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ANALISE
PSIC~OGICAPUBLICAÇÃO
TRIMESTRAL N.Q1 -(Xii) -Janeiro - Março 1994 ISSN 0870 8231
ASSINATURA ANUAL:
Normal .................... 4.900$00
Instituições ..............6.500$00 suMÁR 10
Notade Abertura .......................................................................................... 3
O Individualismo:Do Senso Comum Dimensão Cultural ........................... 5
Mudança Organizacional: Mudar a Culturaou Mudarde Estratégia?......... 15
Antecentesy Consecuentes Psicológicos de1Cambio de Empleoen 10s
Jóvenes ........................................................................................................ 31
O Empregoda «StreamAnalysisn no DiagnósticoOrganizacionalde uma
EmpresaTêxtil .............................................................................................. 41
FactoresCulturais e Estilos de Decisão.................................................... 51
CarlosAlves MarquesIMiguel Pina e Cunha
Carlos Alves Marques
A. Duarte Gomes
P. RipolllM.J. Bravoll. RodríguedF. Prieto/J.M. Peiró
Paulo Nunes Abreu
Jorge CorreiaJesuíno/Rui BartoloRibeiro
Cooperation inthe Distribution ................................................................... 61
Will J. M. Reijndersflheo M.M. Verhallen
Footnotesto Fishbein: The Contrast Modelof Stimulus Evaluation ......... 79
Efeitosda InformaçãoPrevia na Recuperação da Mensagem Publicitária.. 93
Telework Dispersed Organirational Activity and New Forms of Spatial-
TemporalCoordination and Control .............................................................. 103
Os Computadores(Não)Têm Sempre Razão ................................................ 117
Marc ScholtenlManuela Faia Correia
Mariade Lurdes SantodMiguel Pina e Cunha
J. M. M. Van Der Wielerfí. C. B. Taillieu/J. A. Poolman/J. Van Zuilichem
Pedro Zany Caldeira
Sinistralidade Rodoviária em Portugal nos Últimos Onze Anos: Uma
PerspectivaErgonómica.............................................................................. 129
Carlos Alves MarqueslMiguel Pinaa Cunha/Jorge Gomes
LEITURAS........................................................................................................... 137
NOTAS DIDÁCTICAS
Destino da Escolha ou Escolha de um Destino? Reflexãoa propósito
da categorizaçãoda homossexualidadeenquanto «perversãoSexual* 143
NOTíCIAS,DE COLÓQUIOS,CONGRESSOS, SEMINARIOS .......................... 151
CALENDÁRIO DE COLÓQUIOS, CONGRESSOS, SEMINARIOS .................... 153
REVISTAS RECEBIDAS..................................................................................... 157
José A. Carvalho TeixeirdMário Barroso
Este número de Análise Psicológicaé parcialmente subsidiado pela Junta Nacionalde Investigação Científicae Tecnológica
Analise Psicológica (1994), 1 (XII): 41-49
O Emprego da «Stream Analysis» no
Diagnóstico Organizacional de uma
Empresa Têxtil
PAULO NUNES ABREU (*)
i. INTRODUÇÃO
O objectivo deste estudo, foi o de efectuar o
diagnóstico organizacional de uma das secções
mais problemáticas numa fábrica têxtil: a secção
de acabamento ou ultimação. As queixas dos
clientes relativamente ao mau acabamento dos
tecidos produzidos e as devoluções frequentes e
volumosas, ultrapassaram os 5% do total da fa-
cturação em 1990. Para procurar as razões das
deficiências de funcionamento, assim como
encontrar formas de intervenção adequadas, a
administração da empresa solicitou o presente
estudo.
2. METODOLOGIA
Dado que além de um diagnóstico organiza-
cional, a administração da empresa pretendia im-
plementar alterações com vista ao melhoramento
da performance organizacional da secção de
ultimação, optámos por utilizar a ((Stream Ana-
lysis» (análise de correntes) desenvolvida por
Jerry Porras (1987).
A principal razão de escolha deste método
consistiu no facto de este fornecer uma técnica
de diagnóstico organizacional essencialmente
(*) Assistente, ISEG.
vocacionada para a acção. A ((StreamAnalysis))
pressupõe uma teoria de processos de mudança
organizacional, e mais especificamente, uma
teoria de procedimentos de mudança (Porras,
1987, p. 9). Seguindo um modelo de ((actionre-
search» (pesquisa-acção), a análise de correntes,
identifica um conjunto de variáveis e fornece um
conjunto de procedimentos para garantir o
sucesso da mudança. Contudo, o conjunto de
variáveis analisadas não é fixo a partida. Em vez
disso, pode ser adaptado a qualquer tipo de
situação. Esta possibilidade torna esta técnica
particularmente versátil e, como tal, útil no dia-
gnóstico de sub-unidades organizacionais, tal
como neste caso concreto.
Por outro lado, a análise de correntes possi-
bilita a visualização dos problemas, através de
uma representação gráfica simples - o quadro de
correntes -, o que reduz a sua complexidade e
conduz a partilha da compreensão dos problemas
como ponto de partida fundamental para a mu-
dança (Cummimgs, 1985). A análise de corren-
tes torna-se por isso num importante instrumen-
to de comunicação, algo que é indispensável
num processo de mudança organizacional. Além
disso, o quadro de correntes (((stream chart))),
pode ser empregue não somente como um ins-
trumento de diagnóstico, mas igualmente como
um instrumento de planeamento e controlo para
as acções de mudança na organização.
41
2.1. Pressupostos teóricos
Uma das grandes vantagens da análise de
correntes, é a de fornecer um suporte teórico
que serve de fio condutor ao diagnóstico da:
situações e simultaneamente, conduzir o pro-
cesso de mudança organizacional. Os dois im-
portantes pressupostos teóricos subjacentes s
este modelo são: (i) a organização é concebidz
como um sistema aberto e permeável 5 envol-
vente, com a qual procura interagir de forme
satisfatória (perspectiva contingencial); (ii) numa
organização, qualquer esforço de mudança si.#
será eficaz se conduzir a mudança dos compor-
tamentos dos membros que a constituem (centra-
do no indivíduo).
Destes pressupostos e tendo em conta as con-
tingências do meio envolvente, resulta que a um2
melhoria dos comportamentos individuais,
corresponderá uma melhoria do funcionamento
organizacional e logo, uma melhoria dos outputc
da organização. Daqui podemos inferir que e
mudança organizacional depende da mudançs
dos comportamentos no trabalho. Assim, CI
objectivo da mudança organizacional será o de
alterar o comportamento individual dos seus,
membros, de forma a torná-lo mais eficaz ns
prossecução dos objectivos organizacionais
(Porras, 1987).
2.2. Uma teoria individual da mudança
Segundo o Modelo das Correntes Organiza-
cionais (Stream Organization Model), a mudançs
do comportamento individual só poderá ocorrer
se mudarem as cognições do indivíduo, em re-
lação ao trabalho e A organização. Nesse sentido.
o presente modelo apoia-se na teoria socio-
-cognitiva de Albert Bandura (1986), segundo a
qual a mudança do comportamento depende das,
escolhas individuais, efectuadas com base na
informação que é recolhida a partir do meio en-
volvente e dos estados fisiológicos internos dc
sujeito. Para o modelo das correntes organizacio-
nais, importa reter dois aspectos: (i) o compor-
tamento individual, depende de escolhas ba-
seadas em expectativas, valores individuais e na
percepção de auto-eficácia que o sujeito adquire
a partir das suas transacções ambientais; (ii) o
ambiente de trabalho fornece um conjunto de
estímulos que influenciam as expectativas, os
valores e a auto-eficácia do sujeito e como tal
determina o seu comportamento no trabalho
(Figura 1).
