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Administração
                                 Mercadológica




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ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA



                                                    GRANDES MARCAS, ONTEM:
                                              O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES
                                            GREAT BRANDS YESTERDAY: THE AGING OF LEAD BRANDS




                             Edson Roberto Scharf
                             FURB

                             Eduardo Juan Soriano-Sierra
                             UFSC

                             Diogo Prim
                             FURB



                                 RESUMO

                                 A marca admite personalidade e valores próprios, sendo um importante vínculo de comunicação entre em-
                                 presa e consumidores. Inúmeras publicações tratam da construção e administração desse ativo organi-
                                 zacional. Existe, entretanto, a necessidade de compreender o motivo de marcas tradicionais que perdem
                                 a notoriedade. O declínio das marcas é o agente motivador desse estudo. Utilizou-se de duas pesquisas
                                 qualitativas: uma exploratória, para confrontar dados disponíveis sobre a construção e o gerenciamento da
                                 marca e uma descritiva, para analisar seu desempenho. A partir de pesquisas de lembrança espontânea do
                                 Datafolha Instituto de Pesquisa, selecionou-se, por conveniência dos autores, as líderes que apresentaram
                                 variação negativa com o passar dos anos. Apontou-se, finalmente, a relação entre o envelhecimento da mar-
                                 ca e a dificuldade de se adaptar às mudanças ocorridas no mercado, a incapacidade de manter ou firmar
                                 um posicionamento e o descuido quanto à inovação, seja na marca ou no produto.

                                 PALAVRAS-CHAVE
                                 envelhecimento da marca, marketing, branding, marca, posicionamento

                                 ABSTRACT

                                 The brand admits proper personality and values, being an important bond of communication between company
                                 and consumers. Innumerable publications deal with the construction and administration of this organizational
                                 asset. It exists, however, the necessity to understand the reason of traditional marks that loses the notoriety.
                                 The decline of the brand is the object of this study. It was used of two qualitative research: a exploratory, to
                                 collate given available on the construction and the management of the mark and a descriptive, to analyze its
                                 performance. From research of spontaneous souvenir of the Datafolha Instituto de Pesquisa, it was selected,
                                 for convenience of the authors, the leaders who had presented negative variation with passing of the years.
                                 It was pointed, finally, the relation enters the aging of the mark and the difficulty of if adapting to the occurred
                                 changes in the market, the incapacity to keep or to firm a positioning and the incautiousness how much to the
                                 innovation, either in the brand or the product.

                                 KEYWORDS
                                 brand aging, marketing, branding process, brand, positioning




                                                                                    FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007   45




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GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES

             INTRODUÇÃO                                                                     mostram duas, no máximo três marcas que con-
                                                                                            seguem apresentar todas as características para
                     A história da marca inicia-se com a necessi-                           estar naquele quadrante.
             dade de se diferenciar os bens manufaturados de                                       A hegemonia de um número limitado de mar-
             um produtor para o outro. Através dos anos, o con-                             cas no mercado nacional viabiliza a penetração de
             ceito de marca evoluiu e agora as marcas admitem                               outras marcas, possibilitando a troca de posições e
             personalidade e valores próprios. É um dos maiores                             caracterizando o declínio de certas marcas, como
             ativos da empresa, traduz sua personalidade e cria                             se observa em pesquisas de lembrança espontâ-
             um vínculo afetivo através da comunicação entre                                nea, denominadas comercialmente de top of mind.
             produto e consumidor.                                                                 A constatação de que algumas marcas man-
                     O processo que resulta no envelhecimento                               têm-se por décadas, enquanto outras saem das
             de uma marca ainda é pouco explorado na literatu-                              prateleiras logo após seu lançamento, permite con-
             ra. São comuns as publicações que exaltam marcas                               cluir que não existe um padrão temporal para esse
             consagradas. Tais estudos são de grande importân-                              fenômeno. O estudo limita-se ao processo de en-
             cia para a compreensão das ações mercadológicas                                velhecimento de quatro marcas atuantes em territó-
             eficazes. Deixa-se aberta uma lacuna para estudos,                             rio nacional que, em determinado momento, foram
             porém, igualmente relevante: o entendimento do fra-                            líderes em pesquisa de lembrança espontânea, mas
             casso mercadológico das marcas.                                                deixaram a liderança nos anos subseqüentes.
                     De acordo com um ditado popular, para se
             conhecer o fracasso basta ter conquistado o su-                                REVISÃO DA LITERATURA
             cesso. Parte-se do pressuposto de que o inverso
             também é verdadeiro: para se conhecer o suces-                                         As marcas surgiram há séculos para, basi-
             so, é preciso haver uma compreensão do fracasso.                               camente, diferenciar os produtos de um fabricante
             Fracasso, nesse caso, não significa a liquidação da                            para outro. Keller e Machado (2006) explicam que a
             empresa, mas a perda da autoridade outrora conse-                              palavra brand (marca, em inglês) deriva do nórdico
             guida com seus esforços de mercado.                                            antigo brandr, que significa queimar, pois as marcas
                     Este estudo objetiva compreender o processo                            eram literalmente queimadas sobre a superfície que
             de declínio de marcas consolidadas. Para isso, usa                             as distinguiria. Nesse tempo, a função da marca era
             uma pesquisa bibliográfica e outra descritiva, com                             apenas discernir os produtos entre os seus respec-
             seleção de marcas que estejam na condição dese-                                tivos fabricantes.
             jada. Estima-se confrontar um paradigma existente                                      Kapferer (2003), entretanto, afirma que faz
             com a literatura, que possa nortear novas pesquisas                            pouco tempo as marcas deixaram de ser “queima-
             nesse sentido.                                                                 das” e passaram a admitir valores próprios, sendo
                     A partir das análises, percebeu-se que as                              que tudo mudou entre 1980 e 1990. Nessa década
             marcas decaíram em períodos de mudança no mer-                                 houve uma onda de fusões e aquisições de empre-
             cado, demonstrando que não souberam lidar com                                  sas de marcas por outras gigantes internacionais,
             as novas perspectivas mercadológicas.                                          o que acarretava uma elevação dos múltiplos sem-
                     Para situar o campo de atuação deste estu-                             pre que uma empresa visada detivesse marcas
             do, deve-se ressaltar as diferenças existentes entre                           notoriamente conhecidas, ainda que estivesse per-
             as realidades das marcas. Em mercados maduros,                                 dendo dinheiro. Ou seja, antes de 1980, desejava-
             onde o crescimento mostra equivalência, há pouca                               se comprar uma fábrica de chocolate. Depois de
             disparidade entre a marca líder e suas concorrentes                            1980, “passou-se a desejar adquirir a KitKat ou a
             diretas. Nessa realidade, há uma alternância signi-                            Buitoni. Essa distinção é importante: no primeiro
             ficativa entre as marcas líderes, travando-se verda-                           caso, trata-se de comprar capacidade de produ-
             deiras guerras comerciais a fim de se manter a fatia                           ção; no outro, uma parte da mentalidade do con-
             de mercado alcançada.                                                          sumidor” (KAPFERER, 2003, p. 19).
                     Num mercado emergente como o brasileiro,                                       Kapferer (2003) conceitua marca de forma
             é mais fácil perceber distâncias entre a marca líder                           direta ao defini-la ao mesmo tempo como signo,
             e as demais. A literatura de marketing é pródiga                               palavra, objeto e conceito. Signo porque a marca in-
             nesse caso. Apresenta formatos de controle como                                tegra elementos figurativos como logotipos, emble-
             CVP BGC ou GE, todos para estudo de performan-
                  ,                                                                         mas, cores, formas, embalagens e design. Palavra
             ce de marca ou produto no segmento. No espaço                                  ou nome da marca constitui o suporte da informa-
             destinado aos produtos denominados “maduros”,                                  ção oral ou escrita sobre o produto. Objeto porque


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EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM

                     a marca distingue um produto de outro. Conceito                           Todavia, Kapferer afirma que a marca é um
                     porque a marca, assim como todos os signos, pos-                   conceito falsamente simples, pois qualquer pessoa
                     sui um significado, um sentido.                                    pode dar um exemplo de marca, mas poucos po-
                             Scharf e Soriano-Sierra (2006) explicitam que              dem defini-la. “A marca é simultaneamente a parte e
                     a percepção que o consumidor tem da marca está                     o todo: é sinal de produto ou serviço, mas também
                     ligada ao investimento percebido, pois é comum o                   o valor global abordado com promessas de satisfa-
                     entendimento de que as marcas mais lembradas                       ção material e imaterial” (KAPFERER, 2004, p. 13).
                     são as mais admiradas e vistas. De certa forma,                           Scharf (2007) explica:
                     o consumidor sabe que as empresas somente in-
                     vestem dinheiro em produtos muito bons e a marca                            As marcas, ao menos as que recebem um trata-
                     desse produto valoriza quem o possui exatamente                             mento adequado, têm forte apelo emocional, ao
                     pelo investimento feito.                                                    contrário dos produtos, que geralmente se funda-
                             Para Ellwood (2004), a percepção que o con-                         mentam em apelos racionais, mais fáceis de men-
                     sumidor tem das marcas é subjetiva e reflete suas                           suração. É necessário um esforço bem centrado,
                     idiossincrasias. Segundo ele, produto/serviço +                             organizado e utilizado de forma inteligente para
                     aura = comunicação da marca (ELLWOOD, 2004, p.                              que a marca consiga retribuir à empresa todo o
                     19). A aura representa a comunicação das caracte-                           investimento feito nela. (SCHARF, 2007, p. 37).
                     rísticas significativas e diferenciadoras do produto.
                                                                                        CONSTRUÇÃO E EROSÃO DA MARCA
                                 Na base de todas as marcas de sucesso há sem-
                                 pre um produto ou serviço bem-sucedido. O pro-
                                                                                                Uma marca bem construída e gerenciada pro-
                                 duto ou serviço pode ser imaginado ou visualizado
                                                                                        porciona maior percepção de seu valor, cabendo-
                                 como uma bola de golfe dura, branca, enquanto a
                                                                                        lhe ainda o encargo de estabelecer vínculos entre
                                 marca é um balão de gás transparente, multicolo-
                                                                                        empresa e mercado que, não raro, ultrapassam os
                                 rido, grande, envolvendo a bola de golfe. A pelí-
                                                                                        limites físicos do produto (TRINTA; TRINTA, 2006, p.
                                 cula do balão é a personalidade flexível que pode
                                                                                        5). Os autores ressaltam que a construção de uma
                                 ser comprimida e mudada para adquirir diversos
                                                                                        marca compõe a arte e a essência do marketing e
                                 traços de personalidade, ao passo que a bola de
                                                                                        que essa atividade vem ganhando cada vez mais
                                 golfe subsiste. A decisão de compra do consumi-
                                                                                        importância no desenvolvimento e lançamento de
                                 dor baseia-se principalmente na característica do
                                                                                        bens, não só de consumo, mas também os voltados
                                 balão, embora o uso subjacente sempre se baseie
                                                                                        para a indústria.
                                 no caráter da bola de golfe. A marca, portanto,
                                                                                                Keller e Machado (2006) sugerem que a mar-
                                 funciona como um tipo de bandeira, acenando
                                                                                        ca se constrói sobre seis “pilares” que podem ser
                                 aos consumidores, provocando a consciência ou
                                                                                        hierarquicamente classificados como: proeminência
                                 lembrança do produto e diferenciando-o da con-
                                                                                        da marca, desempenho da marca, imagens da mar-
                                 corrência. (ELLWOOD, 2004, p. 19)
                                                                                        ca, julgamentos sobre a marca, sentimentos sobre a
                                                                                        marca e, por fim, a ressonância da marca.

                                                                             QUADRO 1
                                                                Seis pilares de construção da marca
                                                     Refere-se a certos aspectos da lembrança da marca, como a freqüência e a facilidade com
                      Identificação da marca         que é evocada em várias circunstâncias. Por exemplo, a marca é top of mind e facilmente
                      (proeminência da marca)        lembrada? A lembrança de marca refere-se à capacidade do cliente de lembrar e reconhecer
                                                     a marca sob diferentes condições.
                                                     Refere-se aos meios pelos quais o produto ou o serviço tentam atender às necessidades
                      Desempenho da marca            funcionais dos clientes. Relaciona-se às propriedades intrínsecas da marca em termos de
                                                     características inerentes do produto.
                                                     São propriedades extrínsecas do produto ou serviço, incluindo as maneiras como a marca
                                                     tenta atender às necessidades psicológicas e sociais dos clientes. O conjunto de imagens
                      Imagens da marca
                                                     de uma marca reflete como as pessoas pensam na marca abstratamente, e não o que
                                                     pensam que a marca realmente faz.
                                                                                                                                                       continua




                                                                                 FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007   47




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GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES

                                                                        QUADRO 1
                                                    Seis pilares de construção da marca (continuação).
                                        Referem-se a opiniões e avaliações pessoais dos clientes sobre a marca. Envolvem o modo
              Julgamentos sobre a       como reúnem todas as diferentes associações de desempenho e imagem da marca. No
              marca                     que diz respeito à criação de uma marca forte, há quatro tipos de julgamento imediato que
                                        o consumidor pode fazer: qualidade, credibilidade, consideração e superioridade.
                                        São respostas e reações emocionais dos clientes à marca; também relacionam-se com a
              Sentimentos sobre a marca
                                        aceitação social geral evocada pela marca.
                                        Refere-se à natureza desse relacionamento e ao quanto os clientes sentem que estão “em
              Ressonância da marca
                                        sintonia” com a marca.
             Fonte: adaptado de KELLER; MACHADO, 2006, p. 49, 51, 53-56).

