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Pecado
Pecado
Valmar Ferreira
    Mares
Sem pecado, nada de sexualidade,
e sem sexualidade, nada de História.
       — Soren Kierkgaard



               ⋲
⋲Prólogo⋲


S   abe quando você desperta de um pesadelo horrível com uma sensação de que foi

real? Então, foi assim que aconteceu comigo.
   Uma voz estranha me chamava e eu tinha que ir atrás dela. O som parecia vir da
velha floresta petrificada, andei até lá. Meus pés pareciam me guiar entre as velhas
árvores. Minha respiração estava ofegante, mas eu estava calma mesmo sabendo que era
perigoso estar ali.
Andei até certo ponto da floresta e quando entrei na velha clareira tive uma surpresa.
O garoto sussurrava meu nome enquanto sorria, senti um arrepio atingir minha espinha.
Ele andou na minha direção, parecia flutuar. Comecei a dar pequenos passos até seu
encontro, tudo o que eu queria era poder abraçá-lo.
O belo sonho se tornou um verdadeiro pesadelo quando o garoto se transformou em um
monstro. Ele era estranho, parecia uma espécie de lobo. Seus pelos negros brilhavam
quando a luz da lua o tocava. Olhei para o céu e tremi. A via uma lua, uma lua cheia.
Ela brilhava intensamente lá em cima.
Dessa vez ao invés de ir ao seu encontro eu busquei forças para correr, mas meus pés
insistiam em não me obedecer. Era como se eu estivesse sido hipnotizada pela coisa.
O lobo bateu com as patas traseiras e veio ao meu encontro, assim que se aproximou ele
mostrou enormes dentes pontudos e bem afiados. O cheiro de morte atravessou a
clareira, eu estava perdida e não sabia o que fazer. Tentei correr novamente, mas minhas
pernas não obedeceram. Comecei a gritar de medo. Eu estaria morta dali alguns
segundos.
Meus joelhos dobraram e eu caí no meio da velha clareira. Comecei a tremer. Meu
coração agora batia acelerado. Fechei os olhos e esperei que o lobo me atacasse, mas no
exato momento em que ele veio para cima de mim para me dilacerar outra coisa
apareceu. Abri os olhos novamente e vi outro lobo, esse era um pouco maior que o lobo
que queria me atacar. Os dois começaram uma enorme luta, o lobo de pelo marrom
luminoso começou a dar várias mordidas no lobo de pelos escuros. Senti um aperto no
coração, eu tinha que sair dali, mas não queria deixar aquela criatura morrer por minha
causa.
Antes que eu pudesse me aproximar fui jogada para trás por uma força invisível.
Comecei a correr na direção oposta dos dois lobos que uivavam enquanto um mar de
dente acertava o outro. Olhei para trás e vi o lobo marrom ser jogado longe pelo lobo
preto. Os olhos castanhos da criatura ardiam em chamas. Não pude reparar nos olhos do
lobo preto. Parei perto de um enorme eucalipto. O lobo marrom estava sendo trucidado
pelo lobo preto. Sem pensar direito corri novamente na direção dos dois e com um
enorme pedaço de madeira que achei ao chão perto de uma das árvores ataquei o lobo
preto que caiu desacordado.
Assim que tentei ajudar o lobo marrom vi que não era o que eu esperava. Ele assim
como o lobo preto era um garoto. Pelas suas características parecia ter a minha idade —
dezessete anos —. Corri para ajudar o garoto. Seus olhos castanhos estavam abertos e
brilhavam. Ele deu um sorriso e gritou de dor. Olhei para seu braço, a via uma mordida
enorme ali e o lugar sangrava.
Sem saber o que fazer comecei a limpar a ferida com um pedaço do vestido que eu
usava. O lobo, agora em forma de garoto, gritava de dor. Parecia que aquele pesadelo
não iria acabar.
Fitei seu rosto cheio de dor e uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Olhei novamente
para o ferimento, parecia estar se curando rapidamente. O garoto levantou e sem dizer
uma só palavra pegou o pedaço de madeira que estava em minhas mãos e o enfiou no
pescoço do outro lobo que ainda estava transformado.
 O sangue espirrou para todo lado. Fiquei tonta após ver aquela cena e acabei
desmaiando.
1. Chegada



