O documento discute o Ciclo de Estudos 2011 realizado no Centro Educacional Leonardo da Vinci. Nele, foram convidados dois palestrantes que falaram sobre neurociência e humanização da educação. Os temas trouxeram novos conhecimentos que contribuíram para a formação contínua dos professores.
1. ANO XIII – Número 39 – 2011
João
Marcos
Dupla vitória na UnB
• Ciclo de Estudos 2011
• Deixem que a criança
viva a sua infância
• Habilidades e competências
na Educação Básica
• Ensino de Filosofia:
novas práticas, novos saberes
• “A Heroína da Escola”
• Esporte, metáfora da vida
• Viva a vida! Droga, comigo não rola
2. 2011
Ciclo de Estudos
Neurociência e humanização da
educação foram os temas trabalhados.
O
mundo atual exige fone) e, em sua palestra, emocio
mu anças,
d adapta nou a plateia pela simplicidade
ções, aperfeiçoamen com que contou fatos, acertos e
tos constantes e erros em sua vida como aluno e
diá ios. A formação
r professor. Foi aplaudido por todos
teórica e prática do professor é um de pé, por mais de cinco minutos.
fator que contribui para melhorar “Foi com certeza um dos momen
a qualidade do ensino. Por esse tos mais emocionantes da minha
motivo, o Centro Educacional Leo carreira”, conta emocionado.
nardo da Vinci tem o Projeto de For Neurociência e educação foi o
mação Continuada, para promover outro tema levantado no Ciclo de
momentos de reflexão em que são Estudos 2011. A Prof.ª Dra. Elvira
convidados palestrantes e promo Souza Lima fez uma palestra
vidos cursos para a atualização dos explicando como se dá o processo
professores e colaboradores. de aprendizagem no cérebro. “Os
O primeiro evento do ano é o palestrantes trouxeram um acrés
Ciclo de Estudos. Em 2011 foram cimo fantástico para nossa experi
convidados o Doutor em Filoso ência. No que se trata da questão
fia e História da Educação, Prof. da afetividade, humanização da
Dr. César Nunes, e a Doutora educação, neurociência, em como
em Ciência da Educação, Prof.ª se dá o processo de aprendiza
Dra. Elvira Souza Lima. “Foi um gem, entender o funcionamento
momento riquíssimo de trocas cerebral, entender quais são os
de informações, conhecimentos ganhos e prejuízos. E hoje vejo
e experiências”, conta a Diretora que, de fato, estamos no caminho
Pedagógica da Unidade Tagua certo”, conta a Orientadora Edu
tinga, Prof.ª Solange Foizer. cacional do Ensino Médio, Uni
O Prof. Dr. César Nunes subiu dade Norte, Prof.ª Gerlany Carva
ao palco para ressaltar a importân lhães. n
cia da humanização na educação.
Não fez uso de qualquer recurso Patrícia Carbri
tecnológico (a não ser o micro Assessora de Comunicação
3. Deixem que a criança
preendê-la. O ato de desenhar não é, situações em que a criança possa, brasileira, a música é mais do que
simplesmente, uma atividade lúdica, diariamente, ter alguma atividade isso, ela permite dialogar com o outro
ele é, também, ação de conheci que envolva a música. Muitas das e contribui para a inserção dessa
viva a sua infância
mento. O desenho é, pois, parte brincadeiras infantis já trazem essa criança na cultura do nosso país.
constitutiva do processo de desen experiência, o folclore brasileiro tem As brincadeiras infantis envolvem
volvimento da criança. uma variedade muito grande de ativi movimento. Muitas delas fazem com
A música promove a comunica dades que envolvem música. que a criança movimente seu corpo
ção entre as pessoas, provoca envol Sabemos hoje que a música é no espaço. Isso ajuda, por exemplo,
P
vimento emocional entre elas. Cantar, importante no desenvolvimento do a formar conceitos de localização no
odemos iniciar nossa con volva como um ser de cultura. importante que os adultos respeitem tocar um instrumento, ouvir música cérebro e traz muitos benefícios para espaço, como acima/abaixo, dentro/
versa dizendo que toda E que atividades são essas? Dese essa atividade, porque enquanto a são atividades que fazem bem ao as aprendizagens que a criança terá fora, perto/longe.