                    A partir desse quadro já é possível pen-                                de erosão, de que os níveis de lealdade estejam
             sar o tema deste estudo, em uma abordagem de                                   caindo e o preço tornando-se preponderante. São
             construção-desconstrução. Aaker (1998) vê sinais                               oito os indicadores de ênfase insuficiente na cons-
             de que a marca esteja passando por um processo                                 trução da marca:

                                                                      QUADRO 2
                                               Indicadores de ênfase insuficiente na construção da marca
                       Os gerentes não podem identificar com confiança as associações de marca e a força destas. Há pouco conhe-
                 1
                       cimento sobre como elas diferem ao longo dos segmentos e do tempo.
                       Não existem indicadores do nível de conhecimento da marca. Não há percepção de um problema de reconhe-
                 2     cimento existente entre qualquer segmento. Há desconhecimento sobre o top of mind que a marca está conse-
                       guindo e de como isso está mudando.
                       Não há qualquer medição sistemática e válida da satisfação do cliente e de sua lealdade, nem um modelo de
                 3
                       diagnóstico de compreensão progressiva do porquê das mudanças em tais medições.
                       Não há indicadores da marca ligados ao sucesso de longo prazo do negócio, que possam ser usados para
                 4
                       avaliar o esforço de mercado da marca.
                       Não há ninguém na empresa realmente incumbido da proteção do brand equity. Aqueles formalmente encarre-
                 5     gados da marca, talvez denominados gerentes de marca ou de produto, são, na verdade, avaliados com base
                       em medidas de curto prazo.
                       As medições de desempenho, associadas à marca e seus gerentes, são quadrimestrais ou anuais. Não há ob-
                       jetivos de longo prazo significativos. Além disso, os gerentes envolvidos não esperam, realisticamente, perma-
                 6
                       necer tempo suficiente para pensar estrategicamente, nem mesmo para acompanhar o desempenho posterior
                       da marca.
                       Não há mecanismos de medição e avaliação do impacto de elementos do programa de marketing sobre a mar-
                 7     ca. As promoções de vendas, por exemplo, são escolhidas sem que se determinem as suas associações e sem
                       que se considere o seu impacto sobre a marca.
                       Não há estratégia de longo prazo para a marca. As questões sobre o ambiente da marca, numa perspectiva
                 8
                       futura de cinco ou dez anos, permanecem sem resposta.
             Fonte: adaptado de AAKER, 1998, p. 9.

                    A negligência na construção da marca, se-                               permanente, pois as situações nunca são definitiva-
             gundo Aaker (1998), pode ser um dos fatores que                                mente conquistadas.
             condicionam sua percepção pelos consumidores
             como “velha”, ainda que esteja em processo inicial                                   O conceito de envelhecimento remete, na realida-
             de inserção no mercado                                                               de, a dois entendimentos diferentes: um primeiro
                    Kotler (2000) sugere que o envelhecimento                                     significado, amplo, evoca de fato uma síndrome
             da marca não segue necessariamente uma ordem                                         de declínio lento, mas sistemático a longo prazo.
             cronológica, estando diretamente ligado a investi-                                   A marca não está fadada a um fim rápido, mas
             mentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento,                                      parece fadada a desaparecer a prazo. Ontem,
             publicidade habilidosa e excelente atendimento ao                                    vivaz e ativa, ela parece hoje bem mais discreta,
             varejista e ao consumidor. Leduc (1980) comple-                                      como se não tivesse nada mais a dizer ou a ofe-
             menta que a propaganda deve ser um processo                                          recer ao mercado e circulasse somente entre os



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EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM

                                 seus clientes fiéis. O sintoma disso é a separação                 que a imagem da marca seja associada demais a
                                 crescente entre a notoriedade espontânea e a no-                   uma clientela envelhecida. (KAPFERER, 2003, p.
                                 toriedade estimulada. (...) O segundo sentido re-                  334-335)
                                 mete ao reflexo da marca. Tudo leva a crer que seu
                                 cliente típico é cada vez mais idoso. Mesmo uma                 Kapferer (2003) também indica seis fatores
                                 empresa que deliberadamente escolheu como                 de declínio de uma marca:
                                 alvo de marketing os seniores, nunca é desejável

                                                                               QUADRO 3
                                                                      Fatores de declínio da marca
                                 Alteração da qualidade: a marca deixa de ser uma referência de qualidade. A necessidade de economizar
                         1
                                 obriga a empresa a alterar a condição do produto.
                                 Falta de adequação ao mercado: a marca recusa-se a seguir imediatamente uma onda durável. Dessa forma,
                         2
                                 não desperta para uma nova realidade de mercado ou não se adapta a um novo nicho consumidor.
                                 Um produto, uma marca: as marcas associadas a um único produto são fragilizadas, pois podem ser levadas
                         3
                                 pelo declínio desse produto.
                                 Preços nas alturas: a política de preço pode acelerar o declínio de uma marca, fazendo-a deixar o núcleo do
                         4
                                 mercado e provocando o surgimento prematuro de marcas de distribuidores.
                                 A relação com o canal de distribuição pode ser fator de declínio se a marca não se adaptar às suas novas
                         5
                                 expectativas.
                                 Comunicação (ou falta de): parar de comunicar é cessar de existir no mercado. É preciso modernizar os sinais,
                         6
                                 mas conservar a base.
                     Fonte: adaptado de KAPFERER, 2003, p. 329-332.

                     BRANDING                                                              dação), uma marca estaria sofrendo um processo
                                                                                           de envelhecimento aos olhos de Kapferer (2003),
                            O branding visa a criar uma consciência de                     pois estaria associada ao declínio das vendas e à
                     marca na mente do consumidor. Não há marca se                         redução da participação no mercado.
                     não houver quem a reconheça. Aaker (1996) expli-                             O último nível de conscientização, segundo
                     ca que a conscientização é medida de acordo com                       Aaker (1996), é o predomínio da marca registrada,
                     as diferentes formas de os consumidores lembra-                       no qual, em uma pesquisa de recall, a maioria dos
                     rem uma marca, indo do reconhecimento, passan-                        clientes só consegue indicar o nome de uma úni-
                     do pela recordação, até chegar ao top of mind e à                     ca marca – por exemplo, Bombril, Kleenex, Xerox,
                     marca dominante:                                                      Maizena. Aaker (1996) adverte que esse sucesso
                                 A pesquisas na área de psicologia demonstram que,         absoluto pode ser trágico se a marca registrada
                                 de forma isolada, o reconhecimento pode resultar          se converter na denominação comum de pro-
                                 em sensações mais positivas em relação a pratica-         dutos não legalmente protegidos. A Aspirina, o
                                 mente qualquer coisa, seja essa coisa música, pes-        Cellophane, o Escalator e o Windsurf são exem-
                                 soas, palavras ou marcas. Esses estudos também            plos que denominaram uma categoria de produ-
                                 demonstraram que, mesmo com palavras sem senti-           tos e acabaram perdendo o seu reconhecimento
                                 do (como “postrina” versus “potastin”, por exemplo),      enquanto marca. Aaker (1996) diz como evitar a
                                 os consumidores preferem um item já percebido an-         perda de uma marca registrada:
                                 teriormente a uma completa novidade. Assim, quan-                As empresas devem começar a protegê-la
                                 do se escolhe uma marca, a marca familiar terá uma        no início de sua existência, a começar pelo próprio
                                 vantagem. (AAKER, 1996, p. 20)                            nome do produto. Cuidado com as denominações
                                                                                           descritivas como Windows (janelas), porque elas
                            O reconhecimento é diretamente proporcio-
                                                                                           se tornam mais difíceis de diferenciar do produto
                     nal à recordação de uma marca de sucesso. Uma
                                                                                           genérico e, assim, mais difíceis de proteger. É útil
                     marca, por exemplo, com elevado índice de reco-
                                                                                           e até mesmo necessário criar uma denominação
                     nhecimento e baixo índice de recordação pode es-
                                                                                           genérica, para que a marca não seja usada para
                     tar com os dias contados: os clientes conhecem a
                                                                                           designar o tipo de produto. (AAKER, 1996, p. 26)
                     marca, mas não se lembram dela quando pensam
                     em comprar alguma coisa. Ao encaminhar-se a
                     esse nível (de elevado conhecimento e baixa recor-


                                                                                    FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007   49




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GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES

             POSICIONAMENTO                                                                 necessário, “pois lembra que, para o consumi-
                                                                                            dor, toda escolha é comparativa: um produto só
                   “Posicionamento é um conceito que mudou                                  pode ser analisado quando estiver situado clara-
             a natureza da propaganda, um conceito tão sim-                                 mente dentro de uma problemática de escolha”
             ples que as pessoas têm dificuldade em compre-                                 (KAPFERER, 2003, p. 88).
             ender sua força” (RIES; TROUT, 1989, p. 2). Para                                      Kapferer (2003) pondera que é preciso res-
             Kapferer (2003), o posicionamento é um conceito                                ponder a quatro perguntas a fim de se estabelecer
                                                                                            um posicionamento para a marca:
                                                                      QUADRO 4
                                                 Quatro perguntas a serem respondidas para estabelecer
                                                            um posicionamento para a marca
                     Pergunta                       Definição
              01     A marca por quê?               É o ângulo da promessa, do benefício ao consumidor.
              02     A marca para quem?             É o ângulo do objetivo. Durante muito tempo, Coke foi o refrigerante dos adolescentes.
              03     A marca para quando?           É o ângulo da ocasião de utilização: o J&B é o uísque da noite.
                                                    Num contexto competitivo, essa questão define os concorrentes prioritários, aqueles
              04     A marca contra quem?           que talvez possam se apoderar de uma parte da clientela. A vodka Absolut é
                                                    concorrente do uísque.
             Fonte: adaptado de KAPFERER, 2003, p. 88.
                     Ries e Trout (1989) explicam que o posicio-                            de uma empresa ou marca. Quando uma compa-
             namento começa com o produto, uma peça de                                      nhia não tem foco, não há como melhorar os resul-
             merchandising, um serviço, uma empresa, uma ins-                               tados, mesmo que se façam as coisas de forma
             tituição ou mesmo uma pessoa. Posicionamento é a                               melhor: é como uma foto fora de foco, que se pode
             maneira como o produto aparece na mente do com-                                ampliar, aumentar o contraste e imprimir num papel
             prador em potencial. Os autores advertem que é in-                             melhor, mas a imagem não melhorará se não for
             correto chamar posicionamento de product positio-                              alcançado o foco.
             ning, pois na realidade faz-se pouca (ou nenhuma)
             alteração no produto. “Mudanças feitas no nome,
                                                                                            INOVAÇÃO
             no preço e na embalagem não são mudanças feitas
             no produto, são mudanças plásticas com o obje-
                                                                                                   Pode-se questionar a pertinência da ino-
             tivo de assegurar uma posição preciosa na men-
                                                                                            vação diante do estudo proposto. A justificativa
             te do cliente potencial” (RIES; TROUT, 1989, p. 2).
                                                                                            está no levantamento feito por Vegso e Sampaio
                     Para compreender o posicionamento de uma
                                                                                            (2007), que identificam as sete marcas mais
             marca de sucesso, é necessário compreender o
                                                                                            “bem-vestidas” do país. Dessas, quatro têm sua
             conceito de identidade de marca. Semprini (2006)
                                                                                            escolha justificada pela inovação e outras duas,
             explica que a identidade da marca busca torná-la
                                                                                            embora a palavra “inovação” não seja citada
             simples e facilmente reconhecível. É a identidade
                                                                                            pelos autores, a têm como base de seu suces-
             de uma marca que o público conhece, reconhece e,
                                                                                            so. As marcas selecionadas “têm em comum a
             por vezes, aprecia. É ainda a “identidade [da marca]
                                                                                            proposição e prática da permanente renovação
             que funciona de maneira metonímica para exprimir a
                                                                                            como fator de importância em sua estratégia
             grande variedade de significados e de nuances das
                                                                                            de evolução” (VEGSO; SAMPAIO, 2007, p. 20).
             manifestações da marca” (SEMPRINI, 2006, p. 125).
                                                                                                   Barbieri (2004) explica que “inovar” deriva
                     Aaker (1996) compara a identidade de uma
                                                                                            do latim innovo, innovare, que significa tornar novo,
             marca à identidade de uma pessoa. Assim como
                                                                                            renovar ou introduzir novidades de qualquer es-
             uma pessoa se preocupa em definir seus valores
                                                                                            pécie. Jonash e Sommerlatte (2001), Damanpour
             essenciais, em definir como deseja ser percebida e
                                                                                            (1996) e Afuah (2003) classificam os principais ti-
             que traços de personalidade gostaria de projetar, a
                                                                                            pos de inovação:
             identidade de uma marca proporciona sentido, fina-
             lidade e significado para ela.
                     Ries (1996) define posicionamento como
             foco e o considera necessário no gerenciamento



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EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM

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                                                          Principais tipos de inovação relacionados por
                                                           Jonash e Sommerlatte;Damanpour; Afuah
                      Tipo de inovação              Autores                     Descrição
                                                    Jonash e Sommerlatte        Referem-se à introdução de um novo produto ou serviço
                      Produtos ou serviços          Damanpour                   no mercado, geralmente voltado a atender necessidades e
                                                    Afuah                       desejos dos consumidores em potencial.
                                                    Jonash e Sommerlatte        Referem-se ao desenvolvimento de novas formas produtivas
                      Processos tecnológicos
                                                    Damanpour                   na manufatura de produtos ou na distribuição de serviços.
                                                                                Referem-se ao desenvolvimento de novos métodos de
                                                    Jonash e Sommerlatte
                      Negócios, sistema                                         inserção e exploração do mercado, resultando em aumento
                                                    Damanpour
                      administrativo, mercado                                   de tamanho da organização e em novo conhecimento de
                                                    Afuah
                                                                                mercado.
                                                                                Refere-se à adoção de novos projetos, programas ou
                      Inovação em planos            Damanpour
                                                                                processos, que contribuem no desempenho da organização.
                     Fonte: adaptado de VICENTI, 2006, p. 25-26.

                            Scharf (2006) traça um paralelo entre a cria-                     Foram selecionadas quatro marcas (Antarcti-
                     tividade e a inovação na agência de comunicação.                  ca, Doriana, Motorola e Penalty) através de pesqui-
                     Pode-se compreender criatividade como a gera-                     sas top of mind realizadas pelo Instituto Datafolha
                     ção de uma idéia inovadora, e inovação como a                     entre 2001 e 2006. Foram escolhidas aquelas que
                     colocação em prática dessa idéia. Assim, a inova-                 tiveram variação significativa em seu desempenho
                     ção vem das idéias criativas da agência que, para                 no período pesquisado. Top of mind refere-se à “ca-
                     serem consideradas inovação, precisam ser efeti-                  pacidade dos consumidores de extrair a marca da
                     vamente implantadas.                                              memória quando lhes são sugeridas a categoria do
                                                                                       produto, as necessidades satisfeitas por essa ca-
                                                                                       tegoria ou uma situação de compra ou utilização”
                     METODOLOGIA DO ESTUDO                                             (KELLER; MACHADO, 2006, p. 42).