Mais um dia chato de colégio estava chegando ao fim. Eu estava cansada, pois não
havia dormido nada na noite passada. Quando cheguei ao meu armário tive uma
surpresa. James me esperava lá. Estava sorrindo e parecia animado.
— Bom dia, gata — falou com sua voz de trovão.
— Bom dia — eu disse bocejando.
— Pelo visto alguém não conseguiu dormir de novo essa noite — falou me dando um
beijo na testa —, tem ido ao Dr. Sebastian?
— Sim, inclusive já estou atrasada para a consulta de hoje — falei dando um selinho
nele.
James e eu estávamos namorando desde o final do primeiro ano. Ele era romântico e eu
o conhecia o suficiente para dizer que ele era o cara ideal.
— Bom vou deixar você ir, mesmo que isso seja um sacrilégio para mim — falou dando
um sorriso.
Não contive a gargalhada.
Passei os braços em torno do seu pescoço e o beijei ternamente.
— Te vejo mais tarde? — perguntei fazendo beicinho.
— Claro — ele respondeu me dando outro beijo.
James foi andando pelo corredor e eu segui para o lugar onde deixamos as bicicletas.
Minha cidade é grande demais — para não dizer ao contrário —, então todo mundo tem
uma bicicleta e também uma lei implantada há alguns meses proibiu que menores de
idade andassem de carro ou moto. Então o jeito é ir e vir da escola de bicicleta. O que é
bom, pois fico em forma.
Andei até a minha bicicleta e tirei o cadeado da corrente. Não estava sol apesar de ser
verão, o que também era bom. Eu odeio o calor.
— Brenda — uma voz conhecida me chamou.
Olhei para trás para ver quem era, era Flávia, minha melhor amiga. Ela o namorado
vieram na minha direção.
— Não te vi o dia todo, onde você esteve? — perguntei abraçando-a.
— Por ai — ela respondeu sorrindo.
— Bom, tenho que ir — falei — me ligue à noite.
— Tudo bem.
Subi na bicicleta e comecei a pedalar pelas ruas da cidade. O prédio onde o Dr.
Sebastian atendia ficava a alguns quarteirões do lugar onde eu estava. Passei pelo
parque para cortar caminho e tive uma sensação estranha. Parecia que alguém estava me
chamando, exatamente como no sonho. Sem querer dar ouvidos para a coisa, ou seja, lá
o que foi que estava fazendo eu me sentir estranha, continuei a pedalar.
Cheguei ao consultório cinco minutos adiantada e a secretária magricela e nariguda do
Dr. Sebastian me mandou esperar que logo eu seria atendida.
— Tudo bem — falei sentando num dos pufes da sala de espera.
Fiquei ali reparando nos quadros que o Dr. Pintava, ele dizia que era uma forma de
expressar aquilo que estava sentindo. Uma vez ele tentou me ensinar, mas não deu
muito certo.