2.3. As componentes do modelo
O ambiente organizacional é um aspecto crí-
tico no processo de mudança, na medida em que
fornece a informação que condiciona as expe-
ctativas e os valores do sujeito. Essa informação,
veiculada pelas múltiplas variáveis organiza-
cionais, será interpretada cognitivamente pelos
membros da organização na forma de mensagens
iniciadoras de determinado tipo de comporta-
mento e não de outro.
A multiplicidade de variáveis que condicio-
nam o ambiente organizacional e que por sua vez
condicionam o comportamento individual dos
seus membros podem ser agrupadas em corren-
tes de variáveis, de forma a facilitar sua análise.
Segundo este modelo, existem 4 dimensões ou
correntes organizacionais que influenciam o
comportamento individual dos membros de uma
organização :
(i) Aspectos formais e administrativos
Compreende todos os aspectos que prescre-
vem a forma como o sistema deverá funcionar,
incluindo os seus objectivos, as suas estratégias,
a estrutura formal, as regras e os procedimentos,
o sistema administrativo e o sistema de recom-
pensas.
(ii) Factores sociais
Compreende todos os aspectos relacionados
com o lado humano e informal das organizações,
incluindo a cultura da organização, os processos
de interacção, a estrutura informal e os atributos
individuais (as crenças, as atitudes, os sentimen-
tos em relação ao trabalho e as aptidões compor-
tamentais).
(iii) Tecnologia
Compreende todos os aspectos relacionados
com a transformação dos inputs organizacionais
em outputs e inclui o equipamento, a maquinaria
e as ferramentas usados no processo produtivo, a
organização das tarefas em funções, a organi-
zação do fluxo de trabalho entre as diversas
funções, os procedimentos técnicos, os conheci-
42
FIGURA 1
Relações entre o ambiente de trabalho e o indivíduo (adaptado de Porras, 1987)
Ambiente organizacional
individuo
<-> Desenvolvimento
organizacional individual
v = valência
ee = expectativa de eficácia
er = expectativa de resultados
mentos técnicos dos membros organizacionais e
os sistemas de controlo técnico.
(iv) Aspectos ambientais
Compreende todas as estruturas e objectos da
parte não-técnica e não-social do meio de traba-
lho; inclui o «layout» ou configuração espacial,
o ambiente físico, a decoração dos interiores e a
concepção arquitectónica.
2.4. O «mix» de sinais organizacionais
Estas 4 correntes de variáveis organizacionais,
interdependentes, devem estar organizadas de
forma a responderem às exigências do meio e ao
mesmo tempo, criar um ambiente de trabalho
que condicione os comportamentos mais eficazes
do ponto de vista organizacional. Para isso, de-
vem estar organizados de forma a enviar sinais
consistentes e congruentes acerca dos comporta-
mentos que são mais eficazes para o funciona-
mento da organização.
Para estabelecer uma mudança eficaz, estas
correntes ou fluxos organizacionais deverão ser
concebidos de modo a apresentarem o mínimo
de contradições no padrão de estímulos que
emanam, constituindo um «mix» de mensagens
organizacionais que seja coerente e percebido de
forma idêntica por todos os membros da orga-
nização. As contradições que existam entre as
mensagens veiculadas pelos diferentes fluxos
organizacionais (e.g. contradições entre a estru-
43
tura formal e o estatuto social informal) podem
gerar discrepância de comportamentos por parti:
dos membros da organização na forma de con-
flitos, e disfuncionamentos organizacionais. Pela
mesma razão é pouco útil gastar dinheiro em
acções de formação e desenvolvimento de pes-
soas, se estas não estiverem integradas num mix
consistente de outros sinais organizacionais (eg.
procedimentos administrativos, tecnologia, etc.)
3. PROCEDIMENTO
3.1. Identificação da unidade organizacionnl
Através de uma análise documental seguid.3
de observação directa do funcionamento d,i
secção de acabamento, foi possível reunir a se-
guinte informação. A secção de acabamento ou
ultimação, executa o acabamento dos tecidos
produzidos naquela unidade fabril. É uma uni-
dade funcional autónoma, composta por 24 ope-
rários têxteis (dos quais 3 são do sexo mascu-
lino). Labora 8,5 horas por dia, 5 dias por
semana. A chefia da secção é desempenhada por
um jovem operário têxtil (7." ano de escolari-
dade) que recentemente ascendeu ao cargo dv
chefe de secção, em virtude de ser «O homem
mais capaz e filho do antigo mestre)),que entre-
tanto se reformou. Hierarquicamente, a secção
de ultimação encontra-se sob a dependência da
administração, embora funcionalmente dependa
do director de produção.
O acabamento de tecidos consiste num pro-
cesso de produção descontinuo, por peça (unida-
des de tecido enroladas pesando 25 quilos). Estr
processo é composto por duas fases de fabrica-
ção: lavagem e acabamento. Para a primeira
fase - lavagem e pisoamento - existem máqui-
nas rudimentares, que apresentam vários incon-
venientes quanto a sua operacionalidade: difíci1
manuseamento (ligar e desligar), deficientes
condições de segurança (correias em movimento
não protegidas), ausência de qualquer tipo de in-
dicador operacional (quantidade, temperaturz.,
velocidade, etc.). Para a segunda fase - acaba-
mento em seco - existem máquinas de uma gera-
ção tecnologicamente mais avançada.
É essencialmente através de um processo dv
mão-de-obra intensiva, que esta unidade pros-
segue as suas finalidades. Nesta secção, existem
dois tipos de operações exclusivamente manuais:
a inspecção e a beneficiação de tecidos. Ambas
exigem um determinado conjunto de aptidões
(atenção, destreza manual, etc.), cuja especifi-
cidade tornou desejável a introdução de mão-de-
-obra feminina, menos dispendiosa. Tal prática,
originou a criação de duas categorias profissio-
nais, previstas no Acordo Colectivo de Trabalho,
((revistadeiras))e ((metedeiras de fio)), que são
exclusivamente exercidas por mulheres'. Nesta
secção de acabamento existem 16 operárias nes-
tas duas categorias profissionais. Os 8 restantes,
são operadores de máquina, dos quais 3 estão na
fase de lavagem e 5 na fase de acabamento em
seco. Nenhum dos operadores de maquina possui
qualquer qualificação, além da escolaridade bási-
ca (antiga 4." classe).
3.2. O Quadro das Correntes Organizacionais
(Stream Charí)
Foi pedido ao chefe da secção a colaboração
para o trabalho de recolha de informação. Os
objectivos foram definidos como sendo «urna
tentativa para averiguar o funcionamento da
secção e os seus principais problemas)). Não se
levantaram quaisquer resistências durante a fase
de recolha de informação e, inclusive, foi reve-
lada uma grande vontade em tentar ((fazer algu-
ma coisa))para a melhoria do funcionamento da
ultimação.