                            Para atingir os objetivos traçados, foram re-
                     alizadas duas pesquisas qualitativas: a primeira,                 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
                     exploratória, confronta dados disponíveis sobre o
                     processo de construção e gerenciamento da mar-                           Inicialmente, faz-se um breve resumo da
                     ca, para compreender o seu declínio; a segunda,                   marca. Em seguida, um pequeno histórico de co-
                     descritiva, analisa os fatores que resultaram no de-              municação da marca, com dados oficiais. Depois,
                     sempenho das marcas selecionadas, realizando-se                   a variação existente no índice de lembrança espon-
                     uma amostra não-probabilística por conveniência.                  tânea do Instituto Datafolha. Por fim, apresentam-se
                            Segundo Samara e Barros (2002), os estudos                 as conclusões sobre cada caso. As marcas selecio-
                     exploratórios são realizados a partir de dados secun-             nadas para estudo foram Antarctica (segmento ali-
                     dários (já disponíveis). Os estudos descritivos procu-            mentação/cerveja; ano de fundação: 1888, empre-
                     ram apresentar situações de mercado a partir de da-               sa-mãe: Ambev); Doriana (segmento alimentação/
                     dos primários, obtidos por meio de entrevistas pes-               margarina; ano de fundação: 1928; empresa-mãe:
                     soais ou discussões em grupo. Explicam-se assim as                Unilever); Motorola (segmento comunicação/telefo-
                     amostras não-probabilísticas por conveniência:                    nia celular; ano de fundação: 1928; empresa-mãe:
                                 Os elementos da amostra são selecionados de           Motorola); Penalty (segmento material esportivo;
                                 acordo com a conveniência do pesquisador. São         ano de fundação: 1930; empresa-mãe: Cambuci).
                                 as pessoas que estão ao alcance do pesquisador
                                 e dispostas a responder um questionário. Essa         ANTARCTICA
                                 técnica é não-conclusiva e a amostragem é me-
                                 nos confiável, apesar de mais barata e simples.             A Cia. Antarctica Paulista, fundada em 1885
                                 (SAMARA; BARROS, 2002, p. 94)                         na cidade de São Paulo, produzia inicialmente gelo
                                                                                       e produtos alimentícios. Três anos mais tarde, lan-
                                                                                       ça a cerveja Antarctica Pilsen e Original. Em 1º de



                                                                                FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007   51




Revista Faces FUMEC 2 .indd 51                                                                                                                                  29/8/2008 14:44:54
GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES

             julho de 1999, funde-se com a cervejaria Brahma                                                              DESEMPENHO NO ÍNDICE TOP OF MIND
             para criar a Ambev.
                                                                                                                          DATAFOLHA
             HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO                                                                                             Desde o primeiro ano de levantamento Top
                                                                                                                          of mind do Instituto Datafolha a categoria “cerveja”
                    Foi a primeira marca de cerveja a fazer pro-                                                          é pesquisada. Em 1991, a marca alcançou 45% de
             paganda no Brasil. O anúncio, de março de 1889,                                                              lembrança espontânea, seguida por Brahma (33%) e
             foi publicado no A Província de São Paulo (atual O                                                           por Skol (7%). Em 1998 a marca caiu oito pontos per-
             Estado de S. Paulo) com o seguinte texto: “Cerveja                                                           centuais, seguida pela Brahma (28%) e Skol (21%).
             Antarctica em garrafa e em barril – encontra-se à                                                            Em outubro de 2000, as três marcas estavam tecnica-
             venda no depósito da fábrica à rua Boa Vista, 50”.                                                           mente empatadas, mas a liderança continuava com
             Em 1895, desenvolve a primeira logomarca e, em                                                               a Antarctica. Em 2001, a Skol assumiu pela primeira
             1935, os pingüins passam a integrar os rótulos. Em                                                           vez a liderança, embora empatada tecnicamente com
             2001 renova-se a identidade visual da marca. No final                                                        Antarctica e Brahma. A Antarctica caiu para 13% em
             de 2003, é lançada a campanha BOA – Bebedores                                                                2005 e 14% em 2006. A Brahma também apresentou
             Oficiais de Antarctica.                                                                                      variação negativa em menor escala, mas manteve-se
                                                                                                                          em segundo lugar no ranking. A Skol assumiu a lide-
                                                                                                                          rança absoluta, com 39% da amostra em 2006.


                                                                                                           GRÁFICO 1

                                                                                 Top of Mind - Cerveja
                        50
                        45
                                                                                                                                                                      Antarctica
                        40
                        35                                                                                                                                            Skol
                        30
                        25                                                                                                                                            Brahma
                        20
                        15                                                                                                                                            Kaiser
                        10                                                                                                                                            Schincariol
                         5
                         0
                                        1992.a
                                                 1992.b
                                 1991




                                                          1993
                                                                 1994
                                                                        1995
                                                                               1996
                                                                                      1997
                                                                                             1998
                                                                                                    1999
                                                                                                            2000
                                                                                                                   2001
                                                                                                                          2002
                                                                                                                                 2003
                                                                                                                                        2004
                                                                                                                                               2005
                                                                                                                                                      2006




                                                                               Levantamentos                                                                 Fonte: Datafolha, 2006

                       Fonte: Datafolha, 2006

             CONCLUSÕES SOBRE O CASO                                                                                      mentava o seu faturamento na casa dos 30% ao ano,
                                                                                                                          enquanto a Antarctica perdia cerca de 20% do mer-
                    A Antarctica foi líder de mercado durante mui-                                                        cado. Em 1997, ano em que se iniciou a trajetória
             to tempo, o que pode ser compreendido através da                                                             de queda mais acentuada da Antarctica e aumentou
             denominada lei da mente (RIES; TROUT, 1993, p.                                                               consideravelmente o índice de lembrança espontâ-
             10), segundo a qual é melhor ser o primeiro na men-                                                          nea da Skol, foi lançada a campanha “desce redon-
             te do consumidor que ser o primeiro no mercado.                                                              do”, cujo sucesso provocou um reposicionamento
             A primeira cerveja de fato foi a Bohemia (1853). A                                                           em toda a categoria de produtos: passava a existir a
             Antarctica, lançada só 32 anos depois, junto com a                                                           cerveja que desce redondo (Skol) e as que desciam
             Brahma, foi, entretanto, a primeira a se apresentar                                                          quadradas (todas as outras).
             ao consumidor.                                                                                                      Favorável à Skol foi a imagem de inovação
                    No período que antecedeu a fusão da Brahma                                                            constante: primeira cerveja em lata (folha de flan-
             e Antarctica para a criação da Ambev, a Brahma au-                                                           dres) do Brasil, em 1971; primeira cerveja em lata



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EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM

                     de alumínio (1989); primeira embalada em lata com          combinação de queijo e ingredientes de origem
                     alargamento da boca de saída; primeira com emba-           vegetal, 2005). Em 2007, é lançada a Doriana enri
                     lagem retorcida e primeira a ter indicador no rótulo       quecida com ácidos graxos essenciais e vitaminas
                     de quando a cerveja está suficientemente gelada.           A, D e C.
                             Esse crescimento repentino da Skol afetou
                     mais a marca Antarctica do que a Brahma, simples-
                     mente porque a Brahma era detentora da marca               HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO
                     Skol. Apesar de também perder uma parcela sig-
                     nificativa de mercado e de índice de lembrança es-                Em 1970, a Doriana lança campanha bus-
                     pontânea, a cerveja Brahma beneficiou-se por ser           cando minimizar a rejeição ao produto. Em 1975,
                     percebida como responsável por essa inovação.              inova ao lançar a campanha Sorriso, criando a lin-
                             A Antarctica não soube se posicionar diante        guagem tradicional dos comerciais de margarina.
                     das novas realidades mercadológicas. A postura             Entre 1984 e 2005, investe em filmes publicitários e
                     adotada foi lenta e reativa: somente quatro anos           ações de merchandising e de inserção durante no-
                     depois de o mercado ter-se dividido entre a cerveja        velas da Rede Globo. Em 1999 a identidade visual
                     redonda e as quadradas, a Antarctica rejuvenesceu          da família Doriana é reformulada completamente.
                     a sua logomarca e procurou lançar uma campanha             Em 2002, ganha novas embalagens e novo logoti-
                     que a identificasse melhor.                                po. Em 2005, a marca é relançada com novas em-
                                                                                balagens e novo logotipo.

                     DORIANA
                                                                                DESEMPENHO NO ÍNDICE TOP OF MIND
                            A Doriana foi lançada no mercado brasileiro         DATAFOLHA
                     em 1970. Seis anos depois, tornou-se líder de ven-
                     das na categoria. Foi lançada com mais leite e cre-                Em 1991, a Doriana lidera isoladamen-
                     mosidade (1985); lançada a Doriana Culinária (1989);       te com 33%, seguida por Delícia (19%) e Primor
                     a Doriana Light (a primeira do mercado, em 1991);          (10%). Em 1995 atinge o seu índice mais alto
                     Doriana Líquida (também a primeira do mercado,             (34%), seguida por Primor (13%) e Delícia (10%).
                     1994); Doriana Yofresh (a primeira com ingredien-          Inicia trajetória de queda, passando de 34% para
                     tes obtidos do iogurte, 1997); Doriana Fibra e Cálcio      29% em 1996, 27% em 1998, 23% em 1999, 20%
                     (2001); Cream Doriana (primeiro produto feito da           em 2000 e 18% em 2006.




                                                                   GRÁFICO 2

                                                             Top of Mind - Margarina
                                 40
                                 35
                                 30                                                                                         Doriana
                                 25                                                                                         Qualy
                                 20                                                                                         Primor
                                 15                                                                                         Delícia
                                                                                                                            Del’cia
                                 10                                                                                         Soya
                                  5
                                  0
                                       91

                                       92

                                      93

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                                 Fonte: Datafolha, 2006.
                                    19

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                                    20

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                                                              Levantamentos                                Fonte: Datafolha, 2006

                                 Fonte: Datafolha, 2006




                                                                         FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007   53




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GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES

             CONCLUSÕES SOBRE O CASO                                                        ro aparelho brasileiro com sistema Windows Mobile
                                                                                            (2004, mesmo ano do lançamento do V3, o apare-
                    Apesar da variação negativa de 16 pontos                                lho celular dobrável mais fino do mundo).
             percentuais, a marca continua empatada tecnica-
             mente em primeiro lugar com a Qualy. Mas a queda                               HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO
             foi constante (exceções em 1997 e 2003), indicando
             diminuição da notoriedade da marca.                                                    Concentra suas ações promocionais no pa-
                    Há relação entre a extensão de linha da mar-                            trocínio, participação em eventos e propagandas
             ca e sua queda no índice. A empresa utiliza a marca                            “casadas” com operadoras de celular: lança o
             para lançar novos produtos relacionados com o ori-                             Motomix, evento que oferece uma experiência mul-
             ginal. A queda da Doriana no índice coincide com                               timídia única aos participantes (2003); patrocina o
             a ascensão da marca Qualy, cuja empresa-mãe é                                  Tim Festival em São Paulo (2004). Em parceria com
             a Sadia, que investiu fortemente em comunicação                                a Vivo e com a Qualcomm, patrocina o único barco
             no lançamento da margarina Qualy em 1991 e, em                                 brasileiro participante da Volvo Ocean Race – mais
             apenas seis anos, tornou-se líder de mercado no                                importante regata de volta ao mundo (2005). Durante
             segmento. Scharf e Soriano-Sierra (2006) comen-                                a cerimônia do Oscar de 2005, presenteou os prin-
             tam que a percepção que o consumidor tem da                                    cipais indicados com uma versão personalizada de
             marca está relacionada ao investimento percebido,                              seu recém-lançado V3. Patrocinou, em parceria com
             pois “é da sabedoria popular o entendimento de                                 a Claro, shows de Lenny Kravitz e Rolling Stones no
             que as marcas mais lembradas são mais admira-                                  Brasil. Além disso, participa das semanas de moda
             das” (SCHARF; SORIANO-SIERRA, 2006, p. 5).                                     do Rio de Janeiro e de São Paulo.

             MOTOROLA                                                                       DESEMPENHO NO ÍNDICE TOP OF MIND
                     A Motorola foi fundada em 1928 nos Estados                             DATAFOLHA
             Unidos, fabricando rádio para carros e rádios po-
             liciais. Cria o pager (1955); lança o primeiro rádio                                  No primeiro ano do levantamento top of mind
             portátil de bolso (1959); Armstrong transmite suas                             do Instituto Datafolha para a categoria de aparelho
             palavras da lua através de um transponder proje-                               de telefone celular, a Motorola liderou com grande
             tado e fabricado pela Motorola (1969); inicia sua                              vantagem (20% contra 3% da Nokia). No ano seguin-
             atividade no Brasil (1971); lança o primeiro celular                           te, houve aproximação das duas marcas (Nokia atin-
             do mundo, o DynaTAC (1983); criada a Motorola do                               ge 7% e a Motorola, 14%). A Nokia manteve trajetória
             Brasil (1992); lança o StarTAC, o menor e mais leve                            de crescimento e, entre 2002 e 2003, ultrapassou os
             celular do mundo até então (1996, mesmo ano da                                 30%. A Motorola manteve-se em queda até 2002,
             inauguração da fábrica no Brasil); lança o primei-                             quando atingiu 8%. Agora esboça alguma reação.
                                                                                 GRÁFICO 3

                                                       Top of Mind - Aparelho de Telefone Celular

                                 40
                                 35
                                 30
                                                                                                                              Motorola
                                 25
                                 20                                                                                           Nokia
                                 15
                                 10
                                  5
                                  0
                                       1998     1999     2000      2001     2002     2003         2004   2005   2006
                                                                    Levantamentos                                 Fonte: Datafolha, 2006
                           Fonte: Datafolha, 2006.