Após alguns minutos de muita espera, finalmente fui atendida. O Dr. Sebastian Franks é
meu terapeuta desde que minha mãe morrera num acidente horrível de carro. Desde
então tenho me consultado com ele todos os dias.
— Olá, Brenda — ele disse com sua voz de criança.
— Oi — falei com um pouco de timidez.
A verdade é que mesmo eu me consultando com o doutor duas vezes na semana,
durante três meses, eu ainda me sentia um pouco desconfortável.
— Então como fora sua semana? — ele perguntou.
— Horrível, tive aqueles pesadelos de novo nas duas ultimas três noites — falei
sentindo meu rosto corar.
— Bom isso pode ser normal, afinal você acabara de passar por um trauma muito
grande — falou e deu um sorriso, como sempre fazia.
O bom da consulta com o doutor é que ele sempre nos deixa a vontade.
— É sempre a mesma coisa — eu disse —, estou sempre correndo pela floresta e então
chego a uma clareira onde encontro duas criaturas lutando — falei corando novamente.
— Isso se dá graças a sua mente, ela está trabalhando demais, sabe? — ele cruzou as
mãos e as pernas — você ainda está um pouco chocada com tudo o que vem acontecido,
perder a mãe num acidente não é fácil. Principalmente para você que estava lá — disse
por fim.
Era estranho falar sobre a morte da minha mãe, eu nunca conto sobre os acontecimentos
a ninguém, mas o doutor me passou tanta confiança.
— Tudo o que você tem que fazer nesse momento é tentar relaxar, sair e curtir sua vida.
Você é uma adolescente que está passando por uma fase difícil e isso não é bom para
você. É claro que você tem que ajudar seu pai, mas tem que se ajudar também.
Ouvir aquilo foi reconfortante e estranho ao mesmo tempo. O Dr. Sebastian estava me
mandando viver minha adolescência do jeito que deve ser vivida.
— Bom, nos vemos na próxima semana — ele disse dando outro sorriso cativante -,
mas se tiver algum problema pode me procurar.
Sai do consultório com vários pensamentos. Minha cabeça estava um pouco confusa, fui
trazida de volta ao mundo real pela secretária nariguda e magricela.
— Sua próxima consulta é na segunda, às cinco e meia — informou cheia de si.
Peguei um pequeno papel que ela me entregara e sai sem dizer mais nada.

Pedalei até o ponto comercial de meu pai, onde eu ajudava durante toda a semana.
Meu pai vende colchões então à loja está sempre lotada e não tem muitos vendedores
para ajudar, então eu o ajudo da maneira que posso.
Entrei na loja e vi o carro do pai de James estacionado numa das vagas. O senhor
Morelo era um homem de meia idade, mas bastante inteligente. Ele é o advogado do
meu pai e foi assim que eu passei a conviver com James, foi assim que nós dois
começamos a namorar.
— Senhor Morelo — eu disse dando-lhe um abraço.
— Como está minha nora preferida? — ele perguntou dando um largo sorriso.
— Bom, espero que eu seja a única — falei dando uma gargalhada.
— Claro, claro — ele disse me apertando — tenho que falar com seu pai.
O homem foi andando até o escritório do meu pai. Pelo visto havia novas notícias sobre
o caso da mamãe. “Finalmente” pensei.
Andei até o trocador para poder colocar o uniforme da loja. Assim que entrei no
pequeno quarto onde todos os vendedores da loja trocavam de roupa fui surpreendida
por um pedaço de papel que estava dentro do meu minúsculo armário.

ENCONTRE-ME NA FLORESTA.

Dizia o papel, pude perceber pela letra que o recado era de James, mas como ele fora
parar ali?
Comecei a trabalhar. O dia estava puxado na loja, a senhora Ferreira fez várias
perguntas sobre o conforto dos colchões. O Sr. Lombardi queria saber sobre a
qualidade.
Assim que meu turno acabou eu sai para encontrar James.

Ele me esperava perto de uma das árvores, estava com um pequeno canivete na mão.
Corri na sua direção e o abracei.
— O que o traz aqui? — perguntei dando um selinho.
— Tenho uma pequena surpresa para você — falou tapando meus olhos e me virando
para que eu ficasse cara a cara com a árvore.
— O que é, posso saber? — perguntei tentando conter a curiosidade.
Assim que as mãos de James saíram dos meus olhos eu pude ver. Ele a via desenhado
um coração com nossos nomes dentro. Abaixo eu pude ler a palavra “para sempre” e
umas coisinhas que parecia dois pequenos pombos voando ao lado da palavra.
— É lindo — eu disse beijando-o.
Ficamos ali no meio da floresta. Sentamos no chão de terra e começamos há namorar
um pouco. James é um fofo.