Foram efectuadas entrevistas individuais a
todos os membros da secção, utilizando uma
adaptação do guião da entrevista de orientação
geral de Harrison (1987). Após uma compilação
dos principais problemas detectados, foi
elaborado um quadro de diagnóstico contendo 4
correntes de variáveis (Organização Formal, Fa-
ctores Sociais, Tecnologia e Aspectos Ambien-
tais). Esta primeira disposição gráfica mostrou-
se inapropriada para a arrumação de todos os
problemas identificados, que se acumulavam
demasiadamente na Corrente Tecnológica o que
' Com o aparecimento de novas tecnologias para o
controlo de qualidade, que dispensam as enormes
quantidades de mão-de-obra na fase de acabamento
tradicional, estas duas categorias profissionais tomam-
-se progressivamente desnecessárias e acabarão por
desaparecer ou ser substituídas.
44
QUADRO 1
Diagnóstico organizacional através do quadro de correntes (mtream chart)))
Organização Factores Tecnologia AspectosAspectos
Exteriores Formal Sociais Ambientais
k 
AEI: Trabalho de OFI: Ineticazcon-
beneficiação de te-
cidos no exterior é dos tecidos benefi-
ciados no exterior
queixas por causa
dos maus cheiros
soleta, sem indicado-
res operacionais e
com baixo rendimen-
trutura formal na o chefe e duas ope- baixo «Know-how»
rárias mais antigas
OF3: Política desa- FS3: Deficiente
dequada em maté- comunicação entre
ria de recursos hu- chefe e membros da
nível do estatuto
informal do novo
chefe de secção
ção com fracas ap-
tidões interpessoais
t
técnica do acaba-
mento de tecidos
de tecidos a
chegada e
estrangulamentos
1 ( t
critérios de qua-
lidade para uma
triagem de tecidos
aceitáveis
T6: Tecidos lava-
dos que aguardam
tingimento expos-
tos a luzsolar e a
mogéneos e defei-
I ITIO:Devoiucões I
,AI: Maus cheiros
rovenientes da utili-
ação de reagentes
uímicos
t
ilação inoperacional
ia secção
7-
45
não permitia uma análise esclarecedora da si-
tuação. Surgiu a necessidade de elaborar um se-
gundo quadro de diagnóstico contendo, alérn
das 4correntes usuais, uma outra correspondente
aos Factores Exteriores i secção (Quadro I).
3.3. Sintomas e problemasfundamentais
Um sintoma é a manifestação visível de uri
problema mais profundo, que passa despercebido
numa análise superficial. No entanto a simples
remoção de sintomas, só por si, não garante '2
fim dos problemas que lhes estão na origem.
Antes pelo contrário, novos sintomas tornarão a
aparecer se o verdadeiro problema não for remo-
vido. Através da análise do Quadro 1, facilmente
se tornam evidentes os principais sintomas iden-
tificados pela administração da Empresa, e que
estiveram na origem deste estudo:
- as devoluções dos clientes (TlO),
- os atrasos nas entregas (T8),
- os defeitos no acabamento (T9).
Torna-se igualmente evidente um outro
sintoma ao nível dos factores sociais, o conflito
interpessoal entre o chefe da secção e duas ope-
rárias mais antigas, que nunca o aceitaram como
chefe. Durante as entrevistas, poucas colegas
abordaram o assunto com a vontade, contudo
aquilo que conseguimos apurar leva-nos ?I
identificação de outros problemas menos evi-
dentes, tal como a inexistência de uma política
de pessoal que consiga harmonizar as necessi-
dades de desenvolvimento individual, com as nc-
cessidades da Empresa.
Dentro da secção de ultimação, conseguimos
isolar três problemas base: (i) a tecnologia obsc-
leta que é utilizada; (ii) a falta de critérios de
qualidade objectivamente explícitos; (iii) a ine -
xistência de um resguardo adequado para os tec -
dos lavados que aguardam tingimento
Além destes, identificamos um problema base
fundamental: a deficiente orientação técnica nos
acabamentos (T3).
Quanto ao problema do estrangulamento da
produção provocado pelo acumular de tecidos
que chegam com defeitos, o problema funde-
mental que o origina está bem distante desta sut-
-unidade organizacional. Se nos cingirmos ao
diagnóstico da secção de ultimação, enquanto
sub-unidade organizacional, verificamos que
esta recebe os tecidos, não directamente da sec-
ção de tecelagem, mas sim do exterior, onde a
empresa subcontrata serviços de beneficiação do
tecido em xerga (por acabar). Esse serviço é feito
manualmente pelas ((metedeiras de fio» que, a
partir do exterior da empresa, efectuam a
beneficiação dos defeitos produzidos a montante
da fase de acabamento (defeitos nos fios e no
tecido em xerga). Assim, o problema dos tecidos
que são entregues com defeitos na ultimação é
um mero sintoma de outros problemas,
provavelmente a montante da secção. Tratam-se
de defeitos produzidos na secção de tecelagem
ou até mesmo, ao nível dos seus componentes
(fios) fabricados nas secções de fiação.
3.4. As «histórias» e os «temas» dos pro-
blemas
Uma ((históriade problemas))é o resultado de
uma sequência de problemas, que tomados em
conjunto revelam uma situação complexa que
afecta a organização. ((Problema Tema» é o re-
sultado de problemas base que apesar de não es-
tarem formalmente ligados dizem respeito a um
aspecto comum.
Analisando o gráfico, podemos identificar
uma primeira «história», na qual as deficientes
infra-estruturas tecnológicas (Tl), aliadas a um
variações nos tipos de acabamento e defeitos
(T9), originando a entrega de tecidos defeituosos
e a consequente devolução (T1O).
Um outro ((problema-história))desenrola-se a
partir da chegada de tecidos do exterior que con-
tinuam a apresentar defeitos (AE2), o que pro-
voca um estrangulamento na produção devido
aos atrasos provocados pela re-beneficiação dos
tecidos i chegada (T4), o que condiciona atrasos
nas entregas e, por vezes, devoluções por entrega
fora de prazo (T10).
Ainda uma outra pequena «história» pode ser
identificada na seguinte sequência, os tecidos la-
vados que aguardam a fase de tingimento (efe-
ctuada noutra secção), estão sujeitos a degrada-
ção provocada pela radiação solar e pela humi-
dade do ar (T6), estas esperas prolongadas pro-
vocam depois deficiências no tingimento (os
corantes não aderem por igual) (T7), o que obri-
ga a nova operação de tingimento e consequen-
tes atrasos nas enti'egas (T8).
Finalmente identificamos um «tema», com-
deficiente conhecimento técnico (T2), provocam
46
posto pela inexistência de uma política de pes-
soal (OF3), pela deficiente estrutura formal da
secção (OF2) e pelo sistema de ventilação ino-
peracional (AA2), que se traduz no princípio ((os
gastos com pessoal devem ser minimizadosv.
Este princípio explica a falta de preocupação que
existia em assegurar um mínimo de condições de
trabalho aceitáveis e o deixar deteriorar o siste-
ma de ventilação; explica a falta de preparação
por parte do novo chefe, apesar de se saber pre-
viamente a data precisa em que o chefe anterior
se ia reformar.