                54     FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007




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EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM

                     CONCLUSÕES SOBRE O CASO                                      Confederação Brasileira de Futebol de Salão; inicia
                                                                                  a confecção de calçados esportivos (1980); consoli-
                             O lançamento do StarTac, em 1996, colocou a          da-se na América do Sul, ao ser tricampeã da Copa
                     marca em evidência no cenário nacional. Entretanto,          Libertadores da América (duas vezes com o São
                     a marca não acompanhou as mudanças ocorridas                 Paulo em 1992 e 1993 e uma vez com o Grêmio em
                     entre 1997 e 1999. Ficou associada a tecnologias             1995) e bicampeã Mundial Interclubes com o São
                     antigas, enquanto a Nokia trazia conceitos de ino-           Paulo. Em 2000, forneceu as bolas oficiais para a
                     vação, aliada ao status de ser a maior fabricante de         Copa América.
                     celulares do mundo. A Motorola, por ser uma marca
                     que já operava no Brasil antes do boom de celula-            HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO
                     res, reinava no mercado. Talvez devesse ter constru-
                     ído um modelo de uso do conhecimento para ob-                       Desde 1986, investe fortemente em propa-
                     ter vantagens competitivas sustentáveis. Conforme            ganda. Em 1989, lançou o famoso slogan “marca
                     Scharf (2006, p. 110), “o conceito de gestão do co-          de profissional”, utilizado até 2002. Já lançou 63
                     nhecimento vai se formando na empresa como re-               comerciais de televisão nos formatos tradicionais,
                     flexo da sua cultura organizacional, das crenças que         dividindo-se entre institucionais e de produtos. Em
                     ultrapassaram os tempos, do comportamento dos                2002, adotou o slogan “qual o seu jogo?” e, em
                     grupos e das diretrizes adotadas”. É um conceito             2007, passou a utilizar “patrocina o seu jogo”.
                     relativamente novo no mundo organizacional, mas
                     absolutamente necessário para o desenvolvimen-
                     to empresarial. No primeiro ano do levantamento              DESEMPENHO NO ÍNDICE TOP OF MIND
                     Datafolha, 61% dos entrevistados não sabiam citar            DATAFOLHA
                     marca alguma. Em 2006 esse índice foi de apenas
                     14%, demonstrando a velocidade de introdução do                    O Instituto Datafolha realizou apenas três le-
                     conceito no país.                                            vantamentos na categoria de material esportivo. Em
                                                                                  2004, a Penalty liderou com 14%, empatando tecni-
                     PENALTY                                                      camente com a Nike (11%) e com a Adidas (10%).
                                                                                  No ano seguinte, a Nike assumiu a liderança (15%),
                           A Penalty, marca de propriedade da Malharia            a Penalty caiu (10%), empatada tecnicamente com a
                     Cambuci S.A. de São Paulo (fundada na década                 Adidas (9%). Em 2006 a Nike ampliou sua vantagem
                     de 30), foi lançada na década de 70 para fabricar            para 18%, a Adidas para 12% e a Penalty manteve-
                     produtos para o futebol. Logo após, firmou parceria          se empatada tecnicamente na segunda colocação,
                     com o São Paulo Futebol Clube e, em 1979, com a              com 11% no índice.


                                                                         GRÁFICO 4

                                                           Top of Mind - Material Esportivo


                                 20
                                                                                                                            Penalty
                                 15                                                                                         Nike

                                 10                                                                                         Adidas

                                                                                                                            Olympikus
                                   5
                                                                                                                            Topper
                                   0
                                                 2004             2005                         2006
                                                              Levantamentos
                                                                                                               Fonte: Datafolha, 2006

                                 Fonte: Datafolha, 2006.


                                                                           FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007   55




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GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES

             CONCLUSÕES SOBRE O CASO                                                        tes. Mesmo após perderem a liderança de mercado,
                                                                                            permaneceram líderes de lembrança espontânea
                     Foi a primeira marca esportiva bem posicio-                            por alguns anos até apresentarem a efetiva variação
             nada diante do consumidor. Desde a década de                                   negativa. Constata-se que as pessoas não asso-
             1970, já utilizava patrocínio de clubes para ganhar                            ciam a categoria de produtos sugerida às marcas
             notoriedade. A empresa foi a primeira fabricante                               que efetivamente consomem, mas às marcas com
             nacional de bolas esportivas de alta performance,                              as quais gostariam de estar associadas.
             apesar de não ser a primeira empresa de material                                      A principal estratégia utilizada para gerenciar
             esportivo do Brasil (Rainha, em 1954).                                         a relação entre marca e produto é a da marca-linha,
                     A partir de 1995, com o real valorizado peran-                         em que “a empresa utiliza uma marca já consolida-
             te o dólar, houve uma grande investida de marcas                               da para lançar novos produtos relacionados com o
             multinacionais, como Nike e Adidas, no mercado                                 produto original, mantendo-se o posicionamento já
             brasileiro. Lima (2007) explica que essas marcas im-                           alcançado” (KAPFERER, 2003, p. 195). Nas marcas
             plementaram uma nova forma de comunicação e de                                 analisadas não se mantém o mesmo posicionamen-
             posicionamento de marketing ao patrocinar atletas                              to. É notável a relação existente entre a extensão de
             consagrados em diversas modalidades.                                           linha e a queda no índice, embora a variação da linha
                     O alvo publicitário da indústria esportiva brasi-                      não seja algo necessariamente ruim. Observe-se a
             leira é o futebol. Segundo Lima (2007), esse esporte                           constância, nos índices top of mind do Datafolha, da
             movimenta cerca de seis bilhões de dólares ao ano                              marca Omo, apontada como top do top em sua últi-
             no mercado mundial e há uma relação direta entre                               ma edição. Isso permite à Omo estender a sua linha
             a liderança de vendas exercida por uma marca em                                e manter-se como ícone linear de posicionamento.
             determinado país e a empresa que patrocina a sele-                                    As quatro marcas analisadas não souberam
             ção nacional de futebol. A Nike, por exemplo, lidera                           reagir a uma nova realidade de mercado, e esse foi
             a venda de artigos esportivos na Europa, mas perde                             um fator de declínio. A Antarctica demorou para per-
             nos países em que a seleção nacional de futebol é                              ceber que estava “quadrada”, a Doriana demorou
             patrocinada pela Adidas, como França, Espanha e                                para promover alterações necessárias, a Motorola
             Alemanha. A Nike, desde 1996, é a patrocinadora                                não participou da introdução acelerada do celular
             oficial da seleção brasileira de futebol, com contrato                         e a Penalty não conseguiu reagir à introdução das
             válido até o ano de 2018.                                                      grandes marcas internacionais.
                     Apesar de ser o esporte coletivo de maior                                     Nenhuma das marcas analisadas apresen-
             notoriedade no país, o futebol não é o mais pratica-                           tou queda em decorrência de produtos obsole-
             do, posto ocupado pelo futsal ou futebol de salão                              tos. Pode-se, contudo, indicar dois fatores para
             (PEDAGOGIA DO FUTSAL, 2007). A trajetória da                                   o envelhecimento da marca: a política exagerada
             Penalty é marcada por uma relação de proximidade                               de extensão de linha, sem observar o posiciona-
             com os praticantes do futsal: foi a primeira empresa                           mento original da marca (referencial cognitivo do
             no mundo a dispor de uma linha completa de produ-                              consumidor) e o não aproveitamento de oportuni-
             tos para a modalidade. Patrocinou a Confederação                               dades de mercado, muitas vezes sutis, que possi-
             Brasileira de Futebol de Salão nos anos que marca-                             bilitam um reposicionamento de toda a categoria.
             ram a ascensão do esporte no Brasil. Depois de 20                                     Negligenciar o posicionamento da marca e
             anos de parceria, a Penalty deixou de ser a marca                              novas possibilidades pode ser irreversível para a
             oficial da CBFS para dar lugar à Dalponte, perdendo                            manutenção do brand equity. Outra marca pode
             notoriedade junto ao público-alvo, mas conseguiu                               tomar a dianteira, restando àquela que já foi líder
             ingressar em outros mercados, principalmente na                                aguardar por um deslize que lhe dê nova chance no
             América do Sul, garantindo prestígio internacional.                            mercado.
                                                                                                   Portanto, para evitar o envelhecimento da
                                                                                            marca, deve-se investir em pesquisa e desenvolvi-
             CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES                                           mento, estar informado das mudanças em outros
                                                                                            mercados, ter conhecimento prévio das alterações
                    A partir da revisão da literatura e da análise                          de comportamento do target para identificar novos
             dos casos selecionados, percebem-se afinidades                                 nichos consumidores e estar preparado para defen-
             entre as marcas que apresentaram variação nega-                                der a marca no confronto direto que, em algum mo-
             tiva no índice top of mind do Datafolha.                                       mento, ocorrerá. >
                    O primeiro ponto em comum é o elevado
             brand equity apresentado pelas marcas decaden-



                56     FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007




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EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM


                       Edson Roberto Scharf                                              Tel: (48) 9922.9523
                       FURB – Universidade Regional de Blumenau                          e-mail: sierra.ejs@yahoo.com.br
                       Professor de Marketing                                            Professor de Sistemas Naturais e Antropogênicos na
                       Rua Antonio da Veiga, 170 – 89010.971 – Blumenau                  UFSC, ministra no programa de doutorado em Enge-
                       – SC                                                              nharia e Gestão do Conhecimento (UFSC) e na gradu-
                       Tel: (47) 9981.1112                                               ação, nos cursos de Biologia e Oceanografia. É doutor
                       e-mail: talentto@terra.com.br                                     em Ciências Biológicas, com pós-doutorado na Fran-
                       Professor de Marketing e de Administração de Publici-             ça. Atua em programas de conservação e preservação
                       dade e Propaganda na FURB, cursando o doutorado                   ambiental do governo estadual. É consultor na área
                       em Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC),                    ambiental, particularmente sobre questões marinhas.
                       mestre em Administração de Negócios e especialis-
                       ta em Marketing. É autor dos livros Administração na              Diogo Prim
                       Propaganda (Qualitymark, 2006) e Gestão do Conhe-                 FURB – Universidade Regional de Blumenau
                       cimento Aplicada ao Marketing (2007). Coordena a                  Publicitário
                       especialização em Gestão do Conhecimento Aplicada                 Rua Antonio da Veiga, 170 – 89010.971 – Blumenau
                       aos Negócios Competitivos na FURB. Atua também                    – SC
                       como diretor de criação da Greyhound Comunicação.                 Tel: (47) 3321.0200
                       É palestrante e consultor nas áreas de branding e pla-            e-mail: diogoprim@gmail.com
                       nejamento de comunicação.                                         Publicitário graduado na FURB Universidade Regional
                                                                                         de Blumenau, atua como assessor de marketing em
                       Eduardo Juan Soriano-Sierra                                       empresa do governo estadual. Cursa especialização
                       UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina                     na área de Marketing.
                       Professor de Sistemas Antropogênicos
                       Campus da UFSC – Trindade – 88800.000 - Florianó-
                       polis – SC

                     Referências

                     AAKER,     David.    Criando   e         ANDRADE, Josmar; MARQUES,                          Tradução Carlos Alberto Silveira
                     administrando marcas de sucesso.         Jane Aparecida. A força da                         Netto Soares e Nivaldo Montigelli
                     Tradução Eduardo Lasserre. São           propaganda no composto de                          Jr. Porto Alegre: Bookman, 2001.
                     Paulo: Futura, 1996.                     comunicação de marketing. São
                                                              Paulo: VIII Semead, 2005.                          DATAFOLHA. Top of mind 2006.
                     AAKER, David. Marcas: brand                                                                 Disponível  em    <http://www.
                     equity gerenciando o valor da            BARBIERI, J. C. et al. Organizações                datafolha.folha.uol.com.br>.
                     marca. Tradução André Andrade.           inovadoras: estudos e casos                        Acesso em 22 de abril de 2007.
                     São Paulo: Negócio, 1998.                brasileiros. 2. ed., Rio de Janeiro:
                                                              FGV, 2004.                                         DORIANA. Desenvolvido pela
                     ABA; TOP BRANDS; GAZETA                  CBFS.        Desenvolvido      pela                Unilever,    2007.   Apresenta
                     MERCANTIL.      Marcas     líderes       Confederação        Brasileira   de                histórico da marca Doriana e
                     Gazeta Mercantil. Disponível em <        Futebol de Salão, 2007. Apresenta                  da comunicação desenvolvida.
                     http://www.gazetamercantil.com.          panorama do esporte. Disponível                    Disponível    em   <http://www.
                     br/web/marcas_lideres/default.           em <http://www.cbfs.com.br>.                       doriana.com.br>. Acesso em 10
                     asp>. Acesso em 12 de junho de           Acesso em 10 de junho de 2007.                     de junho de 2007.
                     2007.
                                                              CREDICARD.          Desenvolvido                   ELLWOOD, Iain. O livro essencial
                     AMBEV.     Desenvolvido     pela         pela Credicard Citi, 2006.                         das marcas: tudo o que você
                     AmBev, 2006. Apresenta histórico         Apresenta histórico da marca e                     precisa saber, em mais de 100
                     das marcas Antarctica, Brahma e          da comunicação desenvolvida.                       técnicas para aumentar o valor
                     Skol, bem como da comunicação            Disponível     em   <http://www.                   das marcas. Tradução Henrique
                     desenvolvida pela Antarctica.            credicardciti.com.br>.   Acesso                    Amat Rêgo Monteiro. São Paulo:
                     Disponível   em    <http://www.          em 12 de junho de 2007.                            Clio, 2004.
                     ambev.com.br>. Acesso em 11
                     de junho de 2007.                        CZINKOTA, Michael R. et al.                        JOHNSTON, Alva; REGINALD,
                                                              Marketing: as melhores práticas.                   Marsh. Legendary mizners, the.