criança tem direito a nhar, brincar de faz de conta, realizar criança está desenhando, ela está ser humano em qualquer idade. Na mais tarde, na escola. Muitas brincadeiras trazem pe
viver sua infância. Nesse brincadeiras infantis que envolvam aprendendo muitas coisas. Para nós, infância, a música é mais importante Por exemplo, as músicas canta quenas narrativas, que auxiliam no
pe íodo, a criança realiza
r personagens e ações imitativas, can adultos, pode parecer que desenho ainda, pois contribui para o desen das têm rimas. Ter sensibilidade à desenvolvimento da oralidade e do
inúmeras aprendizagens que servi tar, dançar, ouvir histórias, poesias e não é uma coisa séria como apren volvimento da criança. As cantigas rima, sabe-se hoje, é um dos com sequenciamento de fatos, como a
rão para toda a vida. Muitas delas se narrativas da cultura local. É muito der a escrever, mas é. O domínio da infantis possibilitam o desenvolvi ponentes essenciais para a aquisição rosa juvenil [cantiga de roda sobre
efetivam por meio de práticas cul importante para a criança a vivência forma desenhada também é uma das mento da memória auditiva, do ritmo da leitura. O que é ter sensibilidade uma menina, Rosa, que é vítima de
turais, que, por sua vez, desempe das práticas culturais de sua comuni bases do desenvolvimento da escrita. e da melodia, com realizações que à rima? uma feiticeira e sobre o rei que irá
nham papel central, e cabe não ape dade e região, pois a elas estão liga Todo desenho tem uma ação: estarão envolvidas na apropriação da É saber reconhecer rimas e saber desfazer o feitiço. Na brincadeira, as
nas à família, mas a vários setores da das a percepção de si mesma como para a criança, há sempre uma his leitura e da escrita. fazê-las também. crianças formam a roda; a que vai
sociedade, garantir sua presença na parte de um grupo e a formação de tória no desenho que ela faz. O dese Nascida em uma cultura que Para a criança que se está cons para o centro será a Rosa, e outras
vida das crianças. sua identidade. A experiência com nho é uma narrativa: mesmo que valoriza tanto a música quanto a tituindo como um ser da cultura, é duas, de fora da roda, serão a fei
Em seus primeiros anos de vida, imagens e com sons é uma parte para o adulto ele pareça uma repre dança, a criança brasileira é exposta, fundamental entrar em contato cons ticeira e o rei. Seguindo as estrofes
a criança obtém duas conquistas importante na educação da criança sentação estática, para a criança ele desde bebê, a uma vivência musical tante com a música. Para a criança da música, cada criança deve agir
importantes: andar e falar. O período pequena, por isso toda criança pre é ativo, dinâmico, tridimensional. variada. Do mesmo modo, a criança de acordo com o seu personagem.
que se segue a isso será marcado cisa desenhar, cantar, ouvir música Mesmo que a criança não fale nada brasileira também tem experiências Aquelas que estão na roda devem
pelo desenvolvimento da função sim e brincar. enquanto estiver desenhando, ela com a dança nas festas populares, girar e cantar ao redor da Rosa].
bólica (falar, desenhar, imaginar...). Em seu processo de desenvolvi está “pensando” no que desenha. na mídia, nos rituais das tribos, nas Todas envolvem a memória de mo
As atividades que predominam mento, a criança pequena desenha Então, ao desenhar, a criança traba celebrações religiosas, nas festas e vimentos sequenciados em uma
nesse período são as que envolvem muito. Toda criança vai desenhar lha com sua imaginação, cria novas em outros eventos. Toda criança tem ordem constante. Por exemplo,
movimento e criação de significados, indo ou não à escola, ou seja, dese imagens, desenvolve sua memória, É muito importante que se valo o direito de conviver lenço-atrás [brincadeira em que
fazendo com que a criança se desen nhar faz parte de ser criança. É muito organiza sua experiência para com rize a vivência musical criando os participantes formam uma
com as diferenças. A
formação ética com respeito
Entrevista concedida a Paula Caires (Revista Projetos Escolares Educação Infantil – Online Editora) em outubro de 2009 à diversidade cultural
e à diversidade biológica é
Repórter - Quais as principais diferenças do cérebro das crian Repórter - Você diz que o desenvolvimento é função da cultura. Elvira Souza Lima - Sim, o que uma responsabilidade de dade, ritmo, rima, sequência. Cada
ças de 4, 5 e 6 anos de idade? Como funciona a memória da Poderia explicar? propiciamos à criança pequena todos na sociedade. brincadeira promove o desenvolvi
criança e quais seus níveis? Como desenvolvê-la e estimulá-la, deve ser adequado ao seu período mento de determinados movimentos
em seus diferentes graus, nas crianças dessas idades? Elvira Souza Lima - Na verdade esta não é uma ideia de desenvolvimento. Por exemplo, do corpo, de sonorizações e linhas
recente, mas que tem sido comprovada recentemente desenhar é uma atividade fundamental melódicas. Cada brincadeira apresenta,
Elvira Souza Lima - É importante entender que o desen com o avanço dos estudos e pesquisas sobre o cérebro dos 3 aos 6 anos. Ouvir músicas, cantaro portanto, especificidades. A criança precisa
volvimento do ser humano acontece por períodos de humano. O conhecimento sobre o desenvolvimento na lar, dançar e cantar, experimentar sons, ouvir realizar brincadeiras de movimento: andar, cor
tempo que não são divididos segundo anos cronológicos. infância nos traz a necessidade de ver a criança como ser com atenção sons da natureza, por exemplo, são ativida rer, saltar. Brincadeiras circulares como as brincadeiras de
Os períodos na infância acontecem em tempos maiores, de cultura, pertencente à espécie humana: daí a impor des importantes nos primeiros anos da infância. Propiciar roda, cantadas ou declamadas. Brincadeiras que desen
como cerca de 3 anos. Assim as crianças de 4, 5 e 6 tância de integrar os conhecimentos da Neurociência, da essas experiências à criança significa, muitas vezes, criar volvem a percepção sonora e/ou visual. Brincadeiras que
anos pertencem a um período de desenvolvimento, Antropologia e das Artes para que, dessa integração, condições para que ela faça isto, dar tempo a ela para rea envolvem parlendas e quadrinhas. Todas as brincadeiras
no qual acontecem processos, como por exem se retire um modelo de pensamento mais ade lizar estas atividades e prosseguir nelas conforme desejar. do folclore e as brincadeiras universais oferecem riqueza
plo, o desenvolvimento da função simbólica e a quado para se abordar a infância. Muitas vezes o adulto se preocupa muito em estimular de experiências e oportunidades para a criança e atuam,
formação das figuras geométricas. A matura A Neurociência, principalmente, vem reve a criança e não dá a ela o tempo necessário para que também, no desenvolvimento da imaginação.