3.5. Oplano de acção
Antes de elaborar o plano de acção, colocou-
-se o problema de encontrar um critério para de-
terminar o grau de eficácia da intervenção que se
iria propor. Um importante critério de eficácia
foi estabelecido através do número de devolu-
ções recebidas, em virtude de deficiências no
acabamento ou de atrasos na entrega, exclusi-
vamente imputáveis a Ultimação. Para esse efei-
to foi elaborado um pequeno questionário a en-
viar a todos os clientes que efectuam devoluções,
com vista a recolha de informação acerca das
mesmas. A análise desses questionários veio a
permitir identificar os principais motivos das
devoluções e desse modo, contribuir para uma
melhor identificação de outros problemas exis-
tentes no processo global de produção.
Para a fase de planeamento, foi constituído
um pequeno grupo de trabalho composto pelo
consultor, pelo chefe da secção de ultimação e
pelo director de produção, cujo objectivo era o
de apresentar a administração um plano de inter-
venção com vista a resolver alguns dos proble-
mas existentes. Aqui a apresentação do quadro
de diagnóstico previamente elaborado foi bas-
tante útil, porque fez concentrar a participação
dos presentes em torno dos problemas j á
identificados e, por isso, ganhar tempo para a
discussão das possíveis soluções. Do resultado
desse trabalho foi elaborado um plano de acção
calendarizado (Quadro 2), que foi apresentado a
administração.
4. CONCLUS~ES
Apesar de limitado, este plano de acção foi
aprovado pela administração, que reconheceu
importantes falhas ao nível da gestgo dos recur-
sos humanos e ao nível das condições tecnoló-
gicas de exploração na empresa. Paralelamente a
este trabalho, foi elaborado um diagnóstico das
necessidades de formação da empresa que serviu
de base a um plano de formação, como primeira
medida para a implementação de uma política de
pessoal.
4.1. Um referencialpura a mudança
Uma organização pode ser vista como um
artefacto humano concebido para responder a de-
terminadas finalidades instrumentais (Cummings
et. al., 1985).No entanto, a concepção desse ar-
tefacto, ou mais concretamente o desenho da or-
ganização, reflecte e está constrangido pelas
normas e concepções do mundo dominantes na
sociedade em geral, pelas exigências especificas
do ambiente da tarefa e ainda pelos valores e
concepções individuais dos responsáveis pela or-
ganização.
Constrangimentos diversos colocam novas
exigências ao desempenho organizacional, con-
duzindo a necessidade de mudança e, dessa for-
ma, ao desenho de uma organização que reflicta
novas finalidades mais adequadas ao meio em
que opera. O diagnóstico organizacional deve ter
em conta esta realidade. A Análise das Correntes
Organizacionais tem a particularidade de conce-
ber uma organização dentro desta dinâmica per-
manente e conduzir a nossa análise através das
diversas correntes de variáveis organizacionais
que são afectadas pelo processo de mudança.
Além disso, este método oferece-nos a possibili-
dade de considerarmos em cada corrente as va-
riáveis mais pertinentes para cada caso e criar al-
gum sentido no processo caótico e desordenado
de mudança, onde por vezes o gestor tem que
agir de uma forma não planeada (Mintzberg,
Poderemos perguntar então: o que condiciona
a mudança nessas correntes de variáveis? A res-
posta dada por Jerry Porras (1986), através do
modelo das correntes organizacionais é que são
OS objectivos organizacionais que condicionam a
adaptação da organização as variáveis do meio e
desse modo a própria mudança. No entanto para
que uma nova finalidade organizacional determi-
ne uma mudança consistente nos comporta-
47
1994).
QUADRO 2
Oplario de acção
ORGANIZAÇÃO FACTORES TECNOLOGIA ASPECTOS
FORMAL SOCI.4IS AMBIENTAIS
MARÇO Reformulação do Formação em Reparação do
controlo adminis- controlo de qua- sistema de venti-
trativo dos serviços lidade para o lação
de benificiação no
exterior
chefe de secção
ABRIL
MAIO Revisão dos preços
a pagar pelos ser-
viços de beneficia-
ção no exterior
Forrn;ição em Elaboraçãode Criação de um
liderança e re- um plano de armazém no exte-
laçõe:;interpes- melhoriastécni- rior para as peças
soais para o casnasecção que aguardam tin-
chefe de secção gimento
Execução do plano
de beneficiação e
manutenção siste-
mática do equipa-
mento
mentos dos membros de uma organização, ela
deve ser entendida do mesmo modo por todos os
membros da organização, ou seja, os objectivos
devem estar contidos no sistema de crenças e si-
gnificados partilhados de uma organização. A
mudança organizacional e a mudança no sistema
de concepções dos membros da organização são
dois aspectos interligadas (Cummings et. al.
1985).
Deste modo, subjacente a identificação dos
problemas num diagnóstico organizacional, de-
veremos procurar identificar os objectivos da
organização percebidos, a forma como se encon-
tram explicitados e a sua congruência temática
nos estímulos que são recebidos pelos seus
membros através da análise das correntes organi-
zacionais (Porras, 1987).
4.2. O diagnóstico como instrumento de co-
municação e as suas limiiações
Finalmente, este trabalho permitiu-nos con-
firmar que a análise de correntes organizacio-
nais, pode ser um importante catalisador da mu-
dança, ao dar a possibilidade dos membros de
uma organização serem ouvidos na resolução
dos problemas que os afectam, de uma forma or-
ganizada e sistemática; ao permitir a participação
no planeamento da mudança, possibilita um
maior envolvimento e um maior empenho face
aos objectivos acordados.
Contudo, uma importante condição deve ser
preenchida para garantir a eficácia deste método
de diagnóstico. Os analistas devem estar familia-
rizados com esta metodologia, o que por vezes é
difícil ou pouco prático. Fazer compreender a or-
ganização como um sistema aberto, composto
por um conjunto de correntes de variáveis, arti-
culadas em torno de um objectivo, pode ser
extremamente trabalhoso e por isso, desacon-
selhar o emprego deste método. O recurso a um
consultor externo poderá obviar estas dificul-
dades. O principal papel desse consultor será o
de trazer para a organização, através deste mo-
delo, uma nova concepção da realidade, a qual
quando combinada com as concepções dos mem-
48
bros organizacionais envolvidos poderá expandir
os horizontes e as possibilidades de acção, crian-
do um consenso para a mudança.
REFERÊNCIAS
Bandura, A. (1986). Social Foundations of Thought and
Action: A Social Cognitive Theory. Englewood
Cliffs, N.J.: Prentice-Hall.
Harrison, M. (1987). Diagnosing Organizations.
London: Sage.
Mintzberg, H. (1994). The fali and rise of strategic pla-
nning. Harvard Business Review,72(i): 100-106.
Porras, J.E. (1987). Stream Analysis, A powerfull way
to diagnose and manage organizational change.
Reading, Mass.: Addison-Wesley
RESUMO
Foi efectuado um diagnóstico organizacional a
uma secção de acabamentos numa fábrica têxtil do
distrito de Lisboa. O método utilizado foi a Análise de
Correntes («Stream Analysis))), que se descreve
sumariamente, O resultado deste diagnóstico foi a
realização de um plano de acção que entretanto foi
levado a cabo pela empresa. Algumas conclusões
foram retiradas, nomeadamente a necessidade de
considerar a mudança organizacional e a mudança no
sistema de concepções dos membros da organização
como dois processos interligados.