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Pecado

  • 3. Sem pecado, nada de sexualidade, e sem sexualidade, nada de História. — Soren Kierkgaard ⋲
  • 4. ⋲Prólogo⋲ S abe quando você desperta de um pesadelo horrível com uma sensação de que foi real? Então, foi assim que aconteceu comigo. Uma voz estranha me chamava e eu tinha que ir atrás dela. O som parecia vir da velha floresta petrificada, andei até lá. Meus pés pareciam me guiar entre as velhas árvores. Minha respiração estava ofegante, mas eu estava calma mesmo sabendo que era perigoso estar ali. Andei até certo ponto da floresta e quando entrei na velha clareira tive uma surpresa. O garoto sussurrava meu nome enquanto sorria, senti um arrepio atingir minha espinha. Ele andou na minha direção, parecia flutuar. Comecei a dar pequenos passos até seu encontro, tudo o que eu queria era poder abraçá-lo. O belo sonho se tornou um verdadeiro pesadelo quando o garoto se transformou em um monstro. Ele era estranho, parecia uma espécie de lobo. Seus pelos negros brilhavam quando a luz da lua o tocava. Olhei para o céu e tremi. A via uma lua, uma lua cheia. Ela brilhava intensamente lá em cima. Dessa vez ao invés de ir ao seu encontro eu busquei forças para correr, mas meus pés insistiam em não me obedecer. Era como se eu estivesse sido hipnotizada pela coisa. O lobo bateu com as patas traseiras e veio ao meu encontro, assim que se aproximou ele mostrou enormes dentes pontudos e bem afiados. O cheiro de morte atravessou a clareira, eu estava perdida e não sabia o que fazer. Tentei correr novamente, mas minhas pernas não obedeceram. Comecei a gritar de medo. Eu estaria morta dali alguns segundos. Meus joelhos dobraram e eu caí no meio da velha clareira. Comecei a tremer. Meu coração agora batia acelerado. Fechei os olhos e esperei que o lobo me atacasse, mas no exato momento em que ele veio para cima de mim para me dilacerar outra coisa apareceu. Abri os olhos novamente e vi outro lobo, esse era um pouco maior que o lobo que queria me atacar. Os dois começaram uma enorme luta, o lobo de pelo marrom luminoso começou a dar várias mordidas no lobo de pelos escuros. Senti um aperto no coração, eu tinha que sair dali, mas não queria deixar aquela criatura morrer por minha causa. Antes que eu pudesse me aproximar fui jogada para trás por uma força invisível. Comecei a correr na direção oposta dos dois lobos que uivavam enquanto um mar de dente acertava o outro. Olhei para trás e vi o lobo marrom ser jogado longe pelo lobo preto. Os olhos castanhos da criatura ardiam em chamas. Não pude reparar nos olhos do lobo preto. Parei perto de um enorme eucalipto. O lobo marrom estava sendo trucidado pelo lobo preto. Sem pensar direito corri novamente na direção dos dois e com um enorme pedaço de madeira que achei ao chão perto de uma das árvores ataquei o lobo preto que caiu desacordado.
  • 5. Assim que tentei ajudar o lobo marrom vi que não era o que eu esperava. Ele assim como o lobo preto era um garoto. Pelas suas características parecia ter a minha idade — dezessete anos —. Corri para ajudar o garoto. Seus olhos castanhos estavam abertos e brilhavam. Ele deu um sorriso e gritou de dor. Olhei para seu braço, a via uma mordida enorme ali e o lugar sangrava. Sem saber o que fazer comecei a limpar a ferida com um pedaço do vestido que eu usava. O lobo, agora em forma de garoto, gritava de dor. Parecia que aquele pesadelo não iria acabar. Fitei seu rosto cheio de dor e uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Olhei novamente para o ferimento, parecia estar se curando rapidamente. O garoto levantou e sem dizer uma só palavra pegou o pedaço de madeira que estava em minhas mãos e o enfiou no pescoço do outro lobo que ainda estava transformado. O sangue espirrou para todo lado. Fiquei tonta após ver aquela cena e acabei desmaiando.
