1. 1
LITERATURA
ARCADISMO - SÉC. XVIII
(De um vassalo menestrel para Dom Fernando
Eleodoro Teixeira Fragoso de Azevedo e Silva —
senhor da Sesmaria do Arco-Íris)
FAZENDA
Aqui pouco faço,
se já é fazenda
no espaço do céu
que é tenda.
Aqui pouco falo:
Não há o que ordenar.
Se já é fazenda,
alguém sempre faz.
Quanto a mim, me calo
Sob minha tenda.
Pouco é o noticiário.
Saber não preciso
nem fazer alarde:
um boi solitário
noticia a fome
mastigando a tarde.
Aqui pouco eu morro,
porque pouco faço,
porque pouco falo,
porque pouco ouço.
(Paulo Monteiro)
“O país da Arcádia
jaz dentro de um leque:
sob mil grinaldas
verde-azul floresce.
Por ele resvala,
resvala e se perde,
a aérea palavra
que o zéfiro escreve.
A luz é sem data.
Nomes aparecem
nas fitas que esvoaçam:
Marília, Glauceste,
Dirceu, Nise, Anarda...
(...)
O país da Arcádia,
súbito, escurece,
em nuvem de lágrimas.
Acabou-se a alegre
pastoral dourada:
pelas nuvens baixas,
a tormenta cresce”.
(Cecília Meireles)
I - SÍNTESE GRÁFICAI - SÍNTESE GRÁFICAI - SÍNTESE GRÁFICAI - SÍNTESE GRÁFICAI - SÍNTESE GRÁFICA
NEOCLASSICISMO:
restauração dos padrões
greco-latinos.
Iluminismo –
Enciclopedismo.
OBJETIVISMO
MIMESES
(Aristóteles)
ARTE-NATUREZA
O HOMEM EM EQUILÍBRIO
(disciplina)
RACIONALISMO
REUNIÕES NAS ARCÁDIAS
ADOÇÃO DE PSEUDÔNIMOS PASTORIS
Literatura de clichê
“Inutilia truncat”
(combate ao excesso do Barroco)
“Fugere urbem”
(bucolismo)
Simplicidade, paz,
serenidade e tranquilidade
2. LITERATURA
2
II.II.II.II.II. O CONTEXTO HISTÓRICOO CONTEXTO HISTÓRICOO CONTEXTO HISTÓRICOO CONTEXTO HISTÓRICOO CONTEXTO HISTÓRICO
SOCIALSOCIALSOCIALSOCIALSOCIAL
1. O SÉCULO DAS LUZES
É a denominação que se deu ao século XVIII pela postura
mental de oposição ao obscurantismo do século anterior e pela
adoção do progresso, do saber, da ciência e da razão como
fundamentos do bem-estar social. É o Iluminismo, a Ilustração,
o Enciclopedismo — movimentos que coincidem com a
Revolução Industrial.
2. O SÉCULO DE OURO
A partir de 1670, o açúcar anglo-holandês fabricado nas
Antilhas toma o mercado europeu até então aberto ao produto
brasileiro. É a decadência do nosso ciclo da cana-de-açúcar.
Por isso, nas primeiras décadas do século XVIII, vivemos no
Brasil a febre do ouro. Minas Gerais passa a ser o epicentro
dessa nova atividade econômica.
3. O GRUPO MINEIRO
VilaRica,comseus30.000habitanteséagrandecapitaldo
ouro. Em torno dela reuniram-se artistas e intelectuais: pintores,
escultores, músicos e poetas – é o chamado Grupo Mineiro.
4. O LIBERALISMO E A INCONFIDÊNCIA
MINEIRA
OspoetaseintelectuaisdoséculoXVIIIforammarcados
ideologicamente pela penetração dos ideais iluministas e
enciclopedistas que determinaram, não só o gosto pela clareza e
simplicidade, mas uma visão crítica da colônia: os abusos dos
governantes, a falta de escrúpulo dos juízes, o fanatismo do
clero, a miséria do povo e a cobiça dos poderosos.
III.III.III.III.III. CARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICAS
O Arcadismo resulta de uma recorrência temática e
formal a diferentes épocas e movimentos estético-culturais, que,
no caso brasileiro, vão-se transformando e adaptando-se à
nossa situação histórica, política, econômica e geográfica.
Desta forma, teremos os reflexos da Revolução
Industrial, daAntiguidade Clássica e do Iluminismo.
1. DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:
O Arcadismo colhe os reflexos sociopsicológicos de
um ambiente urbano conflituado que impõe à burguesia um
sentimento nostálgico em relação ao campo, o “Locus
Amoenus”, um paraíso perdido.
volta idealizada
FEUDO BURGO
(Campo) (Cidade)
TEXTO
Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência,
ou desconhece o rosto da violência,
ou do retiro a paz não tem provado.
Que bom é ver nos campos trasladado
No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade;
Aqui sempre o cortesão dissimulado!
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna que soçobre;
Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
(Cláudio Manuel da Costa)
CAMPO
≠
CIDADE
↓ ↓
amado ingrata
↓ ↓
paz violência
↓ ↓
inocência cortesão dissimulado
↓ ↓
sinceridade traição
↓ ↓
verdade mentira
↓ ↓
não há fortuna variedade
↓ ↓
ventura rica bem do pobre
2. DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA:
Os poetas do séc. XVIII, ditos neoclássicos, recuperam
alguns temas, imagens e procedimentos estilísticos dos antigos
clássicos:
a) A MITOLOGIA
O mundo mítico greco-romano volta ao poema com
seus deuses pagãos, as ninfas e náiades.
TEXTO:
“Aqui, onde não geme, nem murmura
Zéfiro brando em fúnebre arvoredo,
Sentado sobre o tosco de um penedo
Chorava Fido a sua desventura”.
Por outro lado, retoma-se a lenda da Arcádia, uma
região paradisíaca do Peloponeso, habitada por pastores
poetas. Essa lenda induz um dos mais constantes estereótipos
3. 3
LITERATURA
poéticos: o eu-poético é um pastor simples, puro e galante,
apaixonado por uma pastora, às vezes esquiva e inconstante
— relação que lembra os amores de Pan por Sirinx.
TEXTO:
“Irás a divertir-te na floresta,
sustentada, Marília, no meu braço;
aqui descansarei a quente sesta,
dormindo um leve sono em teu regaço;
enquanto a luta jogam os pastores,
e emparelhados correm nas campinas,
toucarei teus cabelos de boninas
nos troncos gravarei os teus louvores,
Graças, Marília bela,
graças à minha Estrela”.
b) A TEORIA DEARISTÓTELES:aartedeveimitaranatureza,
porque o verdadeiro e belo é o natural.
TEXTO:
“Enquanto pasta alegre o manso gado,
minha bela Marília, nos sentemos
à sombra deste cedro levantado,
um pouco meditemos
na regular beleza
que em tudo quanto vive nos descobre
a sábia Natureza”.
c) A IMITAÇÃO DOS CLÁSSICOS: outra face do Arcadismo
foiaimitaçãodosclássicos—Virgílio,Ovídio,Horácio
— dos quais se imitam temas e concepções estéticas.
Faz-se, portanto, uma literatura de clichês. Eis alguns:
• “Fugere urbem”: fugir da cidade, buscar o campo,
os valores simples da vida
pastoril: é o bucolismo.
TEXTO:
“Já me enfado de ouvir este alarido
Com que se engana o mundo em seu cuidado;
Quero ver entre as peles e o cajado
Se melhora a fortuna do partido”.
“Torno a ver-vos ó montes; o destino
Aqui me torna a por nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da corte, rico e finos”.
• “Carpe Diem”: aproveitar o momento, a
juventude, enquanto não se
esvaem a força física, a juventude
e a beleza.
TEXTO:
“Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos amores,
Sobre nossas cabeças
Sem que o possam deter, o tempo corre:
E para nós o tempo que se passa
Também,Marília,morre”.
• “Aurea Mediocritas”: É uma consequência do
“FugereUrbem”.Ofugirda
cidade em busca de uma
vida sem tensões, simples e
idílica.
TEXTO:
“Sou pastor, não te nego; os meus montados
São esses que aí vês; vivo contente
Ao trazer entre a relva florescente
A doce companhia do meu gado.”
• “Locus Amoenus”: O poeta imagina o campo como
um lugar aprazível, prazeroso.
TEXTO:
“Se o bem desta choupana pode tanto
Que chega a ter mais preço e mais valia
Que da cidade o lisonjeiro encanto,
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.
• “Inutilia Truncat”: É uma retomada do ideal
clássico da arte reta, clara,
objetiva, sem excessos
retóricos como ocorreu no
Barroco.
TEXTO:
“Nós iremos pescar na quente sesta
com canas e com cestos os peixinhos;
Nós iremos caçar nas manhãs frias
com a vara enviscada os passarinhos”.
Esse procedimento imitativo (clichês) ocorre no
seguinte esquema:
Natureza ← Clássico ← Camões ← Árcades
↓ ↓ ↓
Aristóteles Virgílio Neoclássico
Ovídio
Horácio
Petrarca
4. LITERATURA
4
3. O ILUMINISMO:
Este movimento filosófico, cultural, político e científico
marcou o século XVIII como “Século das Luzes”.