ção do cérebro é progressiva e possibilita a lando a infância como um período de rele ela realize atividades em seu próprio tempo. O tempo de
ampliação de processos mentais, perícia do vância para a formação humana, confi exploração dos objetos, de observação, de envolvimento Repórter - Os contos infantis assumem essa mesma função? Se
movimento, evolução da fala, por exemplo. gurando, assim, uma nova dimensão da com uma atividade depende do período de desenvolvi não, qual o papel também dos contos infantis?
Ao longo desse processo, a criança desen educação infantil. A escola para educação mento. Aprendemos muito observando a própria criança:
volve a memória, criando acervos de expe infantil é um espaço de formação humana ela nos ensina, também, como e durante quanto tempo Elvira Souza Lima - Os contos infantis tradicionais passa
riências, imagens e sons, de acordo com das novas gerações, garantindo a continui ela se dedica a uma atividade. ram de história oral para a escrita. Ou seja, uma tradição
sua experimentação e ação, nos contextos em dade da espécie e a integração das experiên oral de séculos, por vezes, foram registradas em algumas
que vive. Com o desenvolvimento da memória, cias culturais com as possibilidades tecnológi Repórter - Qual o papel das brincadeiras nesse processo? Quais culturas e a partir daí permaneceram como acervos para
a criança também cria acervos para imaginar. A cas da sociedade contemporânea. brincadeiras você indicaria pela riqueza de recursos que oferece muitas gerações. Muitas histórias foram perpetuadas tam
imaginação precisa ser desenvolvida na infância. Brincar, ao cérebro? bém pelas dramatizações, tanto com personagens como
desenhar, cantar, dançar, ouvir histórias, representar no Repórter - Há diferenças nas formas de estímulos para cada com bonecos (marionetes de muitos tipos diferentes).
faz de conta são atividades essenciais para o desenvolvi idade? Se sim, quais? Elvira Souza Lima - Cada brincadeira mobiliza o cérebro Mais recentemente, essas histórias passaram a ser reela
mento da criança nesse período. da criança segundo os componentes de movimento, orali boradas em várias formas de mídia: filmes, animações,
4. roda, em torno da qual um deles vidade. Um dos direitos mais funda igualmente, para as crianças que Finalmente, toda criança tem o
Livros publicados pela Dr.ª Elvira Souza Lima
corre levando um lenço na mão e di mentais da infância é ter tempo para nascem com alguma diversidade direito de conviver com as diferen
zendo versos; o lenço deve ser deixa brincar e cabe aos adultos criarem biológica, ou seja, não ouvem, são ças. A formação ética com respeito
do atrás de uma pessoa, que sairá da essa possibilidade para toda e qual cegas, possuem alguma síndrome à diversidade cultural e à diversidade
roda perseguindo o que a escolheu e quer criança. (por exemplo, a síndrome de Down), biológica é uma responsabilidade de
tentando impedi-lo de ocupar o lugar Ouvir histórias, ouvir e recitar têm algum impedimento por causa todos na sociedade. Se a criança não
deixado vago], coelhinho-sai-da-toca poesias, parlendas [rima infantil da condição de seu cérebro (paralisia conviver com as diferenças, ela não
[cada participante senta em uma ca usada em brincadeiras], conversar cerebral, por exemplo). Para essas terá a possibilidade de ampliar sua
deira e o que comanda o jogo fica em com outras crianças, ser ouvida pelo crianças, as atividades da infância experiência de vida e compreender
pé. Quando ele gritar “coelho sai da adulto são situações que todas as são tão necessárias como para qual que a diversidade é normal na nossa
toca”, todos devem mudar de lugar crianças devem ter continuamente. quer outra criança. Nesses casos, espécie. n
inclusive o comandante, que deve se O folclore, as festas tradicionais, as a sensibilidade dos adultos é muito
sentar. O que ficar de pé sai do jogo celebrações são também fonte de importante, pois são eles que podem Prof.ª Dr.ª Elvira Souza Lima
Pesquisadora em desenvolvimento
e uma cadeira é retirada]. ampliação da experiência, além de criar condições para que essas crian humano com formação em
Brincar é necessário para que a funcionar como oportunidades para ças brinquem, ouçam música, parti neurociências, psicologia, antropologia e
criança cresça saudável e não pode a formação da identidade cultural. cipem de atividades culturais e festas música. Trabalha com pesquisa aplicada
ser substituído por outro tipo de ati O que foi colocado aqui é válido, públicas, entre outras coisas. às áreas de educação, mídia e cultura.
novelas e seriados, dramatizações teatrais, desenhos ani cérebro. Instrumentos e vozes apresentam um impacto Assim, pode-se ir pela vida toda
mados. Hoje as crianças têm várias fontes para a expe no cérebro quando executados conjuntamente, que difere aperfeiçoando e expandindo a com
riência com as histórias. Esta tradição gerou, também, a quando somente instrumento ou somente voz chegam ao preensão na leitura e a capacidade
produção específica de literatura infantil e que tomou uma cérebro. Porém, é importante salientar que todas as for na escrita.
