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1 O Reino de Deus 
Marcos observa no prólogo do seu livro que Jesus pregava na Galiléia: “....o Reino de 
Deus está próximo” (Mc 1.14-15). Essa ideia de Reino trazida por João Batista e Jesus e 
depois pelos discípulos tem sido objeto de algumas discussões na teologia. Discute-se, por 
exemplo, se “Reino” é presente ou futuro. Para alguns, “o Reino” estava presente na própria 
pessoa de Jesus. Nele estava se realizando tudo aquilo que o profetismo do Antigo 
Testamento pregava e aguardava. Nesse sentido o Reino era real e presente no próprio Senhor 
Jesus. Outros, embora reconheçam que alguns aspectos do Reino de Deus poderiam ser 
identificados com o ministério terreno de Jesus, ensinam que sua realidade total não é 
presente, mas no futuro¹. 
Um problema na identificação do “Reino”, para alguns, é que esse ensino parece estar ausente 
das páginas do Antigo Testamento. Entretanto, Ladd² afirma que essa ideia pode ser 
encontrada lá. Alusões do “Reino” podem ser vista na dupla ênfase no Antigo Testamento 
acerca da soberania real de Deus. Ele é visto, tanto, como Rei de Deus Israel, quanto, Rei de 
todo universo ( Êx 15.18; Nm23.21; Dt 33.5; Is 43.15; 2 Rs 19.15; Is 6.5; Jr 46.18; Sl 29.10; 
99.1-4). Este conceito como uma alusão ao Reino, apontaria para uma manifestação da 
soberania real de Deus no mundo dos homens e das nações (Is 24.23; 33.22; 52.7; Sf 3.15; Zc 
14.9). Segundo Ladd esta é a chave para se entender o conceito de “Reino” nos Evangelhos 
Na literatura judaica e não-canônica é possível encontrar várias alusões ao “Reino de Deus”. 
Na apocalíptica judaica, por exemplo, ele representa a destruição de Satanás, o castigo dos 
gentios e a felicidade para Israel³. No judaísmo farisaico-rabínico o “Reino” estava 
relacionado a obediência da Tora, a aceitação do monoteísmo e a declaração do Shema. E 
apontava para a vinda do Messias-rei que libertaria Israel da escravidão dos povos4. 
____________ 
¹ Uma boa discussão sobre o conceito “Reino de Deus” é apresentado por Ladd em sua Teologia do Novo 
Testamento, páginas 84-123. Ver:Ladd,George Eldon. Teologia do Novo Testamento. Hagnos,2003. p.84-123. 
2 Ibidem. 
3Numes, Leonardo Godinho. A parábola do semeador no Evangelho de Mateus. Disponível em: 
http:ead.mackezie.br/cpaj/pluginfile.php/12972/mod_resource/content/0/A%20Parabola%do%20semeador 
%20em%20Mateus.pdf 
4 Ibidem. 
1.1 O ensino de Jesus sobre o Reino
Jesus apresenta o “Reino de Deus” em harmonia com o que dele foi discorrido no 
Antigo Testamento, um reino davídico e histórico (Sl 89,44 e Mt 1.1), mas também espiritual 
e interior (Lc 17.21), um reino escatológico e final (Is 33 e Mt 24.29-30), sem aparência 
visível (Lc 17.20) e presente agora. A inauguração do Reino era o sinal que antecede todas as 
coisas. Jesus afirma a realidade presente desse Reino em quatro momentos distintos, a saber: 
(1) na expulsão de demônios (Mt 12.28); (2) nas curas (Mt11.3); na oferta do Evangelho aos 
pobres (Mt 11.5) e na afirmação do seu messiado (Mt 11.6)5.Pode-se afirmar que a mensagem 
do Reino pregada por João, Jesus e os discípulos, incluía tanto a necessidade de 
arrependimento quanto o anúncio da vinda iminente do Reino6. Fontes importantes na 
compreensão do conceito do Reino de Deus são as parábolas, algumas das quais possuem 
importantes ensinos acerca do Reino. 