  • 6. 1. Chegada Mais um dia chato de colégio estava chegando ao fim. Eu estava cansada, pois não havia dormido nada na noite passada. Quando cheguei ao meu armário tive uma surpresa. James me esperava lá. Estava sorrindo e parecia animado. — Bom dia, gata — falou com sua voz de trovão. — Bom dia — eu disse bocejando. — Pelo visto alguém não conseguiu dormir de novo essa noite — falou me dando um beijo na testa —, tem ido ao Dr. Sebastian? — Sim, inclusive já estou atrasada para a consulta de hoje — falei dando um selinho nele. James e eu estávamos namorando desde o final do primeiro ano. Ele era romântico e eu o conhecia o suficiente para dizer que ele era o cara ideal. — Bom vou deixar você ir, mesmo que isso seja um sacrilégio para mim — falou dando um sorriso. Não contive a gargalhada. Passei os braços em torno do seu pescoço e o beijei ternamente. — Te vejo mais tarde? — perguntei fazendo beicinho. — Claro — ele respondeu me dando outro beijo. James foi andando pelo corredor e eu segui para o lugar onde deixamos as bicicletas. Minha cidade é grande demais — para não dizer ao contrário —, então todo mundo tem uma bicicleta e também uma lei implantada há alguns meses proibiu que menores de idade andassem de carro ou moto. Então o jeito é ir e vir da escola de bicicleta. O que é bom, pois fico em forma. Andei até a minha bicicleta e tirei o cadeado da corrente. Não estava sol apesar de ser verão, o que também era bom. Eu odeio o calor. — Brenda — uma voz conhecida me chamou. Olhei para trás para ver quem era, era Flávia, minha melhor amiga. Ela o namorado vieram na minha direção. — Não te vi o dia todo, onde você esteve? — perguntei abraçando-a. — Por ai — ela respondeu sorrindo. — Bom, tenho que ir — falei — me ligue à noite. — Tudo bem. Subi na bicicleta e comecei a pedalar pelas ruas da cidade. O prédio onde o Dr. Sebastian atendia ficava a alguns quarteirões do lugar onde eu estava. Passei pelo parque para cortar caminho e tive uma sensação estranha. Parecia que alguém estava me chamando, exatamente como no sonho. Sem querer dar ouvidos para a coisa, ou seja, lá o que foi que estava fazendo eu me sentir estranha, continuei a pedalar.
  • 7. Cheguei ao consultório cinco minutos adiantada e a secretária magricela e nariguda do Dr. Sebastian me mandou esperar que logo eu seria atendida. — Tudo bem — falei sentando num dos pufes da sala de espera. Fiquei ali reparando nos quadros que o Dr. Pintava, ele dizia que era uma forma de expressar aquilo que estava sentindo. Uma vez ele tentou me ensinar, mas não deu muito certo. Após alguns minutos de muita espera, finalmente fui atendida. O Dr. Sebastian Franks é meu terapeuta desde que minha mãe morrera num acidente horrível de carro. Desde então tenho me consultado com ele todos os dias. — Olá, Brenda — ele disse com sua voz de criança. — Oi — falei com um pouco de timidez. A verdade é que mesmo eu me consultando com o doutor duas vezes na semana, durante três meses, eu ainda me sentia um pouco desconfortável. — Então como fora sua semana? — ele perguntou. — Horrível, tive aqueles pesadelos de novo nas duas ultimas três noites — falei sentindo meu rosto corar. — Bom isso pode ser normal, afinal você acabara de passar por um trauma muito grande — falou e deu um sorriso, como sempre fazia. O bom da consulta com o doutor é que ele sempre