikin continua otimista
com o mercado brasileiro?
Muito! Este ano vai ser bem difícil, é
inegável, mas a empresa traçou estraté-
gias de médio e longo prazo. Mesmo que
enfrentemos algum problema neste ano,
acreditamos muito no Brasil. A Daikin é
uma empresa de tecnologia, uma empre-
sa voltada para produtos eficientes e de
baixo consumo de energia, e tudo leva a
crer que o Brasil vai seguir nessa trilha,
até por imposição das circunstâncias. Em
momentosdecrisehídricaecriseelétrica,
quanto mais tivermos produtos de baixo
consumo, melhor. Acreditamos muito
nisso e os sinais de mercado são muito
positivos. Quando entrei na empresa, em
2011,arelaçãodeprodutosInverter–que
são produtos com variador de frequência
e mais eficientes – com os não Inverters,
ou seja, produtos mais consumidores de
energia, era de mais ou menos 5% do
mercado residencial, que são os Split.
Em 2014, esse mercado fechou em 35%
e nossa estimativa é que, neste ano, 50%
do mercado já seja de modelos Inverter.
Em três ou quatro anos não deveremos
em ar condicionado
19ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 19
“Tenho orgulho de dizer que toda
a estrutura foi construída por
mim e pela equipe que eu criei aqui...”
Entrevista – Luiz Carlos Cabral
“Nosso diretor
comercial é feiano
também e o que
temos feito é apostar
muito na formação
de trainnes e
estagiários.”
20 Domínio fEi ABRIL a junho DE 201520
ter mais produtos com compressores
com velocidade fixa, só variável. Como a
Daikinépioneiranessetipodetecnologia,
porque inventou um produto chamado
VRV com variador de frequência, que é
supereficiente, acreditamos muito que
o Brasil seja a bola da vez nessa questão
de uso de produtos mais eficientes e, por
dominarmos essa tecnologia, estamos na
frente e achamos que temos muito que
crescer aqui.
No Brasil ainda não há o hábito de
sistemasderefrigeraçãoemresidên-
cias. Com isso, o mercado é imenso?
Você tem toda razão. A penetração do
ar condicionado no Brasil ainda é muito
baixa, principalmente no mercado resi-
dencial.Hoje,estimamosqueapenetração
seja na ordem de 15%. Se for comparar
comumpaísdesenvolvidoecomclimase-
melhante, como a Austrália, a penetração
éde80%.Portanto,temosumgapenorme
a ser explorado no segmento residencial.
Qual é o tamanho do mercado indus-
trialparaarcondicionadonobrasil?
Essemercadoérelativamentepequeno
no Brasil, se comparado aos Estados Uni-
dosouapaísescomasmesmasdimensões.
Mas é um mercado que cresce ano a ano,
que não está estagnado e cresce sempre
maisdoquequalqueríndicemacroeconô-
mico, por volta de 10% a 15%. Também é
um mercado interessante e, neste caso,
estamos atuando com máquinas impor-
tadas dos Estados Unidos.
Os dois segmentos são importantes?
Sim, no entanto, a Daikin considera
como carro-chefe o VRV, porque é um
produto desenvolvido pela empresa que
usa variador de frequência e volume de
refrigerante variável, é bastante eco-
nômico, principalmente para clientes
que tenham ambientes compartimen-
talizados, onde há muitas salas a serem
climatizadas. O produto é muito inte-
ressante porque dá para instalar apenas
uma unidade externa e várias unidades
internas. Acreditamos bastante no VRV
pelo fato de a Daikin ser líder mundial
e dominar, de fato, essa tecnologia. No
entanto, apesar de termos um carinho
especial pelo VRV, somos uma empresa
de solução em ar condicionado, então,
o que for necessário estamos aqui para
produzir, para vender, para apresentar
solução.
ADaikindesenvolvetecnologiafora
do Japão?
Sim. O centro tecnológico no Japão é
muito mais para VRV, mas os centros de
desenvolvimento para produtos comer-
ciais de grande porte ficam nos Estados
Unidos, em Minneápolis, onde temos
um centro de pesquisas. Apesar de o de-
senvolvimento ser nos Estados Unidos, a
engenhariaéjaponesa.Comoadquirimos
a McQuay, usamos o que a empresa tinha
de bom e incorporamos a engenharia
japonesa. Acho que essa fusão é superin-
teressante, essa mistura de tecnologias
resulta em produtos diferenciados.
Qual é o tamanho da unidade da dai-
kin no Brasil?
Temos cerca de 300 empregados na
fábrica de Manaus e, nas filiais, onde fa-
zemos sódistribuição,aproximadamente
150.Temosmuitosengenheiros,inclusive
na área de vendas, porque são produtos
muito mais ‘engenheirados’, como o VRV,
que necessitam de uma venda técnica.
Qual é o perfil do engenheiro que
a Daikin busca em suas unidades ao
redor do mundo?
Não buscamos o engenheiro de pran-
cheta, mas sim o engenheiro generalista.
Acredito que a formação do engenheiro
abre muito o leque, dá uma visão muito
ampla, e o que buscamos é esse tipo de
engenheiro, que saiba analisar, mas que,
aomesmotempo,tenhaumavisãoampla
de mercado. Nosso engenheiro precisa
ter poder de análise, poder de decisão e
uma visão administrativa muito grande
também.
E tem sido fácil para a empresa en-
contrarengenheiroscomesseperfil
no brasil?
Não, é muito difícil. Nosso diretor
comer­cial é feiano também e o que te-
mos feito é apostar muito na formação
de trainees e estagiários. Temos muita
gente nova na empresa, que buscamos
nas universidades, e tentamos formar
aqui com essa visão de mercado, de ser
mais generalista, de ser analítico, mas, ao
mesmo tempo, administrador. Estamos
criando uma escola dentro da Daikin em
todos os níveis, não só para engenheiros
de venda, mas para técnicos e instalado-
res. Temos uma parceria com o SESI e da-
mos aulas lá, além de fazer treinamentos
constantes. Infelizmente, a mão de obra
no Brasil ainda demanda de certa qualifi-
cação,principalmenteparaprodutosmais
sofisticados como é o nosso, com muita
eletrônica embarcada.
O senhor afirmou em uma entrevista
em 2013 que a Daikin busca a lideran-
ça neste mercado. Como estão esses
planos?
Continuamoscomessametaeanossa
participação está no limiar da liderança
em VRV. Em produtos importados, prin-
cipalmente para a indústria, acredito que
já somos o número dois, incomodando
bastanteonúmeroum.Nãoalcançaremos
a liderança geral em 2015, mas diria que,
em mercados específicos, estamos atuan-
do bem próximos disso.
“Temos de manter
nosso grupo muito
unido, porque é isso
que faz a diferença.”
21ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 21
Comofoiatrajetóriadasuacarreira
até assumir a presidência da Daikin?
SoudaturmadeEngenhariaMecânica
Plenaformadaem1989naFEI.Primeiro,
fui estagiário na antiga Elevadores Villa-
res,hojeAtlas,eem1988entreinaCarrier
como estagiário. Depois de formado fui
efetivado como engenheiro de vendas.
Passei 22 anos na Carrier galgando pos-
tos: comecei como engenheiro de vendas,
depois fui gerente de vendas, gerente de
contas nacionais, diretor comercial, de-
pois diretor comercial e residencial. Saí
da Carrier em 2011 e vim para a Daikin
como vice-presidente.
A Engenharia Mecânica foi uma es-
colha pelo fato de o senhor gostar
de carro?
Na verdade, quando era menino eu
tinhaumsonhodeconstruirmeupróprio
carro. Queria montar meu carro e, com
esse intuito, fui cursar Engenharia Me-
cânica. Só que a vida nos prega algumas
peçase,paramim,foiótimo.NaFEI,uma
das matérias que eu mais tinha dificulda-
de era Termodinâmica. Lembro até hoje
que tivemos de fazer um projeto de um
trocador de calor pela norma NEMA, nas
aulas do professor Lage (Laercio Gomes
Lage), que é o trocador de calor usado até
hoje no equipamento de ar condicionado.
E eu odiava aquilo; para mim era a pior
matéria. E fui trabalhar exatamente na
área de ar condicionado quando entrei na
antiga Springer, que hoje é a Carrier. Veja
como é a vida: comecei a ver trocador de
calor de novo e hoje eu adoro isso.
Essa é uma das suas melhores lem-
branças dos tempos de faculdade?
Diria que essa e as aulas de Mecânica
de Fluidos, que também tem tudo a ver
com ar condicionado e uso até hoje. E
vem à minha cabeça a figura do Alemão
(Raimundo Ferreira Ignacio), que era
meu professor de Mecânica de Fluidos. O
Alemão era um ex-feiano que todo mundo
adorava. Outra boa lembrança que tenho
é o professor Carlos Hein, que dava Ele-
mentos de Máquinas aos sábados. Ele era
muito engraçado. Normalmente, na P1 o
pessoaliamuitomalnamatériadele,aí,na
próximaaulaeledavaumsermãoemtodo
mundo: “Poxa! Eu não acredito que vocês
tiraram 1 nessa prova, enquanto meus
alunos no segundo grau tiram 10! Ainda
étempopessoal;vãofazerAdministração,
vão fazer Economia, pelo amor de Deus!”.
Lembro bastante disso.
A formação humanista, que é tra-
dição da FEI, o ajuda a ser um bom
gestor de pessoas?
Sem dúvida. Essa formação huma-
nista é essencial. Para ser um gestor
temos de ter esse lado humano, que é
tão importante quanto o lado analítico,
a tal da inteligência emocional, isso faz a
diferença. Vemos bons engenheiros que
não conseguem lidar com pessoas, e isso
pode atrapalhar a carreira.
Por que o senhor escolheu estudar
na FEI?
Eu morava na Cidade Ademar, próxi-
mo ao Jardim Cupecê, e a FEI era relati-
vamente próxima. Mas a minha escolha
também é uma história interessante.
Estudei em escola pública e tinha um
professor de Química que era da FEI. Não
lembro seu nome, mas ele sempre dizia
que era da FEI e eu adorava ouvir aquilo,
não sei porque, mas adorava. Eu também
tinha conhecidos que estudavam na FEI e
decidi prestar o vestibular na Instituição.
Até hoje tenho contato com amigos que
fiznaFEI,atéporquealgunseramamigos
dobairro.Umdosmeusmelhoresamigos,
que é o Denis, é ex-feiano e está no seg-
mento de ar condicionado também.
Emmeioatantosdesafios,o que o se-
nhor faz para manter corpo e mente
saudáveis?
Procuroestarmuitocentrado,teruma
inteligência emocional grande. Estamos
apostando muito em produtividade,
porque será um ano difícil, e estamos
focadostambémemqualificaraspessoas,
investindoemtreinamentoequalificação.
Temos de manter nosso grupo muito
unido, porque é isso que faz a diferença, e
estarmuitopresentesnomercadodeuma
forma que nos permita ser diferenciados.
Para manter o corpo e a mente em forma
procuro jogar tênis pela manhã, mesmo
tendo de acordar de madrugada. Gosto
muitodeesportes:futebol,tênis,corrida,
andardebicicleta.Outrohobbyquetenho
éirparaapraiaquasetodofimdesemana.
Comprei uma prancha de stand-up paddle
e estou praticando essa modalidade de
esporte também. Isso alivia o estresse da
semana, é uma delícia. Outro hobby que
tenho é cozinhar. Fazer outras atividades
que nos dão prazer alivia as tensões e nos
faz acordar bem-dispostos e prontos para
enfrentar todos os desafios. A vida fica
mais leve assim.
FEI comemora
10 anos do
Programa de
Pós-graduação
Stricto Sensu
Uma década na fro
O
s investimentos em ciência e tecnologia no Brasil têm ga-
nhado incentivos importantes nas últimas décadas. Dados
publicados na revista Nature em 2014 – uma das mais im-
portantespublicaçõescientíficasdoplaneta–,indicamqueo
investimento anual em pesquisas no País já chegam a R$ 59,4 bilhões
(US$27bilhões),sesomadasasiniciativaspúblicaseprivadas.Segundo
a revista, o Brasil é líder em publicações científicas na América Latina,
commaisde40milem2013,emboraaindaestejalongedosnúmerosde
paísesdesenvolvidos.OPaístambéméoúnicodocontinenteainvestir
1%doPIBempesquisaedesenvolvimento.Osfomentosparapesquisa
são disponibilizados por agências como a Financiadora de Estudos e
Projetos(FINEP),CoordenaçãodeAperfeiçoamentodePessoaldeNível
Superior (CAPES) e Conselho Nacional do Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
Háexatamenteumadécada,oCentroUni-
versitário da FEI passou a fazer parte desse
seleto grupo que produz ciência no Brasil.
Desde 2005, quando a CAPES aprovou o
primeiro curso de mestrado em
EngenhariaElétrica,aInstituição
passou a investir fortemente
para tornar-­se uma referência
em pesquisa, nacional e inter-
nacionalmente. A partir da expe-
riência adquirida com o primeiro
mestrado, o Centro Universitário
lançou os stricto sensu de Engenharia
Mecânica e de Administração, em 2007, e
deEngenhariaQuímica,em2013.Paradar
ainda mais oportunidades aos pesquisadores
para irem além da fronteira do conhecimento, a FEI
oferece o doutorado em Administração desde 2011,
e em Engenharia Elétrica desde 2012, e trabalha para
aprovação dos doutorados de Engenharia Mecânica e Química nos
próximos anos.
Todo o caminho percorrido na última década foi iniciado em
2002, quando a Fundação de Ciências Aplicadas (FCA), mantenedora
dasfaculdadesisoladasEscolaSuperiordeAdministraçãodeNegócios
(ESAN), Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e Faculdade de
Informática (FCI), resolveu unir as três instituições e transformá-las
no Centro Universitário da FEI. “O conceito era simples. O ensino de
graduaçãoserialimitadosenãohouvessegeraçãodeconhecimentoem
nível de pesquisa e pós-graduação, nessa ordem”, resume o professor
doutor Fábio do Prado, reitor do Centro Universitário da FEI e que,
em 2002, era o vice-reitor de Ensino e Pesquisa.
Pós-graduação
2222 Domínio fEi ABRIL a junho DE 2015
alphaspirit/istockphoto.com
onteira do conhecimento
Com os programas de pós-graduação
stricto sensu, a FEI passou a ter docentes e
professorespesquisadorestrabalhandoem
conjunto, o que permite estender o inte-
ressepelapesquisatambémparaosalunos
da graduação, incentivados por meio do
Programa de Iniciação Científica. Para o
reitor, esse ambiente rico de inovação que
envolve a graduação e a pós-graduação
permite que as diferentes modalidades de
pesquisa coabitem de forma harmoniosa.
“Com isso, geramos o bom contágio e
criamos a possibilidade de os estudantes
expandirem os limites do conhecimento”,
reforça.
Para o professor doutor Marcelo An-
tonio Pavanello, vice-reitor de Ensino e
PesquisadoCentroUniversitáriodaFEI,a
Instituiçãocompreendeessaduplafunção
depropagaroconhecimentonagraduação
e gerar conhecimento e inovação para um
conjunto de opções e serviços com grande
impacto social. “O que motiva os novos
pesquisadores a continuar nesse caminho
é acreditar na qualidade da pesquisa que
desenvolvemos na FEI, com impacto
nacional e internacional”, destaca. Com a
maturidadeadquiridanaúltimadécada,o
vice-reitor adianta que a Instituição quer
ir muito mais longe, conquistando outros
doutorados em todos os cursos.
IndicadoreS
Embora seja uma Instituição voltada à
pesquisa em pós-graduação há apenas 10
anos, a FEI já colhe bons resultados em
relação às publicações científicas e à apre-
sentaçãodeestudosemeventosnacionais
e internacionais. A cada semestre, cresce
onúmerodepesquisadoresindicadoscom
bolsasatribuídaspelosórgãosdefomento,
de indicadores de densidade dos estudos
produzidos na Instituição e de trabalhos
de cunho internacional com inserção em
periódicos de alto fator de impacto e com
temas de relevância. O professor Marcelo
Pavanelloressaltaqueacriaçãodenúcleos
de pesquisa e agregação de novos pesqui-
sadores estimula o aumento exponencial
no fomento para os estudos, tanto para
professores pesquisadores que desenvol-
vem seus estudos em tempo integral e
participam de eventos de peso nas áreas
quanto para alunos de pós-graduação.
Além de ter tido sucesso na busca de
recursos com órgãos oficiais de fomen-
to, a FEI também tem recebido verbas
de empresas, inclusive para montagem
de laboratórios com equipamentos de
última geração, a exemplo dos que foram
financiadospelaTelefônicaVivonaáreade
Internet das Coisas, em 2014, e pela Ge-
neral Motors, em 2012, com a instalação
do Partners for the Advancement of Colla-
borativeEngineeringEducation(PACE),um
programa global que tem como objetivo
fornecer treinamento aos estudantes por
meio de software utilizados na criação de
novosprodutosetecnologias.“Petrobrase
Embraertambémsãograndesfomentado-
res nas pesquisas da FEI, nas áreas de pe-
tróleoegásedemotores,respectivamente.
AInstituiçãojánasceucomesseviésparaa
indústriaeprocuramosmanteressecírculo
virtuosoquepermiteapesquisaaplicada”,
afirma o vice-reitor Marcelo Pavanello.
Com a criação, por parte do governo
federal,demecanismoslegaisparaabusca
de fomento, mais empresas privadas têm
procuradoaFEIparadesenvolverparcerias
junto ao Instituto de Estudos e Pesquisas
Industriais(IPEI),queacabadecompletar
40anos(leiamaisnaspáginas40e41).Ape-
sar das parcerias e das verbas de fomento,
a FEI ainda investe parte expressiva de
recursosparapesquisa,poracreditarnesse
caminhoembuscadoconhecimentopleno,
masestá à procura da autossuficiência em
termos de financiamento para pesquisas.