1.1.1 Parábolas 
Para Moisés Silva a característica mais distintiva dos métodos de ensino de Jesus era o seu 
uso de parábolas7. A parábola típica utiliza-se de um evento comum da vida natural para 
acentuar ou esclarecer uma importante verdade espiritual8. O termo parábola vem do grego 
“parabol»” e significa, uma narrativa breve com significado simbólico. Em quase todas as 
línguas existe uma maneira de falar sobre parábolas ou alegorias. Em algumas línguas, o 
equivalente pode ser “uma história com comparação”9. Segundo Silva Jesus teria escolhido 
esse modo de instrução, por ser simples e interessante e porque ele permite um fácil 
acompanhamento das histórias pelos ouvintes10 . 
___________ 
5 Numes, Leonardo Godinho. A parábola do semeador no Evangelho de Mateus. Disponível em: 
http:ead.mackezie.br/cpaj/pluginfile.php/12972/mod_resource/content/0/A%20Parabola%do%20semeador 
%20em%20Mateus.pdf 
6Bailey, Mark L. The doctrine of the Kingdom in Matthew 13. Disponível 
em:http://ead.mackenzie.br/cpaj/pluginfile.php/12496/mod_resource/content/0/Bailey8-KingdomMat13-BS.pdf 
7 Kaiser,Jr, Walter C., Silva Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. Editora Cultura Cristã, 2009.p.106 
7 
8 Virkler, Henry. Hermenêutica avançada. Editora Vida,2007.p.125 
9 Louw, Johannes, Nida Eugene. Léxico Grego-Português do Novo Testamento. SBB, 2013.p.350. 
10Kaiser,Jr, Walter C., Silva Moisés. 2009.p.106 
1.1.2 Os paradigmas na interpretação das Parábolas 
Reinstorf e Aarde em um artigo intitulado: Jesus’ Kingdom parables as metaphorical 
stories: a challenge to a conventional worldview, afirmam que nos últimos anos ocorreu uma 
mudança acentuada na forma como se estuda a parábola. Eles atribuem essa mudança na
abordagem da parábola a dois fatores, primeiro, os trabalhos realizados pelos teóricos 
literários trouxeram um novo entendimento das narrativas nos Evangelhos em geral e das 
parábolas em particular. O segundo fator que irradiou a mudança teria sido a descoberta do 
significado e do valor das metáforas como um veículo apropriado para se falar de Deus e 
transmitir visões alternativas sobre a realidade11. 
Reinstorf e Aarde ainda Afirmam que o estudo da história da interpretação da parábola 
mostra que há sempre uma clara relação entre os paradigmas científicos dominantes e 
esquemas hermenêuticos usados para interpretar parábolas. Os paradigmas científicos que os 
intérpretes da parábola teriam dialogado teriam sido três, a saber, o vitalista, o mecanicista e o 
holístico. 
O paradigma vitalista, segundo Reinstorf e Aarde, teria sido dominante do período do 
Novo Testamento até o fim do século XVI. Esse era o paradigma orgânico, da vida, e do 
crescimento. Este período era caracterizado por uma harmonia entre os seres humanos e o 
mundo ao seu redor, e com Deus que é parte integrante deste mundo. A interpretação bíblica 
associada a este período era simbólica, com cada coisa criada referindo-se simbolicamente a 
sua realidade celestial. A interpretação da parábola nessa época era acentuadamente alegórica. 
Como Galileu, Descartes e Newton teria tido início o paradigma mecânico, o qual se entendeu 
do século XVII até a segunda metade do século XX. A ênfase nesse período comentam 
Reinstorf e Aarde, encontrava-se na máquina e suas partes. A interpretação bíblica desse 
período é predominantemente analítica. A interpretação da parábola era realizada por meio da 
metodologia de um único ponto. Por exemplo, o único ponto na parábola dos talentos (Mt 
25.14-30) diz respeito à fidelidade e a confiança. Na parábola do administrado injusto (Lc 
16.1-8) o único ponto seria: o uso sábio da oportunidade presente é a melhor preparação para 
um futuro feliz, e assim por diante12. 