proporção inédita e importante nas últimas décadas. mas de música têm um impacto muito grande, como mos Porém, toda criança com 3 anos de
Histórias, contos, lendas e fábulas têm um papel impor tram as pesquisas mais recentes sobre música e cérebro. escolarização tem a possibilidade de
tante na formação da criança e no desenvolvimento da Também essas pesquisas revelam que os efeitos variam ler compreendendo (ler é compreen
memória e da imaginação. Eles atuam na formação da conforme a idade da pessoa. Certo é que, para a criança der) e de escrever textos de algumas
estrutura da narrativa na memória, que proporciona mui pequena, a experiência com a música cotidianamente traz linhas (5 a 7 no mínimo) com a sintaxe básica, com cor criança só fará se for ensinada e orientada. Dessa forma, o
tos subsídios para desenvolvimento e aprendizagens pos impactos duradouros sobre o desenvolvimento infantil. Por reção fonológica e ortográfica e utilizando palavras cor currículo deve partir do desenvolvimento humano, sempre
teriores, dentre as quais destacamos a apropriação da isso, a música deve estar presente em casa e na escola. retamente. Isso depende de ensino e prática cotidiana. Do com a preocupação de desenvolver a imaginação
escrita e a atividade criativa da mente humana. ponto de vista do desenvolvimento, isso pode ser feito a
Repórter - O que o processo de alfabetização deve priorizar partir do período de 6 a 8 anos. Repórter - Até que ponto a televisão e a internet ajudam ou atra
Repórter - Qual a importância e o papel da música nesse pro para ser bem-sucedido, independentemente da linha pedagó palham no processo de desenvolvimento da criança? Por favor,
cesso de estímulo e desenvolvimento infantil? gica seguida? Repórter - Você defende a organização do currículo escolar por explique.
ciclos de aprendizagem. O que seriam e como funcionariam?
Elvira Souza Lima - O papel da música é Elvira Souza Lima - Com certeza, o desenvol Elvira Souza Lima - Televisão e computador não podem
enorme, conforme constatado pelas pes vimento da função simbólica. A formação Elvira Souza Lima - Seria melhor pensar na organização extrapolar um tempo diário de uma a duas horas na vida
quisas na área de neurociência. Sabemos na memória das letras, sílabas e palavras curricular segundo os períodos de desenvolvimento da criança pequena. Em muito países, a recomendação
disso, também, por meio da Antropolo e, fundamentalmente, as estruturas da humano, que, em muitas prefeituras espalhadas por todo é de uma hora diária a partir dos 3 anos e alguns reco
gia, que nos mostra o papel central Apropriar-se da sintaxe. A sintaxe, envolvendo o verbo Brasil, são denominados de ciclos de aprendizagem. mendam que a criança de até 2 anos não seja exposta
que a música tem na organização dos língua escrita, sendo de ação, principalmente, é eixo da A aprendizagem dos conteúdos escolares se apoia nos a nenhum dos dois. Isso decorre de pesquisas sobre o
grupos sociais. Na verdade, a histó aprendizagem da escrita e da leitura.
ria da evolução da espécie humana
capaz de ler e de Independentemente do método, se a
períodos de desenvolvimento. Não adianta querer adiantar desenvolvimento biológico e cultural da primeira infância,
certas aprendizagens na escola para as quais a criança incluindo-se aí as pesquisas sobre o processo de matura
deixa bem claro que a música foi escrever uma língua, criança não aprender as dimensões depende da formação de estruturas no cérebro, estruturas ção e desenvolvimento do cérebro infantil.
um dos fatores fundamentais de é um processo da língua escrita (sintaxe, semântica, estas que são formadas segundo condições próprias da
desenvolvimento da espécie, presente léxico, fonologia e morfologia) não espécie. Repórter - O déficit de atenção e a hiperatividade podem ter
antes mesmo da fala. Para a criança, a
bem longo. dominará a escrita. Qualquer método relação com a influência desses meios na vida das crianças ou
música é fator de humanização, de con precisa atender à formação na memó Repórter - O que poderia ser dispensado das aulas pelo fato de esses transtornos da aprendizagem estão relacionados à condi
gregação com os adultos e com as crian ria dos conceitos de letra, sílaba, palavra, as crianças já trazerem consigo naturalmente? ção genética da pessoa? Por favor, explique.
ças mais velhas. Tem um papel na identidade frase e texto.
cultural e é fator decisivo no desenvolvimento da Elvira Souza Lima - Desenhar as figuras geométricas, Elvira Souza Lima - Há um equívoco muito grande
função simbólica da criança. Repórter - Existe uma idade certa para dar início ao processo de aprender as cores que estão em seu contexto, nomeá-las atualmente em considerar comportamentos normais
alfabetização formal? Existe uma idade limite para que a alfabe são coisas que fazem parte do desenvolvimento humano. das crianças como déficit de atenção e hiperatividade.
Repórter - Há diferenças de funções conforme o tipo de música tização esteja concluída? Cantar, também. Temos várias aquisições na própria gené Como consequência, temos muitas crianças sendo
trabalhada (diferentes ritmos, só cantada ou acompanhada de tica da espécie. A escola deve aproveitar essas caracterís medicadas erroneamente, com prejuízos imediatos sobre
instrumento...)? Elvira Souza Lima - Apropriar-se da língua escrita, sendo ticas do desenvolvimento infantil para ampliar a experiên seu processo de desenvolvimento. Os comportamentos
capaz de ler e de escrever uma língua, é um processo cia da criança em cada uma delas. identificados como de hiperatividade e déficit de atenção
Elvira Souza Lima - Os diferentes ritmos, tonalidades, har bem longo. A escrita é muito complexa e tem vários níveis Por exemplo, trabalhar com as figuras geométricas para são decorrentes, muitas vezes, dos contextos em que a
monização afetam diferentemente o cérebro. Da mesma de apropriação: compreender poesia, escrever poesias, construir formas como com o tangram, fazer maquete de criança vive, que oferecem poucas oportunidades para
maneira, vocalizes e canto apresentam particularidades escrever um conto tem suas especificidades. Escrever um algum local como a escola, ou o bairro, ou ainda sobre que a criança exerça o que é próprio da infância, sendo o
em relação à música instrumental no processamento pelo relatório científico tem outras. Um texto jurídico, outras. o movimento dos astros são atividades escolares que a brincar um dos mais importantes. n
5. habilidades e competências
na Educação Básica
A
s instituições de ensino enfrentam é vivido como uma construção conjunta entre
novas necessidades, decorrentes professor e alunos.