ABSTRACT
The author has conducted an organizational
diagnostic in the finishing unit of a textile mill, using
Porras’ stream analysis provides a flexible diagnostic
too1and for that reason it was chosen to be used in this
small organizational sub-unit (20 persons). An action
plan was elaborated upon the reach of a consensus
toward change. Some conclusions were pointed out
regarding the role of the externa1 consultant as an
enabling agent to overcome the need in expertise
concerning the use of the methodology and its
theoretical bases. These should be humbly delivered as
another way of looking at reality which enriches the
existing views and promotes shared understanding of
the problem situation.
49

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  • 1. ANALISE PSIC~OGICAPUBLICAÇÃO TRIMESTRAL N.Q1 -(Xii) -Janeiro - Março 1994 ISSN 0870 8231 ASSINATURA ANUAL: Normal .................... 4.900$00 Instituições ..............6.500$00 suMÁR 10 Notade Abertura .......................................................................................... 3 O Individualismo:Do Senso Comum Dimensão Cultural ........................... 5 Mudança Organizacional: Mudar a Culturaou Mudarde Estratégia?......... 15 Antecentesy Consecuentes Psicológicos de1Cambio de Empleoen 10s Jóvenes ........................................................................................................ 31 O Empregoda «StreamAnalysisn no DiagnósticoOrganizacionalde uma EmpresaTêxtil .............................................................................................. 41 FactoresCulturais e Estilos de Decisão.................................................... 51 CarlosAlves MarquesIMiguel Pina e Cunha Carlos Alves Marques A. Duarte Gomes P. RipolllM.J. Bravoll. RodríguedF. Prieto/J.M. Peiró Paulo Nunes Abreu Jorge CorreiaJesuíno/Rui BartoloRibeiro Cooperation inthe Distribution ................................................................... 61 Will J. M. Reijndersflheo M.M. Verhallen Footnotesto Fishbein: The Contrast Modelof Stimulus Evaluation ......... 79 Efeitosda InformaçãoPrevia na Recuperação da Mensagem Publicitária.. 93 Telework Dispersed Organirational Activity and New Forms of Spatial- TemporalCoordination and Control .............................................................. 103 Os Computadores(Não)Têm Sempre Razão ................................................ 117 Marc ScholtenlManuela Faia Correia Mariade Lurdes SantodMiguel Pina e Cunha J. M. M. Van Der Wielerfí. C. B. Taillieu/J. A. Poolman/J. Van Zuilichem Pedro Zany Caldeira Sinistralidade Rodoviária em Portugal nos Últimos Onze Anos: Uma PerspectivaErgonómica.............................................................................. 129 Carlos Alves MarqueslMiguel Pinaa Cunha/Jorge Gomes LEITURAS........................................................................................................... 137 NOTAS DIDÁCTICAS Destino da Escolha ou Escolha de um Destino? Reflexãoa propósito da categorizaçãoda homossexualidadeenquanto «perversãoSexual* 143 NOTíCIAS,DE COLÓQUIOS,CONGRESSOS, SEMINARIOS .......................... 151 CALENDÁRIO DE COLÓQUIOS, CONGRESSOS, SEMINARIOS .................... 153 REVISTAS RECEBIDAS..................................................................................... 157 José A. Carvalho TeixeirdMário Barroso Este número de Análise Psicológicaé parcialmente subsidiado pela Junta Nacionalde Investigação Científicae Tecnológica
  • 2. Analise Psicológica (1994), 1 (XII): 41-49 O Emprego da «Stream Analysis» no Diagnóstico Organizacional de uma Empresa Têxtil PAULO NUNES ABREU (*) i. INTRODUÇÃO O objectivo deste estudo, foi o de efectuar o diagnóstico organizacional de uma das secções mais problemáticas numa fábrica têxtil: a secção de acabamento ou ultimação. As queixas dos clientes relativamente ao mau acabamento dos tecidos produzidos e as devoluções frequentes e volumosas, ultrapassaram os 5% do total da fa- cturação em 1990. Para procurar as razões das deficiências de funcionamento, assim como encontrar formas de intervenção adequadas, a administração da empresa solicitou o presente estudo. 2. METODOLOGIA Dado que além de um diagnóstico organiza- cional, a administração da empresa pretendia im- plementar alterações com vista ao melhoramento da performance organizacional da secção de ultimação, optámos por utilizar a ((Stream Ana- lysis» (análise de correntes) desenvolvida por Jerry Porras (1987). A principal razão de escolha deste método consistiu no facto de este fornecer uma técnica de diagnóstico organizacional essencialmente (*) Assistente, ISEG. vocacionada para a acção. A ((StreamAnalysis)) pressupõe uma teoria de processos de mudança organizacional, e mais especificamente, uma teoria de procedimentos de mudança (Porras, 1987, p. 9). Seguindo um modelo de ((actionre- search» (pesquisa-acção), a análise de correntes, identifica um conjunto de variáveis e fornece um conjunto de procedimentos para garantir o sucesso da mudança. Contudo, o conjunto de variáveis analisadas não é fixo a partida. Em vez disso, pode ser adaptado a qualquer tipo de situação. Esta possibilidade torna esta técnica particularmente versátil e, como tal, útil no dia- gnóstico de sub-unidades organizacionais, tal como neste caso concreto. Por outro lado, a análise de correntes possi- bilita a visualização dos problemas, através de uma representação gráfica simples - o quadro de correntes -, o que reduz a sua complexidade e conduz a partilha da compreensão dos problemas como ponto de partida fundamental para a mu- dança (Cummimgs, 1985). A análise de corren- tes torna-se por isso num importante instrumen- to de comunicação, algo que é indispensável num processo de mudança organizacional. Além disso, o quadro de correntes (((stream chart))), pode ser empregue não somente como um ins- trumento de diagnóstico, mas igualmente como um instrumento de planeamento e controlo para as acções de mudança na organização. 41
  • 3. 2.1. Pressupostos teóricos Uma das grandes vantagens da análise de correntes, é a de fornecer um suporte teórico que serve de fio condutor ao diagnóstico da: situações e simultaneamente, conduzir o pro- cesso de mudança organizacional. Os dois im- portantes pressupostos teóricos subjacentes s este modelo são: (i) a organização é concebidz como um sistema aberto e permeável 5 envol- vente, com a qual procura interagir de forme satisfatória (perspectiva contingencial); (ii) numa organização, qualquer esforço de mudança si.# será eficaz se conduzir a mudança dos compor- tamentos dos membros que a constituem (centra- do no indivíduo). Destes pressupostos e tendo em conta as con- tingências do meio envolvente, resulta que a um2 melhoria dos comportamentos individuais, corresponderá uma melhoria do funcionamento organizacional e logo, uma melhoria dos outputc da organização. Daqui podemos inferir que e mudança organizacional depende da mudançs dos comportamentos no trabalho. Assim, CI objectivo da mudança organizacional será o de alterar o comportamento individual dos seus, membros, de forma a torná-lo mais eficaz ns prossecução dos objectivos organizacionais (Porras, 1987). 