Esse livro foi concebido há mais de 6 anos e, desde então, alguns trechos já foram publicados na web e em revista de papel.
Como não fui capaz de encontrar uma editora pra ele, torno-o público no formato PDF.
Nessa versão do livro pra download, acrescentei o poema "Musa em Fuga" e o conto "Aphrodiet".
Baixem à vontade e, se curtirem, passem pros amigos.
Boa leitura!
8. NO RETROGRESS
NO STOP
NO PRECIPITATE
a Nabuco
l ibe r t a s
probus l ibe r tus ( )
s i n e ( q u a e )
n a t u r a ( s e r a )
e s t f i l i u s ( t a m e n )
10. DE PUBLICA CIRCULATIONEM
madri amsterdan roma
tóquio paris barcelona
nihil sub sole novum
acapulco londres berlim
istambul atenas pequim
ubi bene, ibi patria
bruxelas budapeste praga
ab ovo ego sum in omnibus
11. TRANSLATI(N)O(RUM)
n e m o n a s c i t u r s a p i e n s
o m n e s p e n i s s i c n a t u r a
o m e n s i r t u p e n i s s a c a n
( a d l i b i t u m )
12. EVERY-DAY DEAD LANGUAGE
Solis
Dies
Lunae
Dies
Martis
Dies
Mercurii
Dies
Jovis
Dies
Veneris
Dies
Saturni
Dies
13. AESTAS: 40 GRADUS
taxius
cum ares
conditionatibus
per paucus est
sol lucet
omnibus
18. INVIDIA VAGINIS
Ave Pater, gratia plena
Benedictus fructus ventris tui Jesus
Sicut in caelo et in terra
Benedicta tu in mulieribus
Fiat voluntas tua
Ora pro nobis peccatoribus
Et ne nos inducas in tentationem
Santificetur nomen tuum
Amen
21. CELEBRITATIBUS
mario
cohiberet quamvis lugubrem mcdonaldsum
julio inferorumque pudicitie infelicem guccius
mario sublatus iudicetur honestatis cartierum
julio corruptelam ducunt fraudem appleius
pedro deduxerunt hilaris plurimum playboyus
paulo magisque ommituntur nostra microsoftbus
pedro iurisconsultorum papam puellas sonyus
paulo gratia quomodolibet familiaribus nikebus
maria nonnunquam locus sanctorum hollywoodibus
joana pedetentim haereticum moliuntur adidasium
clara uoluptatibus bullam confabulationes cnniam
maria circumquaque absonum religio chanelibus
joana asserunt pusillanimes discordiam rolexum
clara quantum famam consuetudinem ferrariam
26. ó minha lésbia
sei que não gostas de rola
mas se me deres a xoxota
ao menos uma vez
hei de foder-te tanto
que meu pau aposentar-se-á
por invalidez
27. ó minha lésbia
teu sovaco
um ramalhete de flores oloríferas
um travesseiro de penas de pássaro manso
meu sonho é adormecer
sobre essa vasta cabelereira
após afogarmos o ganso
28. ó minha lésbia
só de imaginar
que andas a ralar a escova
com aquela cu-doce da diana
volto-me ao deus dos relâmpagos
e peço-lhe que um raio
estraçalhe ambas as xanas
29. ó minha lésbia
saiba que pode sim
infestar tua xereca
teias de aranha
portanto me permita
meu inseticida aspergir
nas tuas desusadas entranhas
30. ó minha lésbia
não desperdice teus líquidos
com essa tal de ceres
horrenda criatura obesa
dá-me de beber
tenho pressa
que ao te ver com essa besta
até minhas hemorróidas
ficam secas
31. ó minha lésbia
por ti faria
tudo
beijaria o cu
do diabo que me carrega
e se quisesses
aceitaria
desde que devidamente
lubrificado
o teu carinhoso
fio-terra
32. ó minha lésbia
teu regaço úmido
nestes dias de verão
faz até sereia
querer virar varão
33. ó minha lésbia
nem um monte
de vênus
a desfilar
nas passarelas
top models
à mancheia
podem fazer-me
esquecer de ti
ó deusa avessa
a modos modas e moldes
34. ó minha lésbia
essa loirinha
que tanto te encanta
é toda falsa
siga meu conselho
vem pro teu vero amor
e se precisar pinto de oiro
meus pentelhos
35. ó minha lésbia
larga essa baixinha nariguda
que te fuça a xota
com o naso nojento
também meu nariz
não é de pequeno porte
mas do meu pau
te asseguro
sai espirro mais forte
36. ó minha lésbia
na balada
não dás a mínima
se canta a cotovia
ou o rouxinol
da minha parte
a única coisa que irrita
meu shakespeariano pinto
é não poder fazer um dueto
com tua lírica periquita
37. ó minha lésbia
quando te vi
dando de bico naquela bola
como um vero boleiro
imaginei teu cu
como um gol
e minha rola
um artilheiro
entrando com bola e tudo
38. ó minha lésbia
conheço tua paixão
por basquete
