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Fernando Ferrari Filho Email: ferrari@ufrgs.br http://www.ppge.ufrgs.br/ferrari CORECON/PE, 27 de abril/2009 As Repercussões da Crise Internacional sobre sobre a Economia Brasileira
Booms  e Crises   ,[object Object],Década de 1980 ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],Década de 1990 Anos 2000
Booms  e Crises   (i) Mercados financeiros desregulados e inovações financeiras ( securities –  mercados de títulos em que são consolidadas as dívidas mediante a emissão, pelo devedor, de novos títulos/dívidas, com garantias adicionais – e derivativos – ativos financeiros que derivam, integral ou parcialmente, do valor de outro ativo financeiro ou mercadoria) tornam o crédito (liquidez) mais elástico  (ii) Livre mobilidade de capitais e volatilidade dos preços dos ativos (iii) “Financeirização” do capital:  Hedge  funds,  Pension funds  e  Sovereign Wealth Funds   O que elas têm em comum e seus efeitos?
Booms  e Crises (iv)   Estabilidade gera instabilidade: Períodos prolongados de  um  estado estável  levam a economia a se mover para um  estado instável , porque consumidores, firmas e o sistema financeiro são agentes essencialmente especuladores (alavancagem “suicida”). Por quê? Expansão econômica    D e S       empréstimos       Preços dos ativos       margem de segurança       inadimplência       Preços dos ativos       empréstimos       juros       recessão ou depressão (v) Crises financeiras são recorrentes e “dolorosas” em um mundo financeiramente globalizado. Ademais, elas são essencialmente endógenas
A crise do  subprime   1. Origem (i) Perdas causadas pelo crescente  default  dos empréstimos das hipotecas de  subprime , grande parte delas “securitizadas” e alavancadas através de  commercial papers  (títulos com altas rentabilidade e liquidez, porém com baixa segurança), amplamente distribuídas a investidores do mercado global. Os sinais da crise foram observados em agosto de 2007 e tanto o recrudescimento, quanto o caráter global dela manifestaram-se a partir de setembro de 2008   2. Dinâmica da Crise (i)  A partir de 2001/2002: Expansão da liquidez, política fiscal contra-cíclica e redução dos juros básicos dos EUA (média anual, entre 2002 e 2004, de 1,4%)
A crise do  subprime   (ii)   Alavancagem: Sistema financeiro passou a financiar o setor imobiliário (empréstimos inclusive para pessoas sem histórico de crédito). A elevação dos preços dos ativos imobiliários foi expressiva, ocasionando uma situação de  asset bubbles : entre 2002/1ºT e 2007/4ºT, os preços dos imóveis cresceram cerca de 183,0% (iii) Ausência de  marcos regulatórios  para as práticas de alavancagem do sistema financeiro (iv)  “Descasamento” entre passivos e ativos das instituições financeiras passaram a ser frequentes (v) Agências de  rating  avaliaram mal os  riscos de crédito
A crise do  subprime   (vi) Falhas de governança corporativa nas instituições financeiras intermediárias (vii) Alteração da taxa de juros básica dos EUA: Entre 2005 e 2007,  as taxas de juros básicas dos EUA elevaram-se significativamente (médias anuais de 3,2%, em 2005, e de 5,2%, em 2006 e 2007). Consequência? Inadimplência e deflação dos preços dos ativos imobiliários (viii) Sistema financeiro ameaçado de entrar em colapso, pois os contratos (empréstimos) entre as instituições financeiras e os tomadores de recursos deixaram de ser honrados (ix)  Crise sistêmica  do sistema financeiro:  Falências e socorro a diversas instituições
A crise do  subprime   3. Resumo   (i) O aumento da fragilidade financeira é produzido por um lento e não percebido processo de erosão das margens de segurança de consumidores, firmas e o sistema financeiro, uma vez que todos apresentam posturas especulativas, resultando, assim, em práticas de tomadas de recursos e de concessões de empréstimos de alto risco  (ii) Lehman Brothers,  Fannie Mae, Freddie Mac e American International Group (fornecedora de  credit default swaps  – derivativos que protegem o sistema financeiro frente à inadimplência dos devedores – para os bancos)  propagaram  a crise, mas  não  a  originaram
A crise do  subprime   ,[object Object],[object Object]
A crise do  subprime   4. Impacto sobre a economia mundial e o Brasil, duração e o que fazer? 4.1. Economia Mundial: (i) Escassez de liquidez nos EUA: Recessão (impacto sobre Consumo e Investimento) (ii)  Por que há risco sistêmico no sistema financeiro? Por um lado, porque c erca de 60,0% dos títulos do Tesouro e 25,0% dos ativos privados dos EUA estão em mãos de asiáticos e europeus. Por outro, porque b ancos de investimento são mais expostos ao processo de alavancagem (bancos comerciais/universais, por terem fontes de financiamento mais estáveis, tais como depósitos do público, e serem regulados pelos acordos de Basiléia, são menos afetados)
A crise do  subprime   ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
A crise do  subprime   (iii)  Vários setores têm apresentado queda de lucratividade (alimentos, mineração, automotivo, papel e celulose, energia e petróleo etc.), as quedas na Bovespa reduziram a capacidade das empresas captarem (via ações e debêntures) recursos no mercado e o mercado externo está desacelerando-se. Em suma,  desaquecimento do PIB (doméstico e externo) e aumento do desemprego (iv) Os preços (inflação) tendem a ser reduzidos (v) Por que o sistema financeiro brasileiro não foi afetado? Os bancos brasileiros não possuem derivativos externos lastreados em  subprime  e outros títulos, pois a Selic, ao longo to tempo, sempre ofereceu maiores rentabilidades
Fonte:  IPEADATA e FGV Dados. Inflação no Brasil (%)  1° trimestre 2008  vis-à-vis  1° trimestre 2009 e acumulada em 12 meses
A crise do  subprime   ,[object Object],[object Object],[object Object]
Taxa de Juros (%) Países selecionados Fonte:  OCDE e IPEADATA.