___________ 
11 Reinstorf, Dieter, Aarde, Andries Van. Jesus' kingdom parables as metaphorical stories: a challenge to a 
conventional worldview. Disponível em: 
http://ead.mackenzie.br/cpaj/pluginfile.php/12495/mod_resource/content/0/Jesus%20Kingdom%20Parables.8 
pdf 
12 Ibidem. 
O terceiro paradigma científico que tinha correlação com esquemas hermenêuticos para 
interpretar parábolas era o holístico. Esse período se caracteriza pela plenitude. A ênfase da 
interpretação bíblica desse período gira em torno de toda a história de um texto e de todo o 
processo de comunicação. O texto está vivo, ele evoca emoções, sentimentos, ele se comunica 
como o leitor de forma diferente dentro um contexto diferente. A área da pesquisa hoje é,
portanto, literária, com ênfase na narratividade. Nesse conceito parábolas da bíblia não são 
registros à sua situação histórica única no passado, mas têm a capacidade de gerar nova 
relevância na situação de hoje. O foco da pesquisa da parábola de acordo com o paradigma 
holístico ampliou-se para incluir muitas dimensões novas e emocionantes, finalizam, 
Reinstorf e Aarde13. 
Kistemaker14argumenta que as parábolas do Novo Testamento têm uma conotação tão ampla 
que inclui formas de parábolas que são, geralmente, divididas em três categorias: parábolas 
autênticas, histórias em forma de parábolas e ilustrações. Parábolas autênticas, segundo 
Kistemaker, são aquelas que usam como ilustração um fato comum (Mt 13.33; Mt 18.12-14; 
Lc 15.8-10). 
As histórias em forma de parábolas, não teriam relação com a verdade óbvia ou com um 
costume geralmente aceito. Elas se referem a um acontecimento em particular, que teve lugar 
no passado- geralmente a experiência de uma pessoa. (Mt 13.24-30; Lc 16.1-9). 
Ilustrações. Essa forma de parábola, Kistemaker, classifica como histórias que servem de 
modelo. Elas contêm exemplos a serem imitados ou evitados e focalizam diretamente o 
caráter e a conduta de um indivíduo( Lc 12.16-21; Lc 18.9-14). 
Como pode ser visto o estudo desse gênero não pode ser tão simples como os leigos às vezes 
pensam. Ao contrário, como bem observou Moisés Silva: precisamos de tantas habilidades 
hermenêuticas para entender parábolas quanto precisamos para compreender outras partes da 
Bíblia. Além disso, o uso que Jesus fez das parábolas reflete certas preocupações teológicas 
que não podem ser ignoradas 15 
____________ 
13Reinstorf, Dieter, Aarde, Andries Van. Jesus' kingdom parables as metaphorical stories: a challenge to a 
conventional worldview. Disponível em: 
9 
http://ead.mackenzie.br/cpaj/pluginfile.php/12495/mod_resource/content/0/Jesus%20Kingdom%20Parables.pdf 
14 Kistemaker, Simon J. As parabolas de Jesus. CEP, 1992. p. Xv-Xvii 
15Kaiser,Jr, Walter C., Silva Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. Editora Cultura Cristã, 2009.p.106-107. 
1.1.3 Jesus e as parábolas Reino 
As parábolas de Jesus dão uma ênfase muito importante a ideia do “Reino de Deus”. 
Seus ensinamentos sobre o Reino eram geralmente o centro de sua mensagem. A palavra 
grega Basiléia, que, significa, o reino real de Deus, aparecem mais de cem vezes nos 
Evangelhos16. 
Em Mateus 13 encontra-se uma coletânea de parábolas que fazem alusão ao Reino, são 
elas: A parábola do semeador (Mt 13.1-23), do joio (Mt 13. 24-30); do grão de mostarda
(Mt 13.31-32); a parábola do fermento(Mt 13.33); do tesouro escondido (Mt 13.44); a da 
pérola (Mt 13.45-46) e a parábola da rede (Mt 13.47-50). Cada uma destas parábolas de 
Jesus ilustra algum aspecto do Reino17. Esse Reino é anunciado quando se prega o Evangelho, 
esse detalhe sutil não passou despercebido por Bailey, Mark no seu artigo: The doctrine of the 
kingdom in Matthew 13. 