                                                                                FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007   57




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GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES

             New York: Farrar, Straus and                        KOTLER, Philip; KELLER, Kevin         técnica Cristina Becellar. São
             Giroux, 2003.                                       Lane. Administração de marketing.     Paulo: Prentice Hall, 2002.
                                                                 Tradução Mônica Rosenberg,
             JONASH, R. S.; SOMMERLATTE,                         Cláudia Freire, Brasil Ramos          PEDAGOGIA        DO     FUTSAL.
             T. O valor da inovação: como                        Fernandes. 12. ed. São Paulo:         Coordenação de Wilson Carlos de
             as empresas mais avançadas                          Pearson Prentice Hall, 2005.          Santana. Desenvolvido por Icomp,
             atingem alto desempenho e                                                                 2003-2007. Apresenta a história
             lucratividade. Rio de Janeiro:                      KUNSCH,      Margarida   Maria        do futsal. Disponível em <http://
             Campus, 2001.                                       Krohling. Relações Públicas e         www.pedagogiadofutsal.com.br>.
                                                                 modernidade: novos paradigmas         Acesso em 10 de junho de 2007.
             KAPFERER, Jean-Noël. Marcas                         na comunicação organizacional.
             à prova de prática: aprendendo                      São Paulo: Summus, 1997.              PENALTY. Desenvolvido pela
             com os erros. Tradução Carolina                                                           InPress Porter Novelli, 2007.
             Huang. 2. ed. Porto Alegre:                         LAS CASAS, Alexandre Luzzi.           Apresenta histórico da marca
             Bookman, 2004.                                      Marketing: conceitos, exercícios,     Penalty e da comunicação
                                                                 casos. 5. ed. São Paulo: Atlas,       desenvolvida. Disponível em
             KAPFERER,       Jean-Noël.    As                    2001.                                 <http://www.penalty.com.br>.
             marcas, capital da empresa: criar                                                         Acesso em 10 de junho de 2007.
             e desenvolver marcas fortes.                        LEDUC, Robert. Propaganda, uma
             Tradução Arnaldo Ryngelblum. 3.
                                                                 força a serviço da empresa. São       REVISTA ABOUT. São Paulo:
             ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.
                                                                 Paulo: Atlas, 1980.                   Versart, ano XVIII, n. 866, nov.
                                                                                                       2006.
             KELLER, Kevin Lane; MACHADO,
                                                                 LEMOS, Alexandre; TURLÃO,
             Marcos. Gestão estratégica de
                                                                 Felipe. Conteúdo salva marcas da      RIBEIRO, Júlio et al. Tudo o que
             marcas. Tradução Arlete Simille
                                                                 overdose midiática. Revista About.    você queria saber sobre propaganda
             Marques. São Paulo: Pearson
                                                                 São Paulo: Versart, ano XVII, n.      e ninguém teve paciência para
             Prentice Hall, 2006.
                                                                 856.                                  explicar. 3. ed. São Paulo: Atlas,
             KOTLER, Philip. Administração                       LIMA, Samantha. A disputa             1989.
             de marketing: a edição do                           chegou ao Brasil. Revista Exame.
             novo milênio. Tradução Bazán                        São Paulo: Abril, ano XL, n. 889.     RIES, Al. Foco: uma questão de
             Tecnologia e Lingüística; revisão                                                         vida ou morte para uma empresa.
             técnica Arão Sapiro. São Paulo:                     MOTOROLA.          Desenvolvido       Tradução Maria Cláudia Santos R.
             Prentice Hall, 2000.                                pela Motorola Inc, 1994-2007.         Ratto. São Paulo: Makron Books,
                                                                 Apresenta histórico da marca          1996.
             KOTLER, Philip. Administração de                    Motorola e da comunicação
             marketing: análise, planejamento,                   desenvolvida. Disponível em           RIES, Al; RIES, Laura. As 22
             implementação       e    controle.                  <http://www.motorola.com.br>.         consagradas leis de marcas.
             Tradução Ailton Bonfim Brandão.                     Acesso em 9 de junho de 2007.         Tradução Ernesto Yoshida. São
             São Paulo: Atlas, 1998.                                                                   Paulo: Makron Books, 2000.
                                                                 NOKIA. Desenvolvido pela Nokia,
             KOTLER, Philip. O marketing sem                     2007. Apresenta histórico da          RIES, Al; TROUT, Jack. As 22
             segredos: Philip Kotler responde                    marca. Disponível em <http://         consagradas leis do marketing.
             as suas dúvidas. Tradução Bazan                     www.nokia.com.br>. Acesso em          Tradução Barbara Theoto Lambert.
             Tecnologia e Lingüística. Porto                     9 de junho de 2007.                   São Paulo: Makron Books, 1993.
             Alegre: Bookman, 2005.
                                                                 NUNES, Gilson; HAIGH, David.          RIES,     Al;    TROUT,   Jack.
             KOTLER, Philip; ARMSTRONG,                          Marca: valor do intangível, medindo   Posicionamento: como a mídia
             Gary. Princípios de marketing.                      e gerenciando seu valor econômico.    faz a sua cabeça. Tradução José
             Tradução Arlete Simille Marques,                    São Paulo: Atlas, 2003.               Roberto Whitaker Penteado. São
             Sabrina Cairo. 9. ed. Rio de                                                              Paulo: Pioneira, 1989.
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             1998.                                               integrada de marketing: modelo        marca Qualy. Disponível em
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                                                                 e inovador. Tradução e revisão        Acesso em 10 de junho de 2007.


                58     FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007




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O envelhecimento de marcas líderes: análise do declínio de grandes marcas

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O envelhecimento de marcas líderes: análise do declínio de grandes marcas