“O mercado e a sociedade já reconhecem
a excelência do Centro Universitário, que
trilhaumcaminhoseguroeresponsávelno
ensino, na pesquisa e na extensão”, acres-
centa o reitor Fábio do Prado, ao lembrar
que todo esse itinerário começou a ser
construído pelo primeiro reitor do Centro
Universitário, o professor doutor Marcio
Rillo,jáfalecido,equeapesquisatornou-se
umcomplementoirrenunciáveldoensino
naFEI,poispermiteaautoalimentaçãode
docentes e alunos.
Professor doutor Fábio do Prado: reitor da FEI
23ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 23
Professor doutor Marcelo Antonio Pavanello
Pós-graduação
Mantenedora incentiva pesquisa
Os investimentos da Fundação Educacional Inaciana Padre
Sabóia de Medeiros (FEI), mantenedora do Centro Universitá-
rio da FEI, nas áreas de pesquisa e extensão – que se somam à
missão fundamental da Instituição, que é o ensino – têm sido
focados na tecnologia e na gestão de ambientes e laboratórios
especializados. O principal objetivo é oferecer os meios para
que as pesquisas sejam realizadas com qualidade e pertinência,
possibilitando que os projetos de mestrado e doutorado sejam
trabalhados em todos os seus detalhes.
“A pesquisa na Instituição consolida-­se pela qualidade das
pessoas e dos projetos elaborados. Há uma sinergia buscando o
ponto de equilíbrio. A qualificação é condição para a consolida-
ção”, afirma o presidente da FEI, Padre Theodoro Peters, S.J., ao
ressaltar que a lógica universitária tende a formar e consolidar
as pessoas na busca do novo continuamente ao longo da vida,
tanto acadêmica como profissional. O gestor acrescenta que a
FEI não se contenta em ser excelente na avaliação interna e,
por isso, busca continuamente a avaliação externa, nacional e
internacional, para situar-se nos patamares desejados.
Nos últimos anos, além de apresentar projetos para finan-
ciamento na própria FEI, os pesquisadores passaram a buscar
financiamento em órgãos de fomento, competindo com outras
instituições de ensino e pesquisa, com crescimento exponencial
dos recursos recebidos, o que demonstra a qualidade das pes-
quisas na Instituição. “Nossos pesquisadores são reconhecidos
além dos muros e estão envolvidos em redes de pesquisa inter­
institucionais”, reforça o Padre Theodoro Peters. Além disso,
os estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado
tambémestãocadastradosemórgãosdefomento,fazendoparte
da grande comunidade nacional e internacional de pesquisa e,
consequentemente, com as melhores condições de oferecer seu
talento ao bem comum das pessoas e da sociedade.
O presidente da mantenedora lembra que a FEI foi criada
com a finalidade de perenizar a missão expressa na denomina-
ção da própria pessoa jurídica: uma fundação educacional para
Padre
Theodoro
Peters,
presidente
da Fundação
Educacional
Inaciana Padre
Sabóia de
Medeiros
2424 Domínio fEi ABRIL a junho DE 2015
Apesquisa aplicada àindústriafazparte
dos objetivos do Centro Universitário da
FEI desde a sua fundação, em 1941, pelo
Padre jesuíta Roberto Saboia de Medeiros.
Considerado um visionário por ter como
ideal atender o processo de industrializa­
ção pelo qual passava o Brasil, a meta do
fundador sempre foi a formação dos alunos
História com foco no mercado
promover a formação de jovens e de adultos que tem como
referência Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus,
ordem religiosa dedicada à formação de recursos humanos
altamente qualificados. “A qualificação universitária articula o
ensino, a pesquisa e a extensão envolvendo professores, pesqui-
sadores, estudantes, corpo técnico especializado, vizinhança,
região. Estimular e induzir a pesquisa para que o conhecimento
transmitido não se limite à assimilação do já conhecido, mas
abra a mente para a descoberta do que ainda não foi assimilado,
permite que os pesquisadores deixem sua contribuição para o
bem comum. Os avanços visam o bem-estar de toda a humani-
dade e tal concepção é parte integrante de uma Instituição de
ensino e pesquisa inspirada na fé cristã”, acentua.
de modo que se tornassem qualificados para
o setor empresarial, com aptidões para a
pesquisa científica e com perfil humanista e
valores éticos.
O campus em São Bernardo do Campo
tambémfoicriadocomobjetivoestratégicode
atender o crescimento do Grande ABC, região
quepassouaabrigarasprimeirasmontadoras
de automóveis instaladas no País. Em 2002,
com a criação do Centro Universitário, a
Instituição ganhou autonomia acadêmica
necessária para o trabalho interdisciplinar
e multidepartamental, o que possibilitou a
elevação dos níveis de graduação e das pes­
quisas por meio da massa crítica científica
de professores e pesquisadores.
25ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 25
D
esde que foi criada, a FEI sempre
deu importância ao ensino além
dasaladeaula,pormeiodocom-
plemento em laboratórios, para
que os profissionais fossem preparados
para as novas demandas tecnológicas. Ao
criar o Centro Universitário da FEI, em
2002, os gestores da Instituição manti-
veram os mesmos princípios do fundador
e, com isso, o caminho natural era dar
continuidade à busca pelo conhecimento
por meio da pós-graduação stricto sensu.
O Departamento de Engenharia Elé­
trica, naquele momento, era o que tinha
as melhores condições para abrigar­o
Engenharia Elétrica
foi a pioneira
Departamento tinha as
melhores condições para
abrigar o primeiro mestrado
primeiro mestrado, uma vez que o cur­so
degraduaçãojápossuíaestruturadeparta-
mentaladequadaelaboratóriosquedavam
suporteaoensinodapós-­graduação.Além
disso,odepartamentojáabrigavadocentes
com mestrado e doutorado que parti-
cipavam de grupos vinculados a outras
instituições de ensino superior e centros
de pesquisa. “Já havia um projeto institu-
cional desenvolvido com muita sabedoria
para o curso de graduação em Engenharia
Elétrica, o que acabou servindo como ali-
cerce para a FEI criar o seu Programa de
Pós-graduação Stricto Sensu nesta e nas
demais áreas”, afirma o vice-­reitor de En-
sino e Pesquisa, professor doutor Marcelo
Antonio Pavanello.
O professor, que participou de todo o
processodesde2003,quandofoicontrata-
docomodocentedetempointegral,conta
queaopçãofoiestruturaromestradocom
áreas multidepartamentais, o que per-
mitia que a estrutura institucional fosse
otimizada em prol de uma grande área
do conhecimento. “O programa também
tinhaalgumasparticularidadesqueforam
aceitas tão logo submetidas à CAPES, que
reconheceu a virtude institucional da FEI
e aprovou o curso”, acentua. Um dos dife-
renciais era o fato de o grupo contratado
para o mestrado também ministrar aulas
para a graduação.
Da esq.: O atual coordenador do curso, Carlos Eduardo Thomaz, representantes da reitoria da FEI em 2005 e primeiros professores doutores do curso
Data de criação: 2005
Artigos publicados em periódicos: 141
Artigos publicados em congressos: 485
Mestres formados: 114
Alunos em formação Mestrado: 40
Alunos em formação Doutorado: 32
Docentes: 14
nabihariahi/istockphoto.com
DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS INTE-
GRADOS – Nesta área são desenvolvidos
estudos em Microeletrônica, com especial
ênfase para projeto de circuitos dedicados,
digitaiseanalógicos,caracterizaçãoelétrica
de dispositivos eletrônicos e modelagem e
simulação de dispositivos eletrônicos.
Caracterização Elétrica de Dispo-
sitivos MOS – Estudo principalmente
dos efeitos das reduções das dimensões e
da modificação de materiais aplicados aos
dispositivoseletrônicosfeitosnatecnologia­
de Metal-Óxido-Semicondutor (MOS),
além da utilização de novas estruturas de
transisto­res MOS.
Simulação e Modelagem de Dispo-
sitivos MOS –Nestalinhadepesquisasão
utilizados simuladores numéricos bidimen­
sionaisetridimensionaisdeprocessosedispo­
sitivos eletrônicos para auxiliar no estudo de
variáveisintrínsecasaosdispositivosMOSeno
desenvolvimento científico de novos modelos
analíticos, capazes de descrever as proprieda­
des elétricas dos componentes.
PROJETO DE Circuitos Integrados De-
dicados – Desenvolvimento de projeto de
circuitos integrados dedicados, digitais e ana­
lógicos, baseados na tecnologia CMOS. Os cir­
cuitos visam o aproveitamento das vantagens
da tecnologia SOI (Silicon-On-Insulator) sobre
a tecnologia MOS tradicional, com melhorias
nodesempenhodoscircuitos,associadasaum
menor gasto de potência.
Inteligência Artificial Aplicada à
Automação –Aáreavisadesenvolvercapa­
citação em novas tecnologias nas áreas de au­
tomaçãointeligente,
comprojetosemau­
tomação residencial
eautomotiva,plane­
jamentoautomático
de atividades, robó­
tica, estudo de inter­
faces homem-máquina
e desenvolvimento de
interfaces adaptativas.
Planejamento e
Aprendizado de
Máquina – Investiga­
ção científica e desen­
volvimento de técnicas
computacionaiscapazes
de promover o planeja­
mento e o aprendizado
de máquinas, com especial atenção para a
Áreas de concentração/Linhas de pesquisa
2626 Domínio fEi ABRIL a junho DE 2015
Coordenador do curso de Engenharia
Elétrica durante 11 anos, o professor
doutor João Antonio Martino foi um dos
responsáveispelainstalaçãodomestrado,
ao lado do então reitor professor doutor
Marcio Rillo. Formados pela FEI, os dois
engenheirostinhammestradoedoutorado
pela Universidade de São Paulo (USP) e,
devido à expertise em Dispositivos Eletrô-
nicos Integrados e Inteligência Artificial
Aplicada à Automação, respectivamente,
ficou definido que estas seriam as duas
áreas de pesquisa iniciais do mestrado.
“A pós-graduação surgiu da necessidade
da FEI em expandir a geração do conheci-
mento. Fico muito satisfeito em ver que a
sementinhadapesquisaempós-graduação
germinounaFEIcomooprofessorMarcio
eeuimaginávamosquepoderiaacontecer.
Esse é o lugar correto da FEI, ou seja, con-
tribuindo não só com a graduação, mas
também com a pós-graduação”, enfatiza
o do­cente João Antonio Martino, que
é professor titular da Escola Politécnica
(POLI) da USP desde 2007. Atualmente,
o Programa de Pós-graduação na FEI é
composto de três áreas: Inteligência Arti-
ficial Aplicada à Automação, Dispositivos
Eletrônicos Integrados e Processamento
de Sinais, esta última incorporada com o
doutorado, em 2012.
Para o professor João Antonio Mar-
tino, a seleção e contratação dos então
jovens doutores que ajudaram a criar o
primeiro mestrado foi acertada, porque
tinham perfil de crescimento na área de
pesquisa,quasetodosaindanaInstituição.
O docente diz que foi uma honra ter par-
ticipado da criação do primeiro mestrado
da FEI e ter sido o primeiro coordenador
(2005-2006), pelo fato de ter estudado
na Instituição e admirar o processo edu-
cacional sério e responsável do Centro
Universitário. “A FEI tem uma especial
atenção com os alunos da graduação e
a experiência adquirida na Instituição
como docente, chefe de departamento e
coordenador de curso me permitiu seguir
a carreira acadêmica. Com apoio do então
vice-diretor da FEI, professor Alessandro
La Neve, e do então reitor, professor Mar-
cioRillo,foipossívelvivenciaremparalelo
também a pesquisa na USP e trazer esta
experiência para dentro da FEI. Torço
que a Instituição cresça cada vez mais,
mantenha as premissas originais de forte
interação com instituições de pesquisa e
ensino no País e no exterior, e consolide
assim todos os mestrados e doutorados
que busca”, enfatiza.
Um dos primeiros doutores a ser con-
tratado para o mestrado de Engenharia
Elétrica,oprofessordoutorCarlosEduardo
Thomaz – atual coordenador do curso –
lembraqueagrandepreocupaçãonaépoca
era com o equilíbrio da carga horária para
os docentes pesquisadores, pois teriam de
dividirotempointegralentreasaladeaula
e as pesquisas. Doutor em Computação
peloImperialCollegeLondon,naInglater-
ra, o docente relata que o grupo era com-
postoporrecém-­doutoresqueacreditaram
no projeto da FEI e chegaram dispostos a
fazerotrabalhoacontecercomohaviasido
planejado.“Operfildosnovosdocentesera
diferentedosdemaisprofessoresnaépoca,
masoprofessorMarcioRillotinhaumavi-
sãoespetaculardoquequeria,alémdeum
grandeotimismo,econseguiuestruturara
Instituição para que chegássemos ao nível
depós-­graduaçãostrictosensuqueestamos
hoje. Fomos presenteados, na verdade,
com a liderança de dois pesquisadores
seniores empreendedores”, acentua.
Ao longo desses 10 anos, a FEI vem
desafiando seus pesquisadores a produzir
maisemelhor,oqueatendeàsexpectativas
Pós-graduação
teoria de complexidade de algoritmos, clas­
sificação de dados por métodos de aprendi­
zagem por reforço, e para o desenvolvimento
de sistemas de raciocínio baseado em casos.
Interface Humano-Computador
Adaptiva –EstudodaaplicaçãodeInteligên­
ciaArtificialnosaspectosdedesenvolvi­mento,
aplicação e testes em IHC. A área também
colaboracompesquisasdeinteraçãoHumano-­
Robô, investigando os aspectos humanos no
processointerativocomsistemasrobotizados.
Navegação de Robôs Móveis – Nesta
linha de pesquisa são investigados e desen­
volvidos métodos e técnicas de Inteligência
Artificial que permitem que robôs atuem de
forma autônoma, com aplicação em áreas
da Engenharia que exigem raciocínio lógico e
conceitos de robótica probabilística.
Processamento de Sinais – Nesta área
de pesquisa são explorados aspectos de pro­
cessamento de sinais aplicados a reconheci­
mento de padrões em estatística, biometria,
processamento de imagens médicas, visão
computacional,identificaçãodesinaissonoros
devozefala,alémdeprocessamentoeanálise
de biopotenciais.
Reconhecimento de Padrões em Esta­
tística – O objetivo desta linha de pesquisa
é investigar e desenvolver métodos multi­
variados lineares e não lineares de redução
de dimensionalidade e reconhecimento de
padrões apropriados, para classificação de
amostras e caracterização de diferenças entre
umgrupodedadosdereferênciaeapopulação
sob investigação.
Processamento Digital de Sinais–Esta
linha de pesquisa visa
desenvolver mecanismos
com aplicação em reconhecimento
de fala, melhoria da inteligibilidade e re­
lação sinal-ruído, e investigar métodos de
processamento e análise de biopotenciais
parareabilitaçãodedeficientespormeiodo
comando de próteses e órteses.
Processamento de Imagens e Vi­são­
Computacional –Nestalinhadepesqui­
sa investigam-se as questões computacio­
nais e algorítmicas associadas à aquisição,
ao processamento e à interpretação de
imagens, por meio do desenvolvimento de
métodos compu­tacionais de normalização
espacial, detecção, segmentação e classifi­
caçãodepadrõesquesuperemadificuldade
de lidar com a alta dimensionalidade das
imagens.
27ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 27
Primeiros
alunos de
mestrado de
Engenharia
Elétrica da FEI,
em 2005
iniciaisdocursoeestimulaospesquisado-
resanãoseacomodarem.OprofessorCar-
los Thomaz informa que um dos grandes
desafioseracriarumambientedepesquisa
onde os próprios envolvidos percebessem
a necessidade de discutir ciência pelos
corredores, em sala de aula, nos laborató-
rios e até nas conversas informais. “A FEI
conseguiu atingir esse objetivo. É muito
comum vermos docentes discutindo ciên-
cia até mesmo no espaço do café. Era isso
que todos desejavam: que o mestrado não
fosse apenas mais um título, mas criasse a
possibilidadedeaprofundarconhecimento
relevante”, acrescenta. O número de pro-
fessores pesquisadores em tempo integral
queiniciouem2005napós-­graduaçãoem
Engenharia Elétrica é hoje 40% maior.
Referência
Embora o grupo de pesquisadores em
Microeletrônica seja considerado relati-
vamente pequeno, já se tornou referência
nacionaleinternacionalnaárea,comgran-
de participação em congressos e com pro-
fessores reconhecidos pela academia. Na
áreadeRobóticaeInteligênciaArtificial,o
grupo da FEI também é forte e se tornou
referêncianoPaís.Ocoordenadororgulha-­
se de a FEI ter conseguido boa visibilidade
nacionalmente e estar ganhando espaço
internacional. “No Brasil, não se fala em
robótica sem citar o grupo da FEI. Na área
de processamento de sinais também já há
pesquisasdonossogrupodegrandevisibi-
lidade acadêmica e tecnológica”, descreve.
vetkit/istockphoto.com
Pós-graduação
2828 Domínio fEi ABRIL a junho DE 2015
Os primeiros mestres em Engenharia
Elétrica começaram a se formar em 2007
e, hoje, o curso possui 40 alunos, tanto
em tempo parcial quanto integral. Nos
últimos 10 anos, a FEI já formou 114
mestres na área. Os mestrandos ficam,
em média, 27 meses no curso, tempo
necessário para participar das aulas e
desenvolver as pesquisas. Em geral, os
alunos são profissionais do mercado que
almejam crescer na carreira, engenheiros
em busca de atuação na área acadêmica
ou mesmo ex­-alunos recém-­graduados
que descobriram o caráter motivador da
pesquisa a partir da iniciação científica,
ainda na graduação.
