A Operação Nó Gordio foi uma grande ofensiva militar portuguesa em 1970 na Guerra Colonial em Moçambique com o objetivo de destruir as bases da FRELIMO. Embora o exército português tenha inicialmente ocupado as bases alvo, a FRELIMO já havia se retirado e passou a contra-atacar com sucesso, forçando os portugueses a recuar. A operação resultou em pesadas baixas para Portugal e aumentou o apoio popular à FRELIMO.
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Contextualização
1. Curso: Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário.
Cadeira: História de Moçambique
Nome: Eulália Manuela Naene. Tema: a Operação Nó Gordio
Contextualização
Em 1970 registaram-se três factores aparentemente isolados uns dos outros, mas que no conjunto
orientariam o decurso da guerra no sentido conhecido por todos
Primeiro foi a tomada de posse do General Kaulza de Arriaga como comandante-chefe em
Março, de quem ou com quem surgiu a ideia da operação “Nó Górdio”.
Segundo, foi a nomeação de Samora Machel durante a sessão do comité central da Frelimo,
realizado de 9 a 14 de Maio, o que veio a trazer uma nova dinâmica na organização,
particularmente no que respeita a actividade militar em função da operação “Nó Górdio” e do
provável estrangulamento do movimento dos guerrilheiros previstos com a construção do
empreendimento HCB.1
Estes dois acontecimentos influenciaram o decurso da guerra nos anos subsequentes e
determinaram praticamente o seu final.
Objectivos versus estratégia da operação “Nó Górdio”
Inicialmente apontadas para as bases Ngungunhana, Moçambique e Nampula que para o efeito,
foram denominadas alvo alfa, bravo e Charlie respectivamente, todas elas localizadas em cabo
delgado, a operação “Nó Górdio” consistiria em cercar a zona, guarnece-la e assaltar as bases.
A estratégia de Kaulza de Arriaga a implementar na operação “Nó Górdio” seria de fazer a
guerra à maneira dos americanos, com o search and destroy”. Entre as suas medidas constaram
as seguintes:
• Envolvimento da sociedade civil no esforço militar que passava pela organização de
milícias civis, pela utilização militar da aviação civil, dos transportes públicos, dos
hospitais, entre outros;
• Reforço da instalação de aldeamentos estratégicos que visavam impedir o contacto dos
guerrilheiros da FRELIMO com as populações locais;
• Africanização das Forças Armadas e criação de pequenas unidades militares, constituídas
essencialmente por africanos.
Criação de Comandos e Grupos Especiais (GE’s), viriam a ser criados em 1971, eram dotados de
grande autonomia e flexibilidade.2
1
Jossias, 1997: 37
2
Poças de Carvalho,2008: 4 ver tambem Newitt, 1995:532.
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As acções militares deveriam ser conjugadas com intensa campanha de acção psicológica, para
provocar a rendição e a desmoralização do inimigo. Os agrupamentos de cerco seriam
constituídos por unidades de caçadores e por unidades de reconhecimento, realizando as
primeiras emboscadas em permanência, enquanto as segundas patrulhariam os itinerários. Os
agrupamentos de assalto disporiam de uma composição inter armas, do tipo task force, incluindo
unidades de forças especiais, forças regulares, de apoio de fogos (artilharia e morteiros) e de
engenharia.3
Operação “Nó Górdio”
A “Nó Górdio”, considerada a maior operação levada a cabo na Guerra Colonial, inicia-se assim
a 01.07.1970, no mesmo dia em que os movimentos de libertação, entre os quais a FRELIMO,
são recebidos no Vaticano pelo Papa Paulo VI.
Quando a operação foi desencadeada, o exército português idealizara atingir a base central de
Moçambique em pelo menos 24 horas.