Bailey observa que Lucas em 8.11 chama a semente de “palavra de Deus”,Mateus 
apropriadamente refere a ela como “a palavra do Reino” (Mt 13.19), ou seja, destaca, Bailey, 
“ a boa notícia de Deus”. A boa notícia é que Deus agiu por meio de Jesus Cristo para 
oferecer a redenção para a humanidade e para derrotar todos os inimigos que estariam no 
caminho de Jesus18. Para Bailey dois líderes espirituais são revelados em Mateus 13 como 
concorrentes por influência no mundo: o Filho do Homem e Satanás. O diabo como inimigo e 
seus filhos (o joio), os quais estão mascarados como filhos de Deus, são aqueles que se 
interpõem no caminho do Jesus buscando impedir que ele seja reconhecido como Rei pelo 
mundo. Bailey ainda destaca que o joio que representa a religiosidade disfarçada sempre foi 
uma das táticas do inimigo do Reino de Deus19. 
___________ 
16 Michelsen, A. Berkeley, Mickelsen, Alvera M. Como entender a Bíblia. Editora Geográfica, 2010. p.111. 
17 Ibidem. 
18Bailey, Mark L. The doctrine of the Kingdom in Matthew 13. Disponível 
em:http://ead.mackenzie.br/cpaj/pluginfile.php/12496/mod_resource/content/0/Bailey8-KingdomMat13-BS.pdf 
19 Ibidem. 
10 
Aliás, na parábola do joio (Mt 13.24-30), que pertence a coletânea das parábolas do Reino, 
Jesus está ensinando que o Reino de Deus está presente, mas ainda não é absoluto. Essa é a 
razão pela qual o joio não pode ser arrancado no presente, mas será no futuro, quando o Reino 
atingir sua plenitude (versos 41-43). 
Nas parábolas de Mateus 13 Jesus apresentou ensinos peculiares e profundos acerca do 
Reino, os quais cobrem um período de tempo que vai desde a sua rejeição pelos judeus até a
sua segunda Vinda. Um resumo do significado dessas parábolas correlacionado ao Reino de 
Deus seria o seguinte: 
Na parábola do semeador Jesus retrata o mundo como sendo o palco do conflito entre 
ele e Satanás, e entre os filhos do maligno e os filhos do Reino. Na parábola da semente de 
mostarda e do fermento Jesus ensina acerca do crescimento do Reino. Nas parábolas do 
tesouro escondido e da pérola ele aponta para a singularidade e grandeza do Reino, as quais 
estavam representadas no próprio Jesus. Na parábola da rede ocorre uma referência ao juízo, 
ocasião em que o Reino estará em sua plenitude no universo. 
Conclusão 
Ao final desse breve ensaio se conclui-se que o Reino de Deus anunciado por Jesus era real e 
presente em seu ministério. Jesus revelou muitos aspectos desse Reino em suas palavras. Por 
exemplo, nas parábolas da mostarda e do fermento, ele ensinou que o Reino se inicia no 
mundo quase que imperceptível, mas que no futuro tomaria proporções surpreendentes. Ele 
também ensinou na parábola da rede que embora seu Reino fosse visível e presente seria 
também escatológico e futuro. Por fim, é preciso reconhecer que há ainda muito debate acerca 
do conceito Reino de Deus, contudo, é opinião desta pesquisa, que qualquer que seja o lado 
que o pêndulo dos debates acerca de assunto for deverá passar por Jesus. Pois não existe 
Reino de Deus sem o Cristo.
sua segunda Vinda. Um resumo do significado dessas parábolas correlacionado ao Reino de 
Deus seria o seguinte: 
Na parábola do semeador Jesus retrata o mundo como sendo o palco do conflito entre 
ele e Satanás, e entre os filhos do maligno e os filhos do Reino. Na parábola da semente de 
mostarda e do fermento Jesus ensina acerca do crescimento do Reino. Nas parábolas do 
tesouro escondido e da pérola ele aponta para a singularidade e grandeza do Reino, as quais 
estavam representadas no próprio Jesus. Na parábola da rede ocorre uma referência ao juízo, 
ocasião em que o Reino estará em sua plenitude no universo. 
Conclusão 
Ao final desse breve ensaio se conclui-se que o Reino de Deus anunciado por Jesus era real e 
presente em seu ministério. Jesus revelou muitos aspectos desse Reino em suas palavras. Por 
exemplo, nas parábolas da mostarda e do fermento, ele ensinou que o Reino se inicia no 
mundo quase que imperceptível, mas que no futuro tomaria proporções surpreendentes. Ele 
também ensinou na parábola da rede que embora seu Reino fosse visível e presente seria 
também escatológico e futuro. Por fim, é preciso reconhecer que há ainda muito debate acerca 
do conceito Reino de Deus, contudo, é opinião desta pesquisa, que qualquer que seja o lado 
que o pêndulo dos debates acerca de assunto for deverá passar por Jesus. Pois não existe 
Reino de Deus sem o Cristo.