Da primeira turma de 20 alunos, o
primeiro mestre a se formar foi Luiz An-
tonio Celiberto Junior, que também foi o
primeiroaseinscrevernocurso.Formado
em Engenharia Elétrica com ênfase em
Computação no Centro Universitário da
FEI em 2004, o engenheiro optou pelo
mestradoemInteligênciaArtificialAplica­
da à Automação porque sempre gostou
de projetar, criar e pesquisar e estava
insatisfeito na empresa onde trabalhava
com desenvolvimento de software. O
interesse pelas pesquisas surgiu ainda
na graduação, quando participou do
Programa de Iniciação Científica da FEI
e da primeira turma do vitorioso projeto
Futebol de Robôs.
Depoisdaconclusãodomestrado,com
orientação do professor doutor Reinaldo
Bianchi, o engenheiro fez o doutorado
no Instituto Tecnológico de Aeronáutica
(ITA) e voltou para a FEI para o pós-dou-
torado.“Comaoportunidadedomestrado
tive o incentivo que precisava para seguir
na carreira acadêmica e continuar me
dedicando às pesquisas”, afirma. Hoje, o
engenheiro é docente concursado da Uni-
versidadeFederaldoABC(UFABC)naárea
de Engenharia de Instrumentação, Auto-
mação e Robótica. O professor também
Mudanças expressivas na carreira
participa de pesquisas sobre Inteligência
Artificial com o grupo da FEI.
Segundooprofessor,apesquisaagrega
valor aos graduandos porque passam a
ter um diferencial, pois um pesquisador
nuncasecontentaeestásempreembusca
derespostasparanovasperguntas.Como
nem tudo está nos livros, os professores
pesquisadoresconseguemagregarumco-
nhecimento a mais para os alunos e, com
isso, quem ganha é o mercado de traba-
lho, que receberá profissionais mais bem
preparados. Embora o Brasil ainda não
tenha uma cultura de absorver mestres e
doutores nas empresas – diferentemente
do que ocorre em países desenvolvidos,
especialmente nos Estados Unidos – o
docente acredita que esse perfil deverá
mudar nos próximos anos, uma vez que o
mercadoglobalprecisadeprofissionaisdi-
ferenciados e mais capacitados, inclusive,
para a gestão de pessoas. “O mestrado da
FEI atendeu a todas as minhas expectati-
vas, com excelentes matérias e docentes
de alto nível na área de pesquisa. Recebi
informações muito valiosas e levo esse
conhecimento aos meus alunos até hoje”,
assegura.
Formado pela FEI em 2003 em En-
genharia Elétrica com ênfase em Eletrô-
nica, Rodrigo Trevisoli Doria também é
da primeira turma de mestrado. A área
de Dispositivos Eletrônicos o fascinava
desde a graduação e o jovem engenheiro
viu, no mestrado, a possibilidade de não
deixar o conhecimento estagnado. Ao ser
contempladocombolsadeestudos,optou
pelomestradoemtempointegrale,depois
deformado,porseguirnaáreaacadêmica.
O engenheiro foi o primeiro a concluir o
mestrado na área de Dispositivos Eletrô-
nicos Integrados com um estudo sobre
Transistores de Múltiplas Portas, com
orientação do professor Marcelo Antonio
Pavanello, e conta que a oportunidade
mudou os rumos de sua vida. “O mestra-
do é a base de tudo na área acadêmica.
Depois de formado fui fazer o doutora-
do na USP, também com orientação do
professor Marcelo Pavanello, segui para
o pós-doutorado em Microeletrônica e
conseguimetornarprofessorcolaborador
doprópriomestradodaFEI”,conta.Coma
carreira acadêmica como objetivo desde o
início,oprofessordizqueconseguepassar
um conhecimento atualizado aos alunos
da graduação, além de incentivá-los no
interesse pela pesquisa.
Luiz Antonio Celiberto Junior: primeiro mestre Rodrigo Trevisoli Doria hoje é docente na FEI
Pós-graduação
esde 2012, o curso de doutorado
em Engenharia Elétrica atrai
a atenção de profissionais que
buscam a carreira acadêmica
e o aprofundamento do conhecimento
científiconomundodaspesquisas.Atual-
mente, 32 alunos estão matriculados no
doutorado nas mesmas áreas de concen-
tração do mestrado. Um desses alunos é a
engenheiraeletricistaCarlaDickdeCastro
Pinho Novo. Formada em 2004 pela FEI,
aprofissionalvoltouparaaInstituiçãoem
2012 para fazer o mestrado e emendou
o doutorado, iniciado em novembro de
2013, depois de sete anos atuando no
setor produtivo.
Carla Pinho Novo conta que começou
a trabalhar no Grupo Votorantim ainda
no último ano da faculdade, após passar
por um processo seletivo. “Eu já gostava
daáreaacadêmica,masquisteressaexpe-
riência na indústria. Depois de passar por
vários setores durante o estágio, escolhi a
áreafinanceiraechegueiagerente”,escla-
Doutorado foi mais uma conquista
rece. Por ter participado do Programa de
Iniciação Científica durante a graduação,
a engenheira afirma que a experiência foi
importante para aprender a trabalhar a
organização e o planejamento de estraté-
gia, o que permitiu já chegar mais pronta
ao mercado de trabalho.
Em2012,decidiuvoltarparaaFEIpara
cursaromestradoe,paraisso,procurouo
professordoutorRenatoGiacomini,chefe
doDepartamentodeEngenhariaElétrica,
quehaviasidoseuorientadornainiciação
científica.Adoutorandaescolheuaáreade
DispositivosEletrônicosegarantequefez
uma escolha consciente pela Instituição.
“EusemprequisfazerodoutoradonaFEI,
emboratenharecebidoconvitesdeoutras
instituições, pois conheço a seriedade da
FEI e dos profissionais envolvidos com o
programadepós-graduação,quesãointer-
nacionalmente reconhecidos no mundo
científico”, reforça.
Para o professor Carlos Eduardo Tho-
maz, o doutorado veio coroar o interesse
e a necessidade de todos os professores
pesquisadores em discutir conhecimento
no mais alto nível, dando oportunidades
aos mestres de seguir nas pesquisas na
Instituição. Para os próximos 10 anos, o
coordenadoresperaqueosresultadosdos
estudosdemestradoedoutoradopossam
contribuir para responder questões rele-
vantes que beneficiem a sociedade como
um todo. Outro objetivo é trazer alunos
estrangeiros, especialmente da América
Latina, para participarem dos cursos. O
docente acredita que essa troca alimenta
o conhecimento. “O doutorado permite
maior tempo de contato entre professor
e aluno e resultados cientificamente
mais relevantes, pois são quatro anos
de dedicação à pesquisa. E é fundamen-
tal que os pesquisadores, em todos os
níveis, percebam que a ciência não tem
fronteiras e a convivência em busca de
conhecimentocientíficoéenriquecedora.
Estamos criando caminhos para mais
essa conquista”, admite.
D
A engenheira
eletricista Carla
Dick de Castro
Pinho Novo
optou pelo
doutorado na
Instituição
29ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 29
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  • 2.
  • 3. Professor doutor Fábio do Prado Reitor do Centro Universitário da FEI Caros parceiros, caros leitores, caros colaboradores 3ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 3 A última edição de nossa revista Domínio FEI foi habilmente introduzida pelas palavras do presidente de nossa Fundação Mantenedora – FEI, as quais gostaria de revisitar ao apresentar esta nova edição, comemorativa aos 10 anos de implantação do primeiro Programa de Pós-graduação Stricto Sensu da Instituição. Em sua conclu- são, Padre Theodoro Peters enfatiza: “Partilhando estas convicções, a comunidade acadêmica do Centro Universitário da FEI reafirma sua vocação inovadora desde a sua origem, ajudando na formação pessoal e profissional da juventude. (...) Inovadores nos estudos, nas pesquisas, nos laboratórios, projetos, protótipos e nas atitudes pessoais e profissionais, desenvolvendo as virtudes de atenção aos outros, consciência reta, cidadania clarividente, liderança perspicaz. Tornando-se facilitadores para o cami- nho a ser traçado, a pesquisa a ser implantada, a patente de produtos que só a pessoa formando-se bem é capaz de criar. Renovar a face da terra, transformar a sociedade, qualificar a vida é a autêntica Inovação, o projeto divino realizando-se pelas mãos e mentes humanas. Mãos à obra no atelier da Inovação. Mentes em busca das melhores opções”. Estas palavras refletem com precisão, embebidas em alegria e poesia, o espírito da FEI ao celebrar este importante marco de uma rica história de excelência no ensino, de valorização da extensão como diálogo imprescindível com a sociedade e da certeza­de que a pesquisa e a pós-graduação, nesta ordem, são irrenunciáveis para a boa formação e a geração de um conhecimento capaz de transformar social, econômica e tecnolo- gicamente o País. Esta última década, celebrada por nossa comunidade, representou um claro posicionamento institucional em favor da valorização de recursos humanos, da agregação de competências, da priorização de linhas de pesquisa estratégicas à sociedade, da publicação dos resultados das pesquisas e da transferência deste conhe­ cimento aos diversos setores sociais. Colhemos, com as estórias aqui contadas e os resultados aqui apresentados, os frutos de um projeto de desenvolvimento institucional pautado no valor da geração do conhecimento como elemento fundamental à qualificação do ensino e, consequente- mente, como um itinerário eficaz e eficiente de formar inovadores e empreendedores, mentes em busca das melhores opções e verdadeiros artesãos no atelier da inovação. Ao celebrar o sucesso do caminho trilhado e partilhá-lo com os nossos parceiros, reite­ ramos nosso compromisso social e nossa compreensão de que o futuro sustentável se fará por meio de um diálogo franco e frutífero entre todos os agentes econômicos, políticos e sociais, correspondendo à academia a nobre tarefa de favorecer esta articu- lação em vista da busca de solução para os reais desafios da sociedade e do indivíduo. Apreciem mais esse capítulo de nossa história, narrada por seus próprios realizadores, que aponta para um horizonte real de universidade e de inovação. Boa leitura a todos! Editorial
  • 4. Revista Domínio FEI Publicação do Centro Universitário da FEI Centro Universitário da FEI Campus São Bernardo do Campo Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972 – Bairro Assunção São Bernardo do Campo – SP – Brasil CEP 09850-901 ­– Tel: 55 11 4353-2901 Telefax: 55 11 4109-5994 Campus São Paulo Rua Tamandaré, 688 – Liberdade São Paulo – SP – Brasil – CEP 01525-000 Telefax: 55 11 3274-5200 Presidente Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J. Reitor Prof. Dr. Fábio do Prado Vice-reitor de Ensino e Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Pavanello Vice-reitora de Extensão e Atividades Comunitárias Profª. Drª. Rivana Basso Fabbri Marino Conselho Editorial desta edição Professores doutores Ricardo Belchior Tôrres, Carlos Eduardo Thomaz e Vagner Barbeta Coordenação geral Andressa Fonseca Comunicação e Marketing da FEI Produção editorial e projeto gráfico Companhia de Imprensa Divisão Publicações Edição e coordenação de redação Adenilde Bringel (Mtb 16.649) Reportagem Adenilde Bringel, Elessandra Asevedo, Fabrício F. Bomfim (FEI) Fotos Arquivo FEI e Leonardo Britos Editoração eletrônica Marcelo Moraes Alvares Milena Bianchesi expediente Centro Universitário da FEI Instituição associada à ABRUC Tiragem: 18 mil exemplares www.fei.edu.br “Grato pelo envio da edição número 22 (Janei- ro a Março de 2015) da Domínio FEI. Um pre- sente e um apelo à inovação. Os reitores, com sua responsabilidade e incumbência do cargo (páginas 8-9) e os professores (páginas 10- 11), desde o locus da aprendizagem, abordam o tema da inovação sob ângulos diversos, mas complementares. A gestão da universidade, por um lado, e a didática, núcleo duro da Instituição (aprendizagem e pesquisa), por outro, clamam por uma reflexão consequente, eficaz e inadiá- vel. São conceitos de uma instituição medieval que requerem revisão orgânica e contínua para que sejam válidos, hoje, em periodicidade cada vez mais curta. Daí a necessidade de indicado- res que ajudem a examinar se estamos sendo a universidade necessária para hoje e logo mais, em horizonte sempre renovável. Parabéns pela coragem de abrir os olhos e encabeçar as an- tecipações imprescindíveis. Desejo-lhes todo êxito.” Antônio Gomes Pereira Administrador de Empresas “Gostaria de parabenizar a iniciativa e a quali- dade do conteúdo das entrevistas e reportagens da revista Domínio FEI, principalmente as rea- lizadas com ex-alunos atuando no mercado de trabalho, que tenho lido com frequência. Nestes meus anos de experiência profissional até aqui, incluindo minha atual posição na Boeing, tenho total certeza e reconheço o valor que o curso do Centro Universitário da FEI me trouxe, com uma formação acadêmica sensacional, especialmen- te nas disciplinas de Resistência dos Materiais.” Haroldo Chacon Engenharia Mecânica – Turma 2003 “Considero a revista Domínio FEI um veículo ex- celente para manter toda a família feiana atua- lizada sobre as atividades que ocorrem ou são desenvolvidas no domínio desta Instituição (em todas as suas especialidades) ou no cenário pro- fissional (pelos destaques de seus ex-alunos). Parabéns!” Estebam Rivero Engenharia Química – Turma 1966 Fale com a redação A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber sugestões e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção - S.B.Campo - SP CEP 09850-901, mande e-mail para redacao@fei.edu.br ou envie fax para o número (11) 4353-2901. Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. No entanto, nossa equipe agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação. As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que citada a fonte. Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas antecipadamente à redação pelo e-mail redacao@fei.edu.br. Espaço do leitor 4 ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
  • 5. ENTREVISTA O engenheiro mecânico Luiz Carlos Cabral fez carreira na área de ar condicionado e assumiu, em 2013, a presidência da unidade da multinacional japonesa Daikin no Brasil 22 18 DEstaque jovem • Ex-aluno de Ciência da Computação é diretor de soluções para Supply Chain na empresa de integração eletrônica Sintel DEstaques • Seminatec discute os avanços na área de dispositivos eletrônicos • Engenharia Elétrica ganha acreditação do sistema ARCU-SUL • Empresa Júnior FEI comemora 15 anos de existência com festa • Inova FEI no campus São Paulo premia os melhores trabalhos • Congresso Brasileiro de Cerâmica reúne especialistas na área • Portas Abertas apresenta Instituição a estudantes do ensino médio • Evento discute os caminhos para melhorar a mobilidade urbana 06 16 42 ARTIGO • Professor do Centro Universitário da FEI avalia a evolução da pesquisa em robótica, desde o começo dos anos 2000 responsabilidade social • Pesquisas desenvolvidas em diferentes cursos de pós-graduação stricto sensu da FEI visam atender a diferentes demandas sociais 38 especial • Instituto de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI) desenvolve pesquisas básicas e aplicadas às indústrias desde 1975 40 Pós-graduação Centro Universitário da FEI comemora 10 anos de seu Programa de Pós-graduação Stricto Sensu com resultados considerados excelentes 5 Sumário ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
  • 6. s avanços alcançados nas aplica- ções de semicondutores, micro e nanotecnologias já beneficiam praticamente todas­as áreas do conhecimento, além de fa­zerem parte do cotidiano de todas as pessoas por estarem presentesnoscelulares,nosautomóveis,na segurança e na saúde, entre muitos outros setores. Definida como estratégica pelo governo federal desde 2005, a área reúne estudos e projetos com semicondutores, dispositivos optoeletrônicos, sensores, micro e nanoestruturas, microssistemas, dispositivos e circuitos integrados. Para promover as pesquisas no seg- mento e permitir a interação entre re­pre­­ sentan­tes de indústria, academia, centros depesquisaedesenvolvimento,estudantes e pesquisadores, o Centro Universitário da FEI sediou, em abril, o X Workshop on Semi­conductors and Micro & Nano Tech- nology (Seminatec), encontro realizado pela segunda vez no campus São Bernardo do Campo da Instituição. Durante o semi- nárioforamdiscutidososúltimosavanços no setor, com apresentações de estudos que envolvem métodos de fabrica­ção e aspectos­relacionados a materiais e proje- tos, por meio de apresentação de pôsteres e palestras. Segundo o professor doutor Marcelo Antonio Pavanello, vice-reitor de Ensino e Pesquisa da FEI e coordenador geral do evento, o encontro anual permite que as instituições apresentem os trabalhos que estão desenvolvendo e favorece a troca de experiências,colaborandoparaestimularo desenvolvimentodeestudosconjuntosem áreas correlatas. “O Semina­tec possibilita, ainda, que estudantes que participam em diversosníveisdepesquisaconsigamassis- tirapalestrasdepesquisa­doresrenomados do País e do exterior, o que é muito raro porque, em geral, estes cientistas só se reúnememcongressosinternacionais.Isso demonstra a importância deste encontro na FEI”, enfatiza. O Centro Universitário se destaca na áreapelosdiversosestudosjádesenvolvi­dos ou em desenvolvimento, que apresen­tam aperfeiçoamentos e inovações­importan- tes. Parte desses estudos foi apresentada em forma de pôster no Semi­na­tec, de um total de 29 artigos de diferentes institui- ções. O professor doutor Salvador­Pinillos Gimenez e o doutoran­do em Enge­nharia Elétrica Leonardo Navarenho­de Souza Finoapresentaramoestudo‘OCTOLayout Variations as an Alternative to Mitigate TID Effects’, que avalia o estilo de leiaute octogonal de porta, intitulado­de OCTO, para a implementa­ção­de transistores de efeitodecampometal-óxido-­semicondutor (MOSFET) em circui­tos integrados, tanto analógicos como digitais, robustos aos efeitos das radiações io­nizantes. “Este pa- râmetro elétrico es­tá­­atrelado ao consumo depotênciadodispositivo,principalmente nacondiçãodestand-by,resultandonaeco- nomiadabateriaesuportando,inclusive,a miniatu­rizaçãodosdispositivoseletrônicos para aplicação em módulos eletrônicos automotivos, celulares e, principalmente, equipamentosmédicos,alémdeaplicações aeroespaciaisesatélitesartificiais”,explica Leonardo Fino. Oartigo‘MOS-BipolarPseudo-resistor Characterization – Circuit and Extraction Method’, do professor doutor Renato Gia­­co­mini e do professor doutorando Pedro Benko, apresenta um novo método para realizar a mensuração de resistência ôhmica de uma determinada topologia de circuito MOS-Bipolar, denominado pseudo-resistor, que apresenta valores ôhmicosextremamenteelevadosparauma faixaespecíficadetensãoaplicadaentreos seusterminais.Oobjetivofinaldotrabalho é a implantação de uma nova proposta de pré-amplificador para pré-­formatar sinais biopotenciais, ins­talado diretamente nos eletrodos-eletróli­tos, com um mínimo de componentes ex­ter­­nos. “Trata-se de um estudocomapli­caçãoemâmbitocomercial e social, pois a utilização em desenvol- vimentos de novos amplificadores para biopotenciaisdeveauxiliaremdiagnósticos médicosemonitoramentosclínicoecirúr- gico”, acen­tua o pesquisador Pedro Benko. Para melhorar o desempenho e agregar­funcionalidades aos equipamen­ tos­­­eletrôni­cos sem aumentar a área necessária é preciso reduzir as dimensões dos transistores. No entanto, quando há miniaturização dos transistores, o dispo- sitivo deixa de apresentar seu comporta- mento esperado e surgem diversos efeitos indesejáveis, denomi­nados short channel effects. O estudo ‘Short Channel Effects Comparison between Double and Triple Gate Junctionless Nanowire­Transistors’, doprofessordoutorMarceloPavanelloeda Avanços em dispositivos eletrônicos Centro Universitário sedia seminário internacional que reúne palestras e pôsteres sobre a área O Professor doutor Marcelo Antonio Pavanello, da FEI ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi6 Destaques