Evolução da Selic (%)  Fonte:  IPEADATA.
 
 
 
Fonte:  FMI. NOTA:  Para o Brasil,  previsões do FMI, Relatório Focus (20/04/2009), OCDE e IPEA, respectivamente.   Taxa de Crescimento do PIB (%) Países selecionados (%) 2006 2007 2008 2009 2010 Crescimento Mundial 5,1 5,0 3,2 [-1,0; -0,5] [1,5; 2,5] Economias Avançadas 2,9 2,6 0,8 [-3,5; -3,0] [0,0;0,5] Estados Unidos 2,9 2,2 1,1 -2,6 0,2 Zona do Euro 2,8 2,6 0,9 -3,2 0,1 Japão 2,4 2,1 -0,7 -5,8 -0,2 Economias Emergentes 7,9 8,0 6,1 [1,5; 2,5] [3,5; 4,5] Argentina 8,5 8,6 6,5 0,0 1,5 Brasil 3,8 5,4 5,1 -1,3; - 0,5; - 0,5; 2,5 3,5 China 11,6 11,9 9,7 6,7 8,0
Taxa de Crescimento do PIB (%) Países selecionados Fonte:  FMI. NOTAS:  Dados preliminares para Argentina e China (2008); Previsões para 2009 e 2010 para Argentina e China (janeiro/2009) e para Japão, EUA e Zona do Euro (março/2009).
 
 
Fonte:  Contas Nacionais Trimestrais IBGE. Crescimento do PIB brasileiro  (por setores de atividade), acumuladas em 4 trimestres - 2007/2008
Fonte:  IPEADATA. Taxa de Desemprego no Brasil (%)
Evolução do comércio varejista do Brasil   outubro/2007-fevereiro/2008  vis-à-vis  outubro/2008-fevereiro/2009  Fonte : IBGE.
A crise do  subprime   4.4. O que fazer? (i) É necessária a regulamentação de operações derivativas “exóticas” e outras práticas (alavancagem excessiva de instituições financeiras) que ocasionam a “festa” dos investidores e bancos. Em suma, regulação financeira (ii) A ação estatal (políticas fiscal e monetária contra-cíclicas) é fundamental para prevenir e/ou remediar a crise (iii) Coordenação global entre as diferentes políticas nacionais (fiscal, monetária e cambial) (iv) Reestruturação do Sistema Monetário Internacional: criação tanto de uma moeda de reserva universal, quanto de um órgão jurídico-institucional supranacional (?)
Fonte:  IPEADATA NOTA:  Para 2009, média do primeiro trimestre. Petróleo  Brent  (US$) Preço médio
Fonte:  FMI. Índices de Preços das  Commodities Dados trimestrais, 2005 = 100
Fonte:  IPEADATA. Taxa de Câmbio (R$/US$) Média mensal, até março de 2009
Fonte:  IPEADATA. Balanço de Pagamentos do Brasil Saldo mensal (US$ bilhões)
Evolução da Balança Comercial outubro/2007-março/2008  vis-à-vis  outubro/2008-março/2009 Fonte : IPEADATA.
IBOVESPA Evolução em pontos: janeiro/2008 – março/2009 Fonte:  IPEADATA.