  • 1. Administração Mercadológica Revista Faces FUMEC 2 .indd 44 29/8/2008 14:44:54
  • 2. ADMINISTRAÇÃO MERCADOLÓGICA GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES GREAT BRANDS YESTERDAY: THE AGING OF LEAD BRANDS Edson Roberto Scharf FURB Eduardo Juan Soriano-Sierra UFSC Diogo Prim FURB RESUMO A marca admite personalidade e valores próprios, sendo um importante vínculo de comunicação entre em- presa e consumidores. Inúmeras publicações tratam da construção e administração desse ativo organi- zacional. Existe, entretanto, a necessidade de compreender o motivo de marcas tradicionais que perdem a notoriedade. O declínio das marcas é o agente motivador desse estudo. Utilizou-se de duas pesquisas qualitativas: uma exploratória, para confrontar dados disponíveis sobre a construção e o gerenciamento da marca e uma descritiva, para analisar seu desempenho. A partir de pesquisas de lembrança espontânea do Datafolha Instituto de Pesquisa, selecionou-se, por conveniência dos autores, as líderes que apresentaram variação negativa com o passar dos anos. Apontou-se, finalmente, a relação entre o envelhecimento da mar- ca e a dificuldade de se adaptar às mudanças ocorridas no mercado, a incapacidade de manter ou firmar um posicionamento e o descuido quanto à inovação, seja na marca ou no produto. PALAVRAS-CHAVE envelhecimento da marca, marketing, branding, marca, posicionamento ABSTRACT The brand admits proper personality and values, being an important bond of communication between company and consumers. Innumerable publications deal with the construction and administration of this organizational asset. It exists, however, the necessity to understand the reason of traditional marks that loses the notoriety. The decline of the brand is the object of this study. It was used of two qualitative research: a exploratory, to collate given available on the construction and the management of the mark and a descriptive, to analyze its performance. From research of spontaneous souvenir of the Datafolha Instituto de Pesquisa, it was selected, for convenience of the authors, the leaders who had presented negative variation with passing of the years. It was pointed, finally, the relation enters the aging of the mark and the difficulty of if adapting to the occurred changes in the market, the incapacity to keep or to firm a positioning and the incautiousness how much to the innovation, either in the brand or the product. KEYWORDS brand aging, marketing, branding process, brand, positioning FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 45 Revista Faces FUMEC 2 .indd 45 29/8/2008 14:44:54
  • 3. GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES INTRODUÇÃO mostram duas, no máximo três marcas que con- seguem apresentar todas as características para A história da marca inicia-se com a necessi- estar naquele quadrante. dade de se diferenciar os bens manufaturados de A hegemonia de um número limitado de mar- um produtor para o outro. Através dos anos, o con- cas no mercado nacional viabiliza a penetração de ceito de marca evoluiu e agora as marcas admitem outras marcas, possibilitando a troca de posições e personalidade e valores próprios. É um dos maiores caracterizando o declínio de certas marcas, como ativos da empresa, traduz sua personalidade e cria se observa em pesquisas de lembrança espontâ- um vínculo afetivo através da comunicação entre nea, denominadas comercialmente de top of mind. produto e consumidor. A constatação de que algumas marcas man- O processo que resulta no envelhecimento têm-se por décadas, enquanto outras saem das de uma marca ainda é pouco explorado na literatu- prateleiras logo após seu lançamento, permite con- ra. São comuns as publicações que exaltam marcas cluir que não existe um padrão temporal para esse consagradas. Tais estudos são de grande importân- fenômeno. O estudo limita-se ao processo de en- cia para a compreensão das ações mercadológicas velhecimento de quatro marcas atuantes em territó- eficazes. Deixa-se aberta uma lacuna para estudos, rio nacional que, em determinado momento, foram porém, igualmente relevante: o entendimento do fra- líderes em pesquisa de lembrança espontânea, mas casso mercadológico das marcas. deixaram a liderança nos anos subseqüentes. De acordo com um ditado popular, para se conhecer o fracasso basta ter conquistado o su- REVISÃO DA LITERATURA cesso. Parte-se do pressuposto de que o inverso também é verdadeiro: para se conhecer o suces- As marcas surgiram há séculos para, basi- so, é preciso haver uma compreensão do fracasso. camente, diferenciar os produtos de um fabricante Fracasso, nesse caso, não significa a liquidação da para outro. Keller e Machado (2006) explicam que a empresa, mas a perda da autoridade outrora conse- palavra brand (marca, em inglês) deriva do nórdico guida com seus esforços de mercado. antigo brandr, que significa queimar, pois as marcas Este estudo objetiva compreender o processo eram literalmente queimadas sobre a superfície que de declínio de marcas consolidadas. Para isso, usa as distinguiria. Nesse tempo, a função da marca era uma pesquisa bibliográfica e outra descritiva, com apenas discernir os produtos entre os seus respec- seleção de marcas que estejam na condição dese- tivos fabricantes. jada. Estima-se confrontar um paradigma existente Kapferer (2003), entretanto, afirma que faz com a literatura, que possa nortear novas pesquisas pouco tempo as marcas deixaram de ser “queima- nesse sentido. das” e passaram a admitir valores próprios, sendo A partir das análises, percebeu-se que as que tudo mudou entre 1980 e 1990. Nessa década marcas decaíram em períodos de mudança no mer- houve uma onda de fusões e aquisições de empre- cado, demonstrando que não souberam lidar com sas de marcas por outras gigantes internacionais, as novas perspectivas mercadológicas. o que acarretava uma elevação dos múltiplos sem- Para situar o campo de atuação deste estu- pre que uma empresa visada detivesse marcas do, deve-se ressaltar as diferenças existentes entre notoriamente conhecidas, ainda que estivesse per- as realidades das marcas. Em mercados maduros, dendo dinheiro. Ou seja, antes de 1980, desejava- onde o crescimento mostra equivalência, há pouca se comprar uma fábrica de chocolate. Depois de disparidade entre a marca líder e suas concorrentes 1980, “passou-se a desejar adquirir a KitKat ou a diretas. Nessa realidade, há uma alternância signi- Buitoni. Essa distinção é importante: no primeiro ficativa entre as marcas líderes, travando-se verda- caso, trata-se de comprar capacidade de produ- deiras guerras comerciais a fim de se manter a fatia ção; no outro, uma parte da mentalidade do con- de mercado alcançada. sumidor” (KAPFERER, 2003, p. 19). Num mercado emergente como o brasileiro, Kapferer (2003) conceitua marca de forma é mais fácil perceber distâncias entre a marca líder direta ao defini-la ao mesmo tempo como signo, e as demais. A literatura de marketing é pródiga palavra, objeto e conceito. Signo porque a marca in- nesse caso. Apresenta formatos de controle como tegra elementos figurativos como logotipos, emble- CVP BGC ou GE, todos para estudo de performan- , mas, cores, formas, embalagens e design. Palavra ce de marca ou produto no segmento. No espaço ou nome da marca constitui o suporte da informa- destinado aos produtos denominados “maduros”, ção oral ou escrita sobre o produto. Objeto porque 46 FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 Revista Faces FUMEC 2 .indd 46 29/8/2008 14:44:54
  • 4. EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM a marca distingue um produto de outro. Conceito Todavia, Kapferer afirma que a marca é um porque a marca, assim como todos os signos, pos- conceito falsamente simples, pois qualquer pessoa sui um significado, um sentido. pode dar um exemplo de marca, mas poucos po- Scharf e Soriano-Sierra (2006) explicitam que dem defini-la. “A marca é simultaneamente a parte e a percepção que o consumidor tem da marca está o todo: é sinal de produto ou serviço, mas também ligada ao investimento percebido, pois é comum o o valor global abordado com promessas de satisfa- entendimento de que as marcas mais lembradas ção material e imaterial” (KAPFERER, 2004, p. 13). são as mais admiradas e vistas. De certa forma, Scharf (2007) explica: o consumidor sabe que as empresas somente in- vestem dinheiro em produtos muito bons e a marca As marcas, ao menos as que recebem um trata- desse produto valoriza quem o possui exatamente mento adequado, têm forte apelo emocional, ao pelo investimento feito. contrário dos produtos, que geralmente se funda- Para Ellwood (2004), a percepção que o con- mentam em apelos racionais, mais fáceis de men- sumidor tem das marcas é subjetiva e reflete suas suração. É necessário um esforço bem centrado, idiossincrasias. Segundo ele, produto/serviço + organizado e utilizado de forma inteligente para aura = comunicação da marca (ELLWOOD, 2004, p. que a marca consiga retribuir à empresa todo o 19). A aura representa a comunicação das caracte- investimento feito nela. (SCHARF, 2007, p. 37). rísticas significativas e diferenciadoras do produto. CONSTRUÇÃO E EROSÃO DA MARCA Na base de todas as marcas de sucesso há sem- pre um produto ou serviço bem-sucedido. O pro- Uma marca bem construída e gerenciada pro- duto ou serviço pode ser imaginado ou visualizado porciona maior percepção de seu valor, cabendo- como uma bola de golfe dura, branca, enquanto a lhe ainda o encargo de estabelecer vínculos entre marca é um balão de gás transparente, multicolo- empresa e mercado que, não raro, ultrapassam os rido, grande, envolvendo a bola de golfe. A pelí- limites físicos do produto (TRINTA; TRINTA, 2006, p. cula do balão é a personalidade flexível que pode 5). Os autores ressaltam que a construção de uma ser comprimida e mudada para adquirir diversos marca compõe a arte e a essência do marketing e traços de personalidade, ao passo que a bola de que essa atividade vem ganhando cada vez mais golfe subsiste. A decisão de compra do consumi- importância no desenvolvimento e lançamento de dor baseia-se principalmente na característica do bens, não só de consumo, mas também os voltados balão, embora o uso subjacente sempre se baseie para a indústria. no caráter da bola de golfe. A marca, portanto, Keller e Machado (2006) sugerem que a mar- funciona como um tipo de bandeira, acenando ca se constrói sobre seis “pilares” que podem ser aos consumidores, provocando a consciência ou hierarquicamente classificados como: proeminência lembrança do produto e diferenciando-o da con- da marca, desempenho da marca, imagens da mar- corrência. (ELLWOOD, 2004, p. 19) ca, julgamentos sobre a marca, sentimentos sobre a marca e, por fim, a ressonância da marca. QUADRO 1 Seis pilares de construção da marca Refere-se a certos aspectos da lembrança da marca, como a freqüência e a facilidade com Identificação da marca que é evocada em várias circunstâncias. Por exemplo, a marca é top of mind e facilmente (proeminência da marca) lembrada? A lembrança de marca refere-se à capacidade do cliente de lembrar e reconhecer a marca sob diferentes condições. Refere-se aos meios pelos quais o produto ou o serviço tentam atender às necessidades Desempenho da marca funcionais dos clientes. Relaciona-se às propriedades intrínsecas da marca em termos de características inerentes do produto. São propriedades extrínsecas do produto ou serviço, incluindo as maneiras como a marca tenta atender às necessidades psicológicas e sociais dos clientes. O conjunto de imagens Imagens da marca de uma marca reflete como as pessoas pensam na marca abstratamente, e não o que pensam que a marca realmente faz. continua FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 47 Revista Faces FUMEC 2 .indd 47 29/8/2008 14:44:54
  • 5. GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES QUADRO 1 Seis pilares de construção da marca (continuação). Referem-se a opiniões e avaliações pessoais dos clientes sobre a marca. Envolvem o modo Julgamentos sobre a como reúnem todas as diferentes associações de desempenho e imagem da marca. No marca que diz respeito à criação de uma marca forte, há quatro tipos de julgamento imediato que o consumidor pode fazer: qualidade, credibilidade, consideração e superioridade. São respostas e reações emocionais dos clientes à marca; também relacionam-se com a Sentimentos sobre a marca aceitação social geral evocada pela marca. Refere-se à natureza desse relacionamento e ao quanto os clientes sentem que estão “em Ressonância da marca sintonia” com a marca. Fonte: adaptado de KELLER; MACHADO, 2006, p. 49, 51, 53-56). A partir desse quadro já é possível pen- de erosão, de que os níveis de lealdade estejam sar o tema deste estudo, em uma abordagem de caindo e o preço tornando-se preponderante. São construção-desconstrução. Aaker (1998) vê sinais oito os indicadores de ênfase insuficiente na cons- de que a marca esteja passando por um processo trução da marca: QUADRO 2 Indicadores de ênfase insuficiente na construção da marca Os gerentes não podem identificar com confiança as associações de marca e a força destas. Há pouco conhe- 1 cimento sobre como elas diferem ao longo dos segmentos e do tempo. Não existem indicadores do nível de conhecimento da marca. Não há percepção de um problema de reconhe- 2 cimento existente entre qualquer segmento. Há desconhecimento sobre o top of mind que a marca está conse- guindo e de como isso está mudando. Não há qualquer medição sistemática e válida da satisfação do cliente e de sua lealdade, nem um modelo de 3 diagnóstico de compreensão progressiva do porquê das mudanças em tais medições. Não há indicadores da marca ligados ao sucesso de longo prazo do negócio, que possam ser usados para 4 avaliar o esforço de mercado da marca. Não há ninguém na empresa realmente incumbido da proteção do brand equity. Aqueles formalmente encarre- 5 gados da marca, talvez denominados gerentes de marca ou de produto, são, na verdade, avaliados com base em medidas de curto prazo. As medições de desempenho, associadas à marca e seus gerentes, são quadrimestrais ou anuais. Não há ob- jetivos de longo prazo significativos. Além disso, os gerentes envolvidos não esperam, realisticamente, perma- 6 necer tempo suficiente para pensar estrategicamente, nem mesmo para acompanhar o desempenho posterior da marca. Não há mecanismos de medição e avaliação do impacto de elementos do programa de marketing sobre a mar- 7 ca. As promoções de vendas, por exemplo, são escolhidas sem que se determinem as suas associações e sem que se considere o seu impacto sobre a marca. Não há estratégia de longo prazo para a marca. As questões sobre o ambiente da marca, numa perspectiva 8 futura de cinco ou dez anos, permanecem sem resposta. Fonte: adaptado de AAKER, 1998, p. 9. A negligência na construção da marca, se- permanente, pois as situações nunca são definitiva- gundo Aaker (1998), pode ser um dos fatores que mente conquistadas. condicionam sua percepção pelos consumidores como “velha”, ainda que esteja em processo inicial O conceito de envelhecimento remete, na realida- de inserção no mercado de, a dois entendimentos diferentes: um primeiro Kotler (2000) sugere que o envelhecimento significado, amplo, evoca de fato uma síndrome da marca não segue necessariamente uma ordem de declínio lento, mas sistemático a longo prazo. cronológica, estando diretamente ligado a investi- A marca não está fadada a um fim rápido, mas mentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento, parece fadada a desaparecer a prazo. Ontem, publicidade habilidosa e excelente atendimento ao vivaz e ativa, ela parece hoje bem mais discreta, varejista e ao consumidor. Leduc (1980) comple- como se não tivesse nada mais a dizer ou a ofe- menta que a propaganda deve ser um processo recer ao mercado e circulasse somente entre os 48 FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 Revista Faces FUMEC 2 .indd 48 29/8/2008 14:44:54