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Introdução Bíblica
 

Reino de Deus nas parábolas de Jesus

  • 1. 5 6 1 O Reino de Deus Marcos observa no prólogo do seu livro que Jesus pregava na Galiléia: “....o Reino de Deus está próximo” (Mc 1.14-15). Essa ideia de Reino trazida por João Batista e Jesus e depois pelos discípulos tem sido objeto de algumas discussões na teologia. Discute-se, por exemplo, se “Reino” é presente ou futuro. Para alguns, “o Reino” estava presente na própria pessoa de Jesus. Nele estava se realizando tudo aquilo que o profetismo do Antigo Testamento pregava e aguardava. Nesse sentido o Reino era real e presente no próprio Senhor Jesus. Outros, embora reconheçam que alguns aspectos do Reino de Deus poderiam ser identificados com o ministério terreno de Jesus, ensinam que sua realidade total não é presente, mas no futuro¹. Um problema na identificação do “Reino”, para alguns, é que esse ensino parece estar ausente das páginas do Antigo Testamento. Entretanto, Ladd² afirma que essa ideia pode ser encontrada lá. Alusões do “Reino” podem ser vista na dupla ênfase no Antigo Testamento acerca da soberania real de Deus. Ele é visto, tanto, como Rei de Deus Israel, quanto, Rei de todo universo ( Êx 15.18; Nm23.21; Dt 33.5; Is 43.15; 2 Rs 19.15; Is 6.5; Jr 46.18; Sl 29.10; 99.1-4). Este conceito como uma alusão ao Reino, apontaria para uma manifestação da soberania real de Deus no mundo dos homens e das nações (Is 24.23; 33.22; 52.7; Sf 3.15; Zc 14.9). Segundo Ladd esta é a chave para se entender o conceito de “Reino” nos Evangelhos Na literatura judaica e não-canônica é possível encontrar várias alusões ao “Reino de Deus”. Na apocalíptica judaica, por exemplo, ele representa a destruição de Satanás, o castigo dos gentios e a felicidade para Israel³. No judaísmo farisaico-rabínico o “Reino” estava relacionado a obediência da Tora, a aceitação do monoteísmo e a declaração do Shema. E apontava para a vinda do Messias-rei que libertaria Israel da escravidão dos povos4. ____________ ¹ Uma boa discussão sobre o conceito “Reino de Deus” é apresentado por Ladd em sua Teologia do Novo Testamento, páginas 84-123. Ver:Ladd,George Eldon. Teologia do Novo Testamento. Hagnos,2003. p.84-123. 2 Ibidem. 3Numes, Leonardo Godinho. A parábola do semeador no Evangelho de Mateus. Disponível em: http:ead.mackezie.br/cpaj/pluginfile.php/12972/mod_resource/content/0/A%20Parabola%do%20semeador %20em%20Mateus.pdf 4 Ibidem. 1.1 O ensino de Jesus sobre o Reino
  • 2. Jesus apresenta o “Reino de Deus” em harmonia com o que dele foi discorrido no Antigo Testamento, um reino davídico e histórico (Sl 89,44 e Mt 1.1), mas também espiritual e interior (Lc 17.21), um reino escatológico e final (Is 33 e Mt 24.29-30), sem aparência visível (Lc 17.20) e presente agora. A inauguração do Reino era o sinal que antecede todas as coisas. Jesus afirma a realidade presente desse Reino em quatro momentos distintos, a saber: (1) na expulsão de demônios (Mt 12.28); (2) nas curas (Mt11.3); na oferta do Evangelho aos pobres (Mt 11.5) e na afirmação do seu messiado (Mt 11.6)5.Pode-se afirmar que a mensagem do Reino pregada por João, Jesus e os discípulos, incluía tanto a necessidade de arrependimento quanto o anúncio da vinda iminente do Reino6. Fontes importantes na compreensão do conceito do Reino de Deus são as parábolas, algumas das quais possuem importantes ensinos acerca do Reino. 