2.2. Uma teoria individual da mudança Segundo o Modelo das Correntes Organiza- cionais (Stream Organization Model), a mudançs do comportamento individual só poderá ocorrer se mudarem as cognições do indivíduo, em re- lação ao trabalho e A organização. Nesse sentido. o presente modelo apoia-se na teoria socio- -cognitiva de Albert Bandura (1986), segundo a qual a mudança do comportamento depende das, escolhas individuais, efectuadas com base na informação que é recolhida a partir do meio en- volvente e dos estados fisiológicos internos dc sujeito. Para o modelo das correntes organizacio- nais, importa reter dois aspectos: (i) o compor- tamento individual, depende de escolhas ba- seadas em expectativas, valores individuais e na percepção de auto-eficácia que o sujeito adquire a partir das suas transacções ambientais; (ii) o ambiente de trabalho fornece um conjunto de estímulos que influenciam as expectativas, os valores e a auto-eficácia do sujeito e como tal determina o seu comportamento no trabalho (Figura 1). 2.3. As componentes do modelo O ambiente organizacional é um aspecto crí- tico no processo de mudança, na medida em que fornece a informação que condiciona as expe- ctativas e os valores do sujeito. Essa informação, veiculada pelas múltiplas variáveis organiza- cionais, será interpretada cognitivamente pelos membros da organização na forma de mensagens iniciadoras de determinado tipo de comporta- mento e não de outro. A multiplicidade de variáveis que condicio- nam o ambiente organizacional e que por sua vez condicionam o comportamento individual dos seus membros podem ser agrupadas em corren- tes de variáveis, de forma a facilitar sua análise. Segundo este modelo, existem 4 dimensões ou correntes organizacionais que influenciam o comportamento individual dos membros de uma organização : (i) Aspectos formais e administrativos Compreende todos os aspectos que prescre- vem a forma como o sistema deverá funcionar, incluindo os seus objectivos, as suas estratégias, a estrutura formal, as regras e os procedimentos, o sistema administrativo e o sistema de recom- pensas. (ii) Factores sociais Compreende todos os aspectos relacionados com o lado humano e informal das organizações, incluindo a cultura da organização, os processos de interacção, a estrutura informal e os atributos individuais (as crenças, as atitudes, os sentimen- tos em relação ao trabalho e as aptidões compor- tamentais). (iii) Tecnologia Compreende todos os aspectos relacionados com a transformação dos inputs organizacionais em outputs e inclui o equipamento, a maquinaria e as ferramentas usados no processo produtivo, a organização das tarefas em funções, a organi- zação do fluxo de trabalho entre as diversas funções, os procedimentos técnicos, os conheci- 42
  • 4. FIGURA 1 Relações entre o ambiente de trabalho e o indivíduo (adaptado de Porras, 1987) Ambiente organizacional individuo <-> Desenvolvimento organizacional individual v = valência ee = expectativa de eficácia er = expectativa de resultados mentos técnicos dos membros organizacionais e os sistemas de controlo técnico. (iv) Aspectos ambientais Compreende todas as estruturas e objectos da parte não-técnica e não-social do meio de traba- lho; inclui o «layout» ou configuração espacial, o ambiente físico, a decoração dos interiores e a concepção arquitectónica. 2.4. O «mix» de sinais organizacionais Estas 4 correntes de variáveis organizacionais, interdependentes, devem estar organizadas de forma a responderem às exigências do meio e ao mesmo tempo, criar um ambiente de trabalho que condicione os comportamentos mais eficazes do ponto de vista organizacional. Para isso, de- vem estar organizados de forma a enviar sinais consistentes e congruentes acerca dos comporta- mentos que são mais eficazes para o funciona- mento da organização. Para estabelecer uma mudança eficaz, estas correntes ou fluxos organizacionais deverão ser concebidos de modo a apresentarem o mínimo de contradições no padrão de estímulos que emanam, constituindo um «mix» de mensagens organizacionais que seja coerente e percebido de forma idêntica por todos os membros da orga- nização. As contradições que existam entre as mensagens veiculadas pelos diferentes fluxos organizacionais (e.g. contradições entre a estru- 43
  • 5. tura formal e o estatuto social informal) podem gerar discrepância de comportamentos por parti: dos membros da organização na forma de con- flitos, e disfuncionamentos organizacionais. Pela mesma razão é pouco útil gastar dinheiro em acções de formação e desenvolvimento de pes- soas, se estas não estiverem integradas num mix consistente de outros sinais organizacionais (eg. procedimentos administrativos, tecnologia, etc.) 3. PROCEDIMENTO 3.1. Identificação da unidade organizacionnl Através de uma análise documental seguid.3 de observação directa do funcionamento d,i secção de acabamento, foi possível reunir a se- guinte informação. A secção de acabamento ou ultimação, executa o acabamento dos tecidos produzidos naquela unidade fabril. É uma uni- dade funcional autónoma, composta por 24 ope- rários têxteis (dos quais 3 são do sexo mascu- lino). Labora 8,5 horas por dia, 5 dias por semana. A chefia da secção é desempenhada por um jovem operário têxtil (7." ano de escolari- dade) que recentemente ascendeu ao cargo dv chefe de secção, em virtude de ser «O homem mais capaz e filho do antigo mestre)),que entre- tanto se reformou. Hierarquicamente, a secção de ultimação encontra-se sob a dependência da administração, embora funcionalmente dependa do director de produção. O acabamento de tecidos consiste num pro- cesso de produção descontinuo, por peça (unida- des de tecido enroladas pesando 25 quilos). Estr processo é composto por duas fases de fabrica- ção: lavagem e acabamento. Para a primeira fase - lavagem e pisoamento - existem máqui- nas rudimentares, que apresentam vários incon- venientes quanto a sua operacionalidade: difíci1 manuseamento (ligar e desligar), deficientes condições de segurança (correias em movimento não protegidas), ausência de qualquer tipo de in- dicador operacional (quantidade, temperaturz., velocidade, etc.). Para a segunda fase - acaba- mento em seco - existem máquinas de uma gera- ção tecnologicamente mais avançada. É essencialmente através de um processo dv mão-de-obra intensiva, que esta unidade pros- segue as suas finalidades. Nesta secção, existem dois tipos de operações exclusivamente manuais: a inspecção e a beneficiação de tecidos. Ambas exigem um determinado conjunto de aptidões (atenção, destreza manual, etc.), cuja especifi- cidade tornou desejável a introdução de mão-de- -obra feminina, menos dispendiosa. Tal prática, originou a criação de duas categorias profissio- nais, previstas no Acordo Colectivo de Trabalho, ((revistadeiras))e ((metedeiras de fio)), que são exclusivamente exercidas por mulheres'. Nesta secção de acabamento existem 16 operárias nes- tas duas categorias profissionais. Os 8 restantes, são operadores de máquina, dos quais 3 estão na fase de lavagem e 5 na fase de acabamento em seco. Nenhum dos operadores de maquina possui qualquer qualificação, além da escolaridade bási- ca (antiga 4." classe). 3.2. O Quadro das Correntes Organizacionais (Stream Charí) Foi pedido ao chefe da secção a colaboração para o trabalho de recolha de informação. Os objectivos foram definidos como sendo «urna tentativa para averiguar o funcionamento da secção e os seus principais problemas)). Não se levantaram quaisquer resistências durante a fase de recolha de informação e, inclusive, foi reve- lada uma grande vontade em tentar ((fazer algu- ma coisa))para a melhoria do funcionamento da ultimação. Foram efectuadas entrevistas individuais a todos os membros da secção, utilizando uma adaptação do guião da entrevista de orientação geral de Harrison (1987). Após uma compilação dos principais problemas detectados, foi elaborado um quadro de diagnóstico contendo 4 correntes de variáveis (Organização Formal, Fa- ctores Sociais, Tecnologia e Aspectos Ambien- tais). Esta primeira disposição gráfica mostrou- se inapropriada para a arrumação de todos os problemas identificados, que se acumulavam demasiadamente na Corrente Tecnológica o que ' Com o aparecimento de novas tecnologias para o controlo de qualidade, que dispensam as enormes quantidades de mão-de-obra na fase de acabamento tradicional, estas duas categorias profissionais tomam- -se progressivamente desnecessárias e acabarão por desaparecer ou ser substituídas. 44