Na guerra colonial, praticamente todas as operações de certa envergadura eram consideradas
como vitórias, pois bastava que se conseguisse chegar a determinados objectivos geográficos.4
A primeira coisa que o exercito português fez na operação foi ocupar as bases já descritas bases
Ngungunhana, Moçambique e Nampula descritas como prioritárias na sua estratégia de guerra.5
O exercito português quando conseguiu transpor a barreira e chegar a base Ngungunhana, esta já
estava vazia. Mesmo assim ocupou a e nela se instalou com toda a força, o que deu azo a que a
operação fosse considerada um sucesso militar de tal ordem que Kaulza de Arriaga foi a Lisboa
dizer que a guerra militarmente estava ganha6
Arriaga após ter ocupado a base de Ngungunhana que entretanto, tinha sido abandonada pela
Frelimo, esta concentrou nela tanto fogo que o exército foi obrigado a retirar para locais mais
fortificados. Nessa altura a operação mudou de direcção a Frelimo passou a ser ofensiva.
3
Http://www.guerracolonial.org/index.php? Content=407
4
Idem:3
5
À base “NGungunhana”, esta acaba por ser conquistada a 6 de Julho, data que assinala o ataque à base
“Moçambique”, enquanto a última, a “Nampula”, é tomada a 15 de Julho, embora todas elas tenham sido
previamente abandonadas. Poças de Carvalho,2008: 6.
6
Melo, 1987:17
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Pequenos grupos foram organizados e passaram a fazer três combates por dia de modo a dar a
impressão de que os guerrilheiros eram muitos.
Em Setembro de 1970 a Frelimo efectuou inúmeros ataques no norte de Tete, e Arriaga teve que
mudar sua estratégia de guerra para a zona do Zambeze, montando mais de 20 operações na parte
norte do distrito de Tete.7
Os combates foram de tal ordem intensificados que o exercito portugues foi forçado a concentrar
as populações em aldeamento como forma de conter o avanço da guerrilha.8
No entanto a previsão de Kaulza de acabar com a Frelimo em 6 meses foi posta em causa e esta
tinha dado provas de capacidade que animava cada vez mais as esperanças de vitória.
A Frelimo retirou com a necessária antecedência tropas, materiais e populações, deixando alguns
focos de resistência bem organizados, que bastaram para condicionar totalmente a operação,
causar baixas em grande número, danificar e consumir enorme quantidade de material e
munições, arrasar física e moralmente tropas especiais e normais.9
Consequência
A operação “Nó Górdio” resultou em derrota para o exército portugues, que foi forçado a deixar
no terreno muitos mortos e mutilados, grande material. Oficialmente, a operação provocou 67
mortos e 29 feridos entre o inimigo, sem contar com as baixas dos bombardeamentos de
artilharia e aviação. A maioria das vítimas era mulheres e crianças, havendo entre os elementos
capturados: 41 mulheres, 28 crianças e apenas 31 homens, quase todos velhos ou doentes.
Quanto às baixas portuguesas, o balanço feito por Costa Gomes é elucidativo, ao afirmar que a
operação custou 102 mortos às nossas tropas e apenas 2 ao inimigo”.
Nas zonas libertadas a Frelimo conseguiu resistir a ofensiva portuguesa, como consequência em
1972 conquistou um apoio popular maciço, da mesma forma que a sua popularidade não teve
igual, mesmo nas regiões e nas cidades (Gentil, 1999: 285)
7
Newitt, 1995: 531
8
Idem:42
9
Tomé. p 4
4. Curso: Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário.
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Nome: Eulália Manuela Naene. Tema: a Operação Nó Gordio
Bibliografia
FILIPE, Jossias. O fim da guerra colonial em Mocambique. factores e circunstancias. disertacao
apresentada em cumprimento parcial dos requisitos exigiddos para a obtecao do grau de
licenciatura em historia. universidade eduardo mondlane, Maputo.1997.
Newitt, Malyn. History of Mozambique. London. Hurst e company. 1995.
Susana Maria Correia Poças de Carvalho. Dois olhares sobre uma guerra: A Costa dos
Murmúrios. Dissertação de Mestrado em Estudos Portugueses interdisciplinares. Lisboa.
Universidade Aberta .2008.
TOMÉ, Mário, A derrota político militar, base da vocação descolonizadora do MFA. A situação
em Moçambique.