és uma deusa do esporte
então vem fazer mil pontos
vezes mil e mais um milhão
nesse nosso invencível
jogo do boquete
39. ó minha lésbia
sei que quando criança
entre os loureiros
sonhavas em ser a mulher-barbada
desiste dessa idéia descabida
e vem comigo
levantar o pau do picadeiro
40. ó minha lésbia
já inúmeras vezes
cantei em louvor
às heliconíadas musas
ó cupido
vê se me deixa em paz
contudo parece
que nada arrefece
este rapaz
de pau cúpido
41. ó minha lésbia
gozemos
como nunca
nem que pra isso
tenha eu
que passar batom
e usar peruca
42. ó minha lésbia
se queres preservar
teu hímen
dá-me teu cuzinho
que mesmo imundo
da feijoada de domingo
faz minha língua
tão dura e úmida
quanto o tridente de netuno
43. ó minha lésbia
sei que te apraz
o cabelo crespo
dessa neguinha
mas entrega-te a mim
que eu rapaz
que também curte
uma bunda preta
já tenho a rola escura
de tanta punheta
44. ó minha lésbia
conta a mitologia
que no homem
o tamanho do pé indica
o tamanho da pica
e se pra mulher
isso também serve
já imagino
pela dimensão
de tuas falangetas
qual será a amplidão
de tua boceta
45. ó minha lésbia
permite
que eu qual um infante
recém-nado
chupe tuas tesudas tetas
donde espirraria
toda a via-láctea
e só a esperança
de tal obséquio teu
confesso
ora me deixa
todo gozado
48. ponto
de parto ida em busca
de um canto perdido impelido
por uma vela que chama vento
ponto pacífico atlântico índico quatro
cantos e sete mares de mundos
e fundos onde o aedo dá adeus
ao éden do seguro porto do nada
sempiterno da vida em terra firme
dos trabalhos e os dias e a vela segue
49. sangrando os mares nunca dentes só
planícies às vezes caninas ondas
porém onde deveria pérola só se vê
parcos mas nunca dantes nem homeros só
um pobre diabo em ponto de abulição
sobre mares infestos de aves e feixes
de nadas nados de ondas espumantes
de chã sina onde apanha o poeta
a embriaguez necessária para néscio
seguir adiantando ou não a vela
50. alva asa de albatroz vaga lembrança
de campo vasto de algodão em dia
de vento arrasta o cantor mudo à procura
da voz perdida em algum ponto de uma
foz mudada e nunca mais achada
e a cura é a musa esquiva telenguiado
ponto de interrogação oculto entre
frases marulhentas contudo o vate
vai ao encalço da sereia calçado
em suas asas de cera da imaginação
51. e do desespero apontando
sua popa ao nada líquido inserto
todavia desponta ourivesaria
desnorteadora de heliotrópios
as melenas mareantes da sereia
e a vela alveja o ar almejante
a restituir a alma vagante
do poeta em algum ponto
eqüidistante entre o vasto e o vazio
e os olhos dele seguem a silhueta
52. dela rasgando as águas escamoteando-se
entre recifes sirtes estrelas
seguida de delfins em coorte
nobre constelação a zombar
do pobre vate entrevado
em seu desencanto desterrado
de seu canto mas a musa qual água
entre cílios escorre da vista do aedo
e o vento cessa e a vela antes panda
agora parada ponto de reverência
53. na imensidão azul inf lama
a angústia afônica dele e o sol
moenda com molares a mascar
o imo do poeta dá tons rubros
ao marulho engulhento e o lastro-rei
incinera na boca do aedo
moedas falsas para o pagamento
no cocito ergo sum de seus pecados
capitais mas ele escravo do desatino
escreve suas linhas tortas do destino
54. com seu sangue brotando sob o látego
de hélios e faz da dor um doce fado
e se é doce morrer no mar
é fácil adivinhar que quem proteu
regalou-se entretanto o poeta teima
em sua toleima e aguarda findar
o resguardo do vento para dar
prossecução à sua perseguição
contudo o sol solapa a potência
do poeta aos poucos e o eidos
55. lasso já se enforca nas cordas
trágicas do provável desenlace
porém o vento volta e a vela
põe-se a levar um sopro de futuro
este furo entre o nado e o ponto
contudo a sereia torna à vista
deslumbrante a qualquer das maravilhas
ombreante risca o mar mecanicamente
qual barco a motor enquanto ele segue
seu risco de morte terminício
56. do jogo ponto em dado leitor de frases
imprevistas em fado gozo do inesperado
