O documento discute as concepções hegelianas sobre estética. Segundo Hegel, a estética é a ciência do belo artístico e não do belo natural. Ele defende que a arte é superior à natureza pois é uma criação do espírito humano. A metodologia científica não é aplicável à arte, mas a arte pode ser objeto de reflexão filosófica. Para Hegel, a arte tem como função conciliar razão e sensibilidade, representando ideias elevadas de forma sensível.
2. +
Estética
n Filosofia, ciência do belo, precisamente do belo artístico,
pois dela se exclui o belo natural.
3. +
Estética
n A beleza criada pela arte seria muito inferior comparada à
da natureza. E o maior mérito da arte residiria em aproximar
as suas criações do belo natural.
n Mas, se assim acontecesse, ficaria excluída da estética uma
grande parte do domínio da arte.
n O belo artístico é superior ao belo natural, por ser um
produto do espírito que comunica essa superioridade dos
seus produtos, à arte.
n Tudo o que provém do espírito é superior ao que existe na
natureza.
5. +
Estética
n Quando Hegel fala em superioridade, ele apenas indica uma
diferença quantitativa.
n A diferença entre o belo artístico e natural não é uma simples
diferença quantitativa.
n A superioridade do belo artístico provém da participação do
espírito.
n Só o espírito é verdade.
6. +
Estética
n O que é o belo natural, então?
n O belo natural é reflexo do espírito, pois só é belo enquanto
participante do espírito.
n Ele é o modo imperfeito do espírito.
7. +
Estética
n O belo produzido pelo espírito é o objeto, a criação do
espírito, e toda a criação do espírito é um objeto a que não
se pode recusar dignidade.
n Então, a estética vai ser o estudo das relações entre o belo
artístico e o belo natural.
n Objeto do estudo da estética é formado pelo domínio do
belo e pelo domínio da arte.
8. +
Estética
n Sempre a arte foi para o homem instrumento de
consciencialização das ideias e dos interesses mais nobres
do espírito.
9. +
Estética
n Questão do objeto:
n A estética é diferente de ciências como a geometria e física, por
exemplo;
n A natureza de seu objeto é subjetiva.
10. +
Estética
n A atividade do espírito (objeto) ou se traduz na formação de
representações e intuições internas ou se mantém estéril.
n Portanto, a estética não é uma ciência?
n Esta dúvida quanto a saber se um objeto da representação e
da intuição internas existe ou não existe de um modo geral é
a dúvida que justamente desperta a mais novre exigência
científica de demonstrar a sua necessidade.
11. +
Estética
n O que é o objeto?
n Nunca o objeto da estética possui as determinações tão
firmemente estabelecidas e tão geralmente aceites;
n A própria estética elabora o seu próprio conceito e a justificação
dele.
12. +
Estética
n Ponto de partida:
n Há obras de arte.
n Temos na arte um particular modo de manifestação do
espírito (uma das formas de manifestação do espírito).
n E esse modo particular de manifestação do espírito constitui
um resultado.
n Para Hegel, a arte prepara a consciência de si, que, no seu
ponto mais alto, faz surgir o pensamento filosófico.
n Logo, a estética é concebida por Hegel como uma ciência
filosófica.
13. +
Estética
n Objeções à ideia de Hegel:
n Infinidade e multiplicidade do domínio do belo;
n O belo é objeto da imaginação, da intuição do sentimento, ou
seja, ele não pode constituir objeto de uma ciência nem prestar-
se à especulação filosófica.
14. +
Estética
n Como funciona a ciência?
n A ciência procede da sequinte maneira: consiste em
considerar certos objetos particulares, fatos, experiências,
fenômenos e deduzir em seguida um conceito que seria, no
caso da estética, o belo e sua teoria.
n Segundo o critério da ciência, começa-se por dominar as
formas particulares, classificá-las em gêneros e deduzir em
seguida as regras particulares válidas em cada gênero e
aplicáveis como receitas para a preparação e fabricação das
obras de arte.
15. +
Estética
n Mas qual o problema em seguir esse método científico?
n Seguindo o caminho dado pela ciência, torna-se impossível
descobrir uma regra que distinga o que é belo do que não o
seja.
n É impossível formular um critério do belo. É impossível fixar
regras gerais aplicáveis a arte.
Por quê?
17. +
Estética
n A metodologia científica não é aplicável a arte, pois, sempre
que se tentar distinguir as espécies e os gêneros mediante
determinações isoladas, encontrar-se-ão exemplos que
escapam a essa determinação (Exemplo: biologia e a própria
arte).
n Por onde começar então?
n Portanto, Hegel irá partir da ideia de belo, começando dela
afastam-se oposições e a variedade desse objetos
contraditórios.
n A partir dessa ideia que se origina a variedade de formas e
figuras da arte.
18. +
Estética
n A determinação geral que permanece é a de que a arte
destina-se a despertar em nós sensações agradáveis.
n Para Hegel essa definição é vaga, pois esse modo de pensar
não vai além de resultados superficiais.