Entre seus princípios estavam:
–a ideia de livre pensamento
–a confiança nas leis da natureza
–a reivindicação de reformas sociais.
Seus reflexos foram os movimentos libertários, a reação
antimonárquica e antieclesiástica; além do paradoxal
“despotismo esclarecido”.
Em Portugal, a Ilustração põe fogo na crise entre a
aristocracia monarquista e a burguesia industrial. No Brasil,
inicia-se a ruptura entre a sociedade colonial e o modelo lusitano
de dominação.
Nossos poetas “iluminados”, então:
a) Apesar de preservarem seu convencionalismo lírico-
bucólico, incursionam na crítica ao absolutismo
monárquico (Cartas Chilenas, de Tomás Antônio
Gonzaga);
b) Mesmo reagindo ao despotismo pombalino, apóiam sua
campanha antijesuítica (Uraguai, de Basílio da Gama);
c) Assumem, como os enciclopedistas, uma postura
pedagógica esclarecedora e racionalizante;
d) Promovem uma arte leiga contra o sacratismo barroco.
Dentre eles, só Santa Rita Durão, com seu preconceituoso
Caramuru, foi um retrocesso.
OS PRINCIPOS PRINCIPOS PRINCIPOS PRINCIPOS PRINCIPAIS AUTORES DO ARCADISMOAIS AUTORES DO ARCADISMOAIS AUTORES DO ARCADISMOAIS AUTORES DO ARCADISMOAIS AUTORES DO ARCADISMO
5. 5
LITERATURA
Questão 02
TEXTO01:
LIRA 14 (parte I)
Minha bela Marília, tudo passa;
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura;
Vem depois dos prazeres a desgraça
........................................................................
Que havemos de esperar, Marília bela?
Que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde, já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu)
TEXTO02:
Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa –
O amarelo atual que as folhas vivem
E as torna diferentes.
(Ricardo Reis, Odes)
Sobre os textos, assinale a alternativa incorreta:
01) O texto 01 retoma a tópica horaciana expressa na frase
latina carpe diem. Diante da inexorabilidade da
decadênciaedamorte,aliradeGonzagatrazimplícitoo
conviteaoenlaceamoroso,encarecendosuapremência,
dada a fugacidade do tempo e a inconstância da sorte.
02) No texto 01, a noção de fugacidade do tempo provoca
inquietação e ansiedade, enquanto que, no texto 02,
Ricardo Reis aproxima-se da atitude estóica, propondo
a calma aceitação do presente.
03) O texto 02 mostra as relações entre as estações do ano e
a passagem do tempo através de associações
arquetípicas: a primavera é a infância, o verão, a
juventude;ooutono,amaturidadeeoinverno,avelhice.
04) O texto 01 pode ser resumido na seguinte frase: “urge
aproveitarotempo,queimpiedosamentedesvitalizaseu
corpo e desfigura o semblante de Marília”. Já no texto
02,aideiacentralpodeserdescritapelofatodeosujeito
poético, superando a mácula da dor e do desespero,
exercitararazãoeadisciplinanavalorizaçãodomomento
presente.
05) O texto 02 evidencia, além da postura claramente
alienante,namedidaemqueelepregaumposicionamento
de alheamento em relação ao inverno e à primavera,
esperando um improvável outono para, então, usufruir
o “o amarelo atual de que as folhas vivem / E as torna
diferentes”.
EXERCÍCIOSEXERCÍCIOSEXERCÍCIOSEXERCÍCIOSEXERCÍCIOS
Questão 01
TEXTO:
Assinale a alternativa correta após a leitura do texto:
01) O poeta infringe os princípios clássicos de contenção
e equilíbrio ao manifestar a emoção que o habita.
02) O poeta busca na Natureza brasileira as cores para
pintar a beleza da amada.
03) Como o caráter lírico árcade determinava, a beleza da
amada não supera a dos modelos clássicos de
perfeição física.
04) Como o poeta é um representante da burguesia,
percebe-se no poema um certo elogio da vida
burguesa.
05) Percebem-se no texto referências mitológicas próprias
do modelo medieval exigido pela estética árcade.
A minha amada
é mais formosa
que branco lírio,
dobrada rosa,
que o cinamomo,
quando matiza
coa folha a flor.
Vênus não chega
ao meu amor.
Vasta campina
de trigo cheia,
quando na sesta
co vento ondeia,
ao seu cabelo,
quando flutua,
não é igual.