da mudança de paradigmas na Nessa metodologia, o professor é um
Aprender
Educação do século XXI, em que o provocador da construção de conceitos, do
desenvolvimento de habilidades e tratamento das informações, do incentivo à
competências ganha um papel relevante em pesquisa. Ele é um verdadeiro mestre que
questões acerca de: como educar a criança considera o conhecimento do outro e entra
para um mundo globalizado? Como preparar nessa relação como alguém que vai colaborar
o jovem para o novo mercado de trabalho? para o desenvolvimento da autonomia. Enfim,
Sendo assim, a educação está imersa em um professor-mediador.
um novo tempo em que as informações não E para criar uma experiência de apren
são suficientes, é preciso aprender a proces dizagem que simule situações-problema do
sar e a usar adequadamente essas informa mundo real, utilizamos jogos de raciocínio,
ções para transformá-las em novos conhe um recurso didático prazeroso e provocante
cimentos. Escolas, sem exceção, estão em no qual o aluno se envolve e se abre para O Leonardo da Vinci implantou, do 1º ao prática as ações didáticas e, a partir das situ
processo de “renascimento”, adaptando-se à a aprendizagem de estratégias e modelos de 5º ano do Ensino Fundamental, o Projeto ações vivenciadas no jogo, a criança vai criar
nova realidade que requer educar o indivíduo raciocínio que são os “conteúdos” da “nova Menteinovadora para complementar novos conceitos, novas noções, significados
para ser capaz de enfrentar situações reais disciplina”. as disciplinas trabalhadas na escola que serão usados em outros momentos de
A
do mundo atual. Observamos que assim as crianças natu aprendizados na família, na escola”, afirma
No mundo de hoje, ser competente pres ralmente aprendem a pensar sobre o próprio proposta do projeto Menteinova a Professora do Ensino Fundamental, Elenis
dora é estimular as habilidades Durães B. Santana.
supõe aceitar desafios, mobilizar o pensamento e se apropriam de estraté
cognitivas, sociais, emocionais e “Quando a gente vai fazer o Caça ao
conhecimento e ter criatividade gias não só para jogar melhor, mas
éticas por meio de jogos de racio Tesouro, há uma hora que a professora pede
para enfrentar o novo, o des com recursos internos para
cínio. O sistema consiste em, no para a gente parar e observar o que se está
conhecido, partindo em serem utilizados em todas as fazendo. Isso é bom porque a gente consegue
busca de novas formas situações da vida cotidiana início da aula, o(a) professor(a) contextualizar
a atividade que será desenvolvida na aula, olhar de um outro jeito para resolver o jogo”,
de resolver situações e e em componentes curri completa Pedro Bernardes, estudante do 1º
problemas que se apre a educação está culares, como Matemá
as regras do jogo e como eles conseguirão
ano F, de Taguatinga. “Na verdade o mais
alcançar os objetivos.
sentam nesta mesma imersa em um novo tica, Português, Ciências,
O projeto trabalha com métodos, como o legal é que a gente consegue fazer as ativi
velocidade. O indivíduo História, entre outras. dades em grupo”, conta a aluna Ana Carolina
competente é aquele
tempo em que as A “nova disciplina”,
do semáforo, no qual o sinal vermelho sig
nifica que é o momento de parar e obser Lima Vargas, colega também do 1º ano.
capaz de transformar informações não proposta para desenvol var; o amarelo, que é a hora de raciocinar; Todos os professores do Leonardo da Vinci
conhecimento em solu são suficientes ver habilidades e com e o verde, no qual o estudante vai escolher a passaram por um treinamento com a equipe
ções para problemas petências, aplica-se em melhor estratégia e agir; há o método do dete da empresa coordenadora do projeto, Mind
concretos da vida. uma aula semanal de 50 tive, que estimula as crianças a encontrarem Lab Brasil, para que eles vivenciassem os
Mas como tratar essa minutos, para alunos desde a a solução do problema por meio de pergun jogos e aprendessem quais conceitos, habi
questão na Educação Básica? Educação Infantil até o Ensino tas e respostas; e o método da ave migrató lidades e objetivos teriam cada um. Com a
Como transformar esse desejo Médio. A organização curricular é ria, no qual a equipe vai agir de acordo com formação continuada presencial, os professo
em realidade? Precisamos de uma composta por Passos (Inicial, 1, 2, 3 e 4) o que está sendo direcionado pelo líder. Por res são periodicamente visitados pelos edu
“nova disciplina” que focalize o desenvol para atender crianças e jovens nas diferen meio de jogos de raciocínio, a criança é esti cadores da empresa, que avaliam em con
vimento de habilidades cognitivas, sociais tes faixas etárias (de 4 a 17 anos). Os passos mulada a aplicar essas metodologias para junto todo o andamento do projeto, ministram
e emocionais necessárias para desenvolver estão subdivididos em módulos de acordo lidar melhor com situações-problema no seu atualizações para os professores, dando total
competências para a vida moderna. Essa é com os objetivos gerais das aulas que os cotidiano. apoio e segurança à instituição de ensino. n
a nossa visão. compõem, como por exemplo: “Unindo For “É fundamental o papel do professor Patrícia Carbri
Partindo dela, reunimos recursos didáti ças”, “Analisando Informações”, “Tomada de como mediador porque ele vai colocar em Assessora de Comunicação
cos, conhecimentos sobre o desenvolvimento Decisões”, “Planejando o futuro”, “Gerencia
humano e técnicas de ensino-aprendizagem mento de Recursos”, entre outros. n
em uma metodologia, de nome Menteino
vadora, que estabelece o mesmo grau de Sandra Regina Rezende Garcia,
importância para o jovem aprendiz, o profes Pedagoga, Diretora Pedagógica do
sor e os recursos didáticos, assim possibili Menteinovadora, Mestre em Psicologia na área
tando que o “evento de aprender” seja mais do Desenvolvimento Humano e Processo Ensino
significativo. -Aprendizagem pela Universidade de São Marcos,
Pós-graduada em Psicomotricidade no Programa
Sabemos que a atribuição de significado
de Enriquecimento Instrumental pelo Instituto
provoca a atenção, o interesse, a motivação Superior de Psicomotricidade e Educação – ISPE-
e a participação do aluno no processo de GAE, em São Paulo. É autora do livro Mediação
aprendizagem. Ele se sente pertencente a da Aprendizagem – contribuições de Feuerstein e
esse processo, cúmplice, coautor: o processo Vygotsky em parceria com Marcos Méier.