19. +
Estética
n Outra objeção se encontra provém da ignorância do critério
que permite reconhecer o que é belo, e também da
convicção ou opinião direta de que o belo não poderá
pertencer ao âmbito da filosofia.
n O pensamento tem um processo científico filosófico, e o belo
e a arte são de uma natureza que escapam à possibilidade
de filosofia.
n A arte teria como campo de ação a esfera dos sentimentos e
das intuições dependentes da imaginação e dirige-se assim
a um domínio do espírito muito diferente do da filosofia.
20. +
Estética
n A tentativa de incutir um pensamento em uma obra destrói
tudo o que ela tem de artístico.
n Só que por ser a obra de arte de ordem espiritual, a arte se
aproxima mais do espírito e do pensamento do que a
natureza exterior.
n Quando a obra de arte não exprime pensamentos e
conceitos,mas representa o desenvolvimento do conceito a
partir de si para uma alteração no exterior, até então o
espírito pode apreender-se a si mesmo na forma que lhe é
própria e que é a do pensamento.
21. +
Estética
n Portanto, o espírito revê-se nos produtos da arte.
n A arte de nossos dias tem por finalidade servir de objeto ao
pensamento. Nossos interesses e exigências deslocaram-se
na esfera da representação.
22. +
Estética
n Será a arte aquilo que adorna os nossos ambientes, suaviza a
seriedade das circunstâncias, atenua a complexidade do
real, deleita com sortilégios os nossos devaneios e quando
nada de bom produz, ocupado o lado do mal?
n Poderá, portanto, parecer pedantismo querer tratar com
seriedade científica aquilo que é desprovido de seriedade.
n Nessa concepção a arte aparece como coisa supérflua.
23. +
Estética
n Hegel apresenta como defesa da arte a atribuição à arte
finalidades sérias. Ela ocupa o papel medianeiro entre a
razão e a sensibilidade e o papel de conciliadora.
n Elevação X Frivolidade.
n Seriedade X Indolência.
n Arte = meio.
24. +
Estética
n Se a arte for considerada esse reino da aparência e da ilusão,
ela não consegue realizar fins verídicos e dignos de
perseguição.
n Mas nada nos impede de afirmar que comparada com a
realidade a aparência da arte seja ilusória, mas com idêntica
razão se pode dizer que a chamada realidade é uma ilusão
ainda mais forte.
25. +
Estética
n Por que a realidade é uma ilusão ainda mais forte?
n Porque só é verdadeiramente real o que existe em si e para
si, o que constitui a substância do espírito.
n As obras de arte não são simples aparências e ilusões, mas
possuem uma realidade mais alta e uma existência verídica.
26. +
Estética
n Em sua aparência, a arte deixa entrever algo que ultrapassa a
aparência. O quê?
n O pensamento.
n Ao passo que o mundo sensível e direto não só não é a
revelação do pensamento como ainda o dissimula numa
acumulação de impurezas para que ele próprio se distinga e
apareça como único representante do real e da verdade.
27. +
Estética
n Então, podemos dizer que a arte não pode constituir um
objeto da ciência, embora dimite-se que ela pode
proporcionar considerações puramente filosóficas?
n Não, isso é uma falsa premissa.
n Pois, a reflexão filosófica é inseparável da reflexão científica.
28. +
Estética
n O papel da filosofia consiste em considerar um objeto pela
sua necessidade, por aquela necessidade que porvém da
natureza do objeto e que à filosofia incumbe demonstrar.
n É essa demonstração que confere caráter científico a um
estudo.
n Todavia é possível dizer que a arte não pode constituir
objeto de um estudo científico por estar a serviço dos nossos
prazeres e distrações.
n Hegel salienta que a arte pode servir de meio a fins que lhe
sejam estranhos.
29. +
Estética
n O mais alto destino da arte é comum ao da religião e da
filosofia. Que destino é esse?
n Como estas, a arte também é um modo de expressão do
divino, das necessidades e exigências mais elevadas do
espírito.
n Porém, a arte se difere da religião e da filosofia pelo poder
de dar às ideias elevadas uma representação sensível que as
torna acessíveis.
30. +
Estética
n De si mesmo o espírito extrai as obras artísticas que
constituem o primeiro anel intermediário destinado a ligar o
exterior, o sensível e o perecível ao pensamento puro, a
conciliar a natureza e a realidade finita com a liberdade
infinita do pensamento compreensivo.
31. +
Estética
n Hoje, a arte apresenta um aspecto diferente do que teve em
épocas anteriores.
n Já não se veneram as obras de arte e a nossa atitude perante
as criações artísticas é fria e refletida.
n Antes, as obras de arte constituíam a mais elevada expressão
da ideia.
n A obra de arte solicita o nosso juízo, seu conteúdo e a
exatidão da sua representação são submetidos a um exame
refletido.
32. +
Estética
n Respeitamos e admiramos a arte, mas acontece que já não
vemos nela qualquer coisa que não poderia ser ultrapassada
e a submetemos à análise do pensamento, não com o intuito
de provocar a criação de novas obras, mas antes com o fim
de reconhecer a função e o lugar da arte na nossa vida.
n Os bons tempos da arte grega são idos.