nos deixa a vontade. — É sempre a mesma coisa — eu disse —, estou sempre correndo pela floresta e então chego a uma clareira onde encontro duas criaturas lutando — falei corando novamente. — Isso se dá graças a sua mente, ela está trabalhando demais, sabe? — ele cruzou as mãos e as pernas — você ainda está um pouco chocada com tudo o que vem acontecido, perder a mãe num acidente não é fácil. Principalmente para você que estava lá — disse por fim. Era estranho falar sobre a morte da minha mãe, eu nunca conto sobre os acontecimentos a ninguém, mas o doutor me passou tanta confiança. — Tudo o que você tem que fazer nesse momento é tentar relaxar, sair e curtir sua vida. Você é uma adolescente que está passando por uma fase difícil e isso não é bom para você. É claro que você tem que ajudar seu pai, mas tem que se ajudar também. Ouvir aquilo foi reconfortante e estranho ao mesmo tempo. O Dr. Sebastian estava me mandando viver minha adolescência do jeito que deve ser vivida. — Bom, nos vemos na próxima semana — ele disse dando outro sorriso cativante -, mas se tiver algum problema pode me procurar. Sai do consultório com vários pensamentos. Minha cabeça estava um pouco confusa, fui trazida de volta ao mundo real pela secretária nariguda e magricela. — Sua próxima consulta é na segunda, às cinco e meia — informou cheia de si. Peguei um pequeno papel que ela me entregara e sai sem dizer mais nada. Pedalei até o ponto comercial de meu pai, onde eu ajudava durante toda a semana. Meu pai vende colchões então à loja está sempre lotada e não tem muitos vendedores para ajudar, então eu o ajudo da maneira que posso.
  • 8. Entrei na loja e vi o carro do pai de James estacionado numa das vagas. O senhor Morelo era um homem de meia idade, mas bastante inteligente. Ele é o advogado do meu pai e foi assim que eu passei a conviver com James, foi assim que nós dois começamos a namorar. — Senhor Morelo — eu disse dando-lhe um abraço. — Como está minha nora preferida? — ele perguntou dando um largo sorriso. — Bom, espero que eu seja a única — falei dando uma gargalhada. — Claro, claro — ele disse me apertando — tenho que falar com seu pai. O homem foi andando até o escritório do meu pai. Pelo visto havia novas notícias sobre o caso da mamãe. “Finalmente” pensei. Andei até o trocador para poder colocar o uniforme da loja. Assim que entrei no pequeno quarto onde todos os vendedores da loja trocavam de roupa fui surpreendida por um pedaço de papel que estava dentro do meu minúsculo armário. ENCONTRE-ME NA FLORESTA. Dizia o papel, pude perceber pela letra que o recado era de James, mas como ele fora parar ali? Comecei a trabalhar. O dia estava puxado na loja, a senhora Ferreira fez várias perguntas sobre o conforto dos colchões. O Sr. Lombardi queria saber sobre a qualidade. Assim que meu turno acabou eu sai para encontrar James. Ele me esperava perto de uma das árvores, estava com um pequeno canivete na mão. Corri na sua direção e o abracei. — O que o traz aqui? — perguntei dando um selinho. — Tenho uma pequena surpresa para você — falou tapando meus olhos e me virando para que eu ficasse cara a cara com a árvore. — O que é, posso saber? — perguntei tentando conter a curiosidade. Assim que as mãos de James saíram dos meus olhos eu pude ver. Ele a via desenhado um coração com nossos nomes dentro. Abaixo eu pude ler a palavra “para sempre” e umas coisinhas que parecia dois pequenos pombos voando ao lado da palavra. — É lindo — eu disse beijando-o. Ficamos ali no meio da floresta. Sentamos no chão de terra e começamos há namorar um pouco. James é um fofo.