  • 6. EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM seus clientes fiéis. O sintoma disso é a separação que a imagem da marca seja associada demais a crescente entre a notoriedade espontânea e a no- uma clientela envelhecida. (KAPFERER, 2003, p. toriedade estimulada. (...) O segundo sentido re- 334-335) mete ao reflexo da marca. Tudo leva a crer que seu cliente típico é cada vez mais idoso. Mesmo uma Kapferer (2003) também indica seis fatores empresa que deliberadamente escolheu como de declínio de uma marca: alvo de marketing os seniores, nunca é desejável QUADRO 3 Fatores de declínio da marca Alteração da qualidade: a marca deixa de ser uma referência de qualidade. A necessidade de economizar 1 obriga a empresa a alterar a condição do produto. Falta de adequação ao mercado: a marca recusa-se a seguir imediatamente uma onda durável. Dessa forma, 2 não desperta para uma nova realidade de mercado ou não se adapta a um novo nicho consumidor. Um produto, uma marca: as marcas associadas a um único produto são fragilizadas, pois podem ser levadas 3 pelo declínio desse produto. Preços nas alturas: a política de preço pode acelerar o declínio de uma marca, fazendo-a deixar o núcleo do 4 mercado e provocando o surgimento prematuro de marcas de distribuidores. A relação com o canal de distribuição pode ser fator de declínio se a marca não se adaptar às suas novas 5 expectativas. Comunicação (ou falta de): parar de comunicar é cessar de existir no mercado. É preciso modernizar os sinais, 6 mas conservar a base. Fonte: adaptado de KAPFERER, 2003, p. 329-332. BRANDING dação), uma marca estaria sofrendo um processo de envelhecimento aos olhos de Kapferer (2003), O branding visa a criar uma consciência de pois estaria associada ao declínio das vendas e à marca na mente do consumidor. Não há marca se redução da participação no mercado. não houver quem a reconheça. Aaker (1996) expli- O último nível de conscientização, segundo ca que a conscientização é medida de acordo com Aaker (1996), é o predomínio da marca registrada, as diferentes formas de os consumidores lembra- no qual, em uma pesquisa de recall, a maioria dos rem uma marca, indo do reconhecimento, passan- clientes só consegue indicar o nome de uma úni- do pela recordação, até chegar ao top of mind e à ca marca – por exemplo, Bombril, Kleenex, Xerox, marca dominante: Maizena. Aaker (1996) adverte que esse sucesso A pesquisas na área de psicologia demonstram que, absoluto pode ser trágico se a marca registrada de forma isolada, o reconhecimento pode resultar se converter na denominação comum de pro- em sensações mais positivas em relação a pratica- dutos não legalmente protegidos. A Aspirina, o mente qualquer coisa, seja essa coisa música, pes- Cellophane, o Escalator e o Windsurf são exem- soas, palavras ou marcas. Esses estudos também plos que denominaram uma categoria de produ- demonstraram que, mesmo com palavras sem senti- tos e acabaram perdendo o seu reconhecimento do (como “postrina” versus “potastin”, por exemplo), enquanto marca. Aaker (1996) diz como evitar a os consumidores preferem um item já percebido an- perda de uma marca registrada: teriormente a uma completa novidade. Assim, quan- As empresas devem começar a protegê-la do se escolhe uma marca, a marca familiar terá uma no início de sua existência, a começar pelo próprio vantagem. (AAKER, 1996, p. 20) nome do produto. Cuidado com as denominações descritivas como Windows (janelas), porque elas O reconhecimento é diretamente proporcio- se tornam mais difíceis de diferenciar do produto nal à recordação de uma marca de sucesso. Uma genérico e, assim, mais difíceis de proteger. É útil marca, por exemplo, com elevado índice de reco- e até mesmo necessário criar uma denominação nhecimento e baixo índice de recordação pode es- genérica, para que a marca não seja usada para tar com os dias contados: os clientes conhecem a designar o tipo de produto. (AAKER, 1996, p. 26) marca, mas não se lembram dela quando pensam em comprar alguma coisa. Ao encaminhar-se a esse nível (de elevado conhecimento e baixa recor- FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 49 Revista Faces FUMEC 2 .indd 49 29/8/2008 14:44:54
  • 7. GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES POSICIONAMENTO necessário, “pois lembra que, para o consumi- dor, toda escolha é comparativa: um produto só “Posicionamento é um conceito que mudou pode ser analisado quando estiver situado clara- a natureza da propaganda, um conceito tão sim- mente dentro de uma problemática de escolha” ples que as pessoas têm dificuldade em compre- (KAPFERER, 2003, p. 88). ender sua força” (RIES; TROUT, 1989, p. 2). Para Kapferer (2003) pondera que é preciso res- Kapferer (2003), o posicionamento é um conceito ponder a quatro perguntas a fim de se estabelecer um posicionamento para a marca: QUADRO 4 Quatro perguntas a serem respondidas para estabelecer um posicionamento para a marca Pergunta Definição 01 A marca por quê? É o ângulo da promessa, do benefício ao consumidor. 02 A marca para quem? É o ângulo do objetivo. Durante muito tempo, Coke foi o refrigerante dos adolescentes. 03 A marca para quando? É o ângulo da ocasião de utilização: o J&B é o uísque da noite. Num contexto competitivo, essa questão define os concorrentes prioritários, aqueles 04 A marca contra quem? que talvez possam se apoderar de uma parte da clientela. A vodka Absolut é concorrente do uísque. Fonte: adaptado de KAPFERER, 2003, p. 88. Ries e Trout (1989) explicam que o posicio- de uma empresa ou marca. Quando uma compa- namento começa com o produto, uma peça de nhia não tem foco, não há como melhorar os resul- merchandising, um serviço, uma empresa, uma ins- tados, mesmo que se façam as coisas de forma tituição ou mesmo uma pessoa. Posicionamento é a melhor: é como uma foto fora de foco, que se pode maneira como o produto aparece na mente do com- ampliar, aumentar o contraste e imprimir num papel prador em potencial. Os autores advertem que é in- melhor, mas a imagem não melhorará se não for correto chamar posicionamento de product positio- alcançado o foco. ning, pois na realidade faz-se pouca (ou nenhuma) alteração no produto. “Mudanças feitas no nome, INOVAÇÃO no preço e na embalagem não são mudanças feitas no produto, são mudanças plásticas com o obje- Pode-se questionar a pertinência da ino- tivo de assegurar uma posição preciosa na men- vação diante do estudo proposto. A justificativa te do cliente potencial” (RIES; TROUT, 1989, p. 2). está no levantamento feito por Vegso e Sampaio Para compreender o posicionamento de uma (2007), que identificam as sete marcas mais marca de sucesso, é necessário compreender o “bem-vestidas” do país. Dessas, quatro têm sua conceito de identidade de marca. Semprini (2006) escolha justificada pela inovação e outras duas, explica que a identidade da marca busca torná-la embora a palavra “inovação” não seja citada simples e facilmente reconhecível. É a identidade pelos autores, a têm como base de seu suces- de uma marca que o público conhece, reconhece e, so. As marcas selecionadas “têm em comum a por vezes, aprecia. É ainda a “identidade [da marca] proposição e prática da permanente renovação que funciona de maneira metonímica para exprimir a como fator de importância em sua estratégia grande variedade de significados e de nuances das de evolução” (VEGSO; SAMPAIO, 2007, p. 20). manifestações da marca” (SEMPRINI, 2006, p. 125). Barbieri (2004) explica que “inovar” deriva Aaker (1996) compara a identidade de uma do latim innovo, innovare, que significa tornar novo, marca à identidade de uma pessoa. Assim como renovar ou introduzir novidades de qualquer es- uma pessoa se preocupa em definir seus valores pécie. Jonash e Sommerlatte (2001), Damanpour essenciais, em definir como deseja ser percebida e (1996) e Afuah (2003) classificam os principais ti- que traços de personalidade gostaria de projetar, a pos de inovação: identidade de uma marca proporciona sentido, fina- lidade e significado para ela. Ries (1996) define posicionamento como foco e o considera necessário no gerenciamento 50 FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 Revista Faces FUMEC 2 .indd 50 29/8/2008 14:44:54
  • 8. EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM QUADRO 5 Principais tipos de inovação relacionados por Jonash e Sommerlatte;Damanpour; Afuah Tipo de inovação Autores Descrição Jonash e Sommerlatte Referem-se à introdução de um novo produto ou serviço Produtos ou serviços Damanpour no mercado, geralmente voltado a atender necessidades e Afuah desejos dos consumidores em potencial. Jonash e Sommerlatte Referem-se ao desenvolvimento de novas formas produtivas Processos tecnológicos Damanpour na manufatura de produtos ou na distribuição de serviços. Referem-se ao desenvolvimento de novos métodos de Jonash e Sommerlatte Negócios, sistema inserção e exploração do mercado, resultando em aumento Damanpour administrativo, mercado de tamanho da organização e em novo conhecimento de Afuah mercado. Refere-se à adoção de novos projetos, programas ou Inovação em planos Damanpour processos, que contribuem no desempenho da organização. Fonte: adaptado de VICENTI, 2006, p. 25-26. Scharf (2006) traça um paralelo entre a cria- Foram selecionadas quatro marcas (Antarcti- tividade e a inovação na agência de comunicação. ca, Doriana, Motorola e Penalty) através de pesqui- Pode-se compreender criatividade como a gera- sas top of mind realizadas pelo Instituto Datafolha ção de uma idéia inovadora, e inovação como a entre 2001 e 2006. Foram escolhidas aquelas que colocação em prática dessa idéia. Assim, a inova- tiveram variação significativa em seu desempenho ção vem das idéias criativas da agência que, para no período pesquisado. Top of mind refere-se à “ca- serem consideradas inovação, precisam ser efeti- pacidade dos consumidores de extrair a marca da vamente implantadas. memória quando lhes são sugeridas a categoria do produto, as necessidades satisfeitas por essa ca- tegoria ou uma situação de compra ou utilização” METODOLOGIA DO ESTUDO (KELLER; MACHADO, 2006, p. 42). Para atingir os objetivos traçados, foram re- alizadas duas pesquisas qualitativas: a primeira, APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS exploratória, confronta dados disponíveis sobre o processo de construção e gerenciamento da mar- Inicialmente, faz-se um breve resumo da ca, para compreender o seu declínio; a segunda, marca. Em seguida, um pequeno histórico de co- descritiva, analisa os fatores que resultaram no de- municação da marca, com dados oficiais. Depois, sempenho das marcas selecionadas, realizando-se a variação existente no índice de lembrança espon- uma amostra não-probabilística por conveniência. tânea do Instituto Datafolha. Por fim, apresentam-se Segundo Samara e Barros (2002), os estudos as conclusões sobre cada caso. As marcas selecio- exploratórios são realizados a partir de dados secun- nadas para estudo foram Antarctica (segmento ali- dários (já disponíveis). Os estudos descritivos procu- mentação/cerveja; ano de fundação: 1888, empre- ram apresentar situações de mercado a partir de da- sa-mãe: Ambev); Doriana (segmento alimentação/ dos primários, obtidos por meio de entrevistas pes- margarina; ano de fundação: 1928; empresa-mãe: soais ou discussões em grupo. Explicam-se assim as Unilever); Motorola (segmento comunicação/telefo- amostras não-probabilísticas por conveniência: nia celular; ano de fundação: 1928; empresa-mãe: Os elementos da amostra são selecionados de Motorola); Penalty (segmento material esportivo; acordo com a conveniência do pesquisador. São ano de fundação: 1930; empresa-mãe: Cambuci). as pessoas que estão ao alcance do pesquisador e dispostas a responder um questionário. Essa ANTARCTICA técnica é não-conclusiva e a amostragem é me- nos confiável, apesar de mais barata e simples. A Cia. Antarctica Paulista, fundada em 1885 (SAMARA; BARROS, 2002, p. 94) na cidade de São Paulo, produzia inicialmente gelo e produtos alimentícios. Três anos mais tarde, lan- ça a cerveja Antarctica Pilsen e Original. Em 1º de FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 51 Revista Faces FUMEC 2 .indd 51 29/8/2008 14:44:54
  • 9. GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES julho de 1999, funde-se com a cervejaria Brahma DESEMPENHO NO ÍNDICE TOP OF MIND para criar a Ambev. DATAFOLHA HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO Desde o primeiro ano de levantamento Top of mind do Instituto Datafolha a categoria “cerveja” Foi a primeira marca de cerveja a fazer pro- é pesquisada. Em 1991, a marca alcançou 45% de paganda no Brasil. O anúncio, de março de 1889, lembrança espontânea, seguida por Brahma (33%) e foi publicado no A Província de São Paulo (atual O por Skol (7%). Em 1998 a marca caiu oito pontos per- Estado de S. Paulo) com o seguinte texto: “Cerveja centuais, seguida pela Brahma (28%) e Skol (21%). Antarctica em garrafa e em barril – encontra-se à Em outubro de 2000, as três marcas estavam tecnica- venda no depósito da fábrica à rua Boa Vista, 50”. mente empatadas, mas a liderança continuava com Em 1895, desenvolve a primeira logomarca e, em a Antarctica. Em 2001, a Skol assumiu pela primeira 1935, os pingüins passam a integrar os rótulos. Em vez a liderança, embora empatada tecnicamente com 2001 renova-se a identidade visual da marca. No final Antarctica e Brahma. A Antarctica caiu para 13% em de 2003, é lançada a campanha BOA – Bebedores 2005 e 14% em 2006. A Brahma também apresentou Oficiais de Antarctica. variação negativa em menor escala, mas manteve-se em segundo lugar no ranking. A Skol assumiu a lide- rança absoluta, com 39% da amostra em 2006. GRÁFICO 1 Top of Mind - Cerveja 50 45 Antarctica 40 35 Skol 30 25 Brahma 20 15 Kaiser 10 Schincariol 5 0 1992.a 1992.b 1991 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Levantamentos Fonte: Datafolha, 2006 Fonte: Datafolha, 2006 CONCLUSÕES SOBRE O CASO mentava o seu faturamento na casa dos 30% ao ano, enquanto a Antarctica perdia cerca de 20% do mer- A Antarctica foi líder de mercado durante mui- cado. Em 1997, ano em que se iniciou a trajetória to tempo, o que pode ser compreendido através da de queda mais acentuada da Antarctica e aumentou denominada lei da mente (RIES; TROUT, 1993, p. consideravelmente o índice de lembrança espontâ- 10), segundo a qual é melhor ser o primeiro na men- nea da Skol, foi lançada a campanha “desce redon- te do consumidor que ser o primeiro no mercado. do”, cujo sucesso provocou um reposicionamento A primeira cerveja de fato foi a Bohemia (1853). A em toda a categoria de produtos: passava a existir a Antarctica, lançada só 32 anos depois, junto com a cerveja que desce redondo (Skol) e as que desciam Brahma, foi, entretanto, a primeira a se apresentar quadradas (todas as outras). ao consumidor. Favorável à Skol foi a imagem de inovação No período que antecedeu a fusão da Brahma constante: primeira cerveja em lata (folha de flan- e Antarctica para a criação da Ambev, a Brahma au- dres) do Brasil, em 1971; primeira cerveja em lata 52 FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 Revista Faces FUMEC 2 .indd 52 29/8/2008 14:44:54
  • 10. EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM de alumínio (1989); primeira embalada em lata com combinação de queijo e ingredientes de origem alargamento da boca de saída; primeira com emba- vegetal, 2005). Em 2007, é lançada a Doriana enri lagem retorcida e primeira a ter indicador no rótulo quecida com ácidos graxos essenciais e vitaminas de quando a cerveja está suficientemente gelada. A, D e C. Esse crescimento repentino da Skol afetou mais a marca Antarctica do que a Brahma, simples- mente porque a Brahma era detentora da marca HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO Skol. Apesar de também perder uma parcela sig- nificativa de mercado e de índice de lembrança es- Em 1970, a Doriana lança campanha bus- pontânea, a cerveja Brahma beneficiou-se por ser cando minimizar a rejeição ao produto. Em 1975, percebida como responsável por essa inovação. inova ao lançar a campanha Sorriso, criando a lin- A Antarctica não soube se posicionar diante guagem tradicional dos comerciais de margarina. das novas realidades mercadológicas. A postura Entre 1984 e 2005, investe em filmes publicitários e adotada foi lenta e reativa: somente quatro anos ações de merchandising e de inserção durante no- depois de o mercado ter-se dividido entre a cerveja velas da Rede Globo. Em 1999 a identidade visual redonda e as quadradas, a Antarctica rejuvenesceu da família Doriana é reformulada completamente. a sua logomarca e procurou lançar uma campanha Em 2002, ganha novas embalagens e novo logoti- que a identificasse melhor. po. Em 2005, a marca é relançada com novas em- balagens e novo logotipo. DORIANA DESEMPENHO NO ÍNDICE TOP OF MIND A Doriana foi lançada no mercado brasileiro DATAFOLHA em 1970. Seis anos depois, tornou-se líder de ven- das na categoria. Foi lançada com mais leite e cre- Em 1991, a Doriana lidera isoladamen- mosidade (1985); lançada a Doriana Culinária (1989); te com 33%, seguida por Delícia (19%) e Primor a Doriana Light (a primeira do mercado, em 1991); (10%). Em 1995 atinge o seu índice mais alto Doriana Líquida (também a primeira do mercado, (34%), seguida por Primor (13%) e Delícia (10%). 1994); Doriana Yofresh (a primeira com ingredien- Inicia trajetória de queda, passando de 34% para tes obtidos do iogurte, 1997); Doriana Fibra e Cálcio 29% em 1996, 27% em 1998, 23% em 1999, 20% (2001); Cream Doriana (primeiro produto feito da em 2000 e 18% em 2006. GRÁFICO 2 Top of Mind - Margarina 40 35 30 Doriana 25 Qualy 20 Primor 15 Delícia Del’cia 10 Soya 5 0 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 Fonte: Datafolha, 2006. 19 19 19 19 19 19 19 19 19 20 20 20 20 20 20 20 Levantamentos Fonte: Datafolha, 2006 Fonte: Datafolha, 2006 FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 53 Revista Faces FUMEC 2 .indd 53 29/8/2008 14:44:55