1.1.1 Parábolas Para Moisés Silva a característica mais distintiva dos métodos de ensino de Jesus era o seu uso de parábolas7. A parábola típica utiliza-se de um evento comum da vida natural para acentuar ou esclarecer uma importante verdade espiritual8. O termo parábola vem do grego “parabol»” e significa, uma narrativa breve com significado simbólico. Em quase todas as línguas existe uma maneira de falar sobre parábolas ou alegorias. Em algumas línguas, o equivalente pode ser “uma história com comparação”9. Segundo Silva Jesus teria escolhido esse modo de instrução, por ser simples e interessante e porque ele permite um fácil acompanhamento das histórias pelos ouvintes10 . ___________ 5 Numes, Leonardo Godinho. A parábola do semeador no Evangelho de Mateus. Disponível em: http:ead.mackezie.br/cpaj/pluginfile.php/12972/mod_resource/content/0/A%20Parabola%do%20semeador %20em%20Mateus.pdf 6Bailey, Mark L. The doctrine of the Kingdom in Matthew 13. Disponível em:http://ead.mackenzie.br/cpaj/pluginfile.php/12496/mod_resource/content/0/Bailey8-KingdomMat13-BS.pdf 7 Kaiser,Jr, Walter C., Silva Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. Editora Cultura Cristã, 2009.p.106 7 8 Virkler, Henry. Hermenêutica avançada. Editora Vida,2007.p.125 9 Louw, Johannes, Nida Eugene. Léxico Grego-Português do Novo Testamento. SBB, 2013.p.350. 10Kaiser,Jr, Walter C., Silva Moisés. 2009.p.106 1.1.2 Os paradigmas na interpretação das Parábolas Reinstorf e Aarde em um artigo intitulado: Jesus’ Kingdom parables as metaphorical stories: a challenge to a conventional worldview, afirmam que nos últimos anos ocorreu uma mudança acentuada na forma como se estuda a parábola. Eles atribuem essa mudança na
  • 3. abordagem da parábola a dois fatores, primeiro, os trabalhos realizados pelos teóricos literários trouxeram um novo entendimento das narrativas nos Evangelhos em geral e das parábolas em particular. O segundo fator que irradiou a mudança teria sido a descoberta do significado e do valor das metáforas como um veículo apropriado para se falar de Deus e transmitir visões alternativas sobre a realidade11. Reinstorf e Aarde ainda Afirmam que o estudo da história da interpretação da parábola mostra que há sempre uma clara relação entre os paradigmas científicos dominantes e esquemas hermenêuticos usados para interpretar parábolas. Os paradigmas científicos que os intérpretes da parábola teriam dialogado teriam sido três, a saber, o vitalista, o mecanicista e o holístico. O paradigma vitalista, segundo Reinstorf e Aarde, teria sido dominante do período do Novo Testamento até o fim do século XVI. Esse era o paradigma orgânico, da vida, e do crescimento. Este período era caracterizado por uma harmonia entre os seres humanos e o mundo ao seu redor, e com Deus que é parte integrante deste mundo. A interpretação bíblica associada a este período era simbólica, com cada coisa criada referindo-se simbolicamente a sua realidade celestial. A interpretação da parábola nessa época era acentuadamente alegórica. Como Galileu, Descartes e Newton teria tido início o paradigma mecânico, o qual se entendeu do século XVII até a segunda metade do século XX. A ênfase nesse período comentam Reinstorf e Aarde, encontrava-se na máquina e suas partes. A interpretação bíblica desse período é predominantemente analítica. A interpretação da parábola era realizada por meio da metodologia de um único ponto. Por exemplo, o único ponto na parábola dos talentos (Mt 25.14-30) diz respeito à fidelidade e a confiança. Na parábola do administrado injusto (Lc 16.1-8) o único ponto seria: o uso sábio da oportunidade presente é a melhor preparação para um futuro feliz, e assim por diante12. ___________ 11 Reinstorf, Dieter, Aarde, Andries Van. Jesus' kingdom parables as metaphorical stories: a challenge to a conventional worldview. Disponível em: http://ead.mackenzie.br/cpaj/pluginfile.php/12495/mod_resource/content/0/Jesus%20Kingdom%20Parables.8 pdf 12 Ibidem. O terceiro paradigma científico que tinha correlação com esquemas hermenêuticos para interpretar parábolas era o holístico. Esse período se caracteriza pela plenitude. A ênfase da interpretação bíblica desse período gira em torno de toda a história de um texto e de todo o processo de comunicação. O texto está vivo, ele evoca emoções, sentimentos, ele se comunica como o leitor de forma diferente dentro um contexto diferente. A área da pesquisa hoje é,