6. D i cas
O estudante ganhou o carro, pois passou
bem no vestibular. Mas tudo isso é o resultado
da dedicação e disciplina. Engana-se quem
pensa que João Marcos sacrificava os momen
tos de lazer e descontração. Con
fira as dicas que João Marcos
deu para quem quer passar no
vestibular.
• Preste atenção às aulas: A pri
meira dica é simples e direta,
procure estar atento no que
é passado pelo professor.
“Ele prepara a matéria
como um resumo de
vários livros. É claro
que é difícil estar
atento 100% do
seu tempo, mas compensa
quando você vai revisar a
matéria, porque tudo vai
estar mais claro”.
João Marcos
• Seja curioso: Uma boa estra
tégia para estar atento às aulas
é procurar ter curiosidade. Se
você tem dúvidas, não espere
para perguntar, caso o assunto seja inte
ressante, peça a indicação de fontes para
Dupla vitória na UnB
mais informações. “Sempre fui muito
curioso e nunca tive problemas para per
guntar e tirar as dúvidas que tinha sobre os
assuntos”.
Ele conquistou a melhor colocação no PAS e vestibular dar, relembrar as matérias básicas – • Faça o dever de casa: Se você prestou atenção
até hoje, por exemplo, algumas pes
da UnB, é o primeiro estudante do Leonardo da Vinci a soas têm dificuldades nas operações
na aula, fazer a tarefa de casa vai servir para
ganhar um carro 0 Km da promoção “Estudante 1º Lugar” fixar mais o conteúdo. “É importante você fazer
matemáticas essenciais – e manter as tarefas de casa no dia que teve a aula, porque
e revela que o segredo para passar no vestibular em dia as matérias do ano. E a famí vai facilitar muito para memorizar e revisar o que
é bem mais simples do que se possa imaginar. lia é também muito importante. Aqui foi ensinado em sala de aula”, explica João.
em casa a gente sempre teve o cos
A
família Marques foi des Fundamental. “Além de muito inte tume de estimular um ao outro. Deus • Ensine: Outra boa maneira de fixar o conteúdo é
taque na edição nº 38 ligente, estudioso, dedicado e com também me ajudou bastante, dando ensinar os colegas, ajudá-los nas matérias que
desta revista. À época, o prometido, ele sempre foi muito calma e paciência para eles estuda eles têm dificuldades e procurar ajuda quando
caçula da família, João humilde e teve o acompanhamento rem”, explica a mãe, Magaly Correia se tem dificuldade.
Marcos Correia Marques, da família, que esteve muito pre Marques.
era um dos 176 alunos do Leonardo sente na vida escolar dele”, lembra João explica que a promoção do • Leitura: João se preparou para as provas lendo
da Vinci aprovados no vestibular de o Diretor de Planejamento e de Ges Leonardo da Vinci, que daria um além dos livros recomendados pelos organizado
julho/2010 da Universidade de Bra tão Pedagógica, Prof. Sérgio Brum. carro para o estudante que conquis res do PAS, Enem e vestibular UnB. “Eu acredito
sília. Ele ainda não havia concluído A irmã mais velha do João, Caro tasse o primeiro lugar do vestibular, que eles não querem saber se você leu o que
o Ensino Médio e conquistou o 4º lina, também estudou no Leonardo PAS ou Enem também foi um estí eles indicaram, provavelmente eles querem ava
lugar na classificação geral no curso da Vinci, passou no vestibular para mulo. “Lá em casa, ninguém ganhou liar é a sua capacidade de interpretação, de estar
de Engenharia Mecatrônica, primeiro Economia, na UnB, na metade do 3º carro por passar no vestibular. Estava atualizado. Então leia além do que é pedido, pro
lugar de todas as engenharias. Hoje, ano, com 17 anos. Formou-se com contando em dividir o carro com a cure livros sobre assuntos de que goste”.
de cabeça raspada, ele comemora 21 anos e está cursando o mestrado minha irmã, que também estuda na
sua tripla vitória: a primeira colo de Economia da USP, com 22 anos. UnB”, revela o jovem, já matriculado • Descanse: Segundo João Marcos, não é neces
cação geral da UnB, o 1º lugar no A outra irmã, Mariana, passou pelo na autoescola. “Desde o começo do sário “se matar de estudar”, ele não fez cursinho
PAS e um Ford Focus 0 km dado PAS para Medicina com 18 anos e já ano, ficava brincando com o diretor: para passar nas provas da UnB. Praticava espor
pelo Leonardo da Vinci na promoção está cursando o 3º ano na UnB, feliz ‘Cadê meu carro?’ Mas não levava fé tes, ia para as festas, namorava. “O segredo é
“Estudante 1º Lugar”. com a sua escolha. no primeiro lugar, não”, conta. n conseguir equilibrar diversão com responsabili
João começou a estudar no Leo “São vários fatores importantes Patrícia Carbri dade. Você não vai ficar até o fim da festa quando
nardo da Vinci no 3º ano do Ensino para o sucesso dos meus filhos. Estu Assessora de Comunicação tem uma prova no dia seguinte”.