  • 7. Durante o Seminatec houve um workshop do INCT Namitec, projeto fomentado pelo CNPq, que apresentou o balanço sobre os quase cinco anos de atividades e conquistas do projeto, que vão desde a melhor integração entre os di­versos grupos de pesquisa até resultados pontuais. Composto por diversas ins­tituições, entre elas o Centro Universitá­rio da FEI, o INCT Namitec é referência na co­­munidade de micro e nano­eletrônica na­­cional e congregou o País inteiro em um esforço de sucesso na área. O INCT Namitec tem como objetivo fazer avan­ çar a pesquisa e o desenvolvimento de­sis­temas micro, nanoeletrônicos­e nanoeletromecânicos­in­teligentes para utilização em redes de sen­sores incorporados e sistemas autoajustados, entre outros, com aplica­ções em diferentes segmentos, como agri­cul­tura de precisão e telecomunicações. O instituto é composto por 124 pes­qui­sadores, sendo 46 contemplados com recursos do CNPq, e por 25 instituições de ensino espalhadas por 13 estados. O programa possui, ainda, cursos de cur­ta duração e especialização e é responsável pela formação de 250 mestres, 100 doutores e 250 participações em iniciação científica. “Colaboramos com equipes e empresas nacionais e­inter­nacionais de pesquisa. A tradição de cooperação internacional com empresas lo­cais demonstra o esforço na transferência de conhecimentos e de apoio para o desenvolvimento industrial do País”, explica o professor doutor Nilton Morimoto, da USP, um dos representantes do INCT. mestranda em Engenharia Elétrica Bruna Cardoso Paz faz uma análise quantitativa dessesefeitos,comparandoduasarquitetu- ras diferentes (porta dupla e porta tripla, ambas tridimensionais) de um tipo de transistor inovador denominado nanofio. Relevância Opro­­fessordou­torGustavoDalpian,da Uni­ver­­sidade Fe­deral do ABC, ministrou a­ palestra ‘Theory of­resistive switching in memristors’; e o pro­fes­sor doutor Ed­val­ San­tos, da Universi­dade Federal de Per­­ nam­­buco, o estudo ‘Smart sensor techno- logy for niche applications’. O professor doutorAntonioPetraglia,daUniversidade Federal do Rio de Janeiro, abordou o tra- balho ‘On-­chip­capacitance ratio measure­ ment­usingaswitched-­capacitorfilter’,eo profes­sor doutor Gilson Inácio Wirth, da Universi­da­deFe­­deraldoRioGrandedoSul, o­es­tudo ‘Reliability of MOS Devices and Cir­cuits’.­ O professor doutor Ed­­­mundo Gutiérrez Domínguez, do Ins­ti­­­tuto Na- cional de Astrofísica, Óptica y Elec­trónica, do México, ministrou a palestra ‘Thermo­ magneticeffectsinnanoscaledFET’s:cha- racterization, modelling and simulation’. Tambémforamapresentadostrabalhosda UniversidadedeSãoPauloedaUniversida- e semicondutores O professor doutor Edmundo Gutiérrez, do Ins­ti­­­tuto Nacional de Astrofísica, Óptica y Elec­trónica, do México, ministrou palestra durante o evento INCT Namitec de Estadual de Campinas, instituições que fizeram parte da organização. Na palestra daTektronix,empresaqueoferecesoluções de teste e me­dição, os destaques foram os desafios e as dificulda­des que os pes- quisadores enfren­tam ao fazer medições em baixa escala, como alto ampere, e as interferências­como ruído, temperatura, cabeamento e am­biente. Também foram apresentadosequipamentosetécnicaspara medições. “Como a FEI possui um centro depesquisacomequipamentosdemedição, é importante mostrar as aplicações e solu- ções”, explica Raphael Motta, engenheiro de aplicação da empresa. 7ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
  • 8. Entre os melhores do Mercosul Engenharia Elétrica é o terceiro curso do Centro Universitário certificado pelo Sistema ARCU-SUL O Sistema ARCU-SUL tem por objetivoestabelecerparâ­metros regionais de qualidade para cursos de ensino superior, a fim de garantir a melhoria contínua na formação universitária por meio da pro- moção do desenvolvimento educacional, econômico, social, político e cultural dos países que integram o Mercado Comum doSul(Mercosul).Ocursode Engenharia ElétricacomênfaseemTelecomunicações do Centro Univer­sitário da FEI é o mais recente da Instituição a conquistar o selo do Sistema de Acreditação Regional de Cursos Superiores dos Estados do Merco- sul e Estados Associados (Sistema ARCU-­ SUL). Em 2014, os cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia Têxtil já haviam recebido a certificação, que atesta a qua- lidade acadêmica também na Argentina, Bolívia, Colômbia, Venezuela, no Chile, Paraguai e Uruguai. O reconhecimento é um parâmetro importante para a cooperação interna- cional com outras instituições de ensino superior, fomentando atividades cola- borativas e de mobilidade acadêmica de alunoseprofessorescomosdemaiscursos acreditadosnocontinente.“Acertificação será um atrativo para estudantes das nações do Mercosul que desejam cursar a graduação no Centro Universitário da FEI. Além disso, representa o reconhe­ cimento do governo brasileiro quanto à formação oferecida pelo curso de Enge- nharia Elétrica da Instituição”, afirma o professordoutorRenatoGiacomini,chefe doDepartamentodeEngenhariaElétrica, ao informar que há interesse de expandir aobtençãodeacreditaçõesinternacionais de qualidade para países como Canadá e Estados Unidos. Implantado em 2008, o Sistema ARCU-SUL outorga uma declaração de qualidade para a formação oferecida pe- las institui­ções de ensino superior, como recursoparareconhecimentoecredencia- mento das mesmas. Em 2009, o Sistema ARCU-SUL iniciou o primeiro ciclo para a acreditação dos cursos de Engenharia ministrados por universidades brasilei- ras. De adesão voluntária, a proposta permite a participação de instituições com, ao mínimo, 10 anos de existência, que desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão e participam do Sis- tema Nacional de Avaliação de Educação Superior (Sinaes), com conceito igual ou superior a 4. Oprocessodeacreditaçãocomeçacom a consideração de bons resultados alcan- çadosnoExameNacionaldeDesempenho de Estudantes (ENADE). Depois, o curso passa por uma avaliação rigorosa que inclui entrevistas com alunos, ex-alunos, corpo docente e pessoal técnico-admi- nistrativo. Além disso, uma comissão do InstitutoNacionaldeEstudosePesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), en- tidade reguladora desse processo no País, verifica junto a executivos do setor se as competênciasapresentadaspelosegressos estavamdeacordocomasnecessidadesdo mercado de trabalho. Destaques
  • 9. o ano 2000, quatro alunos da FEI tiveram a iniciativa de im- plantar uma empresa júnior no Centro Universitário, inspira- dos por outras instituições de ensino superior, motivados pela falta de uma interação maior com empresas durante a graduação e com objetivo de ter possi- bilidades de vivência empresarial. A ideia deu certo e, 15 anos depois, a Júnior FEI se orgulha de seu crescimento e por ter se tornado um potencializador de carreiras que contribui para que jovens universi- tários adquiram experiência corporativa antes mesmo de se candidatarem à pri- meira vagadeemprego.Paracelebraressa e outras conquistas, membros da atual Júnior FEI e ex-alunos que fizeram parte dahistóriadaempresasereuniramnodia 20 de março, no campus São Bernardo do Campo, para celebrar. Júnior FEI comemora 15 anos Celebração de aniversário envolve retrospectiva, festa e planejamento para a nova gestão da empresa A comemoração também foi marcada pela cerimônia de troca de gestão, quan- doosmembrosqueassumiramaempresa neste ano apresentaram as expectativas e metas para o biênio 2015/2016. Na celebração, os 15 anos de história da Júnior FEI foram contados por diversos membros e ex-alunos que fizeram parte da empresa, como o engenheiro civil Felipe Sigollo, primeiro presidente da empresa júnior – hoje secretário adjunto do governo do Estado de São Paulo – que ficou admirado com a evolução e com os resultados apresentados ao longo dos últimos anos. “Os números são impres- sionantes. Os alunos estão de parabéns e a FEI, que apoiou esse crescimento, também. Depois de 15 anos, ver esse pessoal entusiasmado, cheio de energia e motivação é muito gratificante”, destaca. O aluno do 10º ciclo de Engenharia de Produção,MarcelloDanelli,diretordeRe- cursos Humanos da Júnior FEI em 2012, contou como a experiência na empresa júnior foi determinante para entrar no mercado de trabalho. O engenheiro lem- braqueparticipoudeumprocessoseletivo em que apenas membros de empresas juniores poderiam se inscrever. “Acredito que o diferencial tenha sido todos os en- sinamentos que a Júnior FEI me propor- cionou ao longo dos dois anos e meio em que passei na empresa. Pude relatar não sóuma,masváriasexperiênciasedesafios profissionaisquevivencieiaquinaJúnior FEI, o que com certeza me ajudou a con- seguir a vaga”, acentua. Presidente da Júnior FEI em 2013 e 2014, Matheus Martin Garcia destacou, entre as conquistas de sua gestão, o re- conhecimento e o apoio que a FEI tem dado à Junior FEI e a seus projetos. “A confiança que a Instituição deposita em nós é muito importante. Só o fato de ceder o nome FEI, que é muito reconhe- cido, é um diferencial incrível que essa gestão conseguiu trabalhar bem e que contribuiu para o sucesso dos nossos projetos”, enfatiza, ao passar o bastão ao novo presidente, Luis Felipe Ulian, que assumiu a função. O jovem lembra que, independentemente do cargo que se assume, participar de uma empresa júnior é um diferencial no currículo, principalmente pelo fato de que os par- ticipantes aprendem e se desenvolvem dentro do perfil empreendedor que as empresas buscam. N 9ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
  • 10. m uma ação inédita no Brasil, o Centro Universitário da FEI e o Centro Paula Souza, que pertence aogovernodoEstadodeSãoPaulo, se uniram para premiar ideias inovadoras deprofessoresdeEscolasTécnicas(ETECs) quetinhamcomofocoainovaçãonaeduca­ ção.DivididonascategoriasEmpreendedo­ rismo, Sustentabilidade e Inovação, o prê­mio faz parte de um projeto com duas etapasposteriores,queenvolvemacriação de plataforma online que reunirá as ideias maisinovadoraseumcursodecapacitação para professores pré-selecionados. A cerimônia de premiação da primeira etapa do projeto, que é o reconhecimento pelas ideias inovadoras, foi realizada em 23 de abril no campus São Paulo da FEI. O reitor do Centro Universitário, professor doutorFábiodoPrado,destacaaimportân­ cia do prêmio como um divisor de águas FEI e Centro Paula Souza premiam Professores de escolas técnicas foram destaques em três categorias E em termos de parcerias por uma educação cada vez mais qualificada, que beneficia nãosóosagentesdaeducação,mas,princi­ palmente, os alunos. “Desejamos que essa iniciativa seja a primeira de muitas outras parcerias,equeoprêmiosirvadeestímulo para muitos outros professores que quei- ram aplicar inovações no ensino”, afirma. OpresidentedaFundaçãoEducacional­ Inaciana Padre Sabóia de Medeiros, man- tenedora do Centro Universitário da FEI, Padre Theodoro Peters, enfatiza que a parceria é uma celebração da inteligência humana,poissãoinstituiçõesquepossuem uma sinergia inovadora nos estudos, nas pesquisas, nos laboratórios, projetos e nas atitudes pessoais e profissionais. “Todos queremosdaronossotalentoparaajuven- tude,renovarafacedaterra,transformara sociedade,qualificaravida–queéaautên- ticainovação–,eessaparceriaéoprimeiro passo para essas realizações”, declara. Um dos idealizadores do prêmio, o professor doutor Edson Sadao, do Depar- tamentodeAdministraçãodaFEI–campus SãoPaulo,acrescentaqueainiciativaésem igual no País e deverá colaborar para a me- A ideia de utilizar o Quick Response – QR Code (Código de Res­ posta Rápida) em sala de aula foi o projeto idealizado pelo professor Alison da Rocha Alves, da ETEC zona sul – Extensão CEU (bairro Vila Rubi/SP), premiado com o primeiro lugar na categoria Inovação. No projeto ‘Ensinando com QR CODE’, o código de barras QR Code é disponibilizado pelo professor para que os alunos, usando aplicativos gratuitos, escaneiem o código através de aparelhos celulares e tablets. Após a decodificação, o código é direcionado a um conteúdo (textos, imagens, vídeos) cadastrado pelo docente. A tecnologia, que come­ çou a ser usada em 2014, proporciona um melhor aproveitamento do tempo do professor com o aluno, assim como mais interação no aprendizado. O idealizador lembra que essa iniciativa vem ressaltar e valorizar a relevância do papel e do trabalho do professor nos dias atuais, nem semprevalorizadocomodeveria,emumaépocademuitasmudanças, rápidas e constantes, e desafios novos, o que exige cada vez mais pes­ soaspreparadas,habilitadasecompetentes.“Essaspessoassetornam lhoria do ensino técnico no Estado de São Paulo,pormeiodoreconhecimentoedaca- pacitaçãodosprofessores.“Precisamoster professores preparados para dar o melhor em sala de aula. Este prêmio é apenas um catalizador para conhecer professores que já estão aplicando inovação na educação. Projetos vencedores envolvem diferentes ações preparadas, habilitadas e competentes com a colaboração de várias outras ao longo da vida, como familiares e, principalmente, professores. Agradeço e parabenizo a FEI e o Centro Paula Souza por essa parceria e iniciativa que valoriza e incentiva os professores a continuarem a fazer a diferençanavidadeseusalunos,plantandoasementedoconhecimento para amanhã florir mudança”, enfatiza. Na categoria Empreendedorismo, o vencedor foi o projeto do pro­ fessor do curso técnico em Administração da ETEC Gildo Marçal Bezerra Brandão (Perus/SP), Silvio Rodrigo dos Reis Prestar. Em seu projeto inti­ tulado ‘Criação, implantação e administração de empresa júnior’, alunos doensinomédioprestamserviçosdeconsultoriaadministrativa,contábil e logística a microempresas da região de Perus, bairro da zona norte de São Paulo, por meio de uma empresa júnior. “O projeto visa aprimorar a capacidade e habilidade gerencial, oratória e escrita dos alunos, e pro­ porcionar uma compreensão da vivência profissional, além de melhorar a gestão interna das empresas e o desenvolvimento econômico do bair­ ro”, explica o docente. 10 ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi Destaques