Fonte:  Elaboração de Ferrari Filho, 20/04/2009. Previsões para 2009 Variáveis 2009 PIB (%) [0,0; 1,0] IPCA (%) [3,8; 4,3] Balança Comercial (US$ bilhões) [14,0; 15,0] Selic, final de período (%) [9,5; 10,0] Taxa de Câmbio, final de período (R$/US$) [2,20; 2,30]

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  • 2.
  • 3. Booms e Crises (i) Mercados financeiros desregulados e inovações financeiras ( securities – mercados de títulos em que são consolidadas as dívidas mediante a emissão, pelo devedor, de novos títulos/dívidas, com garantias adicionais – e derivativos – ativos financeiros que derivam, integral ou parcialmente, do valor de outro ativo financeiro ou mercadoria) tornam o crédito (liquidez) mais elástico (ii) Livre mobilidade de capitais e volatilidade dos preços dos ativos (iii) “Financeirização” do capital: Hedge funds, Pension funds e Sovereign Wealth Funds O que elas têm em comum e seus efeitos?
  • 4. Booms e Crises (iv) Estabilidade gera instabilidade: Períodos prolongados de um estado estável levam a economia a se mover para um estado instável , porque consumidores, firmas e o sistema financeiro são agentes essencialmente especuladores (alavancagem “suicida”). Por quê? Expansão econômica  D e S   empréstimos   Preços dos ativos   margem de segurança   inadimplência   Preços dos ativos   empréstimos   juros   recessão ou depressão (v) Crises financeiras são recorrentes e “dolorosas” em um mundo financeiramente globalizado. Ademais, elas são essencialmente endógenas
  • 5. A crise do subprime 1. Origem (i) Perdas causadas pelo crescente default dos empréstimos das hipotecas de subprime , grande parte delas “securitizadas” e alavancadas através de commercial papers (títulos com altas rentabilidade e liquidez, porém com baixa segurança), amplamente distribuídas a investidores do mercado global. Os sinais da crise foram observados em agosto de 2007 e tanto o recrudescimento, quanto o caráter global dela manifestaram-se a partir de setembro de 2008 2. Dinâmica da Crise (i) A partir de 2001/2002: Expansão da liquidez, política fiscal contra-cíclica e redução dos juros básicos dos EUA (média anual, entre 2002 e 2004, de 1,4%)
  • 6. A crise do subprime (ii) Alavancagem: Sistema financeiro passou a financiar o setor imobiliário (empréstimos inclusive para pessoas sem histórico de crédito). A elevação dos preços dos ativos imobiliários foi expressiva, ocasionando uma situação de asset bubbles : entre 2002/1ºT e 2007/4ºT, os preços dos imóveis cresceram cerca de 183,0% (iii) Ausência de marcos regulatórios para as práticas de alavancagem do sistema financeiro (iv) “Descasamento” entre passivos e ativos das instituições financeiras passaram a ser frequentes (v) Agências de rating avaliaram mal os riscos de crédito
  • 7. A crise do subprime (vi) Falhas de governança corporativa nas instituições financeiras intermediárias (vii) Alteração da taxa de juros básica dos EUA: Entre 2005 e 2007, as taxas de juros básicas dos EUA elevaram-se significativamente (médias anuais de 3,2%, em 2005, e de 5,2%, em 2006 e 2007). Consequência? Inadimplência e deflação dos preços dos ativos imobiliários (viii) Sistema financeiro ameaçado de entrar em colapso, pois os contratos (empréstimos) entre as instituições financeiras e os tomadores de recursos deixaram de ser honrados (ix) Crise sistêmica do sistema financeiro: Falências e socorro a diversas instituições
  • 8. A crise do subprime 3. Resumo (i) O aumento da fragilidade financeira é produzido por um lento e não percebido processo de erosão das margens de segurança de consumidores, firmas e o sistema financeiro, uma vez que todos apresentam posturas especulativas, resultando, assim, em práticas de tomadas de recursos e de concessões de empréstimos de alto risco (ii) Lehman Brothers, Fannie Mae, Freddie Mac e American International Group (fornecedora de credit default swaps – derivativos que protegem o sistema financeiro frente à inadimplência dos devedores – para os bancos) propagaram a crise, mas não a originaram
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  • 10. A crise do subprime 4. Impacto sobre a economia mundial e o Brasil, duração e o que fazer? 4.1. Economia Mundial: (i) Escassez de liquidez nos EUA: Recessão (impacto sobre Consumo e Investimento) (ii) Por que há risco sistêmico no sistema financeiro? Por um lado, porque c erca de 60,0% dos títulos do Tesouro e 25,0% dos ativos privados dos EUA estão em mãos de asiáticos e europeus. Por outro, porque b ancos de investimento são mais expostos ao processo de alavancagem (bancos comerciais/universais, por terem fontes de financiamento mais estáveis, tais como depósitos do público, e serem regulados pelos acordos de Basiléia, são menos afetados)
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  • 12. A crise do subprime (iii) Vários setores têm apresentado queda de lucratividade (alimentos, mineração, automotivo, papel e celulose, energia e petróleo etc.), as quedas na Bovespa reduziram a capacidade das empresas captarem (via ações e debêntures) recursos no mercado e o mercado externo está desacelerando-se. Em suma, desaquecimento do PIB (doméstico e externo) e aumento do desemprego (iv) Os preços (inflação) tendem a ser reduzidos (v) Por que o sistema financeiro brasileiro não foi afetado? Os bancos brasileiros não possuem derivativos externos lastreados em subprime e outros títulos, pois a Selic, ao longo to tempo, sempre ofereceu maiores rentabilidades
  • 13. Fonte: IPEADATA e FGV Dados. Inflação no Brasil (%) 1° trimestre 2008 vis-à-vis 1° trimestre 2009 e acumulada em 12 meses
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  • 15. Taxa de Juros (%) Países selecionados Fonte: OCDE e IPEADATA.