Tem a cor negra,
Mas quanto val!
Os astros, que andam
na esfera pura,
quando cintilam
têm preço vil.
Neles se agarram
amores mil.
Se não lhe desse,
compadecido,
tanto socorro,
o deus Cupido;
se não vivera
uma esperança
no peito seu,
já morto estava
o bom Dirceu.
na noite escura,
não são, humanos,
tão lindos como
seus olhos são,
que ao sol excedem
na luz que dão.
Às brancas faces
ah! não se atreve,
jasmim de Itália,
nem inda a neve,
quando a desata
o sol brilhante
com seu calor.
São neve, e causam
no peito ardor
Na breve boca
vejo enlaçadas
as finas per’las
com as granadas;
a par dos beiços,
rubins da Índia
Vê quando pode
teu belo rosto,
e de gozá-lo
o vivo gosto!
que, submergido
em um torento
quase infernal,
porq’inda espero,
resisto ao mal.
(Thomaz Antônio Gonzaga)
(Tomás Antônio Gonzaga)
6. LITERATURA
6
03. (PUC-SP)
“Acaso são estes
os sítios formosos
aonde passava
os anos gostosos?
São estes os prados,
aonde brincava,
enquanto pastava
o manso rebanho,
queAlceu me deixou?”
02) Desenvolve o gênero épico e registra o início da cor-
rente indianista na literatura brasileira.
03) Apresenta características entre Barroco e Arcadismo.
04) Penetra numa tendência mística e religiosa.
05) Assume postura satírica ante um conteúdo político.
06. (UFSE) Leia com atenção as seguintes afirmações:
I) A poesia no Brasil começa com as produções dos
catequistas da Companhia de Jesus, notadamente a
deste jesuíta.
II) A importância de sua obra está sobretudo na parte
satírica, que critica com dureza os desmandos e vícios
da sociedade baiana.
III) Os versos de MARÍLIA DE DIRCEU cantam seus
sonhos amorosos, cortados pelo processo político em
que se envolveu.
Assinale a alternativa em que se estabelece a correspondência
correta entre as afirmações acima e os poetas a que se referem.
01) I - Antônio Vieira; II - Cláudio Manuel da Costa; III -
Gregório de Matos.
02) I - José deAnchieta; II - Gregório de Matos; III -Tomás
Antônio Gonzaga.
03) I-GregóriodeMatos;II-JosédeAnchieta;III-Cláudio
Manuel da Costa.
04) I - José deAnchieta; II - TomásAntônio Gonzaga; III -
AntônioVieira.
05) I -Antônio Vieira; II - Gregório de Matos; III - José de
Anchieta.
07. (UFSE) Nos poetas árcades, tanto a busca da simplicidade
formal quanto a da clareza e eficácia das ideias decorrem:
01) do grande valor dado à natureza, interpretada como
base da sabedoria e ideal de harmonia.
02) do desenvolvimento das cidades, que favorece o sur-
gimento de novos ideais de civilização.
03) da posição que desejam estabelecer entre o equilíbrio
da arte e as desordens do mundo natural.
04) do sentimento da morte, que os impele a aproveitar o
tempo efêmero da existência.
05) do otimismo quanto ao futuro do Novo Mundo, cuja
recente descoberta se põem a documentar.
08. (UNEB) Assinale a alternativa CORRETA a respeito do
Arcadismo brasileiro.
01) Estilo de época que coincidiu com o ciclo do açúcar na
Bahia, da mesma forma que o Barroco coincidiu com o
ciclo do ouro em Minas Gerais.
02) Sob a influência da Contra-Reforma, o Arcadismo
brasileiro não conseguiu libertar-se do estilo barroco,
só produzindo obras de inspiração religiosa.
03) O estilo árcade é amaneirado à moda dos cultistas,
antítese do estilo natural dos escritores clássicos.
04) Entre as características árcades, destacam-se o
bucolismo,asimplicidadeformaleabuscadeequilíbrio.
05) Tentando fugir à forte influência barroca, o arcadismo
brasileiro confundiu-se com o Romantismo,
sobreposto à racionalidade o sentimentalismo.
Os versos de TomásAntônio Gonzaga são expressão de um
momento estético em que o poeta:
01) buscava a expressão para o sentimento religioso
associado à natureza, revestindo frequentemente o
poema do tom solene da meditação.
02) tentava exprimir a insatisfação do mundo
contemporâneo, dava grande ênfase à vida sentimental,
tornando o coração a medida mais exata de sua
existência.
03) buscava a naturalidade. O que havia de mais simples,
mais natural, que a vida dos pastores e a contemplação
direta da natureza?