  • 6. QUADRO 1 Diagnóstico organizacional através do quadro de correntes (mtream chart))) Organização Factores Tecnologia AspectosAspectos Exteriores Formal Sociais Ambientais k AEI: Trabalho de OFI: Ineticazcon- beneficiação de te- cidos no exterior é dos tecidos benefi- ciados no exterior queixas por causa dos maus cheiros soleta, sem indicado- res operacionais e com baixo rendimen- trutura formal na o chefe e duas ope- baixo «Know-how» rárias mais antigas OF3: Política desa- FS3: Deficiente dequada em maté- comunicação entre ria de recursos hu- chefe e membros da nível do estatuto informal do novo chefe de secção ção com fracas ap- tidões interpessoais t técnica do acaba- mento de tecidos de tecidos a chegada e estrangulamentos 1 ( t critérios de qua- lidade para uma triagem de tecidos aceitáveis T6: Tecidos lava- dos que aguardam tingimento expos- tos a luzsolar e a mogéneos e defei- I ITIO:Devoiucões I ,AI: Maus cheiros rovenientes da utili- ação de reagentes uímicos t ilação inoperacional ia secção 7- 45
  • 7. não permitia uma análise esclarecedora da si- tuação. Surgiu a necessidade de elaborar um se- gundo quadro de diagnóstico contendo, alérn das 4correntes usuais, uma outra correspondente aos Factores Exteriores i secção (Quadro I). 3.3. Sintomas e problemasfundamentais Um sintoma é a manifestação visível de uri problema mais profundo, que passa despercebido numa análise superficial. No entanto a simples remoção de sintomas, só por si, não garante '2 fim dos problemas que lhes estão na origem. Antes pelo contrário, novos sintomas tornarão a aparecer se o verdadeiro problema não for remo- vido. Através da análise do Quadro 1, facilmente se tornam evidentes os principais sintomas iden- tificados pela administração da Empresa, e que estiveram na origem deste estudo: - as devoluções dos clientes (TlO), - os atrasos nas entregas (T8), - os defeitos no acabamento (T9). Torna-se igualmente evidente um outro sintoma ao nível dos factores sociais, o conflito interpessoal entre o chefe da secção e duas ope- rárias mais antigas, que nunca o aceitaram como chefe. Durante as entrevistas, poucas colegas abordaram o assunto com a vontade, contudo aquilo que conseguimos apurar leva-nos ?I identificação de outros problemas menos evi- dentes, tal como a inexistência de uma política de pessoal que consiga harmonizar as necessi- dades de desenvolvimento individual, com as nc- cessidades da Empresa. Dentro da secção de ultimação, conseguimos isolar três problemas base: (i) a tecnologia obsc- leta que é utilizada; (ii) a falta de critérios de qualidade objectivamente explícitos; (iii) a ine - xistência de um resguardo adequado para os tec - dos lavados que aguardam tingimento Além destes, identificamos um problema base fundamental: a deficiente orientação técnica nos acabamentos (T3). Quanto ao problema do estrangulamento da produção provocado pelo acumular de tecidos que chegam com defeitos, o problema funde- mental que o origina está bem distante desta sut- -unidade organizacional. Se nos cingirmos ao diagnóstico da secção de ultimação, enquanto sub-unidade organizacional, verificamos que esta recebe os tecidos, não directamente da sec- ção de tecelagem, mas sim do exterior, onde a empresa subcontrata serviços de beneficiação do tecido em xerga (por acabar). Esse serviço é feito manualmente pelas ((metedeiras de fio» que, a partir do exterior da empresa, efectuam a beneficiação dos defeitos produzidos a montante da fase de acabamento (defeitos nos fios e no tecido em xerga). Assim, o problema dos tecidos que são entregues com defeitos na ultimação é um mero sintoma de outros problemas, provavelmente a montante da secção. Tratam-se de defeitos produzidos na secção de tecelagem ou até mesmo, ao nível dos seus componentes (fios) fabricados nas secções de fiação. 3.4. As «histórias» e os «temas» dos pro- blemas Uma ((históriade problemas))é o resultado de uma sequência de problemas, que tomados em conjunto revelam uma situação complexa que afecta a organização. ((Problema Tema» é o re- sultado de problemas base que apesar de não es- tarem formalmente ligados dizem respeito a um aspecto comum. Analisando o gráfico, podemos identificar uma primeira «história», na qual as deficientes infra-estruturas tecnológicas (Tl), aliadas a um variações nos tipos de acabamento e defeitos (T9), originando a entrega de tecidos defeituosos e a consequente devolução (T1O). Um outro ((problema-história))desenrola-se a partir da chegada de tecidos do exterior que con- tinuam a apresentar defeitos (AE2), o que pro- voca um estrangulamento na produção devido aos atrasos provocados pela re-beneficiação dos tecidos i chegada (T4), o que condiciona atrasos nas entregas e, por vezes, devoluções por entrega fora de prazo (T10). Ainda uma outra pequena «história» pode ser identificada na seguinte sequência, os tecidos la- vados que aguardam a fase de tingimento (efe- ctuada noutra secção), estão sujeitos a degrada- ção provocada pela radiação solar e pela humi- dade do ar (T6), estas esperas prolongadas pro- vocam depois deficiências no tingimento (os corantes não aderem por igual) (T7), o que obri- ga a nova operação de tingimento e consequen- tes atrasos nas enti'egas (T8). Finalmente identificamos um «tema», com- deficiente conhecimento técnico (T2), provocam 46
  • 8. posto pela inexistência de uma política de pes- soal (OF3), pela deficiente estrutura formal da secção (OF2) e pelo sistema de ventilação ino- peracional (AA2), que se traduz no princípio ((os gastos com pessoal devem ser minimizadosv. Este princípio explica a falta de preocupação que existia em assegurar um mínimo de condições de trabalho aceitáveis e o deixar deteriorar o siste- ma de ventilação; explica a falta de preparação por parte do novo chefe, apesar de se saber pre- viamente a data precisa em que o chefe anterior se ia reformar. 