ele atormentado cérebro cinza
como o céu que o vela navega
com os olhos tentando sem isca
fisgar tal feixe de sonho e ora orca
envasando todo o mar rocha móvel
ebânea noite úmida a varar
os olhos dos sóis sobre as vagas
baila a baleia o balé da batalha
57. e o aedo ante tal medonha mancha
marcial sempre-pontoso avança
brioso seu frágil brigue de um só
mastro movido a astros e vai
pontudo arremessar-se contra
seu destino apesar de atinar
que o confronto contra tal
animal findaria em seu finamento
todavia à toda vela varou o varão
cantante o vidro verde e a rocha
58. esguichante retinto arcobaleno
apercebendo-se da valentia do poeta
pareceu rir mostrando seu mordente
recife de corais brancos porém ele
apontando o nariz da nave ao alvo
negro segue sequioso do fim
mas uma onda ergue-se sob o barco
erigindo o vate sobre o nigérrimo
cemitério marinho agora atlântida
submersa e vagamente subvertida
59. então busca nos céus uma resposta
em meio aos escarcéus contudo acha-se
só e mau acompanhado de desenhos
de nuvens alvos mares voláteis
e a voz não volta porém desponta
nos seus ouvidos um olvido
grito atroz mas o aedo mira
o alto e num sobressalto depara-se
com o inusitado uma revoada
de ferozes albatrozes móbil dique
60. a abarcar o céu dirigindo-se contra
a nave kamikasas albardando o vate
com seus brados marciais todavia
ele vela em riste encara o comboio volátil
e joga-se no tabuleiro branco
e alvo prisioneiro do seu destino
enxadrista analmabeto nas regras do jogo
e os albatrozes tombam e o poeta
títere das vagas ponto de intersecção
entre nefastos meridianos
61. ante a ameaça do naufrágio recolhe
a vela e aguarda o móbil dique
pôr a pique sua frágil fragata entretanto
quando estavam a ponto de entrechocarem-se
quando a peleja em pleno pélago
parecia consumada os pássaros mudam
o rumo e sobrevoam a capitânia
cabeça do aedo e criam uma borrasca
sobre a nave de fezes em branco
e preto tabuleiro aéreo no qual ele
62. desenxabida besta de xácara
é peça tombada xaveco em xeque
e com o coração na ponta da vela
o vate salvo por um riso do destino
salta as ondas nada-ouvidos
para o calado e sua língua morta
é só sal de muda salabórdia
língua-doca língua-doc oxidado
feéretro ferrugem cariando
o dantes da memória só
63. sobrando o hálito do porvir
nos panos pandorgados e ele
enxerga chispando sobre o turvo
espelho de netuno a musa em fuga
desfilando na aquarela seus fios de ouro
rapunzol pescando os olhos
gemebundos do pontífice da demência
e o vate vai e vê avante brotarem
do pélago cristais brancos
friíssimos pespegos gelando
64. as vísceras do poeta todavia ele vai
e a sereia esmeralda esmerada
em esmorecer seu esmoler
atira-se entre as geleiras
como a comandar o rebentar das gélidas
setas que despontam com fúria da físsil
superfície pedras de roseta abcenário
para o poeta transladar mas ele marcha
marco apolo veneta mirando
entre as venezianas de aicebergues
65. a venérea sereia vascolejando
a moringa do vate contudo
a nave ginga entre os dentes de gelo
tão qual hálito vai como se fora ali
seu habitat como se fora a língua
daquela pelagônica bocarra comida
esperada mas fugidia todavia a nave
ginga língua solta na ponta da vela
íngua no céu da boca do pélago
trânsfugo prato principal fruto do mar
66. velado pelo véu paladino do céu
e o barco ginga e as alvas presas
perseguem a língua feérina
incisivas em soçobrar o frágil casco
e os caninos sobre as cãs vagas
laboram um labirinto sem ponto
de fuga entretanto a nave não
capitula e faz da esperança
seu fio de ariadne e o labirintodonte
encerra o barco no físsil fosso
67. de sua mandíbula confabulando
com a noite monoculunar
como fazer da rotunda face do mar
a tumba final para a infatigável
nave entretanto ignorando o cretino
conluio entre noite e oceano
o veículo volante do vate
ginga entre os dentes raios de lua
congelados e quando o labirinto
já parecia ter-se tornado
68. o derradeiro lar do poeta
ele elabora a fuga com a ajuda
do fúlgido olho da noite que projeta
