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Universidade do Minho Instituto de Estudos da Criança Mestrado em Educação Física e Lazer  A Criança e a Cultura Lúdica Tecnologias de Informação e Comunicação Ana Paula Matos  Maria João Monteiro Braga Novembro, 2009
Referencia bibliográfica: Brougère, Gilles (1998). “A criança e a cultura lúdica” inKishimoto, Tizuko (org.) O brincar e as suas teorias. S. Paulo: Pioneira (pg.19-32). IDEIA CENTRAL: Interpretação socioantropológica do jogo. Existe uma relação profunda entre jogo e cultura, no sentido de que o jogo produz uma cultura para ele próprio requer para existir. PALAVRAS CHAVE: Brincar, jogo, cultura lúdica
O autor começa por referir que: “toda uma escola de pensamento…vê no brincar o espaço da criança cultural por excelência .” Winnicottdiz-nos que “o espaço lúdico vai permitir ao indivíduo criar uma relação aberta e positiva com a cultura, e se “brincar é essencial é porque é brincando que o paciente se mantém criativo”.  É através da brincadeira que se mantém uma certa distância em relação ao real.
 “Toda a criança que brinca se comporta como um poeta pelo facto de criar um mundo só seu, mais exactamente por transpor as coisas do mundo em que vive para um universo novo em acordo com as suas conveniências”. Winnicott O enraizamento social do jogo Cada cultura em função das suas analogias constrói o seu próprio jogo.
O que caracteriza o jogo é o modo como se brinca e o estado de espírito como se brinca. As actividades são consideradas um jogo quando são interpretadas como tal, pelos actores principais, em função da imagem que têm dessa actividade.
“Parece que a criança, longe de saber brincar, deve aprender a brincar, e que as brincadeiras chamadas de brincadeiras de bebés entre a mãe e a criança são indiscutivelmente um dos lugares essenciais dessa aprendizagem”. Vemos assim que o primeiro efeito do jogo não é entrar na cultura, mas sim aprender essa cultura particular que é o jogo.
O jogo é um produto cultural que tem uma certa autonomia. “Quando se brinca aprende-se antes de tudo a brincar, a controlar um universo simbólico particular” . O jogo pressupõe uma cultura específica ao jogo, mas também é chamado de cultura geral. O autor gostaria de “propor e tratar a título de hipótese a existência de uma cultura lúdica, conjunto de regras e significações próprias do jogo que o jogador adquire e domina no contexto do seu jogo” .
Tentativa de descrição da cultura lúdica O autor refere que a cultura lúdica é um conjunto de procedimentos que permitem tornar o jogo possível. Bateson e Goffman remetem para o jogo a ideia do faz de conta, de ruptura com as significações da vida quotidiana.
“Dispor de uma cultura lúdica é dispor de um certo número de referências que permitem interpretar como jogo actividades que poderiam não ser visitas como tais por outras pessoas. “ São raras as crianças que se enganam, quando se trata de discriminar no recreio uma briga de verdade e uma briga de brincadeira” .
“A cultura lúdica não é um bloco monolítico mas um conjunto vivo, diversificado conforme os indivíduos e os grupos em função dos hábitos lúdicos das condições climáticas ou espaciais .” As culturas lúdicas são diferentes de país para país, de continente para continente. Elas diferem também conforme o meio social, a cidade e o género da criança.
A produção da cultura lúdica Quando brinca a criança constrói e adquire a sua própria cultura lúdica. É o conjunto da sua experiência lúdica acumulada, começando pelas brincadeiras de bebé, que constitui a sua cultura lúdica. Essa aprendizagem é feita muitas vezes pela observação de outras crianças.  “O desenvolvimento da criança determina as experiências possíveis, mas não produz por si mesmo a cultura lúdica. Esta origina-se das interacções sociais do contacto directo ou indirecto” .
“A cultura lúdica não está isolada da cultura geral. Essa influência é multiforme e começa com o ambiente, as condições materiais. As proibições dos pais, dos mestres o espaço colocado à disposição da escola, na cidade, em casa vão pesar sobre a experiência lúdica” . Alguns elementos transmitidos também pelos meios de comunicação parecem ter uma incidência especial sobre a cultura lúdica são eles, a televisão e o brinquedo.
CONCLUSÕES Objectivo do autor: fornecer um quadro de referências a uma interpretação socioantropológica do jogo. O jogo é antes de mais um lugar de construção de uma cultura lúdica. 	 Existe uma relação profunda entre o jogo e cultura, no sentido de que o jogo produz uma cultura que ele próprio requer para existir. É uma cultura rica, complexa e diversificada.
O jogo é o resultado de múltiplas interacções sociais. “Acima do seu substrato natural, biológico, o jogo, como qualquer actividade humana, só se desenvolve e tem sentido no contexto das interacções simbólicas, da cultura” . A cultura lúdica participa do processo de socialização da criança.
“Através do jogo a criança faz a experiência do processo cultural, da interacção simbólica em toda a sua complexidade” .  Existe uma relação profunda entre o jogo e cultura, no sentido de que o jogo produz uma cultura que ele próprio requer para existir. È uma cultura rica, complexa e diversificada.
Por último, o autor questiona se o jogo poderia ser um meio privilegiado de acesso à cultura.