3.5. Oplano de acção Antes de elaborar o plano de acção, colocou- -se o problema de encontrar um critério para de- terminar o grau de eficácia da intervenção que se iria propor. Um importante critério de eficácia foi estabelecido através do número de devolu- ções recebidas, em virtude de deficiências no acabamento ou de atrasos na entrega, exclusi- vamente imputáveis a Ultimação. Para esse efei- to foi elaborado um pequeno questionário a en- viar a todos os clientes que efectuam devoluções, com vista a recolha de informação acerca das mesmas. A análise desses questionários veio a permitir identificar os principais motivos das devoluções e desse modo, contribuir para uma melhor identificação de outros problemas exis- tentes no processo global de produção. Para a fase de planeamento, foi constituído um pequeno grupo de trabalho composto pelo consultor, pelo chefe da secção de ultimação e pelo director de produção, cujo objectivo era o de apresentar a administração um plano de inter- venção com vista a resolver alguns dos proble- mas existentes. Aqui a apresentação do quadro de diagnóstico previamente elaborado foi bas- tante útil, porque fez concentrar a participação dos presentes em torno dos problemas j á identificados e, por isso, ganhar tempo para a discussão das possíveis soluções. Do resultado desse trabalho foi elaborado um plano de acção calendarizado (Quadro 2), que foi apresentado a administração. 4. CONCLUS~ES Apesar de limitado, este plano de acção foi aprovado pela administração, que reconheceu importantes falhas ao nível da gestgo dos recur- sos humanos e ao nível das condições tecnoló- gicas de exploração na empresa. Paralelamente a este trabalho, foi elaborado um diagnóstico das necessidades de formação da empresa que serviu de base a um plano de formação, como primeira medida para a implementação de uma política de pessoal. 4.1. Um referencialpura a mudança Uma organização pode ser vista como um artefacto humano concebido para responder a de- terminadas finalidades instrumentais (Cummings et. al., 1985).No entanto, a concepção desse ar- tefacto, ou mais concretamente o desenho da or- ganização, reflecte e está constrangido pelas normas e concepções do mundo dominantes na sociedade em geral, pelas exigências especificas do ambiente da tarefa e ainda pelos valores e concepções individuais dos responsáveis pela or- ganização. Constrangimentos diversos colocam novas exigências ao desempenho organizacional, con- duzindo a necessidade de mudança e, dessa for- ma, ao desenho de uma organização que reflicta novas finalidades mais adequadas ao meio em que opera. O diagnóstico organizacional deve ter em conta esta realidade. A Análise das Correntes Organizacionais tem a particularidade de conce- ber uma organização dentro desta dinâmica per- manente e conduzir a nossa análise através das diversas correntes de variáveis organizacionais que são afectadas pelo processo de mudança. Além disso, este método oferece-nos a possibili- dade de considerarmos em cada corrente as va- riáveis mais pertinentes para cada caso e criar al- gum sentido no processo caótico e desordenado de mudança, onde por vezes o gestor tem que agir de uma forma não planeada (Mintzberg, Poderemos perguntar então: o que condiciona a mudança nessas correntes de variáveis? A res- posta dada por Jerry Porras (1986), através do modelo das correntes organizacionais é que são OS objectivos organizacionais que condicionam a adaptação da organização as variáveis do meio e desse modo a própria mudança. No entanto para que uma nova finalidade organizacional determi- ne uma mudança consistente nos comporta- 47 1994).
  • 9. QUADRO 2 Oplario de acção ORGANIZAÇÃO FACTORES TECNOLOGIA ASPECTOS FORMAL SOCI.4IS AMBIENTAIS MARÇO Reformulação do Formação em Reparação do controlo adminis- controlo de qua- sistema de venti- trativo dos serviços lidade para o lação de benificiação no exterior chefe de secção ABRIL MAIO Revisão dos preços a pagar pelos ser- viços de beneficia- ção no exterior Forrn;ição em Elaboraçãode Criação de um liderança e re- um plano de armazém no exte- laçõe:;interpes- melhoriastécni- rior para as peças soais para o casnasecção que aguardam tin- chefe de secção gimento Execução do plano de beneficiação e manutenção siste- mática do equipa- mento mentos dos membros de uma organização, ela deve ser entendida do mesmo modo por todos os membros da organização, ou seja, os objectivos devem estar contidos no sistema de crenças e si- gnificados partilhados de uma organização. A mudança organizacional e a mudança no sistema de concepções dos membros da organização são dois aspectos interligadas (Cummings et. al. 1985). Deste modo, subjacente a identificação dos problemas num diagnóstico organizacional, de- veremos procurar identificar os objectivos da organização percebidos, a forma como se encon- tram explicitados e a sua congruência temática nos estímulos que são recebidos pelos seus membros através da análise das correntes organi- zacionais (Porras, 1987). 4.2. O diagnóstico como instrumento de co- municação e as suas limiiações Finalmente, este trabalho permitiu-nos con- firmar que a análise de correntes organizacio- nais, pode ser um importante catalisador da mu- dança, ao dar a possibilidade dos membros de uma organização serem ouvidos na resolução dos problemas que os afectam, de uma forma or- ganizada e sistemática; ao permitir a participação no planeamento da mudança, possibilita um maior envolvimento e um maior empenho face aos objectivos acordados. Contudo, uma importante condição deve ser preenchida para garantir a eficácia deste método de diagnóstico. Os analistas devem estar familia- rizados com esta metodologia, o que por vezes é difícil ou pouco prático. Fazer compreender a or- ganização como um sistema aberto, composto por um conjunto de correntes de variáveis, arti- culadas em torno de um objectivo, pode ser extremamente trabalhoso e por isso, desacon- selhar o emprego deste método. O recurso a um consultor externo poderá obviar estas dificul- dades. O principal papel desse consultor será o de trazer para a organização, através deste mo- delo, uma nova concepção da realidade, a qual quando combinada com as concepções dos mem- 48
  • 10. bros organizacionais envolvidos poderá expandir os horizontes e as possibilidades de acção, crian- do um consenso para a mudança. REFERÊNCIAS Bandura, A. (1986). Social Foundations of Thought and Action: A Social Cognitive Theory. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall. Harrison, M. (1987). Diagnosing Organizations. London: Sage. Mintzberg, H. (1994). The fali and rise of strategic pla- nning. Harvard Business Review,72(i): 100-106. Porras, J.E. (1987). Stream Analysis, A powerfull way to diagnose and manage organizational change. Reading, Mass.: Addison-Wesley RESUMO Foi efectuado um diagnóstico organizacional a uma secção de acabamentos numa fábrica têxtil do distrito de Lisboa. O método utilizado foi a Análise de Correntes («Stream Analysis))), que se descreve sumariamente, O resultado deste diagnóstico foi a realização de um plano de acção que entretanto foi levado a cabo pela empresa. Algumas conclusões foram retiradas, nomeadamente a necessidade de considerar a mudança organizacional e a mudança no sistema de concepções dos membros da organização como dois processos interligados. ABSTRACT The author has conducted an organizational diagnostic in the finishing unit of a textile mill, using Porras’ stream analysis provides a flexible diagnostic too1and for that reason it was chosen to be used in this small organizational sub-unit (20 persons). An action plan was elaborated upon the reach of a consensus toward change. Some conclusions were pointed out regarding the role of the externa1 consultant as an enabling agent to overcome the need in expertise concerning the use of the methodology and its theoretical bases. These should be humbly delivered as another way of looking at reality which enriches the existing views and promotes shared understanding of the problem situation. 49