uma via-lácqua de luz perpendicular
na face do pélago e o arteiro poeta
percebe a dádiva oferecida pelo farol
celipotente e avança pelo veio selênico
até escapar do desditoso traslado
dedálico e o vate sonado tomba
ele ex-sonar captor de submarinas
69. sonâncias ora sornado sócio
de marinas up-to-date contudo
ele sonha e nos desvãos dos devaneios
veio-lhe a senha um beijo na sereia
porém a rosilíngua da aurora gritou-lhe
na íris e o aedo acorda sabendo
de cor o tato de tal ósculo e escuta
nas volutas das vagas risos
de delfins e mais ao longe a loura
tecedura falange de fios de sóis
70. que sói tornar-lhe a ele soez
ponto neste teatro vago e os delfins
estrelas marinhas varando a cortina
dágua e rindo na ribalta ante o velejador
a baixo pano anunciam o último ato
ao vate castrado canário canastrão
que avista entre atóis de albatrozes
o palco ponto de exclamação totêmico
para arritméticas tabuadas onde só
dali daria o adiante e sereno vai
71. ao encontro da sereia deparar-se
com o irremediável e ela com seu anfíbio
corpo ambíguo alcança a imponente rocha
lança netuniana a lancinar a face das águas
e inicia a subida e o vate faz
do sopro de vida que lhe resta
o vento que arrasta a nave
até a grande pedra de roseta do seu destino
e ele chega ao pé da pedra sobe
os degraus escalado pelos deuses
72. para o desafio de desfiar o fado
dos seus pares mas ele desafinado
vate mal pode suportar o peso
de seus fardos e ela galeana galga
o pico do monte e ele perto
parindo músculos está por quase
na qualidade de dono das alturas
mas ela já sumira de sua retina
e ele ganha forças da agonia
e acelera sua subida e quando
73. atinge o topo topa com ela à beira
da pedra prestes ao olímpico salto
mortal que findaria em seu finamento
e ele loquiaberto e mudo como uma pedra
no meio do caminho ao dar o primo
passo até sua alva salvadora vê a sereia
arremessar-se às pedras do sopé do monte
e só então ouve a música da musa
grito lancinante saído da suicida de sonhos
e o poeta após assistir a tudo
74. impávido e pálido como as espumas
das ondas rebentando na rocha
e arrebentando sua desastronave
ele bússola à deriva traduz
seu derribamento em tortulento
berro e prostra-se opúsculo
folheado pelos alados dedos
do vento cara a cara com o
crepúsculo no cume do
ponto
77. Aterrisso meu helicóptero no heliporto do Hélicon e o
vento desfaz as madeixas das musas, levanta suas saias
(divinas Monroes) e põe à mostra, aos montes, os montes de
Vênus. A cafetina se aproxima com seus dentes amarelos (às
suas costas, um negro eunuco com o branco dos olhos qual
girassóis vangoguianos) e prontifica-se em apresentar seu
harém de deusas, semideusas, prostitutas, putas, rampeiras e
requengas, que se esfregavam perante os fregueses, chupando
seus dedos, roçando tetas, xoxotas, bundas em tudo o que
poderia ser roliço como uma rola. A cafetina, Madame
Saouva, me diz que posso fazer um test-drive em qualquer
menina, seja com os dedos, a língua, o joelho, o cotovelo...
menos com o pau. Então, principio a enfiar o pai-de-todos em
um batalhão de cus em fila. Um do lado do outro, vários fiofós
empinados, rosados, marrons, pretos, os experimento com o
dedo médio embebido em baba, tentando encontrar algum
que tivesse a melhor pegada, a melhor travada, aquele que
poderia partir meu caralho em dois.
Encontrei.
É este, disse à cafetina. E ela: Aphrodiet, quarto Cupido, já!
Segui aquele enorme e sarado rabo negro (nenhuma
celulite, nenhuma estria, perfeito como uma noite sem nem
sinal de estrelas ou satélites) tal como Eco segue Narciso e
como Narciso se cega ao seguir o que o espelho designa.
A cama redonda, por uma mágica engenharia, gira em
sentido anti-horário. Aphrodiet, nua, posta-se de quatro na
beira da cama e gira, gira, gira, como uma roleta. Me aproximo
da cama com o pau em riste. A bunda dela roça minha rola a
cada volta da roleta.
De tanta volta, começo a tontear. A pica principia a
descida do Hélicon.
Um cu de deusa jamallarmais abolirá o ocaso.