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A Criança e a Cultura Lúdica

  • 1. Universidade do Minho Instituto de Estudos da Criança Mestrado em Educação Física e Lazer A Criança e a Cultura Lúdica Tecnologias de Informação e Comunicação Ana Paula Matos Maria João Monteiro Braga Novembro, 2009
  • 2. Referencia bibliográfica: Brougère, Gilles (1998). “A criança e a cultura lúdica” inKishimoto, Tizuko (org.) O brincar e as suas teorias. S. Paulo: Pioneira (pg.19-32). IDEIA CENTRAL: Interpretação socioantropológica do jogo. Existe uma relação profunda entre jogo e cultura, no sentido de que o jogo produz uma cultura para ele próprio requer para existir. PALAVRAS CHAVE: Brincar, jogo, cultura lúdica
  • 3. O autor começa por referir que: “toda uma escola de pensamento…vê no brincar o espaço da criança cultural por excelência .” Winnicottdiz-nos que “o espaço lúdico vai permitir ao indivíduo criar uma relação aberta e positiva com a cultura, e se “brincar é essencial é porque é brincando que o paciente se mantém criativo”. É através da brincadeira que se mantém uma certa distância em relação ao real.
  • 4. “Toda a criança que brinca se comporta como um poeta pelo facto de criar um mundo só seu, mais exactamente por transpor as coisas do mundo em que vive para um universo novo em acordo com as suas conveniências”. Winnicott O enraizamento social do jogo Cada cultura em função das suas analogias constrói o seu próprio jogo.
  • 5. O que caracteriza o jogo é o modo como se brinca e o estado de espírito como se brinca. As actividades são consideradas um jogo quando são interpretadas como tal, pelos actores principais, em função da imagem que têm dessa actividade.
  • 6. “Parece que a criança, longe de saber brincar, deve aprender a brincar, e que as brincadeiras chamadas de brincadeiras de bebés entre a mãe e a criança são indiscutivelmente um dos lugares essenciais dessa aprendizagem”. Vemos assim que o primeiro efeito do jogo não é entrar na cultura, mas sim aprender essa cultura particular que é o jogo.
  • 7. O jogo é um produto cultural que tem uma certa autonomia. “Quando se brinca aprende-se antes de tudo a brincar, a controlar um universo simbólico particular” . O jogo pressupõe uma cultura específica ao jogo, mas também é chamado de cultura geral. O autor gostaria de “propor e tratar a título de hipótese a existência de uma cultura lúdica, conjunto de regras e significações próprias do jogo que o jogador adquire e domina no contexto do seu jogo” .
  • 8. Tentativa de descrição da cultura lúdica O autor refere que a cultura lúdica é um conjunto de procedimentos que permitem tornar o jogo possível. Bateson e Goffman remetem para o jogo a ideia do faz de conta, de ruptura com as significações da vida quotidiana.
  • 9. “Dispor de uma cultura lúdica é dispor de um certo número de referências que permitem interpretar como jogo actividades que poderiam não ser visitas como tais por outras pessoas. “ São raras as crianças que se enganam, quando se trata de discriminar no recreio uma briga de verdade e uma briga de brincadeira” .
  • 10. “A cultura lúdica não é um bloco monolítico mas um conjunto vivo, diversificado conforme os indivíduos e os grupos em função dos hábitos lúdicos das condições climáticas ou espaciais .” As culturas lúdicas são diferentes de país para país, de continente para continente. Elas diferem também conforme o meio social, a cidade e o género da criança.
  • 11. A produção da cultura lúdica Quando brinca a criança constrói e adquire a sua própria cultura lúdica. É o conjunto da sua experiência lúdica acumulada, começando pelas brincadeiras de bebé, que constitui a sua cultura lúdica. Essa aprendizagem é feita muitas vezes pela observação de outras crianças. “O desenvolvimento da criança determina as experiências possíveis, mas não produz por si mesmo a cultura lúdica. Esta origina-se das interacções sociais do contacto directo ou indirecto” .
  • 12. “A cultura lúdica não está isolada da cultura geral. Essa influência é multiforme e começa com o ambiente, as condições materiais. As proibições dos pais, dos mestres o espaço colocado à disposição da escola, na cidade, em casa vão pesar sobre a experiência lúdica” . Alguns elementos transmitidos também pelos meios de comunicação parecem ter uma incidência especial sobre a cultura lúdica são eles, a televisão e o brinquedo.
  • 13. CONCLUSÕES Objectivo do autor: fornecer um quadro de referências a uma interpretação socioantropológica do jogo. O jogo é antes de mais um lugar de construção de uma cultura lúdica. Existe uma relação profunda entre o jogo e cultura, no sentido de que o jogo produz uma cultura que ele próprio requer para existir. É uma cultura rica, complexa e diversificada.
  • 14. O jogo é o resultado de múltiplas interacções sociais. “Acima do seu substrato natural, biológico, o jogo, como qualquer actividade humana, só se desenvolve e tem sentido no contexto das interacções simbólicas, da cultura” . A cultura lúdica participa do processo de socialização da criança.
  • 15. “Através do jogo a criança faz a experiência do processo cultural, da interacção simbólica em toda a sua complexidade” . Existe uma relação profunda entre o jogo e cultura, no sentido de que o jogo produz uma cultura que ele próprio requer para existir. È uma cultura rica, complexa e diversificada.
  • 16. Por último, o autor questiona se o jogo poderia ser um meio privilegiado de acesso à cultura.