  • 11. projetos inovadores Parabenizamosessesdocentesedesejamos queesteprêmiosejaoprimeirodemuitos”, reforçaocoordenadordoInovaPaulaSou­ za,OswaldoMassambani.Oeducadordes- taca que um dos pontos mais importantes para o desenvolvimento de um país é o investimento no capital humano. Por isso, quando se trata de educação, quanto mais se investe em professores melhores serão os alunos. Para a superintendente do Cen- troPauloSouza,LauraLaganá,ainiciativa provocada pela FEI é muito importante, principalmente por estimular os profes- sores a inovar, além de contribuir para a formação técnica e a inserção dos alunos no mercado de trabalho. “Agradecemos à FEI por essa parceria. Desejamos que esse projeto seja um estímulo para outras ins- tituições e professores que acreditam que a educação é o melhor caminho para uma sociedade ética”, acentua. Na categoria Sustentabilidade, o projeto da professora Silvia Helena Ferreira Pagliarini Zen Gorayeb, da ETEC José Martimiano da Silva, de Ri­ beirãoPreto,interiordeSãoPaulo,foiovencedor.“Aideiaébuscarapar­ ticipação solidária dos alunos na comunidade com a execução de tarefas deacordocomaáreadeestudo,pormeiodeumacampanhaparaajudar entidades assistenciais”, explica. Os estudantes do curso de Edificação, por exemplo, sugerem melhorias físicas, acessibilidade, orientações para economia de água e energia e plantio de árvores, enquanto os alunos do curso de Saúde Bucal ficam encarregados de desenvolver palestras para crianças, adolescentes e idosos. Os vencedores foram indicados por uma banca examinadora for­ mada por profissionais reconhecidos nas áreas de educação, empreen­ dedorismo, sustentabilidade e inovação: Camila Cheibub Figueiredo, assessora da presidência da Fundação Educar DPascoal; José Carlos Barbieri, professor da Escola de Administração de Empresas de São Pau­ lo, mantida pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV); Juliano Seabra, presidente executivo da empresa Endeavor; Marcus Alexandre Y. Salus­ se, empresário e doutorando em Empreendedorismo na EAESP-FGV; Maria Amélia Lopes Sampaio, assessora da presidência do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE); Ricardo Voltolini, presidente da em­ presa Ideia Sustentável; e Celso Fonseca, coordenador executivo do Observatório de Inovação da Universidade de São Paulo (USP). Próximos passos Em uma segunda etapa será criada uma plataforma online com os projetos premiados, que poderão ser compartilhados entre todos os professores da rede de ETECs em São Paulo. Na terceira etapa se­ rão ministrados cursos de capacitação para 40 professores da Grande São Paulo, inscritos no projeto e selecionados pelo Centro Universitá­ rio da FEI e pelo Centro Paula Souza, que participarão de 60 horas de apresentações e discussão das melhores práticas, seminários e work­ shops. “Os professores serão convidados a apresentar, ao final do curso,projetosdemelhoriaparaseuscolégios,eostrêsmelhoresvão receber prêmios em dinheiro”, completa o professor Edson Sadao. Da esq.: Os professores premiados Alison da Rocha Alves,Silvia Helena Ferreira Pagliarini Zen Gorayeb (de rosa) e Silvio Rodrigo dos Reis Prestar (mais alto) com o presidente da FEI, Padre Theodoro Peters, a superintendente do Centro Paula Souza, Laura Laganá, o reitor do Centro Universitário da FEI, professor doutor Fábio do Prado, e a vice-reitora Rivana Basso Fabbri Marino 11ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
  • 12. CongressoBrasileirodeCerâmi- ca é o mais antigo e importante evento do setor no Brasil e reú- ne representantes de diversos segmentos, como instituições de ensino e pesquisa, fabricantes de produtos cerâ- micosefornecedoresdematérias-primas, equipamentos e insumos. O encontro também é destinado à discussão dos úl- timos avanços na área e visa promover a interação dos diversos setores cerâmicos no Brasil. O Centro Universitário da FEI participadetodasasediçõesdocongresso com trabalhos de iniciação científica e dissertações de mestrado e, neste ano, foi copatrocinador do encontro, o que dá ainda mais visibilidade para a Instituição peranteacomunidadeceramistanacional e internacional. A59ªediçãofoirealizadaemmaio,em Sergipe, e abordou temas relacionados aos diversos segmentos da área, como cerâmica vermelha e de revestimento, vidros, refratários, cerâmica técnica, biocerâmica, nanotecnologia e novos materiais, entre outros. Também foram discutidos temas de interesse geral, entre os quais energia, meio ambiente, recursos minerais, inovação tecnológica, qualidade, ensino, recursos humanos e panoramas setoriais. O encontro reuniu pesquisadores de todo o Brasil e de vários países, como Suíça, Espanha, Portugal e Japão, que participaram de palestras, sessões orais e apresentação de pôsteres. Cerca de 50 trabalhos orais e 500 na for- ma de pôster foram apresentados, assim comopainéissobreasoportunidadespara osetorcerâmiconaáreadedefesaesobre mineração e matérias-primas cerâmicas. Cerâmica é foco de evento Centro Universitário participa como copatrocinador e apresenta quatro estudos O Também foram oferecidos três mini- cursos e realizadas duas plenárias, que abordaramostemas‘Biologicallyinspired compositesandceramicseBiocompatible and Antibacterial Phosphate Free Glass­ Ceramics for Medical Applications’. A FEI apresentou os trabalhos ‘Obtenção e caracterização de SnO2 dopado com Sr2+ via mistura de óxidos’, ‘Determinação do limite de resistência a flexão e módulo de Young da cerâmica composta por SnO2 dopado com 0,2% e 0,5% em mol de manganês’, ‘Avaliação da transformação mecanoquímica e hidrotérmica em um pó de alumina moído a úmido por análise térmicaemicroscopiaeletrônicadetrans- missão’ e ‘Conformação por gelcasting de blocosporososemonolíticosdebeta-TCP sintetizadoporprecipitaçãoviaúmida’,os dois últimos em parceria com a Universi- dade Federal do ABC (UFABC). Os professores doutores do Departa­ mento de Engenharia de Materiais do Centro Universitário da FEI, Fernando dosSantosOrtegaeGilbertoJoséPereira, que atuam diretamente na área de cerâ- mica, fizeram parte da comissão organi- zadora.“ComoaEngenhariadeMateriais é multidisciplinar, envolvendo uma forte interação com outras áreas, temos coo- peração de outros departamentos, como a Engenharia Mecânica e a Química, e tambémcomoutrasinstituições”,explica o professor Fernando dos Santos Ortega, que foi chair do congresso. O docente destaca que a FEI tem uma excelente infraestrutura na área de processamento demateriaiscerâmicosedecaracterização de propriedades e, naturalmente, essas característicasacabamresultandoemum forte trabalho de pesquisa com materiais cerâmicos. O professor doutor Fernando dos Santos Ortega foi chair do congresso Arquivopessoal 12 ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi Destaques
  • 13. relação da FEI com seus ex-alunos é marcada por orgu­ lho e saudosismo, adjetivos que compõem a história da Instituição e dos seus mais de 60 mil profissionais formados. E foi essa relação afetuosa que motivou mais de50ex-alunosavisitaremoscampiSãoBernardodoCampoeSão Paulo durante o FEI Portas Abertas, evento realizado anualmente com objetivo de apresentar o Centro Universitário e seus cursos e ofereceraopúblicoexternoaoportunidadedeconhecerainfraes- truturadoscampi,osprojetos,aspesquisaseainovação.Duranteo FEIPortasAbertas,osmaisde2milvisitantesquecircularampelos campiconheceramainfraestruturadelaboratóriosesalasdeaula, eparticiparamdasmaisde80atividadeseexperiênciasnoscursos deAdministração,CiênciadaComputaçãoeEngenharia.OPortas Abertas no campus São Bernardo do Campo, que está na sétima edição, recebeu estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares, cursinhos e escolas técnicas, muitos acompanhados dos pais, no dia 16 de maio. Um dos ex-alunos presentes era Vinícius Bianchi Soares, formado em Engenharia Química em 2011 e atual coordenador e professor do ensino médio e técnico da ETEC de Cubatão. O en- genheiro fez questão de compartilhar com seus alunos um pouco de tudo o que viveu na Instituição. Além de apresentar o universo acadêmico,ViníciusSoarestambémreencontrouprofessorescom quem teve aulas e conferiu as mudanças no campus. “Assim que fiquei sabendo do evento inscrevi a escola, porque gostaria muito que os alunos vivenciassem a experiência do dia a dia de uma fa- culdadee,principalmente,daFEI,quefoiaInstituiçãoresponsável pela minha formação profissional. É muito bom retornar a essa casaquetantomeensinou,reverprofessores,comoLuizNovazzie MaristhelaMarin,evercomoainfraestruturadaFEItemcrescido com novos laboratórios e prédios reformados”, destaca. Amauri Sid Vargas também viu no Portas Abertas a oportuni- dade de voltar à FEI, 21 anos depois de formado, e compartilhar comosfilhoseaesposaumpoucodessaexperiência.Formadoem O bom filho a casa torna Ex-alunos da FEI aproveitam o Portas Abertas para reviver bons momentos na Instituição A EngenhariaMecânicaAutomobilísticaem1994,oengenheirorela- ta que, ao andar pelo campus, flashes de memória foram surgindo e fazendo com que as boas lembranças – como o convívio com os colegaseprofessores–semisturassemcomasnãotãoboas–como as temidas P1, P2 e P3. “É interessante ver as mudanças na FEI. Prédiosreformados,laboratóriosque,naépocaemqueeuestuda- va, já eram condizentes e que, hoje, são infinitamente melhores. É um orgulho e uma alegria retornar a esta Instituição”, ressalta. São Paulo No dia 9 de maio, foi o campus São Paulo que abriu as portas para receber aproximadamente 200 visitantes, que participaram de diversas atividades focadas no curso de Administração. Os estudantes também visitaram a 17ª Feira de Empreendedorismo, que tem como objetivo desenvolver o espírito empreendedor e estimular a prática de negócios pelos alunos de Administração. Durante o evento, mais de 15 projetos foram apresentados. O engenheiro Amauri Sid Vargas trouxe a família para conhecer a FEI 13ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 13
  • 14. PinkBadger/istockphoto.com Mobilidade com foco nas bicicletas A inserção de ciclovias é um tema novo no País e ainda gera diferentes opiniões e pontos de vista O do consumidor com o comércio de rua. No entanto, para que a bicicleta seja aceita é preciso educar a sociedade para o compar- tilhamentodoespaçoeaconvivênciaentre ciclistas,pedestresemotoristas”,enfatiza. São Paulo possui um plano cicloviário que tem como meta implantar 465 km de ciclovias até dezembro de 2016 e, em 15 anos,disporde1500km.Hoje,omunicípio tem282,2km,masbuscaatransformação paraqueoprogramaalcanceseusobjetivos. Muitas travessias de rios, como pontes e viadutos, não foram construídas para pe- destres e ciclistas, havendo a necessidade deadequação,porisso,cincojáforamalte- radas e, até o próximo ano, serão mais 13. Para áreas que não comportam alteração serão construídas ciclopassarelas, sendo quatroaté2016e12até2030.“Oconceito principal da implantação é a sustentabili- dade,alémdeatenderademandaexistente de redução de ruído e poluentes”, explica Ronaldo Tonobohn, superintendente de planejamentodaCompanhiadeEngenha- ria de Tráfego (CET) de São Paulo. Na esfera da educação, o arquiteto e urbanista Ricardo Corrêa, sócio fundador da empresa de planejamento urbano TC UrbesecriadordamarcaUrbanaBicicletas, acreditaquesejanecessárioumtrabalhona mudança da cultura em relação à bicicleta no Brasil, que demanda um processo de aprendizado e transformação. Um dos pontospositivosdestacadoséqueaPolítica Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) agora também tem como foco o ciclista e, trânsitoéumdosmaioresproble- mas enfrentados pelas grandes cidades,quebuscamalternativas para facilitar o direito de ir e vir da população. No entanto, por falta de planejamentoeinvestimentonosmeiosde transporte público, como trens, metrôs e ônibus,boapartedosmoradoreséobrigada a se deslocar de moto e carro que, muitas vezes,transportamapenasumpassageiro. Em busca de soluções para essa questão, algumas metrópoles passaram a enxergar nabicicletaumaalternativaparadesafogar o trânsito, a exemplo de São Paulo, que investiu R$ 29 milhões para a implanta- ção de 142 km de ciclovias em 2014. Para debaterarelaçãodousodasbicicletascom a economia e a saúde, além da cultura do compartilhamento,oCentroUniversitário daFEIorganizou,emmaio, nocampusSão Paulo, o encontro Mobilidade Urbana em SP: ciclovias em debate. Oeventoabordouumaquestão­polêmi- ca e com grande resistência na sociedade, pois implica alterações e entendimento sobreaspolíticaspúblicasquepromovem a inclusão. Para o professor doutor Jac- quesDema­jorovic,doDepartamentode Administração da FEI, que organizou o de­bate, as ciclovias e a bicicleta não são a solução para a mobilida- de, mas não é possível melhorar a mobilidade em São Paulo sem incluí-las. “Trata-se de um meio de transporte que, além de tirar o carro da rua, amplia a relação A poluição e os acidentes são os fatores que mais interferem na decisão de mui­ tos que resolvem usar a bicicleta como meio de transporte. Por isso, a professora doutora Thais Mauad, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), avaliou vantagens e desvantagens do uso da bicicleta para a saúde. Os acidentes com bicicletas costumam ocorrer mais frequentemente nas grandes cidades e nos fins de semana, sendo os ho­ mens e idosos as maiores vítimas. O trauma craniano corresponde a 40% das consequências e, em 2014, foram registrados 47 casos fatais na cidade de São Paulo. Em relação à poluição, como o ciclista respira mais vezes por minuto Benefícios comprovados para a saúde Destaques
  • 15. Ronaldo Tonobohn, José Roberto de Toledo, Ricardo Corrêa, Thais Mauad e Jacques Demajorovic com isso, a bicicleta passou a ser relevan- te nos planos dos governos que querem acesso aos recursos federais. Segundooarquiteto,uma‘cidadeci­clá­ vel’ permite ao ciclista ir para todos os lu- garescomconfortoesegurança.Assim,no plano cicloviário é necessário ter um pla- nejamentodeinfraestrutura,deeducação e informação, orçamentário e de gestão. “Fatores como clima, relevo, arbo­ri­zação, história, perfil socioeconômico,­sistema viárioedensidadedemográficadevemser levados em consideração. Não existe um padrão universal e cada espaço precisa de umcritérioparaaimplantação”,acentua. O aumento das ciclovias também reflete em novas oportunidades no mercado de bicicletas,comoomodelochamadoe-bike, uma bicicleta elétrica que pode chegar a 25km/h na rua. Com apenas 25 quilos, a bicicleta suporta até três vezes seu peso e tem menor geração de carbono do que qualquer outro veículo de transporte. Adeptodae-bike,ojornalistaJoséRoberto deToledo,doportalEstadão,asseguraque custabemmenosqueumcarro–cercade U$S500–,tembaixamanutenção,éisen- tadeIPVAenãonecessitadecombustível, pois funciona com bateria. “Pelo fato de ser elétrica, o esforço do ciclista é bem menor e é possível andar em locais com ladeiras.Hoje,existem200milhõesdessas bicicletas na China e o mercado passou a enxergá-las como uma fonte de renda, tanto que fabricantes de bicicletas, auto- peças e automóveis já demonstraram o interesseeminvestirnonegócio”,afirma. Novidades Após o debate, a empresa Base Bike Storeofereceuumaoficinasobrecuidados comabicicleta,manutençãopreventivae importânciadeacessórioseequipamentos de segurança. Os participantes também conheceram o aplicativo desenvolvido porquatroalunosdo3ºciclodeAdminis­ tração, chamado Bora de Bike, que visa otimizar o uso das ciclovias por meio de informaçõessobrerotas,grupos,oficinas, clima,lojasespecializadas,estacionamen- tos e locais para aluguel. Um ex-aluno de Administração,apresentouoequipamen- to es.charger, que aproveita o movimento das pedaladas para gerar energia para carregarocelular(ouqualquer­dispositivo USB)emanterluzesdesegurançaacesas.­ que o motorista, a exposição aos poluentes é maior. No entanto, o risco de mortalidade atri­ buída à poluição para aqueles que pedalam entre 30 e 60 minutos por dia é de apenas 0,05%. Em contrapartida, o grande benefício do uso constante da bicicleta é a atividade física, uma vez que pedalar 30 minutos por dia atinge a meta estipulada de exercícios para manter a qualidade de vida e diminuir os riscos de diabetes, obesidade, osteoporose e depressão. “Um estudo mostrou que, embora o risco relacionado à poluição tire 21 dias de vida e os aci­ dentes fatais subtraiam sete dias, a atividade física proporcionada pelas pedaladas aumenta em oito meses a expectativa de vida. Na balança, o uso da bicicleta tem um ganho maior”, complementa a professora. O professor do Departamento de Fí­ si­­ca, Arthemio Aurélio Pompeo Ferrara, começou a dar aulas na antiga Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), em 1º de agosto de 1964 e, desde então, tem se dedicado à arte de ensinar. O professor coordenou o Departamento de Física desde a sua criação, em 1968, até 1997, quando foi indicado para coordenar a disciplina Mecânica Geral II. Desde 2002, coordena a disciplina Dinâ­ mica do Corpo Rígido. Para homenagear toda a dedicação e o empenho do docente, o Centro Universitário da FEI concedeu, em cerimônia no dia 6 de maio, o título de Professor Emérito, pelos 50 anos de serviços prestados ao ensino, à pesquisa e à extensão universitária. “Em todas as disciplinas, o professor Arthe­­mio contribuiu para criar o padrão FEI de excelência, além de ter tido um papel importante na consolidação dos laborató­ rios de Física como elementos essenciais na formação em Engenharia”, destaca o coorde­ nador do Departamento de Física, professor doutor Roberto Baginski. Admirado pelos alunos e pelos colegas, o professor Arthemio Ferrara é autor de sete livros, que cobrem todas as áreas clássicas da Física e foram, por muitos anos, a bibliografia básica das disciplinas de Física da FEI. “A contribuição do professor Arthemio ajudou no crescimento de qualidade de nos­ sos estudantes, professores, pesquisadores, bem como dos antigos alunos, hoje profis­ sionais atuando em suas especialidades”, ressalta o presidente da FEI, Padre Theodoro Peters S.J. O reitor do Centro Universitário, professor doutor Fábio do Prado, lembra que a homenagem atesta o lastro de realiza­ ções em sua carreira de magistério, a larga contribuição ao Departamento de Física e à formação de engenheiros. Dedicação há 51 anos