7. Ensino de Filosofia
novas práticas, novos sa beres
C
onsiderando que o processo ensino-aprendiza
gem se configura por intermédio da participação
e envolvimento, além de motivacão, é evidente
que os nossos estudantes precisam ser estimu
lados a desenvolver atividades coletivas que os
façam refletir, debater, questionar, propor, criar e planejar.
Partindo desse prisma, a equipe de professores de Filosofia
do Ensino Fundamental desenvolveu um projeto que visou
promover a autonomia dos estudantes, no sentido de torná-
los pequenos investigadores e amantes da pesquisa.
Distanciando-se da ideia de que o professor é mero
transmissor de conhecimento e a Filosofia, uma disciplina
não prazerosa, o projeto intitulado “filojogando” propôs
um convite à diversão e à reflexão criativa. Os educandos
da sétima série do Ensino Fundamental, organizados em
pequenos grupos, deveriam desenvolver um jogo que res
saltasse os temas filosóficos trabalhados em sala de aula.
Os jogos poderiam ser de vários formatos: tabuleiro, twister,
jogo da memória, caça-palavras, entre outros. Os pontos
analisados para a avaliação seriam a criatividade, a com
preensão e assimilação dos conteúdos previamente traba
lhados em sala.
A participação na atividade se transformou em um
momento ímpar de alegria, sociabilidade e aprendizagem
significativa. As apresentações dos trabalhos foram surpre
endentes, ultrapassando todas as expectativas, dado que
muitas das indagações e respostas geradas demonstraram
uma dedicação admirável de todos os grupos nas três uni
dades de nossa instituição.
Evidencia-se, portanto, que o belo desafio de propor
cionarmos aos nossos jovens momentos de encantamento
e de reflexividade criativa em busca de novas práticas e
novos saberes são necessários a uma aprendizagem enal
tecedora. n
Equipe de Filosofia
8. “A Heroína da Escola”
Anna Cálida Ghazaleh Tajra
conta a história de uma garota
com superpoderes.
U
ma garota sofre um acidente no
laboratório de ciências e passa a ter
superpoderes. No início tudo é uma
grande descoberta, mas como diria
o tio do Homem Aranha, Ben Parker,
“com grandes poderes vêm grandes responsabi
lidades”, ela se vê como “A Heroína da Escola”,
título do primeiro livro escrito pela aluna Anna
Cálida Ghazaleh Tajra, da Unidade Norte. Escrito
no decorrer do ano passado, ele foi lançado no
dia de comemoração do 11º aniversário da estu
dante.
Esse é o primeiro livro da escritora. De acordo
com o pai, Haroldo Feitosa Tajra, “até agora ela não
tinha demonstrado grande interesse na escrita,
mas, influenciada por um programa do Leonardo
da Vinci, ela demonstrou um grande interesse
pela leitura, já tendo lido inclusive alguns livros
mais robustos, com mais de 200 páginas”.
Anna fez a maioria das ilustrações da publica
ção, escreveu o livro imaginando como ele seria
no final e já planeja escrever outros. Inclusive está
escrevendo mais um, mas ainda não revela os
detalhes da próxima história. Para o pai foi uma
surpresa quando ela contou que o livro estava
pronto: “Não acredito que ela tenha tido a ideia
de passar uma mensagem específica, mas a ideia
geral é que ler e escrever pode ser uma grande
brincadeira, um grande prazer, no qual a imagina
ção pode fluir e alçar voos fantásticos, como toda
brincadeira de criança”. n
9. Esporte,
metáfora da vida
Na linha de chegada, bem mais rica do que a minha. ou numa pista de corrida: o desafio,
Aos 3 aninhos deu as primeiras a disciplina, o tempo para cumprir
pode não ter medalha braçadas nas aulas de natação e, aos tarefas, o respeito, a conquista.
nem troféu, mas poucos, foi experimentando outros Existem 33 modalidades esporti
todos vão ganhar. esportes: futebol, tênis, tae-kwon-do. vas olímpicas, fora a capoeira, surf,
Q
Lembro que sua primeira aula de dança etc. Dificilmente a criança não
uando criança, eu era futebol, aos 7 anos, foi um drama. vai se identificar com alguma dessas
uma negação em qual Queria desistir, voltar pra casa. Nin atividades.
quer esporte. Tentei guém lhe passava a bola. Quando Daniel voltou para a segunda aula
o vôlei, aos 15 anos, isso acontecia, ele, assim como a de futebol, a terceira, a quarta...
achando que ia passar mãe, não sabia exatamente o que Sete anos e muitos gols se pas
de 1,53 m de altura, mas fiquei na fazer com ela. saram sem que as aulas despertas
tentativa. Não cresci nenhum centí Pois bem, todas as crianças têm o sem nele o sonho de se tornar atleta.