  • 11. GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES CONCLUSÕES SOBRE O CASO ro aparelho brasileiro com sistema Windows Mobile (2004, mesmo ano do lançamento do V3, o apare- Apesar da variação negativa de 16 pontos lho celular dobrável mais fino do mundo). percentuais, a marca continua empatada tecnica- mente em primeiro lugar com a Qualy. Mas a queda HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO foi constante (exceções em 1997 e 2003), indicando diminuição da notoriedade da marca. Concentra suas ações promocionais no pa- Há relação entre a extensão de linha da mar- trocínio, participação em eventos e propagandas ca e sua queda no índice. A empresa utiliza a marca “casadas” com operadoras de celular: lança o para lançar novos produtos relacionados com o ori- Motomix, evento que oferece uma experiência mul- ginal. A queda da Doriana no índice coincide com timídia única aos participantes (2003); patrocina o a ascensão da marca Qualy, cuja empresa-mãe é Tim Festival em São Paulo (2004). Em parceria com a Sadia, que investiu fortemente em comunicação a Vivo e com a Qualcomm, patrocina o único barco no lançamento da margarina Qualy em 1991 e, em brasileiro participante da Volvo Ocean Race – mais apenas seis anos, tornou-se líder de mercado no importante regata de volta ao mundo (2005). Durante segmento. Scharf e Soriano-Sierra (2006) comen- a cerimônia do Oscar de 2005, presenteou os prin- tam que a percepção que o consumidor tem da cipais indicados com uma versão personalizada de marca está relacionada ao investimento percebido, seu recém-lançado V3. Patrocinou, em parceria com pois “é da sabedoria popular o entendimento de a Claro, shows de Lenny Kravitz e Rolling Stones no que as marcas mais lembradas são mais admira- Brasil. Além disso, participa das semanas de moda das” (SCHARF; SORIANO-SIERRA, 2006, p. 5). do Rio de Janeiro e de São Paulo. MOTOROLA DESEMPENHO NO ÍNDICE TOP OF MIND A Motorola foi fundada em 1928 nos Estados DATAFOLHA Unidos, fabricando rádio para carros e rádios po- liciais. Cria o pager (1955); lança o primeiro rádio No primeiro ano do levantamento top of mind portátil de bolso (1959); Armstrong transmite suas do Instituto Datafolha para a categoria de aparelho palavras da lua através de um transponder proje- de telefone celular, a Motorola liderou com grande tado e fabricado pela Motorola (1969); inicia sua vantagem (20% contra 3% da Nokia). No ano seguin- atividade no Brasil (1971); lança o primeiro celular te, houve aproximação das duas marcas (Nokia atin- do mundo, o DynaTAC (1983); criada a Motorola do ge 7% e a Motorola, 14%). A Nokia manteve trajetória Brasil (1992); lança o StarTAC, o menor e mais leve de crescimento e, entre 2002 e 2003, ultrapassou os celular do mundo até então (1996, mesmo ano da 30%. A Motorola manteve-se em queda até 2002, inauguração da fábrica no Brasil); lança o primei- quando atingiu 8%. Agora esboça alguma reação. GRÁFICO 3 Top of Mind - Aparelho de Telefone Celular 40 35 30 Motorola 25 20 Nokia 15 10 5 0 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Levantamentos Fonte: Datafolha, 2006 Fonte: Datafolha, 2006. 54 FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 Revista Faces FUMEC 2 .indd 54 29/8/2008 14:44:55
  • 12. EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM CONCLUSÕES SOBRE O CASO Confederação Brasileira de Futebol de Salão; inicia a confecção de calçados esportivos (1980); consoli- O lançamento do StarTac, em 1996, colocou a da-se na América do Sul, ao ser tricampeã da Copa marca em evidência no cenário nacional. Entretanto, Libertadores da América (duas vezes com o São a marca não acompanhou as mudanças ocorridas Paulo em 1992 e 1993 e uma vez com o Grêmio em entre 1997 e 1999. Ficou associada a tecnologias 1995) e bicampeã Mundial Interclubes com o São antigas, enquanto a Nokia trazia conceitos de ino- Paulo. Em 2000, forneceu as bolas oficiais para a vação, aliada ao status de ser a maior fabricante de Copa América. celulares do mundo. A Motorola, por ser uma marca que já operava no Brasil antes do boom de celula- HISTÓRICO DE COMUNICAÇÃO res, reinava no mercado. Talvez devesse ter constru- ído um modelo de uso do conhecimento para ob- Desde 1986, investe fortemente em propa- ter vantagens competitivas sustentáveis. Conforme ganda. Em 1989, lançou o famoso slogan “marca Scharf (2006, p. 110), “o conceito de gestão do co- de profissional”, utilizado até 2002. Já lançou 63 nhecimento vai se formando na empresa como re- comerciais de televisão nos formatos tradicionais, flexo da sua cultura organizacional, das crenças que dividindo-se entre institucionais e de produtos. Em ultrapassaram os tempos, do comportamento dos 2002, adotou o slogan “qual o seu jogo?” e, em grupos e das diretrizes adotadas”. É um conceito 2007, passou a utilizar “patrocina o seu jogo”. relativamente novo no mundo organizacional, mas absolutamente necessário para o desenvolvimen- to empresarial. No primeiro ano do levantamento DESEMPENHO NO ÍNDICE TOP OF MIND Datafolha, 61% dos entrevistados não sabiam citar DATAFOLHA marca alguma. Em 2006 esse índice foi de apenas 14%, demonstrando a velocidade de introdução do O Instituto Datafolha realizou apenas três le- conceito no país. vantamentos na categoria de material esportivo. Em 2004, a Penalty liderou com 14%, empatando tecni- PENALTY camente com a Nike (11%) e com a Adidas (10%). No ano seguinte, a Nike assumiu a liderança (15%), A Penalty, marca de propriedade da Malharia a Penalty caiu (10%), empatada tecnicamente com a Cambuci S.A. de São Paulo (fundada na década Adidas (9%). Em 2006 a Nike ampliou sua vantagem de 30), foi lançada na década de 70 para fabricar para 18%, a Adidas para 12% e a Penalty manteve- produtos para o futebol. Logo após, firmou parceria se empatada tecnicamente na segunda colocação, com o São Paulo Futebol Clube e, em 1979, com a com 11% no índice. GRÁFICO 4 Top of Mind - Material Esportivo 20 Penalty 15 Nike 10 Adidas Olympikus 5 Topper 0 2004 2005 2006 Levantamentos Fonte: Datafolha, 2006 Fonte: Datafolha, 2006. FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 55 Revista Faces FUMEC 2 .indd 55 29/8/2008 14:44:55
  • 13. GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES CONCLUSÕES SOBRE O CASO tes. Mesmo após perderem a liderança de mercado, permaneceram líderes de lembrança espontânea Foi a primeira marca esportiva bem posicio- por alguns anos até apresentarem a efetiva variação nada diante do consumidor. Desde a década de negativa. Constata-se que as pessoas não asso- 1970, já utilizava patrocínio de clubes para ganhar ciam a categoria de produtos sugerida às marcas notoriedade. A empresa foi a primeira fabricante que efetivamente consomem, mas às marcas com nacional de bolas esportivas de alta performance, as quais gostariam de estar associadas. apesar de não ser a primeira empresa de material A principal estratégia utilizada para gerenciar esportivo do Brasil (Rainha, em 1954). a relação entre marca e produto é a da marca-linha, A partir de 1995, com o real valorizado peran- em que “a empresa utiliza uma marca já consolida- te o dólar, houve uma grande investida de marcas da para lançar novos produtos relacionados com o multinacionais, como Nike e Adidas, no mercado produto original, mantendo-se o posicionamento já brasileiro. Lima (2007) explica que essas marcas im- alcançado” (KAPFERER, 2003, p. 195). Nas marcas plementaram uma nova forma de comunicação e de analisadas não se mantém o mesmo posicionamen- posicionamento de marketing ao patrocinar atletas to. É notável a relação existente entre a extensão de consagrados em diversas modalidades. linha e a queda no índice, embora a variação da linha O alvo publicitário da indústria esportiva brasi- não seja algo necessariamente ruim. Observe-se a leira é o futebol. Segundo Lima (2007), esse esporte constância, nos índices top of mind do Datafolha, da movimenta cerca de seis bilhões de dólares ao ano marca Omo, apontada como top do top em sua últi- no mercado mundial e há uma relação direta entre ma edição. Isso permite à Omo estender a sua linha a liderança de vendas exercida por uma marca em e manter-se como ícone linear de posicionamento. determinado país e a empresa que patrocina a sele- As quatro marcas analisadas não souberam ção nacional de futebol. A Nike, por exemplo, lidera reagir a uma nova realidade de mercado, e esse foi a venda de artigos esportivos na Europa, mas perde um fator de declínio. A Antarctica demorou para per- nos países em que a seleção nacional de futebol é ceber que estava “quadrada”, a Doriana demorou patrocinada pela Adidas, como França, Espanha e para promover alterações necessárias, a Motorola Alemanha. A Nike, desde 1996, é a patrocinadora não participou da introdução acelerada do celular oficial da seleção brasileira de futebol, com contrato e a Penalty não conseguiu reagir à introdução das válido até o ano de 2018. grandes marcas internacionais. Apesar de ser o esporte coletivo de maior Nenhuma das marcas analisadas apresen- notoriedade no país, o futebol não é o mais pratica- tou queda em decorrência de produtos obsole- do, posto ocupado pelo futsal ou futebol de salão tos. Pode-se, contudo, indicar dois fatores para (PEDAGOGIA DO FUTSAL, 2007). A trajetória da o envelhecimento da marca: a política exagerada Penalty é marcada por uma relação de proximidade de extensão de linha, sem observar o posiciona- com os praticantes do futsal: foi a primeira empresa mento original da marca (referencial cognitivo do no mundo a dispor de uma linha completa de produ- consumidor) e o não aproveitamento de oportuni- tos para a modalidade. Patrocinou a Confederação dades de mercado, muitas vezes sutis, que possi- Brasileira de Futebol de Salão nos anos que marca- bilitam um reposicionamento de toda a categoria. ram a ascensão do esporte no Brasil. Depois de 20 Negligenciar o posicionamento da marca e anos de parceria, a Penalty deixou de ser a marca novas possibilidades pode ser irreversível para a oficial da CBFS para dar lugar à Dalponte, perdendo manutenção do brand equity. Outra marca pode notoriedade junto ao público-alvo, mas conseguiu tomar a dianteira, restando àquela que já foi líder ingressar em outros mercados, principalmente na aguardar por um deslize que lhe dê nova chance no América do Sul, garantindo prestígio internacional. mercado. Portanto, para evitar o envelhecimento da marca, deve-se investir em pesquisa e desenvolvi- CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES mento, estar informado das mudanças em outros mercados, ter conhecimento prévio das alterações A partir da revisão da literatura e da análise de comportamento do target para identificar novos dos casos selecionados, percebem-se afinidades nichos consumidores e estar preparado para defen- entre as marcas que apresentaram variação nega- der a marca no confronto direto que, em algum mo- tiva no índice top of mind do Datafolha. mento, ocorrerá. > O primeiro ponto em comum é o elevado brand equity apresentado pelas marcas decaden- 56 FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 Revista Faces FUMEC 2 .indd 56 29/8/2008 14:44:55
  • 14. EDSON ROBERTO SCHARF • EDUARDO JUAN SORIANO-SIERRA • DIOGO PRIM Edson Roberto Scharf Tel: (48) 9922.9523 FURB – Universidade Regional de Blumenau e-mail: sierra.ejs@yahoo.com.br Professor de Marketing Professor de Sistemas Naturais e Antropogênicos na Rua Antonio da Veiga, 170 – 89010.971 – Blumenau UFSC, ministra no programa de doutorado em Enge- – SC nharia e Gestão do Conhecimento (UFSC) e na gradu- Tel: (47) 9981.1112 ação, nos cursos de Biologia e Oceanografia. É doutor e-mail: talentto@terra.com.br em Ciências Biológicas, com pós-doutorado na Fran- Professor de Marketing e de Administração de Publici- ça. Atua em programas de conservação e preservação dade e Propaganda na FURB, cursando o doutorado ambiental do governo estadual. É consultor na área em Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC), ambiental, particularmente sobre questões marinhas. mestre em Administração de Negócios e especialis- ta em Marketing. É autor dos livros Administração na Diogo Prim Propaganda (Qualitymark, 2006) e Gestão do Conhe- FURB – Universidade Regional de Blumenau cimento Aplicada ao Marketing (2007). Coordena a Publicitário especialização em Gestão do Conhecimento Aplicada Rua Antonio da Veiga, 170 – 89010.971 – Blumenau aos Negócios Competitivos na FURB. Atua também – SC como diretor de criação da Greyhound Comunicação. Tel: (47) 3321.0200 É palestrante e consultor nas áreas de branding e pla- e-mail: diogoprim@gmail.com nejamento de comunicação. Publicitário graduado na FURB Universidade Regional de Blumenau, atua como assessor de marketing em Eduardo Juan Soriano-Sierra empresa do governo estadual. Cursa especialização UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina na área de Marketing. Professor de Sistemas Antropogênicos Campus da UFSC – Trindade – 88800.000 - Florianó- polis – SC Referências AAKER, David. Criando e ANDRADE, Josmar; MARQUES, Tradução Carlos Alberto Silveira administrando marcas de sucesso. Jane Aparecida. A força da Netto Soares e Nivaldo Montigelli Tradução Eduardo Lasserre. São propaganda no composto de Jr. Porto Alegre: Bookman, 2001. Paulo: Futura, 1996. comunicação de marketing. São Paulo: VIII Semead, 2005. DATAFOLHA. Top of mind 2006. AAKER, David. Marcas: brand Disponível em <http://www. equity gerenciando o valor da BARBIERI, J. C. et al. Organizações datafolha.folha.uol.com.br>. marca. Tradução André Andrade. inovadoras: estudos e casos Acesso em 22 de abril de 2007. São Paulo: Negócio, 1998. brasileiros. 2. ed., Rio de Janeiro: FGV, 2004. DORIANA. Desenvolvido pela ABA; TOP BRANDS; GAZETA CBFS. Desenvolvido pela Unilever, 2007. Apresenta MERCANTIL. Marcas líderes Confederação Brasileira de histórico da marca Doriana e Gazeta Mercantil. Disponível em < Futebol de Salão, 2007. Apresenta da comunicação desenvolvida. http://www.gazetamercantil.com. panorama do esporte. Disponível Disponível em <http://www. br/web/marcas_lideres/default. em <http://www.cbfs.com.br>. doriana.com.br>. Acesso em 10 asp>. Acesso em 12 de junho de Acesso em 10 de junho de 2007. de junho de 2007. 2007. CREDICARD. Desenvolvido ELLWOOD, Iain. O livro essencial AMBEV. Desenvolvido pela pela Credicard Citi, 2006. das marcas: tudo o que você AmBev, 2006. Apresenta histórico Apresenta histórico da marca e precisa saber, em mais de 100 das marcas Antarctica, Brahma e da comunicação desenvolvida. técnicas para aumentar o valor Skol, bem como da comunicação Disponível em <http://www. das marcas. Tradução Henrique desenvolvida pela Antarctica. credicardciti.com.br>. Acesso Amat Rêgo Monteiro. São Paulo: Disponível em <http://www. em 12 de junho de 2007. Clio, 2004. ambev.com.br>. Acesso em 11 de junho de 2007. CZINKOTA, Michael R. et al. JOHNSTON, Alva; REGINALD, Marketing: as melhores práticas. Marsh. Legendary mizners, the. FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 57 Revista Faces FUMEC 2 .indd 57 29/8/2008 14:44:55
  • 15. GRANDES MARCAS, ONTEM: O ENVELHECIMENTO DE MARCAS LÍDERES New York: Farrar, Straus and KOTLER, Philip; KELLER, Kevin técnica Cristina Becellar. São Giroux, 2003. Lane. Administração de marketing. Paulo: Prentice Hall, 2002. Tradução Mônica Rosenberg, JONASH, R. S.; SOMMERLATTE, Cláudia Freire, Brasil Ramos PEDAGOGIA DO FUTSAL. T. O valor da inovação: como Fernandes. 12. ed. São Paulo: Coordenação de Wilson Carlos de as empresas mais avançadas Pearson Prentice Hall, 2005. Santana. Desenvolvido por Icomp, atingem alto desempenho e 2003-2007. Apresenta a história lucratividade. Rio de Janeiro: KUNSCH, Margarida Maria do futsal. Disponível em <http:// Campus, 2001. Krohling. Relações Públicas e www.pedagogiadofutsal.com.br>. modernidade: novos paradigmas Acesso em 10 de junho de 2007. KAPFERER, Jean-Noël. Marcas na comunicação organizacional. à prova de prática: aprendendo São Paulo: Summus, 1997. PENALTY. Desenvolvido pela com os erros. Tradução Carolina InPress Porter Novelli, 2007. Huang. 2. ed. Porto Alegre: LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Apresenta histórico da marca Bookman, 2004. Marketing: conceitos, exercícios, Penalty e da comunicação casos. 5. ed. São Paulo: Atlas, desenvolvida. Disponível em KAPFERER, Jean-Noël. As 2001. <http://www.penalty.com.br>. marcas, capital da empresa: criar Acesso em 10 de junho de 2007. e desenvolver marcas fortes. LEDUC, Robert. Propaganda, uma Tradução Arnaldo Ryngelblum. 3. força a serviço da empresa. São REVISTA ABOUT. São Paulo: ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. Paulo: Atlas, 1980. Versart, ano XVIII, n. 866, nov. 2006. KELLER, Kevin Lane; MACHADO, LEMOS, Alexandre; TURLÃO, Marcos. Gestão estratégica de Felipe. Conteúdo salva marcas da RIBEIRO, Júlio et al. Tudo o que marcas. Tradução Arlete Simille overdose midiática. Revista About. você queria saber sobre propaganda Marques. São Paulo: Pearson São Paulo: Versart, ano XVII, n. e ninguém teve paciência para Prentice Hall, 2006. 856. explicar. 3. ed. São Paulo: Atlas, KOTLER, Philip. Administração LIMA, Samantha. A disputa 1989. de marketing: a edição do chegou ao Brasil. Revista Exame. novo milênio. Tradução Bazán São Paulo: Abril, ano XL, n. 889. RIES, Al. Foco: uma questão de Tecnologia e Lingüística; revisão vida ou morte para uma empresa. técnica Arão Sapiro. São Paulo: MOTOROLA. Desenvolvido Tradução Maria Cláudia Santos R. Prentice Hall, 2000. pela Motorola Inc, 1994-2007. Ratto. São Paulo: Makron Books, Apresenta histórico da marca 1996. KOTLER, Philip. Administração de Motorola e da comunicação marketing: análise, planejamento, desenvolvida. Disponível em RIES, Al; RIES, Laura. As 22 implementação e controle. <http://www.motorola.com.br>. consagradas leis de marcas. Tradução Ailton Bonfim Brandão. Acesso em 9 de junho de 2007. Tradução Ernesto Yoshida. São São Paulo: Atlas, 1998. Paulo: Makron Books, 2000. NOKIA. Desenvolvido pela Nokia, KOTLER, Philip. O marketing sem 2007. Apresenta histórico da RIES, Al; TROUT, Jack. As 22 segredos: Philip Kotler responde marca. Disponível em <http:// consagradas leis do marketing. as suas dúvidas. Tradução Bazan www.nokia.com.br>. Acesso em Tradução Barbara Theoto Lambert. Tecnologia e Lingüística. Porto 9 de junho de 2007. São Paulo: Makron Books, 1993. Alegre: Bookman, 2005. NUNES, Gilson; HAIGH, David. RIES, Al; TROUT, Jack. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Marca: valor do intangível, medindo Posicionamento: como a mídia Gary. Princípios de marketing. e gerenciando seu valor econômico. faz a sua cabeça. Tradução José Tradução Arlete Simille Marques, São Paulo: Atlas, 2003. Roberto Whitaker Penteado. São Sabrina Cairo. 9. ed. Rio de Paulo: Pioneira, 1989. Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, OGDEN, James R. Comunicação SADIA. Apresenta histórico da 1998. integrada de marketing: modelo marca Qualy. Disponível em prático para um plano criativo <http://www.sadia.com.br>. e inovador. Tradução e revisão Acesso em 10 de junho de 2007. 58 FACES R. Adm. • Belo Horizonte • v. 6 • n. 2 • p. 45-59 • mai./ago. 2007 Revista Faces FUMEC 2 .indd 58 29/8/2008 14:44:55