  • 4. portanto, literária, com ênfase na narratividade. Nesse conceito parábolas da bíblia não são registros à sua situação histórica única no passado, mas têm a capacidade de gerar nova relevância na situação de hoje. O foco da pesquisa da parábola de acordo com o paradigma holístico ampliou-se para incluir muitas dimensões novas e emocionantes, finalizam, Reinstorf e Aarde13. Kistemaker14argumenta que as parábolas do Novo Testamento têm uma conotação tão ampla que inclui formas de parábolas que são, geralmente, divididas em três categorias: parábolas autênticas, histórias em forma de parábolas e ilustrações. Parábolas autênticas, segundo Kistemaker, são aquelas que usam como ilustração um fato comum (Mt 13.33; Mt 18.12-14; Lc 15.8-10). As histórias em forma de parábolas, não teriam relação com a verdade óbvia ou com um costume geralmente aceito. Elas se referem a um acontecimento em particular, que teve lugar no passado- geralmente a experiência de uma pessoa. (Mt 13.24-30; Lc 16.1-9). Ilustrações. Essa forma de parábola, Kistemaker, classifica como histórias que servem de modelo. Elas contêm exemplos a serem imitados ou evitados e focalizam diretamente o caráter e a conduta de um indivíduo( Lc 12.16-21; Lc 18.9-14). Como pode ser visto o estudo desse gênero não pode ser tão simples como os leigos às vezes pensam. Ao contrário, como bem observou Moisés Silva: precisamos de tantas habilidades hermenêuticas para entender parábolas quanto precisamos para compreender outras partes da Bíblia. Além disso, o uso que Jesus fez das parábolas reflete certas preocupações teológicas que não podem ser ignoradas 15 ____________ 13Reinstorf, Dieter, Aarde, Andries Van. Jesus' kingdom parables as metaphorical stories: a challenge to a conventional worldview. Disponível em: 9 http://ead.mackenzie.br/cpaj/pluginfile.php/12495/mod_resource/content/0/Jesus%20Kingdom%20Parables.pdf 14 Kistemaker, Simon J. As parabolas de Jesus. CEP, 1992. p. Xv-Xvii 15Kaiser,Jr, Walter C., Silva Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. Editora Cultura Cristã, 2009.p.106-107. 1.1.3 Jesus e as parábolas Reino As parábolas de Jesus dão uma ênfase muito importante a ideia do “Reino de Deus”. Seus ensinamentos sobre o Reino eram geralmente o centro de sua mensagem. A palavra grega Basiléia, que, significa, o reino real de Deus, aparecem mais de cem vezes nos Evangelhos16. Em Mateus 13 encontra-se uma coletânea de parábolas que fazem alusão ao Reino, são elas: A parábola do semeador (Mt 13.1-23), do joio (Mt 13. 24-30); do grão de mostarda
  • 5. (Mt 13.31-32); a parábola do fermento(Mt 13.33); do tesouro escondido (Mt 13.44); a da pérola (Mt 13.45-46) e a parábola da rede (Mt 13.47-50). Cada uma destas parábolas de Jesus ilustra algum aspecto do Reino17. Esse Reino é anunciado quando se prega o Evangelho, esse detalhe sutil não passou despercebido por Bailey, Mark no seu artigo: The doctrine of the kingdom in Matthew 13. Bailey observa que Lucas em 8.11 chama a semente de “palavra de Deus”,Mateus apropriadamente refere a ela como “a palavra do Reino” (Mt 13.19), ou seja, destaca, Bailey, “ a boa notícia de Deus”. A boa notícia é que Deus agiu por meio de Jesus Cristo para oferecer a redenção para a humanidade e para derrotar todos os inimigos que estariam no caminho de Jesus18. Para Bailey dois líderes espirituais são revelados em Mateus 13 como concorrentes por influência no mundo: o Filho do Homem e Satanás. O diabo como inimigo e seus filhos (o joio), os quais estão mascarados como filhos de Deus, são aqueles que se interpõem no caminho do Jesus buscando impedir que ele seja reconhecido como Rei pelo mundo. Bailey ainda destaca que o joio que representa a religiosidade disfarçada sempre foi uma das táticas do inimigo do Reino de Deus19. ___________ 16 Michelsen, A. Berkeley, Mickelsen, Alvera M. Como entender a Bíblia. Editora Geográfica, 2010. p.111. 