metro a mais. direito de ter medo. Mesmo nós adul Apenas fizeram desse esporte o seu
Bola, pra mim, era um objeto tos que já tivemos várias oportunida lazer preferido, o lugar das novas
com vontade própria. Por mais que des de vencê-los, também temos. O amizades, o ponto de encontro da
eu desse as ordens, ela teimava em medo é essencial para a sobrevivên molecada do colégio.
me contrariar. Ainda tentamos nos cia do indivíduo, mas a socialização Bem, sob esses aspectos, a Inter
entender até hoje. Procurei algumas também. net é uma forte concorrente, mas é
de menor circunferência e passei a É preciso melhorar a autocon por isso mesmo que, nessa tarefa de
me relacionar um pouco melhor com fiança, estimular na criança a ideia maternidade, não dá pra descansar.
elas. Agora, bolas de tênis. da superação. E isso só é possível Meu esporte preferido é verbal e
Entre backhands, forehands, com algumas tentativas. Sozinha, no eu recomendo: “queda de braço”,
smashes, aces e tal, dei uma boa primeiro obstáculo, ela vai desistir todo dia, para que ele não perca os
melhorada no meu inglês. e é por isso que pais e professores melhores anos da vida em frente à
Não herdei de minha família a tra têm o papel fundamental de mostrar tela de um computador. n
dição esportiva. Educação física era os caminhos, dar as oportunidades,
algo apenas para cumprir as obriga mas sempre respeitando seus limi Rosane Araújo, Editora-chefe do
ções no boletim escolar e nada mais. tes, sem jamais pressionar. programa Corujão do Esporte, da TV
E, apesar da minha inaptidão para A metáfora do esporte é perfeita Globo, autora de “Manual do Pequeno
o esporte, sempre tive por ele uma para que nossos filhos aprendam, Atleta” e mãe-atleta perseverante de
atração enorme, tanto que se tornou desde cedo, a vencer obstáculos. Daniel, de 14 anos.
minha ferramenta de trabalho. Grande parte dos elementos da
Obviamente, meu filho, Daniel, vida cotidiana está presente em qua Fonte: Revista Crescer, disponível em:
receberia uma herança esportiva tro linhas, ou numa raia de piscina, </http://glo.bo/i8r2sX>/
10. Viva a vida!
Droga, comigo não rola
N
a última semana de março, o Secretário
de Justiça do Distrito Federal, Alírio Neto,
ofereceu a palestra “Viva a vida! Droga,
comigo não rola” para os alunos do Ensino
Médio de todas as Unidades do Leonardo
da Vinci. A ideia é levar informações aos jovens sobre
os riscos das drogas, por meio de palestras preventi
vas. “Nessas palestras, passamos por três etapas: cons
cientização, choque, por mostrar matérias de jornais e
fotos reais, e demonstração de que, como cidadãos, eles
estão submetidos às leis”, explica o secretário.
O estudante Mateus Marques, da 2ª série E, Unidade
Taguatinga, contou que a palestra foi muito esclarece
dora. “Porque, na realidade, por mais que a gente pense
que tem o conhecimento total do assunto, na verdade
não tem. Quando vem um profissional da área que tem
histórias reais para contar tudo fica muito mais claro e
real”, explica.
A Coordenadora Disciplinar da Unidade Sul, Prof.ª
Maria do Carmo, considerou a palestra excelente. “A
adequação da linguagem para o nível dos alunos, o fato
de trazerem imagens reais e impactantes, tudo isso fez
com que os alunos ficassem atentos ao assunto e refle
tissem seriamente sobre a realidade”.
O Leonardo da Vinci também participa do Programa
Educacional de Resistência às Drogas e à Violência
(PROERD), um dos principais projetos da Polícia Militar.
“O PROERD trabalha com as escolas nas séries iniciais
e, principalmente, o 5° ano. Ele já atendeu a 13.000.000
de crianças no Brasil e a 450.000 no DF. O programa
é uma experiência da parceria entre Polícia, Escola e
Família”, disse o Coronel Walter Santos Sobrinho, Chefe
do Centro de Polícia Comunitária e Direitos Humanos. n
Patrícia Carbri
Assessora de Comunicação Jean Piaget
(1896-1980)
Epistemólogo e Biólogo
11. Revista do Centro Educacional Leonardo da Vinci
Unidade Sul: Avenida W4 SEPS Quadra 703 Conj. B, CEP 70390-039, Brasília-DF Fone: 3226-6703 Fax: 3322-8617
Unidade Norte: SGAN 914 Conj. I, CEP 70790-140, Brasília-DF Fone: 3340-1616 Fax: 3340-5477
Unidade Taguatinga: QS 03 Rua 420 Lote 02 Pistão Sul, CEP 71953-100, Taguatinga-DF Fone: 3351-0606 Fax: 3561-3159
www.leonardodavincidf.com.br
Diretor Financeiro - Prof. Jorge Abdon Manzur Ismael
Diretor Administrativo - Prof. Dalvo Cardoso de Oliveira
Vice-Diretor Administrativo e Financeiro - Rodrigo Ferolla Silva Mello
Diretora Pedagógica da Unidade Sul - Prof a Márcia Ferreira Nunes
Diretora Pedagógica da Unidade Norte - Prof a Maria Aparecida de Souza M. Lima
Diretora Pedagógica da Unidade Taguatinga - Prof a Solange Foizer Silva
Diretor de Planejamento e de Gestão Pedagógica - Prof. Sérgio José Deud Brum
Revisor - Carlos Henrique Magalhães Guedes
Coordenação Editorial - Patrícia Carbri
Projeto Gráfico: Carlos Studart - Agência: Brissac Studart/Fulltalent Comunicação - Tiragem 6.000 exemplares - Distribuição Gratuita