  • 16. Evolução da Selic (%) Fonte: IPEADATA.
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  • 20. Fonte: FMI. NOTA: Para o Brasil, previsões do FMI, Relatório Focus (20/04/2009), OCDE e IPEA, respectivamente. Taxa de Crescimento do PIB (%) Países selecionados (%) 2006 2007 2008 2009 2010 Crescimento Mundial 5,1 5,0 3,2 [-1,0; -0,5] [1,5; 2,5] Economias Avançadas 2,9 2,6 0,8 [-3,5; -3,0] [0,0;0,5] Estados Unidos 2,9 2,2 1,1 -2,6 0,2 Zona do Euro 2,8 2,6 0,9 -3,2 0,1 Japão 2,4 2,1 -0,7 -5,8 -0,2 Economias Emergentes 7,9 8,0 6,1 [1,5; 2,5] [3,5; 4,5] Argentina 8,5 8,6 6,5 0,0 1,5 Brasil 3,8 5,4 5,1 -1,3; - 0,5; - 0,5; 2,5 3,5 China 11,6 11,9 9,7 6,7 8,0
  • 21. Taxa de Crescimento do PIB (%) Países selecionados Fonte: FMI. NOTAS: Dados preliminares para Argentina e China (2008); Previsões para 2009 e 2010 para Argentina e China (janeiro/2009) e para Japão, EUA e Zona do Euro (março/2009).
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  • 24. Fonte: Contas Nacionais Trimestrais IBGE. Crescimento do PIB brasileiro (por setores de atividade), acumuladas em 4 trimestres - 2007/2008
  • 25. Fonte: IPEADATA. Taxa de Desemprego no Brasil (%)
  • 26. Evolução do comércio varejista do Brasil outubro/2007-fevereiro/2008 vis-à-vis outubro/2008-fevereiro/2009 Fonte : IBGE.
  • 27. A crise do subprime 4.4. O que fazer? (i) É necessária a regulamentação de operações derivativas “exóticas” e outras práticas (alavancagem excessiva de instituições financeiras) que ocasionam a “festa” dos investidores e bancos. Em suma, regulação financeira (ii) A ação estatal (políticas fiscal e monetária contra-cíclicas) é fundamental para prevenir e/ou remediar a crise (iii) Coordenação global entre as diferentes políticas nacionais (fiscal, monetária e cambial) (iv) Reestruturação do Sistema Monetário Internacional: criação tanto de uma moeda de reserva universal, quanto de um órgão jurídico-institucional supranacional (?)
  • 28. Fonte: IPEADATA NOTA: Para 2009, média do primeiro trimestre. Petróleo Brent (US$) Preço médio
  • 29. Fonte: FMI. Índices de Preços das Commodities Dados trimestrais, 2005 = 100
  • 30. Fonte: IPEADATA. Taxa de Câmbio (R$/US$) Média mensal, até março de 2009
  • 31. Fonte: IPEADATA. Balanço de Pagamentos do Brasil Saldo mensal (US$ bilhões)
  • 32. Evolução da Balança Comercial outubro/2007-março/2008 vis-à-vis outubro/2008-março/2009 Fonte : IPEADATA.
  • 33. IBOVESPA Evolução em pontos: janeiro/2008 – março/2009 Fonte: IPEADATA.
  • 34. Fonte: Elaboração de Ferrari Filho, 20/04/2009. Previsões para 2009 Variáveis 2009 PIB (%) [0,0; 1,0] IPCA (%) [3,8; 4,3] Balança Comercial (US$ bilhões) [14,0; 15,0] Selic, final de período (%) [9,5; 10,0] Taxa de Câmbio, final de período (R$/US$) [2,20; 2,30]