  • 16. A visãomultidisciplinarquesem- preacompanhouoprofissi­onal de Ciência da Computação Wanderlei Renato Rosa foi um dos requisitos fundamentais para que chegasse, aos 33 anos de idade, a diretor de soluções para Supply Chain na Sintel, maior empresa de integração eletrônica do setor automotivo na América do Sul. A organização oferece sistemas e ser- viços para gerenciar a relação entre as montadoras de automóveis e as cadeias produtivas, tem 175 colaboradores e mais de 600 clientes do setor automotivo global, atendidos por seus escritórios no Brasil, nos Estados Unidos, na Argentina e Bélgica. Formado em 2003 pelo Centro Uni- versitáriodaFEI,aamplaatuaçãonaárea e a abertura para novos conhecimentos e atribuições foram essenciais para que o profissional de Ciência da Computação pudesse acompanhar o desenvolvimento da empresa e se deslocasse da área tecno- lógica para a de negócios, ocupando um cargo de destaque. Em 2001, no começo do terceiro ciclo do curso de Ciência da Computação, Wanderlei Rosa enviou um currículo datilografado, por carta, à Sintel, após ver um anúncio de estágio emumjornal.“Foiaúnicaempresaparaa qualenvieiocurrículoejásepassaram14 anos desde então. Neste período, adquiri diferentes competências e consegui me manter constantemente atualizado com o mercado automotivo local e global”, explica o executivo. Profissional de Ciência da Computação formado em 2003 acompanha o crescimento da empresa De estagiário a diretor O primeiro cargo ocupado na compa- nhia foi de estagiário de desenvolvimen- to de software. Na época, a empresa era focadanacriaçãodesistemasparaosetor automotivo e tinha por volta de 35 cola- boradores. Já no primeiro ano, o então estudante conseguiu colocar em prática o que aprendia na FEI e, com base nos es- tudos, propôs um modelo diferente para o desenvolvimento de software, agregan- do inovação à empresa. Esta iniciativa foi um grande diferencial para o jovem estagiário e, no ano seguinte, Wanderlei Rosa foi efetivado como programador de sistemas. Em 2004, já graduado, tornou-se analista de sistemas e, em 2007,assumiuocargodecoordenadorde desenvolvimento de software. Em busca da excelên- cia, fez pós-gra- duação em Gestão de Projetos de Tec- nologia da Infor- mação e avançou nos estudos do segundo idioma, imprescindível para seu crescimento profissional. Neste meio tempo, a empresa come- çou a adquirir competências voltadas para consultoria, serviços e operação, e o profissional de Ciência da Computação trabalhou para se adaptar e migrar do desenvolvimento de software para o re- lacionamentocomocliente,usandomais o software pela funcionalidade do que pelo desenvolvimento. Em 2008, a Sintel iniciou o processo de internacionaliza- ção para conquistar mercados além das fronteiras brasileiras, e foi neste período que Wanderlei Rosa assumiu a posição de analista de negócios. Em 2012, foi convidado pela presidência da empresa para criar uma ‘vertical de negócios’ voltada ao Supply Chain automotivo e, assim, tornou-se diretor de soluções para o segmento. A partir daí, já com foco no desen- volvimento de negócios, Wanderlei Rosa passou a trabalhar no desenvolvimento de novas soluções para o mercado, com especial atenção para a operação dos clientes. “Passamos a compreender me- lhor o ambiente e o desafio de nossos clientes e vimos que poderíamos ir além seconectássemosossistemasaosproces- sos das empresas. Para isso, fizemos um forte movimento interno para criar esta nova capacitação à empresa, o que envol- veu muito estudo e dedicação de todos”, explica. Ainda na esfera de realizações, o executivo destaca a importante conquista do primeiro cliente nos Estados Unidos, em 2012, e na Europa, em 2013. Ao longo do tem- po, a Sintel foi adqui- rindo mais clientes e fatias de mercado, influenciada pelo crescimento do setor nos últimos anos e, assim como a em- presa, a carreira do ex-aluno da FEI foi se deslocando mais para a área de negócios. “Meu atual cargo é um desafio, pois exige conexão constante com o mercado auto- motivo global e capacidade de interlocu- ção com executivos de diversas partes do mundo. O grande papel da vertical de Supply Chain é trabalhar sempre na criação de valor, levando eficiência ope- racional para os clientes”, acrescenta. Por ter a carreira voltada para negócios globais, o executivo está constantemente participandodecursoseeventosdeespe- cialização em Supply Chain Management enocontextodomercadoautomotivo,no Brasil e no exterior. “O ex-aluno começou na empresa em 2001” Destaque Jovem 16 Domínio fEi ABRIL a junho DE 2015
  • 17. na Sintel Destaque desde a graduação Ainda na faculdade, Wanderlei Rosa já buscava a inovação, tanto que, para a elaboração do traba- lho de conclusão de curso (TCC), desenvolveu com seus colegas Claudio Silva, Daniel Sonego e Dou- glas Navarro um sistema para auxiliar o ingresso dos portadores de deficiência visual e auditiva no mundo digital. Por meio da conversão de texto em voz e voz em texto, o usuário conseguia interagir enviando comandos e recebendo informações do computador e, com isso, passava a compartilhar conhecimentos e informações virtuais. Wanderlei Rosa destaca a satisfação no desenvolvimento do projeto, não apenas pelo desafio tecnológico envolvido, mas sobretudo pela oportunidade que tiveram de interagir com os deficientes e com- preender a real importância do projeto. “Fizemos pesquisas, testes e demonstrações em campo e pudemos sentir na prática o que é fazer algo com significado”, acentua. Por tratar-se de uma tecnologia inovadora fo- cada em ajudar pessoas e com forte cunho social, o projeto teve grande repercussão dentro da FEI, tornando-se referência. O trabalho também foi eleito o sexto melhor dentre os 18 projetos globais selecionados na feira International­Consumer Electronics Show (CES), realizada em Las Vegas, nosEstadosUnidos,emjaneirode2004.ParaWan- derlei Rosa, o resultado do projeto de conclusão de curso demonstra quanto o ensino na FEI vai além da questão técnica, uma vez que qualifica os alunos para o mercado de trabalho. “Por ser uma Instituição que mostra a im- portância do foco nos estudos e na disciplina, os alunos têm de conduzir o curso com seriedade e, em geral, carregam esse princípio para a vida profissional. A postura dos estudantes é um dos grandes diferenciais”, enfatiza, ao contar que já contratou alunos da FEI e é possível notar o foco, o comprometimento e o profissionalismo que possuem. O executivo lembra que a escolha pela Instituição aconteceu porque a FEI era uma refe- rência na área de Engenharia e, portanto, teria o mesmo padrão de qualidade no curso de Ciência da Computação, que era novo na época. 17ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi
  • 18. Entrevista – Luiz Carlos Cabral mais eficientes. Assim, a Daikin tomou a decisão de vir para cá em 2011, muito em funçãodeoBrasilterestadoemevidência nos últimos anos, devido à Copa do Mun- do, às Olimpíadas de 2016 e até mesmo às obras do PAC. Os acionistas japoneses continuam acreditando no Brasil? Sim, acreditam. Na verdade, a Daikin estava muito consolidada no Japão, onde é líder isolada com a maioria esmaga- dora de market share, além de ser líder na Europa e em todos os países em que se estabelece. A empresa só não estava ainda nas Américas do Sul e do Norte. A Daikin adquiriu a McQuay e a Goodman e se estabeleceu nos Estados Unidos e, daí, decidiu vir para o Brasil e entrar em outros países emergentes, como Índia, Turquia, Chile e Argentina. Essa estra- tégia começou de uns cinco anos para cá. Comofoiqueumengenheirobrasilei- ro assumiu a presidência apenas dois anos depois que a empresa japonesa chegou ao Brasil? Eu também não sei. O que posso dizer é que tenho uma experiência de mercado dearcondicionadomuitogrande.Comecei minha carreira em 1989 na Carrier, que hojeéalídernoBrasilemarcondicionado, efiqueipor22anosnaempresa,ondetive umacarreiradesucesso.Conheçobastan- teomercadodearcondicionadoe,quando a Daikin decidiu se estabelecer no Brasil, o então presidente, que era um japonês, meprocurouparaserovice-presidentede distribuição, o que incluía vendas e mar- keting. E por que eu? Bem, os japoneses são bastante minuciosos nesse aspecto e, antes de entrar aqui, fizeram uma pes- quisa, visitaram instaladores, usuários de ar condicionado, enfim, uma série de pessoas relacionadas ao mercado. Como engenheiro mecânico Luiz Car- los Cabral, formado pela Facul- dade de Engenharia Industrial (hoje Centro Universitário da FEI) em 1989, construiu praticamente toda a carreira em uma única empresa de ar condicionado. Mas, em 2011, aceitou um convite para sair da zona de conforto e assumir a vice-presidência de distribui- ção da filial brasileira da multinacional japonesa Daikin, líder no setor na Ásia e na Europa, e que começava um processo de expansão de seus negócios para as Américas do Sul e do Norte. Há dois anos, o executivo encarou um novo desafio ao assumir a presidência da subsidiária japonesa no Brasil. Aos 49 anos de idade, o engenheiro trabalha para atender as expectativas dos acionistas japoneses e buscar a liderança no segmento, baseada naofertadeprodutoscomaltatecnologia e eficiência energética. A Daikin existe desde 1924, mas che- gouaoBrasilapenasem2011.Porque a demora em instalar-se por aqui? A Daikin é líder mundial em ar con- dicionado, mas é uma empresa japonesa e, tradicionalmente, por muito tempo o Japãoestevemuitofechadoesócomeçou aseabrirdeuns10anosparacá.ADaikin também era muito focada no mercado asiático: Japão, China, Tailândia e outros países, e na Europa, por algumas razões. Umadelaséserumaempresadeprodutos de alta tecnologia e muito mais eficientes e, por isso, o preço é mais alto se compa- rado com produtos que não usam esse tipo de tecnologia. Como o Brasil é um país emergente, esse tipo de produto, um pouco mais caro por ter mais tecnologia agregada, não tinha espaço por aqui. Mas isso está mudando bastante nos últimos anos, por conta da crise hídrica e da crise energética, que demandam produtos O tenho uma boa reputação nesse mercado e meu nome sempre vinha à tona – fiquei sabendo disso depois – eles resolveram me convidar para assumir o cargo. Fui contratado como vice-presidente, ligado aopresidente.Aprincípionãotinhamuito interesse, mas acabei me interessando por ser a Daikin, uma empresa muito respeitada no mundo. Acho que fiz um bom trabalho de 2011 a 2013 como vice-presidente, construí o time, porque opresidentequeestavaaquinãoconhecia o nosso mercado, e acabei sendo indicado para ser presidente. Sua expectativa era alcançar a pre- sidência da subsidiária brasileira? Quandofuicontratadoapromessaera essa, mas eu não acreditei. Na verdade, pensei que até poderia acontecer, mas em um futuro meio distante! E, para mim, foi uma surpresa, porque confiaram em mim em pouco tempo. Tenho orgulho de dizer que toda a estrutura foi construída por mim e pela equipe que eu criei aqui e achoqueissosooubemparaosjaponeses, acho que eles começaram a ver que, de fato, eu tenho um conhecimento muito grande de mercado. O time que coloquei aqui é muito respeitado também. Fico bastante feliz, honrado e admito que não é comum ter um presidente brasileiro em uma empresa japonesa. Mas estou aqui realizando o meu trabalho. Esse é mais um dos seus desafios à frente da presidência dos negócios no Brasil? Eu diria que não ser japonês é mais desafiador ainda, sem dúvida. É inegável que a forma de pensar do japonês é com- pletamente diferente do brasileiro. Não estou aqui para dizer quem está certo ou errado, mas é diferente. Confesso que so- fri bastante, e ainda sofro para aprender comomecomunicar.Equandoeufaloem Em busca da liderança 18 Domínio fEi ABRIL a junho DE 201518
  • 19. comunicação não estou falando de lin- guagem, mas na forma de fazer com que entendamoqueestáacontecendoaqui.O japonês é bem particular, está envolvido em tudo e quer saber de tudo, até por ser bastante nova essa expansão. Hoje, a Daikin é uma empresa japonesa que tem uma filial no Brasil, porque ainda não virou uma empresa de fato internacional. Estou aprendendo bastante com eles em como me comunicar e isso é um dos meus maioresdesafios;comomefazerentender, como fazer com que eles confiem naquilo que estamos fazendo, isso é essencial. Acho que estamos conseguindo. O Brasil vive um momento de crise hídrica, crise energética, crise eco- nômica. A Daikin continua otimista com o mercado brasileiro? Muito! Este ano vai ser bem difícil, é inegável, mas a empresa traçou estraté- gias de médio e longo prazo. Mesmo que enfrentemos algum problema neste ano, acreditamos muito no Brasil. A Daikin é uma empresa de tecnologia, uma empre- sa voltada para produtos eficientes e de baixo consumo de energia, e tudo leva a crer que o Brasil vai seguir nessa trilha, até por imposição das circunstâncias. Em momentosdecrisehídricaecriseelétrica, quanto mais tivermos produtos de baixo consumo, melhor. Acreditamos muito nisso e os sinais de mercado são muito positivos. Quando entrei na empresa, em 2011,arelaçãodeprodutosInverter–que são produtos com variador de frequência e mais eficientes – com os não Inverters, ou seja, produtos mais consumidores de energia, era de mais ou menos 5% do mercado residencial, que são os Split. Em 2014, esse mercado fechou em 35% e nossa estimativa é que, neste ano, 50% do mercado já seja de modelos Inverter. Em três ou quatro anos não deveremos em ar condicionado 19ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 19 “Tenho orgulho de dizer que toda a estrutura foi construída por mim e pela equipe que eu criei aqui...”
  • 20. Entrevista – Luiz Carlos Cabral “Nosso diretor comercial é feiano também e o que temos feito é apostar muito na formação de trainnes e estagiários.” 20 Domínio fEi ABRIL a junho DE 201520 ter mais produtos com compressores com velocidade fixa, só variável. Como a Daikinépioneiranessetipodetecnologia, porque inventou um produto chamado VRV com variador de frequência, que é supereficiente, acreditamos muito que o Brasil seja a bola da vez nessa questão de uso de produtos mais eficientes e, por dominarmos essa tecnologia, estamos na frente e achamos que temos muito que crescer aqui. No Brasil ainda não há o hábito de sistemasderefrigeraçãoemresidên- cias. Com isso, o mercado é imenso? Você tem toda razão. A penetração do ar condicionado no Brasil ainda é muito baixa, principalmente no mercado resi- dencial.Hoje,estimamosqueapenetração seja na ordem de 15%. Se for comparar comumpaísdesenvolvidoecomclimase- melhante, como a Austrália, a penetração éde80%.Portanto,temosumgapenorme a ser explorado no segmento residencial. Qual é o tamanho do mercado indus- trialparaarcondicionadonobrasil? Essemercadoérelativamentepequeno no Brasil, se comparado aos Estados Uni- dosouapaísescomasmesmasdimensões. Mas é um mercado que cresce ano a ano, que não está estagnado e cresce sempre maisdoquequalqueríndicemacroeconô- mico, por volta de 10% a 15%. Também é um mercado interessante e, neste caso, estamos atuando com máquinas impor- tadas dos Estados Unidos. Os dois segmentos são importantes? Sim, no entanto, a Daikin considera como carro-chefe o VRV, porque é um produto desenvolvido pela empresa que usa variador de frequência e volume de refrigerante variável, é bastante eco- nômico, principalmente para clientes que tenham ambientes compartimen- talizados, onde há muitas salas a serem climatizadas. O produto é muito inte- ressante porque dá para instalar apenas uma unidade externa e várias unidades internas. Acreditamos bastante no VRV pelo fato de a Daikin ser líder mundial e dominar, de fato, essa tecnologia. No entanto, apesar de termos um carinho especial pelo VRV, somos uma empresa de solução em ar condicionado, então, o que for necessário estamos aqui para produzir, para vender, para apresentar solução. ADaikindesenvolvetecnologiafora do Japão? Sim. O centro tecnológico no Japão é muito mais para VRV, mas os centros de desenvolvimento para produtos comer- ciais de grande porte ficam nos Estados Unidos, em Minneápolis, onde temos um centro de pesquisas. Apesar de o de- senvolvimento ser nos Estados Unidos, a engenhariaéjaponesa.Comoadquirimos a McQuay, usamos o que a empresa tinha de bom e incorporamos a engenharia japonesa. Acho que essa fusão é superin- teressante, essa mistura de tecnologias resulta em produtos diferenciados. Qual é o tamanho da unidade da dai- kin no Brasil? Temos cerca de 300 empregados na fábrica de Manaus e, nas filiais, onde fa- zemos sódistribuição,aproximadamente 150.Temosmuitosengenheiros,inclusive na área de vendas, porque são produtos muito mais ‘engenheirados’, como o VRV, que necessitam de uma venda técnica. Qual é o perfil do engenheiro que a Daikin busca em suas unidades ao redor do mundo? Não buscamos o engenheiro de pran- cheta, mas sim o engenheiro generalista. Acredito que a formação do engenheiro abre muito o leque, dá uma visão muito ampla, e o que buscamos é esse tipo de engenheiro, que saiba analisar, mas que, aomesmotempo,tenhaumavisãoampla de mercado. Nosso engenheiro precisa ter poder de análise, poder de decisão e uma visão administrativa muito grande também. E tem sido fácil para a empresa en- contrarengenheiroscomesseperfil no brasil? Não, é muito difícil. Nosso diretor comer­cial é feiano também e o que te- mos feito é apostar muito na formação de trainees e estagiários. Temos muita gente nova na empresa, que buscamos nas universidades, e tentamos formar aqui com essa visão de mercado, de ser mais generalista, de ser analítico, mas, ao mesmo tempo, administrador. Estamos criando uma escola dentro da Daikin em todos os níveis, não só para engenheiros de venda, mas para técnicos e instalado- res. Temos uma parceria com o SESI e da- mos aulas lá, além de fazer treinamentos constantes. Infelizmente, a mão de obra no Brasil ainda demanda de certa qualifi- cação,principalmenteparaprodutosmais sofisticados como é o nosso, com muita eletrônica embarcada. O senhor afirmou em uma entrevista em 2013 que a Daikin busca a lideran- ça neste mercado. Como estão esses planos? Continuamoscomessametaeanossa participação está no limiar da liderança em VRV. Em produtos importados, prin- cipalmente para a indústria, acredito que já somos o número dois, incomodando bastanteonúmeroum.Nãoalcançaremos a liderança geral em 2015, mas diria que, em mercados específicos, estamos atuan- do bem próximos disso.