17 Ibidem. 18Bailey, Mark L. The doctrine of the Kingdom in Matthew 13. Disponível em:http://ead.mackenzie.br/cpaj/pluginfile.php/12496/mod_resource/content/0/Bailey8-KingdomMat13-BS.pdf 19 Ibidem. 10 Aliás, na parábola do joio (Mt 13.24-30), que pertence a coletânea das parábolas do Reino, Jesus está ensinando que o Reino de Deus está presente, mas ainda não é absoluto. Essa é a razão pela qual o joio não pode ser arrancado no presente, mas será no futuro, quando o Reino atingir sua plenitude (versos 41-43). Nas parábolas de Mateus 13 Jesus apresentou ensinos peculiares e profundos acerca do Reino, os quais cobrem um período de tempo que vai desde a sua rejeição pelos judeus até a
  • 6. sua segunda Vinda. Um resumo do significado dessas parábolas correlacionado ao Reino de Deus seria o seguinte: Na parábola do semeador Jesus retrata o mundo como sendo o palco do conflito entre ele e Satanás, e entre os filhos do maligno e os filhos do Reino. Na parábola da semente de mostarda e do fermento Jesus ensina acerca do crescimento do Reino. Nas parábolas do tesouro escondido e da pérola ele aponta para a singularidade e grandeza do Reino, as quais estavam representadas no próprio Jesus. Na parábola da rede ocorre uma referência ao juízo, ocasião em que o Reino estará em sua plenitude no universo. Conclusão Ao final desse breve ensaio se conclui-se que o Reino de Deus anunciado por Jesus era real e presente em seu ministério. Jesus revelou muitos aspectos desse Reino em suas palavras. Por exemplo, nas parábolas da mostarda e do fermento, ele ensinou que o Reino se inicia no mundo quase que imperceptível, mas que no futuro tomaria proporções surpreendentes. Ele também ensinou na parábola da rede que embora seu Reino fosse visível e presente seria também escatológico e futuro. Por fim, é preciso reconhecer que há ainda muito debate acerca do conceito Reino de Deus, contudo, é opinião desta pesquisa, que qualquer que seja o lado que o pêndulo dos debates acerca de assunto for deverá passar por Jesus. Pois não existe Reino de Deus sem o Cristo.
  • 7. sua segunda Vinda. Um resumo do significado dessas parábolas correlacionado ao Reino de Deus seria o seguinte: Na parábola do semeador Jesus retrata o mundo como sendo o palco do conflito entre ele e Satanás, e entre os filhos do maligno e os filhos do Reino. Na parábola da semente de mostarda e do fermento Jesus ensina acerca do crescimento do Reino. Nas parábolas do tesouro escondido e da pérola ele aponta para a singularidade e grandeza do Reino, as quais estavam representadas no próprio Jesus. Na parábola da rede ocorre uma referência ao juízo, ocasião em que o Reino estará em sua plenitude no universo. Conclusão Ao final desse breve ensaio se conclui-se que o Reino de Deus anunciado por Jesus era real e presente em seu ministério. Jesus revelou muitos aspectos desse Reino em suas palavras. Por exemplo, nas parábolas da mostarda e do fermento, ele ensinou que o Reino se inicia no mundo quase que imperceptível, mas que no futuro tomaria proporções surpreendentes. Ele também ensinou na parábola da rede que embora seu Reino fosse visível e presente seria também escatológico e futuro. Por fim, é preciso reconhecer que há ainda muito debate acerca do conceito Reino de Deus, contudo, é opinião desta pesquisa, que qualquer que seja o lado que o pêndulo dos debates acerca de assunto for deverá passar por Jesus. Pois não existe Reino de Deus sem o Cristo.