04) tinha predileção pelo soneto, exercitando a precisão
descritiva e dissertativa, o jogo intelectual, a famosa
chave de ouro.
05) acentuava a busca de elegância e do requinte formal,
perdendo-se na minúcia descritiva dos objetos raros:
vasos, taças, leques.
04. Sobre o Arcadismo brasileiro só não se pode afirmar que:
01) tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos e
latinos, dos quais imita os motivos e as formas.
02) apresentou uma corrente de conotação ideológica,
envolvida com as questões sociais do seu tempo, com
a crítica aos abusos do poder da Coroa Portuguesa.
03) nos legou os poemas de feição épica Caramuru (de
frei José de Santa Rita Durão) e O Uraguai (de Basílio
da Gama), no qual se reconhece qualidade literária
destacada em relação ao primeiro.
04) norteou, em termos dos valores éticos básicos, a
produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que
celebrizou Tomás Antônio Gonzaga e que destaca a
originalidade de estilo e de tratamento local dos temas
pelo autor.
05) teve em Cláudio Manuel da Costa o representante que,
de forma original, recusou a motivação bucólica e os
modelos camonianos da lírica amorosa.
05. (RUIBARBOSA)
“Nas vês, Nise, este vento desabrido,
Que arranca os duros troncos? Não vês esta,
Que vem cobrindo o Céu, sombra funesta,
Entre o horror de um relâmpago incendido?”
Sobre a estrofe acima, de autoria de Cláudio Manuel da
Costa, pode-se afirmar:
01) Tem todas as características árcades.
7. 7
LITERATURA
04) “Numa árvore do passeio público / (melhoramento da
atual administração) / árvore gorda, prisioneira / de
anúncios coloridos, / árvore banal, árvore que nin-
guém vê / canta uma cigarra. / Canta uma cigarra que
ninguém ouve.”
05) “Meu avô me deu três barcos: / um de rosas e cravos,
/ um de céus estrelados, / um de náufragos, náufra-
gos ... // (...) // Embarcara no primeiro, / dera em altos
rochedos, / dera em mares de gelo, / e partira-se ao
meio... // (...) // No segundo me embarcara, / e nem
sombra de praia, / e nem corpo e nem alma, / e nem
vida e nem nada...”
GABARITOGABARITOGABARITOGABARITOGABARITO
ARCADISMOARCADISMOARCADISMOARCADISMOARCADISMO
09.
Já, já me vai, Marília, branquejando
loiro cabelo, que circula a testa;
este mesmo, que alveja, vai caindo,
e pouco já me resta.
.........................................................
Se algum dia me vires desta sorte,
vê que assim me não pôs a mão dos anos;
os trabalhos, Marília, os sentimentos
fazem os mesmos danos.
GONZAGA, Tomás Antônio. In: Marília de Dirceu. São Paulo:
Círculo do Livro, s/d. p. 92.
No texto, o sujeito poético
01) questiona o sentido da vida em face do passar do
tempo.
02) busca persuadir a amada da necessidade de se
aproveitar a juventude.
03) mostra que os efeitos da ação dos anos, nele, são
atenuados pelo amor.
04) revela consciência de que o tempo é o único agente
de degradação do físico do homem.
05) julga os sentimentos como geradores de
transformações físicas.
10.
“Ah! Marília, que tormento
Não tens de sentir saudosa!
Não podem ver os teus olhos
A campina deleitosa (...)
Quando levares, Marília,
Teu ledo rebanho ao prado,
Tu dirás: ‘Aqui, trazia
Dirceu também o seu gado.’
Verás os sítios ditosos
Onde, Marília, te dava
Doces beijos amorosos
Nos dedos da branca mão.”
A alternativa cujo fragmento apresenta a mesma relação
eu-lírico x natureza, que caracteriza a estética árcade,
presente no trecho acima, é:
01) “Vem a lua, vem, retira / as algemas dos meus braços./
Projeto-me por espaços / cheios da tua Figura./ Tudo
mentira! Mentira / da lua, na noite escura.”
02) “As estrelas, no céu muito límpido, brilhavam, divina-
mente distantes./Vinha da caniçada o aroma
amolecente dos jasmins.// (...) // Havia uma paz em
tudo isso... (...) / Tudo isso era tão tranquilo... tão
simples... / E deverias dizer que foi o teu momento
maisfeliz.”
03) “Neste botânico setembro, / que pelo menos você plan-
te / com eufórica / emoção ecológica / num pote de
plástico / uma flor de retórica.”
ANOTAÇÕES
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0 — 01 05 03 05 03 02 01 04 05
1 02 — — — — — — — — —