  • 21. “Temos de manter nosso grupo muito unido, porque é isso que faz a diferença.” 21ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 21 Comofoiatrajetóriadasuacarreira até assumir a presidência da Daikin? SoudaturmadeEngenhariaMecânica Plenaformadaem1989naFEI.Primeiro, fui estagiário na antiga Elevadores Villa- res,hojeAtlas,eem1988entreinaCarrier como estagiário. Depois de formado fui efetivado como engenheiro de vendas. Passei 22 anos na Carrier galgando pos- tos: comecei como engenheiro de vendas, depois fui gerente de vendas, gerente de contas nacionais, diretor comercial, de- pois diretor comercial e residencial. Saí da Carrier em 2011 e vim para a Daikin como vice-presidente. A Engenharia Mecânica foi uma es- colha pelo fato de o senhor gostar de carro? Na verdade, quando era menino eu tinhaumsonhodeconstruirmeupróprio carro. Queria montar meu carro e, com esse intuito, fui cursar Engenharia Me- cânica. Só que a vida nos prega algumas peçase,paramim,foiótimo.NaFEI,uma das matérias que eu mais tinha dificulda- de era Termodinâmica. Lembro até hoje que tivemos de fazer um projeto de um trocador de calor pela norma NEMA, nas aulas do professor Lage (Laercio Gomes Lage), que é o trocador de calor usado até hoje no equipamento de ar condicionado. E eu odiava aquilo; para mim era a pior matéria. E fui trabalhar exatamente na área de ar condicionado quando entrei na antiga Springer, que hoje é a Carrier. Veja como é a vida: comecei a ver trocador de calor de novo e hoje eu adoro isso. Essa é uma das suas melhores lem- branças dos tempos de faculdade? Diria que essa e as aulas de Mecânica de Fluidos, que também tem tudo a ver com ar condicionado e uso até hoje. E vem à minha cabeça a figura do Alemão (Raimundo Ferreira Ignacio), que era meu professor de Mecânica de Fluidos. O Alemão era um ex-feiano que todo mundo adorava. Outra boa lembrança que tenho é o professor Carlos Hein, que dava Ele- mentos de Máquinas aos sábados. Ele era muito engraçado. Normalmente, na P1 o pessoaliamuitomalnamatériadele,aí,na próximaaulaeledavaumsermãoemtodo mundo: “Poxa! Eu não acredito que vocês tiraram 1 nessa prova, enquanto meus alunos no segundo grau tiram 10! Ainda étempopessoal;vãofazerAdministração, vão fazer Economia, pelo amor de Deus!”. Lembro bastante disso. A formação humanista, que é tra- dição da FEI, o ajuda a ser um bom gestor de pessoas? Sem dúvida. Essa formação huma- nista é essencial. Para ser um gestor temos de ter esse lado humano, que é tão importante quanto o lado analítico, a tal da inteligência emocional, isso faz a diferença. Vemos bons engenheiros que não conseguem lidar com pessoas, e isso pode atrapalhar a carreira. Por que o senhor escolheu estudar na FEI? Eu morava na Cidade Ademar, próxi- mo ao Jardim Cupecê, e a FEI era relati- vamente próxima. Mas a minha escolha também é uma história interessante. Estudei em escola pública e tinha um professor de Química que era da FEI. Não lembro seu nome, mas ele sempre dizia que era da FEI e eu adorava ouvir aquilo, não sei porque, mas adorava. Eu também tinha conhecidos que estudavam na FEI e decidi prestar o vestibular na Instituição. Até hoje tenho contato com amigos que fiznaFEI,atéporquealgunseramamigos dobairro.Umdosmeusmelhoresamigos, que é o Denis, é ex-feiano e está no seg- mento de ar condicionado também. Emmeioatantosdesafios,o que o se- nhor faz para manter corpo e mente saudáveis? Procuroestarmuitocentrado,teruma inteligência emocional grande. Estamos apostando muito em produtividade, porque será um ano difícil, e estamos focadostambémemqualificaraspessoas, investindoemtreinamentoequalificação. Temos de manter nosso grupo muito unido, porque é isso que faz a diferença, e estarmuitopresentesnomercadodeuma forma que nos permita ser diferenciados. Para manter o corpo e a mente em forma procuro jogar tênis pela manhã, mesmo tendo de acordar de madrugada. Gosto muitodeesportes:futebol,tênis,corrida, andardebicicleta.Outrohobbyquetenho éirparaapraiaquasetodofimdesemana. Comprei uma prancha de stand-up paddle e estou praticando essa modalidade de esporte também. Isso alivia o estresse da semana, é uma delícia. Outro hobby que tenho é cozinhar. Fazer outras atividades que nos dão prazer alivia as tensões e nos faz acordar bem-dispostos e prontos para enfrentar todos os desafios. A vida fica mais leve assim.
  • 22. FEI comemora 10 anos do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Uma década na fro O s investimentos em ciência e tecnologia no Brasil têm ga- nhado incentivos importantes nas últimas décadas. Dados publicados na revista Nature em 2014 – uma das mais im- portantespublicaçõescientíficasdoplaneta–,indicamqueo investimento anual em pesquisas no País já chegam a R$ 59,4 bilhões (US$27bilhões),sesomadasasiniciativaspúblicaseprivadas.Segundo a revista, o Brasil é líder em publicações científicas na América Latina, commaisde40milem2013,emboraaindaestejalongedosnúmerosde paísesdesenvolvidos.OPaístambéméoúnicodocontinenteainvestir 1%doPIBempesquisaedesenvolvimento.Osfomentosparapesquisa são disponibilizados por agências como a Financiadora de Estudos e Projetos(FINEP),CoordenaçãodeAperfeiçoamentodePessoaldeNível Superior (CAPES) e Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Háexatamenteumadécada,oCentroUni- versitário da FEI passou a fazer parte desse seleto grupo que produz ciência no Brasil. Desde 2005, quando a CAPES aprovou o primeiro curso de mestrado em EngenhariaElétrica,aInstituição passou a investir fortemente para tornar-­se uma referência em pesquisa, nacional e inter- nacionalmente. A partir da expe- riência adquirida com o primeiro mestrado, o Centro Universitário lançou os stricto sensu de Engenharia Mecânica e de Administração, em 2007, e deEngenhariaQuímica,em2013.Paradar ainda mais oportunidades aos pesquisadores para irem além da fronteira do conhecimento, a FEI oferece o doutorado em Administração desde 2011, e em Engenharia Elétrica desde 2012, e trabalha para aprovação dos doutorados de Engenharia Mecânica e Química nos próximos anos. Todo o caminho percorrido na última década foi iniciado em 2002, quando a Fundação de Ciências Aplicadas (FCA), mantenedora dasfaculdadesisoladasEscolaSuperiordeAdministraçãodeNegócios (ESAN), Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e Faculdade de Informática (FCI), resolveu unir as três instituições e transformá-las no Centro Universitário da FEI. “O conceito era simples. O ensino de graduaçãoserialimitadosenãohouvessegeraçãodeconhecimentoem nível de pesquisa e pós-graduação, nessa ordem”, resume o professor doutor Fábio do Prado, reitor do Centro Universitário da FEI e que, em 2002, era o vice-reitor de Ensino e Pesquisa. Pós-graduação 2222 Domínio fEi ABRIL a junho DE 2015 alphaspirit/istockphoto.com
  • 23. onteira do conhecimento Com os programas de pós-graduação stricto sensu, a FEI passou a ter docentes e professorespesquisadorestrabalhandoem conjunto, o que permite estender o inte- ressepelapesquisatambémparaosalunos da graduação, incentivados por meio do Programa de Iniciação Científica. Para o reitor, esse ambiente rico de inovação que envolve a graduação e a pós-graduação permite que as diferentes modalidades de pesquisa coabitem de forma harmoniosa. “Com isso, geramos o bom contágio e criamos a possibilidade de os estudantes expandirem os limites do conhecimento”, reforça. Para o professor doutor Marcelo An- tonio Pavanello, vice-reitor de Ensino e PesquisadoCentroUniversitáriodaFEI,a Instituiçãocompreendeessaduplafunção depropagaroconhecimentonagraduação e gerar conhecimento e inovação para um conjunto de opções e serviços com grande impacto social. “O que motiva os novos pesquisadores a continuar nesse caminho é acreditar na qualidade da pesquisa que desenvolvemos na FEI, com impacto nacional e internacional”, destaca. Com a maturidadeadquiridanaúltimadécada,o vice-reitor adianta que a Instituição quer ir muito mais longe, conquistando outros doutorados em todos os cursos. IndicadoreS Embora seja uma Instituição voltada à pesquisa em pós-graduação há apenas 10 anos, a FEI já colhe bons resultados em relação às publicações científicas e à apre- sentaçãodeestudosemeventosnacionais e internacionais. A cada semestre, cresce onúmerodepesquisadoresindicadoscom bolsasatribuídaspelosórgãosdefomento, de indicadores de densidade dos estudos produzidos na Instituição e de trabalhos de cunho internacional com inserção em periódicos de alto fator de impacto e com temas de relevância. O professor Marcelo Pavanelloressaltaqueacriaçãodenúcleos de pesquisa e agregação de novos pesqui- sadores estimula o aumento exponencial no fomento para os estudos, tanto para professores pesquisadores que desenvol- vem seus estudos em tempo integral e participam de eventos de peso nas áreas quanto para alunos de pós-graduação. Além de ter tido sucesso na busca de recursos com órgãos oficiais de fomen- to, a FEI também tem recebido verbas de empresas, inclusive para montagem de laboratórios com equipamentos de última geração, a exemplo dos que foram financiadospelaTelefônicaVivonaáreade Internet das Coisas, em 2014, e pela Ge- neral Motors, em 2012, com a instalação do Partners for the Advancement of Colla- borativeEngineeringEducation(PACE),um programa global que tem como objetivo fornecer treinamento aos estudantes por meio de software utilizados na criação de novosprodutosetecnologias.“Petrobrase Embraertambémsãograndesfomentado- res nas pesquisas da FEI, nas áreas de pe- tróleoegásedemotores,respectivamente. AInstituiçãojánasceucomesseviésparaa indústriaeprocuramosmanteressecírculo virtuosoquepermiteapesquisaaplicada”, afirma o vice-reitor Marcelo Pavanello. Com a criação, por parte do governo federal,demecanismoslegaisparaabusca de fomento, mais empresas privadas têm procuradoaFEIparadesenvolverparcerias junto ao Instituto de Estudos e Pesquisas Industriais(IPEI),queacabadecompletar 40anos(leiamaisnaspáginas40e41).Ape- sar das parcerias e das verbas de fomento, a FEI ainda investe parte expressiva de recursosparapesquisa,poracreditarnesse caminhoembuscadoconhecimentopleno, masestá à procura da autossuficiência em termos de financiamento para pesquisas. “O mercado e a sociedade já reconhecem a excelência do Centro Universitário, que trilhaumcaminhoseguroeresponsávelno ensino, na pesquisa e na extensão”, acres- centa o reitor Fábio do Prado, ao lembrar que todo esse itinerário começou a ser construído pelo primeiro reitor do Centro Universitário, o professor doutor Marcio Rillo,jáfalecido,equeapesquisatornou-se umcomplementoirrenunciáveldoensino naFEI,poispermiteaautoalimentaçãode docentes e alunos. Professor doutor Fábio do Prado: reitor da FEI 23ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 23 Professor doutor Marcelo Antonio Pavanello
  • 24. Pós-graduação Mantenedora incentiva pesquisa Os investimentos da Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros (FEI), mantenedora do Centro Universitá- rio da FEI, nas áreas de pesquisa e extensão – que se somam à missão fundamental da Instituição, que é o ensino – têm sido focados na tecnologia e na gestão de ambientes e laboratórios especializados. O principal objetivo é oferecer os meios para que as pesquisas sejam realizadas com qualidade e pertinência, possibilitando que os projetos de mestrado e doutorado sejam trabalhados em todos os seus detalhes. “A pesquisa na Instituição consolida-­se pela qualidade das pessoas e dos projetos elaborados. Há uma sinergia buscando o ponto de equilíbrio. A qualificação é condição para a consolida- ção”, afirma o presidente da FEI, Padre Theodoro Peters, S.J., ao ressaltar que a lógica universitária tende a formar e consolidar as pessoas na busca do novo continuamente ao longo da vida, tanto acadêmica como profissional. O gestor acrescenta que a FEI não se contenta em ser excelente na avaliação interna e, por isso, busca continuamente a avaliação externa, nacional e internacional, para situar-se nos patamares desejados. Nos últimos anos, além de apresentar projetos para finan- ciamento na própria FEI, os pesquisadores passaram a buscar financiamento em órgãos de fomento, competindo com outras instituições de ensino e pesquisa, com crescimento exponencial dos recursos recebidos, o que demonstra a qualidade das pes- quisas na Instituição. “Nossos pesquisadores são reconhecidos além dos muros e estão envolvidos em redes de pesquisa inter­ institucionais”, reforça o Padre Theodoro Peters. Além disso, os estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado tambémestãocadastradosemórgãosdefomento,fazendoparte da grande comunidade nacional e internacional de pesquisa e, consequentemente, com as melhores condições de oferecer seu talento ao bem comum das pessoas e da sociedade. O presidente da mantenedora lembra que a FEI foi criada com a finalidade de perenizar a missão expressa na denomina- ção da própria pessoa jurídica: uma fundação educacional para Padre Theodoro Peters, presidente da Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros 2424 Domínio fEi ABRIL a junho DE 2015 Apesquisa aplicada àindústriafazparte dos objetivos do Centro Universitário da FEI desde a sua fundação, em 1941, pelo Padre jesuíta Roberto Saboia de Medeiros. Considerado um visionário por ter como ideal atender o processo de industrializa­ ção pelo qual passava o Brasil, a meta do fundador sempre foi a formação dos alunos História com foco no mercado promover a formação de jovens e de adultos que tem como referência Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, ordem religiosa dedicada à formação de recursos humanos altamente qualificados. “A qualificação universitária articula o ensino, a pesquisa e a extensão envolvendo professores, pesqui- sadores, estudantes, corpo técnico especializado, vizinhança, região. Estimular e induzir a pesquisa para que o conhecimento transmitido não se limite à assimilação do já conhecido, mas abra a mente para a descoberta do que ainda não foi assimilado, permite que os pesquisadores deixem sua contribuição para o bem comum. Os avanços visam o bem-estar de toda a humani- dade e tal concepção é parte integrante de uma Instituição de ensino e pesquisa inspirada na fé cristã”, acentua. de modo que se tornassem qualificados para o setor empresarial, com aptidões para a pesquisa científica e com perfil humanista e valores éticos. O campus em São Bernardo do Campo tambémfoicriadocomobjetivoestratégicode atender o crescimento do Grande ABC, região quepassouaabrigarasprimeirasmontadoras de automóveis instaladas no País. Em 2002, com a criação do Centro Universitário, a Instituição ganhou autonomia acadêmica necessária para o trabalho interdisciplinar e multidepartamental, o que possibilitou a elevação dos níveis de graduação e das pes­ quisas por meio da massa crítica científica de professores e pesquisadores.
  • 25. 25ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 25 D esde que foi criada, a FEI sempre deu importância ao ensino além dasaladeaula,pormeiodocom- plemento em laboratórios, para que os profissionais fossem preparados para as novas demandas tecnológicas. Ao criar o Centro Universitário da FEI, em 2002, os gestores da Instituição manti- veram os mesmos princípios do fundador e, com isso, o caminho natural era dar continuidade à busca pelo conhecimento por meio da pós-graduação stricto sensu. O Departamento de Engenharia Elé­ trica, naquele momento, era o que tinha as melhores condições para abrigar­o Engenharia Elétrica foi a pioneira Departamento tinha as melhores condições para abrigar o primeiro mestrado primeiro mestrado, uma vez que o cur­so degraduaçãojápossuíaestruturadeparta- mentaladequadaelaboratóriosquedavam suporteaoensinodapós-­graduação.Além disso,odepartamentojáabrigavadocentes com mestrado e doutorado que parti- cipavam de grupos vinculados a outras instituições de ensino superior e centros de pesquisa. “Já havia um projeto institu- cional desenvolvido com muita sabedoria para o curso de graduação em Engenharia Elétrica, o que acabou servindo como ali- cerce para a FEI criar o seu Programa de Pós-graduação Stricto Sensu nesta e nas demais áreas”, afirma o vice-­reitor de En- sino e Pesquisa, professor doutor Marcelo Antonio Pavanello. O professor, que participou de todo o processodesde2003,quandofoicontrata- docomodocentedetempointegral,conta queaopçãofoiestruturaromestradocom áreas multidepartamentais, o que per- mitia que a estrutura institucional fosse otimizada em prol de uma grande área do conhecimento. “O programa também tinhaalgumasparticularidadesqueforam aceitas tão logo submetidas à CAPES, que reconheceu a virtude institucional da FEI e aprovou o curso”, acentua. Um dos dife- renciais era o fato de o grupo contratado para o mestrado também ministrar aulas para a graduação. Da esq.: O atual coordenador do curso, Carlos Eduardo Thomaz, representantes da reitoria da FEI em 2005 e primeiros professores doutores do curso Data de criação: 2005 Artigos publicados em periódicos: 141 Artigos publicados em congressos: 485 Mestres formados: 114 Alunos em formação Mestrado: 40 Alunos em formação Doutorado: 32 Docentes: 14 nabihariahi/istockphoto.com
  • 26. DISPOSITIVOS ELETRÔNICOS INTE- GRADOS – Nesta área são desenvolvidos estudos em Microeletrônica, com especial ênfase para projeto de circuitos dedicados, digitaiseanalógicos,caracterizaçãoelétrica de dispositivos eletrônicos e modelagem e simulação de dispositivos eletrônicos. Caracterização Elétrica de Dispo- sitivos MOS – Estudo principalmente dos efeitos das reduções das dimensões e da modificação de materiais aplicados aos dispositivoseletrônicosfeitosnatecnologia­ de Metal-Óxido-Semicondutor (MOS), além da utilização de novas estruturas de transisto­res MOS. Simulação e Modelagem de Dispo- sitivos MOS –Nestalinhadepesquisasão utilizados simuladores numéricos bidimen­ sionaisetridimensionaisdeprocessosedispo­ sitivos eletrônicos para auxiliar no estudo de variáveisintrínsecasaosdispositivosMOSeno desenvolvimento científico de novos modelos analíticos, capazes de descrever as proprieda­ des elétricas dos componentes. PROJETO DE Circuitos Integrados De- dicados – Desenvolvimento de projeto de circuitos integrados dedicados, digitais e ana­ lógicos, baseados na tecnologia CMOS. Os cir­ cuitos visam o aproveitamento das vantagens da tecnologia SOI (Silicon-On-Insulator) sobre a tecnologia MOS tradicional, com melhorias nodesempenhodoscircuitos,associadasaum menor gasto de potência. Inteligência Artificial Aplicada à Automação –Aáreavisadesenvolvercapa­ citação em novas tecnologias nas áreas de au­ tomaçãointeligente, comprojetosemau­ tomação residencial eautomotiva,plane­ jamentoautomático de atividades, robó­ tica, estudo de inter­ faces homem-máquina e desenvolvimento de interfaces adaptativas. Planejamento e Aprendizado de Máquina – Investiga­ ção científica e desen­ volvimento de técnicas computacionaiscapazes de promover o planeja­ mento e o aprendizado de máquinas, com especial atenção para a Áreas de concentração/Linhas de pesquisa 2626 Domínio fEi ABRIL a junho DE 2015 Coordenador do curso de Engenharia Elétrica durante 11 anos, o professor doutor João Antonio Martino foi um dos responsáveispelainstalaçãodomestrado, ao lado do então reitor professor doutor Marcio Rillo. Formados pela FEI, os dois engenheirostinhammestradoedoutorado pela Universidade de São Paulo (USP) e, devido à expertise em Dispositivos Eletrô- nicos Integrados e Inteligência Artificial Aplicada à Automação, respectivamente, ficou definido que estas seriam as duas áreas de pesquisa iniciais do mestrado. “A pós-graduação surgiu da necessidade da FEI em expandir a geração do conheci- mento. Fico muito satisfeito em ver que a sementinhadapesquisaempós-graduação germinounaFEIcomooprofessorMarcio eeuimaginávamosquepoderiaacontecer. Esse é o lugar correto da FEI, ou seja, con- tribuindo não só com a graduação, mas também com a pós-graduação”, enfatiza o do­cente João Antonio Martino, que é professor titular da Escola Politécnica (POLI) da USP desde 2007. Atualmente, o Programa de Pós-graduação na FEI é composto de três áreas: Inteligência Arti- ficial Aplicada à Automação, Dispositivos Eletrônicos Integrados e Processamento de Sinais, esta última incorporada com o doutorado, em 2012. Para o professor João Antonio Mar- tino, a seleção e contratação dos então jovens doutores que ajudaram a criar o primeiro mestrado foi acertada, porque tinham perfil de crescimento na área de pesquisa,quasetodosaindanaInstituição. O docente diz que foi uma honra ter par- ticipado da criação do primeiro mestrado da FEI e ter sido o primeiro coordenador (2005-2006), pelo fato de ter estudado na Instituição e admirar o processo edu- cacional sério e responsável do Centro Universitário. “A FEI tem uma especial atenção com os alunos da graduação e a experiência adquirida na Instituição como docente, chefe de departamento e coordenador de curso me permitiu seguir a carreira acadêmica. Com apoio do então vice-diretor da FEI, professor Alessandro La Neve, e do então reitor, professor Mar- cioRillo,foipossívelvivenciaremparalelo também a pesquisa na USP e trazer esta experiência para dentro da FEI. Torço que a Instituição cresça cada vez mais, mantenha as premissas originais de forte interação com instituições de pesquisa e ensino no País e no exterior, e consolide assim todos os mestrados e doutorados que busca”, enfatiza. Um dos primeiros doutores a ser con- tratado para o mestrado de Engenharia Elétrica,oprofessordoutorCarlosEduardo Thomaz – atual coordenador do curso – lembraqueagrandepreocupaçãonaépoca era com o equilíbrio da carga horária para os docentes pesquisadores, pois teriam de dividirotempointegralentreasaladeaula e as pesquisas. Doutor em Computação peloImperialCollegeLondon,naInglater- ra, o docente relata que o grupo era com- postoporrecém-­doutoresqueacreditaram no projeto da FEI e chegaram dispostos a fazerotrabalhoacontecercomohaviasido planejado.“Operfildosnovosdocentesera diferentedosdemaisprofessoresnaépoca, masoprofessorMarcioRillotinhaumavi- sãoespetaculardoquequeria,alémdeum grandeotimismo,econseguiuestruturara Instituição para que chegássemos ao nível depós-­graduaçãostrictosensuqueestamos hoje. Fomos presenteados, na verdade, com a liderança de dois pesquisadores seniores empreendedores”, acentua. Ao longo desses 10 anos, a FEI vem desafiando seus pesquisadores a produzir maisemelhor,oqueatendeàsexpectativas Pós-graduação
  • 27. teoria de complexidade de algoritmos, clas­ sificação de dados por métodos de aprendi­ zagem por reforço, e para o desenvolvimento de sistemas de raciocínio baseado em casos. Interface Humano-Computador Adaptiva –EstudodaaplicaçãodeInteligên­ ciaArtificialnosaspectosdedesenvolvi­mento, aplicação e testes em IHC. A área também colaboracompesquisasdeinteraçãoHumano-­ Robô, investigando os aspectos humanos no processointerativocomsistemasrobotizados. Navegação de Robôs Móveis – Nesta linha de pesquisa são investigados e desen­ volvidos métodos e técnicas de Inteligência Artificial que permitem que robôs atuem de forma autônoma, com aplicação em áreas da Engenharia que exigem raciocínio lógico e conceitos de robótica probabilística. Processamento de Sinais – Nesta área de pesquisa são explorados aspectos de pro­ cessamento de sinais aplicados a reconheci­ mento de padrões em estatística, biometria, processamento de imagens médicas, visão computacional,identificaçãodesinaissonoros devozefala,alémdeprocessamentoeanálise de biopotenciais. Reconhecimento de Padrões em Esta­ tística – O objetivo desta linha de pesquisa é investigar e desenvolver métodos multi­ variados lineares e não lineares de redução de dimensionalidade e reconhecimento de padrões apropriados, para classificação de amostras e caracterização de diferenças entre umgrupodedadosdereferênciaeapopulação sob investigação. Processamento Digital de Sinais–Esta linha de pesquisa visa desenvolver mecanismos com aplicação em reconhecimento de fala, melhoria da inteligibilidade e re­ lação sinal-ruído, e investigar métodos de processamento e análise de biopotenciais parareabilitaçãodedeficientespormeiodo comando de próteses e órteses. Processamento de Imagens e Vi­são­ Computacional –Nestalinhadepesqui­ sa investigam-se as questões computacio­ nais e algorítmicas associadas à aquisição, ao processamento e à interpretação de imagens, por meio do desenvolvimento de métodos compu­tacionais de normalização espacial, detecção, segmentação e classifi­ caçãodepadrõesquesuperemadificuldade de lidar com a alta dimensionalidade das imagens. 27ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 27 Primeiros alunos de mestrado de Engenharia Elétrica da FEI, em 2005 iniciaisdocursoeestimulaospesquisado- resanãoseacomodarem.OprofessorCar- los Thomaz informa que um dos grandes desafioseracriarumambientedepesquisa onde os próprios envolvidos percebessem a necessidade de discutir ciência pelos corredores, em sala de aula, nos laborató- rios e até nas conversas informais. “A FEI conseguiu atingir esse objetivo. É muito comum vermos docentes discutindo ciên- cia até mesmo no espaço do café. Era isso que todos desejavam: que o mestrado não fosse apenas mais um título, mas criasse a possibilidadedeaprofundarconhecimento relevante”, acrescenta. O número de pro- fessores pesquisadores em tempo integral queiniciouem2005napós-­graduaçãoem Engenharia Elétrica é hoje 40% maior. Referência Embora o grupo de pesquisadores em Microeletrônica seja considerado relati- vamente pequeno, já se tornou referência nacionaleinternacionalnaárea,comgran- de participação em congressos e com pro- fessores reconhecidos pela academia. Na áreadeRobóticaeInteligênciaArtificial,o grupo da FEI também é forte e se tornou referêncianoPaís.Ocoordenadororgulha-­ se de a FEI ter conseguido boa visibilidade nacionalmente e estar ganhando espaço internacional. “No Brasil, não se fala em robótica sem citar o grupo da FEI. Na área de processamento de sinais também já há pesquisasdonossogrupodegrandevisibi- lidade acadêmica e tecnológica”, descreve. vetkit/istockphoto.com
  • 28. Pós-graduação 2828 Domínio fEi ABRIL a junho DE 2015 Os primeiros mestres em Engenharia Elétrica começaram a se formar em 2007 e, hoje, o curso possui 40 alunos, tanto em tempo parcial quanto integral. Nos últimos 10 anos, a FEI já formou 114 mestres na área. Os mestrandos ficam, em média, 27 meses no curso, tempo necessário para participar das aulas e desenvolver as pesquisas. Em geral, os alunos são profissionais do mercado que almejam crescer na carreira, engenheiros em busca de atuação na área acadêmica ou mesmo ex­-alunos recém-­graduados que descobriram o caráter motivador da pesquisa a partir da iniciação científica, ainda na graduação. Da primeira turma de 20 alunos, o primeiro mestre a se formar foi Luiz An- tonio Celiberto Junior, que também foi o primeiroaseinscrevernocurso.Formado em Engenharia Elétrica com ênfase em Computação no Centro Universitário da FEI em 2004, o engenheiro optou pelo mestradoemInteligênciaArtificialAplica­ da à Automação porque sempre gostou de projetar, criar e pesquisar e estava insatisfeito na empresa onde trabalhava com desenvolvimento de software. O interesse pelas pesquisas surgiu ainda na graduação, quando participou do Programa de Iniciação Científica da FEI e da primeira turma do vitorioso projeto Futebol de Robôs. Depoisdaconclusãodomestrado,com orientação do professor doutor Reinaldo Bianchi, o engenheiro fez o doutorado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e voltou para a FEI para o pós-dou- torado.“Comaoportunidadedomestrado tive o incentivo que precisava para seguir na carreira acadêmica e continuar me dedicando às pesquisas”, afirma. Hoje, o engenheiro é docente concursado da Uni- versidadeFederaldoABC(UFABC)naárea de Engenharia de Instrumentação, Auto- mação e Robótica. O professor também Mudanças expressivas na carreira participa de pesquisas sobre Inteligência Artificial com o grupo da FEI. Segundooprofessor,apesquisaagrega valor aos graduandos porque passam a ter um diferencial, pois um pesquisador nuncasecontentaeestásempreembusca derespostasparanovasperguntas.Como nem tudo está nos livros, os professores pesquisadoresconseguemagregarumco- nhecimento a mais para os alunos e, com isso, quem ganha é o mercado de traba- lho, que receberá profissionais mais bem preparados. Embora o Brasil ainda não tenha uma cultura de absorver mestres e doutores nas empresas – diferentemente do que ocorre em países desenvolvidos, especialmente nos Estados Unidos – o docente acredita que esse perfil deverá mudar nos próximos anos, uma vez que o mercadoglobalprecisadeprofissionaisdi- ferenciados e mais capacitados, inclusive, para a gestão de pessoas. “O mestrado da FEI atendeu a todas as minhas expectati- vas, com excelentes matérias e docentes de alto nível na área de pesquisa. Recebi informações muito valiosas e levo esse conhecimento aos meus alunos até hoje”, assegura. Formado pela FEI em 2003 em En- genharia Elétrica com ênfase em Eletrô- nica, Rodrigo Trevisoli Doria também é da primeira turma de mestrado. A área de Dispositivos Eletrônicos o fascinava desde a graduação e o jovem engenheiro viu, no mestrado, a possibilidade de não deixar o conhecimento estagnado. Ao ser contempladocombolsadeestudos,optou pelomestradoemtempointegrale,depois deformado,porseguirnaáreaacadêmica. O engenheiro foi o primeiro a concluir o mestrado na área de Dispositivos Eletrô- nicos Integrados com um estudo sobre Transistores de Múltiplas Portas, com orientação do professor Marcelo Antonio Pavanello, e conta que a oportunidade mudou os rumos de sua vida. “O mestra- do é a base de tudo na área acadêmica. Depois de formado fui fazer o doutora- do na USP, também com orientação do professor Marcelo Pavanello, segui para o pós-doutorado em Microeletrônica e conseguimetornarprofessorcolaborador doprópriomestradodaFEI”,conta.Coma carreira acadêmica como objetivo desde o início,oprofessordizqueconseguepassar um conhecimento atualizado aos alunos da graduação, além de incentivá-los no interesse pela pesquisa. Luiz Antonio Celiberto Junior: primeiro mestre Rodrigo Trevisoli Doria hoje é docente na FEI Pós-graduação
  • 29. esde 2012, o curso de doutorado em Engenharia Elétrica atrai a atenção de profissionais que buscam a carreira acadêmica e o aprofundamento do conhecimento científiconomundodaspesquisas.Atual- mente, 32 alunos estão matriculados no doutorado nas mesmas áreas de concen- tração do mestrado. Um desses alunos é a engenheiraeletricistaCarlaDickdeCastro Pinho Novo. Formada em 2004 pela FEI, aprofissionalvoltouparaaInstituiçãoem 2012 para fazer o mestrado e emendou o doutorado, iniciado em novembro de 2013, depois de sete anos atuando no setor produtivo. Carla Pinho Novo conta que começou a trabalhar no Grupo Votorantim ainda no último ano da faculdade, após passar por um processo seletivo. “Eu já gostava daáreaacadêmica,masquisteressaexpe- riência na indústria. Depois de passar por vários setores durante o estágio, escolhi a áreafinanceiraechegueiagerente”,escla- Doutorado foi mais uma conquista rece. Por ter participado do Programa de Iniciação Científica durante a graduação, a engenheira afirma que a experiência foi importante para aprender a trabalhar a organização e o planejamento de estraté- gia, o que permitiu já chegar mais pronta ao mercado de trabalho. Em2012,decidiuvoltarparaaFEIpara cursaromestradoe,paraisso,procurouo professordoutorRenatoGiacomini,chefe doDepartamentodeEngenhariaElétrica, quehaviasidoseuorientadornainiciação científica.Adoutorandaescolheuaáreade DispositivosEletrônicosegarantequefez uma escolha consciente pela Instituição. “EusemprequisfazerodoutoradonaFEI, emboratenharecebidoconvitesdeoutras instituições, pois conheço a seriedade da FEI e dos profissionais envolvidos com o programadepós-graduação,quesãointer- nacionalmente reconhecidos no mundo científico”, reforça. Para o professor Carlos Eduardo Tho- maz, o doutorado veio coroar o interesse e a necessidade de todos os professores pesquisadores em discutir conhecimento no mais alto nível, dando oportunidades aos mestres de seguir nas pesquisas na Instituição. Para os próximos 10 anos, o coordenadoresperaqueosresultadosdos estudosdemestradoedoutoradopossam contribuir para responder questões rele- vantes que beneficiem a sociedade como um todo. Outro objetivo é trazer alunos estrangeiros, especialmente da América Latina, para participarem dos cursos. O docente acredita que essa troca alimenta o conhecimento. “O doutorado permite maior tempo de contato entre professor e aluno e resultados cientificamente mais relevantes, pois são quatro anos de dedicação à pesquisa. E é fundamen- tal que os pesquisadores, em todos os níveis, percebam que a ciência não tem fronteiras e a convivência em busca de conhecimentocientíficoéenriquecedora. Estamos criando caminhos para mais essa conquista”, admite. D A engenheira eletricista Carla Dick de Castro Pinho Novo optou pelo doutorado na Instituição 29ABRIL a junho DE 2015 Domínio fEi 29